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GESTÃO DE MARCAS 
E BRANDING 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Raphael Moroz 
 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Olá! Na aula anterior, conversamos sobre a arquitetura da marca: 
descobrimos que há tipos de marcas e que estas, assim como produtos, 
possuem um ciclo de vida. Discutimos, também, a utilidade de cada elemento 
que compõe uma marca e o propósito da brand persona – o personagem 
fictício que representa a marca. 
Nesta aula, começaremos a conversar sobre a gestão de uma marca. 
Iniciaremos nossa jornada de aprendizagem falando sobre a personalidade da 
marca (sim, as marcas possuem personalidade, assim como nós!) para, em 
seguida, aprofundar o conceito de arquétipo. Conheceremos, inclusive, os 12 
arquétipos mais empregados no marketing. 
Os elementos gráficos de uma marca nos dão pistas sobre sua 
personalidade. Em razão disso, trataremos da semiótica – área que estuda os 
significados de tudo aquilo que apreendemos pelos nossos cinco sentidos – e 
de fundamentos de design – para que você analise as marcas ao seu redor e 
comece a construir a sua. 
Não esqueça de compartilhar este momento de estudos nas suas redes 
sociais e de nos marcar no Instagram: @psi.raphaelmoroz. 
CONTEXTUALIZANDO 
 Você possui um jeito de ser. No seu dia a dia, você deve perceber 
alguns padrões de comportamento, não é? Você tem, também, uma forma de 
se comunicar. Talvez você seja mais expansivo ou contido; mais extrovertido 
ou introvertido; mais formal ou descontraído em seu jeito de falar. 
As marcas também possuem personalidade, que é fruto da filosofia da 
empresa (missão, visão e valores) e da forma como ela se relaciona com seus 
públicos internos (colaboradores) e externos (clientes, fornecedores, 
concorrentes). Quem comunica a personalidade de uma organização é a 
marca. Nessa aula, buscaremos compreender como essa personalidade é 
construída e gerenciada. Vamos aprender juntos? 
 
 
3 
TEMA 1 – PERSONALIDADE DA MARCA 
Lembre-se do que vimos no último tópico da aula anterior: a brand 
persona é o personagem fictício que representa a personalidade e os valores 
de determinada marca. Agora, estudaremos, com base em fundamentos da 
Psicologia, em que consiste a personalidade de uma marca. Michael Solomon 
(2016), um dos maiores estudiosos na área do comportamento do consumidor, 
aponta que essa personalidade é o conjunto de traços que os 
consumidores atribuem a marcas e produtos como se estes fossem 
pessoas. 
Uma importante tentativa de atribuir personalidade a uma marca ocorreu 
em 1886. Nesse ano, a figura de um homem estampou, pela primeira vez, as 
embalagens da aveia Quaker. A intenção da empresa de cereais era que os 
clientes associassem a marca aos membros da seita Quacre, que tinham a 
reputação de serem sagazes e justos. Em determinadas ocasiões, eles se 
vestiam da mesma forma que o homem retratado nas caixas da marca (Hine, 
1995). 
Figura 1 – Caixa de aveia da Quaker 
 
Crédito: Calimedia/Shutterstock. 
Uma marca (ou produto) que transmite uma personalidade coerente e 
marcante costuma se destacar perante a concorrência, inspirando confiança e 
contribuindo para que os consumidores sejam leais a tal marca ou produto. Há 
marcas, no entanto, que comunicam uma personalidade que não condiz com 
as suas qualidades funcionais. Um exemplo envolve a marca Adidas. Em 
grupos focais, os responsáveis pela gestão de marketing da empresa 
 
 
4 
propuseram um exercício interessante: solicitaram, a um grupo de garotos 
presentes, que imaginassem que a marca havia se transformado em uma 
pessoa e estava em uma festa. Em seguida, eles foram perguntados sobre o 
que ela estava fazendo na festa em questão. Os garotos responderam que a 
Adidas estava “dando um rolê” com os amigos e falando de garotas. Para a 
decepção dos gestores de marketing da empresa, eles também disseram que 
quem estaria “ficando” com as garotas seria a marca Nike (Fournier, 1998). 
Apesar de desagradável, essa resposta sinalizou aos responsáveis que tanto o 
consumer based brand equity quanto o brand equity da Adidas precisavam 
aumentar. 
 Podemos nos basear em algumas dimensões psicológicas para 
classificar a personalidade das marcas com as quais nos relacionamos. 
Vejamos quais são essas dimensões (Aaker, 1997): 
• Resistente e atlética; 
• Animada e descolada; 
• Glamourosa e sensual; 
• Séria, inteligente e eficiente; 
• Antiga, tradicional e autêntica. 
A Adidas tem uma personalidade mais voltada para a resistência física. 
O propósito da marca, inclusive, é mudar vidas por meio do esporte. Em seu 
manifesto, a Adidas alega que a prática esportiva tem um papel relevante em 
toda sociedade e cultura, sendo essencial para a saúde e também para a 
felicidade das pessoas. Por meio de seu slogan – “nada é impossível” –, a 
empresa demonstra otimismo e ação. De acordo com o seu posicionamento 
estratégico, a Adidas afirma que direcionará seus esforços para expandir as 
possibilidades humanas, incluir e unir as pessoas e criar um mundo mais 
sustentável (About: Profile, 2021). 
A marca em questão demonstra essa personalidade mais enérgica em 
todas as suas peças de comunicação: por meio das fotos presentes no site e 
nos pontos de venda físicos/virtuais e das campanhas publicitárias. As fotos e 
os vídeos publicitários, inclusive, costumam retratar esportistas em 
movimento – o que tem tudo a ver com a prática de esportes, concorda? O 
design dos produtos Adidas também transmite a ideia de dinamismo e ação. 
 
 
5 
TEMA 2 – ARQUÉTIPOS DE MARCA: O QUE SÃO? 
Acabamos de aprender que toda marca possui uma personalidade. A 
Adidas, conforme vimos, possui uma personalidade mais atlética e enérgica. 
Se ela fosse uma pessoa, provavelmente seria um esportista disciplinado e 
focado na busca dos próprios sonhos. Concorda? 
No dia a dia, a personalidade das marcas de manifesta por meio de 
narrativas em suas campanhas publicitárias e redes sociais. Repare: as 
empresas que você acompanha nas redes nos contam histórias por meio 
dos conteúdos que elas postam. Geralmente, essas histórias são 
inspiradoras e contribuem para que você goste ainda mais das marcas que 
segue – e, também, dos produtos/serviços que estas oferecem. 
Essas histórias seguem alguns padrões universais de narrativa. Os 
filmes, séries e novelas que você assiste também seguem esses padrões. Eles 
são chamados de arquétipos. 
Além de ter cunhado o termo persona para nomear os vários papéis 
sociais que exercemos em nossas vidas, o psiquiatra Carl Gustav Jung 
teorizou sobre o conceito de arquétipos. 
Ao longo de sua carreira, Jung entrou em contato com populações de 
diversas nacionalidades para realizar pesquisas de campo. Nessas 
pesquisas, ele descobriu que alguns rituais e histórias se repetiam em culturas 
muito diferentes. Jung, então, analisou essas ideias e padrões 
comportamentais e arquétipos. Segundo o psiquiatra, esses arquétipos são 
frutos de vivências e crenças passados de geração para geração em diferentes 
nações. Originalmente, Jung definiu oito arquétipos universais, mas, com o 
tempo, outros foram sendo agregados. 
 
 
 
6 
Figura 2 – Arquétipos das marcas mais populares 
 
Crédito: Andrei Verner/Shutterstock. 
TEMA 3 – PRINCIPAIS ARQUÉTIPOS 
No contexto do marketing, os arquétipos contribuem para a definição da 
personalidade e do tom de voz de uma marca. Esse tom de voz precisa 
permear todas as ações de comunicação da empresa. Isso quer dizer que ele 
precisar estar presente em estratégias como: 
• Campanhas publicitárias; 
• Conteúdos em redes sociais; 
• Embalagem e rotulagem de produtos; 
• Arquitetura de informações do site e/ou blog; 
• Materiais impressos (folder, flyers, banners etc.). 
Vamos conhecer as características dos arquétipos voltados à gestão de 
marcas? 
 
 
 
7 
Quadro 1 – Arquétipos de marca 
ARQUÉTIPO DESCRIÇÃO 
MARCAS QUE O 
UTILIZAM 
COMPORTAMENTO 
DOSCONSUMIDORES 
Inocente 
O principal 
objetivo do 
inocente é ser 
feliz e 
vivenciar o 
paraíso no dia 
a dia. Seu 
lema é “curta o 
que a vida tem 
de melhor”. 
Por meio de seus filmes, 
brinquedos e parques 
temáticos, a Disney 
proporciona doses de 
felicidade para seus 
clientes. Quem nunca se 
sentiu no paraíso 
consumindo os 
produtos/serviços da 
marca, não é mesmo? 
Ao comprarem 
produtos/serviços de 
marcas com essa 
personalidade, os 
consumidores 
desejam que elas 
tragam alegria e 
felicidade para sua 
vida. 
Explorador 
O explorador 
busca 
experimentar 
uma vida 
autêntica e 
gratificante. 
Para isso, seu 
combustível é 
a liberdade. 
Seu lema, 
portanto, é 
“não me 
prenda”. 
A Jeep possui esse 
arquétipo. A personalidade 
livre dessa marca fica 
evidente tanto nas 
características dos seus 
veículos quanto em suas 
campanhas publicitárias. 
Os consumidores de 
marcas com essa 
personalidade 
gostam de vivenciar 
experiências novas e 
são curiosos. É 
importante que as 
marcas 
proporcionem isso 
por meio de 
novidades e 
melhorias contínuas 
em relação aos 
produtos/serviços. 
Sábio 
Motivado pela 
descoberta da 
verdade, o 
sábio utiliza a 
sua 
inteligência 
para 
compreender o 
mundo. Seu 
lema é “a 
verdade 
liberta”. 
Empresas do ramo 
educacional e de 
consultoria, que oferecem 
conhecimento aos 
consumidores, costumam 
usar esse arquétipo. A 
Harvard University e o 
Google são exemplos. 
O desejo de 
aprender é o que 
move os 
consumidores que 
buscam marcas com 
essa personalidade. 
Por isso, é 
fundamental que as 
empresas ofereçam 
conhecimentos 
sólidos, que ajudem 
os consumidores a 
conquistar sonhos. 
Herói 
Solucionar 
problemas e 
melhorar o 
mundo, 
vencendo o 
mal: esses são 
os objetivos do 
herói. Seu 
lema é 
“quando existe 
vontade, existe 
saída”. 
Marcas como Nike e 
Adidas – que atuam no 
mesmo segmento – 
seguem o arquétipo do 
herói. 
Assim como 
costumamos admirar 
o herói por suas 
virtudes e pelo seu 
propósito – em 
filmes, séries e 
novelas –, também 
agimos da mesma 
forma em relação às 
marcas que revelam 
sua missão e seus 
valores de maneira 
transparente. 
 (continua) 
 
 
8 
(continuação do Quadro 1) 
 
Fora da 
lei 
Impulsionado 
pelo lema “as 
regras servem 
para serem 
quebradas”, o 
fora da lei busca 
destruir o que 
não está 
funcionando. 
Empresas como Jack 
Daniels e Harley 
Davidson possuem uma 
personalidade mais 
rebelde e revolucionária. 
Produtos/serviços 
instigantes e misteriosos 
atraem consumidores 
que se identificam com 
esse arquétipo. 
Mago 
O mago é 
aquele que 
contribui para 
que sonhos se 
transformem em 
realidade por 
meio da cura. 
Seu lema, 
então, é: “é 
possível”. 
Envolve marcas que 
“batem na tecla” dos 
“momentos mágicos”, 
como a Disney (sim, é 
possível uma marca 
possuir mais de um 
arquétipo) e MasterCard. 
Produtoras de cinema, 
geralmente, também 
seguem a linha do 
arquétipo do mago. 
Os consumidores que 
têm atração por esse 
arquétipo desejam 
adquirir 
produtos/serviços que 
contribuam para a sua 
transformação pessoal e 
profissional. Por isso, é 
importante que as 
marcas ofereçam 
experiências de 
consumo memoráveis 
para que os 
consumidores se sintam 
especiais. 
Cara 
comum 
Ser o que se é e 
ser incluído por 
isso: esses são 
os desejos do 
“cara comum”. 
“Todos os 
homens e 
mulheres foram 
criados iguais” é 
o seu lema. 
É comum que empresas 
varejistas brasileiras 
utilizem esse arquétipo. 
Como exemplos, há as 
Casas Bahia e o 
Magazine Luiza. 
A democratização do 
acesso a determinados 
produtos/serviços é algo 
bastante importante para 
os consumidores que se 
identificam com esse 
arquétipo. Diante disso, 
as marcas precisam 
facilitar o consumo por 
meio de estratégias 
promocionais 
(descontos, presentes 
etc.) 
Amante 
Vivenciar o 
prazer 
intensamente: é 
isso que o(a) 
amante busca. 
Seu lema é “só 
tenho olhos 
para você”. 
Marcas de prestígio do 
ramo vestuário e de 
perfumaria – como Dior, 
Chanel e Armani 
possuem tal 
personalidade. 
Os consumidores dessas 
marcas gostam de se 
sentir únicos. Por isso, 
mimá-los é uma 
estratégia interessante. 
Bobo 
da 
corte 
O bobo da corte 
é aquele que 
nos leva ao riso 
por meio da 
brincadeira e de 
comportamentos 
inconvenientes. 
O lema que ele 
segue é: “se não 
No Brasil, é comum que 
influenciadores digitais 
(como Felipe Neto e 
Kéfera) explorem esse 
arquétipo por meio de 
seus vídeos nas redes 
sociais. 
Consumidores que 
buscam marcas com 
essa personalidade 
desejam, acima de tudo, 
se divertir. Eles 
costumam obter isso 
consumindo conteúdos 
de humor. 
 
 
9 
posso dançar, 
não quero fazer 
parte da sua 
revolução”. 
(continua) 
(continuação do Quadro 1) 
Prestativo 
Conforme o 
nome denuncia, 
o prestativo 
almeja ajudar os 
outros. Ele é 
altruísta e 
generoso e 
segue à risca o 
lema “ame ao 
próximo como a 
ti mesmo”. 
Já ouviu falar da empresa 
Prudential, que 
comercializa seguros de 
vida? Ela incorpora esse 
arquétipo; desde a forma 
como seus consultores de 
venda abordam os 
consumidores, até os 
conteúdos divulgados nas 
redes sociais. O Nubank, 
com todos os recursos 
que facilitam o dia a dia 
dos consumidores, 
também incorpora o 
arquétipo do prestativo. 
A melhor forma de 
abordar os 
potenciais clientes 
de marcas com essa 
personalidade é 
sendo prestativo. 
Eles valorizam 
atitudes empáticas e 
emoções positivas. 
Criador 
Seu lema é “o 
que pode ser 
imaginado, pode 
ser criado”. 
Podemos dizer, 
então, que o 
objetivo do 
criador é dar 
forma a uma 
visão por meio 
de soluções 
criativas. 
A maior representante 
desse arquétipo é a 
Apple. Inovadora, a 
empresa lançou 
tendências e criou 
padrões de consumo 
impensáveis até a sua 
existência. 
Os consumidores 
buscam, acima de 
tudo, facilidade e 
diferenciação. Não é 
à toa que os clientes 
da Apple afirmam 
que pertencem a 
grupos de pessoas 
que se diferenciam 
justamente por 
serem usuárias dos 
produtos da 
empresa. 
Soberano 
Controle é o que 
o soberano 
almeja. Em sua 
busca por 
prosperidade, 
ele vivencia o 
seguinte lema: 
“poder não é 
tudo. É só o que 
importa”. 
Facebook e Microsoft 
são exemplos de marcas 
que nutrem essa 
personalidade. 
Os consumidores 
buscam justamente 
o que marcas 
soberanas podem 
proporcionar: 
sucesso e 
prosperidade. 
Fonte: elaborado com base em Solomon, 2016. 
É comum as marcas empregarem mais de um arquétipo em suas 
estratégias de comunicação. Não há o menor problema em fazer isso, desde 
que haja coerência entre os arquétipos utilizados. Arquétipos como “soberano” 
e “cara comum” são incompatíveis, pois possuem características opostas. 
Imagine uma marca que transmite a ideia de que a igualdade é importante, ao 
 
 
10 
mesmo tempo que exalta valores como o controle e a soberania. Nesse caso, a 
comunicação seria inconsistente, não é mesmo? 
TEMA 4 – SEMIÓTICA E BRANDING 
Façamos um breve exercício mental. Em que você pensa quando vê os 
símbolos a seguir? A que palavras e memórias os associa? O que sente 
quando os vê? 
Figura 3 – Logomarca do McDonald’s 
 
Crédito: Rose Carson/Shutterstock. 
Figura 4 – Logomarca do Nubank 
 
Crédito: Miguel Lagoa/Shutterstock. 
A marca McDonald’s foi criada em 1940 e é, atualmente, a maior rede de 
restaurantes de fast food do mundo. A esta empresa costumam ser associados 
fatores como “agilidade no atendimento” e “refeição prática e saborosa”. O 
processo de construção do McDonald’s é retratado no filme Fome de poder 
(2016). 
 
 
11 
A segunda marca é bem mais recente: o Nubank foi fundado no Brasil 
em 2013, com o propósito de devolver às pessoas o controle sobre sua vida 
financeira, desburocratizando processos bancários e eliminando taxas abusivas 
(O que é..., 2018). Apesar de ser relativamente nova, a empresa tem 
conquistado a preferência dos brasileiros,que ostentam seus cartões roxos 
quando fazem compras. 
Consegue perceber o poder que um símbolo representa? A área da 
ciência que estuda os sentidos associados a símbolos é a semiótica. Os 
símbolos das duas marcas que vimos no início deste tópico se enquadram no 
que a semiótica nomeia como signo. Segundo Charles Peirce (1991, citado por 
Pastore, 2018) – um dos mais importantes estudiosos da semiótica –, signo é 
tudo aquilo que significa algo para alguém. Trata-se de qualquer estímulo 
que percebemos por meio dos nossos cinco sentidos e que representa algo 
para nós, no contexto em que estamos inseridos. 
As empresas, de maneira geral, emitem signos o tempo todo. Símbolos, 
logos, jingles, fotos, cores, tonalidades. Por meio deles, elas transmitem 
mensagens persuasivas. Dessa maneira, as marcas nos instigam a acreditar 
em determinados pontos de vista, a aceitar ideias e a realizar o que elas 
desejam que realizemos (geralmente, essa ação envolve a compra de seus 
produtos/serviços). Mas será que elas possuem total controle sobre o que 
iremos pensar e sobre como iremos agir? É claro que não. Nós interpretamos 
as mensagens persuasivas transmitidas pelas marcas por meio de signos com 
base em nossas crenças e experiências. Você se lembra do conceito de 
consumer based brand equity, que vimos anteriormente? Pois então: o valor 
que atribuímos a uma marca é influenciado tanto pelas mensagens que ela 
transmite quanto pela maneira como interpretamos essas mensagens. Você 
conhece o case de alguma marca que tenha tentado transmitir uma 
determinada mensagem, mas falhou porque os consumidores não “compraram 
a ideia”? 
Tendo essa premissa em mente, conheceremos, agora, os três 
elementos que são levados em consideração pela semiótica: o significante, o 
objeto e o significado. 
O significante engloba todos os signos que percebemos por meio dos 
nossos cinco sentidos. O objeto é o que os signos representam – ou seja, uma 
 
 
12 
imagem mental. Por fim, o significado envolve a interpretação que damos ao 
objeto em questão (Santaella, 2002, citada por Pastore, 2018). 
Ao vermos os traços de uma xícara (significantes) desenhados no 
papel, logo sabemos que se trata de uma xícara (objeto). Os traços, dispostos 
no papel de determinada maneira, nos dão, portanto, indícios de que o objeto é 
uma xícara. A interpretação que damos a esse objeto (significado) pode ser 
completamente diferente. Para alguns, uma xícara pode remeter a memórias 
de infância e momentos em família. Já para outros, pode significar apenas o 
utensílio usado para tomar chá ou café. 
Analisemos o símbolo da marca McDonald’s, presente no início deste 
tópico: os significantes são as linhas amarelas que se entrelaçam. Elas 
formam um objeto, que representa tanto a letra ‘m’ quanto os arcos presentes 
nas lojas da empresa. O significado desse objeto depende da interpretação do 
consumidor. Para os “apóstolos” –, aqueles consumidores que estão satisfeitos 
com a marca e que são leais a ela –, o objeto em questão pode ser associado 
a aspectos positivos. Já para os “terroristas” – consumidores que não estão 
nem satisfeitos e nem são leais à marca –, tal objeto pode trazer memórias e 
sentimentos negativos. 
TEMA 5 – FUNDAMENTOS DE DESIGN 
 Conforme vimos no tópico anterior, os elementos gráficos de uma marca 
são bastante importantes, pois comunicam mensagens. Você não precisa 
possuir uma formação em design e muito menos dominar técnicas de artes 
gráficas para desenvolver o conceito de uma marca, mas precisa saber as 
razões pelas quais usará determinados elementos gráficos. Lembre-se disto: 
um profissional de marketing é, acima de tudo, um estrategista. 
 Considerando isso, é válido que conheçamos quatro princípios de 
design que embasam a criação de peças de comunicação. Conhecer esses 
princípios vai ajudá-lo a criar artes gráficas ou a direcionar o briefing com 
profissionais da área de design. Eles foram propostos por Williams (2013). 
1. Proximidade: itens que estão relacionados devem ser agrupados para 
que sejam vistos como um grupo coeso. Quando os elementos ficam 
espalhados, a peça gráfica parece desorganizada – o que dificulta a 
leitura e a compreensão das informações. 
 
 
13 
2. Alinhamento: nenhum elemento deve ser colocado na arte gráfica de 
maneira arbitrária. Cada item precisa estar visualmente conectado com 
outro elemento. Segundo Williams (2013, p. 33), “mesmo quando 
elementos alinhados estão fisicamente separados uns dos outros, há 
uma linha invisível que os conecta, tanto aos seus olhos quanto na sua 
mente”. 
3. Repetição: conforme o nome denuncia, esse princípio determina que 
repitamos alguns elementos na peça gráfica. Pode ser uma fonte em 
negrito, determinado marcador ou item, uma linha grossa/fina, uma cor 
ou uma forma geométrica específica, entre outros. O uso desse princípio 
contribui para a consistência do material gráfico, pois, quando o receptor 
da mensagem percebe a repetição, se dá conta de que há uma unidade 
entre os elementos presentes. 
4. Contraste: trata-se de uma das maneiras mais eficazes de chamar a 
atenção para uma peça gráfica. Ele é criado quando dois elementos são 
completamente diferentes entre si. Se eles forem apenas um pouco 
diferentes, há conflito – mas não contraste. Você pode, por exemplo, 
contrastar uma fonte grande com uma pequena, uma fonte em estilo 
antigo com outra em estilo moderno, uma linha fina e outra grossa, uma 
cor quente e uma fria etc. Não tenha receio de usar elementos 
completamente diferentes entre si. 
Que tal treinar para colocar em prática os princípios que acabamos de 
conhecer? Utilize um programa de design ou uma plataforma/aplicativo e, com 
base nas estratégias que traçou para a sua marca, experimente desenvolver 
algumas peças gráficas. Depois, compartilhe o resultado com seus colegas 
e/ou com o(a) professor(a) do seu curso! 
Saiba mais 
O livro Design para quem não é designer: princípios de design e 
tipografia para iniciantes, de Robin Williams, aprofunda cada um dos princípios 
que acabamos de estudar. Se você pretende elaborar a identidade visual ou as 
peças de comunicação da sua marca, com certeza irá tirar bastante proveito 
dos ensinamentos presentes no livro em questão. 
 
 
14 
NA PRÁTICA 
Com base em tudo estudamos ao longo dessa aula, escolha uma marca 
que você conhece e responda às seguintes perguntas: 
1. Como você definiria a personalidade da marca em questão? 
2. Qual(is) arquétipo(s) molda(m) o tom de voz dela? 
3. De que formas ela comunica sua personalidade? 
4. Qual(is) mensagem(ns) persuasiva(s) ela transmite por meio de seus 
signos? 
5. Os elementos das peças gráficas da marca seguem os quatro princípios 
de design estudados anteriormente? 
FINALIZANDO 
Nessa aula, abordamos um tema fundamental para a gestão de uma 
marca: a personalidade e os arquétipos. Descobrimos que há 12 arquétipos 
que costumam ser empregados para moldarem o tom de voz das marcas. 
Muitos deles podem ser, inclusive, sobrepostos – desde que sejam coerentes 
entre si. 
Também nos debruçamos em torno do papel que os elementos gráficos 
das marcas adquirem na geração de sentidos. Para isso, conhecemos 
importantes fundamentos de design e aprendemos mais sobre a área que 
estuda os signos: a semiótica. Trata-se de um assunto denso, mas 
extremamente necessário dentro do contexto da gestão de marcas. A próxima 
aula girará em torno dos fatores psicológicos e sociais ligados ao poder de 
influência das marcas. Até lá! 
 
 
 
 
15 
REFERÊNCIAS 
AAKER, J. L. Dimensions of Brand Personality. Journal of Marketing 
Research, n. 34, p. 347-357, 1997. 
ABOUT: profile. Adidas, 2020. Disponível em: . Acesso em: 1 nov. 2021. 
FOURNIER, S. Consumer and Their Brands: Developing Relationship Theory in 
Consumer Research. Journal of Consumer Research, v. 24, n. 4,p. 343-373, 
1998. 
HINE, T. Why We Buy: The Silent Persuasion of Boxes, Bottles, Cans and 
Tubes. Worth, p. 78-83, 1995. 
O QUE É O Nubank? Nubank, 2 ago, 2021. Disponível em: 
. Acesso em: 1 nov. 2021. 
PASTORE, C. M. de A. Gestão de marcas. Curitiba: InterSaberes, 2018. 
SOLOMON, M. R. O comportamento do consumidor: comprando, possuindo 
e sendo. 11. ed. Porto Alegre: Bookman, 2016. 
WILLIAMS, R. Design para quem não é designer: princípios de design e 
tipografia para iniciantes. 4. ed. São Paulo: Callis, 2013.

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