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D. Constitucional I cc 3

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Tema: Interpretação Constitucional
Ronaldo, militar do exército, estava matriculado no Curso de Direito numa Universidade Particular de Pernambuco, quando foi transferido ex officio da Unidade sediada em Boa Viagem para a Unidade localizada no Município do Rio de Janeiro.
Por conta do seu deslocamento e da necessidade de dar continuidade aos estudos na Cidade do Rio de Janeiro, o militar solicitou à Sub-reitoria de Graduação da UERJ, transferência do curso de Direito da referida Universidade Particular para o mesmo curso na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com base na Lei n° 9.536/97.
O pedido do militar foi indeferido pela Sub-reitora da UERJ, com fulcro no ato normativo interno desta Universidade (Deliberação n° 28/2000), o qual regula esta matéria, uma vez que a Universidade de origem do militar era uma instituição de ensino superior particular.
O militar impetra mandado de segurança alegando, em sua defesa, os seguintes argumentos:
que o seu direito está amparado pelo parágrafo único do artigo 49 da Lei Federal n° 9536/97 – dispositivo este que regulamenta o parágrafo único da Lei Federal n° 9.394/96 (estabelece as diretrizes e bases da educação nacional);
que a norma restritiva do art. 99 da Lei 8.112/90 (entidades congêneres) não se aplica aos militares;
que o ato normativo n° 28/2000, no qual o sub-reitor se baseou para indeferir o pedido de transferência, “tem vício de ilegalidade a negativa de matrícula”, pois contraria o conteúdo da Lei nº 9536/97, uma vez que a Lei federal não exige o caráter congênere entre instituições de ensino;
Diante da situação acima descrita, questiona-se: qual a interpretação constitucional mais adequada para a solução deste conflito?
Para uma boa interpretação constitucional é preciso verificar, no interior do sistema, quais as normas que foram prestigiadas pelo legislador constituinte ao ponto de convertê-las em princípios regentes desse sistema de valoração. Impende examinar como o constituinte posicionou determinados preceitos constitucionais. Alcançada, exegeticamente, essa valoração é que teremos princípios. Estes são mais do que normas, servindo como vetores para soluções interpretativas. De modo que é preciso, para tal, conhecer cada sistema normativo.
No caso concreto supracitado, a Constituição deve ser encarada como uma lei e, assim, o elemento gramatical ou filosófico seria o mais adequado para ser utilizado na tarefa interpretativa para a solução desejada, uma vez que, nesse caso, a análise da norma se realiza de modo textual e literal, oras, afinal de contas, se está contido na lei que:
“A transferência ex officio a que se refere o parágrafo único do art. 49 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, será efetivada, entre instituições vinculadas a qualquer sistema de ensino, em qualquer época do ano e independente da existência de vaga, quando se tratar de servidor público federal civil ou militar estudante, ou seu dependente estudante, se requerida em razão de comprovada remoção ou transferência de ofício, que acarrete mudança de domicílio para o município onde se situe a instituição recebedora, ou para localidade mais próxima desta”.
Logo, é possível concluir que Ronaldo, uma vez apresentado todos os critérios para o cumprimento da norma, tenha direito de exercê-lo sem qualquer impedimento.
Por isso, a interpretação de uma norma constitucional levará em conta todo o sistema, tal como positivado, dando-se ênfase, porém, para os princípios que foram valorizados pelo constituinte. Também não se pode deixar de verificar qual o sentido que o constituinte atribui às palavras o texto constitucional, perquirição que só é possível pelo exame do todo normativo, após a correta apreensão da principiologia que ampara aquelas palavras.
Tema: Princípio da razoabilidade
O Estado do Tocantins publicou edital no Diário Oficial do Estado de concurso público para o preenchimento de vagas para o cargo de policial. Uma das provas é a realização de testes físicos e um dos testes exige que os candidatos façam a seguinte atividade: “Flexões abdominais: consiste em o candidato executar exercícios abdominais, por flexão de braços, deitado em decúbito ventral, em um maior número de repetições dentro de suas possibilidades, no período de um minuto, obedecendo à tabela de pontuação abaixo: ...”
Em função da redação incoerente do texto desse teste, o Estado publicou uma errata do edital no mesmo órgão oficial de imprensa, duas semanas antes de iniciarem as provas, com a seguinte redação: “Flexões
abdominais: consiste em o candidato executar exercícios abdominais, por flexão de tronco, em decúbito dorsal em um maior número de repetições tocando os cotovelos nos joelhos ou coxas, no período de um minuto.”
Como os candidatos já haviam se inscrito na prova no momento da percepção do equívoco da referida redação, muitos deles se consideraram surpreendidos, no dia da realização desse teste físico, pois não tomaram conhecimento da errata do edital.
Alguns desses, que não conseguiram passar na prova de esforço físico, ingressaram com mandado de segurança com a alegação de que esse teste deve ser desconsiderado como critério de aprovação, pois foi incluído após as inscrições, apenas duas semanas antes do começo das provas e porque não foi publicado num jornal de grande circulação para que todos tivessem a chance de tomar conhecimento da modificação. Assim, alegam que houve ofensa ao princípio da razoabilidade.
A quem assiste razão no caso? Dê os fundamentos jurídicos cabíveis (fundamentos normativos, jurisprudenciais e doutrinários).
A razão no caso assiste aos candidatos, uma vez que o princípio da proporcionalidade ou da razoabilidade, em essência, consubstancia uma pauta de natureza axiológica que emana diretamente das ideias de justiça, equidade, bom senso, prudência, moderação, justa medida, proibição de excesso, direito justo e valores afins; precede e condiciona a positivação jurídica, inclusive de âmbito constitucional; e, ainda, enquanto princípio geral do direito, serve de regra de interpretação para todo o ordenamento jurídico. Trata-se de princípio extremamente importante, especialmente na situação de colisão entre valores constitucionalizados.
Art. 2.º, VI, da Lei n. 9.784/99: “A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.” Parágrafo único. “Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: VI — adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público”.
MANDADO DE SEGURANÇA. PROCESSUAL CIVIL. PRELIMINARES JÁ REJEITADAS EM SEDE DE AGRAVO REGIMENTAL. DESNECESSIDADE DE NOVO PRONUNCIAMENTO DA CORTE SOBRE REFERIDAS MATÉRIAS NO MESMO PROCESSO. DECISÃO FINAL. EFEITOS DECLARATÓRIO E PARCIALMENTE
CONSTITUTIVO. Desnecessário se mostra novo pronunciamento da Corte sobre matérias já examinadas em sede agravo regimental no mesmo processo, tendo o julgamento final a ser proferido, unicamente, os efeitos declaratório e parcialmente constitutivo, este último por força do âmbito meritório. MÉRITO. CONCURSO PÚBLICO PARA DELEGADO DE POLÍCIA. TESTE DE APTIDÃO FÍSICA. LESÃO AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE, PROPORCIONALIDADE, LEGALIDADE, IGUALDADE E PUBLICIDADE. DIREITO LÍQUIDO E CERTO FUSTIGADO. INVALIDAÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO. CONCESSÃO DA SEGURANÇA. INCIDÊNCIA DO ARTIGO 1º, DA LEI 1.533, DE 31 DE DEZEMBRO DE 1951 C/C CAPUT DO ARTIGO 37, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. I. Lesionador dos Princípios da Razoabilidade, Proporcionalidade e Igualdade, a realização de teste de aptidão física que cria tratamento diferenciado além do imprescindível para o exercício do cargo objeto do concurso, mormente quando subsistir meio alternativo para que a comissão chegue aos resultados sem lesionardireito líquido e certo e impor sacrifícios que exijam habilidades desnecessárias para que se chegue ao mesmo fim. II. Fere o princípio da legalidade, a realização de teste com caráter eliminatório, sem previsão legal deste, sendo insignificante tal materialização de previsão apenas em sede de regra editalícia. III. A publicação de errata que modifica prova inerente a concurso público, sem veiculação em jornal de grande circulação, fustiga o Princípio da Publicidade, este expressamente previsto no caput, do artigo 37, da Constituição Federal. IV. Inconsistente o ato administrativo, que em um só certame lesiona inúmeros princípios constitucionais, dissociando-se da sua finalidade, por inoportuno, inconveniente e ilegal, sendo necessário sua invalidação pela própria administração ou por provocação do Poder Judiciário, através do meio judicial eficaz.
(TJ-MA - MS: 84912002 MA , Relator: CLEONICE
SILVA FREIRE, Data de Julgamento: 28/03/2003, SAO LUIS)

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