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GESTÃO DE MARCAS E BRANDING AULA 3 Prof. Raphael Moroz 2 CONVERSA INICIAL Olá! Na aula anterior, conversamos sobre a arquitetura da marca: descobrimos que há tipos de marcas e que estas, assim como produtos, possuem um ciclo de vida. Discutimos, também, a utilidade de cada elemento que compõe uma marca e o propósito da brand persona – o personagem fictício que representa a marca. Nesta aula, começaremos a conversar sobre a gestão de uma marca. Iniciaremos nossa jornada de aprendizagem falando sobre a personalidade da marca (sim, as marcas possuem personalidade, assim como nós!) para, em seguida, aprofundar o conceito de arquétipo. Conheceremos, inclusive, os 12 arquétipos mais empregados no marketing. Os elementos gráficos de uma marca nos dão pistas sobre sua personalidade. Em razão disso, trataremos da semiótica – área que estuda os significados de tudo aquilo que apreendemos pelos nossos cinco sentidos – e de fundamentos de design – para que você analise as marcas ao seu redor e comece a construir a sua. Não esqueça de compartilhar este momento de estudos nas suas redes sociais e de nos marcar no Instagram: @psi.raphaelmoroz. CONTEXTUALIZANDO Você possui um jeito de ser. No seu dia a dia, você deve perceber alguns padrões de comportamento, não é? Você tem, também, uma forma de se comunicar. Talvez você seja mais expansivo ou contido; mais extrovertido ou introvertido; mais formal ou descontraído em seu jeito de falar. As marcas também possuem personalidade, que é fruto da filosofia da empresa (missão, visão e valores) e da forma como ela se relaciona com seus públicos internos (colaboradores) e externos (clientes, fornecedores, concorrentes). Quem comunica a personalidade de uma organização é a marca. Nessa aula, buscaremos compreender como essa personalidade é construída e gerenciada. Vamos aprender juntos? 3 TEMA 1 – PERSONALIDADE DA MARCA Lembre-se do que vimos no último tópico da aula anterior: a brand persona é o personagem fictício que representa a personalidade e os valores de determinada marca. Agora, estudaremos, com base em fundamentos da Psicologia, em que consiste a personalidade de uma marca. Michael Solomon (2016), um dos maiores estudiosos na área do comportamento do consumidor, aponta que essa personalidade é o conjunto de traços que os consumidores atribuem a marcas e produtos como se estes fossem pessoas. Uma importante tentativa de atribuir personalidade a uma marca ocorreu em 1886. Nesse ano, a figura de um homem estampou, pela primeira vez, as embalagens da aveia Quaker. A intenção da empresa de cereais era que os clientes associassem a marca aos membros da seita Quacre, que tinham a reputação de serem sagazes e justos. Em determinadas ocasiões, eles se vestiam da mesma forma que o homem retratado nas caixas da marca (Hine, 1995). Figura 1 – Caixa de aveia da Quaker Crédito: Calimedia/Shutterstock. Uma marca (ou produto) que transmite uma personalidade coerente e marcante costuma se destacar perante a concorrência, inspirando confiança e contribuindo para que os consumidores sejam leais a tal marca ou produto. Há marcas, no entanto, que comunicam uma personalidade que não condiz com as suas qualidades funcionais. Um exemplo envolve a marca Adidas. Em grupos focais, os responsáveis pela gestão de marketing da empresa 4 propuseram um exercício interessante: solicitaram, a um grupo de garotos presentes, que imaginassem que a marca havia se transformado em uma pessoa e estava em uma festa. Em seguida, eles foram perguntados sobre o que ela estava fazendo na festa em questão. Os garotos responderam que a Adidas estava “dando um rolê” com os amigos e falando de garotas. Para a decepção dos gestores de marketing da empresa, eles também disseram que quem estaria “ficando” com as garotas seria a marca Nike (Fournier, 1998). Apesar de desagradável, essa resposta sinalizou aos responsáveis que tanto o consumer based brand equity quanto o brand equity da Adidas precisavam aumentar. Podemos nos basear em algumas dimensões psicológicas para classificar a personalidade das marcas com as quais nos relacionamos. Vejamos quais são essas dimensões (Aaker, 1997): • Resistente e atlética; • Animada e descolada; • Glamourosa e sensual; • Séria, inteligente e eficiente; • Antiga, tradicional e autêntica. A Adidas tem uma personalidade mais voltada para a resistência física. O propósito da marca, inclusive, é mudar vidas por meio do esporte. Em seu manifesto, a Adidas alega que a prática esportiva tem um papel relevante em toda sociedade e cultura, sendo essencial para a saúde e também para a felicidade das pessoas. Por meio de seu slogan – “nada é impossível” –, a empresa demonstra otimismo e ação. De acordo com o seu posicionamento estratégico, a Adidas afirma que direcionará seus esforços para expandir as possibilidades humanas, incluir e unir as pessoas e criar um mundo mais sustentável (About: Profile, 2021). A marca em questão demonstra essa personalidade mais enérgica em todas as suas peças de comunicação: por meio das fotos presentes no site e nos pontos de venda físicos/virtuais e das campanhas publicitárias. As fotos e os vídeos publicitários, inclusive, costumam retratar esportistas em movimento – o que tem tudo a ver com a prática de esportes, concorda? O design dos produtos Adidas também transmite a ideia de dinamismo e ação. 5 TEMA 2 – ARQUÉTIPOS DE MARCA: O QUE SÃO? Acabamos de aprender que toda marca possui uma personalidade. A Adidas, conforme vimos, possui uma personalidade mais atlética e enérgica. Se ela fosse uma pessoa, provavelmente seria um esportista disciplinado e focado na busca dos próprios sonhos. Concorda? No dia a dia, a personalidade das marcas de manifesta por meio de narrativas em suas campanhas publicitárias e redes sociais. Repare: as empresas que você acompanha nas redes nos contam histórias por meio dos conteúdos que elas postam. Geralmente, essas histórias são inspiradoras e contribuem para que você goste ainda mais das marcas que segue – e, também, dos produtos/serviços que estas oferecem. Essas histórias seguem alguns padrões universais de narrativa. Os filmes, séries e novelas que você assiste também seguem esses padrões. Eles são chamados de arquétipos. Além de ter cunhado o termo persona para nomear os vários papéis sociais que exercemos em nossas vidas, o psiquiatra Carl Gustav Jung teorizou sobre o conceito de arquétipos. Ao longo de sua carreira, Jung entrou em contato com populações de diversas nacionalidades para realizar pesquisas de campo. Nessas pesquisas, ele descobriu que alguns rituais e histórias se repetiam em culturas muito diferentes. Jung, então, analisou essas ideias e padrões comportamentais e arquétipos. Segundo o psiquiatra, esses arquétipos são frutos de vivências e crenças passados de geração para geração em diferentes nações. Originalmente, Jung definiu oito arquétipos universais, mas, com o tempo, outros foram sendo agregados. 6 Figura 2 – Arquétipos das marcas mais populares Crédito: Andrei Verner/Shutterstock. TEMA 3 – PRINCIPAIS ARQUÉTIPOS No contexto do marketing, os arquétipos contribuem para a definição da personalidade e do tom de voz de uma marca. Esse tom de voz precisa permear todas as ações de comunicação da empresa. Isso quer dizer que ele precisar estar presente em estratégias como: • Campanhas publicitárias; • Conteúdos em redes sociais; • Embalagem e rotulagem de produtos; • Arquitetura de informações do site e/ou blog; • Materiais impressos (folder, flyers, banners etc.). Vamos conhecer as características dos arquétipos voltados à gestão de marcas? 7 Quadro 1 – Arquétipos de marca ARQUÉTIPO DESCRIÇÃO MARCAS QUE O UTILIZAM COMPORTAMENTO DOSCONSUMIDORES Inocente O principal objetivo do inocente é ser feliz e vivenciar o paraíso no dia a dia. Seu lema é “curta o que a vida tem de melhor”. Por meio de seus filmes, brinquedos e parques temáticos, a Disney proporciona doses de felicidade para seus clientes. Quem nunca se sentiu no paraíso consumindo os produtos/serviços da marca, não é mesmo? Ao comprarem produtos/serviços de marcas com essa personalidade, os consumidores desejam que elas tragam alegria e felicidade para sua vida. Explorador O explorador busca experimentar uma vida autêntica e gratificante. Para isso, seu combustível é a liberdade. Seu lema, portanto, é “não me prenda”. A Jeep possui esse arquétipo. A personalidade livre dessa marca fica evidente tanto nas características dos seus veículos quanto em suas campanhas publicitárias. Os consumidores de marcas com essa personalidade gostam de vivenciar experiências novas e são curiosos. É importante que as marcas proporcionem isso por meio de novidades e melhorias contínuas em relação aos produtos/serviços. Sábio Motivado pela descoberta da verdade, o sábio utiliza a sua inteligência para compreender o mundo. Seu lema é “a verdade liberta”. Empresas do ramo educacional e de consultoria, que oferecem conhecimento aos consumidores, costumam usar esse arquétipo. A Harvard University e o Google são exemplos. O desejo de aprender é o que move os consumidores que buscam marcas com essa personalidade. Por isso, é fundamental que as empresas ofereçam conhecimentos sólidos, que ajudem os consumidores a conquistar sonhos. Herói Solucionar problemas e melhorar o mundo, vencendo o mal: esses são os objetivos do herói. Seu lema é “quando existe vontade, existe saída”. Marcas como Nike e Adidas – que atuam no mesmo segmento – seguem o arquétipo do herói. Assim como costumamos admirar o herói por suas virtudes e pelo seu propósito – em filmes, séries e novelas –, também agimos da mesma forma em relação às marcas que revelam sua missão e seus valores de maneira transparente. (continua) 8 (continuação do Quadro 1) Fora da lei Impulsionado pelo lema “as regras servem para serem quebradas”, o fora da lei busca destruir o que não está funcionando. Empresas como Jack Daniels e Harley Davidson possuem uma personalidade mais rebelde e revolucionária. Produtos/serviços instigantes e misteriosos atraem consumidores que se identificam com esse arquétipo. Mago O mago é aquele que contribui para que sonhos se transformem em realidade por meio da cura. Seu lema, então, é: “é possível”. Envolve marcas que “batem na tecla” dos “momentos mágicos”, como a Disney (sim, é possível uma marca possuir mais de um arquétipo) e MasterCard. Produtoras de cinema, geralmente, também seguem a linha do arquétipo do mago. Os consumidores que têm atração por esse arquétipo desejam adquirir produtos/serviços que contribuam para a sua transformação pessoal e profissional. Por isso, é importante que as marcas ofereçam experiências de consumo memoráveis para que os consumidores se sintam especiais. Cara comum Ser o que se é e ser incluído por isso: esses são os desejos do “cara comum”. “Todos os homens e mulheres foram criados iguais” é o seu lema. É comum que empresas varejistas brasileiras utilizem esse arquétipo. Como exemplos, há as Casas Bahia e o Magazine Luiza. A democratização do acesso a determinados produtos/serviços é algo bastante importante para os consumidores que se identificam com esse arquétipo. Diante disso, as marcas precisam facilitar o consumo por meio de estratégias promocionais (descontos, presentes etc.) Amante Vivenciar o prazer intensamente: é isso que o(a) amante busca. Seu lema é “só tenho olhos para você”. Marcas de prestígio do ramo vestuário e de perfumaria – como Dior, Chanel e Armani possuem tal personalidade. Os consumidores dessas marcas gostam de se sentir únicos. Por isso, mimá-los é uma estratégia interessante. Bobo da corte O bobo da corte é aquele que nos leva ao riso por meio da brincadeira e de comportamentos inconvenientes. O lema que ele segue é: “se não No Brasil, é comum que influenciadores digitais (como Felipe Neto e Kéfera) explorem esse arquétipo por meio de seus vídeos nas redes sociais. Consumidores que buscam marcas com essa personalidade desejam, acima de tudo, se divertir. Eles costumam obter isso consumindo conteúdos de humor. 9 posso dançar, não quero fazer parte da sua revolução”. (continua) (continuação do Quadro 1) Prestativo Conforme o nome denuncia, o prestativo almeja ajudar os outros. Ele é altruísta e generoso e segue à risca o lema “ame ao próximo como a ti mesmo”. Já ouviu falar da empresa Prudential, que comercializa seguros de vida? Ela incorpora esse arquétipo; desde a forma como seus consultores de venda abordam os consumidores, até os conteúdos divulgados nas redes sociais. O Nubank, com todos os recursos que facilitam o dia a dia dos consumidores, também incorpora o arquétipo do prestativo. A melhor forma de abordar os potenciais clientes de marcas com essa personalidade é sendo prestativo. Eles valorizam atitudes empáticas e emoções positivas. Criador Seu lema é “o que pode ser imaginado, pode ser criado”. Podemos dizer, então, que o objetivo do criador é dar forma a uma visão por meio de soluções criativas. A maior representante desse arquétipo é a Apple. Inovadora, a empresa lançou tendências e criou padrões de consumo impensáveis até a sua existência. Os consumidores buscam, acima de tudo, facilidade e diferenciação. Não é à toa que os clientes da Apple afirmam que pertencem a grupos de pessoas que se diferenciam justamente por serem usuárias dos produtos da empresa. Soberano Controle é o que o soberano almeja. Em sua busca por prosperidade, ele vivencia o seguinte lema: “poder não é tudo. É só o que importa”. Facebook e Microsoft são exemplos de marcas que nutrem essa personalidade. Os consumidores buscam justamente o que marcas soberanas podem proporcionar: sucesso e prosperidade. Fonte: elaborado com base em Solomon, 2016. É comum as marcas empregarem mais de um arquétipo em suas estratégias de comunicação. Não há o menor problema em fazer isso, desde que haja coerência entre os arquétipos utilizados. Arquétipos como “soberano” e “cara comum” são incompatíveis, pois possuem características opostas. Imagine uma marca que transmite a ideia de que a igualdade é importante, ao 10 mesmo tempo que exalta valores como o controle e a soberania. Nesse caso, a comunicação seria inconsistente, não é mesmo? TEMA 4 – SEMIÓTICA E BRANDING Façamos um breve exercício mental. Em que você pensa quando vê os símbolos a seguir? A que palavras e memórias os associa? O que sente quando os vê? Figura 3 – Logomarca do McDonald’s Crédito: Rose Carson/Shutterstock. Figura 4 – Logomarca do Nubank Crédito: Miguel Lagoa/Shutterstock. A marca McDonald’s foi criada em 1940 e é, atualmente, a maior rede de restaurantes de fast food do mundo. A esta empresa costumam ser associados fatores como “agilidade no atendimento” e “refeição prática e saborosa”. O processo de construção do McDonald’s é retratado no filme Fome de poder (2016). 11 A segunda marca é bem mais recente: o Nubank foi fundado no Brasil em 2013, com o propósito de devolver às pessoas o controle sobre sua vida financeira, desburocratizando processos bancários e eliminando taxas abusivas (O que é..., 2018). Apesar de ser relativamente nova, a empresa tem conquistado a preferência dos brasileiros,que ostentam seus cartões roxos quando fazem compras. Consegue perceber o poder que um símbolo representa? A área da ciência que estuda os sentidos associados a símbolos é a semiótica. Os símbolos das duas marcas que vimos no início deste tópico se enquadram no que a semiótica nomeia como signo. Segundo Charles Peirce (1991, citado por Pastore, 2018) – um dos mais importantes estudiosos da semiótica –, signo é tudo aquilo que significa algo para alguém. Trata-se de qualquer estímulo que percebemos por meio dos nossos cinco sentidos e que representa algo para nós, no contexto em que estamos inseridos. As empresas, de maneira geral, emitem signos o tempo todo. Símbolos, logos, jingles, fotos, cores, tonalidades. Por meio deles, elas transmitem mensagens persuasivas. Dessa maneira, as marcas nos instigam a acreditar em determinados pontos de vista, a aceitar ideias e a realizar o que elas desejam que realizemos (geralmente, essa ação envolve a compra de seus produtos/serviços). Mas será que elas possuem total controle sobre o que iremos pensar e sobre como iremos agir? É claro que não. Nós interpretamos as mensagens persuasivas transmitidas pelas marcas por meio de signos com base em nossas crenças e experiências. Você se lembra do conceito de consumer based brand equity, que vimos anteriormente? Pois então: o valor que atribuímos a uma marca é influenciado tanto pelas mensagens que ela transmite quanto pela maneira como interpretamos essas mensagens. Você conhece o case de alguma marca que tenha tentado transmitir uma determinada mensagem, mas falhou porque os consumidores não “compraram a ideia”? Tendo essa premissa em mente, conheceremos, agora, os três elementos que são levados em consideração pela semiótica: o significante, o objeto e o significado. O significante engloba todos os signos que percebemos por meio dos nossos cinco sentidos. O objeto é o que os signos representam – ou seja, uma 12 imagem mental. Por fim, o significado envolve a interpretação que damos ao objeto em questão (Santaella, 2002, citada por Pastore, 2018). Ao vermos os traços de uma xícara (significantes) desenhados no papel, logo sabemos que se trata de uma xícara (objeto). Os traços, dispostos no papel de determinada maneira, nos dão, portanto, indícios de que o objeto é uma xícara. A interpretação que damos a esse objeto (significado) pode ser completamente diferente. Para alguns, uma xícara pode remeter a memórias de infância e momentos em família. Já para outros, pode significar apenas o utensílio usado para tomar chá ou café. Analisemos o símbolo da marca McDonald’s, presente no início deste tópico: os significantes são as linhas amarelas que se entrelaçam. Elas formam um objeto, que representa tanto a letra ‘m’ quanto os arcos presentes nas lojas da empresa. O significado desse objeto depende da interpretação do consumidor. Para os “apóstolos” –, aqueles consumidores que estão satisfeitos com a marca e que são leais a ela –, o objeto em questão pode ser associado a aspectos positivos. Já para os “terroristas” – consumidores que não estão nem satisfeitos e nem são leais à marca –, tal objeto pode trazer memórias e sentimentos negativos. TEMA 5 – FUNDAMENTOS DE DESIGN Conforme vimos no tópico anterior, os elementos gráficos de uma marca são bastante importantes, pois comunicam mensagens. Você não precisa possuir uma formação em design e muito menos dominar técnicas de artes gráficas para desenvolver o conceito de uma marca, mas precisa saber as razões pelas quais usará determinados elementos gráficos. Lembre-se disto: um profissional de marketing é, acima de tudo, um estrategista. Considerando isso, é válido que conheçamos quatro princípios de design que embasam a criação de peças de comunicação. Conhecer esses princípios vai ajudá-lo a criar artes gráficas ou a direcionar o briefing com profissionais da área de design. Eles foram propostos por Williams (2013). 1. Proximidade: itens que estão relacionados devem ser agrupados para que sejam vistos como um grupo coeso. Quando os elementos ficam espalhados, a peça gráfica parece desorganizada – o que dificulta a leitura e a compreensão das informações. 13 2. Alinhamento: nenhum elemento deve ser colocado na arte gráfica de maneira arbitrária. Cada item precisa estar visualmente conectado com outro elemento. Segundo Williams (2013, p. 33), “mesmo quando elementos alinhados estão fisicamente separados uns dos outros, há uma linha invisível que os conecta, tanto aos seus olhos quanto na sua mente”. 3. Repetição: conforme o nome denuncia, esse princípio determina que repitamos alguns elementos na peça gráfica. Pode ser uma fonte em negrito, determinado marcador ou item, uma linha grossa/fina, uma cor ou uma forma geométrica específica, entre outros. O uso desse princípio contribui para a consistência do material gráfico, pois, quando o receptor da mensagem percebe a repetição, se dá conta de que há uma unidade entre os elementos presentes. 4. Contraste: trata-se de uma das maneiras mais eficazes de chamar a atenção para uma peça gráfica. Ele é criado quando dois elementos são completamente diferentes entre si. Se eles forem apenas um pouco diferentes, há conflito – mas não contraste. Você pode, por exemplo, contrastar uma fonte grande com uma pequena, uma fonte em estilo antigo com outra em estilo moderno, uma linha fina e outra grossa, uma cor quente e uma fria etc. Não tenha receio de usar elementos completamente diferentes entre si. Que tal treinar para colocar em prática os princípios que acabamos de conhecer? Utilize um programa de design ou uma plataforma/aplicativo e, com base nas estratégias que traçou para a sua marca, experimente desenvolver algumas peças gráficas. Depois, compartilhe o resultado com seus colegas e/ou com o(a) professor(a) do seu curso! Saiba mais O livro Design para quem não é designer: princípios de design e tipografia para iniciantes, de Robin Williams, aprofunda cada um dos princípios que acabamos de estudar. Se você pretende elaborar a identidade visual ou as peças de comunicação da sua marca, com certeza irá tirar bastante proveito dos ensinamentos presentes no livro em questão. 14 NA PRÁTICA Com base em tudo estudamos ao longo dessa aula, escolha uma marca que você conhece e responda às seguintes perguntas: 1. Como você definiria a personalidade da marca em questão? 2. Qual(is) arquétipo(s) molda(m) o tom de voz dela? 3. De que formas ela comunica sua personalidade? 4. Qual(is) mensagem(ns) persuasiva(s) ela transmite por meio de seus signos? 5. Os elementos das peças gráficas da marca seguem os quatro princípios de design estudados anteriormente? FINALIZANDO Nessa aula, abordamos um tema fundamental para a gestão de uma marca: a personalidade e os arquétipos. Descobrimos que há 12 arquétipos que costumam ser empregados para moldarem o tom de voz das marcas. Muitos deles podem ser, inclusive, sobrepostos – desde que sejam coerentes entre si. Também nos debruçamos em torno do papel que os elementos gráficos das marcas adquirem na geração de sentidos. Para isso, conhecemos importantes fundamentos de design e aprendemos mais sobre a área que estuda os signos: a semiótica. Trata-se de um assunto denso, mas extremamente necessário dentro do contexto da gestão de marcas. A próxima aula girará em torno dos fatores psicológicos e sociais ligados ao poder de influência das marcas. Até lá! 15 REFERÊNCIAS AAKER, J. L. Dimensions of Brand Personality. Journal of Marketing Research, n. 34, p. 347-357, 1997. ABOUT: profile. Adidas, 2020. Disponível em: . Acesso em: 1 nov. 2021. FOURNIER, S. Consumer and Their Brands: Developing Relationship Theory in Consumer Research. Journal of Consumer Research, v. 24, n. 4,p. 343-373, 1998. HINE, T. Why We Buy: The Silent Persuasion of Boxes, Bottles, Cans and Tubes. Worth, p. 78-83, 1995. O QUE É O Nubank? Nubank, 2 ago, 2021. Disponível em: . Acesso em: 1 nov. 2021. PASTORE, C. M. de A. Gestão de marcas. Curitiba: InterSaberes, 2018. SOLOMON, M. R. O comportamento do consumidor: comprando, possuindo e sendo. 11. ed. Porto Alegre: Bookman, 2016. WILLIAMS, R. Design para quem não é designer: princípios de design e tipografia para iniciantes. 4. ed. São Paulo: Callis, 2013.