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CONTEÚDO- TEORIA GERAL DA POSSE

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TEORIA GERAL DA POSSE
AULA 01
1. APRESENTAÇÃO
O Eminente Professor Clóvis Beviláqua define Direito das Coisas como “um complexo de normas reguladoras das relações jurídicas referentes às coisas”, lembrando que coisas o ilustre autor define como gênero, da qual a espécie é o bem, algo de interesse do homem e, por conseguinte de interesse relevante para o direito.
Afirmamos, então, que Direito das Coisas é o conjunto normativo que rege as relações jurídicas que envolvem os bens que são de interesse das pessoas, quer tangíveis ou intangíveis.
O Código Civil Brasileiro utiliza o título “Direito das Coisas” pela influência da lei germânica e também do Código Napoleônico (de 1804) principalmente no que diz respeito aos direitos que possuem a coisa como objeto imediato. 
Também são utilizados os termos Direito Reais, mas estes estão inseridos especificamente pela norma e são numerus clausus.
Nesse contexto é que se apresenta a Posse, fenômeno jurídico de difícil definição que se insere no Direito das Coisas, pois afinal se encontra na relação jurídica, pessoa – coisa, ou bem.
É neste viés de compreensão das relações possessórias que delineamos o conteúdo que se apresenta para o início do curso de Direito Imobiliário.
Inúmeras são as dificuldades que aparecem no estudo da posse, muita doutrina já foi elaborada, mas embora os pesquisadores da ciência jurídica tenham se debruçado ao redor do tema, ainda permanecem vários pontos controvertidos e nebulosos.
O nosso direito protege não só a posse da mesma forma que protege a propriedade e outros direitos reais, mas a posse em virtude de suas caraterísticas especiais figura de forma autônoma na topografia do Código Civil (artigos 1.196 e seguintes).
O professor Oliveira Ascenção, da Universidade de Lisboa, afirma que a posse é uma das grandes manifestações do direito, ou seja, o catedrático dissertava e alertava para a singularidade da relação existente no jus possessionis.
Então, se alguém exercer poderes sobre uma coisa exteriorizando a titularidade de um direito, a ordem jurídica permite que sobre esse simples fato continue a exercê-lo, sem exigir maior justificação.
O que se entende se é titular, ou se apresenta como tal, permanecerá titular, sem a necessidade de se provar a titularidade.
É a exteriorização de dono como posse, ou seja, apresenta-me como dono e assim sou considerado.
Óbvio que em dado momento lhe será cobrado como foi a assunção como dono, sua legitimidade, a anterioridade do possuidor, entre outros, mas é controvérsia para outra aula.
Neste momento, depreendemos que a o direito de posse, existe no qual o fato estriba o direito. A posse é protegida para evitar a violência e assegurar a paz social, porque a situação de fato aparenta ser uma situação de direito, ou seja, é uma situação de fato protegida pelo direito.
A compreensão do instituto posse não poderia de afastar do conteúdo geral do novo Código Civil e sua composição de atendimento ao fim social, a socialidade, como toda propriedade deve buscar seu fim social e econômico, não seria diversa com relação a posse, que contém, além assegurar a paz social, mas também atingir o interesse social da comunidade conforme preconiza os primados que envolvem o direito privado, após a vigência do novo Código Civil, em total consonância com a Constituição Federal.
Não estamos distantes das demais legislações possessórias, pois O Código Civil Suíço assim apresenta o instituto posse Besitz, em seu art. 919 que “Aquele que tem o poder efetivo sobre uma coisa é seu possuidor". 
Também o artigo 920, numa clara demonstração de que a posse no sistema de direito positivo suíço é passível de desdobramento e, portanto, conferindo a condição de possuidor também àquele que não seja proprietário, distingue a posse originária, que é a posse do proprietário, da posse derivada, que é a posse do "não proprietário".
Então, o instituto posse recebe tratamento similar em legislações estrangeiras, sempre com o intuito de proteção e preservação da exteriorização do poder sobre algum bem.
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AULA 02
2. POSSE - BREVE HISTÓRICO
O homem, desde o seu surgimento, não foi diferente com a relação ao ato volitivo de possuir coisas. Jamais saberemos quando e como surgiu a noção de posse, que em sua concepção primitiva é um vínculo estabelecido entre um indivíduo ou um grupo e um determinado bem da vida.
 Este vínculo pode ter um caráter exclusivamente individual, através do qual um indivíduo se reconhece com senhorio sobre um bem, ou pode apresentar a sua institucionalização, vale dizer, reconhecimento por terceiros.
A própria noção de Direito é variável na história. Mas utilizando a atual visão que temos do Direito, podemos afirmar que, certamente, a posse esteve presente desde as mais primitivas formas de organização humana.
Outras descobertas arqueológicas ainda muito mais antigas, que remontam a períodos de dezenas de milhares de anos revelam a existência de uma relação de posse de indivíduos ou grupos em relação a objetos ou áreas.
Ainda mesmo no Direito Romano é preciso termos cuidado já que sob esta categoria pode ser descrito o Direito de um período de aproximadamente 12 séculos.
Podemos afirmar que a propriedade inicialmente era das gens, surgindo, posteriormente a propriedade do Estado.
Com a propriedade estatal, surgiu o dominium, poder conferido pelo Estado aos particulares sobre as terras, o qual tomava a forma de concessões que se faziam através de um dos seguintes instrumentos: assinationes viritanae, por solicitação dos cidadãos; assignationes coloniae, visando à fundação de uma nova colônia; ou pelas agri questorii, através de venda em leilões pelos "questores".
A posse sobre a terra era exercida, assim, por três formas. Pelo exercício do dominium pela ocupação de terras devolutas e por concessões que asseguravam a mera fruição, sem transferência do domínio, sendo esta última forma a agri occupatori, mediante o pagamento de uma "pensão", denominada vectigal, paga ao Estado. 
A posse na Idade Média (Europa) possui sua maior expressão com a figura do feudo principal como unidade econômica, que se dividia em três partes: a propriedade privada do senhor, chamada de domínio ou manso senhorial, no interior da qual havia geralmente um castelo fortificado; o manso servil, ou seja, a porção de terras arrendadas aos camponeses e que eram divididos em lotes, chamados de tenências; e o manso comunal, terras coletivas (pastos e bosques) usadas tanto pelo senhor como pelos servos, ou seja, a posse era primazia do senhor feudal e concedida aos seus servos.
Com a Revolução Francesa, um novo conceito de posse se instala na Europa, pois, com a abolição do regime feudal que foi um dos grandes “motes” para a nova sociedade por consequência na relação possessória. 
Com o Código Civil Francês, publicado em 1804, consolidou esta situação, priorizando uma visão privatista da propriedade e da posse. Na esteira do Código Napoleônico, surgiram os códigos: austríaco (1811), neoirlandês (1838), saxão (1863), italiano (1865).
Na mesma esteira a Constituição Americana apresenta o direito da propriedade e por consequência a liberdade no efeito posse.
No Brasil, o Código Civil de 1916, de concepção liberal europeia não ficou imune à discussão doutrinária ocorrida nesse percurso histórico que se deu, especialmente, a partir da segunda metade do século XIX no Brasil, e que acabou estabelecendo um eixo de análise para a posse, embora não exclusivo, em torno das ideias de Savigny e Ihering, além de certa influência de autores portugueses do final do século XVIII e do século XIX.
Para os doutrinadores no início do Século XX, posse traduzindo em a posse constitui a condição de fato da utilização econômica da propriedade, sendo assim o direito de possuir é um elemento indispensável da propriedade. A posse é a porta que dá acesso à propriedade e por decorrência a proteção possessória apresenta-se como posição defensiva do proprietário, traçando os primeiros rumos da posse naera moderna, posição esta defendida até os dias atuais por alguns autores.
O Código Civil de 2002, inovador e distante de um conceito liberal, definido por Ricardo Fiuza e Miguel Reale apresentam a posse com instituto de relação de fato, não a definindo, mas apresentando quais os atributos de sua apresentação, ou melhor, de sua exteriorização perante os demais para se configure a condição de futuro proprietário.
	“Considera-se possuidor, todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de alguns dos poderes inerentes à propriedade” (artigo 1.196 - Código Civil Brasileiro).
AULA 03
TEORIA GERAL DA POSSE
Após um breve relato sobre a posse, retornamos as grandes distinções que envolvem as diversas classes de direitos intrínsecos no Direito Privado, mais precisamente no Direito Civil, já preparando o aluno para as demais disciplinas que envolverão necessariamente o tema.
3. A DISTINÇÃO ENTRE OS DIREITOS REAIS E OBRIGACIONAIS
INTRODUÇÃO
O Direito das Coisas é o ramo do Direito Civil que regula as relações jurídicas reais, entendidas estas como as que se estabelecem entre o titular de uma coisa e a sociedade em geral (os não titulares do bem). 
 pessoa bem outras pessoas
 (titular) (sem direito ao bem)
	
O homem, na busca de satisfazer suas necessidades, procura apropriar-se das coisas que encontra na natureza, porém, não as que se apresentam de forma abundante, mesmo considerando sua enorme utilidade, como a água potável, o ar atmosférico, entre outros; somente quando as coisas são úteis e raras, quando passam a constituir bens, é que se tornam objeto de apropriação, estabelecendo entre elas e os homens um vínculo jurídico, o domínio. 
Entre titulares e não-titulares surgem direito e deveres. Os deveres, chamados obrigações reais, traduzem-se na abstenção de qualquer ato prejudicial ao direito do titular.
 Em correspondência, existem os direitos do titular, tidos como direitos reais.
Neste diapasão, temos que o Direito das Obrigações tem como objeto os direitos creditícios, enquanto que o Direito das Coisas, os Direitos Reais.
3.2 DISTINÇÃO ENTRE DIREITOS REAIS E OBRIGACIONAIS. TEORIAS.
Com a intenção de diferenciar direitos reais e obrigacionais, surgiram teorias voltadas para este estudo. São elas:
CLÁSSICA OU REALISTA
Os direitos reais seriam o poder imediato sobre uma coisa; os obrigacionais, o poder de exigir que se dê, faça ou não se faça algo. 
A distinção dos mesmos é feita de acordo com vários referenciais.
Quanto aos elementos constitutivos: os direitos reais possuem dois (titular e objeto), já os obrigacionais três (sujeito ativo, passivo e objeto).
Quanto às vantagens: nos direitos reais há poder de sequela (direito de sequela), de seguir a coisa onde quer que ela vá, direito de dono. Nos obrigacionais, nenhuma.
Quanto à sanção: os direitos reais são oponíveis erga omnes, contra todos. Os obrigacionais contra pessoas certas, determinada, o devedor, que é a única pessoa da qual o credor pode exigir o crédito.
Quanto aos modos extintivos: os reais não têm prazo para extinguir, podendo ser perpétuos. Enquanto os obrigacionais duram até o pagamento.
Quanto aos modos de aquisição: os direitos reais têm modos peculiares de aquisição; assim, a propriedade, por exemplo, adquire-se pelo registro ou tradição, pela acessão e pela usucapião. Os direitos de crédito se adquirem pela ocorrência de fato, como um contrato ou ato ilícito.
Quanto à posse: somente uma coisa pode ser possuída, por ser a posse o elemento externo da propriedade. Já para um direito obrigacional isso não é possível.
Quanto aos caracteres gerais: os efeitos dos direitos reais são expressamente regulados em lei e estes se adquirem de uma só vez. Dos direito de crédito podem ser estipulados em convenção e podem ser adquiridos em prestações.
PERSONALISTAS
As teorias personalistas negam a possibilidade de haver uma relação jurídica entre um titular e um bem, defendendo que estas só existem entre pessoas. As teorias personalistas enxergam que a distinção entre direitos reais e obrigacionais são ora em função do sujeito passivo, ora em função do objeto, ora em função do vínculo. Vejamos:
Primeira teoria personalista (Windscheid, Roguin e Planiol): tanto os direitos reais como os de crédito decorrem de relações obrigacionais entre pessoas. Diferença: sujeito passivo; nos reais é universal, toda a sociedade, e nos de crédito, uma ou várias pessoas determinadas, os devedores.
Segunda teoria personalista (Michas e Quéru): a diferença existe em função do objeto, que no direito real é um bem, e no obrigacional, uma prestação.
Terceira teoria personalista (Démogue): nenhuma das diferenças apresentadas é importante, o que existem são direitos fortes (reais) e fracos (creditórios). A diferença mais importante é a intensidade do vínculo jurídico.
Quarta teoria personalista (Thon e Schlobman): os direitos de crédito são subjetivos, ao passo que os direitos reais são de necessidade social.
3.2.3. TEORIA DA INSTITUIÇÃO (Hauriou)
Os direitos reais teriam sua fonte na própria instituição social, e não nas relações pessoais ente os indivíduos. A coletividade organizada institucionaliza, cria seus mecanismos de defesa dos direitos dos indivíduos sobre suas coisas.
OBRIGAÇÕES PROPTER REM
As obrigações reais, proter rem (em razão da coisa) ou in rem scriptae(gravadas na coisa), situam-se entre o direito real e o obrigacional. Surgem como obrigações pessoais de um devedor, por ser ele titular de um direito real. Porém, aderem mais à coisa do que propriamente ao seu titular.
Ex.: dívidas de impostos prediais, despesas de condomínios, hipoteca.
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TEORIA GERAL DA POSSE
DISTINÇÃO ENTRE DIREITO REAIS E OBRIGACIONAIS- II
 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DO DIREITO REAL
 Segundo Lafayette, “é o que afeta a coisa direta e imediatamente, sob todos ou sob certos respeitos e a segue em poder de quem quer a detenha”.
É o direito que se prende à coisa, prevalecendo com a exclusão da concorrência de quem quer que seja independendo para o seu exercício da colaboração de outrem e conferindo ao titular a possibilidade de ir buscar a coisa onde ela se encontre, para sobre ela exercer seu direito.
Enfim, o direito real apresenta-se como um vínculo entre pessoa e coisa, prevalecendo contra todos, conferindo ao seu titular a prerrogativa da sequela e a ação real; ademais, é exclusivo e tem seu número limitado pela lei. 
4.2 CARACTERÍSTICAS: 
Relação entre a pessoa e a coisa;
Oponibilidade erga omnes; 
Direito de sequela;
Direito de preferência;
Ação real;
Exclusividade;
Numerus clausus.
4.3 OS DIREITOS REAIS ENUMERADOS PELO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO
O Código Civil Brasileiro, em seu art. 1225, enumera como direitos reais a propriedade, a superfície, as servidões, o usufruto, o uso, a habitação, o direito do promitente comprador do imóvel, o penhor, a hipoteca e a anticrese. Esse rol, pelo entendimento da maioria dos juristas, é numerus clausus, sendo taxativa a enumeração, e não meramente exemplificativa.
São contrários a essa opinião, advinda do direito romano, Washington de Barros e Pontes de Miranda, entre outros. Como defensores, temos Serpa Lopes, Clóvis Beviláqua, César Fiuza, Maria Helena Diniz, Silvio Rodrigues, etc.
Obs.: a enfiteuse foi extinta pelo CC/2002, porém continua regulada pelo CC/1916, a respeito das já constituídas.
 CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS REAIS
Primeiramente, os direitos reais são classificados considerando o objeto que recai.
 Temos, assim, direitos reais sobre coisa própria (propriedade) e sobre coisa alheia (os demais).
Os direitos reais sobre coisa alheia subdividem-se sob a ótica de sua finalidade, temos:
Direitos reais de gozo (uso e fruição): servidões, superfície, usufruto, uso e habitação, enfiteuse.Direitos reais de garantia: penhor, hipoteca, anticrese.
Direitos reais de aquisição: promessa irretratável de venda de imóvel.
 PRINCÍPIOS
Principio da Aderência
Estabelece um vínculo, uma relação de senhorio entre a coisa e a pessoa (titular), não dependendo de nenhuma relação com terceiro.
Princípio Absolutismo
Os direitos reais se exercem erga omnes , ou seja, contra todos, que devem abster-se de molestar o titular. Surgindo o direito de sequela ou o jus persequendi.
Princípio da Publicidade
Os Direitos Reais, em sendo imóveis, somente se adquirem com o Registro (Cartório de Registro de Imóveis) e pela tradição, quando móveis.
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TEORIA GERAL DA POSSE
5. TEORIAS SOBRE A POSSE
O Estudo da posse é rico em teorias que venham a desvendar a sua real origem.
Podemos reduzir as teorias que tentam explicar a posse em dois grupos, sendo que o primeiro se refere à Teoria Subjetivista da Posse proclamada por Friedrich Karl von Savigny, primeiro jus filósofo a trata do tema na era moderna.
E outro grande jus filósofo que tratou do tema Rudolf von Ihering, com as Teorias dos Objetivistas.
Temos teorias intermediárias, coma a eclética, de Ferrini (onde a posse é um direito e um fato).
5.1 TEORIA SUBJETIVA DE SAVIGNY
Savigny em sua obra intitulada “Tratado da Posse” pesquisa a dogmática romana no contexto da posse, afirmando sua posição autônoma e de direito exclusivos e estritamente resultantes da posse.
O jus possessionis, para o autor, ou seja, a posse se caracterizava pela conjugação de dois elementos, o corpus e o animus. 
Sendo que o primeiro consiste na detenção física da coisa, e o segundo no elemento volitivo, ou seja, no elemento subjetivo que se encontra na intenção, vontade de exercer o direito sobre certa coisa. É o exercício da posse pelo possuidor.
Não é a concepção de ser dono, mas a vontade de ter o bem como seu.
Na visão do ilustre jurista, os dois elementos são fundamentais para a compreensão da posse, incide na indispensabilidade, pois falta do corpus , segundo sua teoria inexistirá a figura da posse, da mesma forma o animus.
Então, desenvolveu a teoria que a posse é o poder de dispor fisicamente da coisa, com ânimo de considerá-la sua e defender contra terceiros.
Sintetizando: dois elementos- corpus – elemento material
 e animus- propósito de ter a coisa- vontade
 animus rem sibi habendi
Somente o animus, para Savigny: é mera detenção.
Não houve base para a progressão de sua teoria, pois com a figura do arrendatário e do locador, a teoria não foi assimilada pelo direito moderno.
5.2 TEORIA OBJETIVA DE IHERING
A Teoria de Rudolf von Ihering, é por ele batizada como objetiva, ou seja, não há elementos subjetivos que adornam a posse, pois não empresta a vontade ao animus.
Para Ihering, portanto, basta o corpus para a caracterização da posse, ou seja, a relação física não é necessária, desde eu haja por parte do possuidor a vontade de ser dono.
A posse é a condição do exercício da propriedade.
A distinção entre corpus e animus é irrelevante, pois a noção de animus já se encontra na de corpus, sendo a maneira como a maneira como o possuidor age em face da coisa. A condição de possuidor se revela na maneira em que o dono age perante a coisa.
Ex: o lavrador que deixa sua colheita no campo não a tem fisicamente, entretanto conserva em sua posse.
O madeireiro que lança à correnteza os troncos na montanha para que o rio os conduza a serraria, não tem o poder físico, mas mantém a posse.
A conduta de ser dono pode ser avaliada de madeira objetiva, sem a necessidade de se pesquisar a intenção. A posse, então, torna-se a exteriorização da propriedade.
O Código Civil de 2002, aparente adotada a Teoria de Ihering.
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6. POSSE- CONCEITUAÇÃO
O conceito de posse remonta ao período romano, embora encontre traços em outras civilizações mais antigas.
Na Lei das Doze Tábuas, a posse é alcançada por via indireta, pois descreve em dados momentos a pena para aquele que retira algo de alguém, deduzindo que havia uma relação possessória entre um titular e seus bens, ou até inclusive sobre sua mulher e escravos.
Embora haja uma variedade de entendimentos, a posse após, segundo a doutrina tradicional está sempre na direção da compreensão da situação de fato. 
Posse – situação de fato.
Posse é a conduta de dono, segundo Ihering, adotada pelo nosso Código.
O conceito de posse é dado no artigo. 1196 do Código Civil Brasileiro, que descreve as questões de exercício dos atributos da propriedade.
Verifique que o legislador apresentou como nuclear a condição da expressiva de posse, o animus em ser possuidor, na visão de João Batista Monteiro, a posse implica no exercício dos poderes de fato, não podendo recair sobre um direito real.
Aduz o eminente autor que a posse está vinculada a expressividade de ser possuidor, não na relação normativa que recai sobre os direitos reais.
Lembrando que não induz posse atos de mera permissão, que estudaremos mais adiante, bem como os atos violentos ou clandestinos.
O titular da posse tem o interesse potencial em permanecer, conservar e proteger de qualquer tipo de mol estação que porventura venha a ser praticada por outrem.
Outros autores apresentam a formação do conceito de posse de forma indireta, ou seja, utilizando outra técnica, mas que sempre caminharão para a conceituação posse-estado de fato - animus. Vejamos.
Segundo o Prof. Silvio Rodrigues:
 Um proprietário de um prédio se encontra em pleno gozo e uso, quando violentamente desapossado. Como o ordenamento jurídico repele a violência, ou seja, o esbulho, independentemente de ser proprietário, poderá propor a devida reintegração, estabelecendo a situação anterior, de fato. O Poder Judiciário restabelecerá a situação de fato anterior.
Outro exemplo é daquele que adquirindo prédio de outrem, que não seu dono, nele se instala. Após o verdadeiro proprietário vêm e pretende privar violentamente da posse que goza. Como a lei não permite tal situação, ou seja, justiça pelas próprias mãos. Permanecendo a situação de fato, até que o verdadeiro proprietário, via judicial, demonstre o direito.
De ambos os casos retiramos a conclusão que o ordenamento jurídico visa à permanência da situação de fato, até que se configure a situação de direito, via sentença judicial, visando assegurar a paz social.
Temos, portanto, a situação de posse, protegida pelo ordenamento.
A relação material entre a pessoa e a coisa. A situação de fato que se estabelece entre ele e a coisa se justifica em um direito preexistente, de modo que sua posse decorre de um jus possidendi ( Otávio Moreira Guimarães).
A situação de fato poderá vir desacompanha de um direito anterior, pois alguém pode ocupar terra alheia de modo manso e pacífico por certo lapso temporal adquirindo certa estabilidade e até adquirir a própria propriedade. O Jus Possessionis.
A posse é uma situação de fato protegida pelo ordenamento jurídico.
É real na aparência e situação, sendo posse a exteriozação do jus utendi, jus fruendi, rei reividicatio, e o jus disponendi.
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Teoria Geral da Posse
7.1 DISTINÇÃO POSSE E PROPRIEDADE
A posse como afirmamos anteriormente, é uma relação de fato entre o sujeito e o bem, protegida pelo ordenamento.
A propriedade é um a relação de direito, ou seja, a norma apresenta de modo claro situação topográfica da propriedade, inserta nos Direito Reais, que em nosso ordenamento é considerado “numerus clausus”, ou seja, somente a lei poderá criar um direito real.
 A distinção, portanto, entre a posse e a propriedade é transparente, não necessita de maiores ilações, pois a propriedade é o mais amplo direito sobre a coisa, podendo usar, fruir, consumir e até mesmo destruir.
A posse tem o poder de fato exercido por uma pessoa sobre uma coisa, relação esta que também é tutelada por lei onde se revela a intençãode exercer o direito possessório.
A posse do proprietário é consequência do seu direito de possuir, esse direito pode ser adquirido por aquisição ou também por doação.
Portanto a posse consiste em uma relação de pessoa e coisa, criando uma mera relação de fato, e a propriedade é a relação entre a pessoa e a coisa, que assente na vontade objetiva da lei, onde é criada uma relação de direito.
A propriedade é relação entre pessoa e a coisa diante da lei implicando poder jurídico e criando relação de direito.
A posse é a relação pessoa e coisa, fundado na vontade do possuidor, criando mera relação de fato.
Em ambos, há proteção legal.
7.2 DISTINÇÃO ENTRE POSSE E DETENÇÃO
Prof. Carlos Roberto Gonçalves exemplifica que o possuidor é aquele que exerce o poder de fato em razão de interesse próprio, já o detentor, no interesse de outrem, é o caso típico dos caseiros e de todos aqueles que zelam por propriedades em nome dos donos. Podem ser mencionados, ainda, como exemplos de detenção a situação do soldado em relação às armas no quartel e a do preso em relação às ferramentas com que trabalha.
“fâmulos da posse, não podem invocar a sua proteção, mas com dever de vigilância”.
Embora, portanto, a posse possa ser considerada uma forma de conduta que se assemelha à de dono, não é o possuidor uma vigilante permanente da posse, possibilitando à norma a delegação para outro a conserve em seu lugar, desde sob as orientações e ordens: “detentor é aquele que age em nome do possuidor e em cumprimento de suas orientações e ordens”.
É o típico caso, consagrado na doutrina, dos caseiros e de todos aqueles que de alguma forma zelam pelo patrimônio alheio.
7.3. POSSE E QUASE POSSE
A quase posse vem do Direito Romano, mas alertando o discente, desde já, não a teoria não foi adotada pelo Código Civil de 2002.
Trata-se de da compreensão de que os romanos, não consideravam a posse emanada de uma relação de exteriorização somente do animus de dono.
Para os romanos, a posse derivada da propriedade e a está estava vinculada. Era exercida de um direito real menor ou de direitos reais sobre coisas alheias, tais como a servidão, o usufruto entre outros.
Assim, o poder de fato ou a posse era emanada de um direito obrigacional ou pessoal, como na locação ou no comodato (atuais).
Os direitos, segundo os romanos, que poderiam constituir objeto de uma quase posse eram:
As servidões pessoais (usufruto e uso de escravos);
As servidões prediais (ligadas ao imóvel);
A superfície
Observamos que tal distinção não passa de escorço histórico para a compreensão de temas atuais, pois o objeto da posse naquele período avançava dos bens para as pessoas, algo abominada pela sociedade ocidental moderna.
O Objeto da posse em quase todas as legislações modernas é o bem.
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8. NATUREZA JURÍDICA DA POSSE
Para aqueles que defendem a teoria subjetiva, a posse é ao mesmo tempo um fato e um direito, aponta-se que se trata de um acontecimento casual que produz efeitos jurídicos, já para teoria objetiva a posse é simplesmente um direito por representar um interesse juridicamente protegido. A doutrina moderna tem de considerá-la a posse um direito.
O Professor Caio Mario da Silva Pereira realça que o debate doutrinário desse aspecto não tem hoje grande importância bastando dizer que nascendo a posse de uma relação de fato converte-se desde logo em uma relação jurídica.
Admitida a posse como direito perdura o dissenso sobre a natureza desse direito, ou seja, se ele é pessoal ou real. Civilistas como Caio Mario da Silva Pereira, Orlando Gomes, e Pontes de Miranda conclui que a posse é um direito real. Eles dão conta; realçam que a sujeição da coisa à pessoa é direta e imediata, e o direito do possuidor é exercitado “erga omnes” como todo direito real.
O Código de Processo Civil, no artigo 10, § 2º não reconhece que o direito de posse tem natureza real, dispõe que nas ações possessórias, a participação do cônjuge do litigante só será indispensável no caso de composse ou de atos praticados por ambos os cônjuges. A participação do casal em uma ação possessória não decorre da natureza jurídica da posse, mas da comunhão de direitos e obrigações.
Quanto à natureza jurídica da posse, Savigny sustenta que a posse é ao mesmo tempo um direito e um fato. Se considerada em si mesma é um fato; Considerada nos efeitos que gera, sendo eles usucapião e interditos, ela se apresenta como um direito.
Para Ihering, a posse nada mais é que um direito. Partindo ele, de sua definição de direito subjetivo, segundo o qual aquele é o interesse juridicamente protegido.
Há alguns doutrinadores que defendem ser a posse um direito real e não um estado de fato.
 Neste sentido, aduz Maria Helena Diniz, que a posse é um direito real, posto que é a visibilidade ou desmembramento da propriedade. Podendo aplicar o princípio de que o acessório segue o principal, visto que não há propriedade sem posse. 
Arguindo ainda, que o princípio contido no art. 1191 no nosso código civil, de que a tutela possessória do possuidor direto abrange a proteção contra o indireto, artigos. 1210 e 1212 do Código Civil e nos artigos. 920 e seguintes do Código de Processo Civil e, que é possível verificar que o caráter jurídico da posse decorre da própria ordem jurídica que confere ao possuidor ações específica para se defender contra quem quer que o ameace, perturbe ou esbulhe.
Prossegue a eminente professora, acenando que na posse se encontram todos os caracteres dos direitos reais, tais como:
-seu exercício direto, sem intermediário;
 -sua oponibilidade contra todos;
 A sua incidência em objeto obrigatoriamente determinado. Devido à posição da “posse” na sistemática do nosso direito civil, não ter, pois nenhum obstáculo a sua qualificação como direito real.
Por outro lado, o jurista Silvio Salvo Venosa defende a natureza da posse como estado de aparência.
 Tal revela-se o posicionamento adotado pela doutrina majoritária e tradicional aduz este jurista que, no caso de um possuidor que tiver sido desapossado da coisa, tendo que provar sempre, e a cada momento, sua propriedade ou outro direito real na pretensão de reaquisição do bem, teria sua devida tutela e prestação jurisdicional prejudicada em face da morosidade e tardiamente, instaurando-se desse modo a inquietação social. 
Deve-se levar em conta, que esse estado de aparência, que pode originar-se sem que contenha qualquer substrato jurídico, pode servir para a aquisição da propriedade, como no casso de usucapião. Por essas e outras razões deve o direito fornecer meios de proteção àqueles que se mostram como aparentes titulares de direito.
Segundo Silvio Rodrigues, não se pode considerar a posse Direito Real, porque ela não figura na enumeração do artigo 1225 do Código Civil de 2002 que é praticamente os mesmos elencados no artigo 674 do Código Civil de 1916, posto que, aquela regra é taxativa e não exemplificativa, tratando-se aí de numerus clausus.
Alguns autores, que a natureza jurídica da posse é especial.
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9. CLASSIFICAÇÃO DA POSSE
A doutrina verificando o texto legal e de maneira objetiva, de imediato, traduz que a posse possa ser classificada de várias maneiras, além do descrito na norma.
Esta apresenta a posse exclusiva, a composse e posses paralelas: posse nova, posse velha entre outras.
Temos também as derivações para a posse de má-fé, boa-fé e outras modalidades que passaremos a descrever nas próximas aulas.
9.1 POSSE DIRETA E INDIRETA
A lei reconhece a possibilidade de existência de duas categorias simultâneas de possuidores, qualificando-os como possuidores diretos e possuidores indiretos.
A posse, embora seja por sua natureza exclusiva a norma lhe concebe a múltipla posse sobre mesma coisa.
Vejamos o que dispõe o artigo 1.197 do Código Civil:
A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendoo possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.
Observamos que há convivência de vários institutos sobre o mesmo bem, ou seja, um possuidor direito e um indireto.
Então, temos a existência de uma relação jurídica negocial ou legal entre possuidores – direto (imediato) e indireto (mediato). Ocorrendo um desdobramento da relação possessória.
Dessa forma tanto os possuidores direto quanto o indireto pode valer–se das ações possessórias.
Podemos concluir- Possuidor direto – o titular exerce diretamente.
O indireto quando o titular se afasta por sua vontade, então a detenção da coisa e transfere a posse a outrem que inicia o exercício da posse direta.
Exemplos- possuidores diretos: o usufrutuário, o depositário, o credor pignoratício, o locatário, o comodatário, pois todos detêm a coisa que lhes foi transferida pelo dono, mas este ao transferir conservou na condição de dono.
A posse direta e indireta convive harmoniosamente, segundo o termo utilizado pelo ilustre professor Carlos Roberto Gonçalves, e não se colidem como segue:
Possuidor direito, por ter o poder de fato sobre a coisa, objeto da posse direta, tem posse real e efetiva.
O desdobramento da posse em direta e direta pode ocorrer em vários casos, como nos contratos de compra e venda com reserva de domínio (Na venda com reserva de domínio, o alienante, embora tendo transferido ao adquirente a posse da coisa alienada, conserva o domínio sobre a mesma até ser pago da totalidade do preço).
Nos casos de alienação fiduciária também figuram o possuidor direito e indireto (alienação fiduciária em garantia transfere ao credor o domínio resolúvel e a posse indireta da coisa móvel alienada, independentemente da tradição efetiva do bem, tornando-se o alienante ou devedor em possuidor.).
No sentido contrário, temos a lavra do Professor José Paulo Cavalcanti, que afirma que o possuidor indireto, não seria um “possuidor efetivo”, nem uma ficção, mas deu-lhe uma legitimação extraordinária para propor ação possessória.
Os desdobramentos da posse podem ser sucessivos, assim sendo feito o primeiro, poderá o possuidor direto efetivar novo desdobramento, e assim sucessivamente é o que ensino Carlos Roberto Gonçalves.
Enfim, há uma coexistência entre vários “possuidores” sobre mesmo bem, diante da translatividade natural existente nos bens.
AULA 10
TEORIA GERAL DA POSSE
10 CLASSIFICAÇÃO DA POSSE- II
10.1 PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE- POSSE CONTÍNUA
A posse também pode se apresentar na sua forma contínua, ou melhor, a posse é um instituo contínuo é o que depreende do que dispõe o artigo 1.203:
... Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida.
Neste sentido a posse adquirida de boa-fé, esta é estendida para o possuidor seguinte e da mesma forma o que ocorre com a posse de má-fé, em que o vício se perpetua ao novo possuidor.
A posse de boa fé ou de má-fé, direta e ou indireta, a título de propriedade ou de outro Direito Real. 
Ninguém, por si só, pode mudar a causa ou o título de sua posse.
( nemo si ipsi causam possessionis mutare potest.)
A Profa. Sylvia Cristina Arinelli Gonçalves descreve em artigo sobre transmissão da posse ou posse continuada que a acessão é o fenômeno em que a posse poderá ser continuada, dos antecessores aos seus sucessores. Essa sucessão de posses abrange a sucessão e a união.
O artigo 1206, também cita que a posse será transmitida aos herdeiros e legatários.
A mesma situação é encontrada no Código Civil Espanhol, em seu artigo 440 
 “La posesion de los bienes hereditários se entiende transmitida al heredero sin interrupcion i desde el momento de la muerte Del causante, em el caso de que llegue a adirse la herencia. El que validamente repudia uma herencia se entiende que no la há poseido em ningun momento.”
A simples mudança de vontade é incapaz de mudar a natureza da posse.
10.2 POSSE AD INTERDICTA E POSSE AD USUCAPIONEM
Toda posse que é defendida, ou pelo é plausível sua defesa, pelas ações possessórias é denominada ad interdicta.
Posse ad interdicta é a posse que possui meio de defesa, para entender essa nomenclatura, primeiramente deve-se ter em mente que toda e qualquer posse que enseja algum tipo de proteção, independente da sua qualidade.
 Isso significa que mesmo que a posse seja injusta ou de má-fé em relação ao real possuidor, ela poderá ser defendida da ação de terceiros por meio de ações judiciais denominadas possessórias. 
Assim a posse ad interdicta é aquela que enseja proteção por meio dos interditos possessórios, ou seja, ações judiciais que visam proteger a posse.
Em regra todas as posses são ad interdicta.
A posse ad usucapionem é aquela em que se é possível adquirir a propriedade por meio de uma ação denominada “Usucapião”, ou seja, é a posse que se obedecido certos requisitos legais, e cumprimento de certo tempo possibilita ao possuidor adquirir sua propriedade.
Toda posse é ad interdicta, mas nem toda a posse é ad usucapione.
Assim sendo, mais correto é afirmar que em se tratando de bens públicos, só pode haverá posse ad interdicta, pois há ações próprias para defendê-los, mas no caso de aquisição de propriedade, fundada em bem público, isto não será possível diante do primado da imprescritibilidade própria da seara pública.
O Tribunal de Justiça de São Paulo em julgado (TJSP - APELAÇÃO COM REVISÃO N° 0110731-25.2007) apresenta a necessidade de conhecimento da natureza da posse, para que seja considerada ad usucapionem.
O mesmo Tribunal em outra Apelação, também cita a necessidade da natureza ad usucapionem, pois no neste caso (APL 1248574620088260000SP 0124857-462—8.8.26) houve a precariedade levanta a efeito somado a ausência de autorização do proprietário.
Sendo assim, reconhecer se a posse é ad usucapionem é de total relevância para prosseguimento do requerimento de Usucapião, já a posse ad interdicta é passível para a proteção da posse em geral.
AULA 11
TEORIA GERAL DA POSSE
11 CLASSIFICAÇÃO DA POSSE-III
11.1 POSSE EXCLUSIVA
Posse exclusiva á aquela exercida por um único possuidor, quer seja pessoas natural ou jurídica que tem sobre a posse sua plenitude de modo direito ou indireto.
Também a doutrina acresce que a posse exclusiva pode se apresentar da forma plena ou não, o prof. Carlos Roberto Gonçalves afirma que é plena a posse em que o possuidor exerce de fato todos os poderes inerentes ao domínio.
A posse exclusiva é o contraponto da posse coletiva, composse ou outro termo que os doutrinadores emanaram sobre, o assunto, pois a exclusiva no exercício por parte do titular possui concepção plena, já na composse a demanda de vários titulares sobre o mesmo bem é clara.
É certo que em virtude de questões econômicas e do próprio fenômeno da urbanização, a composse vem se apresentando de maneira múltipla, e progressivamente sendo aplicada em maior diversidade de bens (tanto móveis como imóveis e demais mobiliários).
11.2. COMPOSSE
Composse é a situação em que duas ou mais pessoas podem possuir a mesma coisa com vontade comum, ao mesmo tempo, ou seja, simultaneamente temos mais de um titular sobre o mesmo bem, diverso da posse direta e indireta, que se tratava de exercício e utilização do bem, sem a translatividade da titularidade, aqui, de fato temos mais de um titular para o bem.
Como foi apontado nada impede que duas ou mais pessoas exerçam aos poderes da posse simultaneamente.
Assim a lei admite a composse:
Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.
Trata-se do artigo 1.199 do Código Civil que apresenta a normatividade sobre a composse, autorizando a possibilidade dentro do ordenamento.
O exemplo mais comum é a situação dos cônjuges, no regime de comunhão de bens.
Também os coerdeiros antes da partilha de bens, na herança.
Como a composse é uma exteriorização do domínio, admite-se a composse nos casos de condomínio.
A proteção possessória é conferidaao compossuidor mesmo contra seu consorte, se este, quiser impedir o exercício de sua posse.
São também compossuidores, os condôminos da parte indivisa, parte comum dos apartamentos (corredores, estruturas, elevadores, hall de entrada, muros, etc.).
A composse extingue-se por vontade dos sujeitos que faz desaparecer o estado de indivisão ou quando cessa a causa que a determinou. Como a partilha, morte de um dos usufrutuários.
Como citamos, qualquer um dos compossuidores pode-se valer do interdito possessório ou da legítima defesa da posse para impedir que outro compossuidor exerça aposse exclusiva sobre o bem comum.
Neste sentido. o TJSP em Apelação (APL 9195928572005826 SP 9195928-57.2005.8.26.0000) “Assim, não se pode afirmar que a autora exercia exclusivamente a posse sobre o imóvel, em detrimento dos demais”, a composse fora instituída pelo falecimento do marido, restando filhos e o cônjuge supérstite como compossuidores (herdeiros).
Extinção da composse:
 – Termina pela divisão de direito, amigável ou judicial da coisa comum. Cessa a compossesão, contudo a posse continua, pois cada pessoa passa a possuir a parte certa. 
 – Com a partilha no processo de inventário; cada herdeiro pode receber o seu quinhão, desaparecendo a posse em comum. 
	
Não confundir: composse com concorrência ou sobreposição de posses. 
Concorrência de posses – quando desdobra a posse em direta e indireta. 
AULA 12
TEORIA GERAL DA POSSE
12. CLASSIFICAÇÃO DA POSSE-IV
12.1 POSSE JUSTA E POSSE INJUSTA 
O artigo 1200 do Código Civil Brasileiro aponta a existência da figura jurídica da posse justa, ou seja, a posse isenta de qualquer vício - “justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária”, de maneira cara o direito não poderia ofertar vantagens para aquele que age de forma ilícita, ou seja, utilizando de outros artifícios que não sejam as admitidos pelo próprio direito e pelos usos e costumes, desde que não ofendam a moral e ao próprio costume local.
Então, a posse justa é aquela que além de não ser violenta, clandestina ou precária é pública e contínua, para que o possuidor possa se valer dos meios de defesa admitidos em direito.
Posse justa não se reveste de forma alguma dos vícios externos. 
Em contraposição simples e de maneira inteligente, a posse denominada injusta é a posse que se reveste de alguns daqueles vícios (violência, clandestinidade ou por abuso da precariedade). 
Então, para a compreensão da terminologia empregada pelo Código Civil, posse justa ou injusta, se faz necessário conhecer com profundidade o que seria violência, clandestinidade e a precariedade.
É violenta a posse tomada a força de alguém, ou seja, aquele que toma o objeto de alguém, despojando-o à força, conforme ensina o Prof. Washington de Barros Monteiro.
Também é violenta a posse tomada pelo uso da força, quando uma pessoa expulsa o possuidor legítimo de seu imóvel urbano ou rural, para ocupa-lo como moradia ou outra destinação.
A violência pode se física ou moral, “vis compulsiva” ou “vis absoluta”.
Neste último caso, lembremo-nos da coação no cível, ou seja, a maneira como alguém vicia um negócio implantado métodos coativos para realizar a transação, com a devida adaptação à forma como alguém implanta temor em outrem para se afastar da posse a liberá-la ao coator.
A violência estigmatiza a posse não trazendo efeitos jurídicos à posse e não confundir violência com má-fé, pois a primeira pode tranquilamente ocorrer sem a segunda.
Destarte, a posse violenta é aquela que se adquire pela força. Ex.: quando um condômino expulsa outro do imóvel, por meios violentos, com o objetivo de exerce a posse exclusiva.
 A posse que não é violenta denomina-se posse mansa, pacífica e tranquila.
Mansa e pacífica é aquela em que na sua trajetória não sofreu ação judicial que contestaria sua situação de maneira séria. Nota-se que não se trata de posse isenta de discussão judicial, ou seja, uma Ação Reivindicatória julgada improcedente não nodoaria a mansidão, embora a imóvel sofrera um ação judicial.
Posse clandestina é aquela se estabelece às ocultas. É a posse que se constitui às escondidas. Ex. aquele que furta um objeto ou ocupa um imóvel de outro às escondidas. Situação contrária à clandestinidade é a publicidade. 
O ladrão que furta com sutileza é um grande exemplo de como a posse clandestina se apresenta, por outro lado o ladrão rouba pratica a posse violenta.
Posse precária é aquela que se origina do abuso de confiança por parte de quem recebe a coisa com a obrigação de restituí-la, e depois, se recusa a fazê-lo. Ex. vencimento do contrato de comodato, quando o comodante se recusa a devolver o bem ao comodatário. 
Os três vícios possuem correspondência na tipificação do Direito Penal, furto, roubo e apropriação indébita.
No Código Civil, temos o artigo 1200, já citado, mas nada impede que figuras correlatas correspondam de alguma forma a violência, a precariedade e clandestinidade.
AULA 13
TEORIA GERAL DA POSSE
13 POSSE DE BOA FÉ E POSSE DE MÁ FÉ
13.1 QUESTÕES SOBRE BOA FÉ NO CÓDIGO CIVIL
Miguel Reale apresenta que a boa-fé um dos primados a serem considerados no momento da interpretação do novo Código Civil, neste sentido escreve:
É a boa-fé o cerne em torno do qual girou a alteração de nossa Lei Civil, da qual destaco dois artigos complementares, o de nº 113, segundo o qual “os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração”, e o Art. 422 que determina: “os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé”. Como se vê, a boa-fé não constitui um imperativo ético abstrato, mas sim uma norma que condiciona e legitima toda a experiência jurídica, desde a interpretação dos mandamentos legais e das cláusulas contratuais até as suas últimas consequências. Daí a necessidade de ser ela analisada como conditio sine qua non da realização da justiça ao longo da aplicação dos dispositivos emanados das fontes do direito, legislativa, consuetudinária, jurisdicional e negocial. Em primeiro lugar, importa registrar que a boa-fé apresenta dupla faceta, a objetiva e a subjetiva. Esta última – vigorante, v.g., em matéria de direitos reais e casamento putativo – corresponde, fundamentalmente, a uma atitude psicológica, isto é, uma decisão da vontade, denotando o convencimento individual da parte de obrar em conformidade com o direito. Já a boa-fé objetiva apresenta-se como uma exigência de lealdade, modelo objetivo de conduta, arquétipo social pelo qual impõe o poder-dever que cada pessoa ajuste a própria conduta a esse arquétipo, obrando como obraria uma pessoa honesta, proba e leal.
Então a boa-fé recebe a preponderância entre os primados atingindo todas as relações negociais e não seria diverso nas relações que envolvem os bens, ou seja, no âmbito dos Direitos Patrimoniais.
No caso da posse, temos a posse de boa-fé e de má-fé, onde analisamos a posição psicológica do possuidor.
13.2 POSSE DE BOA-FÉ.
Posse de boa-fé é aquela em que o possuidor a exerce na crença, e na certeza de que é o possuidor da coisa, uma vez que desconhece qualquer vício ou impedimento para a sua aquisição. Nesse sentido, define o art. 1201 do CC:
É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.
Importante dizer que a lei apresenta uma ressalva, pois a posse deixará de ser de boa-fé quando a situação indicar que o possuidor tinha ciência de algum vício. 
Nesse sentido dispõe o art. 1202 do CC:
A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente.
Para que se presuma se o indivíduo teria (ou não) consciência dos vícios de sua posse o referencial utilizado é discernimento do homem médio. Essa noção determina que a pessoa tenha o necessário discernimento no exercício da posse, de forma quenão seja tão somente uma atitude passiva e alienada. O homem médio age sem culpa e utiliza de todas as maneiras possíveis a busca da realidade, e dele, então, não seria exigida outra conduta além das que já haviam sido executadas.
Para analisar a posse de boa fé e a posse de má fé deve-se levar em contra o aspecto SUBJETIVO, a posição psicológica do possuidor. 
Então, concluímos sumariamente que posse de boa fé é aquela em que o possuidor se encontra na convicção inabalável de que a coisa realmente lhe pertence. 
É a crença do possuidor de se encontrar em sua situação legítima. O possuidor reputa-a como legítima e desconhece qualquer causa que impeça a aquisição do exercício sobre a coisa.
AULA 14
TEORIA GERAL DA POSSE
14. POSSE DE BOA-FÉ E DE MÁ-FÉ- CONTINUAÇÃO
Nessa conceituação de posse de boa-fé dois fenômenos se apresentam: a aquisição da coisa por usucapião e a questão dos frutos e benfeitorias da coisa possuída. 
A usucapião está balizada em vários institutos, ou melhor, em requisitos que a norma determina, tornando essenciais para que o requerimento da propriedade seja aceito, sendo que um deles é a boa-fé. 
Caso o possuidor esteja utilizando a má-fé, em alguns não será concedida a propriedade, pela ausência do requisito.
Também a boa-fé é citada, no momento da colheita dos frutos para aquele que semeou ou construiu em terreno alheio.
Enfim a boa-fé se apresenta de vários modos no que concerne ao termo posse, sendo que veremos outras aplicações, no decorrer do curso.
A posse de má-fé é aquela em que o possuidor tem o conhecimento da sua ilegitimidade, motivada no vício ou obstáculo ou seu exercício; o possuidor sabe que possui a coisa indevidamente. 
A má-fé vicia o negócio, a posse e as demais relações, vejamos abaixo extrato de um artigo extraído de Direito Vivo - 21 de Janeiro de 2011 com o título “Banco é condenado a pagar indenização por lucros obtidos na posse de má-fé”, tendo como autoria o TRT da 3ª Região:
O artigo 1.216 do Código Civil estabelece que: O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé. Utilizando esse dispositivo legal para fundamentar sua sentença, o juiz Léverson Bastos Dutra, titular da 4ª Vara do Trabalho de Juiz de Fora, acentuou que esse instituto, apesar de ser próprio do Direito Civil, é compatível com o Direito do Trabalho, podendo ser aplicado em situações especiais. É que, quando o empregador é uma instituição financeira, o crédito trabalhista sonegado aos empregados tende a se transformar em matéria-prima para a ampliação dos ganhos da empresa, obtidos mediante aplicações financeiras ou empréstimos a terceiros sob juros elevados. Foi essa a situação examinada pelo magistrado. No seu entender, agiu de má-fé o banco que, de forma intencional e sistemática, descumpriu obrigações trabalhistas óbvias, com o intuito de obter lucro fácil a partir do dinheiro que deveria ser destinado ao pagamento de parcelas salariais.
Verifica-se que a má-fé extrapola os limites do tema em questão, mas é primado transversal, mas retorno ao nosso universo posse, esta vicia a posse quando o possuidor conhece de sua ilegitimidade. 
A boa-fé é presumida, a má-fé provada.
Sobre presunção de boa fé o artigo. 1.201, em seu parágrafo único cita que: “o possuidor com justo título tem por si a presunção de boa fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite essa presunção”. 
Então o possuidor com um justo título (um contrato registrado, por exemplo) receberá a percepção que age de boa-fé, ou seja, é o legítimo possuidor do bem.
Justo título não é apenas o documento ou instrumento, mas é também o estado de aparência que leva a concluir estar o sujeito gozando de boa posse. Ex.: herdeiro aparente, cujo título e ignorância de outros herdeiros faz presumir se ele justo possuidor. 
Trata-se do fato gerador do qual a posse deriva. Ex.: concubina tem justo título na posse de bens comuns do casal, quando do falecimento do companheiro. 
Transferência da posse de boa fé em posse de má-fé é possível??
O artigo 1.202 dispõe: “A posse de boa fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente”. Ex.: a citação em uma ação é uma dessas circunstâncias que demonstram a transformação da posse de boa fé em posse de má-fé, pois em razão dela (citação), recebendo a cópia da petição inicial, o possuidor toma ciência dos vícios de sua posse (RTJ 99:804; RJTJRS 69:393). 
O possuidor precário (comodato, depósito), sempre o será, salvo expressa concordância do possuidor pleno. Por isso é admitida prova em contrário. 
O locatário, por exemplo, somente poderá possuidor como proprietário se adquirir a coisa do proprietário (a isso parte da doutrina chama de inversão do título = alteração do título da posse). 
AULA 15
TEORIA GERAL DA POSSE
15. POSSE NOVA E POSSE VELHA 
É relevante o conhecimento e distinção da posse nova e da posse velha e quais são suas características.
Simples é a definição de uma e de outra; posse nova é a de menos de ano e dia e posse velha é a de mais de ano e dia, ou seja, mais de ano e dia.
O Código Civil de 1916, no seu artigo 507 fazia a distinção entre posse nova e posse velha. Posse nova: tivesse menos de ano e dia; posse velha: tivesse mais de ano e dia. 
O Código de 2002 não se refere expressamente, mas de modo genérico a estas duas situações, mas pelo Código de Processo Civil, depreendemos sua importância em seu artigo 924 admite a questão da posse nova e posse velha. 
Este dispositivo (do Código de Processo Civil, artigo 924) possibilita a concessão de liminar initio litis ao possuidor despojado ou ameaçado em sua posse quando intentada a ação dentro de ano e dia da turbação ou esbulho. 
Não se deve confundir posse nova com ação de força nova, nem posse velha com ação de força velha. Classifica-se a posse nova ou em velha quanto à sua idade, não a ação, mas, todavia para saber se a ação é de força velha ou nova, leva-se em conta o tempo decorrido (Pablo Stolze Gagliano) desde a ocorrência do esbulho ou da turbação.
O turbado ou esbulhado reagiu logo em seguida, ou seja, buscou o caminho judicial para a solução do conflito, poderá pleitear a concessão de liminar, por se tratar de ação de força nova.
Passado este prazo, o procedimento será ordinário, sem direito a liminar, sendo ação de força velha.
Uma ação de força nova não se transforma em ação de força velha com o decurso do tempo, exceto o do próprio requisito, é o que dispõe o TJDF ( Agravo de Instrumento 409593 DF).
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO POSSESSÓRIA DE FORÇA NOVA COM PEDIDO LIMINAR. JUSTIFICAÇÃO PREPARATÓRIA. A MARCHA PROCESSUAL DEVE OBEDE- CER A FORMA PRECONIZADA NO RITO, SENDO OBRIGATÓRIO, APÓS A JUSTIFI- CAÇÃO EM PROCESSO INTERDITAL, A MANIFESTAÇÃO DO JUÍZO A RESPEITO DO PEDIDO DE PROTEÇÃO INITIO LITIS. A AÇÃO DE FORÇA NOVA NÃO TRANSFORMA COM O TEMPO, DEPOIS DE REGULARMENTE APARELHADA, EM AÇÃO DE FORÇA VELHA.
Também a Alta Corte Mineira apresenta questão que envolve a ação de força nova:
Quanto à ação com base em força velha, deve se processar pelo rito comum (ordinário ou sumário). Nas ações de força velha, firmo o entendimento de não é cabível a tutela antecipatória do mérito com base no artigo 273 do CPC, posto que produz os mesmos efeitos da liminar possessória do rito especial (ação de força nova). A concessão dos efeitos da tutela ocasionaria, para a ação de força velha processada pelo rito comum, os mesmos resultados da ação de força nova, pelo que entendo não ser admissível. Não obstante meu entendimento acerca desta questão, no caso, encontra-se patente nos autos que a ação foi ajuizada após ter decorrido mais de ano e dia da data do esbulho, ou seja, trata-se de posse de força velha, portanto, entendo não estarem demonstrados os requisitos exigidos para a antecipação dos efeitosda tutela com base no art. 273 do CPC, notadamente fundado receio de dano irreparável. Assim, o risco de ocorrência efetiva de um dano de difícil reparação é requisito imprescindível à concessão da medida em caráter geral e antecipatória. A ausência de elementos que demonstrem "in limine" claramente o risco que impeça a efetividade da tutela final impede, em princípio, a antecipação de efeitos a ela inerentes, pelo que entendo que a decisão proferida pela MMª. Juíza de primeira instância para cassar a decisão que deferiu a reintegração de posse em sede de antecipação dos efeitos da tutela e, via de consequência, a multa arbitrada. Com essas considerações, RECURSO PROVIDO para cassar a decisão proferida pela MMª. Juíza de primeira instância que deferiu a reintegração de posse em sede de antecipação dos efeitos da tutela, pelos fundamentos constantes deste voto.
Percebe-se que a posse nova não foi demonstrada e nem o risco iminente, razão pela qual não deferida à tutela.
Enfim, embora de parco conceito o tema posse nova e posse velha detém relevância ímpar em nosso ordenamento e no instituto posse.
AULA 16
TEORIA GERAL DA POSSE
16. POSSE NATURAL OU POSSE CIVIL OU JURÍDICA.
Segundo o Prof. Limongi França é a posse que se constitui pelo exercício de poderes de fato, sobre a coisa, ou seja, que se assenta na detenção material e efetiva da coisa (ipsis).
Posse civil ou jurídica é a que se adquire por força de lei, sem necessidade de atos físicos ou de apreensão material da coisa.
O constituto possessório é um exemplo do caso: A vende sua casa a B, mas continua no imóvel como inquilino, então B torna-se possuidor da coisa de modo indireta e A permanece da condição de possuidor direito. Situação está que já se encontrava antes da alienação.
Posse civil, então é aquele que se transmite ou se adquire pelo título, adquirindo a posse por qualquer um dos modos admitidos, lembrando que a jurisprudência considera valida a transmissão da posse por meio da escritura pública, então podemos concluir que em vários casos a posse jurídica é que se apresenta nas relações negociais.
Na esteira da posse natural, vem se evidenciado uma nova forma de posse, ou melhor, uma forma de posse ainda não objeto de maiores ilações dos juristas, que é a realidade da Amazônia e arredores, com caracteres próprios de ocupação do solo rural ( em contrariedade ao urbano, de fato são florestas), em que a posse foi abandonado pelos seus legítimos proprietários, fazendo-se ocupar por terceiros , neste sentido, abaixo trecho de artigo extraído no sítio virtual do conselho Federal de Justiça :
Os principais elementos da posse agroecológica, devido a sua própria origem, advém da posse agrária, acrescidos de outros que lhe são peculiares, a saber:
a) Na posse agroecológica o trabalho também é valorizado como forma de adquirir a terra, consequentemente, é um fato social que têm transcendência econômica, pois a atividade agrária desenvolvida pelo possuidor constitui em um valor econômico. Além de visar uma função econômica e social, ela também tem por fim tutelar os interesses culturais e ambientais;
b) Por ser um fenômeno possessório, ela só existe como uma ação concreta, um fenômeno real, visível e tangível. A posse agroecológica é dinâmica, exige a efetiva exploração da terra, porém a compreensão de exploração da terra está ligada a atividade agroextrativa, centrada no uso sustentável dos recursos naturais;
c) Posse agroecológica ocorre somente sobre um bem, não sobre um direito. Seus atos possessórios são exercidos sobre imóveis agrários e não sobre direitos ou bens móveis. Uma de suas características essenciais está exatamente no fato de que ela ocorre através da vinculação à terra, desenvolvida por meio de atividades agrárias, mas se manifesta através de uso coletivo dos recursos naturais, com a presença de práticas de trabalho familiar, baseadas no agroextrativismo. Há uma conjugação entre o apossamento familiar com o apossamento coletivo;
d) Outro elemento importante da posse Agroecológica é a área de uso comum, pois é em torno dela e para garantir o acesso e uso comum dos recursos naturais, que se estruturam a coesão e a cooperação do grupo social que dela se utiliza. Com o intuito de assegurar a área de uso comum são estabelecidas normas de caráter consensual, fundamentadas em uma legitimidade que o grupo vai construindo no processo histórico de apossamento da área;
e) A distinção entre o que é respeitado pelo grupo como sendo de uso comum e os espaços considerados de utilização familiar, se dá pelo trabalho. Toda atividade agrária (seja agrícola ou extrativa) que demanda trabalho e manutenção da área, para que nela se possa desenvolver uma atividade é considerada como posse familiar. Logo, casa, roça, capoeira, estrada de seringa ou castanha são espaços identificados a uma determinada família, pois são resultados de seu trabalho.
(http://www.cjf.jus.br/revista/numero3/artigo07.htm)
AULA 17
TEORIA GERAL DA POSSE
17 POSSE “PRO-DIVISO” E POSSE “PRO-INDIVISO”
O fenômeno da composse está caracterizado de dois pressupostos: pluralidade de sujeitos e a existência de uma coisa indivisa ou que se encontre em estado de indivisão.
A composse é prevista artigo 1.199 do Código Civil de 2002 é também chamada de compossessão, posse comum ou simultânea.
O condomínio é um exemplo da composse, mas com alguns caracteres próprios, podemos depreender que há, neste caso um domínio comum e posse exclusiva; domínio exclusivo e posse comum; e domínio comum e posse comum. 
Geralmente, o condomínio pressupõe a composse.
 Há a regra geral no Direito Civil que sempre que uma coisa for possuída, simultaneamente, por mais de uma pessoa teremos a composse, vejamos:
 - entre os cônjuges que, casados sob o regime da comunhão de bens, exercem uma posse comum sobre os bens que integram o patrimônio do casal;
 - quando da abertura da sucessão e até o momento da partilha dos bens que integram o acervo hereditário, entre os herdeiros, por força do disposto do artigo 1.784 do Código Civil de 2002 que determina:
- na formação das sociedades, com a formação do patrimônio comum, entre outros.
Relembramos o instituto composse, para que o discente fixe os conceitos abaixo que envolve a posse pro-diviso e posse pro indiviso.
Na posse pro-diviso o compossuidor exerce a posse sobre coisa certa, lugar determinado, a composse subsiste de direito, mas não de fato.
Já na posse pro indiviso o compossuidor não exerce posse sobre qualquer trecho do imóvel, razão pela qual a composse existe tanto de direito quanto de fato. 
Tratando-se de posse pro-indiviso, o possuidor tem direito de ser respeitado na porção da coisa que ocupa, inclusive pelos demais compossuidores.
Cessa a composse quando for extinta a relação jurídica que lhe deu causa ou for extinto o estado de indivisão da coisa que a determina. 
Assim, a partilha põe fim à composse instituída por lei através do inventário conforme prevê o art. 1.784 do C.C. 
Com a dissolução conjugal, extingue-se a composse sobre os bens comuns do casal ou da sociedade conjugal. Pela divisão da coisa ou de seu preço, caso se trate de bem indivisível extingue-se o condomínio e, consequentemente, a composse também. 
Toda e qualquer divergência acaso existente entre os compossuidores, de como usar a coisa comum ou como assentar a posse exclusiva de cada compossuidor, não será resolvida pelos interditos possessórios.
Abaixo, transcrição parcial de decisão, onde a posse pro-diviso é apresentada, alteramos alguns nomes ou termos para não comprometer as partes, embora esteja disponível ao público, vejamos: 
Argumentaram os agravantes, em síntese, que são legítimos cessionários de direitos hereditários e possuidores diretos de uma gleba de terras localizada em local denominado Fazenda XXX. Sustentaram que no total seriam 08 (oito) herdeiros, mas que adquiriram, mediante termo de cessão hereditária, as cotas dos demais herdeiros, menos a parte dos agravados, que estariam utilizandoas partes do imóvel que agora pertencem aos agravantes. Aduziram que sofreram esbulho por parte dos agravados, e que sem a indispensável aquiescência dos agravantes realizaram um corte na cerca de propriedade deles, fazendo com que várias rezes de propriedade dos agravados adentrassem na área pertencente aos agravantes. Afirmaram que têm o legítimo direito de serem reintegrados na posse do imóvel esbulhado. Alegaram que a posse, no caso, é pro diviso, vez que cada qual dos herdeiros possui área certa e delimitada, mesmo ausente a partilha judicial, pois já teria havido divisão cômoda pelos herdeiros. Ao final, após apresentadas suas razões de inconformismo, os agravantes requereram o provimento do recurso para que seja reformada a r. decisão hostilizada. 
"Ausente o requisito da aparência do bom direito, porquanto, em princípio, verifica-se que há composse de terreno rural ainda não oficialmente dividido, INDEFIRO O PEDIDO DE LIMINAR RECURSAL, DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. 
MÉRITO 
Consta dos autos que os agravantes ajuizaram ação de reintegração de posse com pedido de liminar contra os agravados alegando terem sofrido a prática de esbulho possessório por parte dos agravados. Cinge-se o presente recurso ao inconformismo acerca da decisão do MM. Juiz de f. 48-TJ, que indeferiu a liminar pleiteada pelos autores, ora agravante. Constou da decisão: "Trata-se de pedido de liminar feito em sede de ação de reintegração de posse. Pela análise dos autos entendo que o direito não ampara a pretensão do requerente. Com efeito, aduz o autor na inicial que conjuntamente com o requerido, seu irmão, herdou uma gleba de terra de seu falecido genitor. No total seriam oito herdeiros, sendo que o autor adquiriu dos, mediante termo de cessão hereditária as cotas dos demais herdeiros, menos a parte que tocou para o requerido, o qual estaria utilizando partes do imóvel que teria ficado para o autor, por força de uma divisão "cômoda" realizada pelos herdeiros. Ora, o requerido não concordou com a divisão feita pelos demais herdeiros segundo informou na audiência de justificação. Então, há de se perguntar: Para quem foi cômoda a divisão realizada? Talvez tenha sido para os sete herdeiros, mas não para o requerido, pois, caso contrário, já haveriam, inclusive, realizada a partilha de forma amigável. Sendo assim, nos precisos termos do artigo 1791 e seu parágrafo único do CC, e mais artigos 1.793 parágrafo 2º, tem se que os herdeiros possuem apenas parte ideal da herança até a realização da partilha judicial, ou, da amigável homologada pelo Juiz, mas não em partes individualizadas conforme informa o autor na inicial. Todos os herdeiros possuem o direito sobre o espólio como um todo, situação que somente terá fim com a partilha, conforme acima dito. Sendo assim, o requerido não poderia estar usurpando ou esbulhando a própria posse. Portanto, inexiste, a meu ver o "fumus boni juris" para o deferimento da liminar" Em sua irresignação, os agravantes sustentaram que têm o legítimo direito de serem reintegrados liminarmente na posse do imóvel esbulhado ao argumento de que a posse, n o caso, é pro diviso, vez que cada qual dos herdeiros possui área certa e delimitada, mesmo face à ausência de partilha judicial. 
 
AULA 18
TEORIGA GERAL DA POSSE
18. AQUISIÇÃO DA POSSE
Quanto aos meios e formas de se adquirir a posse, o código Civil de 2002, apresenta em seu artigo 1.204, o momento da sua transmissão.
A posse é um mero estado de fato, que pode ser demonstrado como, diverso do que ocorre na propriedade onde esta deve ser provada, então o referido artigo apresenta qual momento se deve fixa para a compreensão do tema:
Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
A aquisição da posse, então, se dá no momento da manifestação do poder de exercício do titular perante o bem.
Então, a aquisição se manifesta por qualquer modo de concretização que seja lícita realizar, como por exemplo, a apreensão, a alienação, a tradição, ou seja, qualquer operação inter vivos ou causa mortis.
18.1 MODOS ORIGINÁRIO E DERIVADO DE AQUISIÇÃO DA POSSE -CONCEITOS
A aquisição da posse se apresenta na forma derivada ou originária.
A forma derivada de aquisição da posse pressupõe a existência da posse anterior, ou seja, um possuidor transmite a posse a outro, pelos meio admitidos, já citados.
Neste caso, há anuência do possuidor anterior na transmissão, a tradição é precedida de negócio jurídico, transferindo a posse do alienante ao adquirente.
A aquisição originária, por outro lado, não pressupõe a transmissão, ou seja, não há translatividade de um possuidor para outro, é o que acontece no esbulho, onde o antigo possuidor não transmite a posse, ou seja, não há consentimento nessa transmissão.
O modo de aquisição originário a posse pode conter vícios, pois o apossamento de coisa da natureza, sem dono, não se apresenta na forma nodoada, mas em regra a aquisição de bens móveis e imóveis detém de algum modo uma contaminação, ou seja, o possuidor anterior estava na posse de má-fé, por havê-la adquirido de modo violento, por exemplo, tais vícios desaparecem ao ser ele esbulhado, desde que inexista qualquer relação negocial.
O mesmo não acontece na forma derivada, o vício é transmitido.
O adquirente recebe todos os vícios que nodoavam a posse anterior, assim se o anterior se desfrutava de uma posse clandestina, violenta ou precária, estas permanecerão como predicados da posse posterior, ou seja, aplicável o artigo 1.203 do Código Civil, em que a posse conservará o mesmo caráter de antes.
A definição de aquisição originária e derivada não é superficial, implicando na natureza jurídica do negócio, veja extrato de um artigo que compreende a aquisição originária nas arrematações judiciais (Pedro Miglioli in Conceito de Aquisição Originária nas Arrematações Judiciais-artigo):
O entendimento doutrinário majoritário é no sentido de que qualquer das espécies de expropriação será sempre o modo de aquisição originário, o que significa que o título de domínio do expropriante não deriva de um título anterior. Não há a transferência da propriedade do expropriado para o adquirente. Não há relação entre adquirente-expropriado-bem. A relação é linear (adquirente-bem).
Quando ao modo é originário, surge uma nova situação de fato, que pode ter outros defeitos, mas não os vícios anteriores, pois o mesmo artigo 1.207, em seu final apresenta a faculdade do sucessor singular unir a sua posse à de seu antecessor, para os efeitos legais. Continuemos o tema na próxima aula.
AULA 19
TEORIA GERAL DA POSSE
19 MODOS DE AQUISIÇÃO DA POSSE
19.1 AQUISIÇÃO ORIGINÁRIA
Apropriação do bem- é a situação pela qual o possuidor passa a ter condições de dispor da coisa livremente, excluindo a ação de terceiros e exteriorizando o domínio.
A apreensão, segundo Maria Helena Diniz, é modo unilateral de aquisição da posse, pois estamos diante das coisas abandonadas (res derelictae) ou das coisas de ninguém (res nullius).
Também ocorre apreensão com a existência de vícios, ou seja, sem o consentimento, por meio da violência clandestina ou precariedade.
O exercício de direito é outra forma de aquisição originária da posse, que tem por objetivo a utilização econômica, trata-se com relação ao objeto da relação, no caso, a possessória com relação a servidão e ao uso, por exemplo.
Entendendo o caso: se alguém ocupar terreno alheio para construir um aqueduto (exemplo da Prof. Maria Helena Diniz), utilizando-o , sem oposição, mas sem consentimento está diante de uma posse servidão, que por decorrência poderá abrigar-se no interditos, se necessário.
O exercício do direito não se confunde como gozo, temos naquele a possibilidade, ou melhor, o poder de usar o direito, utilizá-lo, ou seja, é a realização do poder que ele contém.
A possibilidade de dispor da coisa é também um modo de exercício, também considera uma forma de exteriorização do poder, em que o possuidorse apresenta como titular do direito, sendo assim consonante com os institutos que envolvem a posse.
19.2 MODO DERIVADO DE AQUISIÇÃO DA POSSE
A aquisição derivada, também denominada bilateral é aquele em que o titular anterior consensualmente transmite a posse ao adquirente.
A posse é transmitida pelo possuidor a outrem.
A transmissão pode ocorrer pela tradição, pelo constituto possessório e por meio da sucessão inter vivos e causa mortis.
A tradição é um resultado de uma transação jurídica entre pessoas que transmitem a posse, é derivada de ato jurídico ou de um negócio jurídico, de alienação, quer a título gratuito ou oneroso.
A aquisição da posse se dá, em regra, pela tradição, que constitui modo bilateral, uma vez que pressupõe um consenso entre as partes, envolvidos na aquisição e na perda da posse, àquele que recebe e este que transmite a posse.
A tradição pode ser real, simbólica ou ficta.
 Será real quando a coisa for realmente entregue a outra pessoa. Por exemplo: quando a pessoa vai até uma loja, e compra um sapato, e este é entregue à compradora.
Será tradição simbólica quando um ato simbolizar a entrega da coisa. Por exemplo: quando em programa de televisão, ao ganhar um carro, o apresentador entrega as chaves ao ganhador.
A tradição ficta é aquela que a pessoa que já tinha a posse direta da coisa torna-se proprietário.
 Exemplo: depositário fiel, que é possuidor direto da coisa, torna-se proprietário.
Apesar da grande importância da tradição há situações em que ela pode ser dispensada, como exemplifica o Prof. Carvalho Santos:
- Na abertura da sucessão legítima, ou testamentária aos herdeiros e legatários em caso de coisa certa;
- Na celebração do casamento realizado sob o regime de comunhão universal, em que a transferência do domínio efetua-se independentemente de tradição;
- por força dos pactos antenupciais, a contar da data do casamento, ao cônjuge adquirente; 
- no caso de contrato de sociedade de todos os bens, em que a transferência se opera com a assinatura do referido contrato, entendendo-se haver a tradição tácita; 
- da mesma forma na sociedade particular, em que a transferência se opera com a simples aquisição dos bens comunicáveis;
O eminente Prof. Carlos Roberto Gonçalves também lembra que:
...sendo a tradição ato complementar do negócio jurídico, para que gere o seu principal efeito, que é a transferência do domínio, necessário se torna que o negócio em tela seja válido...
 Se este é invalido, a tradição que nele se apoia não pode, tampouco, ganhar eficácia.
AULA 20
TEORIA GERAL DA POSSE
20. AQUISIÇÃO DA POSSE
20.1 LEGITIMIDADE PARA SE ADQUIRIR A POSSE
O artigo 1205 do novel Códex apresenta as pessoas que podem adquirir a posse:
A posse pode ser adquirida:
I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;
II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.
Verifica-se que qualquer pessoa por adquirir a posse, exceto os incapazes que deverão utilizar-se de seus representantes.
O Código Civil Português, em seu artigo 1.266 dispõe que “pode adquirir posse todos os que tem uso da razão, e ainda os que o não o tem, relativamente as coisa suscetíveis de ocupação”, ou seja, a aquisição da posse não meramente um negócio jurídico, mas uma aquisição acompanhada: o adquirente somado à capacidade jurídica.
O Código não se refere a aquisição por procurador, como era apresentado pelo Código de 1916, apresenta a figura do “representante”, compreendo por uma ficção legal, que a vontade do representante é a vontade do representado.
Ainda sobre capacidade, observamos as questões que envolvem o nascituro, pois este não pode adquirir a posse por não possui capacidade de direito, puras expectativas somente, mas é possível que terceiros declinem bens ao nascituro, por ato causa mortis ou inter vivos, lembrando a necessidade de nascimento com vida.
Na mesma seara vejamos abaixo orientações do Ministério Público do Distrito Federal acerca de da Instrução Normativa da Receita Fedral que enfatiza a questão das pessoas incapazes ou deficientes físicos e forma de aquisição pelo representante, fazendo referência ao Decreto regulador:
INSTRUÇÕES PARA AQUISIÇÃO DE VEÍCULO POR PESSOAS COM DEFICIÊNCIA (MPDF)
1 - ISENÇÃO DE IPI
As pessoas portadoras de deficiência física, visual, mental severa ou profunda, ou autistas, ainda que menores de dezoito anos, poderão adquirir, diretamente ou por intermédio de seu representante legal, com isenção do IPI, automóvel de passageiros ou veículo de uso misto, de fabricação nacional, classificado na posição 8703 da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados – TIPI, aprovada pelo Decreto nº 4.070, de 28 de dezembro de 2001.
A condição de pessoa portadora de deficiência mental severa ou profunda, ou a condição de autista, será atestada conforme critérios e requisitos definidos pela Portaria Interministerial SEDH/MS nº 2, de 21 de novembro de 2003. Ou seja, para a finalidade de concessão do benefício previsto no inciso IV do artigo 1º da Lei nº 8.989, de 24 de fevereiro de 1995. 
De fato, há limitações para a figura do adquirente da posse que em alguns casos necessitará de outra pessoa agindo em seu nome.
Entendemos e colacionando Roberto de Ruggiero, que a aquisição por meio de outrem é subordinada a duas condições:
I - É preciso que o representante tenha vontade de ter ou exercer o direito por conta alheia, e não por si. 
A sua vontade deve destinar-se a adquirir por nós, de modo que nada adquiriríamos se ela se dirigisse ao próprio ou a um terceiro.
II – O segundo requisito se refere à vontade do representado. 
A forma mais comum de manifestar esse ânimo é a de um mandato que conferimos a outrem para tomar posse de uma coisa em nosso nome ou para gerir uma coisa nossa.
AULA 21
TEORIA GERAL DA POSSE
21. PERDA DA POSSE
“Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem”.
O Código Civil de 2002, novamente não elenca, não dispõe quais os casos em que a posse venha a ser perdida, mas enuncia o modo geral de como há a perda, ou seja, o titular não realizando o ato de poder sobre coisa não será mais possuidor, por sua vontade ou contra ela própria.
É possuidor aquele que se comporta que exterioriza todos os poderes inerentes ao domínio, desde o momento em que não se comporte dessa forma ou é privado desse poder, perderá a posse. 
A configuração do abandono, além da ausência de vontade também o afastamento do corpus, ou seja, a perda do corpus e do animus.
Lembrando que nem sempre é fácil apurar a ausência de animus. 
Perde-se a posse nas seguintes situações:
- Pelo abandono, que se dá quando o possuidor renuncia à posse, manifestando, voluntariamente, à intenção de largar o que lhe pertence. A perda definida ocorrerá, na realidade com a apreensão da posse por outrem.
É importante ressaltar que não necessariamente abandonara posse significa abandono da propriedade.
Abandonar significa afastar-se da coisa intencionalmente.
- Pela tradição (traditio) quando envolve a intenção de transferir a coisa definitivamente a alguém, como ocorre na compra e venda, na transmissão da possa plena e em outros casos similares.
A entrega da coisa com o ânimo de efetuar o negócio jurídico, sem nenhum vício, gera a perda da posse por parte do primeiro titular e a nova aquisição pelo segundo, o adquirente.
Anteriormente já citamos as vários formas de tradição ( real, ficta e simbólica).
- Pela perda da posse propriamente dita-neste caso a bem irá ocorre quando houver o desaparecimento de um bem determinado, tornando-se não mais possível de se concretizar o poder físico que existia, ou seja, com a perda da coisa o possuidor é privado da posse existente, podendo esta privação ser com ou sem a vontade do possuidor, caracterizando assim a perda da posse.
- Pelo perecimento do objeto - pode ser resultado de acontecimentos natural, fortuito ou mesmo provocado pelo próprio possuidor, o que extinguirá o direito a posse. Podemos

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