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DIREITO EMPRESARIAL 2ª Aula ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA Fases de formação do direito empresarial - Roque (2003, p. 49) Fases de formação no ordenamento jurídico brasileiro Fases de formação do direito empresarial – Fazzio Júnior (2008, p. 05). 1ª Fase: A mercantil (de 1.553 a 1.807). 1ª Fase. Código Comercial (Lei n.º 556 de 25/06/1.850). 1ª Fase. A relação jurídica mercantil definida pela qualidade do sujeito (o direito comercial como direito de uma corporação profissional, a dos comerciantes). 2ª Fase: A comercial (de 1.807 a 1.942). 2ª Fase. Influências do Código Civil Italiano de 1.942. 2ª Fase. A relação jurídica mercantil definida pela natureza do objeto (o direito comercial como direito dos atos de comércio). 3ª Fase: A empresarial (de 1.942 a nossos dias). 3ª Fase. Código Civil de 2.002 (Lei n.º 10.406 de 10/01/2.002). 3ª Fase. O direito comercial como direito das relações decorrentes da atividade empresarial. O comércio é a forma evoluída da troca. A moeda transformou a troca na compra e venda: “Desde então já se não chamaram mais mercadorias ambas as coisas, mas uma somente: a outra passou a chamar-se preço” (Waldemar Ferreira, 1960, p. 16). Coordenou os agentes naturais, capital e trabalho em unidades econômicas, impulsionado pelo crédito. Importância do capitalismo. O comércio passou a ser orgânico, sendo função social exercida por inúmeras pessoas como atividade profissional. Transporte marítimo, abertura das vias terrestres por caravanas, incremento de feiras, solenidades etc. ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA “criou-se, para o exercício da função orgânica medianeira e especulativa do comércio, mecanismo que compreendeu grande cópia de atos e de contratos, quanto de institutos privados, e alguns até de natureza pública, se não de caráter misto, cujo funcionamento se regulou por preceitos de Direito Consuetudinário, universalizados pelo tráfico internacional do comércio marítimo ou terrestre” (Waldemar Ferreira, 1960, p. 21). Desde sempre houve quem ofercesse bens da vida a quem os desejasse. Nomadismo dos mercadores primitivos. Passo seguinte e a busca de outros bens faltantes em determinada localidade para apresentá-los onde os mesmos não eram encontrados. Paralelamente, surge a pirataria, desenvolvendo-se tanto quanto as ações dos mercadores, à sombra do comércio. ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA Corsário. Um corso, ou corsário, (do italiano corsaro, comandante de navio autorizado a atacar navios) era um pirata que, por missão ou carta de corso (ou "de marca") de um governo, era autorizado a pilhar navios de outra nação (guerra de corso), aproveitando o fato de as transações comerciais basearem-se, na época, na transferência material das riquezas. Teoricamente, um não corso com uma carta de marca poderia ser considerado como pirata, desde que fosse reconhecido pela lei internacional. Sempre que um navio corso fosse capturado, este tinha de ser levado a um Tribunal Almirantado onde tentava assegurar de que era um verdadeiro corso. Contudo, era comum os corsos serem apresados e executados como piratas pelas nações inimigas. ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA Por vezes, em locais de altíssima devoção como Santuários, estabeleceram-se rotas e feiras para o exercício do comércio. Por vezes, Mosteiros tinham seus próprios mercados. Algumas vezes os missionários eram ao mesmo tempo mercadores e vice-versa, tanto que os locais menos cristianizados tiveram por coincidência, um comércio menos desenvolvido. Caracterizava-se por periodicidades e provisoriedade. Caravanas, agregados de mercadores e peregrinos. Desenvolvimento de atividades paralelas como Protetores, Chefes, Guias, Escoltas, Conselhos, Sacerdotes, Juízes, Servidores, Escribas etc. Fundação de Portos, Vilas e Cidades, necessários a propiciar o suporte necessário. Desenvolvimento da navegação marítima e fluvial. Do objetivo primário da pesca, passa-se ao interesse das transações comerciais. ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA Código de Hamurabi. É ponto comum a menção do Código de Hammurabi, que se afirma ser o texto jurídico mais antigo existente, gravado em bloco de dorita, datado de aproximadamente 2.083 a.C. e tendo sido descoberto em 1.901 na cidade de Susa, na Pérsia. Apesar do grande número de normas, que se supõe seja uma compilação de normas consuetudinárias babilônicas, não está plenamente legível, o que coloca em dúvida a existência de uma regulação do direito mercantil. Lex rhodia de jactu. O instituto da lex rhodia de jactu tem origem no comércio marítimo e foi estabelecida ante a necessidade de se proceder o alijamento de mercadorias para conseguir aliviar as embarcações, ficando estabelecido que todos os que se beneficiaram deste alijamento fiquem obrigados a ressarcir o que perdeu a mercadoria ao mar. ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA Lex rhodia de jactu. Este instituto, nascido do direito consuetudinário comercial marítimo entre povos antigos, em especial os fenícios, foi absorvido no Digesto de Justiniano e transmitido como norma no tempo e espaço. Prova disso é o art. 764, II do Código Comercial Brasileiro que aduz serem avarias grossas as coisas alijadas para salvação comum. Nota de rodapé n.º 02, p. 13 do curso de direito comercial de João Eunápio Borges, onde se lê: “Digesto, 14, 2, De lege Rhodia de jactu: ‘1 – Paulus libro II, Sententiarum – Lhege Rhodia Cavetur, ut, si leviandade navis graita iactus mercium factus est, omnium contributione sarciatur, quod pro omnibus datum est’. Isto é, dispõe-se na lei Rhodia que se para aliviar um navio se fez alijamento de mercadorias, seja ressarcido pela contribuição de todos o dano que em benefício de todos se causou”. ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA Nauticum foenus. Atribui-se aos gregos a origem da comenda e de instituições bancárias. Todavia, o principal legado é o nauticum foenuns, que se caracterizava como um empréstimo e seguro marítimo trajetício, no qual os capitalistas podiam fazer empréstimos a taxas bem elevadas, comumente proibido, sendo que só poderiam receber o capital e os juros convencionados se a expedição marítima tivesse êxito com o transporte da mercadoria e o retorno do navio a salvos. Roma. Escreve J. X. Carvalho de Mendonça (1963, p.50) que os romanos não tiveram um direito comercial, ou seja, um corpo de leis voltado para a atividade mercantil. Portanto, a compreensão do direito privado era unitarista, não havendo divisão em direito comercial e direito comum, apenas este último, que acaba por regular todas as relações, inclusive as comerciais Daí a origem do jus gentium, passando a regular relações comerciais entre romanos e estrangeiros ou escravos. ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA Idade Média. Os textos indicam que muitos dos institutos que hoje se compreende como de direito comercial surgiram neste período, é o caso dos bancos, sociedades, letra de câmbio e falência, por exemplo, surgidas a partir das práticas comerciais em especial nas cidades marítimas. Por sua riqueza, os comerciantes ocupam destacada posição social e impõem o exercício de autoridade através de suas corporações, as quais, por sua vez, cumpre o papel de proceder à normatização da vida comercial. Os servos passam a se meeiros dos senhores feudais, que transferem-se para cidades. Implementa-se o comércio marítimo para terras ainda mais distantes, à procura de produtos exóticos ou manufaturados. As Cruzadas facilitam o comércio terrestre. Apesar da posição canônica aumentam as comendas, na qual o fornecedor de dinheiro arriscava apenas a importância entregue ao capitão, que dividia os lucros. ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA Mercados efeiras. As Cruzadas influenciaram o comércio marítimo e com outras cidades, mas o comércio terrestre se desenvolveu em função das grandes feiras, primeiramente realizadas em datas fixadas, dando lugar a pratica de diversos atos, como o câmbio e banco. Notadamente quanto às feiras, destaca Ripert (1954, p. 18) que foi possível a conservação de vários documentos, tendo em vista que além do direito consuetudinário, também havia regulamentação no uso da polícia administrativa: “El Rey intervenía para reglamentar la policía de las ferias, lo que ha permitido que se conservaran numerosos documentos sobre el derecho de ferias. Las transacciones efectuadas em las ferias se regían por los usos particulares de los mercaderes de todos los países.” Ripert (1954, p. 18). ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA As Corporações. Estatutos das Cidades. “Esse era o Direito Consuetudinário, formado de normas emergentes do tráfico mercantil, consuetudo mercatorum. De gênero vário, continha preceitos de Direito Administrativo, de Direito Processual, de Direito Penal e de Direito Privado. Direito dos Comerciantes, era, ao mesmo passo, o das cidades. Não tardou que, depurado pelas corporações, se consolidasse em forma escrita, inscrevendo- se em volumes – os estatutos”. Waldemar Ferreira, 1960, p. 44/45. Jurisdição Consular. Surge a jurisdição consular dos Cônsules, encarregados de dizer o direito nos casos comerciais. Criam-se os Estatutos, instrumentos jurídicos da Municipalidade com regras aplicáveis aos comerciantes e suas operações. “Tinham essas normas caráter internacional, passando as regras comerciais a regular as transações de todos quantos compareciam às feiras. Podiam os cônsules não só resolver as questões que lhes fossem apresentadas como, inclusive, punir os culpados”. Martins (2011, p. 07). ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA Primeiros institutos de direito comercial. Surgem as primícias dos Bancos, a Letra de Câmbio, o processo da Falência, o câmbio marítimo, o seguro marítimo etc. Direito do comércio como direito profissional. “O Direito profissional mais antigo é o Direito do comércio. Disse-o Georges Ripert. Formou-se com o objetivo de assegurar o exercício regular e honesto da profissão” (Waldemar Ferreira, 1960, p.51). As Codificações. Código Napoleônico de 1807. Influenciou diversas outras nações, especialmente as regidas sob o sistema jurídico romano germânico. Passa-se a incorporar as regras anteriormente utilizadas, legisladas ou não, com a modificação constante de seus textos, o que se verifica em notória expansão. ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA BORGES, João Eunápio. Curso de direito comercial terrestre. Rio de Janeiro: Forense. 5ª ed. 3ª tiragem, 1976. CARVALHO DE MENDONÇA, José Xavier. Tratado de direito comercial brasileiro. Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos S/A. 7ª ed. vol. I, 1963. FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial. São Paulo: Editora Atlas, 9ª edição, 2008. FERREIRA, Waldemar. Tratado de direito comercial: estatuto histórico e dogmático do direito comercial. Primeiro volume. São Paulo: Saraiva, 1960. MARTINS, Fran. Curso de direito comercial. 34ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. RIPERT, Georges. Tratado elemental de derecho comercial. Traducción de Felipe de Solá Cañizares com la colaboración de Pedro G. San Martin. Tipografia Editora Argentina. Buenos Aires/AR, 1954, ROQUE, Sebastião José. Tratado de direito empresarial. São Paulo: Editora Ícone, 2003. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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