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Belo Horizonte 2024 FACULDADE PITÁGORAS NOME DO ALUNO CURSO DE GESTÃO HOSPITALAR PROJETO INTEGRADO Belo Horizonte 2024 PROJETO INTEGRADO Projeto integrado apresentado como requisito obrigatório para a obtenção da pontuação necessária do curso de Gestão Hospitalar pela Universidade ... . Orientador: Prof. NOME DO ALUNO SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................ 3 2 ATIVIDADE 1 ................................................................................... 4 3 ATIVIDADE 2 ................................................................................. 12 4 ATIVIDADE 3 ................................................................................. 16 5 ATIVIDADE 4 ................................................................................. 17 6 ATIVIDADE 5 ................................................................................. 20 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................... 26 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................... 27 3 1 INTRODUÇÃO Neste projeto integrado com ênfase em Gestão Hospitalar serão analisados conteúdos referentes ao conteúdo programático do curso para que possa ser possível aprimorar as habilidades teóricas e práticas. Na atividade 1 será explanado sobre as instituições de saúde presentes no município em que resido, além de mostrar o motivo de este ser referência em saúde. Também será possível investigar sobre indicadores de saúde específicos para o município de Belo Horizonte – MG, onde trataremos de casos de dengue, Chicungunya e Zica e Covid-19. Na atividade 2 será detalhada sobre as etapas que compreendem o Design Thinking, uma abordagem utilizada para o desenvolvimento de produtos e serviços. Na atividade 3 será elaborada uma estratégia para definir um objetivo específico para direcionar os resultados e criar uma Estrutura Analítica do Projeto (EAP) que será voltado para a criação de um WebSite para o Posto de Saúde Pindorama. Na atividade 4 será discutido sobre o sistema de saúde e qual o modelo de gestão é adotado para que os pacientes sejam atendidos de maneira eficiente. Na atividade 5 foi realizada uma pesquisa sobre a legislação brasileira que aborda a responsabilidade civil na área da saúde. Foram analisados elementos importantes sobre um caso fictício envolvendo a responsabilidade civil e foi realizada uma análise crítica sobre o papel do gestor hospitalar na prevenção de situações que possam resultar em responsabilidade civil. 4 2 ATIVIDADE 1 Quais instituições de saúde estão presentes em seu município? Belo Horizonte conta atualmente com 152 centros de saúde, 596 equipes de Estratégia Saúde da Família, o Hospital Metropolitano Odilon Behrens (HOB), o Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro (HMDCC). São oito Centros de Referência em Saúde Mental (CERSAM), cinco Centros de Referência em Saúde Mental Álcool e outras (CERSAM-AD) e três Centros de Referência em Saúde Mental Infanto-juvenil (CERSAMi). A capital conta ainda com 9 Centros de Convivência. Na atenção especializada, são cinco Unidades de Referência Secundária (URS), nove Centros de Especialidades Médicas (CEM), quatro Centros de Especialidades Odontológicas (CEO), quatro Centros de Reabilitação (CREAB), dois Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST), dois Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA), um Centro Municipal de Oftalmologia (CMO), um Centro Municipal de diagnóstico por imagem (CMDI). A rede de Urgência e Emergência é composta por nove Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), um Serviço de Urgência Psiquiátrica Noturno (SUP) e o SAMU. A rede de apoio ao diagnóstico possui cinco laboratórios distritais, um laboratório central, um laboratório de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e nove laboratórios de UPA. A Vigilância em Saúde tem em a estrutura um Laboratório de Bromatologia, um Centro de Referência em Imunobiológicos Especiais (CRIE), um Laboratório de Zoonoses, um Centro de Controle de Zoonoses, cinco centros de esterilização de cães e gatos, uma Unidade Móvel de Castração e o Serviço de Atenção ao Viajante. Na promoção à saúde, são 82 Academias da Cidade em funcionamento, com mais de 15 mil alunos e locais que promovem a prática Lian Gong. Qual o município de referência para o atendimento em saúde na região em que você reside? Resido no bairro Pindorama em Belo Horizonte e o município de referência para o atendimento em saúde na região é Belo Horizonte – MG. 5 Quais características torna este município referência em saúde? A inauguração de Belo Horizonte, em 1897, ocorreu numa época marcada por avanços sanitários. A nova capital passou a sediar a Secretaria do Interior do Estado de Minas Gerais e a Diretoria de Higiene, responsáveis pelo combate às epidemias, saneamento e higienização pública. Dez anos depois, foram criadas a Fundação Ezequiel Dias, vinculada à pasta, e a Escola de Medicina, precursora da atual Faculdade de Medicina da UFMG. A assistência à população carente era prestada pela Santa Casa de Misericórdia e outras “casas de caridade”, com recursos de doações. Com o aumento da demanda, o governo passou a subvencionar e fiscalizar esses serviços e, posteriormente, a implantar e gerir hospitais. Em 1977, a fusão de três fundações assistenciais deu origem à Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), que administra hoje mais de 20 unidades assistenciais. A entidade participou de processos importantes como a reforma psiquiátrica, a extinção dos sanatórios e a reintegração social de pacientes de tuberculose e hanseníase. Nos anos 70 e 80, mobilizações pela democratização da saúde no país reorientaram as políticas centradas no setor privado e vinculadas à Previdência Social. A ‘saúde como direito de todos e dever do Estado’ foi o tema da VIII Conferência Nacional de Saúde, em 1986, na qual, pela primeira vez na história, a sociedade civil participou dos debates, ajudando a construir o que seria o novo modelo do país. Antes do evento, Belo Horizonte realizou sua 1ª Conferência Municipal de Saúde. Já naquela época, os gestores do setor firmavam parcerias com instituições de ensino e órgãos nacionais e internacionais para a elaboração de políticas públicas. A garantia do direito à saúde foi consolidada nos arts. 196 a 200 da Constituição de 1988 e fundamentou a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), pautado pelos princípios de universalidade, equidade e integralidade, regulado nas Leis 8.080/1990 e 8.142/1990. Promulgada em 1990, a Lei Orgânica do Município de Belo Horizonte (Lombh) normatizou os objetivos, diretrizes, atribuições e gestão da saúde pública em âmbito local. A proposta de organização e funcionamento dos conselhos municipal, distritais e locais de Saúde, extraída da II Conferência, foi enviada à Câmara e aprovada na forma da Lei 5.903/1991. O conceito de saúde adotado na legislação inclui 6 condições dignas de trabalho, moradia, alimentação, educação, lazer, saneamento e qualidade ambiental entre os determinantes do bem estar físico e mental, ampliando a responsabilidade do Estado. A Emenda Constitucional 29/2000 atribuiu aos municípios a gestão e execução das ações e serviços de prevenção e atenção básica à saúde, financiados com recursos próprios e repasses dos governos estadual e federal. Periodicamente, nas plenárias dos conselhos e conferências municipais, gestores públicos, prestadores de serviços, entidades da sociedade civil, trabalhadores e usuários tematizamdeficiências, desafios, metas, gestão e o financiamento da saúde. Os debates e encaminhamentos subsidiam a elaboração e atualização do Plano Municipal de Saúde (PMS). Previsto na legislação, o PMS define ações, metas, programas e gastos do setor a cada quatro anos, observando a conformidade com os planos estadual e nacional e com as leis orçamentárias. Crescendo a cada gestão, a rede SUS-BH possui hoje 152 centros de saúde, nove Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), 16 Centros de Referência em Saúde Mental, 24 hospitais, entre próprios e contratados, unidades de apoio diagnóstico e assistencial, controle de zoonoses, entre outras, totalizando mais de 400 equipamentos. A Estratégia de Saúde da Família, implantada em 2007 com 196 equipes, conta hoje com 589 equipes multiprofissionais, 308 de saúde bucal e centenas de agentes comunitários de saúde (ACSs) e agentes de combate a endemias (ACEs), que levam informações e serviços às áreas mais vulneráveis, detectam e acompanham casos e combatem focos de doenças. No Ranking de Competitividade dos Municípios de 2020, BH obteve o 1º lugar entre as capitais no quesito Acesso à Saúde. Diante de um sistema tão robusto, que recebe uma das maiores fatias do orçamento, o trabalho do Legislativo também é gigantesco. Para se ter idéia, a saúde é a única área obrigada a prestar contas a cada quatro meses, paralelamente à prestação geral de contas do Executivo. A análise dos gastos e resultados do SUS-BH cabe à Comissão de Saúde e Saneamento (CSS) da Câmara. A fiscalização e o monitoramento eficazes exigem um bom conhecimento do PMS - que consolida políticas e compromissos, define programas e metas e norteia o planejamento e o orçamento na área da saúde para o período - e a consulta permanente aos princípios e normas que regem o SUS. 7 A função fiscalizadora ocupa boa parte dos trabalhos da CSS. Somente nos últimos dois anos, foram requeridas 218 visitas técnicas e 47 audiências públicas para apurar deficiências estruturais e de atendimento nas diferentes unidades, ouvir usuários e servidores e intermediar suas demandas junto ao Executivo. Também são conferidas de perto e debatidas com órgãos competentes as condições de salubridade em diferentes pontos da cidade, buscando melhorias. Temas intersetoriais como mineração na Serra do Curral e no entorno do município, segurança hídrica e alimentar, poluição sonora, impactos de enchentes e inundações e outras questões em que a saúde e a qualidade de vida são afetadas também são tratados no âmbito da Comissão de Saúde e Saneamento. Atendendo reivindicações da população, a Comissão de Saúde e Saneamento enviou aos órgãos competentes dezenas de indicações sugerindo medidas para melhorar o espaço físico e o atendimento em centros de saúde, reposição e ampliação de recursos humanos, modernização e aquisição de equipamentos, fornecimento de insumos e disponibilização de medicamentos, entre outras. As normas de financiamento do SUS determinam que o município destine, no mínimo, 15% das receitas de impostos e transferências constitucionais e legais à área da saúde. Em BH, essa previsão é freqüentemente superada: em 2021, foram aplicados 22,77% do orçamento. Mesmo assim, os valores não cobrem todos os programas e metas previstos e necessários. A contribuição na destinação de recursos através de emendas ao orçamento ganhou força com a instituição, por iniciativa parlamentar, das emendas individuais impositivas, de execução obrigatória. Alteração da Lei Orgânica estabeleceu a indicação de 0,8% da receita corrente líquida de 2022 a ações, programas ou entidades escolhidos pelos vereadores, sendo 50% da área da saúde. No Orçamento de 2022, primeiro a incorporar emendas impositivas, das 603 aprovadas 254, ou 42,12%, foram destinadas para o setor. Os valores das emendas variam entre R$ 30 mil e R$ 1 milhão, dependendo da concentração ou distribuição de recursos pelo proponente a uma ou mais finalidades, e do custo das ações indicadas. Cada emenda especificou a unidade recebedora (centros de saúde, UPAs, hospitais e maternidades da rede própria e contratada, Academias da Cidade, entre outras) e as finalidades dos recursos, discriminando as intervenções e 8 melhorias a serem executadas, insumos e materiais a serem adquiridos, políticas, programas e serviços a serem custeados. Para o orçamento de 2023, foi estabelecido o limite de 0,9% da receita para as emendas impositivas. A Comissão de Orçamento e Finanças Públicas, responsável pela análise das emendas ao projeto da Lei de Orçamento Anual (LOA), já recebeu 1041 das 1068 proposições apresentadas, centenas delas contemplando a área da saúde. Belo Horizonte viveu, nos últimos anos, um de seus maiores desafios com a chegada da pandemia de covid-19, que atingiu o mundo inteiro e impactou diretamente a saúde pública, exigindo ampliação, estruturação, adequação e reforço em tempo recorde do sistema de vigilância epidemiológica, do potencial de atendimento e de internação hospitalar na rede assistencial, compra de insumos, contratação e capacitação de profissionais da saúde, que tiveram que aprender a lidar com o novo vírus, até então desconhecido, e com os casos crescentes da doença e seus agravos. A gestão da pandemia e os indicadores da cidade foram considerados positivos e reconhecidos em prêmios nacionais e internacionais. Dados disponíveis no Portal PBH indicam que, até o dia 29 de novembro de 2022, o número total de óbitos confirmados para covid-19 em BH foi de 8.257 (2.572 em 2020; 4.723 em 2021 e 962 em 2022). Desde o início do programa de imunização, foram distribuídas 7.327.667 das 7.359.023 doses destinadas ao município, que garantiram a vacinação de 96,2% da população total da cidade com a 1ª dose ou dose única e 88,7% com a 2ª dose. Visando conferir maior transparência e facilitar a fiscalização, foi aprovada a Lei 11.421/2022, que determina a divulgação no site da PBH, em tempo real, de informações oficiais em situações de emergência de saúde, como dados epidemiológicos, número de pacientes atendidos por unidade de saúde, ocupação de leitos, volume de insumos e aparelhagem médica adquiridos, utilizados e em estoque, entre outras. Durante e após os períodos de fechamento de estabelecimentos e suspensão de serviços, que afetaram alguns setores de forma mais intensa ou prolongada, a Casa promoveu audiências e intermediou demandas e negociações com a Prefeitura para redução das perdas, que deixaram trabalhadores e empresários sem receita. Casas de festas e eventos, equipamentos esportivos, bares e restaurantes, lojas de itens não essenciais, especialmente as de pequeno porte, templos religiosos, 9 transporte escolar, feiras e comércio ambulante foram alguns dos segmentos recebidos pela Câmara. O fechamento das escolas por quase dois anos, um dos mais prolongados do mundo, motivou debates com pais, professores e especialistas, e cobranças de medidas para reduzir a defasagem educacional, a evasão escolar e os efeitos psicológicos e emocionais sobre os estudantes. A preocupação com o setor motivou a proposição da Lei 11.408/2022, que reconhece a atividade educacional e a aula presencial como serviço essencial no Município. Igrejas, templos e santuários religiosos também entraram no rol de serviços essenciais por força da Lei 11.330/2021, também de autoria parlamentar. A Câmara de BH ainda atuou de forma propositiva e colaborativa nos projetos do Executivo que deram origem às Leis 11.315/2021, que garantiu incentivos à regularização tributária, desoneração, desburocratização e recuperação de atividades econômicas; 11.314/2021, que criou o Programa Auxílio Belo Horizonte, favorecendo mais de 75 mil famílias carentes atingidas pela crise; e 11.422/2022, que garantiu o pagamento de parcelas adicionais do benefício. Os valores previstos inicialmentepela Prefeitura para o Auxílio BH foram aumentados graças à colaboração da Casa, que devolveu R$ 80 milhões de seu próprio orçamento; com essa verba foi possível ampliar de R$ 160 milhões para R$ 240 milhões os recursos destinados ao programa. Aprofunde sua pesquisa investigando indicadores de saúde específicos para o seu município e selecione pelo menos dois para análise. Considere examinar dados relacionados à morbidade, abrangendo doenças crônicas como diabetes e hipertensão arterial, assim como doenças infecciosas como dengue, tuberculose e hanseníase. Você também pode explorar taxas de mortalidade, indicadores de saúde materno-infantil e cobertura de exames ou imunização, entre outros possíveis. Após a escolha dos indicadores, promova uma discussão sobre eles, estabelecendo um contraponto com os recursos disponíveis em seu município. Reflita sobre esses dados e expresse sua opinião, destacando a relevância dos indicadores escolhidos para a saúde local. Boletim Epidemiológico de Monitoramento dos casos de Dengue, 10 Chikungunya e Zika em Belo Horizonte Até 15/4, Minas Gerais registrou 1.045.321 casos prováveis (casos notificados, exceto os descartados) de dengue. Desse total, 434.378 casos foram confirmados para a doença. Até o momento, há 238 óbitos confirmados por dengue no estado e 692 estão em investigação. Em relação à febre Chikungunya, foram registrados 86.314 casos prováveis da doença, dos quais 58.585 foram confirmados. Até o momento, 35 óbitos foram confirmados por Chikungunya em Minas Gerais e 34 estão em investigação. Quanto ao vírus Zika, até o momento, foram registrados 216 casos prováveis. Foram confirmados 20 casos da doença. Não há óbitos confirmados ou em investigação por Zika em Minas Gerais. Levando em consideração, os elevados números de casos de Dengue e Chikungunya é importante saber como está a imunização para essas doenças na capital mineira. Para evitar a perda de imunizantes e garantir a vacinação da população, a partir desta sexta-feira (19/04/2024), a Prefeitura de Belo Horizonte vai concentrar a oferta das vacinas. A doses contra dengue serão ofertadas em 13 postos de saúde e contra a covid-19 em 30 unidades. Os endereços dos locais que vão ofertar os imunizantes em cada regional, por tipo, podem ser verificados on-line. A estratégia tem como objetivo otimizar a utilização das doses, já que a Secretaria Municipal de Saúde conta com estoque baixo dessas vacinas. No momento, o município aguarda o envio, por parte do Ministério da Saúde, de novas remessas para redistribuição aos demais pontos de vacinação. A Prefeitura reafirma a disponibilidade de pessoal e de todos os insumos necessários para a imediata ampliação dos pontos de imunização, tão logo as doses sejam repassadas. A aplicação das doses contra a dengue, seguindo orientação do Ministério da Saúde, são exclusivas para o público de 10 a 14 anos. O esquema vacinal da Qdenga é composto por duas doses, que devem ser aplicadas em um intervalo de três meses. Para receber o imunizante é necessária a presença dos pais, mães ou responsáveis legais. Já o imunizante bivalente contra a covid-19 é anual e está disponível para o público prioritário, que pode ser verificado no portal da Prefeitura. Os grupos podem https://prefeitura.pbh.gov.br/saude/informacoes/vigilancia/vigilancia-epidemiologica/doencas-transmissiveis/dengue/vacinacaodengue https://prefeitura.pbh.gov.br/saude/covid-19-pontos-de-vacinacao-bivalente https://prefeitura.pbh.gov.br/campanha-de-vacinacao-contra-covid-19 11 receber a dose desde que tenham, pelo menos, seis meses desde a última aplicação. É importante ressaltar que para combater a dengue é necessário que cada um faça a sua parte em casa, evitando água parada. A vacinação contra a covid-19 também é importante pois com o tempo seco e a chegada de frentes frias há um aumento de doenças respiratórias. Pessoas com a vacina imunizante contra a covid-19 em dia podem ter menos complicações pela doença, principalmente as acometidas por doenças respiratórias. 12 3 ATIVIDADE 2 Diante da complexidade e dinâmica das necessidades de saúde em nossas comunidades, é fundamental explorar as perspectivas individuais para identificar lacunas e oportunidades de aprimoramento. Nesse contexto, convidamos você a refletir sobre a sua visão pessoal acerca dos serviços de saúde em seu município. Em particular, gostaríamos de saber qual serviço de saúde você considera necessário e que, até o presente momento, ainda não está disponível. Sua contribuição desempenha um papel fundamental na busca por soluções que possam impactar positivamente a qualidade e abrangência dos cuidados de saúde em nossa localidade. Para auxiliar esta atividade você deve detalhar as etapas que compreendem o Design Thinking, abordagem utilizada para o desenvolvimento de produtos e serviços. Belo Horizonte conta atualmente com 152 centros de saúde, 596 equipes de Estratégia Saúde da Família, o Hospital Metropolitano Odilon Behrens (HOB), o Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro (HMDCC). São oito Centros de Referência em Saúde Mental (CERSAM), cinco Centros de Referência em Saúde Mental Álcool e outras (CERSAM-AD) e três Centros de Referência em Saúde Mental Infantojuvenil (CERSAMi). A capital conta ainda com 9 Centros de Convivência. Na atenção especializada, são cinco Unidades de Referência Secundária (URS), nove Centros de Especialidades Médicas (CEM), quatro Centros de Especialidades Odontológicas (CEO), quatro Centros de Reabilitação (CREAB), dois Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST), dois Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA), um Centro Municipal de Oftalmologia (CMO), um Centro Municipal de diagnóstico por imagem (CMDI). A rede de Urgência e Emergência é composta por nove Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), um Serviço de Urgência Psiquiátrica Noturno (SUP) e o SAMU. A rede de apoio ao diagnóstico possui cinco laboratórios distritais, um laboratório central, um laboratório de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e nove laboratórios de UPA. 13 A Vigilância em Saúde tem em a estrutura um Laboratório de Bromatologia, um Centro de Referência em Imunobiológicos Especiais (CRIE), um Laboratório de Zoonoses, um Centro de Controle de Zoonoses, cinco centros de esterilização de cães e gatos, uma Unidade Móvel de Castração e o Serviço de Atenção ao Viajante. Na promoção à saúde, são 82 Academias da Cidade em funcionamento, com mais de 15 mil alunos e locais que promovem a prática Lian Gong. A área da saúde em Belo Horizonte é extremamente completa e é uma referência em todo o Estado, ao ponto de ter condições de prestar atendimento à população local e pacientes de cidades da região metropolitana e interior de Minas Gerais. Não há do que reclamar dos serviços prestados nas unidades de saúde de Belo Horizonte. Conforme a atividade solicitada, as etapas que compreendem o Design Thinking são: imersão, ideação, prototipação e desenvolvimento. Imersão A primeira etapa sugere um mergulho em tudo o que envolve e afeta a sua empresa. Aqui, é válido realizar uma análise SWOT, que mapeia as ameaças, oportunidades, fraquezas e pontos fortes do seu negócio, tanto do ponto de vista interno quanto da perspectiva externa. Sendo assim, não hesite em coletar feedbacks de clientes, observar o desempenho de colaboradores e se aprofundar na política organizacional da firma. Apenas a partir de um conhecimento completo sobre o negócio é possível criar soluções que possam ser efetivamente utilizadas. Lembre-se de não cair no erro de olhar apenas para o próprio umbigo. Mais do que os processos internos da empresa, é preciso considerar a situação política e econômica do país, as ações dos competidores etc. Ideação Uma vez concluído o processo deimersão, você já terá identificado os pontos que precisam ser melhorados e aqueles que podem ser deixados como estão. Então, é hora da próxima fase, comumente chamada de ideação. Como o nome sugere, é hora de produzir idéias relevantes para realizar as melhorias necessárias. Nesse ponto, é fundamental trazer insights obtidos com a utilização de técnicas de big data, que aumentam as chances de eficiência do processo. 14 Para ter uma idéia, segundo o State of Marketing 2024, estudo realizado por líderes do mercado como HubSpot, Litmus, Rock Content e Search Engine Journal, 14% dos profissionais de marketing enfrentam o desafio de ter dados de baixa qualidade. Portanto, a aplicação correta de big data no design thinking é crucial para garantir a qualidade e relevância das informações utilizadas na ideação. Aí, é só reunir as equipes envolvidas e adotar técnicas como o brainstorming, que incentiva e valoriza o compartilhamento de muitas idéias. Prototipação Depois de reunir uma grande quantidade de idéias relevantes, é hora de impor um filtro sobre elas e escolher as que você (ou o grupo) considera com maiores chances de sucesso. Para reduzir o risco de falhas, é recomendado criar protótipos do que foi idealizado antes de realmente investir em sua execução. Se você está desenvolvendo um novo produto, por exemplo, essa é a hora de investir em uma versão beta, ou seja, não definitiva. Então, a partir dos testes realizados, você pode decidir se a idéia está pronta para ser finalizada ou se ajustes ainda precisam ser feitos. Se o assunto em questão é um serviço, você pode montar protótipos mais abstratos, como representações gráficas que simulem as ações reais. Desenvolvimento Finalmente, chegamos ao desenvolvimento. Aqui é a hora de tirar tudo do papel e colocar para funcionar de verdade. Em caso de lançamento de produtos, tome as medidas para chamar a atenção do público para o fato, garantindo que ele não caia em ostracismo. Nessa parte, entram em ação os setores de comunicação e publicidade da empresa. Sua missão é vender a solução ao público de modo que ela seja bem- aceita. Em todos os casos, o processo não acaba aqui. É preciso manter um monitoramento constante a fim de identificar pontos de melhorias e avaliar o sucesso da operação. A aplicação do Design Thinking aos cuidados de saúde pode melhorar a inovação, a eficiência e a eficácia, aumentando o foco no paciente. Os sistemas de 15 saúde exigem inovação contínua para atender às necessidades de pacientes e provedores. No entanto, essas partes interessadas nem sempre são consideradas quando novas intervenções ou processos do sistema são projetados, resultando em produtos que permanecem sem uso porque não levam em conta o contexto humano, necessidade ou falibilidade. O Design Thinking pode ser utilizado no gerenciamento de doenças cardiovasculares e é especialmente útil na concepção de intervenções para populações cujas necessidades podem ser negligenciadas por outras abordagens. Por exemplo, o estudo de uma ferramenta de saúde móvel para detectar e o gerenciamento de doenças cardiovasculares na Índia rural exigiu feedback significativo dos usuários finais – profissionais de saúde minimamente treinados – para garantir que a intervenção fosse adequada ao seu nível de familiaridade tecnológica, bem como à infra-estrutura técnica inconsistente (por exemplo, criar um sistema de navegação de um toque). O uso do Design Thinking permitiu que a equipe multidisciplinar questionasse suposições e vieses e desenvolvesse uma intervenção que foi bem-sucedida, aceitável e viável para os usuários reais, um resultado que pode não ter sido possível usando métodos tradicionais. Também pode ser utilizado no aprimoramento do uso de anticoncepcionais de longa duração. Outro estudo avaliou o impacto de uma ferramenta educacional para aprimorar o uso de anticoncepcionais de longa duração em uma clínica que atende principalmente pacientes afro-americanos que foram incluídos no início do processo de teste de usabilidade para garantir que a ferramenta atendesse às suas necessidades. Como resultado, várias mudanças foram feitas, como a inclusão de mais depoimentos de colegas, o que provavelmente aumentou o impacto e a relevância da ferramenta. Dessa forma, o Design Thinking também pode combinar bem com outras abordagens que priorizam a inclusão dos usuários no serviço de redução das disparidades de saúde, como a pesquisa participativa de base comunitária. 16 4 ATIVIDADE 3 Agora, é necessário definir um objetivo específico para direcionar os resultados do seu projeto. Este objetivo pode ser, inclusive, a concepção desenvolvida na aplicação do Design Thinking anteriormente elaborado. Com o objetivo estabelecido, a tarefa nesta fase é criar uma Estrutura Analítica do Projeto (EAP). Em outras palavras, por meio da EAP, você construirá a estrutura fundamental do seu projeto, considerando que essa ferramenta será utilizada para discutir com os gestores da empresa os possíveis encaminhamentos, como, por exemplo, os recursos disponíveis para a operacionalização. A EAP consiste na decomposição do trabalho necessário para a realização do projeto em pacotes de tarefas menores, organizados hierarquicamente de cima para baixo. Essa organização não segue necessariamente a ordem exata, mas a mais apropriada. EAP para criação de web site para Centro de Saúde Pindorama 17 5 ATIVIDADE 4 A busca por um sistema de saúde eficiente e adaptado às necessidades específicas de uma comunidade requer uma cuidadosa consideração sobre o modelo de gestão a ser adotado. Neste contexto, convidamos você a explorar e compartilhar suas idéias sobre o modelo de gestão mais adequado para o serviço de saúde que você idealizou. Sua perspectiva é importante, pois irá não apenas definir a estrutura organizacional, mas também influenciar diretamente a eficácia e a qualidade dos cuidados prestados. Ao explicar as razões por trás da sua escolha, você contribuirá significativamente para o desenvolvimento de um serviço de saúde que atenda de maneira eficaz e sustentável às demandas da comunidade. Na saúde pública, o Brasil tem um dos maiores sistemas do mundo, o que acarreta a complexidade de gerenciar uma rede tão grande e capilarizada. Afinal, todos os 210 milhões de brasileiros, em mais de 5 mil municípios, são contemplados de alguma maneira pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Uma gestão que nunca foi simples se tornou ainda mais desafiadora diante das questões políticas e econômicas vividas pelo País — que impactam diretamente a saúde pública. Enquanto isso, um quarto da população brasileira recorre aos serviços de saúde suplementar: são cerca de 47 milhões de usuários, além dos milhares de profissionais vinculados a essas empresas, que enfrentam seus próprios desafios. Os hospitais, laboratórios e médicos se queixam de receberem pouco, e os pacientes acreditam pagar caro por seus planos. Mesmo com reajustes acima da média — entre 7,3% e 17%, de 2019 para 2020, contra 2,4% de inflação —, quem trabalha com planos de saúde sabe que é difícil fechar a conta. Esse cenário remete a algo que muitos especialistas em saúde, em todo o Brasil, se questionam constantemente: como solucionar isso e criar um sistema de saúde que seja sustentável? O médico estadunidense Harvey Fineberg — conhecido por seu trabalho na Universidade de Harvard — traz uma visão muito clara e interessante sobre esse assunto, em um artigo publicado pelo The New England Journal of Medicine. Em primeiro lugar, ele elenca o que um sistema de saúde precisa ter para ser bem- sucedido: pessoas saudáveis, um cuidado superior (isto é, um cuidado efetivo, https://summitsaude.estadao.com.br/mitos-e-verdades-sobre-o-sus/ https://summitsaude.estadao.com.br/quais-sao-os-principais-desafios-da-saude-suplementar-no-brasil/https://summitsaude.estadao.com.br/saude-brasil-como-o-brasileiro-ve-a-saude-publica-no-pais/ 18 seguro, centrado no paciente e eficiente) e justiça (um sistema que trata todos da mesma maneira e é justo também com os profissionais). Contudo, para ser sustentável, esse sistema de saúde precisa de outros três atributos-chave: 1) ser acessível financeiramente para pacientes, empresas e governos; 2) ser bem aceito por quem faz parte dele, o que inclui pacientes e profissionais de saúde; 3) ser adaptável, já que as necessidades de saúde mudam constantemente e os sistemas precisam responder a mudanças demográficas, novas doenças e descobertas científicas, entre outras questões. Uma grande parcela dos gestores de saúde brasileiros está ciente dos problemas existentes — tanto na saúde pública quanto na privada —, e os princípios para a criação de um sistema mais sustentável são bastante claros, como foi exposto no item anterior. Mesmo assim, realizar mudanças substanciais no dia a dia dos serviços de saúde em todo o país é uma tarefa bastante complexa. Afinal, quais são as questões que devem ser resolvidas primeiramente? Em um artigo de opinião publicado pelo portal Saúde Business, a médica e especialista em gestão de saúde Cátia Motta observa que os modelos de remuneração usados hoje em dia, principalmente na saúde privada/suplementar, tornam o sistema insustentável. O modelo de conta aberta e de pagamento por serviço, em primeiro lugar, estimula um maior uso dos serviços de saúde. Além disso, os sistemas de saúde brasileiros trabalham com o conceito do mutualismo, em que os mais jovens pagam mais do que consomem e compensam os gastos maiores das pessoas de mais idade. Essa fórmula não se sustenta quando, por um lado, a população vive cada vez mais e, por outro, os jovens não cultivam bons hábitos de saúde. Tudo isso pressiona os sistemas. Em vista disso, Motta defende um modelo de promoção da saúde e prevenção de doenças, baseado principalmente na disseminação de informação. Dessa forma, os serviços — como hospitais e pronto-socorros — seriam acionados apenas quando necessários. Além de diminuir a sobrecarga dos sistemas de saúde, isso contribuiria para a qualidade de vida da população de maneira geral. Hudson Pacífico da Silva, especialista em saúde pública da Universidade de Montréal, faz observações semelhantes às de Motta e ainda defende políticas https://summitsaude.estadao.com.br/saude-suplementar-no-brasil-discussoes-sobre-o-setor-privado/ 19 públicas que enxerguem a saúde além dos serviços diretamente relacionados a ela. Isso porque as condições de trabalho, moradia e educação influenciam as necessidades de saúde da população — e quanto os sistemas precisam trabalhar para atendê-las. Um exemplo claro disso é o saneamento básico, cuja ausência gera milhares de internações na rede hospitalar, que poderiam ser evitadas. Além disso, Silva argumenta que as inovações tecnológicas, muitas vezes, oneram os sistemas de saúde sem que os benefícios também aumentem, na mesma proporção. Mais do que medicamentos e terapias de alto custo, é interessante pensar em novas estratégias que gerem benefícios sistêmicos, coletivos. Sendo assim, o autor defende o conceito de “inovação responsável”. Entre outras questões, a inovação responsável foca nas demandas da sociedade, inclui mais atores nos processos de desenvolvimento e antecipa possíveis problemas, como custos, ao longo da avaliação. Baseando-se no conceito de inovação responsável, argumenta Silva, é possível criar “inovações de maior valor para a sociedade em termos de equidade e sustentabilidade do sistema de saúde”. https://summitsaude.estadao.com.br/saude-comeca-antes-do-hospital-veja-quais-sao-os-principais-desafios-da-area/ https://summitsaude.estadao.com.br/4-problemas-gerados-pelo-saneamento-basico-inadequado-no-brasil/ 20 6 ATIVIDADE 5 Você, estudante, precisa ter uma compreensão mais profunda acerca da responsabilidade civil na área da saúde, a fim de aplicar esse conhecimento em suas futuras funções de gestão hospitalar. Para tanto: a) Realize uma pesquisa teórica sobre a legislação brasileira que aborda a responsabilidade civil na área da saúde, destacando as normas que regulamentam a relação médico-paciente e hospital-paciente. A lei que garante os direitos dos pacientes no Brasil é a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde. Ela é conhecida como a Lei do SUS (Sistema Único de Saúde) e estabelece diretrizes para o funcionamento do sistema de saúde no país, bem como os direitos e deveres dos pacientes. A norma mais relevante para o tema é a Portaria 1820/09 do Ministério da Saúde que estabelece: “toda pessoa tem direito ao tratamento adequado e no tempo certo para resolver o seu problema de saúde.” Além disso, o Código de Ética Médica, elaborado pelo Conselho Federal de Medicina, é uma importante fonte de referência para os profissionais da saúde. Ele estabelece as normas éticas a serem seguidas durante o exercício da medicina, com diretrizes claras para o relacionamento entre médicos e pacientes, assim como entre médicos e demais profissionais da área. O texto também estabelece obrigações que se convertem em direitos ao paciente, como o dever médico de esclarecer as possibilidades e riscos dos tratamentos e o acolhimento do paciente e o socorro em casos urgentes. Essas leis e normas são fundamentais para garantir a proteção dos direitos dos pacientes e a qualidade do atendimento em saúde no Brasil. É responsabilidade de todos os profissionais de saúde conhecer e respeitar essas leis, a fim de assegurar um atendimento humanizado, ético e de qualidade para os pacientes. 21 b. Selecionar um caso real ou fictício envolvendo uma situação de responsabilidade civil na área da saúde. Analisar os elementos da relação de consumo presentes no caso, considerando aspectos como informação, vulnerabilidade do paciente, e prestação de serviços. Nada obstante tratar-se de um conceito aberto, a Portaria do Ministério da Saúde nº 2.616 de 12 de maio de 1998, anexo II, item 1.2.1, define infecção hospitalar como a infecção adquirida após a admissão do paciente na unidade hospitalar e que se manifesta durante a internação ou após a alta quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares. Ainda segundo o Ministério da Saúde, uma infecção pode ser considerada como motivada pela cirurgia se manifestar-se até 30 dias após o fato. Em alguns casos (no implante de próteses, por exemplo), a infecção hospitalar pode manifestar- se até um ano após a cirurgia. (FONSECA, 2012) Rui Stoco destaca que a noção da responsabilidade pode ser haurida da própria origem da palavra, que vem do latim respondere, responder a alguma coisa, ou seja, a necessidade que existe de responsabilizar alguém pelos seus atos danosos. Essa imposição estabelecida pelo meio social regrado, através dos integrantes da sociedade humana, de impor a todos o dever de responder por seus atos, traduz a própria noção de justiça existente no grupo social estratificado. Revela-se, pois, como algo inarredável da natureza humana. (STOCO, 2007, p. 114) Não existe na literatura médica hospital com “zero” de infecção, ou seja, sem infecção hospitalar. Impossibilidade que é confirmada por estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), que deu origem ao relatório sobre o Controle de Infecção Hospitalar no Brasil e os Consumidores: Embora não exista uma taxa zero de infecção, pois existem aquelas que dependem muito do estado do paciente, estudos indicam que um programa de controle de infecção hospitalar bem conduzido reduz em 30% a taxa de infecção do serviço (IDEC, 2006)O §1º, do artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor dispõe que o serviço será defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, devendo ser considerada três circunstâncias relevantes: (1) o modo de fornecimento o serviço; (2) o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam e (3) a época em que foi fornecido. 22 A combinação desse texto legal com o §3º do mesmo artigo, aponta para o fato de que o fornecedor não deverá sofrer a responsabilização quando inexistente o defeito no serviço. Ou seja, uma vez que o hospital comprovar devidamente que seguiu à risca as exigências sanitárias da Lei nº 9.431/97 e, principalmente, a Portaria do Ministério da Saúde de nº 2.626/98, logrando êxito no controle de infecção hospitalar e obtendo redução dos índices de infecção no estabelecimento, por certo inexistente o defeito no serviço e, por via de conseqüência, deverá ser afastada a responsabilidade do fornecedor ou, na hipótese pior, uma sensível redução no quantum indenizatório do paciente. Outra hipótese de exclusão da responsabilidade é apresentada no inciso II, do artigo 14, do Código de Defesa do Consumidor, a saber, a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiros. Há casos de infecção hospitalar que podem ser imputados exclusivamente ao paciente ou a terceiro, como por exemplo, a infecção hospitalar adquirida em outro nosocômio. (GRINOVER, BENJAMIN, et al., 2007) Portanto, o hospital não será responsabilizado se conseguir provar que após prestar o serviço, como uma cirurgia, por exemplo, não existisse a infecção. Do mesmo modo, o hospital é eximido da responsabilidade se a infecção não teve causa ali, ou ainda, se a culpa do dano for exclusiva de terceiro ou do próprio paciente. A responsabilidade civil é um instituto do direito que busca reparar os danos causados a terceiros em decorrência de ações ou omissões ilícitas. Para que seja configurada, faz-se necessário o preenchimento de alguns elementos essenciais, quais sejam: o dano, o nexo causal entre a conduta do agente e o dano, a culpa ou dolo do responsável e a existência de um dever jurídico de agir ou abster-se. É importante destacar que a responsabilidade civil pode ser de natureza contratual ou extracontratual, dependendo da relação jurídica entre as partes envolvidas. Os profissionais de saúde, em razão de sua atividade especializada e do vínculo de confiança estabelecido com os pacientes, possuem uma responsabilidade civil específica. Essa responsabilidade decorre da obrigação de agir com prudência, diligência e habilidade na prestação dos serviços de saúde, bem como do dever ético de preservar a vida, a saúde e o bem-estar dos pacientes. Neste contexto, a análise da responsabilidade civil dos profissionais de 23 saúde é essencial para garantir a proteção dos direitos dos pacientes e a justa reparação de eventuais danos causados. c. Elabore uma análise crítica do papel dos gestores hospitalares na prevenção de situações que possam resultar em responsabilidade civil. Considere estratégias de gestão de riscos e políticas internas que visem garantir a segurança do paciente e a adequada prestação de serviços. O administrador hospitalar, tal qual qualquer profissional liberal, é responsável pelos atos que pratica e responderá se, destes, algum prejuízo financeiro, patrimonial ou moral, sofrer seu empregador ou contratante. Fayol (1916) caracterizou a função administrativa como sendo a essencial da empresa e a definiu como sendo o conjunto que envolve operações técnicas, comerciais, financeiras, de segurança, de contabilidade e administrativas. Utilizamos, assim, o Código Civil (CC) como base legal para apurar responsabilidades do administrador hospitalar que, por ação ou omissão (fazer ou deixar de fazer algo), negligência (descuido, falta de interesse, má vontade, deixar de fazer algo que deveria ser feito), ou imprudência (falta de atenção, descuido, afoiteza no agir, fazer algo que não deveria ser feito), violar direito ou causar prejuízo a outrem (empregador; contratante), fica obrigado a reparar o dano. O Código de Defesa do Consumidor, vigente desde 1990, estipula que ‘a responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa’, assim caracteriza pela imprudência, negligência ou imperícia (desconhecimento da técnica, inabilidade, fazer algo além de sua especialidade/capacidade). O administrador hospitalar que causar prejuízo a seu empregador ou contratante dolosamente (conscientemente; com má-fé) não tem lastro nem moral para assim ser rotulado. Aliás, como qualquer profissional. Vamos falar do eventual prejuízo causado por culpa, o que gera a responsabilidade civil de indenizar. Em sendo o administrador hospitalar ‘responsável pela condução do destino do hospital’, sua responsabilidade é equivalente a este desafio. Exemplos práticos 24 Para facilitar a percepção, vamos exemplificar algumas situações que podem gerar a responsabilidade civil do administrador hospitalar. 1. Ao se terceirizar uma atividade meio do hospital, o administrador hospitalar deve ter todo o cuidado na escolha da empresa que executará o serviço. Isso porque o contratante (o hospital, no caso) responderá de forma subsidiária ou solidária pelos atos praticados pela pessoa jurídica contratada. Caso seja contratada pessoa física sem vínculo de emprego poderá gerar passivo trabalhista para a contratante. Ao se contratar uma empresa para prestar serviços ao hospital, o administrador hospitalar não pode ter, nunca, a sensação de que tem um problema a menos. Ao contrário. Caso ele não tenha tomado cuidado na escolha do terceiro, ele, na verdade, arranjou um problema a mais, para si e para o tomador dos serviços. E é claro que poderá ser responsabilizado civilmente por isso na exata medida dos prejuízos que o terceiro inidôneo, mal escolhido por ele, causou ao seu empregador ou contratante. É a conseqüência natural da eleição precipitada e mal feita de um prestador de serviços. 2. O administrador é obrigado a respeitar os objetivos, a filosofia e os padrões gerais (como o estatuto social, por exemplo) da organização a que estiver vinculado. É o que diz, inclusive, seu próprio Código de Ética. O desrespeito a tais normas (ou o excesso de mandado, que é praticar atos além dos constantes/autorizados por sua procuração) atrai a responsabilidade civil do profissional na exata medida dos prejuízos causados pela inobservância daquelas regras, podendo, inclusive, responder a processo administrativo disciplinar perante seu Conselho de Classe, além, é claro, de processo judicial. 3. A experiência já nos permitiu vivenciar situações em que o administrador hospitalar pode ser responsabilizado civil, administrativa e até penalmente por seus atos ou omissões: a) O recolhimento errôneo de impostos em nome do seu contratante (a maior ou a menor), gerando multas e autuações; b) A não verificação ou não fiscalização acerca da regularidade formal dos prestadores de serviços do hospital (diploma dos profissionais liberais devidamente registrado nos órgãos competentes, por exemplo; capacidade da prestação de serviços (inexistência de óbices administrativos etc.) c) A não verificação ou não renovação dos vários alvarás necessários ao regular funcionamento do hospital (localização e funcionamento, farmácia, CRM, vigilância 25 sanitária, Polícia Federal etc.) d) A não observância da regular existência, formação e funcionamento da CIPA, CCIH (e demais comissões), PCMSO, PPRA, SESMET etc. e) O não repasse à Previdência Social das respectivas contribuições retidas dos empregados, consistindo tal prática em crime previdenciário. f) O afastamento de suas atividades profissionais sem comunicação prévia a seu contratante/empregador. g) A recusa de prestação de contas, bens enumerários que lhe sejam confiados em razão do cargo que ocupa. 4. Já vimos alguns administradores hospitalares serem presos em flagrante devido à existência de medicamentos vencidos na farmácia ou de alimentos (vencidos) na dispensa. Só o pagamento de fiança os livrou de trás das grades, visto haver legislação específica que cuida do assunto. De igual modo, a existência de medicamentos importados sem o rótulo devidamente traduzido para o português implica, também, em prisão, além de ilícito administrativo. É claro que a responsabilidade pelos temas acima exemplificados pode (e deve) ser delegada ao profissional competente de cada área. Porém, a responsabilidade pelo ilícito ocorrido, em última (ou primeira) análise, é do administrador hospitalar. A responsabilidade do chefe do setor do hospital que praticou o ilícito deverá (por óbvio) ser apurada num segundo momento, devendo, também, ser rigorosamente punido por isso, administrativa (perante seu próprio Conselho de Classe), civil e penalmente. 26 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com este projeto integrado foi possível perceber a importância do gestor hospitalar, principalmente quando se trata da responsabilidade civil na área da saúde. O gestor hospitalar é o profissional responsável pela administração de uma unidade ou rede de unidades de saúde, incluindo os processos de planejamento, avaliação e controle. Dependendo do espaço e das equipes pelas quais o gestor é responsável, ele pode realizar tarefas mais ou menos complexas. Isso porque, apesar do título de gestor hospitalar, esse profissional não cuida apenas de hospitais. Os conhecimentos que ele adquire permitem gerenciar unidades de saúde diversas. Sempre que o objetivo incluir fornecer cuidados e trabalhar pelo bem-estar do cliente, ele poderá estar à frente do negócio. 27 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990. Brasília, v. 128, n. 182, 20 set. 1990. BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria 2.616 de 12 de maio de 1998. Brasília: Diário Oficial da União, 13 de maio de 1998. Seção 1, p. 133. Disponível em: . Acesso em 15 de abril de 2024. FAYOL, H. Administração industrial e geral: Previsão, organização, comando, coordenação, controle. 10. ed. São Paulo: Atlas, 1989. FONSECA, H. M. F. D. A responsabilidade civil dos hospitais e a presunção do nexo causal nos casos de infecção hospitalar. EGOV - Universidade Federal de Santa Catarina, 2012. Disponível em: https://uniesp.edu.br/sites/_biblioteca/revistas/20180511142808.pdf. Acesso em 15 de abril de 2024. GRINOVER, A. P. et al. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor-Comentado pelos Autores do Anteprojeto. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007. IDEC. O controle de infecção hospitalar no Brasil e os consumidores. Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, 2006. Disponível em: https://uniesp.edu.br/sites/_biblioteca/revistas/20180511142808.pdf. Acesso em 15 de abril de 2024. STOCO, R. Tratado de responsabilidade civil: doutrina e jurisprudência. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007 https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/pesquisa/simples/BRASIL.%20Presidencia%20da%20Rep%C3%BAblica.%20Casa%20Civil.%20Subchefia%20para%20Assuntos%20Jur%C3%ADdicos/1010 https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/pesquisa/simples/BRASIL.%20Presidencia%20da%20Rep%C3%BAblica.%20Casa%20Civil.%20Subchefia%20para%20Assuntos%20Jur%C3%ADdicos/1010 https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/pesquisa/simples/Lei%20n%C2%BA%208.080%20de%2019%20de%20setembro%20de%201990/1030