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caso aula 14 -corrigido e resolvido

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APLICAÇÃO PRÁTICA E TEÓRICA
SEMANA 14
Ao longo do semestre, estudamos todo o conteúdo necessário à produção das narrativas jurídicas. Neste encontro, já a título de revisão para as últimas provas, vamos aprimorar pontualmente algumas orientações sobre como organizar a cronologia dos fatos do caso concreto.
Se houver eventuais pontos controvertidos, sugerimos seguir a ordem cronológica e, no ponto da controvérsia, por meio da polifonia, mostrar as duas versões. Se, porém, as partes possuem versões muito diferentes sobre grande parte dos eventos, melhor seria narrar, em primeiro lugar, a versão de quem acusa (parte autora) e, depois, a versão da parte ré, estratégia que ainda observa a cronologia dos eventos, uma vez que, no processo, autores pronunciam-se antes dos réus.
 
QUESTÃO
Com base nas informações sobre os casos que seguem, redija um relatório para cada caso concreto.
 
Caso concreto 1
Onde: Rodovia Presidente Dutra, na altura do Município de Nova Iguaçu.
Quem ativo: Josias Albuquerque Rodrigues, 38 anos, casado, camelô.
Quem passivo: Márcia Cristine de Albuquerque Rodrigues, 32 anos, casada, auxiliar de escritório.
Quando: mais ou menos às 8h do dia 09/11/2008
Fato: cárcere privado, ameaça e lesões corporais
 
Como (numerar a ordem cronológica):
(1) Mais ou menos às 2h da manhã, em 09/09/2006, Josias chega à casa de Márcia, como quem não quer nada e agride a mulher na frente das crianças. Ela vai à delegacia e ele passa a ameaçá-la, para “retirar a queixa”, ainda que isso de nada adiante – Lei Maria da Penha.
(3) Ele entra no ônibus e toca o terror; gente chorando, se jogando no chão, mas o motorista que não é bobo sai correndo.
(6) Por fim, os agentes do Bope vencem Josias pelo cansaço e ele se entrega.
(5) A nossa eficiente polícia chega na hora H, mas o doido para um ônibus na via Dutra e entra com a Márcia – o revólver tá na cabeça dela.
(4) Essa maluquice dura 10 horas e para o trânsito na Via Dutra; as redes de televisão colocam essa novela no ar.
(2) Márcia não suporta mais as crises de ciúmes de Josias e se separa dele, em agosto de 2006. Foram 10 anos de suplício com aquele neurótico. O doido, maluco com a separação, começa a azucrinar a vida da mulher e de seus 3 filhos. Ele tá com a ideia fixa de que é corno.
(7) Durante as 10h que ele passa no ônibus, não para de agredir a mulher, puxa o cabelo dela e a xinga muito. Consumiu grande quantidade de entorpecente.
Consequência: Josias é levado para o 352º DP acusado de porte ilegal de arma, ameaça, cárcere privado e lesões corporais.
 
Depoimentos:
1) Gilson Luís Mota Reis, 43 anos, vizinho:
– Cansei de separar briga dos dois, ela apanhava quase todo dia. Eu tinha pena era das crianças.
 
2) Jorge Bertrand Rodrigues, passageiro do 499:
– Assim que entrou no ônibus ele disse que não ía maltratar ninguém; o negócio dele era com a mulher. Pô, mas ficou todo mundo com medo, geral começou a correr pra traseira do ônibus.
 
Caso concreto 2
André Ramalho de Lima está, há dois meses, preso, acusado de matar o enteado, no dia 16 de julho de 2007. André está sentindo na pele os riscos da prisão preventiva: “cumpre pena” antes de ser julgado e pode estar pagando por um crime que não cometeu.
O Defensor Público Walter Corrêa afirma que André é vítima de denúncia inepta do Ministério Público. Garante ainda que ele foi prejudicado por investigação mal feita e por falhas da perícia técnica. Acusado de ter matado o filho de sua companheira, de dois anos, foi preso e sofreu maus-tratos na prisão. É réu primário, tem carteira assinada e residência fixa, mas para ele não valeu a presunção de inocência.
Consta da denúncia que André matou o garoto porque era inimigo do pai biológico da criança. Nenhuma testemunha confirmou a versão. Muito pelo contrário: o pai biológico era um dos melhores amigos de André.
A criança tinha problemas sérios de saúde (anemia profunda e crises convulsivas) e, de acordo com a mãe, passava mais tempo no hospital do que em casa. Por causa da anemia, era obrigada a tomar injeções para complementar a alimentação. Algumas causavam alergia, caracterizada por manchas pelo corpo.
No dia da morte, a criança, que tinha acabado de sair de uma internação, começou a passar mal. O padrasto, num ato de desespero, fez massagens cardíacas no bebê e respiração boca-a-boca. 
Para o MP, a intenção de André, ao fazer a respiração boca-a-boca, era impedir que a criança de dois anos o apontasse como autor do homicídio. Na necropsia, o médico legal concluiu que as manchas espalhadas pelo corpo do bebê eram marcas de espancamento.
No depoimento, André disse que foi ameaçado pelos policiais do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para confessar o crime. 
O Defensor apontou a arbitrariedade da prisão de André, alegando a presunção de inocência, que deve incidir mesmo quando o réu confessa o crime, porque não se sabe em quais condições o acusado o fez e que o Supremo Tribunal Federal tem entendimento firmado de que só cabe prisão quando a sentença condenatória já transitou em julgado, ou seja, quando não restarem mais dúvidas de que o réu é culpado pelo crime[1].
André estuda entrar com ação de indenização por danos morais e materiais pelo tempo em que ele ficou preso.
(Adaptação de caso concreto relatado na Revista Consultor Jurídico)[2]
RESPOSTA: RELATÓRIO JURIDICO
André Lima Ramalho cumpriu dois anos de prisão, sob a acusação de ter matado o enteado, no dia 16 de julho de 2007.
 Segundo o Defensor Público, Walter Corrêa, André foi vitima de denuncia inepta do Ministério Publico que afirmou em denuncia que André teria matado a criança por vingança ao pai biológico, porém nenhuma testemunha confirmou a versão.
De acordo com a mãe, a criança tinha anemia profunda e crises convulsivas, por isso era obrigada a tomar injeções para complementar a alimentação. Algumas causavam alergia, caracterizada por manchas no corpo.
No dia da morte, a criança passou mal e o padrasto fez massagens cardíacas e respiração boca-a-boca. Segundo o MP, a intenção de André foi impedir que a criança o apontasse como autor do homicídio. Na necropsia foi constatado que as manchas espalhadas no corpo foram causadas por espancamento.
Em depoimento, André afirmou que foi ameaçado pelos policiais da DHPP para confessar o crime.
Segundo o Defensor publico, houve arbitrariedade da prisão de André, porque não se soube em quais condições o acusado confessou o crime.
[1] Existem opiniões divergentes sobre essa questão. Sugerimos que leia um pouco sobre os requisitos da prisão preventiva.
[2] INTERDISCIPLINARIDADE: dando continuidade à proposta de estudo interdisciplinar, sugerimos que você recorra aos conteúdos indicados para a melhor solução do exercício apresentado.
Direito Penal: princípio da presunção da inocência, tipicidade, nexo causal, medidas de segurança.

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