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Teoria da Comunicação
IT0027 - (Enem)
Só há uma saída para a escola se ela quiser ser mais bem-
sucedida: aceitar a mudança da língua como um fato. Isso
deve significar que a escola deve aceitar qualquer forma
da língua em suas a�vidades escritas? Não deve mais
corrigir? Não!
 
Há outra dimensão a ser considerada: de fato, no mundo
real da escrita, não existe apenas um português correto,
que valeria para todas as ocasiões: o es�lo dos contratos
não é o mesmo do dos manuais de instrução; o dos juízes
do Supremo não é o mesmo do dos cordelistas; o dos
editoriais dos jornais não é o mesmo do dos cadernos de
cultura dos mesmos jornais. Ou do de seus colunistas.
POSSENTI, S. “Gramá�ca na cabeça”. Língua Portuguesa,
ano 5, n. 67, maio 2011 (adaptado).
 
Sírio Possen� defende a tese de que não existe um único
"português correto". Assim sendo, o domínio da língua
portuguesa implica, entre outras coisas, saber 
a) descartar as marcas de informalidade do texto. 
b) reservar o emprego da norma-padrão aos textos de
circulação ampla. 
c) moldar a norma-padrão do português pela linguagem
do discurso jornalís�co. 
d) adequar as formas da língua a diferentes �pos de
texto e contexto. 
e) desprezar as formas da língua previstas pelas
gramá�cas e manuais divulgados pela escola. 
IT0347 - (Enem)
O complexo de falar di�cil
O que importa realmente é que o(a) detentor(a) do
notável saber jurídico saiba quando e como deve fazer
uso desse português versão 2.0, até porque não tem
necessidade de alguém entrar numa padaria de manhã
com aquela cara de sono falando o seguinte: “Por
obséquio, Vossa Senhoria teria a hipoté�ca possibilidade
de estabelecer com minha pessoa uma relação de
compra e venda, mediante as imposições dos códigos
Civil e do Consumidor, para que seja possível a obtenção
de 10 pãezinhos em temperatura estável para que a
relação pecuniária no valor de R$ 5,00 seja plenamente
legí�ma e capaz de saciar minha fome ma�nal?”.
O problema é que temos uma cultura de valorizar quem
demonstra ser inteligente ao invés de valorizar quem é.
Pela nossa lógica, todo mundo que fala di�cil tende a ser
mais inteligente do que quem valoriza o simples, e 99,9%
das pessoas que es�vessem na padaria iriam ficar
boquiabertas se alguém fizesse uso das palavras que eu
disse acima em plenas 7 da manhã em vez de dizer: “Bom
dia! O senhor poderia me vender cinco reais de pão
francês?”.
Agora entramos na parte interessante: o que realmente é
falar di�cil? Simplesmente fazer uso de palavras que a
maioria não faz ideia do que seja é um ato de falar di�cil?
Eu penso que não, mas é assim que muita gente age.
Falar di�cil é fazer uso do simples, mas com coerência e
coesão, deixar tudo amarradinho grama�calmente
falando. Falar di�cil pode fazer alguém parecer
inteligente, mas não por muito tempo. É claro que em
alguns momentos não temos como fugir do português
rebuscado, do juridiquês propriamente dito, como no
caso de documentos jurídicos, entre outros.
ARAÚJO, H. Disponível em: www.diariojurista.com.
Acesso em: 20 nov. 2021 (adaptado).
 
Nesse ar�go de opinião, ao fazer uso de uma fala
rebuscada no exemplo da compra do pão, o autor
evidencia a importância de(a)
a) se ter um notável saber jurídico. 
b) valorização da inteligência do falante. 
c) falar di�cil para demonstrar inteligência. 
d) coesão e da coerência em documentos jurídicos. 
e) adequação da linguagem à situação de comunicação. 
IT0030 - (Enem)
Óia eu aqui de novo xaxando
Óia eu aqui de novo para xaxar
 
Vou mostrar pr'esses cabras
Que eu ainda dou no couro
Isso é um desaforo
Que eu não posso levar
Que eu aqui de novo cantando
Que eu aqui de novo xaxando
1@professorferretto @prof_ferretto
Óia eu aqui de novo mostrando
Como se deve xaxar
 
Vem cá morena linda
Ves�da de chita
Você é a mais bonita
Desse meu lugar
Vai, chama Maria, chama Luzia
Vai, chama Zabé, chama Raque
Diz que eu tou aqui com alegria
BARROS, A. Óia eu aqui de novo. Disponível em:
www.Iuizluagonzaga.mus.br. Acesso em: 5 maio 2013
(fragmento).
 
A letra da canção de Antônio de Barros manifesta
aspectos do repertório linguís�co e cultural do Brasil. O
verso que singulariza uma forma caracterís�ca do falar
popular regional é: 
a) “Isso é um desaforo”. 
b) “Diz que eu tou aqui com alegria”. 
c) “Vou mostrar pr'esses cabras”. 
d) “Vai, chama Maria, chama Luzia”. 
e) “Vem cá morena linda, ves�da de chita”. 
IT0024 - (Enem)
As narra�vas indígenas se sustentam e se perpetuam por
uma tradição de transmissão oral (sejam as histórias
verdadeiras dos seus antepassados, dos fatos e guerras
recentes ou an�gos; sejam as histórias de ficção, como
aquelas da onça e do macaco). De fato, as comunidades
indígenas nas chamadas “terras baixas da América do
Sul” (o que exclui as montanhas dos Andes, por exemplo)
não desenvolveram sistemas de escrita como os que
conhecemos, sejam alfabé�cos (como a escrita do
português), sejam ideogramá�cos (como a escrita dos
chineses) ou outros. Somente nas sociedades indígenas
com estra�ficação social (ou seja, já divididas em
classes), como foram os astecas e os maias, é que surgiu
algum �po de escrita. A história da escrita parece mesmo
mostrar claramente isso: que ela surge e se desenvolve -
em qualquer das formas - apenas em sociedades
estra�ficadas (sumérios, egípcios, chineses, gregos etc.).
O fato é que os povos indígenas no Brasil, por exemplo,
não empregavam um sistema de escrita, mas garan�ram
a conservação e con�nuidade dos conhecimentos
acumulados, das histórias passadas e, também, das
narra�vas que sua tradição criou, através da transmissão
oral. Todas as tecnologias indígenas se transmi�ram e se
desenvolveram assim. E não foram poucas: por exemplo,
foram os índios que domes�caram plantas silvestres e,
muitas vezes, venenosas, criando o milho, a mandioca
(ou macaxeira), o amendoim, as morangas e muitas
outras mais (e também as desenvolveram muito; por
exemplo, somente do milho criaram cerca de 250
variedades diferentes em toda a América).
D’ANGELIS, W. R. Histórias dos índios lá em casa:
narra�vas indígenas e tradição oral popular no Brasil.
Disponível em: www.portalkaingang.org. Acesso em: 5
dez. 2012.
 
A escrita e a oralidade, nas diversas culturas, cumprem
diferentes obje�vos. O fragmento aponta que, nas
sociedades indígenas brasileiras, a oralidade possibilitou 
a) a conservação e a valorização dos grupos detentores
de certos saberes. 
b) a preservação e a transmissão dos saberes e da
memória cultural dos povos. 
c) a manutenção e a reprodução dos modelos
estra�ficados de organização social. 
d) a restrição e a limitação do conhecimento acumulado
a determinadas comunidades. 
e) o reconhecimento e a legi�mação da importância da
fala como meio de comunicação. 
IT0349 - (Enem)
Assentamento
Zanza daqui
Zanza pra acolá
Fim de feira, periferia afora
A cidade não mora mais em mim
Francisco, Serafim
Vamos embora
 
Ver o capim
Ver o baobá
Vamos ver a campina quando flora
A piracema, rios contravim
Binho, Bel, Bia, Quim
Vamos embora
 
Quando eu morrer
Cansado de guerra
Morro de bem
Com a minha terra:
Cana, caqui
Inhame, abóbora
Onde só vento se semeava outrora
Amplidão, nação, sertão sem fim
Ó Manuel, Miguilim
Vamos embora
BUARQUE, C. As cidades. Rio de Janeiro: RCA, 1998
(fragmento).
 
Nesse texto, predomina a função poé�ca da linguagem.
Entretanto, a função emo�va pode ser iden�ficada no
verso:
2@professorferretto @prof_ferretto
a) “Zanza pra acolá”. 
b) “Fim de feira, periferia afora”. 
c) “A cidade não mora mais em mim”. 
d) “Onde só vento se semeava outrora”. 
e) “Ó Manuel, Miguilim”. 
IT0008 - (Enem)
Falso moralista
 
Você condena o que a moçada anda fazendo
e não aceita o teatro de revista
arte moderna pra você não vale nada
e até vedete você diz não ser ar�sta
 
Você se julga um tanto bom e até perfeito
Por qualquer coisa deita logo falação
Mas eu conheço bem o seu defeito
e não vou fazer segredo não
 
Você é visto toda sexta no Joá
e não é só no Carnaval que vai pros bailes se acabar
Fim de semana2011/2016, do Ins�tuto Socioambiental, calcula
160. Antes da chegada dos portugueses, elas totalizavam
mais de mil.
Disponível em: h�ps://brasil.elpais.com. Acesso em: 11
jun. 2019 (adaptado).
 
O movimento de recuperação da língua patxôhã assume
um caráter iden�tário peculiar na medida em que
a) denuncia o processo de perseguição histórica sofrida
pelos povos indígenas. 
b) conjuga o ato de resistência étnica à preservação da
memória cultural. 
c) associa a preservação linguís�ca ao campo da pesquisa
acadêmica.
d) es�mula o retorno de povos indígenas a suas terras de
origem. 
e) aumenta o número de línguas indígenas faladas no
Brasil. 
19@professorferretto @prof_ferretto
IT0300 - (Fuvest)
A escrita faz de tal modo parte de nossa civilização que
poderia servir de definição dela própria. A história da
humanidade se divide em duas imensas eras: antes e a
par�r da escrita. Talvez venha o dia de uma terceira era
— depois da escrita. Vivemos os séculos da civilização
escrita. Todas as nossas sociedades baseiam-se no
escrito. A lei escrita subs�tui a lei oral, o contrato escrito
subs�tui a convenção verbal, a religião escrita se seguiu à
tradição lendária. E sobretudo não existe história que não
se funde sobre textos.
Charles Higounet. A história da escrita. Adaptado.
 
A locução conjun�va “de tal modo…que” e o advérbio
“sobretudo”, respec�vamente, expressam noção de:
a) conformidade e dúvida.
b) consequência e realce.
c) condição e negação.
d) consequência e negação.
e) condição e realce.
IT0032 - (Enem)
Futebol: “A rebeldia é que muda o mundo”
 
Conheça a história de Afonsinho, o primeiro jogador do
futebol brasileiro a derrotar a cartolagem e a conquistar
o Passe Livre, há exatos 40 anos 
 
Pelé estava se aposentando pra valer pela primeira vez,
então com a camisa do Santos (porque depois voltaria a
atuar pelo New York Cosmos, dos Estados Unidos), em
1972, quando foi ques�onado se, finalmente, sen�a-se
um homem livre. O Rei respondeu sem �tubear:
— Homem livre no futebol só conheço um: o Afonsinho.
Este sim pode dizer, usando as suas palavras, que deu o
grito de independência ou morte. Ninguém mais. O resto
é conversa. 
Apesar de suas declarações serem mo�vo de chacota por
parte da mídia futebolís�ca e até dos torcedores
brasileiros, o Atleta do Século acertou. E provavelmente
acertaria novamente hoje.
Pela admiração por um de seus colegas de clube daquele
ano. Pelo reconhecimento do caráter e personalidade de
um dos jogadores mais contestadores do futebol
nacional. E principalmente em razão da história de luta —
e vitória — de Afonsinho sobre os cartolas.
ANDREUCCI, R. Disponível em:
h�p://carosamigos.terra.com.br. Acesso em: 19 ago.
2011.
 
O autor u�liza marcas linguís�cas que dão ao texto um
caráter informal. Uma dessas marcas é iden�ficada em: 
a) “[...] o Atleta do Século acertou.” 
b) “O Rei respondeu sem �tubear [...]”. 
c) “E provavelmente acertaria novamente hoje.” 
d) “Pelé estava se aposentando pra valer pela primeira
vez [...]”. 
e) “Pela admiração por um de seus colegas de clube
daquele ano.” 
IT0028 - (Enem)
A forte presença de palavras indígenas e africanas e de
termos trazidos pelos imigrantes a par�r do século XIX é
um dos traços que dis�nguem o português do Brasil e o
português de Portugal. Mas, olhando para a história dos
emprés�mos que o português brasileiro recebeu de
línguas europeias a par�r do século XX, outra diferença
também aparece: com a vinda ao Brasil da família real
portuguesa (1808) e, par�cularmente, com a
Independência, Portugal deixou de ser o intermediário
obrigatório da assimilação desses emprés�mos e, assim,
Brasil e Portugal começaram a divergir, não só por terem
sofrido influências diferentes, mas também pela maneira
como reagiram a elas.
ILARI, R.; BASSO, R. O português da gente: a língua que
estudamos, a língua que falamos. São Paulo: Contexto,
2006.
 
Os emprés�mos linguís�cos, recebidos de diversas
línguas, são importantes na cons�tuição do português do
Brasil porque
a) deixaram marcas da história vivida pela nação, como a
colonização e a imigração. 
b) transformaram em um só idioma línguas diferentes,
como as africanas, as indígenas e as europeias. 
c) promoveram uma língua acessível a falantes de
origens dis�ntas, como o africano, o indígena e o
europeu. 
d) guardaram uma relação de iden�dade entre os
falantes do português do Brasil e os do português de
Portugal. 
e) tornaram a língua do Brasil mais complexa do que as
línguas de outros países que também �veram
colonização portuguesa. 
IT0303 - (Fuvest)
– Posso furar os olhos do povo?
Esta frase besta foi repe�da muitas vezes e, em falta de
coisa melhor, aceitei-a. Sem dúvida. As mulheres hoje
não vivem como an�gamente, escondidas, evitando os
homens. Tudo é descoberto, cara a cara. Uma pessoa
topa outra. Se gostou, gostou; se não gostou, até logo. E
eu de fato não �nha visto nada. As aparências mentem. A
20@professorferretto @prof_ferretto
terra não é redonda? Esta prova da inocência de Marina
me pareceu considerável. Tantos indivíduos condenados
injustamente neste mundo ruim! O re�rante que fora
encontrado violando a filha de quatro anos – estava aí
um exemplo. As vizinhas �nham visto o homem
afastando as pernas da menina, todo o mundo pensava
que ele era um monstro. Engano. Quem pode lá jurar que
isto é assim ou assado? Procurei mesmo capacitar-me de
que Julião Tavares não exis�a. Julião Tavares era uma
sensação. Uma sensação desagradável, que eu pretendia
afastar de minha casa quando me juntasse àquela
sensação agradável que ali estava a choramingar.
Graciliano Ramos, Angús�a.
 
Em termos crí�cos, esse fragmento permite observar
que, no plano maior do romance Angús�a, o ponto de
vista
a) se acomoda nos limites da vulgaridade.
b) tenta imitar a retórica dos dominantes.
c) reproduz a lógica do determinismo social.
d) a�nge a neutralidade do espírito maduro.
e) revira os lados contrários da opinião.
IT0346 - (Enem)
Mas seu olhar verde, inconfundível, impressionante,
iluminava com sua luz misteriosa as sombrias arcadas
superciliares, que pareciam queimadas por ela, dizia logo
a sua origem cruzada e decantada através das misérias e
dos orgulhos de homens de aventura, contadores de
histórias fantás�cas, e de mulheres caladas e sofredoras,
que acompanhavam os maridos e amantes através das
matas intermináveis, expostas às febres, às feras, às
cobras do sertão indecifrável, ameaçador e sem fim, que
elas percorriam com a ambição única de um “pouso”
onde pudessem viver, por alguns dias, a vida ilusória de
família e de lar, sempre no encalço dos homens,
enfebrados pela procura do ouro e do diamante.
PENNA, C. Fronteira. Rio de Janeiro: Tecnoprint, s/d.
 
Ao descrever os olhos de Maria Santa, o narrador
estabelece correlações que refletem a
a) caracterização da personagem com mes�ça. 
b) construção do enredo de conquistas da família. 
c) relação conflituosa das mulheres e seus maridos. 
d) nostalgia do desejo de viver como os antepassados. 
e) marca de an�gos sofrimentos no fluxo de consciência.
 
IT0312 - (Fuvest)
Remissão
 
Tua memória, pasto de poesia,
tua poesia, pasto dos vulgares,
vão se engastando numa coisa fria
a que tu chamas: vida, e seus pesares.
 
Mas, pesares de quê? perguntaria,
se esse travo de angús�a nos cantares,
se o que dorme na base da elegia
vai correndo e secando pelos ares,
 
e nada resta, mesmo, do que escreves
e te forçou ao exílio das palavras,
senão contentamento de escrever,
 
enquanto o tempo, e suas formas breves
ou longas, que su�l interpretavas,
se evapora no fundo do teu ser?
Carlos Drummond de Andrade, Claro enigma.
 
Claro enigma apresenta, por meio do lirismo reflexivo, o
posicionamento do escritor perante a sua condição no
mundo. Considerando-o como representa�vo desse seu
aspecto, o poema “Remissão”
a) traduz a melancolia e o recolhimento do eu lírico em
face da sensação de incomunicabilidade com uma
realidade indiferente à sua poesia. 
b) revela uma perspec�va inconformada, mesclando-a,
livreda indulgência dos anos anteriores, a um novo
formalismo esté�co. 
c) propõe, como reação do poeta à vulgaridade do
mundo, uma poé�ca capaz de interferir na realidade
pelo viés nostálgico. 
d) reflete a visão idealizada do trabalho do poeta e a
consciência da perenidade da poesia, resistente à
passagem do tempo. 
e) realiza a transição do lirismo social para o lirismo
meta�sico, caracterizado pela adesão ao conforto
espiritual e ao escapismo imagina�vo. 
IT0036 - (Enem)
“Acuenda o Pajubá”: conheça o “dialeto secreto” u�lizado
por gays e traves�s
 
Com origem no iorubá, linguagem foi adotada por
traves�s e ganhou a comunidade
 
“Nhaí, amapô! Não faça a loka e pague meu acué, deixe
de equê se não eu puxo teu picumã!” Entendeu as
palavras dessa frase? Se sim, é porque você manja
alguma coisa de pajubá, o “dialeto secreto” dos gays e
traves�s.
 
21@professorferretto @prof_ferretto
Adepto do uso das expressões, mesmo nos ambientes
mais formais, um advogado afirma: “É claro que eu não
vou falar durante uma audiência ou numa reunião, mas
na firma, com meus colegas de trabalho, eu falo de ‘acué’
o tempo inteiro”, brinca. “A gente tem que ter cuidado de
falar outras palavras porque hoje o pessoal já entende,
né? Tá na internet, tem até dicionário ...”, comenta.
 
O dicionário a que ele se refere é o Aurélia, a dicionária
da língua afiada, lançado no ano de 2006 e escrito pelo
jornalista Angelo Vip e por Fred Libi. Na obra, há mais de
1.300 verbetes revelando o significado das palavras do
pajubá.
 
Não se sabe ao certo quando essa linguagem surgiu, mas
sabe-se que há claramente uma relação entre o pajubá e
a cultura africana, numa costura iniciada ainda na época
do Brasil colonial.
Disponível em: www.midiamax.com.br. Acesso em: 4 abr.
2017 (adaptado).
 
Da perspec�va do usuário, o pajubá ganha status de
dialeto, caracterizando-se como elemento de patrimônio
linguís�co, especialmente por 
a) ter mais de mil palavras conhecidas. 
b) ter palavras diferentes de uma linguagem secreta. 
c) ser consolidado por objetos formais de registro. 
d) ser u�lizado por advogados em situações formais. 
e) ser comum em conversas no ambiente de trabalho. 
IT0021 - (Enem)
Exmº Sr. Governador: 
Trago a V. Exa. um resumo dos trabalhos realizados pela
Prefeitura de Palmeira dos Índios em 1928.
[...] 
ADMINISTRAÇÃO 
Rela�vamente à quan�a orçada, os telegramas custaram
pouco. De ordinário vai para eles dinheiro considerável.
Não há vereda aberta pelos matutos que prefeitura do
interior não ponha no arame, proclamando que a coisa
foi feita por ela; comunicam-se as datas históricas ao
Governo do Estado, que não precisa disso; todos os
acontecimentos polí�cos são badalados. Porque se
derrubou a Bas�lha - um telegrama; porque se deitou
pedra na rua - um telegrama; porque o deputado F.
es�cou a canela - um telegrama. 
Palmeira dos Índios, 10 de janeiro de 1929.
GRACILlANO RAMOS 
 
RAMOS, G. Viventes das Alagoas. São Paulo: Mar�ns
Fontes, 1962.
 
O relatório traz a assinatura de Graciliano Ramos, na
época, prefeito de Palmeira dos Índios, e é des�nado ao
governo do estado de Alagoas. De natureza oficial, o
texto chama a atenção por contrariar a norma prevista
para esse gênero, pois o autor 
a) emprega sinais de pontuação em excesso. 
b) recorre a termos e expressões em desuso no
português. 
c) apresenta-se na primeira pessoa do singular, para
conotar in�midade com o des�natário. 
d) privilegia o uso de termos técnicos, para demonstrar
conhecimento especializado. 
e) expressa-se em linguagem mais subje�va, com forte
carga emocional. 
IT0326 - (Fuvest)
Agora, o Manuel Fulô, este, sim! Um sujeito pingadinho,
quase menino – “pepino que encorujou desde pequeno”
– cara de bobo de fazenda, do segundo �po –; porque
toda fazenda tem o seu bobo, que é, ou um velhote
baixote, de barba rara no queixo, ou um eterno rapazola,
meio surdo, gago, glabro* e alvar**. Mas gostava de
fechar a cara e roncar voz, todo enfarruscado, para
mostrar brabeza, e só por descuido sorria, um sorriso
manhoso de dono de hotel. E, em suas feições de
caburé*** insalubre, amigavam-se as marcas do sangue
aimoré e do gálico herdado: cabelo preto, corrido, que
boi lambeu; dentes de fio em meia-lua; malares
pontudos; lobo da orelha aderente; testa curta, fugidia;
olhinhos de viés e nariz peba, mongol.
Guimarães Rosa, “Corpo fechado”, de Sagarana.
 
*sem pelos, sem barba **tolo ***mes�ço
 
O retrato de Manuel Fulô, tal como aparece no
fragmento, permite afirmar que
a) há clara an�pa�a do narrador para com a personagem,
que por isso é caracterizada como “bobo de fazenda”. 
b) estão presentes traços de diferentes etnias, de modo a
refle�r a mescla de culturas própria ao es�lo do livro. 
c) a expressão “caburé insalubre” denota o determinismo
biológico que norteia o livro. 
d) é irônico o trecho “para mostrar brabeza”, pois ao fim
da narra�va Manuel Fulô sofre derrota na luta �sica. 
e) se apontam em sua fisionomia os “olhinhos de viés”
para caracterizar a personagem como ingênua. 
IT0016 - (Enem)
A língua tupi no Brasil
 
22@professorferretto @prof_ferretto
Há 300 anos, morar na vila de São Paulo de Pira�ninga
(peixe seco, em tupi) era quase sinônimo de falar língua
de índio. Em cada cinco habitantes da cidade, só dois
conheciam o português. Por isso, em 1698, o governador
da província, Artur de Sá e Meneses, implorou a Portugal
que só mandasse padres que soubessem “a língua geral
dos índios”, pois “aquela gente não se explica em outro
idioma”.
 
Derivado do dialeto de São Vicente, o tupi de São Paulo
se desenvolveu e se espalhou no século XVII, graças ao
isolamento geográfico da cidade e à a�vidade pouco
cristã dos mamelucos paulistas: as bandeiras, expedições
ao sertão em busca de escravos índios. Muitos
bandeirantes nem sequer falavam o português ou se
expressavam mal. Domingos Jorge Velho, o paulista que
destruiu o Quilombo dos Palmares em 1694, foi descrito
pelo bispo de Pernambuco como “um bárbaro que nem
falar sabe”. Em suas andanças, essa gente ba�zou lugares
como Avanhandava (lugar onde o índio corre),
Pindamonhangaba (lugar de fazer anzol) e Itu (cachoeira).
E acabou inventando uma nova língua.
 
“Os escravos dos bandeirantes vinham de mais de 100
tribos diferentes”, conta o historiador e antropólogo John
Monteiro, da Universidade Estadual de Campinas. “Isso
mudou o tupi paulista, que, além da influência do
português, ainda recebia palavras de outros idiomas.” O
resultado da mistura ficou conhecido como língua geral
do sul, uma espécie de tupi facilitado.
ANGELO. C. Disponível em: h�p://super.abril.com.br.
Acesso em: 8 ago. 2012 (adaptado).
 
O texto trata de aspectos sócio-históricos da formação
linguís�ca nacional. Quanto ao papel do tupi na formação
do português brasileiro, depreende-se que essa língua
indígena 
a) contribuiu efe�vamente para o léxico, com nomes
rela�vos aos traços caracterís�cos dos lugares
designados. 
b) originou o português falado em São Paulo no século
XVII, em cuja base grama�cal também está a fala de
variadas etnias indígenas. 
c) desenvolveu-se sob influência dos trabalhos de
catequese dos padres portugueses vindos de Lisboa. 
d) misturou-se aos falares africanos, em razão das
interações entre portugueses e negros nas inves�das
contra o Quilombo dos Palmares. 
e) expandiu-se paralelamente ao português falado pelo
colonizador, e juntos originaram a língua dos
bandeirantes paulistas. 
IT0307 - (Fuvest)
Alferes, Ouro Preto em sombras
Espera pelo ba�zado,
Ainda que tarde sobre a morte do sonhador
Ainda que tarde sobre as bocas do traidor.
Raios de sol brilharão nos sinos:
Dez vias dar.
 
Ai Marília, as liras e o amar
Não posso mais sufocar
E a minha voz irá
Pra muito além do desterro e do sal,
Maior que a voz do rei.
Aldir Blanc e João Bosco, trecho da canção “Alferes”, de
1973.
 
A imagem de Tiradentes – a quem Cecília Meireles
qualificou “o Alferes imortal, radiosa expressão dos mais
altos sonhos desta cidade, do Brasil e do próprio mundo”,
em palestra feita em Ouro Preto– torna a aparecer como
símbolo da luta pela liberdade em vários momentos da
cultura nacional. Os versos do letrista Aldir Blanc evocam,
em novo contexto, o már�r sonhador para resis�r ao
discurso
a) da doutrina revolucionária de ligas poli�camente
engajadas. 
b) da historiografia, que minimizou a importância de
Tiradentes. 
c) de autoritarismo e opressão, próprio da ditadura
militar. 
d) dos poetas árcades, que se dedicavam às suas liras
amorosas. 
e) da �rania portuguesa sobre os mineradores no ciclo
do ouro.
IT0352 - (Enem)
Esaú e Jacó
Bárbara entrou, enquanto o pai pegou da viola e passou
ao patamar de pedra, à porta da esquerda. Era uma
criaturinha leve e breve, saia bordada, chinelinha no pé.
Não se lhe podia negar um corpo airoso. Os cabelos,
apanhados no alto da cabeça por um pedaço de fita
enxovalhada, faziam-lhe um solidéu natural, cuja borla
era suprida por um raminho de arruda. Já vai nisto um
pouco de sacerdo�sa. O mistério estava nos olhos. Estes
eram opacos, não sempre nem tanto que não fossem
também lúcidos e agudos, e neste úl�mo estado eram
igualmente compridos; tão compridos e tão agudos que
entravam pela gente abaixo, revolviam o coração e
tornavam cá fora, prontos para nova entrada e outro
revolvimento. Não te minto dizendo que as duas
sen�ram tal ou qual fascinação. Bárbara interrogou-as;
Na�vidade disse ao que vinha e entregou-lhe os retratos
23@professorferretto @prof_ferretto
dos filhos e os cabelos cortados, por lhe haverem dito
que bastava.
– Basta, confirmou Bárbara. Os meninos são seus filhos?
– São.
ASSIS, M. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,
1994.
 
No relato da visita de duas mulheres ricas a uma vidente
no Morro do Castelo, a ironia — um dos traços mais
representa�vos da narra�va machadiana — consiste no
a) modo de ves�r dos moradores do morro carioca. 
b) senso prá�co em relação às oportunidades de renda. 
c) mistério que cerca as clientes de prá�cas de vidência. 
d) misto de singeleza e astúcia dos gestos da
personagem. 
e) interesse do narrador pelas figuras femininas
ambíguas. 
IT0316 - (Fuvest)
Can�ga de enganar
(...)
O mundo não tem sen�do.
O mundo e suas canções
de �mbre mais comovido
estão calados, e a fala
que de uma para outra sala
ouvimos em certo instante
é silêncio que faz eco
e que volta a ser silêncio
no negrume circundante.
Silêncio: que quer dizer?
Que diz a boca do mundo?
Meu bem, o mundo é fechado,
se não for antes vazio.
O mundo é talvez: e é só.
 
Talvez nem seja talvez.
O mundo não vale a pena,
mas a pena não existe.
Meu bem, façamos de conta.
De sofrer e de olvidar,
de lembrar e de fruir,
de escolher nossas lembranças
e revertê-las, acaso
se lembrem demais em nós.
Façamos, meu bem, de conta
– mas a conta não existe –
que é tudo como se fosse,
ou que, se fora, não era.
(...)
Carlos Drummond de Andrade, Claro Enigma.
 
Em Claro Enigma, a ideia de engano surge sob a
perspec�va do sujeito maduro, já afastado das ilusões,
como se lê no verso-síntese “Tu não me enganas, mundo,
e não te engano a �.” (“Legado”). O excerto de “Can�ga
de enganar” apresenta a relação do eu com o mundo
mediada
a) pela música, que ressoa em canções líricas. 
b) pela cor, brilhante na claridade solar. 
c) pela afirmação de valores sólidos. 
d) pela memória, que corre fluida no tempo. 
e) pelo despropósito de um faz-de-conta. 
IT0310 - (Fuvest)
Leusipo perguntou o que eu �nha ido fazer na aldeia.
Preferi achar que o tom era amistoso e, no meu
paternalismo ingênuo, comecei a lhe explicar o que era
um romance. Eu tentava convencê-lo de que não havia
mo�vo para preocupação. Tudo o que eu queria saber já
era conhecido. E ele me perguntava: “Então, porque você
quer saber, se já sabe?” Tentei lhe explicar que pretendia
escrever um livro e mais uma vez o que era um romance,
o que era um livro de ficção (e mostrava o que �nha nas
mãos), que seria tudo historinha, sem nenhuma
consequência na realidade. Ele seguia incrédulo. Fazia-se
de desentendido, mas na verdade só queria me in�midar.
As minhas explicações sobre o romance eram inúteis. Eu
tentava dizer que, para os brancos que não acreditam em
deuses, a ficção servia de mitologia, era o equivalente
dos mitos dos índios, e antes mesmo de terminar a frase,
já não sabia se o idiota era ele ou eu. Ele não dizia nada a
não ser: “O que você quer com o passado?”. Repe�a. E,
diante da sua insistência bovina, �ve de me render à
evidência de que eu não sabia responder à sua pergunta.
Bernardo Carvalho, Nove Noites. Adaptado.
 
Na cena apresentada, que explora o desconforto gerado
pela di�cil interlocução com o indígena, o narrador
a) abandona a ideia de inves�gar o passado, ao se ver
encurralado por Leusipo. 
b) explora a sua posição ameaçadora de homem branco,
ao insis�r em permanecer na aldeia. 
c) age com ousadia, ao procurar subjugar Leusipo a
contribuir com o seu projeto. 
d) iden�fica-se com a sabedoria de Leusipo, ao preterir
do papel interroga�vo e se deixar ques�onar. 
e) sente-se frustrado com a reação de Leusipo, que não
se deixa levar por sua diplomacia. 
IT0014 - (Enem)
Senhor Juiz
 
24@professorferretto @prof_ferretto
O instrumento do “crime” que se arrola
Nesse processo de contravenção
Não é faca, revólver ou pistola,
Simplesmente, doutor, é um violão.
 
Será crime, afinal, será pecado,
Será delito de tão vis horrores,
Perambular na rua um desgraçado
Derramando nas praças suas dores?
 
Mande, pois, libertá-lo da agonia
(a consciência assim nos insinua)
Não sufoque o cantar que vem da rua,
Que vem da noite para saudar o dia.
 
É o apelo que aqui lhe dirigimos,
Na certeza do seu acolhimento
Juntada desta aos autos nós pedimos
E pedimos, enfim, deferimento
Disponível em: www.migalhas.com.br. Acesso em: 23 set.
2020 (adaptado).
 
Essa pe�ção de habeas corpus, ao transgredir o rigor da
linguagem jurídica, 
a) permite que a narra�va seja obje�va e repleta de
sen�dos denota�vos. 
b) mostra que o cordel explora termos próprios da esfera
do direito. 
c) demonstra que o jogo de linguagem proposto atenua a
gravidade do delito. 
d) exemplifica como o texto em forma de cordel
compromete a solicitação pretendida. 
e) esclarece que os termos “crime” e “processo de
contravenção” são sinônimos. 
IT0353 - (Enem)
A senhora manifestava-se por atos, por gestos, e
sobretudo por um certo silêncio, que amargava, que
esfolava. Porém desmoralizar escancaradamente o
marido, não era com ela. [...]
As negras receberam ordem para meter no serviço a
gente do tal compadre Silveira: as cunhadas, ao fuso; os
cunhados, ao campo, tratar do gado com os vaqueiros; a
mulher e as irmãs, que se ocupassem da ninhada.
Margarida não �vera filhos, e como os desejasse com a
força de suas vontades, tratava sempre bem aos
pequenitos e às mães que os estavam criando. Não era
isso uma sen�mentalidade cristã, uma ternura, era o
egoísta e cru ins�nto da maternidade, obrando por mera
simpa�a carnal. Quanto ao pai do lote (referia-se ao
Antônio), esse que fosse ajudar ao vaqueiro das bestas.
Ordens dadas, o Quinquim referendava. Cada um
moralizava o outro, para moralizar-se.
PAIVA, M. O. Dona Guidinha do Poço. Rio de Janeiro:
Tecnoprint, s/d.
 
No trecho do romance naturalista, a forma como o
narrador julga comportamentos e emoções das
personagens femininas revela influência do pensamento
a) capitalista, marcado pela distribuição funcional do
trabalho. 
b) liberal, buscando a igualdade entre pessoas
escravizadas e livres. 
c) cien�fico, considerando o ser humano como um
fenômeno biológico. 
d) religioso, fundamentado na fé e na aceitação dos
dogmas do cris�anismo. 
e) afe�vo, manifesto na determinação de acolher
familiares e no respeito mútuo. 
IT0002 - (Enem)
Não que Pelino fosse químico, longe disso; mas era sábio,
era gramá�co. Ninguém escrevia em Tubiacanga que não
levasse bordoada do Capitão Pelino, e mesmo quando se
falava em algum homem notável lá no Rio, ele não
deixava de dizer: “Não há dúvida! O homem tem talento,
mas escreve: ‘um outro’, ‘de resto’...” E contraía oslábios
como se �vesse engolido alguma cousa amarga.
Toda a vila de Tubiacanga acostumou-se a respeitar o
solene Pelino, que corrigia e emendava as maiores glórias
nacionais. Um sábio...
Ao entardecer, depois de ler um pouco o Sotero, o
Candido de Figueiredo ou o Castro Lopes, e de ter
passado mais uma vez a �ntura nos cabelos, o velho
mestre-escola saía vagarosamente de casa, muito
abotoado no seu paletó de brim mineiro, e encaminhava-
se para a bo�ca do Bastos a dar dous dedos de prosa.
Conversar é um modo de dizer, porque era Pelino avaro
de palavras, limitando-se tão-somente a ouvir. Quando,
porém, dos lábios de alguém escapava a menor
incorreção de linguagem, intervinha e emendava. “Eu
asseguro, dizia o agente do Correio, que…” Por aí, o
mestre-escola intervinha com mansuetude evangélica:
“Não diga ‘asseguro’, Senhor Bernardes; em português é
garanto”.
E a conversa con�nuava depois da emenda, para ser de
novo interrompida por uma outra. Por essas e outras,
houve muitos palestradores que se afastaram, mas
Pelino, indiferente, seguro dos seus deveres, con�nuava
o seu apostolado de vernaculismo.
BARRETO, L. A Nova Califórnia. Disponível em:
www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 24 jul. 2019.
 
Do ponto de vista linguís�co, a defesa da norma-padrão
pelo personagem caracteriza-se por 
25@professorferretto @prof_ferretto
a) contestar o ensino de regras em detrimento do
conteúdo das informações. 
b) resgatar valores patrió�cos relacionados às tradições
da língua portuguesa. 
c) adotar uma perspec�va complacente em relação aos
desvios grama�cais. 
d) invalidar os usos da língua pautados pelos preceitos da
gramá�ca norma�va. 
e) desconsiderar diferentes níveis de formalidade nas
situações de comunicação. 
IT0319 - (Fuvest)
Os textos literários são obras de discurso, a que falta a
imediata referencialidade da linguagem corrente;
poé�cos, abolem, “destroem” o mundo circundante,
co�diano, graças à função irrealizante da imaginação que
os constrói. E prendem-nos na teia de sua linguagem, a
que devem o poder de apelo esté�co que nos enleia;
seduz-nos o mundo outro, irreal, neles configurado (...).
No entanto, da adesão a esse “mundo de papel”, quando
retornamos ao real, nossa experiência, ampliada e
renovada pela experiência da obra, à luz do que nos
revelou, possibilita redescobri-lo, sen�ndo-o e pensando-
o de maneira diferente e nova. A ilusão, a men�ra, o
fingimento da ficção, aclara o real ao desligar-se dele,
transfigurando-o; e aclara-o já pelo insight que em nós
provocou.
Benedito Nunes, “É�ca e leitura”, de Crivo de Papel.
 
O que eu precisava era ler um romance fantás�co, um
romance besta, em que os homens e as mulheres fossem
criações absurdas, não andassem magoando-se, traindo-
se. Histórias fáceis, sem almas complicadas. Infelizmente
essas leituras já não me comovem.
Graciliano Ramos, Angús�a.
 
Romance desagradável, abafado, ambiente sujo, povoado
de ratos, cheio de podridões, de lixo. Nenhuma
concessão ao gosto público. Solilóquio doido, enervante.
Graciliano Ramos, Memórias do Cárcere, em nota a
respeito de seu livro Angús�a.
 
Para Graciliano Ramos, Angús�a não faz concessão ao
gosto do público na medida em que compõe uma
atmosfera
a) dramá�ca, ao representar as tensões de seu tempo. 
b) grotesca, ao eliminar a expressão individual. 
c) sa�rica, ao reduzir os eventos ao plano do riso. 
d) ingênua, ao simular o equilíbrio entre sujeito e
mundo. 
e) alegórica, ao exaltar as imagens de sujeira. 
IT0323 - (Fuvest)
Uma planta é perturbada na sua sesta* pelo exército que
a pisa.
Mas mais frágil fica a bota.
Gonçalo M. Tavares, 1: poemas.
*sesta: repouso após o almoço.
 
Considerando que se trata de um texto literário, uma
interpretação que seja capaz de captar a sua
complexidade abordará o poema como
a) uma defesa da natureza. 
b) um ataque às forças armadas. 
c) uma defesa dos direitos humanos. 
d) uma defesa da resistência civil. 
e) um ataque à passividade. 
IT0292 - (Fuvest)
No modelo hegemônico, quase todo o treinamento é
reservado para o desenvolvimento muscular, sobrando
muito pouco tempo para a mobilidade, a flexibilidade, o
treino restaura�vo, o relaxamento e o treinamento
cardiovascular. Na teoria, seria algo em torno de 70%
para o fortalecimento, 20% para o cárdio e 10% para a
flexibilidade e outros. Na prá�ca, muitos alunos
direcionam 100% do tempo para o fortalecimento.
Como a prá�ca cardiovascular é infinitamente mais
significa�va e determinante para a nossa saúde orgânica
como um todo, podendo ser considerada o “coração” de
um treinamento consciente e saudável, essa ordem
deveria ser revista.
Nuno Cobra Jr. “Fitness não é saúde”. Uol. 06/05/2021.
Adaptado.
 
Dentre as expressões destacadas, a que exerce a mesma
função sintá�ca do termo sublinhado em “o treino
restaura�vo, o relaxamento e o treinamento
cardiovascular” é:
a) um atleta de seleção precisa de treinamento intenso. 
b) o amor ao esporte é fundamental para o atleta. 
c) a população incorpora radicalmente a�tudes
saudáveis. 
d) muitas pessoas se beneficiam de alimentos verdes. 
e) todo �po de a�vidade �sica faz bem à saúde mental.
IT0320 - (Fuvest)
Leia o trecho extraído de uma no�cia veiculada na
internet:
“O carro furou o pneu e bateu no meio fio, então eles
foram obrigados a parar. O refém conseguiu acionar a
população, que depois pegou dois dos três indivíduos e
26@professorferretto @prof_ferretto
tentaram linchar eles. O outro conseguiu fugir, mas foi
preso momentos depois por uma viatura do 5º BPM”,
afirmou o major.
Disponível em h�ps://www.gp1.com.br/.
 
No português do Brasil, a função sintá�ca do sujeito não
possui, necessariamente, uma natureza de agente, ainda
que o verbo esteja na voz a�va, tal como encontrado em:
a) “O carro furou o pneu”.
b) “e bateu no meio fio”.
c) “O refém conseguiu acionar a população”.
d) “tentaram linchar eles”.
e) “afirmou o major”.
IT0311 - (Fuvest)
Rubião fitava a enseada, – eram oito horas da manhã.
Quem o visse, com os polegares me�dos no cordão do
chambre, à janela de uma grande casa de Botafogo,
cuidaria que ele admirava aquele pedaço de água quieta;
mas em verdade vos digo que pensava em outra coisa.
Cotejava o passado com o presente. Que era, há um ano?
Professor. Que é agora! Capitalista. Olha para si, para as
chinelas (umas chinelas de Túnis, que lhe deu recente
amigo, Cris�ano Palha), para a casa, para o jardim, para a
enseada, para os morros e para o céu; e tudo, desde as
chinelas até o céu, tudo entra na mesma sensação de
propriedade.
– Vejam como Deus escreve direito por linhas tortas,
pensa ele. Se mana Piedade tem casado com Quincas
Barba, apenas me dano uma esperança colateral. Não
casou; ambos morreram, e aqui está tudo comigo; de
modo que o que parecia uma desgraça...
Machado de Assis, Quincas Borba.
 
O primeiro capítulo de Quincas Borba já apresenta ao
leitor um elemento que será fundamental na construção
do romance:
a) a contemplação das paisagens naturais, como se lê em
“ele admirava aquele pedaço de água quieta”. 
b) a presença de um narrador-personagem, como se lê
em “em verdade vos digo que pensava em outra
coisa”. 
c) a sobriedade do protagonista ao avaliar o seu
percurso, como se lê em “Cotejava o passado com o
presente”. 
d) o sen�do mís�co e fatalista que rege os des�nos,
como se lê em “Deus escreve direito por linhas
tortas”. 
e) a reversibilidade entre o cômico e o trágico, como se lê
em “de modo que o que parecia uma desgraça...”. 
IT0004 - (Enem)
Estojo escolar
 
Rio de Janeiro – Noite dessas, ciscando num desses
canais a cabo, vi uns caras oferecendo maravilhas
eletrônicas, bastava telefonar e eu receberia um
notebook capaz de me ajudar a fabricar um navio, uma
estação espacial.
[...] Como pretendo viajar esses dias, habilitei-me a
comprar aquilo que os caras anunciavam como o top do
top em matéria de computador portá�l. 
No sábado, recebi um embrulho complicado que
necessitava de um manual de instruções para ser aberto.
[...] De repente, como vem acontecendo nos úl�mos
tempos, houveum corte na memória e vi diante de mim
o meu primeiro estojo escolar. Tinha 5 anos e ia para o
jardim de infância.
Era uma caixinha comprida, envernizada, com uma
tampa que corria nas bordas do corpo principal. Dentro,
arrumados em divisões, havia lápis coloridos, um
apontador, uma lapiseira cromada, uma régua de 20 cm e
uma borracha para apagar meus erros.
[...] Da caixinha vinha um cheiro gostoso, cheiro que
nunca esqueci e que me tonteava de prazer. [...]
O notebook que agora abro é negro e, em matéria de
cheiro, é abominável. Cheira vilmente a telefone celular,
a cabine de avião, a aparelho de ultrassonografia onde
outro dia uma moça veio ver como sou por dentro. Acho
que piorei de estojo e de vida.
CONY, C. H. Crônicas para ler na escola. São Paulo:
Obje�va, 2009 (adaptado).
 
No texto, há marcas da função da linguagem que nele
predomina. Essas marcas são responsáveis por colocar
em foco o(a) 
a) mensagem, elevando-a à categoria de objeto esté�co
do mundo das artes. 
b) código, transformando a linguagem u�lizada no texto
na própria temá�ca abordada. 
c) contexto, fazendo das informações presentes no texto
seu aspecto essencial. 
d) enunciador, buscando expressar sua a�tude em
relação ao conteúdo do enunciado. 
e) interlocutor, considerando-o responsável pelo
direcionamento dado à narra�va pelo enunciador.
IT0019 - (Enem)
O humor e a língua
 
Há algum tempo, venho estudando as piadas, com ênfase
em sua cons�tuição linguís�ca. Por isso, embora a
afirmação a seguir possa parecer surpreendente, creio
27@professorferretto @prof_ferretto
que posso garan�r que se trata de uma verdade quase
banal: as piadas fornecem simultaneamente um dos
melhores retratos dos valores e problemas de uma
sociedade, por um lado, e uma coleção de fatos e dados
impressionantes para quem quer saber o que é e como
funciona uma língua, por outro. Se se quiser descobrir os
problemas com os quais uma sociedade se debate, uma
coleção de piadas fornecerá excelente pista: sexualidade,
etnia/raça e outras diferenças, ins�tuições (igreja, escola,
casamento, polí�ca), morte, tudo isso está sempre
presente nas piadas que circulam anonimamente e que
são ouvidas e contadas por todo mundo em todo o
mundo. Os antropólogos ainda não prestaram a devida
atenção a esse material, que poderia subs�tuir com
vantagem muitas entrevistas e pesquisas par�cipantes.
Saberemos mais a quantas andam o machismo e o
racismo, por exemplo, se pesquisarmos uma coleção de
piadas do que qualquer outro corpus.
POSSENTI. S. Ciência Hoje, n. 176, out. 2001 (adaptado).
 
A piada é um gênero textual que figura entre os mais
recorrentes na cultura brasileira, sobretudo na tradição
oral. Nessa reflexão, a piada é enfa�zada por 
a) sua função humorís�ca. 
b) sua ocorrência universal. 
c) sua diversidade temá�ca. 
d) seu papel como veículo de preconceitos. 
e) seu potencial como objeto de inves�gação. 
IT0306 - (Fuvest)
Romance LIII ou Das Palavras Aéreas
 
Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Ai, palavras, ai, palavras,
sois de vento, ides no vento,
no vento que não retorna,
e, em tão rápida existência,
tudo se forma e transforma!
 
Sois de vento, ides no vento,
e quedais, com sorte nova! (...)
 
Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Perdão podíeis ter sido!
– sois madeira que se corta,
– sois vinte degraus de escada,
– sois um pedaço de corda...
– sois povo pelas janelas,
cortejo, bandeiras, tropa...
 
Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Éreis um sopro na aragem...
– sois um homem que se enforca!
Cecília Meireles, Romanceiro da Inconfidência.
 
A “estranha potência” que a voz lírica ressalta nas
palavras decorre de uma combinação entre
a) fluidez nos ventos do presente e conteúdo fixo no
passado. 
b) forma abstrata no espaço e presença concreta na
história. 
c) leveza impalpável na arte e vigor nos documentos
an�gos. 
d) sonoridade ruidosa nos ares e significado estável no
papel. 
e) lirismo irrefle�do da poesia e peso justo dos
acontecimentos. 
IT0322 - (Fuvest)
amora
a palavra amora
seria talvez menos doce
e um pouco menos vermelha
se não trouxesse em seu corpo
(como um velado esplendor)
a memória da palavra amor
 
a palavra amargo
seria talvez mais doce
e um pouco menos acerba
se não trouxesse em seu corpo
(como uma sombra a espreitar)
a memória da palavra amar
Marco Catalão, Sob a face neutra.
 
Tal como se lê no poema,
a) a palavra “amora” é substan�vo, e “amargo”, adje�vo.
b) o verbo “amar” ameniza o amargor da palavra
“amargo”.
c) o substan�vo “corpo” apresenta sen�do denota�vo.
d) o substan�vo “amor” intensifica o dulçor da palavra
“amora”.
e) o verbo “amar” e o substan�vo “amor” são
intercambiáveis.
IT0011 - (Enem)
Policarpo Quaresma, cidadão brasileiro, funcionário
público, certo de que a língua portuguesa é emprestada
ao Brasil; certo também de que, por esse fato, o falar e o
escrever em geral, sobretudo no campo das letras, se
veem na humilhante con�ngência de sofrer
28@professorferretto @prof_ferretto
con�nuamente censuras ásperas dos proprietários da
língua; sabendo, além, que, dentro do nosso país, os
autores e os escritores, com especialidade os gramá�cos,
não se entendem no tocante à correção grama�cal,
vendo-se, diariamente, surgir azedas polêmicas entre os
mais profundos estudiosos do nosso idioma – usando do
direito que lhe confere a Cons�tuição, vem pedir que o
Congresso Nacional decrete o tupi-guarani como língua
oficial e nacional do povo brasileiro.
BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. Disponível
em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 26 jun.
2012
 
Nessa pe�ção da pitoresca personagem do romance de
Lima Barreto, o uso da norma-padrão jus�fica-se pela 
a) situação social de enunciação representada. 
b) divergência teórica entre gramá�cos e literatos. 
c) pouca representa�vidade das línguas indígenas. 
d) a�tude irônica diante da língua dos colonizadores. 
e) tenta�va de solicitação do documento demandado. 
IT0357 - (Enem)
Ser cronista
Sei que não sou, mas tenho meditado ligeiramente no
assunto.
Crônica é um relato? É uma conversa? É um resumo de
um estado de espírito? Não sei, pois antes de começar a
escrever para o Jornal do Brasil, eu só �nha escrito
romances e contos.
E também sem perceber, à medida que escrevia para
aqui, ia me tornando pessoal demais, correndo o risco de
em breve publicar minha vida passada e presente, o que
não pretendo. Outra coisa notei: basta eu saber que
estou escrevendo para jornal, isto é, para algo aberto
facilmente por todo o mundo, e não para um livro, que só
é aberto por quem realmente quer, para que, sem
mesmo sen�r, o modo de escrever se transforme. Não é
que me desagrade mudar, pelo contrário. Mas queria que
fossem mudanças mais profundas e interiores que não
viessem a se refle�r no escrever. Mas mudar só porque
isso é uma coluna ou uma crônica? Ser mais leve só
porque o leitor assim o quer? Diver�r? Fazer passar uns
minutos de leitura? E outra coisa: nos meus livros quero
profundamente a comunicação profunda comigo e com o
leitor. Aqui no Jornal apenas falo com o leitor e agrada-
me que ele fique agradado. Vou dizer a verdade: não
estou contente.
LISPECTOR, C. In: A descoberta do mundo. Rio de Janeiro:
Rocco, 1999.
 
No texto, ao refle�r sobre a a�vidade de cronista, a
autora ques�ona caracterís�cas do gênero crônica, como
a) relação distanciada entre os interlocutores. 
b) ar�culação de vários núcleos narra�vos. 
c) brevidade no tratamento da temá�ca. 
d) descrição minuciosa dos personagens. 
e) público leitor exclusivo.
IT0010 - (Enem)
Vou-me embora p’ra Pasárgada foi o poema de mais
longa gestação em toda a minha obra. Vi pela primeira
vez esse nome Pasárgada quando �nha os meus
dezesseis anos e foi num autor grego. [...] Esse nome de
Pasárgada, que significa “campo dos persas” ou “tesouro
dos persas”, suscitou na minha imaginação uma
paisagem fabulosa, um país de delícias, como o
de L’invita�on au Voyage, de Baudelaire. Mais de vinte
anos depois,quando eu morava só na minha casa da Rua
do Curvelo, num momento de fundo desânimo, da mais
aguda sensação de tudo o que eu não �nha feito em
minha vida por mo�vo da doença, saltou-me de súbito
do subconsciente este grito estapafúrdio: “Vou-me
embora p’ra Pasárgada!” Sen� na redondilha a primeira
célula de um poema, e tentei realizá-lo, mas fracassei.
Alguns anos depois, em idên�cas circunstâncias de
desalento e tédio, me ocorreu o mesmo desabafo de
evasão da “vida besta”. Desta vez o poema saiu sem
esforço como se já es�vesse pronto dentro de mim.
Gosto desse poema porque vejo nele, em escorço, toda a
minha vida; [...] Não sou arquiteto, como meu pai
desejava, não fiz nenhuma casa, mas reconstruí e “não
de uma forma imperfeita neste mundo de aparências’,
uma cidade ilustre, que hoje não é mais a Pasárgada de
Ciro, e sim a “minha” Pasárgada.
BANDEIRA, M. I�nerário da Pasárgada. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira; Brasília: INL, 1984
 
Os processos de interação comunica�va preveem a
presença a�va de múl�plos elementos da comunicação,
entre os quais se destacam as funções da linguagem.
Nesse fragmento, a função da linguagem predominante
é 
29@professorferretto @prof_ferretto
a) emo�va, porque o poeta expõe os sen�mentos de
angús�a que o levaram à criação poé�ca. 
b) referencial, porque o texto informa sobre a origem do
nome empregado em um famoso poema de
Bandeira. 
c) metalinguís�ca, porque o poeta tece comentários
sobre a gênese e o processo de escrita de um de seus
poemas. 
d) poé�ca, porque o texto aborda os elementos esté�cos
de um dos poemas mais conhecidos de Bandeira. 
e) apela�va, porque o poeta tenta convencer os leitores
sobre sua dificuldade de compor um poema. 
IT0321 - (Fuvest)
amora
a palavra amora
seria talvez menos doce
e um pouco menos vermelha
se não trouxesse em seu corpo
(como um velado esplendor)
a memória da palavra amor
 
a palavra amargo
seria talvez mais doce
e um pouco menos acerba
se não trouxesse em seu corpo
(como uma sombra a espreitar)
a memória da palavra amar
Marco Catalão, Sob a face neutra.
 
É correto afirmar que o poema
a) aborda o tema da memória, considerada uma
faculdade que torna o ser humano menos amargo e
sombrio. 
b) enfoca a hesitação do eu lírico diante das palavras, o
que vem expresso pela repe�ção da palavra “talvez”. 
c) apresenta natureza român�ca, sendo as palavras
“amora” e “amargo” metáforas do sen�mento
amoroso. 
d) possui reiterações sonoras que resultam em uma
tensão inusitada entre os termos “amor” e “amar”. 
e) ressalta os significados das palavras tal como se
verificam no seu uso mais corrente.
IT0341 - (Enem)
Morte lenta ao luso infame que inventou a calçada
portuguesa. Maldito D. Manuel I e sua corja de tenentes
Eusébios. Quadrados de pedregulho irregular socados à
mão. À mão! É claro que ia soltar, ninguém reparou que
ia soltar? Branco, preto, branco, preto, as ondas do mar
de Copacabana. De que me servem as ondas do mar de
Copacabana? Me deem chão liso, sem protuberâncias
calcárias. Mosaico estúpido. Mania de mosaico. Joga
concreto em cima e aplaina. Buraco, cratera, pedra solta,
bueiro-bomba. Depois dos setenta, a vida se transforma
numa interminável corrida de obstáculos. A queda é a
maior ameaça para o idoso. “Idoso”, palavra odienta.
Pior, só “terceira idade”. A queda separa a velhice da
senilidade extrema. O tombo destrói a cadeia que liga a
cabeça aos pés. Adeus, corpo. Em casa, vou de corrimão
em corri - mão, tateio móveis e paredes, e tomo banho
sentado. Da poltrona para a janela, da janela para a
cama, da cama para a poltrona, da poltrona para a janela.
Olha aí, outra vez, a pedrinha traiçoeira atrás de me
pegar. Um dia eu caio, hoje não.
TORRES, F. Fim. São Paulo: Cia. das Letras, 2013.
 
O recurso que caracteriza a organização estrutural desse
texto é o(a)
a) justaposição de sequências verbais e nominais. 
b) mudança de eventos resultante do jogo temporal. 
c) uso de adje�vos qualifica�vos na descrição do cenário.
d) encadeamento semân�co pelo uso de substan�vos
sinônimos. 
e) inter-relação entre orações por elementos linguís�cos
lógicos. 
IT0328 - (Fuvest)
E Sofia? interroga impaciente a leitora, tal qual Orgon: Et
Tartufe? Ai, amiga minha, a resposta é naturalmente a
mesma, – também ela comia bem, dormia largo e fofo, –
coisas que, aliás, não impedem que uma pessoa ame,
quando quer amar. Se esta úl�ma reflexão é o mo�vo
secreto da vossa pergunta, deixai que vos diga que sois
muito indiscreta, e que eu não me quero senão com
dissimulados.
Repito, comia bem, dormia largo e fofo. Chegara ao fim
da comissão das Alagoas, com elogios da imprensa; a
Atalaia chamou-lhe “o anjo da consolação”. 1E não se
pense que este nome a alegrou, posto que a lisonjeasse;
ao contrário, resumindo em Sofia toda a ação da
caridade, podia mor�ficar as novas amigas, e fazer-lhe
perder em um dia o trabalho de longos meses. Assim se
explica o ar�go que a mesma folha trouxe no número
seguinte, nomeando, par�cularizando e glorificando as
outras comissárias – “estrelas de primeira grandeza”.
Machado de Assis, Quincas Borba.
 
No excerto, o autor recorre à intertextualidade,
dialogando com a comédia de Molière, Tartufo (1664),
cuja personagem central é um impostor da fé. Tal é a
fama da peça que o nome próprio se incorporou ao
vocabulário, inclusive em português, como substan�vo
comum, para designar o “indivíduo hipócrita” ou o “falso
30@professorferretto @prof_ferretto
devoto”. No contexto maior do romance, sugere-se que a
tartufice
a) se cola à imagem da leitora, indiscreta quanto aos
amores alheios. 
b) é ação isolada de Sofia, arrivista social e benemérita
fingida. 
c) diz respeito ao filósofo Quincas Borba, o que explica o
�tulo do livro. 
d) se produz na imprensa, apesar de esta se esquivar da
eloquência vazia. 
e) se estende à sociedade, na qual o cinismo é o trunfo
dos fortes. 
IT0305 - (Fuvest)
Romance LIII ou Das Palavras Aéreas
Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Ai, palavras, ai, palavras,
sois de vento, ides no vento,
no vento que não retorna,
e, em tão rápida existência,
tudo se forma e transforma!
Sois de vento, ides no vento,
e quedais, com sorte nova! (...)
 
Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Perdão podíeis ter sido!
— sois madeira que se corta,
— sois vinte degraus de escada,
— sois um pedaço de corda...
— sois povo pelas janelas,
cortejo, bandeiras, tropa...
 
Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Éreis um sopro na aragem...
— sois um homem que se enforca!
Cecília Meireles, Romanceiro da Inconfidência
 
Ao subs�tuir a pessoa verbal u�lizada para se referir ao
substan�vo “palavras” pela 3ª pessoa do plural, os verbos
dos versos “sois de vento, ides no vento,” (v. 4) / “Perdão
podíeis ter sido!” (v. 12)! / “Éreis um sopro na aragem...”
(v. 20) seriam conjugados conforme apresentado na
alterna�va:
a) são, vão, podiam, eram.
b) seriam, iriam, podiam, serão.
c) eram, foram, poderiam, seriam.
d) são, vão, poderiam, eram.
e) eram, iriam, podiam, seriam.
IT0293 - (Fuvest)
Leia os seguintes textos de Machado de Assis:
 
I.
Suave mari magno*
 
Lembra-me que, em certo dia,
Na rua, ao sol de verão,
Envenenado morria
Um pobre cão.
 
Arfava, espumava e ria,
De um riso espúrio e bufão,
Ventre e pernas sacudia
Na convulsão.
 
Nenhum, nenhum curioso
Passava, sem se deter,
Silencioso,
 
Junto ao cão que ia morrer,
Como se lhe desse gozo
Ver padecer.
Machado de Assis. Ocidentais.
 
* Expressão la�na, re�rada de Lucrécio (Da natureza das
coisas), a qual aparece no seguinte trecho: Suave, mari
magno, turban�bus aequora ven�s/ E terra magnum
alterius spectare laborem. (“É agradável, enquanto no
mar revoltoso os ventos levantam as águas, observar da
terra os grandes esforços de um outro.”).
 
II.
Tão certo é que a paisagem depende do ponto de vista, e
que o melhor modo de apreciar o chicote é ter-lhe o cabo
na mão.
Machado de Assis. Quincas Borba, cap. XVIII.
 
III.
Sofia soltou um grito de horror e acordou. Tinha ao pé doleito o marido:
– Que foi? perguntou ele.
– Ah! respirou Sofia. Gritei, não gritei?
(...)
– Sonhei que estavam matando você.
Palha ficou enternecido. Havê-la feito padecer por ele,
ainda que em sonhos, encheu-o de piedade, mas de uma
piedade gostosa, um sen�mento par�cular, ín�mo,
31@professorferretto @prof_ferretto
profundo, – que o faria desejar outros pesadelos, para
que o assassinassem aos olhos dela, e para que ela
gritasse angus�ada, convulsa, cheia de dor e de pavor.
Machado de Assis. Quincas Borba, cap. CLXI.
 
A visão do eu lírico no texto I
a) volta-se nostálgica para as imagens de uma
lembrança. 
b) centra-se com desprezo na figura do animal
agonizante. 
c) apreende displicentemente o movimento dos
transeuntes. 
d) ganha distância da cena para captar todos os seus
aspectos. 
e) apresenta o espectador da crueldade como um ser
incomum.
IT0318 - (Fuvest)
Os textos literários são obras de discurso, a que falta a
imediata referencialidade da linguagem corrente;
poé�cos, abolem, “destroem” o mundo circundante,
co�diano, graças à função irrealizante da imaginação que
os constrói. E prendem-nos na teia de sua linguagem, a
que devem o poder de apelo esté�co que nos enleia;
seduz-nos o mundo outro, irreal, neles configurado (...).
No entanto, da adesão a esse “mundo de papel”, quando
retornamos ao real, nossa experiência, ampliada e
renovada pela experiência da obra, à luz do que nos
revelou, possibilita redescobri-lo, sen�ndo-o e pensando-
o de maneira diferente e nova. A ilusão, a men�ra, o
fingimento da ficção, aclara o real ao desligar-se dele,
transfigurando-o; e aclara-o já pelo insight que em nós
provocou.
Benedito Nunes, “É�ca e leitura”, de Crivo de Papel.
 
O que eu precisava era ler um romance fantás�co, um
romance besta, em que os homens e as mulheres fossem
criações absurdas, não andassem magoando-se, traindo-
se. Histórias fáceis, sem almas complicadas. Infelizmente
essas leituras já não me comovem.
Graciliano Ramos, Angús�a.
 
Romance desagradável, abafado, ambiente sujo, povoado
de ratos, cheio de podridões, de lixo. Nenhuma
concessão ao gosto público. Solilóquio doido, enervante.
Graciliano Ramos, Memórias do Cárcere, em nota a
respeito de seu livro Angús�a.
 
Se o discurso literário “aclara o real ao desligar-se dele,
transfigurando-o”, pode-se dizer que Luís da Silva, o
narrador-protagonista de Angús�a, já não se comove
com a leitura de “histórias fáceis, sem almas
complicadas” porque
a) rejeita, como jornalista, a escrita de ficção. 
b) prefere alienar-se com narra�vas épicas. 
c) é indiferente às histórias de fundo sen�mental. 
d) está engajado na militância polí�ca. 
e) se afunda na nega�vidade própria do fracasso. 
IT0012 - (Enem)
Relatos de viagem: nas curvas da Nacional 222, em
Portugal
 
 Em abril deste ano, fomos a Portugal para uma
viagem de um mês que esperávamos há um ano. Pois no
dia 4 de maio, chegávamos ao Aeroporto Francisco Sá
Carneiro, no Porto. Que linda a “an�ga, muy nobre,
sempre leal e invicta” cidade do Porto! “Encantei-me”,
diriam eles... pelas belas paisagens, construções
históricas com lindas fachadas, parques e praças muito
bem cuidados.
 Os tripeiros, sinônimo de portuenses, têm orgulho
de sua cidade, apelidada de Invicta – nunca foi invadida.
E valorizam tudo o que há de bom ali, como “a melhor
estrada para se dirigir do mundo”, a Nacional 222.
 Pois na manhã do 25 de abril, dia da Revolução
dos Cravos, resolvemos conhecer a tal maravilha. A cada
10 km �nhamos que encostar: corríamos, dançávamos,
tomávamos chocolate quente, sopa, tudo que fosse
quen�nho. E lá íamos para mais uma etapa. Uma
aventura deliciosa. Depois de três horas – mais ou menos
o dobro do tempo necessário, não fossem as paradas
para aquecimento –, chegamos a casa! Congelados, mas
maravilhados e invictos!
Disponível em: h�ps://oglobo.globo.com. Acesso em: 6
dez. 2017 (adaptado).
 
Nesse texto, busca-se seduzir o leitor por meio da
exploração de uma voz externa sobre a iden�dade
histórica do povo português. O trecho que evidencia esse
procedimento argumenta�vo é 
a) “Que linda a ‘an�ga, muy nobre, sempre leal e invicta’
cidade do Porto!”. 
b) “Encantei-me’, diriam eles... pelas belas paisagens,
construções históricas com lindas fachadas [...]”. 
c) “Os tripeiros, sinônimo de portuenses, têm orgulho de
sua cidade [...]”. 
d) “E valorizam tudo o que há de bom ali, como ‘a
melhor estrada para se dirigir do mundo’ [...]”. 
e) “Pois na manhã do 25 de abril, dia da Revolução dos
Cravos, resolvemos conhecer a tal maravilha”. 
IT0324 - (Fuvest)
32@professorferretto @prof_ferretto
Uma planta é perturbada na sua sesta* pelo exército que
a pisa.
Mas mais frágil fica a bota.
Gonçalo M. Tavares, 1: poemas.
*sesta: repouso após o almoço.
 
O ditado popular que se relaciona melhor com o poema
é:
a) Para bom entendedor, meia palavra basta. 
b) Água mole em pedra dura tanto bate até que fura. 
c) Quem com ferro fere, com ferro será ferido. 
d) Um dia é da caça, o outro é do caçador. 
e) Uma andorinha só não faz verão. 
IT0309 - (Fuvest)
Leusipo perguntou o que eu �nha ido fazer na aldeia.
Preferi achar que o tom era amistoso e, no meu
paternalismo ingênuo, comecei a lhe explicar o que era
um romance. Eu tentava convencê-lo de que não havia
mo�vo para preocupação. Tudo o que eu queria saber já
era conhecido. E ele me perguntava: “Então, porque você
quer saber, se já sabe?” Tentei lhe explicar que pretendia
escrever um livro e mais uma vez o que era um romance,
o que era um livro de ficção (e mostrava o que �nha nas
mãos), que seria tudo historinha, sem nenhuma
consequência na realidade. Ele seguia incrédulo. Fazia-se
de desentendido, mas na verdade só queria me in�midar.
As minhas explicações sobre o romance eram inúteis. Eu
tentava dizer que, para os brancos que não acreditam em
deuses, a ficção servia de mitologia, era o equivalente
dos mitos dos índios, e antes mesmo de terminar a frase,
já não sabia se o idiota era ele ou eu. Ele não dizia nada a
não ser: “O que você quer com o passado?”. Repe�a. E,
diante da sua insistência bovina, �ve de me render à
evidência de que eu não sabia responder à sua pergunta.
Bernardo Carvalho, Nove Noites. Adaptado.
 
As respostas do narrador às perguntas de Leusipo são
uma tenta�va de disfarçar o caráter
a) fabular do romance, inspirado nas lendas e tradições
dos Krahô. 
b) inves�ga�vo do romance, embasado em testemunhos
dos Krahô. 
c) polí�co do romance, a respeito das condições de vida
dos Krahô. 
d) etnográfico do romance, através do registro da cultura
dos Krahô. 
e) biográfico do romance, relatando sua vivência junto
aos Krahô. 
IT0034 - (Enem)
Irerê, meu passarinho do sertão do Cariri,
Irerê, meu companheiro,
Cadê viola? Cadê meu bem? Cadê Maria?
Ai triste sorte a do violeiro cantadô!
Ah! Sem a viola em que cantava o seu amô,
Ah! Seu assobio é tua flauta de irerê:
Que tua flauta do sertão quando assobia,
Ah! A gente sofre sem querê!
Ah! Teu canto chega lá no fundo do sertão,
Ah! Como uma brisa amolecendo o coração,
Ah! Ah!
Irerê, solta teu canto!
Canta mais! Canta mais!
Prá alembrá o Cariri!
VILLA-LOBOS, H. Bachianas Brasileiras n. 5 para soprano e
oito violoncelos (1938-1945). Disponível em:
h�p://euterpe.blog.br. Acesso em: 23 abr. 2019.
 
Nesses verbos, há uma exaltação ao sertão do Cariri em
uma ambientação linguis�camente apoiada no(a) 
a) uso recorrente de pronomes. 
b) variedade popular da língua portuguesa. 
c) referência ao conjunto da fauna nordes�na. 
d) exploração de instrumentos musicais eruditos. 
e) predomínio de regionalismos lexicais nordes�nos. 
IT0339 - (Enem)
Ela era linda. Gostava de dançar, fazia teatro em São
Paulo e sonhava ser atriz em Hollywood. Tinha 13 anos
quando ganhou uma câmera de vídeo – e uma irmã. As
duas se tornaram suas companheiras de
experimentações. Adolescente, Elena vivia a criar
filminhos e se empenhava em dirigir a pequena Petra nas
cenas que inventava. Era exigente com a irmã. E
acreditava no potencialda menina para sa�sfazer seus
arroubos de diretora precoce. Por cinco anos, integrou
algumas das melhores companhias paulistanas de teatro
e par�cipou de preleções para filmes e trabalhos na TV.
Nunca foi chamada. No início de 1990, Elena �nha 20
anos quando se mudou para Nova York para cursar artes
cênicas e batalhar uma chance no mercado americano.
Deslocada, ansiosa, frustrada após alguns testes de
elenco malsucedidos, decepcionada com a ausência de
reconheci mento e vi�mada por uma depressão que se
agravava com a falta de perspec�vas, Elena pôs fim à vida
no segundo semestre. Petra �nha 7 anos. Vinte anos
depois, é ela, a irmã caçula, que volta a Nova York para
percorrer os úl�mos passos da irmã, vasculhar seus
arquivos e transformar suas memórias em imagem e
poesia.
Elena é um filme sobre a irmã que parte e sobre a irmã
que fica. É um filme sobre a busca, a perda, a saudade,
mas também sobre o encontro, o legado, a memória. Um
33@professorferretto @prof_ferretto
filme sobre a Elena de Petra e sobre a Petra de Elena,
sobre o que ficou de uma na outra e, essencialmente, um
filme sobre a delicadeza.
VANUCHI, C. Época, 19 out. 2012 (adaptado).
 
O texto é exemplar de um gênero discursivo que cumpre
a função social de
a) narrar, por meio de imagem e poesia, cenas da vida
das irmãs Petra e Elena. 
b) descrever, por meio das memórias de Petra, a
separação de duas irmãs. 
c) sinte�zar, por meio das principais cenas do filme, a
história de Elena. 
d) lançar, por meio da história de vida do autor, um filme
autobiográfico. 
e) avaliar, por meio de análise crí�ca, o filme em
referência. 
IT0025 - (Enem)
TEXTO l
 
Ditado popular é uma frase sentenciosa, concisa, de
verdade comprovada, baseada na secular experiência do
povo, exposta de forma poé�ca, contendo uma norma de
conduta ou qualquer outro ensinamento.
WEITZEL, A. H. Folclore literário e linguís�co. Juiz de Fora:
Esdeva, 1984 (fragmento).
 
TEXTO II
 
Rindo brincalhona, dando-lhe tapinhas nas costas, prima
Constança disse isto, dorme no assunto, ouça o
travesseiro, não tem melhor conselheiro.
 
Enquanto prima Biela dormia no assunto, toda a casa se
alvoroçava.
 
[Prima Constança] ia rezar, pedir a Deus para iluminar
prima Biela. Mas ia também tomar suas providências.
Casamento e mortalha, no céu se talha. Deus escreve
direito por linhas tortas. O que for soará. Dizia os ditados
todos, procurando interpretar os desígnios de Deus,
transformar os seus desejos nos desígnios de Deus. Se
achava um instrumento de Deus.
DOURADO, A. Uma vida em segredo. Rio de Janeiro:
Francisco Alves, 1990 (fragmento).
 
O uso que prima Constança faz dos ditados populares, no
texto II, cons�tui uma maneira de u�lizar o �po de saber
definido no texto l, porque 
a) cita-os pela força do hábito. 
b) os aceita como verdade absoluta. 
c) aciona-os para jus�ficar suas ações. 
d) toma-os para solucionar um problema. 
e) considera-os como uma orientação divina. 
IT0301 - (Fuvest)
Uma úl�ma gargalhada estrondosa. 1E depois, o silêncio.
O palhaço jazia 2imóvel no chão. 3Mas seu rosto con�nua
sorrindo, para sempre. Porque a carreira original do
Coringa era para durar apenas 30 páginas. O tempo de
envenenar Gotham, sequestrar 4Robin, enfiar um par de
sopapos na Homem-Morcego e disparar o primeiro “vou
te matar” da sua relação. Na briga final do Batman nº. 1,
o “horripilante bufão” sofria um final digno de sua
desumana ironia: 5ao tropeçar, cravava sua própria adaga
no peito. Assim decidiram e desenharam 6seus pais, os
ar�stas Bill Finger, Bob Kane e Jerry Robinson. Entretanto,
o criminoso mostrou, já em sua primeira aventura, um
enorme talento para 7se rebelar contra a ordem
estabelecida. 8Seu carisma seduziu a editora DC Comics,
que impôs o acréscimo de um quadrinho. Já dentro da
ambulância, vinha à tona “um dado desconcertante”. E
então um médico sentenciava: “Con�nua 9vivo. E vai
sobreviver!”.
Tommaso Koch. “O Coringa completa 80 anos e na
Espanha ganha duas HQs, que inspiram debates
filosóficos sobre a liberdade”,
EI País. Junho/2020.
 
No fragmento “ao tropeçar, cravava sua própria adaga no
peito.” (ref. 5), a oração em negrito abrange,
simultaneamente, as noções de
a) proporção e explicação.
b) causa e proporção.
c) tempo e consequência.
d) explicação e consequência.
e) tempo e causa.
IT0020 - (Enem)
Texto I
 
Entrevistadora – eu vou conversar aqui com a professora
A. D. ... o português então não é uma língua di�cil?
Professora – olha se você parte do princípio... que a
língua portuguesa não é só regras grama�cais... não se
você se apaixona pela língua que você... já domina que
você já fala ao chegar na escola se o teu professor ca�va
você a ler obras da literatura. ... obras da/dos meios de
34@professorferretto @prof_ferretto
comunicação... se você tem acesso a revistas... é... a
livros didá�cos... a... livros de literatura o mais formal o
e/o di�cil é porque a escola transforma como eu já disse
as aulas de língua portuguesa em análises grama�cais.
 
Texto II
 
Entrevistadora – Vou conversar com a professora A. D. O
português é uma língua di�cil?
Professora – Não, se você parte do princípio que a língua
portuguesa não é só regras grama�cais. Ao chegar à
escola, o aluno já domina e fala a língua. Se o professor
mo�vá-lo a ler obras literárias, e se tem acesso a revistas,
a livros didá�cos, você se apaixona pela língua. O que
torna di�cil é que a escola transforma as aulas de língua
portuguesa em análises grama�cais.
MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita:a�vidades de
retextualização.
São Paulo: Cortez, 2001 (adaptado).
 
O Texto I é a transcrição de uma entrevista concedida por
uma professora de português a um programa de rádio. O
Texto II é a adaptação dessa entrevista para a modalidade
escrita. 
 
Em comum, esses textos 
a) apresentam ocorrências de hesitações e
reformulações. 
b) são modelos de emprego de regras grama�cais. 
c) são exemplos de uso não planejado da língua. 
d) apresentam marcas da linguagem literária. 
e) são amostras do português culto urbano.
IT0427 - (Enem PPL)
Diante de uma fórmula consagrada, mas dando
indícios de desgaste, a Federação Internacional de Vôlei
quis mudar. No calendário há quase três décadas, a Liga
Mundial e o Grand Prix deram origem à nova Liga das
Nações. Mas, além das mudanças de formato, a
compe�ção promete revolucionar a forma com que o
esporte chega ao público e também atende a um pedido
an�go das mulheres: a igualdade na premiação. A
compe�ção dará US$ 1 milhão para o campeão de cada
gênero. Há algumas temporadas, as mulheres
contestavam a diferença na premiação. A nova Liga das
Nações, no entanto, atende ao pedido e iguala o valor
recebido nos dois naipes. “Estamos compreendendo
antes dos demais o espaço das mulheres no esporte. Até
então �nhamos a Liga Mundial masculina, que pagava 1
milhão de dólares para o campeão, e o Grand Prix, que
distribuía para a campeã feminina US$ 350 mil. Já no ano
passado, o prêmio do Grand Prix subiu para US$ 600 mil.
Com a criação da Liga das Nações, igualamos as
premiações. Ao dar a mesma premiação para os dois
gêneros, estamos dizendo ao mundo inteiro que homens
e mulheres devem ter os mesmos direitos” — disse o
presidente da FIVB.
Disponível em: h�ps://globoesporte.globo.com. Acesso
em: 9 jun. 2018 (adaptado).
 
A modalidade espor�va apresentada no texto
caracteriza-se por ser
a) inovadora, ao equiparar a premiação para ambos os
sexos.
b) obsoleta, ao premiar homens e mulheres de forma
desigual.
c) reconhecida, ao manter o formato de seus eventos por
décadas.
d) desgastada, ao não atender a uma demanda do
público espectador.
e) conservadora, ao resis�r à mudança do formato de
seus eventos.
IT0430 - (Enem PPL)
Foi o caso que um homenzinho, recém-aparecido na
cidade, veio à casa do Meu Amigo, por questão de vida e
morte, pedir providências. Meu Amigo sendo de vasto
saber e pensar, poeta, professor, ex-sargento de cavalaria
e delegado de polícia. Por tudo, talvez, costumava
afirmar: — “A vida de um ser humano, entre outros seres
humanos,é impossível. O que vemos é apenas milagre;
salvo melhor raciocínio.” Meu Amigo sendo fatalista. 
Na data e hora, estava-se em seu fundo de quintal,
exercitando ao alvo, com carabinas e revólveres,
revezadamente. Meu Amigo, a bom seguro que, no
mundo, ninguém, jamais, a�rou quanto ele tão bem —
no agudo da pontaria e rapidez em sacar arma; gastava
nisso, por dia, caixas de balas. Estava justamente
especulando: — “Só quem entendia de tudo eram os
gregos. A vida tem poucas possibilidades”. Fatalista como
uma louça, o Meu Amigo. Sucedeu nesse comenos que o
vieram chamar, que o homenzinho o procurava.
ROSA, J. G. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: J. Olympio,
1967.
 
Os procedimentos de construção conferem originalidade
ao es�lo do autor e produzem, no fragmento, efeito de
sen�do apoiado na
a) reflexão filosófica em torno da brevidade da vida.
b) tensão progressiva ante a chegada do estranho.
c) nota irônica do perfil intelectual do personagem.
d) curiosidade natural despertada pelo anonimato.
e) erudição su�l da alusão ao pensamento grego.
35@professorferretto @prof_ferretto
IT0431 - (Enem PPL)
Reciclagem de hábitos ajuda a enfrentar a crise
Todo início de ano as pessoas fazem uma lista de
propósitos para serem perseguidos ao longo dos
próximos 12 meses. Ao que tudo indica, o próximo ano
será um período de extrema dificuldade. Reciclar pode
ser uma alterna�va. 
Esse conceito — por ser muito abrangente — nos
propicia uma reflexão. No dia a dia pessoal, dentro de
casa, podemos reciclar roupas, sapatos, objetos de uso
pessoal etc. Ou seja, ao adotarmos tal a�tude, não
gastamos o escasso e suado dinheiro disponível. Vale
também minimizar desperdícios. A vantagem dessa
“consciência ecológica” acaba por beneficiar o meio
ambiente e também o bolso. 
Reciclar hábitos é muito di�cil. Quantos se lembram
de apagar a luz quando deixam um ambiente? E de
desligar o chuveiro quando estão se ensaboando? 
Se estou desempregado ou com pouco dinheiro, não
preciso ir à academia (e me endividar ainda mais) para
cuidar da saúde. Caminhar pelos parques ou jardins pode
ser uma alterna�va. Quantas vezes nos deparamos com
pessoas andando — ou correndo — nas ruas? Isso pode
ser imitado. Não tem custo algum!
E nas finanças pessoais? Disciplina, disciplina. Reduzir
o consumo desenfreado, os gastos desnecessários e
pesquisar muito antes de comprar o que é realmente
essencial: supermercado, farmácia etc. Na verdade, as
compras passam por gestão. Se compro roupa nova
(necessária), deixo para comprar sapato ou bolsa no mês
que vem. Além de evitar o endividamento numa hora de
emprego di�cil e renda baixa, o planejamento de gastos
torna-se essencial. 
Quem consegue poupar R$ 10,00 por semana terá R$
40,00 no final do mês. Ao longo do ano, terá acumulado
quase R$ 500. Sem sofrimento. Não foi uma reciclagem
de hábito?
CALIL, M. Disponível em: h�p://no�cias.uol.com.br.
Acesso em: 24 ago. 2017 (adaptado).
 
Para convencer o leitor de que a reciclagem de hábitos
ajuda a enfrentar a crise, o autor desse texto
a) sugere o planejamento dos gastos familiares com o
acompanhamento de um gestor.
b) revela o sofrimento ocasionado pela reciclagem de
hábitos já arraigados na sociedade.
c) u�liza perguntas retóricas direcionadas a um público
leitor engajado em causas ambientais.
d) apresenta sua preocupação em relação à dificuldade
enfrentada pela indústria da reciclagem.
e) faz um paralelo entre os ganhos da reciclagem para o
meio ambiente e para as finanças pessoais.
IT0434 - (Enem PPL)
Domés�cas, de Fernando Meirelles e Nando Olival (2001)
Drama de trabalhadoras domés�cas na cidade de São
Paulo, mostradas a par�r do co�diano de Cida, Roxane,
Quitéria, Raimunda e Créo. Uma quer se casar; a outra é
casada, mas sonha com um marido melhor; uma sonha
em ser ar�sta de novela e a outra acredita que tem por
missão na Terra servir a Deus e à sua patroa. Todas têm
sonhos dis�ntos, mas vivem a mesma realidade:
trabalhar como empregada domés�ca. Conduzido com
humor (e uma trilha musical dos hits populares do Brasil
brega dos anos 1970), o filme de Meirelles e Olival retrata
o universo par�cular dessa categoria de trabalhadoras
domés�cas. É curioso que, em nenhum momento,
aparecem patrões ou patroas. A narra�va
de Domés�cas se desenvolve segundo a ó�ca
con�ngente das classes subalternas, dos de baixo, com
seus anseios e sonhos, expecta�vas e frustrações. Não
aparecem situações de luta social por direitos, o que
sugere que o filme se detém na epiderme da consciência
de classe con�ngente, expressando, desse modo, a
fragmentação das perspec�vas de vida e trajetórias das
domés�cas (quase como um des�no, como observa na
palavra final a domés�ca Roxane). Do mesmo modo, ao
retratar Zé Pequeno (em Cidade de Deus), Meirelles
tratou sua sina de bandido quase como des�no. É
baseado na peça de teatro de Renata Melo (2005).
Disponível em: www.telacri�ca.org. Acesso em: 25 ago.
2017 (adaptado).
 
A sinopse, para convencer o leitor a assis�r ao
filme Domés�cas, lança mão da seguinte estratégia de
linguagem:
a) Reflexão sobre a língua u�lizada pelas personagens do
filme.
b) Avaliação posi�va do filme disfarçada de comparação.
c) Referência à mídia cinematográfica.
d) Descrição de cenas do filme.
e) Apelação ao leitor.
IT0435 - (Enem PPL)
TEXTO I
Há uma geração inteira sem conseguir emprego.
Grande parte sonha com um concurso público. Não é
novidade, mul�dões sempre correram atrás de emprego
municipal, estadual ou federal. Espanta é a disposição
para trabalhar em qualquer área, fora do que
consideravam sua vocação. Em crise, vocação é ter
salário. Há quem con�nue na casa dos pais,
indefinidamente. Ou quem volte. O problema é que nem
sempre dá certo. Mães e pais que têm aposentadoria
36@professorferretto @prof_ferretto
ainda asseguram a sobrevivência dos filhos. É uma
geração à deriva.
CARRASCO, W. Disponível em: h�p://epoca.globo.com.
Acesso em: 23 ago. 2017 (adaptado).
 
TEXTO II
Ah, a casa da avó! Sinônimo de comidinha gostosa,
muita brincadeira, vontades feitas. O imaginário de muita
gente traz da infância as melhores lembranças da casa da
avó. Mas o que para muitos é apenas um local para
brincadeiras e férias, para outros, nos úl�mos tempos,
tem sido sinônimo da casa principal, onde os netos
moram e são criados.
Não só o mercado de trabalho levou as crianças para
a casa das avós em tempo integral, mas também a
sociedade moderna, com o divórcio e as novas
cons�tuições familiares. Com o divórcio, a correria do dia
a dia no mercado de trabalho e a própria emancipação da
mulher, muitas mães delegaram aos avós a tarefa de criar
seus filhos.
MAIA, K. Disponível em: www.cnte.org.br. Acesso em: 23
ago. 2017 (adaptado).
 
Esses dois textos têm temá�cas diferentes, na medida em
que o Texto I trata da volta dos filhos à casa dos pais, e o
Texto II, da permanência dos netos na casa dos avós.
Entretanto, eles se aproximam no que diz respeito
a) ao aconchego que os filhos e netos encontram nesses
lugares.
b) ao fator econômico, que é a causa do problema nos
dois casos.
c) aos problemas de relacionamento que surgem nessas
situações.
d) ao divórcio, que é apontado como comum nos dias de
hoje.
e) à independência da mulher, que causa a ausência das
mães.
IT0439 - (Enem PPL)
O lobo que não é mau
A primeira coisa a saber é que o guará não é, na
verdade, um lobo. Embora seja o maior canídeo silvestre
da América do Sul, sua espécie (Chrysocyon brachyurus)
é de di�cil classificação. Alguns cien�stas dizem que é
parente das raposas, outros, que é parente do cachorro-
vinagre sul-americano. Mas, de lobo mesmo, ele não tem
nada. Além disso, é um animal onívoro. Porém, em
algumas regiões, a sua dieta chega a quase 70% de
frutas, especialmente da lobeira, uma árvore �pica das
savanas brasileiras, que contribui para a saúde do animal,
prevenindo um �po de verminose que ataca os rins do
guará. 
O lobo-guará não é um animal perigoso ao homem.
Não existe nenhum registro, em toda a história, de um
guará que tenha atacado uma pessoa, mas, ainda assim,
são vistoscomo “maléficos”. Por quê? Porque, em
ambientes degradados, o lobo, para sobreviver, acaba
atacando galinheiros ou comendo aves que são criadas
soltas. Com a desculpa de “proteger sua criação”, pessoas
com baixo nível de consciência ecológica acabam
matando os animais. 
Se não bastassem a matança e a destruição de
ambientes naturais, o lobo-guará ainda apresenta grande
índice de morte por atropelamento em estradas. 
O fato é que o lobo-guará precisa de nós mais do que
nunca na história.
FERRAREZI JR., C. Revista QShow, n. 20, nov. 2015
(adaptado).
 
Esse texto de divulgação cien�fica u�liza como principal
estratégia argumenta�va a:
a) sedução, mostrando o lado delicado e afetuoso do
animal por meio da negação de seu nome popular.
b) comoção, relatando a perseguição que o animal sofre
constantemente pelos fazendeiros com baixo grau de
instrução.
c) intertextualidade, buscando contraponto numa
famosa história infan�l, confrontada com dados
concretos e fatos históricos.
d) chantagem, modificando a verdadeira índole do lobo-
guará para proteger as criações de animais domés�cos
em áreas degradadas.
e) in�midação, explorando os efeitos de sen�do
desencadeados pelo uso de palavras como “matança”,
“perigoso”, “degradados” e “atacando”.
IT0440 - (Enem PPL)
Preconceito: do la�m prae, antes, e conceptus, conceito,
esse termo pode ser definido como o conjunto de
crenças e valores aprendidos, que levam um indivíduo ou
um grupo a nutrir opiniões a favor ou contra os membros
de determinados grupos, antes de uma efe�va
experiência com eles. Tecnicamente, portanto, existe um
preconceito posi�vo e um nega�vo, embora, nas relações
raciais e étnicas, o termo costume se referir ao aspecto
nega�vo de um grupo herdar ou gerar visões hos�s a
respeito de um outro, dis�nguível com base em
generalizações. Essas generalizações derivam
invariavelmente da informação incorreta ou incompleta a
respeito do outro grupo.
CASHMORE, E. Dicionário de relações étnicas e raciais.
São Paulo: Selo Negro, 2000 (adaptado).
 
Nesse verbete de dicionário, a apropriação adequada do
uso padrão da língua auxilia no estabelecimento
37@professorferretto @prof_ferretto
a) da precisão das informações veiculadas.
b) da linguagem conota�va caracterís�ca desse gênero.
c) das marcas do interlocutor como uma exigência para a
validade das ideias.
d) das sequências narra�vas como recurso de progressão
textual.
e) do processo de contraposição argumenta�va para
conseguir a adesão do leitor.
IT0441 - (Enem PPL)
Nessa conversa por aplica�vo, em que se evidencia uma
forma de preconceito, a atendente avaliou a candidata a
uma vaga de emprego pelo(a)
 
 
a) ausência de autocorreção durante um diálogo.
b) desleixo com a pontuação adequada durante um bate-
papo.
c) desprezo pela linguagem u�lizada em entrevistas de
emprego.
d) descuido com os padrões linguís�cos no contexto de
busca por emprego.
e) negligência com a correção automá�ca de palavras
pelo corretor de textos do celular.
IT0442 - (Enem PPL)
A busca do “texto oculto” na leitura de no�cias
Os meus colegas jornalistas que me perdoem, mas
não dá mais para ler uma no�cia de jornal apenas pelo
que está publicado. O nosso universo informa�vo ficou
muito mais complexo depois do surgimento da avalanche
informa�va na internet. 
Esse fenômeno, inédito na história do jornalismo, está
nos obrigando a tomar uma no�cia de jornal apenas
como um ponto de par�da para uma análise que,
necessariamente, envolve a preocupação em descobrir o
contexto do que foi publicado. A no�cia de jornal não é
mais a verdade defini�va, mas a porta de entrada numa
realidade desconhecida e inevitavelmente complexa,
contraditória e diversa. 
A principal mudança que todos nós teremos que
incorporar às nossas ro�nas informa�vas é a necessidade
de sermos crí�cos em relação às no�cias que leremos,
ouviremos ou assis�remos. 
A busca de um novo modelo de formatação de
no�cias baseado numa cultura da diversificação
informa�va está apenas começando. O público passou a
ter uma importância estratégica na a�vidade profissional
porque os jornalistas necessitam, cada vez mais, dos
blogs pessoais, das páginas da web e das postagens em
redes sociais como fonte de no�cias. A histórica
dependência de fontes governamentais e corpora�vas
está rapidamente sendo subs�tuída pela no�cia oriunda
de comunidades, grupos sociais organizados e
influenciadores digitais. A agenda de no�cias das elites
perde espaço para a agenda do público. 
É essa nova forma de ver a realidade que está na base
da necessidade do chamado “texto oculto”, um jargão
acadêmico para uma diversificação na nossa nova forma
de ler, ouvir e ver no�cias.
CASTILHO, C. Disponível em:
www.observatoriodaimprensa.com.br. Acesso em: 30
out. 2021 (adaptado).
 
Ao problema�zar os modos de ler no�cias e a
necessidade de se buscar o chamado “texto oculto”, o
texto defende que esse processo implicará
38@professorferretto @prof_ferretto
a) adaptação na forma como a imprensa e o jornalismo
abordam a informação.
b) alteração na prá�ca interacional entre os usuários de
redes sociais.
c) ampliação da quan�dade de informação disponível na
internet.
d) demanda por informações fidedignas em fontes
oficiais.
e) percepção da no�cia como um produto acabado.
IT0443 - (Enem PPL)
TEXTO I
De casa para a escola
Saber respeitar limites, esperar, suportar, ter seus
desejos frustrados, fazer trocas e planejar é ter educação
financeira. E o exemplo vem de casa. Mas as a�tudes dos
pais somente serão referências para a educação
financeira se eles mesmos usarem o dinheiro de forma
consciente, fizerem pesquisa de preço, comprarem à
vista, pedirem descontos, �verem controle de suas
finanças, souberem o quanto têm e o quanto podem
gastar, inves�r e poupar. Portanto, boa parte das razões
que levam um adulto a se tornar consumista e a se
endividar está na educação que recebe quando criança
ou na adolescência.
MACEDO, C. Revista Carta Fundamental, n. 37, abr. 2012
(adaptado).
 
TEXTO II
Educação financeira para crianças
Ensinar para os filhos o valor das coisas é
responsabilidade dos pais, mas, se lidar com dinheiro é
complicado para adultos, passar esse conhecimento para
crianças é uma tarefa bem mais delicada. De acordo com
a especialista em educação financeira infan�l Cássia
D’Aquino, o momento certo de começar a ensinar a
criança a lidar com as finanças é anunciado pela própria,
na primeira vez em que pede aos pais para lhe
comprarem alguma coisa. Isso costuma acontecer por
volta dos dois anos e meio, e, nessa hora, o pequeno
mostra que já percebeu o que é dinheiro e que o dinheiro
“compra” as coisas que ele pode vir a querer. À medida
que os pequenos vão crescendo, os filhos vão convivendo
com a forma com que seus pais trabalham com o
dinheiro. Para Cássia, a melhor base para uma educação
financeira eficiente é aquela transmi�da por meio de
a�tudes simples na ro�na do relacionamento entre pais e
filhos. Assim que a criança manifestar uma noção básica
em relação a dinheiro, os pais já podem, de maneira
gradual, adotar uma postura educa�va.
Disponível em: h�p://brasil.gov.br. Acesso em: 27 fev.
2013.
 
Sob diferentes perspec�vas, os textos I e II abordam o
tema educação financeira. No entanto, em ambos os
textos, os autores sustentam a opinião de que
a) os modelos familiares impostos na infância e na
juventude são espelhos para os filhos.
b) o sucesso da educação financeira está ligado à forma
como a escola trabalha o tema.
c) uma das tarefas mais di�ceis do processo de educação
é estabelecer limites.
d) a educação imposta pela sociedade subs�tui aquela
recebida em casa.
e) os filhos devem poupar na infância para inves�rem
quando adultos.
IT0444 - (Enem PPL)
A criança e a lógica
Uma menina vê a foto da mãe grávida e ouve a
seguinte explicação: “Você estava na minha barriga,
filha”. Imediatamente, a criança chega à incrível
conclusão: “Mamãe, então você é o lobo mau?”. A par�r
dos 2 anos, a criança começa a dominar as palavras, mas
sua lógica, que difere da do adulto, surpreendevocê deixa a companheira
e no bar com os amigos bebe bem a noite inteira
 
Segunda-feira chega na repar�ção
pede dispensa para ir ao oculista
e vai curar sua ressaca simplesmente
Você não passa de um falso moralista
NELSON SARGENTO. Sonho de um sambista. São Paulo:
Eldorado, 1979.
 
As letras de samba normalmente se caracterizam por
apresentarem marcas informais do uso da língua. Nessa
letra de Nelson Sargento, são exemplos dessas marcas 
a) “falação” e “pros bailes”. 
b) “você” e “teatro de revista”. 
c) “perfeito” e “Carnaval”. 
d) “bebe bem” e “oculista”. 
e) “curar” e “falso moralista”.
IT0299 - (Fuvest)
A escrita faz de tal modo parte de nossa civilização que
poderia servir de definição dela própria. A história da
humanidade se divide em duas imensas eras: antes e a
par�r da escrita. Talvez venha o dia de uma terceira era
— depois da escrita. Vivemos os séculos da civilização
escrita. Todas as nossas sociedades baseiam-se no
escrito. A lei escrita subs�tui a lei oral, o contrato escrito
subs�tui a convenção verbal, a religião escrita se seguiu à
tradição lendária. E sobretudo não existe história que não
se funde sobre textos.
Charles Higounet. A história da escrita. Adaptado.
 
A escrita poderia servir de definição da nossa civilização,
uma vez que
a) a terceira era está prestes a acontecer.
b) o escrito respalda as a�vidades humanas.
c) as convenções verbais subs�tuíram o escrito.
d) a oralidade deixou de ser usada em períodos remotos.
e) os textos pararam de se modificar a par�r da escrita.
IT0033 - (Enem)
TEXTO I
 
An�gamente
 
An�gamente, os pirralhos dobravam a língua diante dos
pais e se um se esquecia de arear os dentes antes de cair
nos braços de Morfeu, era capaz de entrar no couro. Não
devia também se esquecer de lavar os pés, sem tugir
nem mugir. Nada de bater na cacunda do padrinho, nem
de debicar os mais velhos, pois levava tunda. Ainda
cedinho, aguava as plantas, ia ao corte e logo voltava aos
penates. Não ficava mangando na rua nem escapulia do
mestre, mesmo que não entendesse patavina da
instrução moral e cívica. O verdadeiro smart calçava
bo�na de botões para comparecer todo liró ao copo
d’água, se bem que no convescote apenas lambiscasse,
para evitar flatos. Os bilontras é que eram um precipício,
jogando com pau de dois bicos, pelo que carecia muita
cautela e caldo de galinha. O melhor era pôr as barbas de
molho diante de um treteiro de topete, depois de fintar e
engambelar os coiós, e antes que se pudesse tudo em
pratos limpos, ele abria o arco.
ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de janeiro: nova
Aguilar, 1983 (fragmento).
 
TEXTO II
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3@professorferretto @prof_ferretto
Na leitura do fragmento do texto An�gamente constata-
se, pelo emprego de palavras obsoletas, que itens lexicais
outrora produ�vos não mais o são no português
brasileiro atual. Esse fenômeno revela que 
a) a língua portuguesa de an�gamente carecia de termos
para se referir a fatos e coisas do co�diano. 
b) o português brasileiro se cons�tui evitando a
ampliação do léxico proveniente do português
europeu. 
c) a heterogeneidade do português leva a uma
estabilidade do seu léxico no eixo temporal. 
d) o português brasileiro apoia-se no léxico inglês para
ser reconhecido como língua independente. 
e) o léxico do português representa uma realidade
linguís�ca variável e diversificada. 
IT0005 - (Enem)
Reaprender a ler no�cias
 
Não dá mais para ler um jornal, revista ou assis�r a um
telejornal da mesma forma que fazíamos até o
surgimento da rede mundial de computadores. O
Observatório da Imprensa antecipou isso lá nos idos de
1996 quando cunhou o slogan “Você nunca mais vai ler
jornal do mesmo jeito”. De fato, hoje já não basta mais
ler o que está escrito ou falado para estar bem
informado. É preciso conhecer as entrelinhas e saber que
não há obje�vidade e nem isenção absolutas, porque
cada ser humano vê o mundo de uma forma diferente.
Ter um pé atrás passou a ser a regra básica número um
de quem passa os olhos por uma primeira página, capa
de revista ou chamadas de um no�ciário na TV.
Há uma diferença importante entre desconfiar de tudo e
procurar ver o maior número possível de lados de um
mesmo fato, dado ou evento. Apenas desconfiar não
resolve porque se trata de uma a�tude passiva. É claro,
tudo começa com a dúvida, mas a par�r dela é
necessário ser proa�vo, ou seja, inves�gar, estudar,
procurar os elementos ocultos que sempre existem numa
no�cia. No começo é um esforço solitário que pode se
tornar cole�vo à medida que mais pessoas descobrem
sua vulnerabilidade informa�va.
Disponível em: www.observatoriodaimprensa.com.br.
Acesso em 30 set. 2015 (adaptado).
 
No texto, os argumentos apresentados permitem inferir
que o obje�vo do autor é convencer os leitores a 
a) buscarem fontes de informação comprome�das com a
verdade. 
b) privilegiarem no�cias veiculadas em jornais de grande
circulação. 
c) adotarem uma postura crí�ca em relação às
informações recebidas. 
d) ques�onarem a prá�ca jornalís�ca anterior ao
surgimento da internet. 
e) valorizarem reportagens redigidas com imparcialidade
diante dos fatos. 
IT0009 - (Enem)
Comportamento geral
 
Você deve estampar sempre um ar de alegria
E dizer: tudo tem melhorado
Você deve rezar pelo bem do patrão
E esquecer que está desempregado
 
Você merece
Você merece
Tudo vai bem, tudo legal
Cerveja, samba, e amanhã, seu Zé
Se acabarem com teu carnaval
 
Você deve aprender a baixar a cabeça
E dizer sempre: muito obrigado
São palavras que ainda te deixam dizer
Por ser homem bem disciplinado
 
Deve pois só fazer pelo bem da nação
Tudo aquilo que for ordenado
Pra ganhar um fuscão no juízo final
E diploma de bem-comportado
4@professorferretto @prof_ferretto
GONZAGUINHA. Luiz Gonzaga Jr. Rio de Janeiro: Odeon.
1973 (fragmento).
 
Pela análise do tema e dos procedimentos
argumenta�vos u�lizados na letra da canção composta
por Gonzaguinha na década de 1970, infere-se o obje�vo
de 
a) ironizar a incorporação de ideias e a�tudes
conformistas. 
b) convencer o público sobre a importância dos deveres
cívicos. 
c) relacionar o discurso religioso à resolução de
problemas sociais. 
d) ques�onar o valor atribuído pela população às festas
populares. 
e) defender uma postura cole�va indiferente aos valores
dominantes.
IT0313 - (Fuvest)
 
O efeito de humor presente nas falas das personagens
decorre
a) da quebra de expecta�va gerada pela polissemia. 
b) da ambiguidade causada pela antonímia. 
c) do contraste provocado pela foné�ca. 
d) do contraste introduzido pela neologia. 
e) do estranhamento devido à morfologia. 
IT0295 - (Fuvest)
Leia os seguintes textos de Machado de Assis:
 
I.
Suave mari magno*
 
Lembra-me que, em certo dia,
Na rua, ao sol de verão,
Envenenado morria
Um pobre cão.
 
Arfava, espumava e ria,
De um riso espúrio e bufão,
Ventre e pernas sacudia
Na convulsão.
 
Nenhum, nenhum curioso
Passava, sem se deter,
Silencioso,
 
Junto ao cão que ia morrer,
Como se lhe desse gozo
Ver padecer.
Machado de Assis. Ocidentais.
 
* Expressão la�na, re�rada de Lucrécio (Da natureza das
coisas), a qual aparece no seguinte trecho: Suave, mari
magno, turban�bus aequora ven�s/ E terra magnum
alterius spectare laborem. (“É agradável, enquanto no
mar revoltoso os ventos levantam as águas, observar da
terra os grandes esforços de um outro.”).
 
II.
Tão certo é que a paisagem depende do ponto de vista, e
que o melhor modo de apreciar o chicote é ter-lhe o cabo
na mão.
Machado de Assis. Quincas Borba, cap. XVIII.
 
III.
Sofia soltou um grito de horror e acordou. Tinha ao pé do
leito o marido:
– Que foi? perguntou ele.
– Ah! respirou Sofia. Gritei, não gritei?
(...)
– Sonhei que estavam matando você.
Palha ficou enternecido. Havê-la feito padecer por ele,
ainda que em sonhos, encheu-o de piedade, mas de uma
piedade gostosa, um sen�mento par�cular, ín�mo,
profundo, – que o faria desejar outros pesadelos, para
que o assassinassem aos olhos dela, e para que ela
gritasse angus�ada, convulsa,os pais
pelas associações. Para uma psicóloga infan�l, esse
raciocínio se explica pelo fato de que a lógica, nos
primeiros anos de vida, é primi�va e rígida, não admite
que para a mesma questão existam várias possibilidades.
Quando a mãe diz que vai chegar em casa à noite, a
criança não compreende por que, afinal, a promessa
ainda não foi cumprida se já está escuro. Ou se ela já
ouviu que as pessoas morrem quando estão velhinhas e
de repente acontece de alguém próximo perder a vida
ainda jovem, ela pode custar a se conformar. “O
importante é falar a verdade e ter paciência. Com o
tempo, as crianças percebem que um fato pode ter mais
de uma explicação, e vários fatos influenciam uma
mesma situação. A lógica vai, assim, aprimorando-se e
ficando mais próxima da do adulto entre os 5 e 6 anos”,
afirma a especialista.
Disponível em: h�p://revistacrescer.globo.com. Acesso
em: 15 nov. 2014 (adaptado).
 
O texto cita a opinião de uma psicóloga como estratégia
argumenta�va para
a) explicar as associações inesperadas das crianças de 2 a
5 anos.
b) apresentar dados cien�ficos sobre a falta de lógica na
infância.
c) gerar efeitos de credibilidade às informações
apresentadas.
d) jus�ficar a natureza rudimentar do raciocínio infan�l.
e) ajudar os adultos na interlocução com as crianças.
39@professorferretto @prof_ferretto
IT0447 - (Enem PPL)
Tiranos de nós mesmos: a servidão voluntária na era da
sociedade do desempenho
Byung-Chul Han, no opúsculo Sociedade do cansaço,
discute a ascensão de um novo paradigma social, em que
a sociedade disciplinar de Foucault é subs�tuída pela
sociedade do desempenho. Esse novo modelo social é
movido por um impera�vo de maximizar a produção.
Nós, sujeitos de desempenho, somos constante e
sistema�camente pressionados a aperfeiçoar nossa
performance e a aumentar nossa produção. 
A crença subjacente, segundo Han, é a de que nada é
impossível. Nós podemos fazer tudo. Estamos
constantemente pressionados por um poder fazer
ilimitado. É um excesso de posi�vidade, que se cons�tui
em verdadeira violência neuronal. 
E por isso produzimos. Produzimos até a exaustão. E,
mesmo cansados, con�nuamos produzindo. Uma meta é
sempre subs�tuída por outra. A tarefa nunca acaba. É
frustrante e esgotante. O resultado é uma sociedade que
gera fracassados e depressivos, a quem só resta recorrer
a medicamentos para con�nuar produzindo mais
eficientemente.
Disponível em: h�p://jus�ficando.cartacapital.com.br.
Acesso em: 24 ago. 2017 (adaptado).
 
Com base nessa reflexão acerca do livro Sociedade do
cansaço, que discute o novo modelo da sociedade do
desempenho, o resenhista a
a) conceitua, apresenta seus fundamentos e conclui com
suas consequências.
b) fundamenta com argumentos, apresenta sua
conclusão e oferece exemplos.
c) descreve, apresenta suas consequências e conclui com
sua conceituação.
d) exemplifica, apresenta sua fundamentação e avalia
seus resultados.
e) discute, apresenta seu conceito e promove uma
discussão.
IT0448 - (Enem PPL)
Trechos do discurso de Ulysses Guimarães na
promulgação da Cons�tuição em 1988
Senhoras e senhores cons�tuintes. 
Dois de fevereiro de 1987. Ecoam nesta sala as
reivindicações das ruas. A Nação quer mudar. A Nação
deve mudar. A Nação vai mudar. São palavras constantes
do discurso de posse como presidente da Assembleia
Nacional Cons�tuinte. 
Hoje, 5 de outubro de 1988, no que tange à
Cons�tuição, a Nação mudou. A Cons�tuição mudou na
sua elaboração, mudou na definição dos Poderes. Mudou
restaurando a federação, mudou quando quer mudar o
homem cidadão. E é só cidadão quem ganha justo e
suficiente salário, lê e escreve, mora, tem hospital e
remédio, lazer quando descansa. 
A Nação nos mandou executar um serviço. Nós o
fizemos com amor, aplicação e sem medo. 
A Cons�tuição certamente não é perfeita. Ela própria
o confessa ao admi�r a reforma. Quanto a ela, discordar,
sim. Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca. 
Quando, após tantos anos de lutas e sacri�cios,
promulgamos o Estatuto do Homem, da Liberdade e da
Democracia, bradamos por imposição de sua honra. 
Nós, os legisladores, ampliamos os nossos deveres.
Teremos de honrá-los. A Nação repudia a preguiça, a
negligência e a inépcia. 
O povo é o superlegislador habilitado a rejeitar pelo
referendo os projetos aprovados pelo Parlamento. 
Não é a Cons�tuição perfeita, mas será ú�l, pioneira,
desbravadora. 
Termino com as palavras com que comecei esta fala. 
A Nação quer mudar. A Nação deve mudar. A Nação
vai mudar. A Cons�tuição pretende ser a voz, a letra, a
vontade polí�ca da sociedade rumo à mudança. 
Que a promulgação seja o nosso grito. Mudar para
vencer. 
Muda, Brasil.
Disponível em: www.senadofederal.br. Acesso em: 30
out. 2021.
 
O discurso de Ulysses Guimarães apresenta
caracterís�cas de duas funções da linguagem: ora revela
a subje�vidade de quem vive um momento histórico, ora
busca informar a população sobre a Carta Magna. Essas
duas funções manifestam-se, respec�vamente, nos
trechos:
a) “São palavras constantes do discurso de posse como
presidente da Assembleia Nacional Cons�tuinte.” e “A
Cons�tuição pretende ser a voz, a letra, a vontade
polí�ca da sociedade rumo à mudança”.
b) “Nós o fizemos com amor, aplicação e sem medo.” e
“A Cons�tuição mudou na sua elaboração, mudou na
definição dos Poderes”.
c) “Quando, após tantos anos de lutas e sacri�cios,
promulgamos o Estatuto do Homem, da Liberdade e
da Democracia, bradamos por imposição de sua
honra.” e “Nós, os legisladores, ampliamos os nossos
deveres. Teremos de honrá-los”.
d) “O povo é o superlegislador habilitado a rejeitar pelo
referendo os projetos aprovados pelo Parlamento.” e
“Termino com as palavras com que comecei esta fala”.
e) “Não é a Cons�tuição perfeita, mas será ú�l, pioneira,
desbravadora.” e “Que a promulgação seja o nosso
grito”.
40@professorferretto @prof_ferretto
IT0449 - (Enem PPL)
A vida deveria nos oferecer um lugarzinho no rodapé
da nossa história pessoal para eventuais erratas, como
em tese de doutorado. Pelas vezes em que na infância e
adolescência a gente foi bobo, foi ingênuo, foi
indesculpavelmente român�co, cego e teimoso, devia
haver uma errata possível. Como quando a gente
acreditou que se fosse bonzinho ganharia aquela
bicicleta; que todos os professores eram sábios e justos e
todas as autoridades decentes; e quando a gente
acreditou que pai e mãe eram imortais ou perfeitos.
Devia haver erratas que anulassem bobagens adultas:
botei fora aquela oportunidade, não cuidei da minha
grana, fui onipotente, perdi quem era tão precioso para
mim, escolhi a gostosona em lugar da parceira alegre e
terna; fiquei com aquele cara porque com ele seria mais
diver�do, mas no fundo eu não o queria como meu
amigo e pai dos meus filhos. Profissionalmente não me
preparei, não me preveni, não refle�, não entendi nada,
tomei as piores decisões. Ah, que bom seria se essas
trapalhadas pudessem ser anuladas com uma boa errata!
Em geral, não podem.
Por todas as vezes que desviamos o olhar lúcido ou
recolhemos o dedo denunciador, pagaremos — talvez
num futuro não muito distante — um alto preço, durante
um tempo incalculavelmente longo. E não haverá
erratas. 
LUFT, L. Errata de pé de página. Veja, n. 28, 18 jul. 2007
(adaptado).
 
No texto, a autora propõe o uso metafórico da errata
como recurso para
a) assumir uma posição humilde diante da efemeridade
da vida.
b) evitar decisões equivocadas advindas da
inexperiência.
c) antecipar as consequências das nossas ações.
d) promover um maior amadurecimento intelectual.
e) rever a�tudes realizadas no passado.
IT0451 - (Enem PPL)
As informações con�das no texto dessa campanha têm o
obje�vo de
a) avaliar as polí�cas públicas para melhorar a qualidade
dos serviços prestados ao povo brasileiro.
b) apresentar os canais de par�cipação social, como os
Conselhos previstos na Cons�tuição Federal de 1988.
c) descrever o ciclo e as etapas de organização de uma
polí�ca pública como incen�vo à par�cipação social.
d) fazer a dis�nção entre as polí�cas de governoe as
polí�cas de Estado a fim de incen�var a busca por
direitos.
e) es�mular a par�cipação da sociedade civil em polí�cas
públicas para fortalecer a cidadania e o bem comum.
IT0454 - (Enem PPL)
Em nenhum outro �po de literatura a fantasia
desempenha papel tão importante. Sapos se
transformam em príncipes, animais conversam com
humanos, mesas se põem sozinhas e contratempos
insolúveis se resolvem de um parágrafo para outro. Essa
falta de verossimilhança não afasta o leitor. Pelo
contrário, juntamente com o anonimato dos príncipes e
princesas, que não têm personalidade definida e vivem
em terras distantes sem localização exata, ela facilita a
iden�ficação com os personagens. O mundo da fantasia
abre espaço para que coisas desagradáveis, que não
seriam toleradas em outros �pos de história, passem
incólumes, como bruxas comedoras de criancinha e
anões cruéis que roubam bebês. Boa parte do fascínio
dos contos tem origem justamente nesse mundo
sombrio. Contos de fadas não cons�tuem sempre
histórias agradáveis polvilhadas com açúcar, como a casa
de pão de ló de João e Maria. Pelo contrário, as tramas
são recheadas de malvadezas que sobrevivem às dezenas
de adaptações. Podem passar despercebidas, mas estão
lá. Ou é inofensiva a história de uma menina e sua avó
que são devoradas vivas por um lobo? Ou é inocente o
conto da menina que é sequestrada e obrigada a passar a
juventude trancada no alto de uma torre? E o que dizer
do bebê condenado à morte no dia do seu ba�zado?
41@professorferretto @prof_ferretto
Disponível em: h�ps://super.abril.com.br. Acesso em: 20
jun. 2019 (adaptado).
 
As perguntas ao final do texto estão relacionadas ao
argumento segundo o qual contos de fadas
a) manifestam aspectos obscuros da condição humana.
b) es�mulam a fantasia e a imaginação dos leitores.
c) favorecem a iden�ficação com os personagens.
d) são inadequados para a maioria das crianças.
e) são adaptados aos valores de cada época.
IT0456 - (Enem PPL)
O sucesso das redes sociais é fruto da combinação
inteligente da capacidade de interagir dentro de uma
mesma página da internet e do uso de sistemas de
avaliação. Existem duas dinâmicas psicossociais
legi�mando tais recursos de avaliação. Na primeira,
alguém produz conteúdo e é recompensado com essas
reações. Já na segunda dinâmica, a produção de
conteúdo serve de balão de ensaio para a vida off-line.
Prazer e aprendizado são, portanto, as duas
promessas originais das redes sociais (anteriores à
mone�zação), nas quais os algoritmos de recomendação
prometem reduzir o tempo e a energia para encontrar
aquilo que interessa a cada um, no mar de opções
disponibilizadas, levando a situação a outro patamar, pela
exposição reiterada dos usuários aos conteúdos que
agravam sua ansiedade.
Assim, por exemplo, pessoas que estão insa�sfeitas
com o seu corpo fazem buscas que refletem esse
desconforto, procurando postagens relacionadas a essa
temá�ca. O algoritmo, então, passa a recomendar cada
vez mais conteúdos nessa linha e, o que é pior, a
convergir para os mais extremos, já que estes tendem a
fixar mais a atenção. Em pouco tempo, o usuário
“desconfortável” está sendo bombardeado por vídeos
que elevam em muito o seu pessimismo e que muitas
vezes servem de caminho à anorexia, à bulimia e à
depressão.
Di DIAS, A. M. Disponível em: www.uol.com.br. Acesso
em: 5 nov. 2021 (adaptado).
 
As sociedades têm evoluído concomitantemente ao
desenvolvimento de tecnologias que buscam, cada vez
mais, automa�zar a gestão das informações. No texto,
uma consequência nega�va desse processo é o fato de
ele
a) ser dirigido por um sistema de recomendações
individualizado.
b) estar vinculado ao aumento da sa�sfação e da prá�ca
dos usuários.
c) sobrecarregar o usuário com um fluxo massivo de
informações.
d) guiar-se pela confluência das interações on-line em
busca de avaliações posi�vas.
e) focar no engajamento dos usuários em detrimento de
suas necessidades concretas.
IT0401 - (Enem PPL)
TEXTO I
Você vai ficar obsoleto
Vivemos numa época em que as coisas ficam
obsoletas cada vez mais rápido. Produtos e serviços
desaparecem subs�tuídos por outros, como também
indústrias inteiras, devoradas por formas mais eficientes
de trabalho. O comportamento das pessoas também está
mudando; hoje aceitamos a inovação muito mais rápido. 
Você sabia que a eletricidade demorou 46 anos para
ser adotada por pelos menos 25% da população norte-
americana? Para o telefone foram necessários 35 anos,
31 para o rádio, 26 para a televisão, 16 para o
computador, 13 para o celular e apenas 7 para a
internet. 
Dessa forma, tecnologia e empreendedorismo
formam uma combinação explosiva que afeta os
tradicionais setores econômicos, transformando modelos
de negócios inteiros e acelerando o envelhecimento das
coisas. Portanto, a chave para lidar com isso nos exige
sair constantemente da zona de conforto. Deixar para
trás o velho e abrir-se ao novo é despir-se do medo do
desconhecido. É deixar-se dominar pelo entusiasmo, pela
curiosidade e pela vontade de viver e fazer diferente.
SENGER, A. Disponível em: www.cloudcoaching.com.br.
Acesso em: 20 nov. 2021 (adaptado).
 
TEXTO II
A ro�na obsoleta
Ser do tempo da máquina de escrever não me assusta
mais. Já é objeto de museu. De colecionador. Até seu
sucessor, o computador de mesa, está com os dias
contados. Tão mais prá�co o laptop! Mas também existe
o tablet, e quem sabe o que logo mais. 
É surpreendente a velocidade com que meu co�diano
se transforma. Objetos essenciais até um tempinho atrás
desapareceram. 
Inventa-se um disposi�vo, todo mundo tem, e, dali a
pouco, ele é trocado por outro, mais avançado. A
velocidade da mudança supera as eras anteriores. 
O próprio papel está perdendo a razão de ser.
Documentos on-line são aceitos. Posso assinar um
42@professorferretto @prof_ferretto
contrato por e-mail. Houve um tempo em que ter xerox
de RG com firma reconhecida era um avanço. Hoje… 
Quem faz xerox? Imagine, eu sou do tempo em que
na escola se faziam apos�las em xerox! Hoje, a gente
recebe on-line.
Parece estável? Vai sumir. A vida se torna obsoleta a
cada segundo. Mas o novo vai surgir. Isso torna a vida
fascinante. A realidade é deliciosamente instável.
CARRASCO, W. Disponível em: h�ps://veja.abril.com.br.
Acesso em: 20 nov. 2021).
 
Os textos I e II abordam a temá�ca da obsolescência e
têm em comum a
a) expressão de uma latente nostalgia.
b) crí�ca à velocidade das inovações tecnológicas.
c) percepção de uma constante sensação de inu�lidade.
d) opinião desfavorável a mudanças de hábitos e
comportamentos.
e) perspec�va o�mista diante da impermanência do
mundo contemporâneo.
IT0402 - (Enem PPL)
 
Nessa postagem dirigida aos seus seguidores de rede
social, o autor u�liza uma linguagem
a) própria de manifestações poé�cas.
b) aplicada em contextos da área despor�va.
c) caracterís�ca àquela atribuída a falantes escolarizados.
d) empregada por falantes urbanos jovens de
determinada região.
e) marcada por uma relação de distanciamento entre os
interlocutores.
IT0403 - (Enem PPL)
Para começar, ele nos olha na cara. Não é como a
máquina de escrever, que a gente olha de cima, com
superioridade. Com ele é olho no olho ou tela no olho.
Ele nos desafia. Parece estar dizendo: vamos lá, seu
desprezível pré-eletrônico, mostre o que você sabe fazer.
A máquina de escrever faz tudo que você manda, mesmo
que seja a tapa. Com o computador é diferente. Você faz
tudo que ele manda. Ou precisa fazer tudo ao modo dele,
senão ele não aceita. Às vezes, quando a gente erra, ele
faz “bip”. Assim, para todo mundo ouvir. Comecei a usar
o computador na redação do jornal e volta e meia errava.
E lá vinha ele: “Bip!” “Olha aqui, pessoal: ele errou.” “O
burro errou!”.
Outra coisa: ele é mais inteligente que você. Esse
negócio de que qualquer máquina só é tão inteligente
quanto quem a usa não vale com ele. Está subentendido,
nas suas relações com o computador, que você jamais
aproveitará metade das coisas que ele tem para oferecer.
A máquina de escrever podia ter recursos que vocênunca usaria, mas não �nha o mesmo ar de quem só
aguentava os humanos por falta de coisa melhor, no
momento. E a máquina, mesmo nos seus instantes de
maior impaciência conosco, jamais faria “bip” em
público.
VERISSIMO, L. F. Pai não entende nada. Porto Alegre:
L&PM, 1990.
 
Ao descrever sua relação com a máquina de escrever e o
computador, o cronista adota uma perspec�va que
a) põe em evidência a disparidade entre tecnologias.
b) cri�ca a quan�dade de recursos dos disposi�vos.
c) defende a u�lização de equipamentos obsoletos.
d) sobrepõe a inteligência humana à da máquina.
e) refuta o progresso técnico da comunicação.
IT0407 - (Enem PPL)
Plantas superpoderosas
A bióloga Joanne Chory já �nha 60 anos e um
diagnós�co de Parkinson quando decidiu se dedicar a um
projeto que capturasse gás carbônico da atmosfera —
coisa que as plantas fazem regularmente há 2,8 bilhões
de anos. Para isso, a pesquisadora começou a estudar
algumas espécies e alterá-las por meio de técnicas de
hor�cultura e manipulação gené�ca. A ideia é que
capturem mais carbono e o armazenem em suas raízes.
Uma dessas plantas, um �po de mostarda, já cresce no
delta do rio Mississipi. Caso funcione, a pesquisa tem
potencial para diminuir em 46% o excesso de CO2 jogado
anualmente na atmosfera. “Provavelmente não estarei
aqui para ver os resultados. Mas prefiro ser parte da
solução a me sentar e reclamar”, diz Joanne. Que as
superplantas criadas pela bióloga vinguem e vicejem!
CARNEIRO, F. Disponível em: h�ps://veja.abril.com.br.
Acesso em: 23 out. 2021 (adaptado).
 
Esse texto descreve a pesquisa inovadora realizada por
uma bióloga de 60 anos com diagnós�co de Parkinson. O
trecho que permite uma referência indireta a essa
condição �sica é
43@professorferretto @prof_ferretto
a) “decidiu se dedicar a um projeto que capturasse gás
carbônico”.
b) “a pesquisadora começou a estudar algumas
espécies”.
c) “Caso funcione, a pesquisa tem potencial para
diminuir em 46% o excesso de CO2”.
d) “‘Provavelmente não estarei aqui para ver os
resultados’”.
e) “Que as superplantas criadas pela bióloga vinguem e
vicejem!”.
IT0408 - (Enem PPL)
Terça-feira, 30 de maio de 1893. 
Eu gosto muito de todas as festas de Diaman�na; mas
quando são na igreja do Rosário, que é quase pegada à
chácara de vovó, eu gosto ainda mais. Até parece que a
festa é nossa. E este ano foi mesmo. Foi sorteada para
rainha do Rosário uma ex-escrava de vovó chamada Júlia
e para rei um negro muito entusiasmado que eu não
conhecia. Coitada de Júlia! Ela vinha há muito tempo
ajuntando dinheiro para comprar um rancho. Gastou
tudo na festa e ainda ficou devendo. Agora é que eu vi
como fica caro para os pobres dos negros serem reis por
um dia. Júlia com o ves�do e a coroa já gastou muito.
Além disso, teve de dar um jantar para a corte toda. A
rainha tem uma caudatária que vai atrás segurando na
capa que tem uma grande cauda. Esta também é negra
da chácara e ajudou no jantar. Eu acho graça é no
entusiasmo dos pretos neste reinado tão curto. Ninguém
rejeita o cargo, mesmo sabendo a despesa que dá.
MORLEY, H. Minha vida de menina. São Paulo: Cia. das
Letras, 1998.
 
O trecho apresenta marcas textuais que jus�ficam o
emprego da linguagem coloquial. O tom informal do
discurso se deve ao fato de que se trata de um (a)
a) narra�va regionalista, que procura reproduzir as
caracterís�cas mais �picas da região, como as falas
dos personagens e o contexto social a que pertencem.
b) carta pessoal, escrita pela autora e endereçada a um
des�natário específico, com o qual ela tem in�midade
suficiente para suprimir as formalidades da
correspondência oficial.
c) registro no diário da autora, conforme indicam a data,
o emprego da primeira pessoa, a expressão de
reflexões pessoais e a ausência de uma intenção
literária explícita na escrita.
d) narra�va de memórias, na qual a grande distância
temporal entre o momento da escrita e o fato narrado
impõe o tom informal, pois a autora tem dificuldade
de se lembrar com exa�dão dos acontecimentos
narrados.
e) narra�va oral, em que a autora deve escrever como se
es�vesse falando para um interlocutor, isto é, sem se
preocupar com a norma-padrão da língua portuguesa
e com referências exatas aos acontecimentos
mencionados.
IT0409 - (Enem PPL)
 
Nesse cartum, a predominância da função poé�ca da
linguagem manifesta-se na
a) ênfase dada à dificuldade de compreensão de um
atlas.
b) ar�culação entre a expressão verbal e as imagens
representadas.
c) singularidade da percepção da autora sobre a área de
geografia.
d) construção de uma representação cartográfica
diferente.
e) forma de organização das informações do mapa-
múndi.
IT0410 - (Enem PPL)
Uma marca de eletrodomés�cos que retornou para o
mercado brasileiro posicionou painéis em pontos
estratégicos da cidade de São Paulo com frases que
trazem histórias reais de mulheres que desafiaram
padrões e estereó�pos, com a premissa de trazer uma
reflexão sobre o Dia da Igualdade Feminina. 
44@professorferretto @prof_ferretto
Cada uma das 9 frases traz um contraponto ins�gante
e atualiza uma nova ideia em sintonia com o ambiente,
dialogando com a cidade, como “O cara que inventou a
cerveja foi uma mulher”, perto de bares, e “O melhor
ar�lheiro da seleção é uma mulher nordes�na”, em
frente a estádios de futebol. 
Frases como “O pai do wi-fi foi uma mulher, atriz e
refugiada”; “O gênio por trás do GPS foi uma mulher
negra”; “O arquiteto que projetou o MASP foi uma
mulher imigrante”; “O ator que mais vezes venceu o
Oscar foi uma mulher”; “O cien�sta precursor da energia
limpa foi uma mulher”; “O primeiro piloto de testes da
história foi uma mulher” e “O autor do primeiro romance
do mundo foi uma mulher japonesa” estavam presentes
em 15 pontos da cidade de São Paulo.
ALVES, S. Disponível em: www.b9.com.br. Acesso em: 5
nov. 2021 (adaptado).
 
Ao provocar a reflexão sobre o Dia da Igualdade
Feminina, a campanha descrita nesse texto fundamenta-
se no(a)
a) oposição proposital entre as referências de gênero
presentes nas frases.
b) relação entre os dizeres do painel e o local estratégico
de instalação.
c) alusão a grandes feitos cien�ficos que são
amplamente conhecidos.
d) padrão das frases que favorece a assimilação da
mensagem.
e) apresentação de temá�cas muito presentes no dia a
dia.
IT0411 - (Enem PPL)
A palavra saudade faz parte do vocabulário co�diano
dos portugueses e, também, do povo brasileiro. Mas
afinal, qual é a sua verdadeira origem? Existem algumas
especulações sobre a origem de saudade. Há quem
defenda que a palavra vem do árabe saudah. Outros
entendem que a sua origem vem do la�m sólitas, que
significa solidão.
Alguns especialistas indicam que palavras
como saud, saudá e suaida significam “sangue pisado” e
“preto dentro do coração”. A metáfora perfeita para
alguém que carrega no seu coração uma profunda
tristeza, tristeza esta que pode ser causada pela saudade.
Os árabes u�lizam o termo as-saudá quando querem se
referir a uma doença do �gado, diagnos�cada por eles
como “melancolia do paciente”.
Em certos idiomas, o significado de solitate foi
man�do, como é o caso do castelhano (soledad), do
italiano (solitudine) ou do francês (solitude). Em
português e no galego (soidade), alterou-se com o
tempo. Assim sendo, quando alguém dizia “tenho
saudades de casa” significava que sen�a “solidão” por
não estar em casa. De qualquer forma, os portugueses
foram atribuindo outros significados a saudade. Dizem
até que passou a fazer parte do dicionário dos
portugueses no tempo dos Descobrimentos Marí�mos.
Saudade definia a solidão que os portugueses �nham da
sua terra, familiares e amigos, quando estes par�am para
o Brasil.
Disponível em: www.natgeo.pt. Acesso em: 24 nov. 2021
(adaptado).
 
Esse texto, que trata da acepção da palavra “saudade”
em vários idiomas, tem como obje�vo
a) ques�onar sua evolução histórica.
b) especular sobre suas origens e�mológicas.
c) explicar seu processo de dicionarização.
d) problema�zar seus diferentes sen�dos na sociedade.
e) defender a tese acerca de sua origemdesconhecida.
IT0415 - (Enem PPL)
TEXTO I
A nova opinião pública e as redes digitais
Todas as vezes que os injus�çados do mundo ganham
espaço nas telinhas dos gadgets de úl�ma geração e nas
correntes caudalosas de e-mails, e o barulho digital é
tanto que chega até aos veículos de comunicação
tradicionais, muita gente destaca as boas qualidades do
que chamam de uma nova opinião pública. 
É di�cil não nos confrontarmos com as novas formas
que a sociedade u�liza para se inteirar, integrar-se,
persuadir, manipular, controlar, aprender, fazer-se ver e
ser vista, conversar e fofocar. Isso porque, o tempo todo,
as mul�dões estão opinando, capturando imagens em
quan�dade descomunal e disponibilizando-as facilmente
para audiências abrangentes. 
Essa produção midiá�ca da mul�dão, muitas vezes
formatada sem preocupações técnicas, é�cas e esté�cas,
com certeza não contribui para a consolidação de uma
conversação democrá�ca, que respeite a alteridade, dê
tempo ao contraditório e à comunicação. Essa nova
opinião pública é rápida em linchamentos simbólicos e
em expressar preconceitos em mensagens rapidinhas, de
140 caracteres.
AMADEU, S. Disponível em: www.sescsp.org.br. Acesso
em: 26 nov. 2021 (adaptado).
 
TEXTO II
Uma nova opinião pública. Será?
A internet inverteu o ecossistema comunicacional. O
di�cil não é falar. Agora, o grande problema é ser ouvido.
Todavia, quando alguém fala algo que todos queriam
ouvir, uma onda imediatamente se forma no oceano
45@professorferretto @prof_ferretto
informacional e pode gerar ações concretas nas ruas, nos
mercados, nas bolsas de valores. 
A rede é um ar�culador cole�vo de diversas causas.
Não podemos ter a ilusão de que somente ideias
democra�zantes e ligadas à nobre causa da defesa
ambiental é que geram adeptos. Uma análise mais
aprofundada das ações e do a�vismo em rede permite
observar que cada vez mais se formam redes de opinião
dis�ntas e muitas vezes opostas. 
Por fim, também é preciso notar que a internet é uma
rede de arquitetura distribuída. Por isso, sua natureza é
mais propícia às ações democra�zadoras, livres e
favoráveis ao compar�lhamento do que às posturas que
visam simplesmente à dominação, ao controle autoritário
e ao impedimento da troca de arquivos digitais.
NASSAR, P. Disponível em: www.sescsp.org.br. Acesso
em: 26 nov. 2021 (adaptado).
 
Com relação à produção da opinião pública na
contemporaneidade, os textos I e II divergem sobre o(a)
a) compreensão da internet como espaço de construção
democrá�ca.
b) uso mal-intencionado das tecnologias de informação e
comunicação.
c) entendimento da internet como meio de exposição de
pensamentos.
d) impacto das postagens nas redes de defensores de
causas minoritárias.
e) falta de curadoria dos conteúdos disponíveis nos
ambientes virtuais.
IT0421 - (Enem PPL)
Rebeca Andrade superou a si mesma, fazendo
história. Aos 22 anos, entrou para o Olimpo da ginás�ca
mundial, ostentando a medalha de prata no individual
geral feminino e subindo ao topo do pódio olímpico na
prova de salto. Sua caminhada começou graças a uma �a
que viu seu talento e a apresentou à técnica de ginás�ca
da cidade. Não demorou para que ganhasse o apelido de
“Daiane dos Santos 2”. A atleta dá sequência a um legado
iniciado por ginastas como Daniele Hypólito e Daiane dos
Santos, respec�vamente, primeira medalhista e primeira
campeã em campeonatos mundiais. Rebeca tornou-se a
primeira medalhista e campeã olímpica do Brasil na
modalidade. Daiane afirmou que admira a jovem atleta,
cuja vitória é permeada por simbolismos importantes.
“Durante muito tempo disseram que as pessoas negras
não podiam fazer alguns esportes, e a gente vê hoje a
primeira medalha, de uma menina negra. Tem uma
representa�vidade muito grande atrás de tudo isso”,
falou. A ginasta Nádia Comaneci, dona da primeira nota
10 na ginás�ca, parabenizou a brasileira em suas redes.
Disponível em: h�ps://brasil.elpais.com. Acesso em: 10
nov. 2021 (adaptado).
 
A relevância social da conquista de Rebeca Andrade na
ginás�ca se traduz no(a)
a) con�nuidade de um legado iniciado por outras atletas.
b) reconhecimento por atletas ícones da modalidade.
c) ingresso no esporte por intermédio da família.
d) visibilidade étnico-racial no esporte.
e) medalha de ouro na modalidade.
IT0463 - (Enem PPL)
Estresse é um termo que se vulgarizou nos úl�mos
tempos. Queixa-se de estresse o homem que chega em
casa depois de um dia de muito trabalho, de trânsito
pesado e das filas do banco. Queixa-se a mulher que
enfrentou uma maratona de a�vidades domés�cas,
profissionais e com os filhos. À noite, terminado o jantar,
com as crianças recolhidas, os dois mal têm forças para
trocar de roupa e cair na cama.
A palavra estresse não cabe nesse contexto. O que
eles sentem é cansaço, estão exaustos e uma noite de
sono é um santo remédio para recompor as energias e
revigorá-los para as tarefas do dia seguinte.
A palavra estresse, na verdade, caracteriza um
mecanismo fisiológico do organismo sem o qual nós, nem
os outros animais, teríamos sobrevivido. Se nosso
antepassado das cavernas não reagisse imediatamente,
ao se deparar com uma fera faminta, não teria deixado
descendentes. Nós exis�mos porque nossos ancestrais se
estressavam, isto é, liberavam uma série de mediadores
químicos (o mais popular é a adrenalina), que
provocavam reações fisiológicas para que, diante do
perigo, enfrentassem a fera ou fugissem.
Disponível em: h�p://drauziovarella.com.br. Acesso em:
2 jun. 2015.
 
Ao lançar mão do mecanismo de comparação, o autor do
texto conduz os leitores a
a) minimizarem os receios contra o estresse.
b) evitarem situações que causem estresse.
c) dis�nguirem os vários sintomas do estresse.
d) saberem da existência dos �pos de estresse.
e) compreenderem o significado do termo estresse.
IT0464 - (Enem PPL)
Sou leitor da revista e, acompanhando a entrevista da
juíza Kenarik Bouijikian, observo que há uma informação
passível de contestação histórica. Na página 14, a
meri�ssima cita que “�vemos uma lei que proibia a
entrada de africanos escravizados no Brasil (Lei Eusébio
46@professorferretto @prof_ferretto
de Queirós), e sabemos que mais de 500 mil entraram no
país mesmo após a promulgação da lei”. Sou professor de
História e, apesar de, após a Lei Eusébio de Queirós, de
1850, africanos escravizados terem entrado
clandes�namente no país, o número me parece
exagerado. É possível que meio milhão de africanos
tenham entrado ilegalmente após uma lei an�tráfico de
1831, a Lei Feijó, que exatamente por seu não
cumprimento passou a ser no anedotário jurídico
chamada de “lei para inglês ver”. Como a afirmação está
entre parênteses, me parece ter sido uma nota
equivocada do entrevistador, e não da juíza entrevistada.
De toda sorte, há a ilegalidade do trânsito de
escravizados para o Brasil apesar da existência de uma lei
restri�va.
J. C. C.
Cult, n. 229, nov. 2017 (adaptado)
 
A função social da carta do leitor está contemplada nesse
texto porque, em relação a uma publicação em edição
anterior de uma revista, ele apresenta um(a)
a) posicionamento relacionado a uma informação
con�da em uma entrevista.
b) relato de acontecimentos históricos norteadores de
uma entrevista.
c) sistema�zação de dados apresentados em uma
entrevista.
d) descrição de uma entrevista.
e) síntese de uma entrevista.
IT0468 - (Enem PPL)
TEXTO I
Para que seja caracterizada como bullying, e não
como uma agressão ocasional, a ação pra�cada e sofrida
pela ví�ma deve responder a alguns critérios: a
agressividade (�sica, verbal, social) e a intencionalidade
do ato, ou seja, o desejo de causar dor e
constrangimento; a frequência da agressão, uma vez que
o bullying é um ato repe��vo; e a desigualdade na
relação de poder, manifestada pela diferença de força
�sica ou social entre o agressor e a ví�ma.
ABDALLA, S. Bullying na escola: uma ameaça que não é
brincadeira. Disponível em: www.gazetadopovo.com.br. 
Acesso em: 9 ago. 2017 (adaptado).
 
 
De acordo com as caracterís�cas apresentadas nos
textos, depreende-se que o bullying nasaulas de
educação �sica escolar tem sido resultante das
 
 
 
a) a�tudes constantes de desrespeito à diversidade nas
prá�cas corporais.
b) lesões provocadas durante jogos de contato por
estudantes agressivos.
c) disputas entre os alunos para ocuparem posições de
destaque nas equipes.
d) assimetria entre meninos e meninas durante a
vivência das a�vidades propostas.
e) prá�cas de inclusão de alunos com menos habilidade
motora nos jogos cole�vos.
IT0472 - (Enem PPL)
Letramento entra em cena
Houve uma significa�va mudança conceitual com a
entrada em cena da ideia de letramento ou níveis de
alfabe�smo, a par�r da década de 1980. Trocando em
miúdos, deixou-se de lado a divisão entre indivíduos
alfabe�zados (capacitados para codificar e decodificar os
elementos linguís�cos) e analfabetos. O letramento
implica associar escrita e leitura a prá�cas sociais que
tenham sen�do para aqueles que as u�lizam, além de
pressupor níveis de domínio das prá�cas que exigem
essas habilidades.
BARROS, R. Disponível em:
h�p://revistaeducacao.uol.com.br.
Acesso em: 1 ago. 2012 (adaptado).
 
A ideia de letramento compreende a alfabe�zação de
forma processual. Pela leitura e análise do texto, para
que o cidadão entre efe�vamente no mundo da escrita, a
escola deve dar condições a ele de
47@professorferretto @prof_ferretto
a) dar sen�do ao que é lido.
b) decodificar as palavras.
c) expressar-se oralmente.
d) assinar o próprio nome.
e) soletrar as palavras.
IT0473 - (Enem PPL)
Na tarefa diária de fazer jornalismo, bons �tulos que
apresentem de maneira clara o conteúdo da matéria são
uma arte. Um leitor tem apontado, insistentemente, ao
longo deste ano, �tulos com sen�do ambíguo em O Povo.
No dia 8 de agosto, na editoria Brasil, o �tulo destacava:
“Jus�ça suspende processo por homicídio de acidente em
Mariana”. Mais uma vez, ele apontou: “Do jeito como
está escrito, ficou a dúvida: o acidente de Mariana
cometeu ou sofreu o homicídio? Matou ou morreu?”. O
leitor ainda deu a sugestão de como poderia ser:
“Poderia ter sido assim: Suspenso o processo por
homicídio resultante do acidente em Mariana”. Entendo
que a insistência do leitor em apontar ambiguidades nos
�tulos é uma maneira de cobrar mais atenção com eles. É
nossa obrigação, como jornalistas, oferecer �tulos
precisos e coerentes, mesmo que o espaço para escrevê-
los seja delimitado por colunas e caracteres.
Disponível em: www.opovo.com.br. Acesso em: 10 dez.
2017 (adaptado).
 
Esse texto é de uma coluna de jornal escrita por um
ombudsman, profissional que, de maneira independente,
cri�ca o material publicado e responde às queixas dos
leitores. Quais trechos do texto ra�ficam o papel desse
profissional?
a) “Do jeito como está escrito, ficou a dúvida” e “No dia 8
de agosto, na editoria Brasil”.
b) “Entendo que a insistência” e “É nossa obrigação,
como jornalistas”.
c) “Na tarefa diária de fazer jornalismo” e “Suspenso o
processo por homicídio”.
d) “O leitor ainda deu a sugestão” e “apontar
ambiguidades nos �tulos”.
e) “o acidente de Mariana cometeu ou sofreu o
homicídio?” e “Matou ou morreu?”.
IT0474 - (Enem PPL)
Não cobra assinatura. Não cobra para fazer o
download. Não tem anúncios. Não tem compras dentro
do aplica�vo. Mas, então, como o WhatsApp ganha
dinheiro? Ou melhor, que �po de magia fez o Facebook
decidir comprar o app por R$ 19 bilhões, em 2014?
Quando fundado em 2009, o WhatsApp cobrava US$
1 por instalação em alguns países. Em outros, a empresa
cobrava US$ 1 por ano como forma simbólica de
assinatura. E, em alguns outros, o app era
completamente gratuito, caso do Brasil.
Em agosto de 2014, ano da compra pelo Facebook,
cerca de 600 milhões de pessoas usavam o aplica�vo de
mensagens. Até setembro do mesmo ano, os relatórios
financeiros do Facebook apontavam que o faturamento
da empresa não ultrapassava a casa do US$ 1,3 milhão,
menos de um centésimo do valor da compra. Se você
pensou “então o WhatsApp não dá dinheiro”, isso faz
algum sen�do. O que levou o Facebook a gastar tanto,
então?
Especialistas apontam o “big data” — campo da
tecnologia que lida com grandes volumes de dados
digitais — como impulsionador da compra. Com mais
informações, a empresa pode analisar melhor o
comportamento dos usuários.
Em agosto de 2016, o WhatsApp começou a
compar�lhar dados com o Facebook. O obje�vo?
Fomentar relações entre as bases de Facebook,
WhatsApp e Instagram — sugerir amizades em uma rede
com base em contatos da outra, por exemplo — mas,
principalmente, o�mizar a recomendação de publicidade.
Afinal, é aí que está o maior volume de faturamento do
Facebook atualmente.
Disponível em: h�ps://no�cias.uol.com.br. Acesso em: 4
jun. 2019 (adaptado).
 
As estratégias descritas no texto para a obtenção de lucro
de forma indireta fundamentam-se no(a)
a) reconhecimento da mudança de comportamento dos
usuários.
b) necessidade de monopolizar o mercado de redes
sociais.
c) importância de arriscar na compra de concorrentes.
d) valor das informações no mundo contemporâneo.
e) impacto social de oferecer soluções gratuitas.
IT0484 - (Enem PPL)
Os números preocupantes sobre a saúde do brasileiro
indicam que alguns hábitos alimentares favoreceram o
crescimento da incidência dos índices de sobrepeso e
obesidade e, paralelamente, de doenças como diabetes e
hipertensão arterial. Isso sinaliza que o Brasil precisa
reforçar suas polí�cas públicas para a conscien�zação
sobre alimentação adequada. Entre as diversas ações em
curso, merece destaque a questão da rotulagem dos
produtos industrializados.
O “modelo semafórico nutricional”, que indica as
quan�dades de ingredientes como açúcar, gorduras e sal
na parte frontal da embalagem, de acordo com
recomendações de consumo diário adotadas em alguns
países da Europa e EUA, ou das “figuras geométricas” na
48@professorferretto @prof_ferretto
cor preta com inscrições como “alto em açúcar” ou “alto
em gordura saturada”, adotado no Chile, são algumas das
alterna�vas. Esse seria, segundo alguns representantes
do setor, o modelo mais eficiente na transmissão da
mensagem ao consumidor. Mas cabe a pergunta: mais
eficiente em informar ou em aterrorizar?
Disponível em: www.gazetadopovo.com.br. Acesso em:
11 dez. 2017.
 
Apoiando-se na premissa de que alguns dados con�dos
nas embalagens dos alimentos podem influenciar hábitos
alimentares, esse texto faz uma crí�ca a quê?
a) À forma de organizar as informações nos rótulos dos
produtos.
b) Às prá�cas de consumo e sua relação com a saúde
alimentar do brasileiro.
c) À relação entre os índices de sobrepeso e
determinadas epidemias.
d) Às polí�cas públicas de saúde adotadas por países
estrangeiros.
e) Ao desconhecimento da população sobre a
composição dos alimentos.
IT0487 - (Enem PPL)
Espaço e memória
O termo “Na minha casa...” é uma metáfora que
guarda múl�plas acepções para o conjunto de pessoas,
de adeptos, dos que creem nos orixás. Múl�plos deuses
que a diáspora negra trouxe para o Brasil. Refere-se ao
espaço onde as comunidades edificaram seus templos,
referência de orgulho, aludindo ao patrimônio cultural de
matriz africana, reelaborado em novo território.
O espaço é fundamental na cons�tuição da história de
um povo. Halbwachs (1941, p. 85), ao afirmar que “não
há memória cole�va que não se desenvolva em um
quadro espacial”, aponta para a importância de aspecto
tão significa�vo no desenvolvimento da vida social.
Lugar para onde está voltada a memória, onde
aqueles que viveram a condição-limite de escravo
podiam pensar-se como seres humanos, exercer essa
humanidade e encontrar os elementos que lhes
conferiam e garan�am uma iden�dade religiosa
diferenciada, com caracterís�cas próprias, que cons�tuiu
um “patrimônio simbólico do negro brasileiro (a memória
cultural da África), afirmou-se aqui como território
polí�co-mí�co-religioso para sua transmissão e
preservação” (SODRÉ, 1988, p. 50).
BARROS, J. F. P. Na minha casa. Rio de Janeiro: Pallas,
2003.
 
Na construção desse texto acadêmico, o autor se vale de
estratégia argumenta�va bastante comum a esse gênero
textual,a intertextualidade, cujas marcas são
a) aspas, que representam o ques�onamento parcial de
um ponto de vista.
b) citações de autores consagrados, que garantem a
autoridade do argumento.
c) construções sintá�cas, que privilegiam a coordenação
temporal de argumentos.
d) comparações entre dois pontos de vista, que são
antagônicos.
e) parênteses, que representam uma digressão para as
considerações do autor.
IT0488 - (Enem PPL)
 
Par�ndo a pé do Museu Mineiro pelo trajeto mais curto
até a próxima atração com tradução em Libras, serviço de
alimentação e venda de livros, o leitor do mapa passará
em frente ao(à)
a) Escola de Design.
b) Academia Mineira de Letras.
c) Museu das Minas e do Metal.
d) Espaço do Conhecimento UFMG.
e) Casa do Patrimônio Cultural de Minas Gerais.
IT0490 - (Enem PPL)
49@professorferretto @prof_ferretto
Considerando-se os contextos de uso de “Todas chora”,
essa expressão é um exemplo de variante linguís�ca
 
a) �pica de pessoas despreocupadas em seguir as regras
de escrita.
b) usada como recurso para atrair a atenção de
interlocutores e consumidores.
c) transposta de situações de interação �picas de
ambientes rurais do interior do Brasil.
d) incompa�vel com ambientes frequentados por
usuários da norma-padrão da língua.
e) condenável em produtos voltados para uma clientela
exigente e interessada em novidades.
IT0491 - (Enem PPL)
A verdade sobre o envelhecimento das populações
Tem se tornado popular produzir grandes projeções
de redução de prosperidade baseada no envelhecimento
demográfico. Mas será que isso é realmente um
problema?
A média de idade nos Estados Unidos é atualmente de
36 anos. Na E�ópia, a média é de 18 anos. O país com
maior número de idosos é a Alemanha, onde a média de
idade é de 45 anos. Países em que a população mais
jovem domina são mais pobres, e aqueles com a
população dominante mais idosa são mais ricos. Então
por que temer o envelhecimento da população?
Existem pelo menos duas razões. A primeira é
psicológica: em analogia ao envelhecimento das pessoas,
sugere que, à medida que as populações envelhecem,
tornam-se mais fracas e perdem acuidade mental. A
segunda decorre dos economistas e de um indicador
conhecido como razão de dependência, que pressupõe
que todos os adultos com menos de 65 anos contribuem
para a sociedade, e todos com mais de 65 anos são um
peso. E a proporção de pessoas com mais de 65 anos
tende a aumentar.
LUTZ, W. Azul Magazine, ago. 2017 (adaptado).
 
A ar�culação entre as informações do texto leva à
compreensão de que ele propõe um(a)
a) levantamento das causas do envelhecimento das
populações.
b) análise dos dados demográficos de diferentes países
do mundo.
c) comparação entre a idade da população
economicamente a�va no mundo.
d) ques�onamento sobre o impacto nega�vo do
envelhecimento da população.
e) alerta aos economistas sobre as contribuições da
população abaixo dos 65 anos.
IT0493 - (Enem PPL)
Autobiografia de José Saramago
Nasci numa família de camponeses sem terra, em
Azinhaga, uma pequena povoação situada na província
do Ribatejo, na margem direita do Rio Almonda, a uns
cem quilômetros a nordeste de Lisboa. Meus pais
chamavam-se José de Sousa e Maria da Piedade. José de
Sousa teria sido também o meu nome se o funcionário
do Registro Civil, por sua própria inicia�va, não lhe
�vesse acrescentado a alcunha por que a família de meu
pai era conhecida na aldeia: Saramago. (Cabe esclarecer
que saramago é uma planta herbácea espontânea, cujas
folhas, naqueles tempos, em épocas de carência, serviam
como alimento na cozinha dos pobres.) Só aos sete anos,
quando �ve de apresentar na escola primária um
documento de iden�ficação, é que se veio a saber que o
meu nome completo era José de Sousa Saramago... Não
foi este, porém, o único problema de iden�dade com que
fui fadado no berço. Embora �vesse vindo ao mundo no
dia 16 de novembro de 1922, os meus documentos
oficiais referem que nasci dois dias depois, a 18: foi
graças a esta pequena fraude que a família escapou ao
pagamento da multa por falta de declaração do
nascimento no prazo legal.
Disponível em: www.josesaramago.org. Acesso em: 7
dez. 2017 (adaptado).
 
No texto, o autor discute o poder que os documentos
oficiais exercem sobre a vida das pessoas. Qual fato torna
isso evidente?
a) A sua entrada na escola aos sete anos de idade.
b) A alusão a uma planta no nome da família.
c) O problema de iden�dade originado desde o berço.
d) A isenção da multa por falta de declaração do
nascimento.
e) O seu nascimento em uma aldeia de camponeses.
IT0494 - (Enem PPL)
Brasil tem quase 3 mil lixões ou aterros irregulares, diz
levantamento
Apesar da lei que acabou com lixões, vazadouros
funcionam normalmente.
O Brasil ainda despeja 30 milhões de toneladas de lixo
por ano, de forma inadequada, expondo os cidadãos ao
risco de doenças. E isso, apesar da lei que determinou o
fim dos lixões. Corta, descasca, abre a embalagem, joga
fora os restos, espreme, corta mais, descasca mais, abre
outra embalagem. Quantas vezes essas cenas se repetem
por dia em milhões de lares brasileiros?
Disponível em: h�p://g1.globo.com. Acesso em: 11 dez.
2017.
 
50@professorferretto @prof_ferretto
O recurso linguís�co que interrompe o fluxo
argumenta�vo para incluir o leitor na problemá�ca do
texto é a
a) apresentação de dados esta�s�cos imprecisos sobre
os lixões.
b) descrição de ambientes destruídos pelos descartes
incorretos.
c) enumeração de a�vidades ilustra�vas de ações
co�dianas.
d) discussão das leis sobre a redução dos lixões nas
cidades.
e) explicitação dos riscos de doenças via contaminação.
IT0499 - (Enem PPL)
Os smartphones estão sugando a sua produ�vidade.
Você abriria mão deles?
Telefones inteligentes drenam nossa atenção mesmo
quando desligados. E isso não é nada bom para a sua
carreira. Pesquisadores e empresas tentam achar uma
solução para o problema.
Funcionários estão distraídos com seus smartphones,
browsers web, aplica�vos de mensagem, sites de
compras e muitas redes sociais.
Os trabalhadores distraídos são improdu�vos. Uma
pesquisa da CareerBuilder descobriu que os gerentes de
contratação acreditam que os funcionários são
extremamente improdu�vos e mais da metade desses
gerentes acreditam que os smartphones são culpados.
Alguns empregadores disseram que os smartphones
degradam a qualidade do trabalho, diminuem a moral,
interferem no relacionamento entre chefe e empregado e
fazem com que os funcionários percam os prazos. (Os
funcionários entrevistados discordaram e apenas 10%
disseram que os telefones prejudicam a produ�vidade
durante o horário de trabalho.)
A única solução é uma combinação entre
treinamento, educação e melhor gerenciamento.
Os departamentos de RH devem procurar um
problema maior: a distração extrema do smartphone
pode significar que os funcionários estão completamente
desa�vados do trabalho. Os mo�vos para isso devem ser
iden�ficados e abordados.
A pior “solução” é a negação.
ELGAN, M. Disponível em: h�p://idgnow.com.br. Acesso
em: 24 ago. 2017 (adaptado).
 
Ao expor um problema contemporâneo do mercado de
trabalho e apontar uma solução, o texto evidencia a
a) relação entre as carreiras e as tecnologias de
informação e comunicação.
b) discordância entre empregadores e funcionários no
que diz respeito à produção.
c) nega�vidade do impacto das tecnologias de
informação e comunicação no mercado de trabalho.
d) desvinculação entre o desenvolvimento das
tecnologias de informação e comunicação e a
produ�vidade no trabalho.
e) necessidade de uma compreensão ampla e cuidadosa
do impacto das tecnologias de informação e
comunicação no mercado de trabalho.
IT0503 - (Enem PPL)
Entre as tenta�vas de encontrar o melhor ângulo para
re�rar o terneiro, meu irmão, o guri e seu pai tentavam
convencer Jaqueline de que a morte da vaca não seria
uma grande perda: “não é a mesma coisa que perder um
pai, um avô, que a gente lembra para o resto da vida, fica
lá no cemitério”, “bicho é bicho”. Jefferson, o guri, repe�a
tudo que o pai dizia, mas já afastado,pois havia sido
corrido pela mãe.
Jaqueline repete: “pra mim não tem diferença! Os
bichos estão tudo na volta. Eles sabem quando eu chego,
me conhecem, sabem o meu cheiro. Sou eu que dou
comida. Não tem diferença nenhuma!”. O pai tenta
concordar sem afrontar os caras, dizendo que as pessoas
desenvolvem valor de es�ma pelos animais.
KOSBY, M. F. Mugido (ou diário de uma doula). Rio de
Janeiro: Garupa, 2017.
 
No fragmento, as reações à perda de um animal refletem
concepções fortalecidas pela
a) sensibilidade adquirida com a lida no campo.
b) banalização da morte em função de sua recorrência.
c) expecta�va do sofrimento na visão do des�no
humano.
d) certeza da efemeridade da vida como fator de
pessimismo.
e) empa�a gerada pela interseção entre o homem e seu
ambiente.
IT0506 - (Enem PPL)
Álvaro, me adiciona
“Nunca conheci quem �vesse levado porrada. Todos
os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.”
Espanta que Álvaro de Campos tenha dito isso antes do
advento das redes sociais. O heterônimo parece estar
falando da minha �meline: “Arre, estou farto de
semideuses! Onde é que há gente no mundo?”.
51@professorferretto @prof_ferretto
Humblebrag é uma palavra que faz falta em
português. Composta pela junção das
palavras humble (humilde) e brag(gabar-se), seria algo
como a gabação modesta. Em vez de simplesmente
gabar-se: “Ganhei um prêmio de melhor ator no Fes�val
de Gramado”, você diz: “O Fes�val de Gramado está
muito decadente. Para vocês terem uma ideia, me deram
um prêmio de melhor ator.”
Atenção: se todo post é vaidoso, toda coluna também.
Percebam o uso de palavras em inglês, a citação a
Fernando Pessoa. Tudo o que eu mais quero é que vocês
me achem o máximo. “Então sou só eu que sou vil e
errôneo nessa terra?”. Não, Álvaro. Me adiciona.
DUVIVIER, G. Caviar é uma ova. São Paulo: Cia. das Letras,
2016 (adaptado).
 
O texto traz uma crí�ca ao uso que as pessoas fazem da
linguagem nas redes sociais. Qual passagem exemplifica
linguis�camente essa crí�ca?
a) “‘Nunca conheci quem �vesse levado porrada. Todos
os meus conhecidos têm sido campeões em tudo’.”
b) “O heterônimo parece estar falando da
minha �meline: ‘Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?’”.
c) “Humblebrag é uma palavra que faz falta em
português. Composta pela junção das
palavras humble (humilde) e brag(gabar-se), seria algo
como a gabação modesta.”
d) “‘O Fes�val de Gramado está muito decadente. Para
vocês terem uma ideia, me deram um prêmio de
melhor ator’.”
e) “Tudo o que eu mais quero é que vocês me achem o
máximo. ‘Então sou só eu que sou vil e errôneo nessa
terra?’. Não, Álvaro. Me adiciona.”
IT0509 - (Enem PPL)
Com o fim da versão impressa do Diário Oficial da
União, o presidente da República assinou um decreto que
traz novas normas a serem seguidas nas publicações
oficiais, que agora estarão disponíveis apenas na versão
on-line.
Os atos a serem divulgados devem ser encaminhados
ao órgão exclusivamente por meio eletrônico. O jornal
será publicado de segunda a sexta, uma vez por dia,
exceto nos feriados nacionais e nos pontos faculta�vos
da administração pública federal.
O decreto reforça que o Diário Oficial trará os atos
com conteúdo norma�vo, exceto os atos de aplicação
exclusivamente interna que não afetem interesses de
terceiros, e os atos oficiais da administração pública
federal direta, autárquica e fundacional.
Disponível em: www.brasil.gov.br. Acesso em: 6 dez. 2017
(adaptado).
 
O decreto incide sobre a prá�ca de leitura do Diário
Oficial em todo o Brasil e pressupõe que
a) o país dispõe de uma cultura digital consolidada.
b) a publicação on-line dificulta o acesso ao texto oficial.
c) a decisão torna obrigatória a leitura de textos oficiais.
d) as repar�ções públicas dispensam a leitura de texto
impresso.
e) a mudança traz novos modelos para a administração
pública.
IT0510 - (Enem PPL)
No texto, o trecho “Cê tá muito louco, véio” caracteriza
um uso social da linguagem mais comum a
 
a) jovens em situação de conversa informal.
b) pessoas conversando num cinema.
c) homens com problemas de visão.
d) idosos numa roda de bate-papo.
e) crianças brincando de viajar.
IT0513 - (Enem PPL)
O resgate de um barco com 25 imigrantes africanos na
costa do Maranhão reacendeu a discussão sobre o
quanto o Brasil estaria, cada vez mais, atraindo pessoas
de outros países em busca de refúgio ou de melhores
condições de vida.
O país recebeu 33866 pedidos de refúgio de
imigrantes no ano de 2017, segundo um relatório recente
do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), do
Ministério da Jus�ça.
A definição clássica de refugiado é “o imigrante que
sofre de fundado temor de perseguição por mo�vos de
raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões
polí�cas”.
No entanto, a Acnur, agência da ONU para refugiados,
já tem um entendimento ampliado do que pode
configurar um refugiado, incorporando também as
52@professorferretto @prof_ferretto
caracterís�cas de uma crise humanitária: fome
generalizada, ausência de acesso a medicamentos e
serviços básicos e perda de renda.
Disponível em: www.bbc.com. Acesso em: 22 maio 2018
(adaptado).
 
Nesse texto, a função metalinguís�ca tem papel
fundamental, pois revela que o direito de o imigrante ser
tratado como refugiado no Brasil depende do(a)
a) número de pedidos de refúgio já registrados no
relatório do Conare.
b) compreensão que o Ministério da Jus�ça tem da
palavra “refugiado”.
c) crise humanitária que se abate sobre os países mais
pobres do mundo.
d) profundidade da crise econômica pela qual passam
determinados países.
e) autorização da Acnur, que gerencia a distribuição de
refugiados pelos países.
IT0525 - (Enem PPL)
 
No que diz respeito ao uso de recursos expressivos em
diferentes linguagens, o cartum produz humor brincando
com a
 
a) caracterização da linguagem u�lizada em uma esfera
de comunicação específica.
b) deterioração do conhecimento cien�fico na sociedade
contemporânea.
c) impossibilidade de duas cobras conversarem sobre o
universo.
d) dificuldade inerente aos textos produzidos por
cien�stas.
e) complexidade da reflexão presente no diálogo.
IT0527 - (Enem PPL)
É através da linguagem que uma sociedade se
comunica e retrata o conhecimento e entendimento de si
própria e do mundo que a cerca. É na linguagem que se
refletem a iden�ficação e a diferenciação de cada
comunidade e também a inserção do indivíduo em
diferentes agrupamentos, estratos sociais, faixas etárias,
gêneros, graus de escolaridade. A fala tem, assim, um
caráter emblemá�co, que indica se o falante é brasileiro
ou português, francês ou italiano, alemão ou holandês,
americano ou inglês, e, mais ainda, sendo brasileiro, se é
nordes�no, sulista ou carioca. A linguagem também
oferece pistas que permitem dizer se o locutor é homem
ou mulher, se é jovem ou idoso, se tem curso primário,
universitário ou se é iletrado. E, por ser um parâmetro
que permite classificar o indivíduo de acordo com sua
nacionalidade e naturalidade, sua condição econômica
ou social e seu grau de instrução, é frequentemente
usado para discriminar e es�gma�zar o falante.
LEITE, Y.; CALLOU, D. Como falam os brasileiros. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 2002.
 
Nesse texto acadêmico, as autoras fazem uso da
linguagem formal para
a) estabelecer proximidade com o leitor.
b) a�ngir pessoas de vários níveis sociais.
c) atender às caracterís�cas do público leitor.
d) caracterizar os diferentes falares brasileiros.
e) atrair leitores de outras áreas do conhecimento.
IT0535 - (Enem PPL)
A expansão do português no Brasil, as variações
regionais com suas possíveis explicações e as raízes das
inovações da linguagem estão emergindo por meio do
trabalho de linguistas que estão desenterrando as raízes
do português brasileiro ao examinar cartas pessoais e
administra�vas, testamentos, relatos de viagens,
processos judiciais, cartas de leitores e anúncios de
jornais desde o século XVI, coletados em ins�tuições
como a Biblioteca Nacional e o Arquivo Público do Estado
de São Paulo. No acervo de documentosque servem para
estudos sobre o português paulista está uma carta de
1807, escrita pelo soldado Manoel Coelho, que teria
seduzido a filha de um fazendeiro. Quando soube, o pai
da moça, enfurecido, forçou o rapaz a se casar com ela. O
soldado, porém, bateu o pé: “Nem por bem, nem por
mar!”, não se casaria. Um linguista pesquisador
estranhou a citação, já que o fato se passava na Vila de
São Paulo, mas depois percebeu: “Ele quis dizer ‘nem por
bem, nem por mal!’. O soldado escrevia como falava. Não
se sabe se casou com a filha do fazendeiro, mas deixou
uma prova valiosa de como se falava no início do século
XIX.” 
FIORAVANTI, C. Ora pois, uma língua bem brasileira.
Pesquisa Fapesp, n. 230, abr. 2015 (adaptado).
 
O fato relatado evidencia que fenômenos presentes na
fala podem aparecer em textos escritos. Além disso,
sugere que
53@professorferretto @prof_ferretto
a) os diferentes falares do português provêm de textos
escritos.
b) o �po de escrita usado pelo soldado era
despres�giado no século XIX.
c) os fenômenos de mudança da língua portuguesa são
historicamente previsíveis.
d) as formas variantes do português brasileiro atual já
figuravam no português an�go escrito.
e) as origens da norma-padrão do português brasileiro
podem ser observadas em textos an�gos.
IT0536 - (Enem PPL)
Qual a diferença entre publicidade e propaganda?
Esses dois termos não são sinônimos, embora sejam
usados indis�ntamente no Brasil. Propaganda é a
a�vidade associada à divulgação de ideias (polí�cas,
religiosas, par�dárias etc.) para influenciar um
comportamento. Alguns exemplos podem ilustrar, como
o famoso Tio Sam, criado para incen�var jovens a se
alistar no exército dos EUA; ou imagens criadas para
“demonizar” os judeus, espalhadas na Alemanha pelo
regime nazista; ou um pôster promovendo o poderio
militar da China comunista. No Brasil, um exemplo
regular de propaganda são as campanhas polí�cas em
período pré-eleitoral.
Já a publicidade, em sua essência, quer dizer tornar
algo público. Com a Revolução Industrial, a publicidade
ganhou um sen�do mais comercial e passou a ser uma
ferramenta de comunicação para convencer o público a
consumir um produto, serviço ou marca. Anúncios para
venda de carros, bebidas ou roupas são exemplos de
publicidade.
VASCONCELOS, Y. Disponível em:
h�ps://mundoestranho.abril.com.br. Acesso em: 22 ago.
2017 (adaptado).
 
A função sociocomunica�va desse texto é
a) ilustrar como uma famosa figura dos EUA foi criada
para incen�var jovens a se alistar no exército.
b) explicar como é feita a publicidade na forma de
anúncios para venda de carros, bebidas ou roupas.
c) convencer o público sobre a importância do consumo.
d) esclarecer dois conceitos usados no senso comum.
e) divulgar a�vidades associadas à disseminação de
ideias.
IT0540 - (Enem PPL)
O craque crespo
Desde que Neymar despontou no futebol, uma de
suas marcas registradas é o cabelo. Sempre com um
visual novo a cada campeonato. Mas nesses anos de
carreira ainda faltava o ídolo fazer uma aparição nos
gramados com seu cabelo crespo natural, que ele
assumiu recentemente para a alegria e a autoes�ma dos
meninos cacheados que sonham ser craques um dia.
É di�cil assumir os cachos e abandonar a ditadura do
alisamento em um mundo onde o cabelo liso é �do como
o padrão de beleza ideal. Quando conseguimos fazer a
transição capilar, esse gesto nos aproxima da nossa real
iden�dade e nos empodera. Falo por experiência própria.
Passei 30 anos usando cabelos lisos e já nem me
lembrava de como eram meus fios naturais. Recuperar a
textura crespa, para além do cuidado esté�co, foi um ato
polí�co, de aceitação, de autorreconhecimento e de
redescoberta da minha negritude.
O discurso dos fios naturais tem ganhado uma
representação cada vez mais posi�va, valorizando a volta
dos cachos sem cair no estereó�po do “exó�co”, muito
comum no Brasil. O cabelo crespo, defini�vamente, não é
uma moda passageira. Torço que para Neymar também
não seja.
Alexandra Loras é ex-consulesa da França em São
Paulo, empresária, consultora de empresas e autora de
livros.
LORAS, A. O craque crespo. Disponível em:
h�p://diploma�que.org.br. Acesso em: 1 set. 2017.
 
Considerando os procedimentos argumenta�vos
presentes nesse texto, infere-se que o obje�vo da autora
é
a) valorizar a a�tude do jogador ao aderir à moda dos
cabelos crespos.
b) problema�zar percepções iden�tárias sobre padrões
de beleza.
c) apresentar as novas tendências da moda para os
cabelos.
d) relatar sua experiência de redescoberta de suas
origens.
e) evidenciar a influência dos ídolos sobre as crianças.
IT0544 - (Enem PPL)
O debate sobre o conceito de saúde refere-se à
importância de minimizar a simplificação que abrange o
entendimento do senso comum sobre esse fenômeno. É
possível entendê-lo de modo reducionista, tão somente,
à luz dos pressupostos biológicos e das associações
esta�s�cas presentes nos estudos epidemiológicos. Os
problemas que daí decorrem são: a) o foco centra-se na
doença; b) a culpabilização do indivíduo frente à sua
própria doença; c) a crença na possibilidade de resolução
do problema encerrando-se uma suposta causa, a qual
recai no processo de medicalização; d) a naturalização da
doença; e) o ce�cismo em relação à contribuição de
54@professorferretto @prof_ferretto
diferentes saberes para auxiliar na compreensão dos
fenômenos relacionados à saúde.
BAGRICHEVSKY, M. et al. Considerações teóricas acerca
das questões relacionadas à promoção da saúde. In:
BAGRICHEVSKY, M.; PALMA, A.; ESTEVÃO, A. (Org.). A
saúde em debate na educação �sica. Blumenau: Edibes,
2003.
 
O texto apresenta uma reflexão crí�ca sobre o conceito
de saúde, que deve ser entendida mediante
a) dados esta�s�cos presentes em estudos
epidemiológicos.
b) pressupostos relacionados à ausência de doenças nos
indivíduos.
c) responsabilização dos indivíduos pela adoção de
hábitos saudáveis.
d) intervenção da medicina nos diferentes processos que
acometem a saúde.
e) compreensão dos fenômenos sociais, polí�cos e
econômicos relacionados à saúde.
IT0548 - (Enem PPL)
As cores
Maria Alice abandonou o livro onde seus dedos
longos liam uma história de amor. Em seu pequeno
mundo de volumes, de cheiros, de sons, todas aquelas
palavras eram a perpétua renovação dos mistérios em
cujo seio sua imaginação se perdia. [...] Como seria cor e
o que seria? [...]. Era, com certeza, a nota marcante de
todas as coisas para aqueles cujos olhos viam, aqueles
olhos que tantas vezes palpara com inveja calada e que
se fechavam, quando os tocava, sensíveis como pássaros
assustados, palpitantes de vida, sob seus dedos trêmulos,
que diziam ser claros. Que seria o claro, afinal? Algo que
aprendera, de há muito, ser igual ao branco. [...]
E agora Maria Alice voltava outra vez ao Ins�tuto. E ao
grande amigo que lá conhecera. [...]. Lembrava-se da
ternura daquela voz, da beleza daquela voz. De como se
adivinhavam entre dezenas de outros e suas mãos se
encontravam. De como as palavras de amor �nham
irrompido e suas bocas se encontrado...De como um dia
seus pais haviam surgido inesperadamente no Ins�tuto e
a haviam levado à sala do diretor e se haviam queixado
da falta de vigilância e moralidade no estabelecimento. E
de como, no momento em que a re�ravam e quando ela
disse que pretendia se despedir de um amigo pelo qual
�nha grande afeição e com quem se queria casar, o pai
exclamara, horrorizado:
— Você não tem juízo, criatura? Casar-se com um
mulato? Nunca!
Mulato era cor. Estava longe aquele dia. Estava longe
o Ins�tuto, ao qual não saberia voltar, do qual nunca mais
�vera no�cia, e do qual somente restara o privilégio de
caminhar sozinha pelo reino dos livros, tão parecido com
a vida dos outros, tão cheio de cores.
LESSA, O. Seleta de Orígenes Lessa. Rio de Janeiro: José
Olympio, 1973.
 
No texto, a condição da personagem e os
desdobramentos da narra�va conduzem o leitor a
compreender o(a)
a) percepção das cores como metáfora da discriminação
racial.
b) privação da visão como elemento definidor das
relações humanas.
c)contraste entre as representações do amor de
diferentes gerações.
d) prevalência das diferenças sociais sobre a liberdade
das relações afe�vas.
e) embate entre a ingenuidade juvenil e a manutenção
de tradições familiares.
IT0551 - (Enem PPL)
Como a percepção do tempo muda de acordo com a
língua
Línguas diferentes descrevem o tempo de maneiras
dis�ntas — e as palavras usadas para falar sobre ele
moldam nossa percepção de sua passagem.
O estudo “Distorção temporal whorfiana:
representando duração por meio da ampulheta da
língua”, publicado no jornal da APA (Associação
Americana de Psicologia), mostra que conceitos
abstratos, como a percepção da duração do tempo, não
são universais.
Os autores não só verificaram uma mudança da
percepção temporal conforme a língua falada como
observaram que a transição de uma língua para outra por
um mesmo indivíduo modificava sua es�ma�va de uma
duração de tempo. Isso implica que visões diferentes de
tempo convivem no cérebro de um indivíduo bilíngue.
“O fato de que pessoas bilíngues transitam entre essas
diferentes formas de es�mar o tempo sem esforço e
inconscientemente se encaixa nas evidências crescentes
que demonstram a facilidade com que a linguagem se
entremeia fur�vamente em nossos sen�dos mais básicos,
incluindo nossas emoções, percepção visual e, agora, ao
que parece, nossa sensação de tempo”, disse o
pesquisador ao site Quartz. 
LIMA, J. D. Disponível em: www.nexojornal.com.br.
Acesso em: 24 ago. 2017.
 
O texto relata experiências e resultados de um estudo
que reconhece a importância
55@professorferretto @prof_ferretto
a) da compreensão do tempo pelo cérebro.
b) das pesquisas cien�ficas sobre a cognição.
c) da teoria whorfiana para a área da linguagem.
d) das linguagens e seus usos na vida das pessoas.
e) do bilinguismo para o desenvolvimento intelectual.
IT0553 - (Enem PPL)
— Não digo que seja uma mulher perdida, mas
recebeu uma educação muito livre, saracoteia sozinha
por toda a cidade e não tem podido, por conseguinte,
escapar à implacável maledicência dos fluminenses.
Demais, está habituada ao luxo, ao luxo da rua, que é o
mais caro; em casa arranjam-se ela e a �a sabe Deus
como. Não é mulher com quem a gente se case. Depois,
lembra-te que apenas começas e não tens ainda onde
cair morto. Enfim, és um homem: faze o que bem te
parecer.
Essas palavras, proferidas com uma franqueza por
tantos mo�vos autorizada, calaram no ânimo do
bacharel. In�mamente ele es�mava que o velho amigo
de seu pai o dissuadisse de requestar a moça, não pelas
consequências morais do casamento, mas pela obrigação,
que este lhe impunha, de sa�sfazer uma dívida de vinte
contos de réis, quando, apesar de todos os seus esforços,
não conseguira até então pôr de parte nem o terço
daquela quan�a.
AZEVEDO, A. A dívida. Disponível em:
www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 20 ago. 2017.
 
O texto, publicado no fim do século XIX, traz à tona
representações sociais da sociedade brasileira da época.
Em consonância com a esté�ca realista, traços da visão
crí�ca do narrador manifestam-se na 
a) caracterização pejora�va do comportamento da
mulher solteira.
b) concepção irônica acerca dos valores morais inerentes
à vida conjugal.
c) contraposição entre a idealização do amor e as
imposições do trabalho.
d) expressão caricatural do casamento pelo viés do
sen�mentalismo burguês.
e) sobreposição da preocupação financeira em relação
ao sen�mento amoroso.
IT0554 - (Enem PPL)
Você vende uma casa, depois de ter morado nela
durante anos; você a conhece necessariamente melhor
do que qualquer comprador possível. Mas a jus�ça é,
então, informar o eventual comprador acerca de
qualquer defeito, aparente ou não, que possa exis�r nela,
e mesmo, embora a lei não obrigue a tanto, acerca de
algum problema com a vizinhança. E, sem dúvida, nem
todos nós fazemos isso, nem sempre, nem
completamente.
Mas quem não vê que seria justo fazê-lo e que somos
injustos não o fazendo? A lei pode ordenar essa
informação ou ignorar o problema, conforme os casos;
mas a jus�ça sempre manda fazê-lo.
Dir-se-á que seria di�cil, com tais exigências, ou pouco
vantajoso, vender casas... Pode ser. Mas onde se viu a
jus�ça ser fácil ou vantajosa? Só o é para quem a recebe
ou dela se beneficia, e melhor para ele; mas só é uma
virtude em quem a pra�ca ou a faz.
Devemos então renunciar nosso próprio interesse?
Claro que não. Mas devemos submetê-lo à jus�ça, e não
o contrário. Senão? Senão, contente-se com ser rico e
não tente ainda por cima ser justo.
COMTE-SPONVILLE, A. Pequeno tratado das grandes
virtudes. São Paulo: Mar�ns Fontes, 1995.
 
No processo de convencimento do leitor, o autor desse
texto defende a ideia de que 
a) o interesse do outro deve se sobrepor ao interesse
pessoal.
b) a a�vidade comercial lucra�va é incompa�vel com a
jus�ça.
c) a criação de leis se pauta por princípios de jus�ça.
d) o impulso para a jus�ça é inerente ao homem.
e) a prá�ca da jus�ça pressupõe o bem comum.
IT0556 - (Enem PPL)
Eu gostaria de comentar brevemente as afinidades
existentes entre comunidade, comunicação e comunhão.
Essas afinidades começam no próprio radical das palavras
em questão. Assim, se nosso alvo são os atos de
interação comunica�va, temos que incluir em nosso
objeto de estudo a ecologia dos atos de interação
comunica�va, que se dão no contexto da ecologia da
interação comunica�va. No entanto, não basta a
proximidade espacial para que a comunicação se dê, é
necessário que os potenciais interlocutores entrem em
comunhão. Por fim, sem trocadilhos, a comunicação ideal
se dá no interior de uma comunidade, entre indivíduos
que entram em comunhão.
COUTO, H. H. O Tao da linguagem. Campinas: Pontes,
2012.
 
O trecho integra um livro sobre os aspectos ecológicos
envolvidos na interação comunica�va. Para convencer o
leitor das afinidades entre comunidade, comunicação e
comunhão, o autor 
56@professorferretto @prof_ferretto
a) nega a força das comunidades interioranas.
b) joga com a ambiguidade das palavras.
c) parte de uma informação grama�cal.
d) recorre a argumentos emo�vos.
e) apela para a religiosidade.
IT0561 - (Enem PPL)
Uma língua, múl�plos falares
Desde suas origens, o Brasil tem uma língua dividida
em falares diversos. Mesmo antes da chegada dos
portugueses, o território brasileiro já era mul�língue.
Havia cerca de 1,2 mil línguas faladas pelos povos
indígenas. O português trazido pelo colonizador
tampouco era uma língua homogênea, havia variações
dependendo da região de Portugal de onde ele vinha. Há
de se considerar também que a chegada de falantes de
português acontece em diferentes etapas, em momentos
históricos específicos. Na cidade de São Paulo, por
exemplo, temos primeiramente o encontro linguís�co de
portugueses com índios e, além dos negros da África,
vieram italianos, japoneses, alemães, árabes, todos com
suas línguas. “Todo este processo vai produzindo
diversidades linguís�cas que caracterizam falares
diferentes”, afirma um linguista da Unicamp. Daí que na
mesma São Paulo pode-se encontrar modos de falar
dis�ntos como o de Adoniran Barbosa, que eternizou em
suas composições o sotaque �pico de um filho de
imigrantes italianos, ou o chamado erre retroflexo,
aquele erre dobrado que, junto com a letra i, resulta
naquele jeito de falar “cairne” e “poirta” caracterís�co do
interior de São Paulo.
MARIUZZO, P. Disponível em: www.labjor.unicamp.br.
Acesso em: 30 jul. 2012 (adaptado).
 
A par�r desse breve histórico da língua portuguesa no
Brasil, um dos elementos de iden�dade nacional,
entende-se que a diversidade linguís�ca é resultado da
a) imposição da língua do colonizador sobre as línguas
indígenas.
b) interação entre os falantes de línguas e culturas
diferentes.
c) sobreposição das línguas europeias sobre as africanas
e indígenas.
d) heterogeneidade da língua trazida pelo colonizador.
e) preservação dos sotaques caracterís�cos
dos
imigrantes.
IT0565 - (Enem PPL)
Glossário diferenciado
Outro dia vi um anúncio de alguma coisa que não
lembro o que era (como vocês podem deduzir, oanúncio
era péssimo). Lembro apenas que o produto era
diferenciado, funcional e sustentável. Pensando nisso, fiz
um glossário de termos diferenciados e suas respec�vas
funcionalidades.
Diferenciado: um adje�vo que define um substan�vo
mas também o sujeito que o está usando. Quem fala
“diferenciado” poderia falar “diferente”. Mas escolheu
uma palavra diferenciada. Porque ele quer mostrar que
ele próprio é “diferenciado”. Essa é a função da palavra
“diferenciado”: diferenciar-se. Por diferençado, entenda:
“mais caro”. Estudos indicam que a palavra
“diferenciado” representa um aumento de 50% no valor
do produto. É uma palavra que faz a diferença.
FERNANDES, M. In: ANTUNES, I. Língua, texto e ensino:
outra escola possível. São Paulo: Parábola, 2009
(adaptado).
 
Os gêneros são definidos, entre outros fatores, por sua
função social. Nesse texto, um verbete foi criado pelo
autor para
a) atribuir novo sen�do a uma palavra.
b) apresentar as caracterís�cas de um produto.
c) mostrar um posicionamento crí�co.
d) registrar o surgimento de um novo termo.
e) contar um fato do co�diano.
IT0568 - (Enem PPL)
Não há dúvidas de que, nos úl�mos tempos, em
função da velocidade, do volume e da variedade da
geração de informações, questões referentes à
disseminação, ao armazenamento e ao acesso de dados
têm se tornado complexas, de modo a desafiar homens e
máquinas. Por meio de sistemas financeiros, de
transporte, de segurança e de comunicação interpessoal
– representados pelos mais variados disposi�vos, de
cartões de crédito a trens, aviões, passaportes e
telefones celulares –, circulam fluxos informacionais que
carregam o DNA da vida co�diana do indivíduo
contemporâneo. Para além do referido cenário
informacional contemporâneo, percebe-se, nos contextos
governamentais, um esforço – gerado por leis e decretos,
ou mesmo por pressões democrá�cas – em disseminar
informações de interesse público. No Brasil, está em
vigor, desde maio de 2012, a Lei de Acesso à Informação
n. 12.527. Em linhas gerais, a legislação regulamenta o
direito à informação, já garan�do na Cons�tuição
Federal, obrigando órgãos públicos a divulgarem os seus
dados.
SILVA JR., M. G. Vigiar, punir e viver. Minas faz Ciência, n.
58, 2014 (adaptado).
 
As Tecnologias de Informação e Comunicação propiciam
à sociedade contemporânea o acesso à grande
57@professorferretto @prof_ferretto
quan�dade de dados públicos e privados. De acordo com
o texto, essa nova realidade promove
a) ques�onamento sobre a privacidade.
b) mecanismos de vigilância de pessoas.
c) disseminação de informações individuais.
d) interferência da legislação no uso dos dados.
e) transparência na relação entre governo e cidadãos.
IT0569 - (Enem PPL)
“Escrever não é uma questão apenas de sa�sfação
pessoal”, disse o filósofo e educador pernambucano
Paulo Freire, na abertura de suas Cartas a Cris�na,
revelando a importância do hábito ritualizado da escrita
para o desenvolvimento de suas ideias, para a
concre�zação de sua missão e disseminação de seus
pontos de vista. Freire destaca especial importância à
escrita pelo desejo de “convencer outras pessoas”, de
transmi�r seus pensamentos e de engajar aqueles que o
leem na realização de seus sonhos. 
KNAPP, L. Linha fina. Comunicação Empresarial, n. 88,
out. 2013.
 
Segundo o fragmento, para Paulo Freire, os textos devem
exercer, em alguma medida, a função cona�va, porque a
a�vidade de escrita, notadamente, possibilita
a) levar o leitor a realizar ações.
b) expressar sen�mentos do autor.
c) despertar a atenção do leitor.
d) falar da própria linguagem.
e) repassar informações.
IT0575 - (Enem PPL)
 
Cores do Brasil
Ganhou nova versão, revista e ampliada, o livro
lançado em 1988 pelo galerista Jacques Ardies, cuja
proposta é ser publicação informa�va sobre nomes do
“movimento arte naïf do Brasil”, como define o autor.
Trata-se de um caminho esté�co fundamental na arte
brasileira, assegura Ardies. O termo em francês foi
adotado por designar internacionalmente a produção
que no Brasil é chamada de arte popular ou primi�vismo,
esclarece Ardies. O organizador do livro explica que a
obra não tem a pretensão de ser um dicionário. “Falta
muita gente. São muitos ar�stas”, observa. A nova edição
veio da vontade de atualizar informações publicadas há
26 anos. Ela incluiu ar�stas em a�vidade atualmente e
veteranos que ficaram de fora do primeiro livro. A arte
naïf no Brasil 2 traz 79 autores de várias regiões do
Brasil. 
WALTER SEBASTIÃO. Estado de Minas, 17 jan. 2015
(adaptado).
 
O fragmento do texto jornalís�co aborda o lançamento
de um livro sobre arte naïf no Brasil. Na organização
desse trecho predomina o uso da sequência
a) injun�va, sugerida pelo destaque dado à fala do
organizador do livro.
b) argumenta�va, caracterizada pelo uso de adje�vos
sobre o livro.
c) narra�va, construída pelo uso de discurso direto e
indireto.
d) descri�va, formada com base em dados editoriais da
obra.
e) exposi�va, composta por informações sobre a
arte naïf.
IT0586 - (Enem PPL)
Ela parecia pedir socorro contra o que de algum modo
involuntariamente dissera. E ele com os olhos miúdos
quis que ela não fugisse e falou:
— Repita o que você disse, Lóri.
— Não sei mais.
— Mas eu sei, eu vou saber sempre. Você literalmente
disse: um dia será o mundo com sua impersonalidade
soberba versus a minha extrema individualidade de
pessoa, mas seremos um só.
— Sim.
Lóri estava suavemente espantada. Então isso era a
felicidade. De início se sen�u vazia. Depois seus olhos
ficaram úmidos: era felicidade, mas como sou mortal,
como o amor pelo mundo me transcende. O amor pela
vida mortal a assassinava docemente, aos poucos. E o
que é que eu faço? Que faço da felicidade? Que faço
dessa paz estranha e aguda, que já está começando a me
doer como uma angús�a, como um grande silêncio de
espaços? A quem dou minha felicidade, que já está
começando a me rasgar um pouco e me assusta? Não,
não quero ser feliz. Prefiro a mediocridade. Ah, milhares
de pessoas não têm coragem de pelo menos prolongar-se
um pouco mais nessa coisa desconhecida que é sen�r-se
feliz e preferem a mediocridade. Ela se despediu de
Ulisses quase correndo: ele era o perigo.
LISPECTOR, C. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres.
Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1990.
 
A obra de Clarice Lispector alcança forte expressividade
em razão de determinadas soluções narra�vas. No
fragmento, o processo que leva a essa expressividade
fundamenta-se no
58@professorferretto @prof_ferretto
a) desencontro estabelecido no diálogo do par amoroso.
b) exercício de análise filosófica conduzido pelo narrador.
c) registro do processo de autoconhecimento da
personagem.
d) discurso fragmentado como reflexo de traumas
psicológicos.
e) afastamento da voz narra�va em relação aos dramas
existenciais.
IT0627 - (Enem PPL)
O passado na tela do computador
Um dos desafios do novo Museu da Imigração é se
contrapor à imagem deixada pela exibição do acervo
permanente na época do Memorial do Imigrante, muito
cri�cada por dar ênfase demasiada aos imigrantes
estrangeiros e pouca atenção aos brasileiros. Era uma
representação desproporcional em relação aos números:
dos 3,5 milhões de pessoas que passaram pela
hospedaria de imigrantes de São Paulo,
aproximadamente 1,9 milhão eram estrangeiras (de 75
nacionalidades e etnias) e 1,6 milhão eram brasileiras,
oriundas, principalmente, dos estados nordes�nos.
HEBMÜLLER, P. Problemas brasileiros, n. 414, nov.-dez.
2012 (adaptado).
 
O autor do texto sobre a digitalização do acervo do novo
Museu da Imigração apresenta a ênfase no imigrante
estrangeiro como um problema de representação
equivocada da imigração em São Paulo. Para tanto,
fundamenta seu ponto de vista no(a)
a) panorama apresentado como a atual realidade do
imigrante em São Paulo.
b) uso da tecnologia para aprimorar a imagem do
imigrante em São Paulo.
c) diferença entre o Memorial do Imigrante e os demais
museus existentes em São Paulo.
d) diversidade de nacionalidades e etnias como
parâmetro da imigração em São Paulo.
e) desequilíbriocheia de dor e de pavor.
Machado de Assis. Quincas Borba, cap. CLXI.
 
No texto III, ao analisar a interioridade de Palha, o
narrador descobre, no pensamento oculto do negociante,
5@professorferretto @prof_ferretto
a) a ternura que lhe inspira a mulher, capaz de toda
abnegação. 
b) a piedade que lhe causa a mulher, a quem só guarda
desprezo. 
c) a vaidade que beira o sadismo, ao ver a mulher sofrer
por ele. 
d) o gozo vinga�vo, visto que a mulher o trai com Carlos
Maria. 
e) o remorso do infiel, pois ele trai a mulher com Maria
Benedita.
IT0337 - (Enem)
TEXTO I
A língua não é uma nomenclatura, que se opõe a uma
realidade pré-categorizada, ela é que classifica realidade.
No léxico, percebe-se, de maneira mais imediata, o fato
de que a língua condensa as experiências de um dado
povo.
FIORIN, J. L. Língua, modernidade e tradição. Diversitas,
n. 2, mar.-set. 2014.
 
TEXTO II
As expressões coloquiais ainda estão impregnadas de
discriminação contra os negros. Basta recordar algumas
delas, como passar um “dia negro”, ter um “lado negro”,
ser a “ovelha negra” da família ou pra�car “magia negra”.
Disponível em: h�ps:/brasil.elpais.com. Acesso em: 22
maio 2018.
 
O Texto II exemplifica o que se afirma no Texto I, na
medida em que defende a ideia de que as escolhas
lexicais são resultantes de um
a) expediente próprio do sistema linguís�co que nos
apresenta diferentes possibilidades para traduzir
estados de coisas. 
b) ato inven�vo de nomear novas realidades que surgem
diante de uma comunidade de falantes de uma língua.
 
c) mecanismo de apropriação de formas linguís�cas que
estão no acervo da formação do idioma nacional. 
d) processo de incorporação de preconceitos que são
recorrentes na história de uma sociedade. 
e) recurso de expressão marcado pela obje�vidade que
se requer na comunicação diária. 
IT0001 - (Enem)
A volta do marido pródigo
 
– Bom dia, seu Marrinha! Como passou de ontem?
– Bem. Já sabe, não é? Só ganha meio dia. [...]
Lá além, Generoso cotuca Tercino:
– [...] Vai em festa, dorme que-horas, e, quando chega,
ainda é todo enfeitado e salamistrão!...
– Que é que hei de fazer, seu Marrinha... Amanheci com
uma nevralgia... Fiquei com cisma de apanhar friagem...
– Hum...
– Mas o senhor vai ver como eu toco o meu serviço e
ainda faço este povo trabalhar...
[...]
Pintão suou para desprender um pedrouço, e teve de
pular para trás, para que a laje lhe não esmagasse um pé.
Pragueja:
– Quem não tem brio engorda!
– É... Esse sujeito só é isso, e mais isso... – opina Sidu.
– Também, tudo p’ra ele sai bom, e no fim dá certo...
– diz Correia, suspirando e retomando o enxadão. – “P’ra
uns, as vacas morrem ... p’ra outros até boi pega a
parir...”.
Seu Marra já concordou:
– Está bem, seu Laio, por hoje, como foi por doença, eu
aponto o dia todo. Que é a úl�ma vez!... E agora, deixa de
conversa fiada e vai pegando a ferramenta!
ROSA, J. G. Sagarana. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967.
 
Esse texto tem importância singular como patrimônio
linguís�co para a preservação da cultura nacional devido 
a) à menção a enfermidades que indicam falta de
cuidado pessoal. 
b) à referência a profissões já ex�ntas que caracterizam a
vida no campo. 
c) aos nomes de personagens que acentuam aspectos de
sua personalidade. 
d) ao emprego de ditados populares que resgatam
memórias e saberes cole�vos. 
e) às descrições de costumes regionais que desmis�ficam
crenças e supers�ções.
IT0006 - (Enem)
Os linguistas têm notado a expansão do tratamento
informal. “Tenho 78 anos e devia ser tratado por senhor,
mas meus alunos mais jovens me tratam por você”, diz o
professor Ataliba Cas�lho, aparentemente sem se
incomodar com a informalidade, inconcebível em seus
tempos de estudante. O você, porém, não reinará
sozinho. O tu predomina em Porto Alegre e convive com
o você no Rio de Janeiro e em Recife, enquanto você é o
tratamento predominante em São Paulo, Curi�ba, Belo
Horizonte e Salvador. O tu já era mais próximo e menos
formal que você nas quase 500 cartas do acervo on-line
de uma ins�tuição universitária, quase todas de poetas,
polí�cos e outras personalidades do final do século XIX e
início do XX.
Disponível em: h�p://revistapesquisa.fapesp.br. Acesso
em: 21 abr. 2015 (adaptado).
6@professorferretto @prof_ferretto
 
No texto, constata-se que os usos de pronomes variaram
ao longo do tempo e que atualmente têm empregos
diversos pelas regiões do Brasil. Esse processo revela que 
a) a escolha de “você” ou de “tu” está condicionada à
idade da pessoa que usa o pronome. 
b) a possibilidade de se usar tanto “tu” quanto “você”
caracteriza a diversidade da língua. 
c) o pronome “tu” tem sido empregado em situações
informais por todo o país. 
d) a ocorrência simultânea de “tu” e de “você” evidencia
a inexistência da dis�nção entre níveis de
formalidade. 
e) o emprego de “você” em documentos escritos
demonstra que a língua tende a se manter
inalterada. 
IT0315 - (Fuvest)
Psicanálise do açúcar
 
O açúcar cristal, ou açúcar de usina,
mostra a mais instável das brancuras:
quem do Recife sabe direito o quanto,
e o pouco desse quanto, que ela dura.
Sabe o mínimo do pouco que o cristal
se estabiliza cristal sobre o açúcar,
por cima do fundo an�go, de mascavo,
do mascavo barrento que se incuba;
e sabe que tudo pode romper o mínimo
em que o cristal é capaz de censura:
pois o tal fundo mascavo logo aflora
quer inverno ou verão mele o açúcar.
 
Só os banguês que-ainda purgam ainda
o açúcar bruto com barro, de mistura;
a usina já não o purga: da infância,
não de depois de adulto, ela o educa;
em enfermarias, com vácuos e turbinas,
em mãos de metal de gente indústria,
a usina o leva a sublimar em cristal
o pardo do xarope: não o purga, cura.
Mas como a cana se cria ainda hoje,
em mãos de barro de gente agricultura,
o barrento da pré-infância logo aflora
quer inverno ou verão mele o açúcar.
João Cabral de Melo Neto, A Educação pela Pedra.
* banguê: engenho de açúcar primi�vo movido a força
animal.
 
Na oração “que ela dura” (v. 4), o pronome sublinhado
a) não tem referente.
b) retoma a palavra “usina” (v. 1).
c) pode ser subs�tuído por “ele”, referindo-se a “açúcar”
(v. 1).
d) refere-se à “mais instável das brancuras” (v. 2).
e) equivale à palavra “censura” (v. 10).
IT0327 - (Fuvest)
O feminismo negro não é uma luta meramente
iden�tária, até porque branquitude e masculinidade
também são iden�dades. Pensar feminismos negros é
pensar projetos democrá�cos. Hoje afirmo isso com
muita tranquilidade, mas minha experiência de vida foi
marcada pelo incômodo de uma 1incompreensão
fundamental. 2Não que eu buscasse respostas para tudo.
Na maior parte da minha infância e adolescência, 3não
�nha consciência de mim. Não sabia por que 4sen�a
vergonha de levantar a mão quando a professora fazia
uma pergunta já supondo que eu não saberia a resposta.
5Por que eu ficava isolada na hora do recreio. Por que os
meninos diziam na minha cara que não queriam formar
par com a “neguinha” na festa junina. Eu me sen�a
estranha e inadequada, e, na maioria das vezes, fazia as
coisas no automá�co, 6me esforçando para não ser
notada.
Djamila Ribeiro, Quem tem medo do feminismo negro?.
 
O trecho que melhor define a “incompreensão
fundamental” (ref. 1) referida pela autora é:
a) “não que eu buscasse respostas para tudo” (ref. 2). 
b) “não �nha consciência de mim” (ref. 3). 
c) “Por que eu ficava isolada na hora do recreio” (ref. 5). 
d) “me esforçando para não ser notada” (ref. 6). 
e) “sen�a vergonha de levantar a mão” (ref. 4). 
IT0296 - (Fuvest)
A taxação de livros tem um efeito cascata que acaba
custando caro não apenas ao leitor, como também ao
mercado editorial – que há anos não anda bem das
pernas – e, em úl�ma instância, ao desenvolvimento
econômico do país. A gente explica. Taxar um produto
significa, quase sempre, um aumento no valor do
produto final. Isso porque ao menos uma parte desse
imposto será repassada ao consumidor, especialmente se
considerarmos que as editoras e livrarias enfrentam há
anos umanas representações usuais dos
imigrantes em São Paulo.
IT0632 - (Enem PPL)
Parestesia não, formigamento
Trinta e três regras que mudam a redação de bulas no
Brasil
Com o Projeto Bulas, de 2004, voltado para a
tradução do jargão farmacêu�co para a língua
portuguesa – aquela falada em todo o Brasil – e a
regulamentação do uso de medicamentos no país, cinco
anos depois, o Brasil começou a sair das trevas.
O grupo comandado por uma doutora em Linguís�ca
da UFRJ sugeriu à Anvisa mudar tudo. Elaborou, também,
“A redação de bulas para o paciente: um guia com os
princípios de redação clara, concisa e acessível para o
leitor de bulas”, disponível em versão adaptada no site da
Anvisa. Diferentemente do que acontece com outros
gêneros, na bula não há espaço para inovações de es�lo.
“O uso de fórmulas repe��vas é bem-vindo, dá força
ins�tucional ao texto”, explica a doutora. “A bula não
pode abrir possibilidades de interpretações ao seu
leitor”.
Se obedecidas, as 33 regras do guia são de serven�a
genérica – quem lida com qualquer �po de escrita pode
se beneficiar de seus ensinamentos. A regra 12, por
exemplo, manda abolir a linguagem técnica, fonte de
possível constrangimento para quem não a compreende,
e recomenda: “Não irrite o leitor.” A regra 14 prega um
tom cordial, educado e, sobretudo, conciso: “Não faça o
leitor perder tempo”.
Disponível em: www2.uol.com.br. Acesso em: 1 ago.
2012.
 
As bulas de remédio têm caráter instrucional e
complementam as orientações médicas. No contexto de
mudanças apresentado, a principal caracterís�ca que
marca sua nova linguagem é o(a)
a) possibilidade de inclusão de neologismo.
b) refinamento da linguagem farmacêu�ca.
c) adequação ao leitor não especializado.
d) detalhamento de informações.
e) informalidade do registro.
IT0633 - (Enem PPL)
Ao acompanharmos a história do telefone,
verificamos que esse meio está se mostrando capaz de
reunir em seu conteúdo uma quan�dade cada vez maior
de outros meios ‒ envio de e-mails, recebimento de
no�cias, música através de rádio e mensagens de texto.
Esta úl�ma função vem servindo como suporte para uma
nova forma de sociabilidade, o fenômeno do flash mob ‒
mobilizações relâmpago, que têm como caracterís�ca
principal realizar uma encenação em algum ponto da
cidade.
PAMPANELLI, G. A. A evolução do telefone e uma nova
forma de sociabilidade: o flash mob. Disponível em:
www.razonypalabra.org.mx. Acesso em: 1 jun. 2015
(adaptado).
 
De acordo com o texto, a evolução das tecnologias de
comunicação repercute na vida social, revelando que
59@professorferretto @prof_ferretto
a) o acúmulo de informações promove a sociabilidade.
b) as mudanças sociais demandam avanços tecnológicos.
c) o crescimento tecnológico acarreta mobilizações das
grandes massas.
d) a ar�culação entre meios tecnológicos pressupõe
desenvolvimento social.
e) a apropriação das tecnologias pela sociedade
possibilita ações inovadoras.
IT0635 - (Enem PPL)
o::... o Brasil... no meu ponto de vista... entendeu? o
país só cresce através da educação... entendeu? Eu penso
assim... então quer dizer... você dando uma prioridade
pra... pra educação... a tendência é melhorar mais...
entendeu? e as pessoas... como eu posso explicar assim?
as pessoas irem... tomando conhecimento mais das
coisas... né? porque eu acho que a pior coisa que tem é a
pessoa alienada... né? a pessoa que não tem noção de
na::da... entendeu.
Trecho da fala de J. L., sexo masculino, 26 anos. In:
VOTRE, S.; OLIVEIRA, M. R. (Coord.). A língua falada e
escrita na cidade do Rio de Janeiro. Disponível em:
www.discursoegrama�ca.letras.ufrj.br. Acesso em: 4 dez.
2012.
 
A língua falada caracteriza-se por hesitações, pausas e
outras peculiaridades. As ocorrências de “entendeu” e
“né”, na fala de J. L., indicam que
a) a modalidade oral apresenta poucos recursos
comunica�vos, se comparada à modalidade escrita.
b) a língua falada é marcada por palavras dispensáveis e
irrelevantes para o estabelecimento da interação.
c) o enunciador procura interpelar o seu interlocutor
para manter o fluxo comunica�vo.
d) o tema tratado no texto tem alto grau de
complexidade e é desconhecido do entrevistador.
e) o falante manifesta insegurança ao abordar o assunto
devido ao gênero ser uma entrevista.
IT0636 - (Enem PPL)
A carreira nas alturas
A água está no joelho dos profissionais do mercado.
As fragilidades na formação em Língua Portuguesa têm
alimentado um campo de reciclagem em Português nas
escolas de idiomas e nos cursos de graduação para
pessoas oriundas do mundo dos negócios. O que antes
era restrito a profissionais de educação e comunicação,
agora já faz parte da ro�na de profissionais de várias
áreas. Para eles, a Língua Portuguesa começa a ser
assimilada como uma ferramenta para o desempenho
estável. Sem ela, o conhecimento técnico fica restrito à
própria pessoa, que não sabe comunicá-lo.
“Embora algumas atuações exijam uma produção oral
ou escrita mais frequente, como docência e advocacia,
muitos profissionais precisam escrever relatório, carta,
comunicado, circular. Na linguagem oral, todos têm de
expressar-se de forma convincente nas reuniões, para
ganhar respeito e credibilidade. Isso vale para todos os
cargos da hierarquia profissional” – explica uma
professora de Língua Portuguesa da Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP.
NATALI, A. Revista Língua, n. 63, jan. 2011 (adaptado).
 
Nos usos co�dianos da língua, algumas expressões
podem assumir diferentes sen�dos. No texto, a
expressão “a água está no joelho” remete à
a) exigência de aprofundamento em conhecimentos
técnicos.
b) demanda por formação profissional de professores e
advogados.
c) procura por escolas de idiomas para o aprendizado de
línguas.
d) melhoria do desempenho profissional nas várias áreas
do conhecimento.
e) necessidade imediata de aperfeiçoamento das
habilidades comunica�vas.
IT0637 - (Enem PPL)
Ainda os equívocos no combate aos estrangeirismos
Por que não se reconhece a existência de norma nas
variedades populares? Para desqualificá-las? Por que só
uma norma é reconhecida como norma e, não por acaso,
a da elite?
Por tantos equívocos, só nos resta lamentar que
algumas pessoas, imbuídas da crença de que estão
defendendo a língua, a iden�dade e a pátria, na verdade
estejam reforçando velhos preconceitos e imposições. O
português do Brasil há muito distanciou-se do português
de Portugal e das prescrições dos gramá�cos, cujo
serviço às classes dominantes é definir a língua do poder
em face de ameaças – internas e externas.
ZILLES, A. M. S. In: FARACO, C. A. (Org.). Estrangeirismos:
guerras em torno da língua. São Paulo: Parábola, 2004
(adaptado).
 
O texto aborda a linguagem como um campo de disputas
e poder. As interrogações da autora são estratégias que
conduzem ao convencimento do leitor de que
60@professorferretto @prof_ferretto
a) o português do Brasil é muito diferente do português
de Portugal.
b) as prescrições dos gramá�cos estão a serviço das
classes dominantes.
c) a norma linguís�ca da elite brasileira é a única
reconhecida como tal.
d) o português do Brasil há muito distanciou-se das
prescrições dos gramá�cos.
e) a desvalorização das variedades linguís�cas populares
tem mo�vação social.
IT0639 - (Enem PPL)
Pedra sobre pedra
Algumas fazendas gaúchas ainda preservam as taipas,
muros de pedra para cercar o gado. Um �po de cerca
primi�va. Não há nada que prenda uma pedra na outra,
cuidadosamente empilhadas com altura de até um
metro. Engenharia simples que já dura 300 anos. A
mesma técnica usada no mangueirão, uma espécie de
curral onde os animais ficavam confinados à noite. As
taipas são atribuídas aos jesuítas. O obje�vo era domar o
gado xucro solto nos campos pelos colonizadores
espanhóis. 
FERRI, M. Revista Terra da Gente, n. 96, abr. 2012.
 
Um texto pode combinar diferentes funções de
linguagem. Exemplo disso é Pedra sobre pedra, que se
vale da função referencial e da metalinguís�ca. A
metalinguagem é estabelecida
a) por tempos verbais ar�culados no presente e no
pretérito.
b) pelasfrases simples e referência ao ditado “não ficará
pedra sobre pedra”.
c) pela linguagem impessoal e obje�va, marcada pela
terceira pessoa.
d) pela definição de termos como “taipa” e
“mangueirão”.
e) por adje�vos como “primi�vas” e “simples”, indicando
o ponto de vista do autor.
IT0641 - (Enem PPL)
Árvore é cortada para dar lugar à propaganda sobre
preservação ambiental
“Uma criança abraça uma árvore com o sorriso no
rosto. No fundo verde, uma mensagem exalta a
importância da preservação da natureza e lembra o Dia
da Árvore”. O que seria um roteiro padrão para uma peça
publicitária virou mo�vo de revolta e indignação em uma
cidade do interior de São Paulo. Isso porque uma
empresa de outdoor derrubou uma árvore centenária em
um terreno para a instalação de suas placas.
A empresa teria informado que �nha autorização da
prefeitura e da polícia ambiental para cortar a árvore.
Sobre a propaganda, a empresa disse que foi “uma infeliz
coincidência”, já que não sabia o que iria ser anunciado.
Em nota, a Companhia de Tecnologia de Saneamento
Ambiental (Cetesb), ligada à Secretaria do Meio
Ambiente do governo paulista, informou que não há
nenhuma autorização em nome da empresa para o corte
da árvore.
A multa, segundo a polícia ambiental, varia entre 100
reais e 1 000 reais por árvore ou planta cortada. 
Disponível em: h�p://oglobo.globo.com. Acesso em: 21
set. 2015 (adaptado).
 
O texto apresenta uma crí�ca ao uso social de um
outdoor. Essa crí�ca está associada ao fato de
a) uma multa de 100 reais e 1 000 reais ser aplicada por
corte de árvore ou de planta.
b) a Secretaria do Meio Ambiente ter negado a
autorização do corte da árvore.
c) a empresa informar que foi uma “infeliz coincidência”
o corte da árvore.
d) uma campanha ambiental ter subs�tuído uma árvore
centenária.
e) a empresa u�lizar a imagem de uma criança na
campanha.
IT0591 - (Enem PPL)
O mundo mudou
O mundo mudou. “O mundo mudou” porque está
sempre mudando. E sempre estará, até que um dia
chegue o seu alardeado fim (se é que chegará). Hoje
vivemos “protegidos” por muitos cuidados e paparicos,
sempre sob a forma de “serviços”, e desde que você
tenha dinheiro para usá-los, claro. Carro quebrou na
marginal? Relaxe, o guincho da seguradora virá em
minutos resgatá-lo. Tem dificuldade de locomoção?
Espere, a empresa aérea disporá de uma cadeira de rodas
para levá-lo ao terminal. Surgiu uma goteira no seu chalé
em plenas férias de verão? Calma, o moço que conserta
telhados está correndo para lá agora. Vai ficando para
trás um outro mundo — de inicia�vas, de gestos
solidários, de amizade, de improvisação (sim, “quem não
improvisa se inviabiliza”, eu diria, parafraseando
Chacrinha). Estamos criando uma geração que não sabe
bater um prego na parede, trocar um bo�jão de gás,
armar uma rede. É, o mundo mudou sim. Só nos resta o
telefone do SAC, onde gastaremos nossa bílis com
impropérios ao vento; ou o site da loja de
eletrodomés�cos onde ninguém tem nome (que saudade
dos Reginaldos, Edmilsons e Velosos!). Ligaremos para
falar com a nossa própria solidão, a nossa dependência
do mundo dos serviços e a nossa incapacidade de viver
61@professorferretto @prof_ferretto
com real simplicidade, soterrados por senhas, protocolos
e pendências vãs. Nem Ka�a poderia sonhar com tal
mundo.
ZECA BALEIRO. Disponível em: www.istoe.com.br. Acesso
em: 18 maio 2013 (adaptado).
 
O texto trata do avanço técnico e das facilidades
encontradas pelo homem moderno em relação à
prestação de serviços. No desenvolvimento da temá�ca,
o autor
a) mostra a necessidade de se construir uma sociedade
baseada no anonimato, reafirmando a ideia de que a
in�midade nas relações profissionais exerce influência
nega�va na qualidade do serviço prestado.
b) apresenta uma visão pessimista acerca de tais
facilidades porque elas contribuem para que o homem
moderno se torne acomodado e distanciado das
relações afe�vas.
c) recorre a clássicos da literatura mundial para
comprovar o porquê da necessidade de se viver a
simplicidade e a solidariedade em tempos de solidão
quase inevitável.
d) defende uma posição conformista perante o quadro
atual, apresentando exemplos, em seu co�diano, de
boa aceitação da pra�cidade oferecida pela vida
moderna.
e) acredita na existência de uma superproteção, que
impede os indivíduos modernos de sofrerem severos
danos materiais e emocionais.
IT0593 - (Enem PPL)
“Orgulho de ser nordes�no”: esse é o lema de uma
das torcidas organizadas do Ceará — a Cangaceiros
Alvinegros — que retrata bem qual o sen�mento dos
torcedores desse clube, um dos mais expressivos do
Nordeste. Há entre os torcedores aqueles que torcem
apenas para o Ceará e aqueles que torcem por um �me
do Sudeste também. Estes são denominados de
“torcedores mistos”, e estamos definindo aqui como
pertencentes ao campo da bifiliação clubís�ca.
Em geral, a bifiliação clubís�ca permite que
torcedores se engajem aos �mes do Rio de Janeiro, por
exemplo, sobretudo pela histórica projeção polí�ca e
posteriormente midiá�ca da então capital do Brasil.
Contudo, no interior da Cangaceiros Alvinegros, sustenta-
se a autoafirmação como nordes�nos, rechaçando
aqueles que deixam de torcer pelo �me local para se
apegarem aos clubes mais distantes. Ao serem
ques�onados sobre como encaravam a bifiliação, um dos
diretores da Cangaceiros foi enfá�co ao afirmar: “Você já
viu algum paulista ou carioca torcer pra �me do
Nordeste? Então por que eu vou torcer pra �me do Sul?”.
CAMPOS, F.; TOLEDO, L. H. O Brasil na arquibancada:
notas sobre a sociabilidade torcedora. Revista USP, n. 99,
set.-out.-nov. 2013 (adaptado).
 
O texto apresenta duas prá�cas dis�ntas de filiação aos
clubes de futebol. Nesse contexto, o significado
expressado pelo lema “Orgulho de ser nordes�no”
representa o(a)
a) apreço pela manutenção das tradições nordes�nas por
meio da bifiliação clubís�ca.
b) aliança entre torcidas dos clubes do Sudeste e
Nordeste por meio da bifiliação clubís�ca.
c) orgulho dos torcedores do Ceará por torcerem para
um dos clubes mais expressivos do Nordeste.
d) envaidecimento dos torcedores do Ceará por
enfrentarem clubes do Sudeste em condições de
igualdade.
e) resistência de torcedores dos clubes nordes�nos à
tendência de bifiliação clubís�ca com clubes do
Sudeste.
IT0595 - (Enem PPL)
Entrei numa lida muito dificultosa. Mar�rio sem fim o
de não entender nadinha do que vinha nos livros e do
que o mestre Frederico falava. Estranheza colosso me
cegava e me punha tonto. Acho bem que foi desse tempo
o mal que me acompanha até hoje de ser recanteado e
meio mocorongo. Com os meus, em casa, conversava por
trinta, �nha ladineza e entendimento. Na rua e na escola
— nada; era completamente afrásico. As pessoas eram
bichos do outro mundo que temperavam um palavreado
grego de tudo. Já sabia ajuntar as sílabas e ler por cima
toda coisa, mas descrencei e perdi a influência de ir à
escola, porque diante dos escritos que o mestre me
passava e das lições marcadas nos livros, fiquei sendo um
quarta-feira de marca maior. Alívio bom era quando
chegava em casa.
BERNARDES, C. Rememórias dois. Goiânia: Leal, 1969).
 
O narrador relata suas experiências na primeira escola
que frequentou e u�liza construções linguís�cas próprias
de determinada região, constatadas pelo
a) registro de palavras como “estranheza” e “cegava”.
b) emprego de regência não padrão em “chegar em
casa”.
c) uso de dupla negação em “não entender nadinha”.
d) emprego de palavras como “descrencei” e “ladineza”.
e) uso do substan�vo “bichos” para retomar “pessoas”.
IT0607 - (Enem PPL)
62@professorferretto @prof_ferretto
A tecnologia está, defini�vamente, presente na vida
co�diana. Seja para consultar informações, conversar
com amigos e familiares ou apenas entreter, a internet e
os celulares não saem das mãos e mentes das pessoas.
Por esse mo�vo, especialistas alertam: o uso excessivo
dessas ferramentas pode viciar. O problema, dizem os
especialistas, é o usuário conseguir diferenciar a
dependência do uso considerado normal. Hoje, a internet
e os celulares sãoferramentas profissionais e de estudo.
MATSUURA, S. O Globo, 10 jun. 2013 (adaptado).
 
O desenvolvimento da sociedade está relacionado ao
avanço das tecnologias, que estabelecem novos padrões
de comportamento. De acordo com o texto, o alerta dos
especialistas deve-se à
a) insegurança do usuário, em razão do grande número
de pessoas conectadas às redes sociais.
b) a de credibilidade das informações transmi�das pelos
meios de comunicação de massa.
c) comprovação por pesquisas de que os danos ao
cérebro são muito maiores do que se pode imaginar.
d) subordinação das pessoas aos recursos oferecidos
pelas novas tecnologias, a ponto de prejudicar suas
vidas.
e) possibilidade de as pessoas se isolarem socialmente,
em razão do uso das novas tecnologias de
comunicação.
IT0608 - (Enem PPL)
Doutor dos sen�mentos
Veja quem é e o que pensa o português António
Damásio, um dos maiores nomes da neurociência atual,
sempre em busca de desvendar os mistérios do cérebro,
das emoções e da consciência.
Ele é baixo, usa óculos, tem cabelos brancos
penteados para trás e costuma ves�r terno e gravata. A
surpresa vem quando começa a falar. António Damásio
não confirma em nada o clichê que se tem de cien�sta.
Preocupado em ser o mais didá�co possível, tenta,
pacientemente, com certa graça e até ironia, sempre que
cabível, traduzir para os leigos estudos complexos sobre
o cérebro. Português, Damásio é um dos principais
expoentes da neurociência atual.
Diferentemente de outros neurocien�stas, que acham
que apenas a ciência tem respostas à compreensão da
mente, Damásio considera que muitas ideias não provêm
necessariamente daí. Para ele, um substrato
imprescindível para entender a mente, a consciência, os
sen�mentos e as emoções advém da vida intui�va,
ar�s�ca e intelectual. Fora dos meios cien�ficos, o nome
de Damásio começou a ser celebrado na década de 1990,
quando lançou seu primeiro livro, uma obra que fala de
emoção, razão e do cérebro humano.
TREFAUT, M. P Disponível em:
h�p://revistaplaneta.terra.com.br.
Acesso em: 2 set. 2014 (adaptado).
 
Na organização do texto, a sequência que atende à
função sociocomunica�va de apresentar obje�vamente o
cien�sta António Damásio é a
a) descri�va, pois delineia um perfil do professor.
b) injun�va, pois faz um convite à leitura de sua obra.
c) argumenta�va, pois defende o seu comportamento
incomum.
d) narra�va, pois são contados fatos relevantes ocorridos
em sua vida.
e) exposi�va, pois traz as impressões da autora a
respeito de seu trabalho.
IT0616 - (Enem PPL)
Pela primeira vez na vida teve pena de haver tantos
assuntos no mundo que não compreendia e esmoreceu.
Mas uma mosca fez um ângulo reto no ar, depois outro,
além disso, os seis anos são uma idade de muitas coisas
pela primeira vez, mais do que uma por dia e, por isso,
logo depois, arribou. Os assuntos que não compreendia
eram uma espécie de tontura, mas o Ilídio era forte.
Se calhar estava a falar de tratar da cabra: nunca
esqueças de tratar da cabra. O Ilídio não gostava que a
mãe o mandasse tratar da cabra. Se estava ocupado a
contar uma história a um guarda-chuva, não queria ser
interrompido. Às vezes, a mãe escolhia os piores
momentos para chamá-lo, ele podia estar a contemplar
um segredo, por isso, assustava-se e, depois, irritava-se.
Às vezes, fazia birras no meio da rua. A mãe
envergonhava-se e, mais tarde, em casa, dizia que as
pessoas da vila nunca �nham visto um menino tão
velhaco. O Ilídio ficava enxofrado, mas lembrava-se dos
homens que lhe chamavam reguila, diziam ah, reguila de
má raça. Com essa memória, recuperava o orgulho. Era
reguila, não era velhaco. Essa certeza dava-lhe forças
para protestar mais, para gritar até, se lhe apetecesse.
PEIXOTO, J. L. Livro. São Paulo: Cia. das Letras, 2012.
 
No texto, observa-se o uso caracterís�co do português de
Portugal, marcadamente diferente do uso do português
do Brasil. O trecho que confirma essa afirmação é:
63@professorferretto @prof_ferretto
a) “Pela primeira vez na vida teve pena de haver tantos
assuntos no mundo que não compreendia e
esmoreceu.”
b) “Os assuntos que não compreendia eram uma espécie
de tontura, mas o Ilídio era forte.”
c) “Essa certeza dava-lhe forças para protestar mais, para
gritar até, se lhe apetecesse.”.
d) “Se calhar estava a falar de tratar da cabra: nunca
esqueças de tratar da cabra.”.
e) “O Ilídio não gostava que a mãe o mandasse tratar da
cabra.”.
IT0618 - (Enem PPL)
A inteligência está na rede
Pergunta: Há tecnologias que melhoram a vida
humana, como a invenção do calendário, e outras que
revolucionam a história humana, como a invenção da
roda. A internet, o iPad, o Facebook, o Google são
tecnologias que pertencem a que categoria?
Resposta: À das que revolucionam a história. O que
está acontecendo no mundo de hoje é semelhante ao
que se passou com a sociedade agrária depois da prensa
móvel de Gutenberg. Antes, o conhecimento estava
concentrado em oligopólios. A invenção de Gutenberg
começou a democra�zar o conhecimento, e as
ins�tuições do feudalismo entraram num processo de
atrofia. A novidade afetou a Igreja Católica, as
monarquias, os poderes coloniais e, com o passar do
tempo, resultou nas revoluções na América La�na, nos
Estados Unidos, na França. Resultou na democracia
parlamentar, na reforma protestante, na criação das
universidades, do próprio capitalismo. Mar�nho Lutero
chamou a prensa móvel de “a mais alta graça de Deus”.
Agora, mais uma vez, o gênio da tecnologia saiu da
garrafa. Com a prensa móvel, ganhamos acesso à palavra
escrita. Com a internet, cada um de nós pode ser seu
próprio editor. A imprensa nos deu acesso ao
conhecimento que já havia sido produzido e estava
registrado. A internet nos dá acesso ao conhecimento
con�do no cérebro de outras pessoas em qualquer parte
do mundo. Isso é uma revolução. E, tal como aconteceu
no passado, está fazendo com que nossas ins�tuições se
tornem obsoletas.
TAPSCOTT, D. Entrevista concedida a Augusto Nunes.
Veja, 21 abr. 2011 (adaptado).
 
Segundo o pesquisador entrevistado, a internet
revolucionou a história da mesma forma que a prensa
móvel de Gutenberg revolucionou o mundo no século XV.
De acordo com o texto, as duas invenções, de maneira
similar, provocaram o(a)
a) ocorrência de revoluções em busca por governos mais
democrá�cos.
b) divulgação do conhecimento produzido em papel nas
diversas ins�tuições.
c) organização das sociedades a favor do acesso livre à
educação e às universidades.
d) comércio do conhecimento produzido e registrado em
qualquer parte do mundo.
e) democra�zação do conhecimento pela divulgação de
ideias por meio de publicações.
IT0623 - (Enem PPL)
Ao longo dos anos 1980, um canal espor�vo de
televisão fracassou em implantar o basquete como
esporte mundial, e uma empresa de materiais espor�vos
teve de lidar, fora do seu programa, com um esporte que
lhe era estranho. Correndo atrás do prejuízo, ambas
corrigiram a rota e vieram a fazer da incorporação do
futebol a seu programa um obje�vo estratégico
alcançado com sucesso. O ajuste do interesse econômico
à realidade cultural, no entanto, não deixa de dizer algo
sobre ela: é significa�vo que o mais mundial dos esportes
não faça sen�do para os Estados Unidos, e que os
esportes que fazem mais sen�do para os Estados Unidos
estejam longe de fazer sen�do para o mundo. O futebol
ofereceu uma curiosa e nada desprezível contraparte
simbólica à hegemonia do imaginário norte-americano.
WISNIK, J. M. Veneno remédio: o futebol e o Brasil.
São Paulo: Cia. das Letras, 2008 (adaptado).
 
De acordo com o texto, em décadas passadas, a
dificuldade das empresas norte-americanas indica a
influência de um viés cultural e econômico na
a) popularização do futebol no país frente à concorrência
com o basquete.
b) conquista da alta lucra�vidade por meio do futebol no
cenário norte-americano.
c) implantação do basquete como esporte mundial
frente à força cultural do futebol.
d) importância dada por empresas espor�vas ao futebol,
similar àquela dada ao basquete.
e) tenta�va de fazer com que o futeboltransmi�do pela
TV seja consumido por sua população.
IT0684 - (Enem PPL)
O veneno do bem
Imagine que você cortou o rosto e, em vez de dar
pontos, o seu médico passa uma supercola feita de
sangue de boi e veneno de cascavel. Isso pode mesmo
acontecer. Mas não se assuste. A história moderna das
serpentes não tem nada a ver com o medo ancestral que
64@professorferretto @prof_ferretto
inspiram. Para a ciência, elas guardam produtos
u�líssimos nas glândulas letais. O mais recente é uma
cola de pele genuinamente brasileira, que, segundo os
testes já feitos, dá uma cicatrização perfeita.
A descoberta pertence à equipe do professor Benedito
Barraviera, da Universidade Estadual Paulista, em
Botucatu. E não é a primeira feita no Brasil. Nos anos
1960, o médico Sérgio Ferreira, atual presidente da
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência,
descobriu na jararaca uma molécula que em 1977 virou
remédio contra a hipertensão.
Disponível em: www.super.abril.com.br. Acesso em: 2
mar. 2012 (fragmento).
 
Nos diferentes textos, pode-se inferir, entre outras
informações, quais são os obje�vos de seu produtor e
quem é seu público-alvo. No trecho, para aproximar-se
do interlocutor, o autor
a) emprega uma linguagem técnica de domínio do leitor.
b) enfa�za informações importantes para a vida do leitor.
c) introduz o tema antecipando possíveis reações do
leitor.
d) explora um tema sobre o qual o leitor tem
reconhecido interesse.
e) apresenta ao leitor, de forma minuciosa, a descoberta
dos médicos.
IT0690 - (Enem PPL)
mas verdadeira, a constatação de Jairo Marques —
colunista que tem um talento raro — em seu texto “E a
mãe ficou velhinha” (“Co�diano”, ontem).
Aqueles que percebem que a mãe envelheceu sempre
têm a�tudes diversas. Ou não a procuram mais, porque
essa é uma forma de negar que um dia perderão o
amparo materno, ou resolvem estar ao lado dela o maior
tempo possível, pois têm medo de perdê-la sem ter
retribuído plenamente o amor que receberam.
Leonor Souza (São Paulo, SP) — Painel do Leitor. Folha de
S. Paulo, 29 fev. 2012.
 
Os gêneros textuais desempenham uma função social
específica, em determinadas situações de uso da língua,
em que os envolvidos na interação verbal têm um
obje�vo comunica�vo. Considerando as caracterís�cas
do gênero, a análise do texto Mães revela que sua função
é
a) ensinar sobre os cuidados que se deve ter com as
mães, especialmente na velhice.
b) influenciar o ânimo das pessoas, levando-as a querer
agir segundo um modelo sugerido.
c) informar sobre os idosos e sobre seus sen�mentos e
necessidades.
d) avaliar matéria publicada em edição anterior de jornal
ou de revista.
e) apresentar nova publicação, visando divulgá-la para
leitores de jornal.
IT0697 - (Enem PPL)
Você se preocupa com sua família, com seu trabalho e
com sua casa.
E com você?
A mulher conquistou um espaço de destaque no
ambiente profissional, além de cuidar da casa e do bem-
estar da família. Acompanhada por essa mudança,
também veio uma nova vida, com an�gos hábitos
�picamente masculinos, como o estresse, a falta de
tempo para se cuidar, o tabagismo e a maior incidência
de obesidade e depressão. Isso aumentou muito os casos
de infarto e doenças cardiovasculares. Elas já respondem
por 30% do número total dos casos, que matam seis
vezes mais do que o câncer de mama.
Cuide-se. Preocupe-se com sua saúde. Visite e
incen�ve quem você gosta a visitar um cardiologista.
Cláudia, ano 52, n. 2, fev. 2013 (adaptado). 
 
Esse texto, publicado em uma revista, inicialmente
aponta modificações ocorridas na sociedade e, em
seguida,
a) descreve as diferentes a�vidades das mulheres hoje
em dia.
b) es�mula as leitoras a buscar sua realização na vida
profissional.
c) alerta as mulheres para a possibilidade de problemas
cardíacos.
d) informa as leitoras sobre mortes por câncer de mama
e por infarto.
e) valoriza as mulheres preocupadas com o bem-estar da
família.
IT0700 - (Enem PPL)
A internet amplia o que queremos e desejamos.
Pessoas alienadas se alienam mais na internet. Pessoas
interessantes tornam a comunicação com a internet mais
interessante. Pessoas abertas u�lizam a internet para
promover mais interação e compar�lhamento. Pessoas
individualistas se fecham mais ainda nos ambientes
digitais. Pessoas que têm dificuldades de relacionamento
65@professorferretto @prof_ferretto
na vida real muitas vezes procuram mil formas de fuga
para o virtual. Aproveitaremos melhor as possibilidades
da internet, se equilibrarmos a qualidade das interações
presenciais — na vida pessoal, profissional, emocional —
com as interações digitais correspondentes.
MORAN, J. M. Disponível em: www.eca.usp.br. Acesso
em: 31 jul. 2012 (adaptado).
 
O texto expressa um posicionamento a respeito do uso
da internet e suas repercussões na vida co�diana. Na
opinião do autor, esse sistema de informação e
comunicação
a) aumenta o número de pessoas alienadas.
b) resolve problemas de relacionamento.
c) soluciona a questão do individualismo.
d) equilibra as interações presenciais.
e) potencializa as caracterís�cas das pessoas.
IT0702 - (Enem PPL)
Há o hipotrélico. O termo é novo, de impensada origem
e ainda sem definição que lhe apanhe em todas as
pétalas o significado. Sabe-se, só, que vem do bom
português. Para a prá�ca, tome-se hipotrélico querendo
dizer: an�podá�co, sengraçante imprizido; ou talvez,
vice- dito: indivíduo pedante, importuno agudo, falta de
respeito para com a opinião alheia. Sob mais que,
tratando-se de palavra inventada, e, como adiante se
verá, embirrando o hipotrélico em não tolerar
neologismos, começa ele por se negar nominalmente a
própria existência.
ROSA, G. Tutameia: terceiras estórias. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 2001 (fragmento).
 
Nesse trecho de uma obra de Guimarães Rosa,
depreende-se a predominância de uma das funções da
linguagem, iden�ficada como
a) metalinguís�ca, pois o trecho tem como propósito
essencial usar a língua portuguesa para explicar a
própria língua, por isso a u�lização de vários
sinônimos e definições.
b) referencial, pois o trecho tem como principal obje�vo
discorrer sobre um fato que não diz respeito ao
escritor ou ao leitor, por isso o predomínio da terceira
pessoa.
c) fá�ca, pois o trecho apresenta clara tenta�va de
estabelecimento de conexão com o leitor, por isso o
emprego dos termos “sabe-se lá” e “tome-se
hipotrélico”.
d) poé�ca, pois o trecho trata da criação de palavras
novas, necessária para textos em prosa, por isso o
emprego de “hipotrélico”.
e) expressiva, pois o trecho tem como meta mostrar a
subje�vidade do autor, por isso o uso do advérbio de
dúvida “talvez”.
IT0703 - (Enem PPL)
Eu vô transmi� po sinhô logo uma passage muito
importante, qu’ eu iscutei um velho de nome Ricardo
Caetano Alves, que era neto do propietário da Fazenda
do Buraca. O pai dele, ele contava que o pai dele assis�u
uma cena muito importante aonde ele tava, do
Jacarandá, o chefe dos iscravo do Joaquim de Paula, com
o chefe dos iscravo do Vidigal, que chamava, era tratado
Pai Urubu. O Jacarandá era tratado Jacarandá purque ele
era um negro mais vermelho, tá intendeno com’ é que é,
né? Intão é uma imitância de cerno de Jacarandá, intão
eles apilidaro ele de Pai Jacarandá. Agora, o Pai Urubu,
diz que era o mais preto de todos os iscravo que era
cunhicido nessa época. Intão ele ficô com o nome Pai
Urubu. É quem dirigia, de toda confiança dos sinhores.
Intão os sinhores cunhiciam eles como “pai”: Pai Urubu,
Pai Jacarandá, Pai Francisco, que é o chefe da Fazenda
das Abóbra, Pai Dumingo, que era da Fazenda do Buraca.
SOUZA, J. Negros pelo vale. Belo Horizonte: Fale-UFMG,
2009.
 
O texto é uma transcrição da narra�va oral contada por
Pedro Braga, an�go morador do povoado Vau, de
Diaman�na (MG). Com base no registro da fala do
narrador, entende-se que seu relato
a) perpetua a memória e os saberes dos antepassados.
b) constrói uma voz dissonante da iden�dade nacional.
c) demonstra uma visão distanciada da cultura negra.
d) revela uma visão unilateral dos fazendeiros.
e) transmite pouca experiênciae sabedoria.
IT0706 - (Enem PPL)
66@professorferretto @prof_ferretto
 
Senhora
— Mãe, noooosssa! Esse seu cabelo novo ficou lindo!
Parece que você é, �po, mais jovem!
— Jura, minha filha? Obrigada!
— Mas aí você vira de frente e aí a gente vê que, �po,
não é, né?
— Coisa linda da mamãe!
Esse diálogo é real. Claro que achei graça, mas o fato
de envelhecer já não é mais segredo para ninguém.
Um belo dia, a vendedora da loja te pergunta: “A
senhora quer pagar como?” Senhora? Como assim?
Eu sempre fui a Marcinha! Agora eu sou a dona
Márcia! Sim, o porteiro, o motorista de táxi, o jornaleiro,
o garçom, o mundo inteiro resolveu ter um respeito
comigo que eu não pedi!
CABRITA, M. Disponível em: www.istoe.com.br. Acesso
em: 11 ago. 2012 (fragmento).
 
A exploração de registros linguís�cos é importante
estratégia para o estabelecimento do efeito de sen�do
pretendido em determinados textos. No texto, o recurso
a diferentes registros indica
a) mudança na representação social do locutor.
b) reflexão sobre a iden�dade profissional da mãe.
c) referência ao tradicionalismo linguís�co da autora do
texto.
d) elogio às situações vivenciadas pela personagem mãe.
e) compreensão do processo de envelhecimento como
algo prazeroso.
IT0650 - (Enem PPL)
O mundo das grandes inovações tecnológicas, dos
avanços das pesquisas médicas e que já presenciou o
envio de homens ao espaço é o mesmo lugar onde 1
bilhão de pessoas dormem e acordam com fome. A
desnutrição ocupa o primeiro lugar no ranking dos 10
maiores riscos à saúde e mata mais do que a aids, a
malária e a tuberculose combinadas. O equivalente às
populações da Europa e da América do Norte, juntas,
está de barriga vazia. E um futuro famélico aguarda a
raça humana. Em 2050, apenas por razões ligadas às
mudanças climá�cas, o número de pessoas sem comida
no prato vai aumentar em até 20%.
Disponível em: www.correiobraziliense.com.br. 
Acesso em: 22 jan. 2012.
 
Considerando a natureza do tema, a forma como está
apresentado e o meio pelo qual é veiculado o texto,
percebe-se que seu principal obje�vo é
a) divulgar dados esta�s�cos recentes sobre a fome no
mundo e sobre as inovações tecnológicas.
b) esclarecer questões cien�ficas acerca dos danos
causados pela fome e pela aids nos indivíduos.
c) demonstrar que a fome, juntamente com as doenças
endêmicas, também é um problema de saúde pública.
d) convidar o leitor a engajar-se em alguma ação posi�va
contra a fome, a par�r da divulgação de dados
alarmantes.
e) alertar sobre o problema da fome, apresentando-o
como um contraste no mundo de tantos recursos
tecnológicos.
IT0661 - (Enem PPL)
Mudança linguís�ca
Ataliba de Cas�lho, professor de língua portuguesa da
USP, explica que o internetês é parte da metamorfose
natural da língua.
— Com a internet, a linguagem segue o caminho dos
fenômenos da mudança, como o que ocorreu com
“você”, que se tornou o pronome átono “cê”. Agora, o
interneteiro pode ajudar a reduzir os excessos da
ortografia, e bem sabemos que são muitos. Por que o
acento gráfico é tão importante assim para a escrita? Já
�vemos no Brasil momentos até mais exacerbados por
acentos e dispensamos muitos deles. Como toda palavra
é contextualizada pelo falante, podemos dispensar ainda
muitos outros. O interneteiro mostra um caminho, pois
faz um casamento curioso entre oralidade e
escrituralidade. O internetês pode, no futuro, até tornar
a comunicação mais eficiente. Ou evoluir para um jargão
complexo, que, em vez de aproximar as pessoas em
menor tempo, es�mule o isolamento dos iniciados e a
exclusão dos leigos.
Para Cas�lho, no entanto, não será uma reforma
ortográfica que fará a mudança de que precisamos na
língua. Será a internet. O jeito eh tc e esperar pra ver? 
Disponível em: h�p://revistalingua.com.br. Acesso em: 3
jun. 2015 (adaptado).
 
Na entrevista, o fragmento “O jeito eh tc e esperar pra
ver?” tem por obje�vo
67@professorferretto @prof_ferretto
a) ilustrar a linguagem de usuários da internet que
poderá promover alterações de grafias.
b) mostrar os perigos da linguagem da internet como
potencializadora de dificuldades de escrita.
c) evidenciar uma forma de exclusão social para as
pessoas com baixa proficiência escrita.
d) explicar que se trata de um erro linguís�co por destoar
do padrão formal apresentado ao longo do texto.
e) exemplificar dificuldades de escrita dos interneteiros
que desconhecem as estruturas da norma padrão.
IT0663 - (Enem PPL)
Telecommu�ng redefine o tradicional entendimento
sobre o espaço de trabalho. Atualmente, as organizações
estão se focando em novos valores, tais como, inovações,
sa�sfação, responsabilidades, resultados e ambiente de
trabalho familiar. A alterna�va do telecommu�ng
complementa esses princípios e oferece flexibilidade aos
patrões e empregados. É um conceito novo que, a cada
dia, ganha mais força ao redor do mundo. Grandes
empresas escolheram o trabalho de telecommu�ng pelas
facilidades que ele gera para o empregador. A
implantação do telecommu�ng determina regras para se
trabalhar em casa em dias específicos da semana e, nos
demais dias, trabalhar no escritório. O local de trabalho
pode ser a casa ou, temporariamente, por mo�vo de
viagem, outros escritórios. 
FERREIRA JR., J.C. Disponível em: www.ccuec.unicamp.br.
Acesso em: 1 ago. 2012 (adaptado).
 
Com o advento das novas tecnologias, a sociedade tem
vivenciado mudanças de paradigmas em vários setores.
Nesse sen�do, o telecommu�ng traz novidades para o
mundo do trabalho porque proporciona prioritariamente
o(a)
a) aumento da produ�vidade do empregado.
b) equilíbrio entre vida pessoal e profissional do
trabalhador.
c) fortalecimento da relação entre empregador e
empregado.
d) par�cipação do profissional nas decisões da
organização.
e) maleabilidade dos locais de atuação do profissional da
empresa.
IT0664 - (Enem PPL)
Perder a tramontana
A expressão ideal para falar de desorientados e outras
palavras de perder a cabeça
É perder o norte, desorientar-se. Ao pé da letra,
“perder a tramontana” significa deixar de ver a estrela
polar, em italiano stella tramontana, situada do outro
lado dos montes, que guiava os marinheiros an�gos em
suas viagens desbravadoras.
Deixar de ver a tramontana era sinônimo de
desorientação. Sim, porque, para eles, valia mais o céu
estrelado que a terra. O Sul era região desconhecida,
imprevista; já o Norte �nha como referência no
firmamento um ponto luminoso conhecido como a
estrela Polar, uma espécie de farol para os navegantes do
Mediterrâneo, sobretudo os genoveses e os venezianos.
Na linguagem deles, ela ficava transmontes, para além
dos montes, os Alpes. Perdê-la de vista era perder a
tramontana, perder o Norte.
No mundo de hoje, sujeito a tantas pressões, muita
gente não resiste a elas e entra em parafuso. Além de
perder as estribeiras, perde a tramontana... 
COTRIM, M. Língua Portuguesa, n. 15, jan. 2007.
 
Nesse texto, o autor remonta às origens da expressão
“perder a tramontana”. Ao tratar do significado dessa
expressão, u�lizando a função referencial da linguagem,
o autor busca
a) apresentar seus indícios subje�vos.
b) convencer o leitor a u�lizá-la.
c) expor dados reais de seu emprego.
d) explorar sua dimensão esté�ca.
e) cri�car sua origem conceitual.
IT0675 - (Enem PPL)
O primeiro contato dos suruís com o homem branco
foi em 1969. A população indígena foi dizimada por
doenças e matanças, mas, recentemente, voltou a
crescer. Soa contraditório, mas a mesma modernidade
que quase dizimou os suruís nos tempos do primeiro
contato promete salvar a cultura e preservar o território
desse povo. Em 2007, o líder Almir Suruí, de 37 anos,
fechou uma parceria inédita e levou a tecnologia às
tribos. Os índios passaram a valorizar a história dos
anciãos. E a resguardar, em vídeos e fotos on-line, as
tradições da aldeia. Ainda se valeram de smartphones e
GPS para delimitar suas terras e iden�ficar os
desmatamentos ilegais.
RIBEIRO, A. Não temos o direito de ficar isolados. Época,
n. 718, 20 fev. 2012 (adaptado).
 
Considerando-se as caracterís�cashistóricas da relação
entre índios e não índios, a suposta contradição
observada na relação entre suruís e recursos da
modernidade jus�fica-se porque os índios
68@professorferretto @prof_ferretto
a) aderiram à tecnologia atual como forma de assimilar a
cultura do homem branco.
b) fizeram uso do GPS para iden�ficar áreas propícias a
novas plantações.
c) usaram recursos tecnológicos para registrar a cultura
do seu povo.
d) fecharam parceria para denunciar as vidas perdidas
por doenças e matanças.
e) resguardaram as tradições da aldeia à custa do
isolamento provocado pela tecnologia moderna.
IT0705 - (Enem PPL)
Contam, numa anedota, que certo dia Rui Barbosa saiu
às ruas da cidade e se assustou com a quan�dade de
erros existentes nas placas das casas comerciais e que,
diante disso, resolveu ins�tuir um prêmio em dinheiro
para o comerciante que �vesse o nome de seu
estabelecimento grafado corretamente. Dias depois, Rui
Barbosa saiu à procura do vencedor. Sa�sfeito, encontrou
a placa vencedora: “Alfaiataria Águia de Ouro”. No
momento da entrega do prêmio, ao dizer o nome da
alfaiataria, Rui Barbosa foi interrompido pelo alfaiate
premiado, que disse:
— Sr. Rui, não é “águia de ouro”; é “aguia de ouro”!.
O caráter polí�co do ensino de língua portuguesa no
Brasil. Disponível em: h�p://rosabe.sites.uol.com.br.
Acesso em: 2 ago. 2012.
 
A variação linguís�ca afeta o processo de produção dos
sen�dos no texto. No relato envolvendo Rui Barbosa, o
emprego das marcas de variação obje�va
a) evidenciar a importância de marcas linguís�cas
valorizadoras da linguagem coloquial.
b) demonstrar incômodo com a variedade caracterís�ca
de pessoas pouco escolarizadas.
c) estabelecer um jogo de palavras a fim de produzir
efeito de humor.
d) cri�car a linguagem de pessoas originárias de fora dos
centros urbanos.
e) estabelecer uma polí�ca de incen�vo à escrita correta
das palavras.
IT0716 - (Fuvest)
“As sociólogas, filósofas e a�vistas feministas
destacaram, com o conceito de ‘reprodução social’, algo
que a teoria econômica ocultava: para que haja produção
de bens e de serviços é necessário que as pessoas que os
produzem sejam, por sua vez, produzidas. O trabalho da
reprodução social, portanto, cria e repõe a condição
primordial e necessária – a existência de pessoas que
trabalham – para que a produção econômica possa
con�nuar ocorrendo. Em grande medida, esse trabalho é
relegado ao ambiente familiar e às mulheres: cuidado
com os filhos, cuidado com doentes e idosos, preparação
de alimentos, limpeza e arrumação da casa e outros. O
trabalho de reprodução se opõe, socialmente, ao
trabalho de produção; este está inserido numa economia
organizada com base em empresas – nas fábricas, na
agricultura, nos escritórios –, voltado para o mercado e é
percebido como merecedor de contrapar�da financeira:
o salário. Assim, mesmo quando um trabalho da esfera
da reprodução se realiza por meio de uma relação de
emprego, se for realizado por mulheres, ele costuma ser
mal pago e desfrutar de menor pres�gio.”
ARRUZZA, Cinzia; BATTACHARYA, Tithi; FRASER, Nancy.
Feminismo para os 99%: um manifesto. São Paulo:
Boitempo, 2019.
 
“A chamada ‘economia do cuidado’ é o conjunto de
a�vidades não remuneradas, geralmente exercidas por
mulheres, como a limpeza da casa, preparação de
alimentos e os cuidados com crianças, idosos e doentes
da família. Um pacote que vale 11% do PIB atual (...). Em
valores, foram cerca de 634,3 bilhões de reais em 2015
[por exemplo]. (...) Contabilizar o valor dos afazeres
domés�cos no PIB do Brasil só se tornou possível a par�r
de 2001, quando o IBGE introduziu na Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios (PNAD) a pergunta referente
ao número de horas despendido pela população para
executar essas a�vidades.”
Disponível em h�ps://www.cartacapital.com.br/.
 
Nos textos apresentados, encontram-se dois conceitos, o
de “reprodução social” e o de “economia do cuidado”. De
acordo com as definições desses conceitos e com os
dados indicados, qual das afirmações a seguir está
correta?
69@professorferretto @prof_ferretto
a) Os conceitos de reprodução social e de economia do
cuidado são contraditórios porque o primeiro se refere
a todo trabalho domés�co e o segundo apenas ao
trabalho domés�co pago e que é possível
contabilizar. 
b) Ambos os conceitos se referem a um �po de trabalho
cuja importância é socialmente reconhecida, fato que
pode ser comprovado pela porcentagem expressiva
que ele representava do PIB brasileiro no ano de
2015. 
c) As definições de reprodução social e de economia do
cuidado excluem, necessariamente, a possibilidade de
que o Estado seja responsável por parte das tarefas
envolvidas na reprodução das pessoas.
d) A contabilização no PIB dos valores dos afazeres
domés�cos no contexto da economia do cuidado
abarca apenas uma parte da reprodução social, pois
não inclui o trabalho domés�co remunerado e os
trabalhos de reprodução executados fora do ambiente
domés�co. 
e) Os dados es�mados sobre a par�cipação das
a�vidades domés�cas não remuneradas no PIB do
Brasil mostram que a reprodução social acontece
apenas quando não há uma relação salarial entre
quem executa e quem se beneficia desse �po de
trabalho. 
IT0718 - (Fuvest)
Texto I
“W. I. Thomas, decano dos sociólogos norte-
americanos, formula um teorema básico para as ciências
sociais: ‘Se os indivíduos definem as situações como
reais, elas são reais em suas consequências’. (...) A
primeira parte do teorema cons�tui uma incessante
lembrança de que os homens reagem não somente aos
traços obje�vos de uma situação, como também, e às
vezes principalmente, ao sen�do que a situação tem para
eles. E, assim que atribuíram algum sen�do à situação,
sua conduta consequente, e algumas das consequências
dessa conduta, são determinadas pelo sen�do atribuído.
(...) A profecia que se cumpre por si mesma é,
inicialmente, uma definição falsa da situação que provoca
uma nova conduta, a qual, por sua vez, converte em
verdadeiro o conceito originalmente falso.”. 
MERTON, Robert. Sociologia: Teoria e Estrutura. São
Paulo: Editora Mestre Jou, 1970. p.515-517.
 
Texto II
“Depois de alguns anos inseridos nesta lógica de
abuso e privações de dis�ntos �pos, o detento é
novamente colocado em liberdade. (...) Conseguir um
trabalho não é tão fácil como parece, já que mesmo as
a�vidades menos qualificadas e manuais (como as
relacionadas a limpeza, serviços gerais, construção civil,
dentre outras) demandam ‘atestado de bons
antecedentes e a marca da passagem pela cadeia pode
significar um indesejável pertencimento ao mundo do
crime’ (Ramalho, 2018, p. 91). (...) O fator [condicionante
da reincidência] mais citado, presente em 44% dos textos
[sobre o tema], foi a baixa qualificação e as poucas
oportunidades, sendo essa a explicação padrão de boa
parte da literatura para a reincidência.” 
RIBEIRO, Ludmila; OLIVEIRA, Valéria. Reincidência e
reentrada na prisão no Brasil: o que os estudos dizem
sobre os fatores que contribuem para essa trajetória.
Ar�go Estratégico 56. São Paulo: Ins�tuto Igarapé, 2022.
p.10-14.
 
Aplicando a noção proposta por Robert Merton, no texto
I, ao cenário descrito no texto II, qual definição da
situação das pessoas egressas do sistema prisional pelos
possíveis empregadores no mercado de trabalho tornaria
a reincidência criminal uma “profecia que se cumpre por
si mesma”?
a) Pessoas egressas do sistema prisional têm dificuldade
de conseguir emprego no mercado de trabalho porque
são es�gma�zadas. 
b) Pessoas egressas do sistema prisional têm a mesma
chance de conseguir empregos que o restante da
população, razão pela qual não devem ser
privilegiadas pelos empregadores. 
c) Pessoas egressas do sistema prisional já foram
condenadas e cumpriram pena pelo crime come�do e
merecem a oportunidade de trabalhar para
recomeçarem a vida. 
d) Pessoas egressas do sistema prisional voltarão a
cometer crimes e, por isso, não devem ser contratadas
para trabalhar. 
e) Pessoas egressas do sistema prisional conseguem
somente trabalhosinformais e de baixa remuneração
por terem pouca qualificação e dificuldades para
conseguir seus documentos.
IT0719 - (Fuvest)
Luc Boltanski e Ève Chiapello demonstram com
clareza e sagacidade a capacidade antropofágica do
capitalismo financeiro que “engole” a linguagem do
protesto e da libertação para transformá-la e u�lizá-la
para legi�mar a dominação social e polí�ca a par�r do
próprio mercado.
Na dimensão do mundo do trabalho, por exemplo,
todo um novo vocabulário teve que ser inventado para
escamotear as novas transformações e melhor oprimir o
trabalhador. Com essa linguagem aparentemente
libertadora, passa-se a impressão de que o ambiente de
trabalho melhorou e o trabalhador se emancipou.
70@professorferretto @prof_ferretto
Assim houve um esforço dirigido para transformar o
trabalhador em "colaborador", para eufemizar e
esconder a consciência de sua superexploração; tenta-se
também exaltar os supostos valores de liderança para
possibilitar que, a par�r de agora, o próprio funcionário,
não mais o patrão, passe a controlar e vigiar o colega de
trabalho. Ou, ainda, há a intenção de difundir a cultura
do empreendedorismo, segundo a qual todo mundo
pode ser empresário de si mesmo. E, o mais importante,
se ele falhar nessa empreitada, a culpa é apenas dele. É
necessário sempre culpar individualmente a ví�ma pelo
fracasso socialmente construído.
SOUZA, Jessé. Como o racismo criou o Brasil. Rio de
Janeiro: Estação Brasil, 2021.
 
De acordo com o texto, o uso de “colaborador” no lugar
de “trabalhador”, no campo das relações de trabalho,
indica
 
a) o apagamento da linguagem de reivindicação e a falsa
ideia de um trabalhador fortalecido. 
b) a valorização do trabalhador vigiado pelo Estado nas
tradicionais relações emprega�cias. 
c) a difusão da cultura da meritocracia, que fortalece as
relações do trabalhador com o Estado. 
d) a consciência do patrão que rejeita a cultura do
neoliberalismo. 
e) o impedimento de o trabalhador inves�r na prá�ca do
empreendedorismo. 
IT0728 - (Fuvest)
Mito, na acepção aqui empregada, não significa
men�ra, falsidade ou mis�ficação. Tomo de emprés�mo
a formulação de Hans Blumenberg do mito polí�co como
um processo con�nuo de trabalho de uma narra�va que
responde a uma necessidade prá�ca de uma sociedade
em determinado período. Narra�va simbólica que é, o
mito polí�co coloca em suspenso o problema da verdade.
Seu discurso não pretende ter validade factual, mas
também não pode ser percebido como men�ra (do
contrário, não seria mito). O mito polí�co confere um
sen�do às circunstâncias que envolvem os indivíduos: ao
fazê-los ver sua condição presente como parte de uma
história em curso, ajuda a compreender e suportar o
mundo em que vivem. 
ENGELKE, Antonio. O anjo redentor. Piauí, ago. 2018,
ed. 143, p. 24.
 
De acordo com o texto, o “mito polí�co”
a) prejudica o entendimento do mundo real.
b) necessita da abstração do tempo.
c) depende da verificação da verdade.
d) é uma fantasia desvinculada da realidade.
e) atende a situações concretas.
IT0729 - (Fuvest)
Seria di�cil encontrar hoje um crí�co literário
respeitável que gostasse de ser apanhado defendendo
como uma ideia a velha an�tese es�lo e conteúdo. A esse
respeito prevalece um religioso consenso. Todos estão
prontos a reconhecer que es�lo e conteúdo são
indissolúveis, que o es�lo fortemente individual de cada
escritor importante é um elemento orgânico de sua obra
e jamais algo meramente “decora�vo”.
Na prá�ca da crí�ca, entretanto, a velha an�tese
persiste pra�camente inexpugnada.
Susan Sontag. “Do es�lo”. Contra a interpretação.
 
Consideradas no contexto, as expressões “religioso
consenso”, “orgânico” e “inexpugnada”, sublinhadas no
texto, podem ser subs�tuídas, sem alteração de sen�do,
respec�vamente, por:
a) mís�co entendimento; biológico; invencível.
b) piedoso acordo; puro; inesgotável. 
c) secular conformidade; natural; incompreensível.
d) fervorosa unanimidade; visceral; insuperada. 
e) espiritual ajuste; vital; indomada.
IT0731 - (Fuvest)
I. Surge então a pergunta: se a fantasia funciona como
realidade; se não conseguimos agir senão mu�lando o
nosso eu; se o que há de mais profundo em nós é no fim
de contas a opinião dos outros; se estamos condenados a
não a�ngir o que nos parece realmente valioso –, qual a
diferença entre o bem e o mal, o justo e o injusto, o certo
e o errado? O autor passou a vida a ilustrar esta
pergunta, que é modulada de maneira exemplar no
primeiro e mais conhecido dos seus grandes romances de
maturidade.
 
II. É preciso, todavia, lembrar que essa ligação com o
problema geográfico e social só adquire significado
pleno, isto é, só atua sobre o leitor, graças à elevada
qualidade ar�s�ca do livro. O seu autor soube transpor o
ritmo mesológico para a própria estrutura da narra�va,
mobilizando recursos que a fazem parecer movida pela
mesma fatalidade sem saída. (...) Da consciência mor�ça
da personagem podem emergir os transes periódicos em
que se estorce o homem esmagado pela paisagem e
pelos outros homens.
71@professorferretto @prof_ferretto
 
Nos fragmentos I e II, aqui adaptados, o crí�co Antonio
Candido avalia duas obras literárias, que são,
respec�vamente,
a) A Relíquia e Sagarana. 
b) O Cor�ço e Iracema.
c) Sagarana e O Cor�ço.
d) Mayombe e Minha Vida de Menina.
e) Memórias Póstumas de Brás Cubas e Vidas Secas.
IT0733 - (Fuvest)
O povo que chupa o caju, a manga, o cambucá e a
jabu�caba, pode falar uma língua com igual pronúncia e
o mesmo espírito do povo que sorve o figo, a pera, o
damasco e a nêspera?
José de Alencar. Bênção Paterna. Prefácio a Sonhos
d’ouro.
 
A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto
dela. Às vezes sobe aos ramos da árvore e de lá chama a
virgem pelo nome, outras remexe o uru de palha
ma�zada, onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos
fios do crautá, as agulhas da juçara com que tece a renda
e as �ntas de que ma�za o algodão.
José de Alencar. Iracema. 
 
Glossário: “ará”: periquito; “uru”: cesto; “crautá”: espécie
de bromélia; “juçara”: �po de palmeira espinhosa.
 
No trecho “outras remexe o uru de palha ma�zada”, a
palavra sublinhada expressa ideia de
a) concessão.
b) finalidade. 
c) adição. 
d) tempo. 
e) consequência. 
IT0736 - (Fuvest)
Uma obra de arte é um desafio; não a explicamos,
Ajustamo-nos a ela. Ao interpreta lá, fazemos uso dos
nossos próprios obje�vos e esforços, dotamo-la de um
significado que tem sua origem nos nossos próprios
modos de viver e de pensar. Numa palavra, qualquer
gênero de arte que, de fato, nos afete, torna se, deste
modo, arte moderna.
As obras de arte, porém, são como al�tudes
inacessíveis. Não nos dirigimos a elas diretamente, mas
contornamo-las. Cada geração as vê sob um ângulo
diferente e sob uma nova visão; nem se deve supor que
um ponto de vista mais recente é mais eficiente do que
um anterior. Cada aspecto surge na sua altura própria,
que não pode ser antecipada nem prolongada; e, todavia,
o seu significado não está perdido porque o significado
que uma obra assume para uma geração posterior é o
resultado de uma série completa de interpretações
anteriores. 
Arnold Hauser, Teorias da arte. Adaptado.
 
De acordo com o texto, a compreensão do significado de
uma obra de arte pressupõe
a) o reconhecimento de seu significado intrínseco.
b) a exclusividade do ponto de vista mais recente. 
c) a consideração de seu caráter imutável. 
d) o acúmulo de interpretações anteriores. 
e) a explicação defini�va de seu sen�do. 
IT0738 - (Fuvest)
A adoção do cardápio indígena introduziu nas
cozinhas e zonas de serviço das moradas brasileiras
equipamentos desconhecidos no Reino. Instalou nos
alpendres roceiros a prensa de espremer mandioca
ralada para farinha. Nos inventários paulistas é comum a
menção de tal fato. No inventário de Pedro Nunes, por
exemplo, efetuado em 1623, fala se num sí�o nas bandas
do Ipiranga “com seu alpendre e duas camarinhas no dito
alpendre com a prensa no dito sí�o” que deveria
comprimir nos �pi�s toda a massa proveniente do
mandiocaltambém inventariado. Mas a farinha não
exigia somente a prensa – pedia, também, raladores,
cochos de lavagem e forno ou fogão. Era normal, então, a
casa de fazer farinha, no quintal, ao lado dos telheiros e
próxima à cozinha.
Carlos A. C. Lemos, Cozinhas, etc.
 
Traduz corretamente uma relação espacial expressa no
texto o que se encontra em:
a) A prensa é paralela aos �pi�s. 
b) A casa de fazer farinha é adjacente aos telheiros.
c) As duas camarinhas são transversais à cozinha. 
d) O alpendre é perpendicular às zonas de serviço. 
e) O mandiocal e o Ipiranga são equidistantes do sí�o.
IT0740 - (Fuvest)
Evidentemente, não se pode esperar que Dostoiévski
seja traduzido por outro Dostoiévski, mas desde que o
tradutor procure penetrar nas peculiaridades da
linguagem primeira, aplique se com afinco e faça com
que sua cria�vidade orientada pelo original permita,
paradoxalmente, afastar se do texto para ficar mais
próximo deste, um passo importante será dado.
Deixando de lado a fidelidade mecânica, frase por frase,
tratando o original como um conjunto de blocos a serem
72@professorferretto @prof_ferretto
transpostos, e transgredindo sem receio, quando
necessário, as normas do “escrever bem”, o tradutor
poderá trazê lo com boa margem de fidelidade para a
língua com a qual está trabalhando.
Boris Schnaiderman, Dostoiévski Prosa Poesia.
 
De acordo com o texto, a boa tradução precisa
a) evitar a transposição fiel dos conteúdos do texto
original. 
b) desconsiderar as caracterís�cas da linguagem primeira
para poder a�ngir a língua de chegada.
c) desviar se da norma padrão tanto da língua original
quanto da língua de chegada.
d) privilegiar a inven�vidade, ainda que em detrimento
das peculiaridades do texto original.
e) buscar, na língua de chegada, soluções que
correspondam ao texto original.
IT0741 - (Fuvest)
Evidentemente, não se pode esperar que Dostoiévski
seja traduzido por outro Dostoiévski, mas desde que o
tradutor procure penetrar nas peculiaridades da
linguagem primeira, aplique se com afinco e faça com
que sua cria�vidade orientada pelo original permita,
paradoxalmente, afastar se do texto para ficar mais
próximo deste, um passo importante será dado.
Deixando de lado a fidelidade mecânica, frase por frase,
tratando o original como um conjunto de blocos a serem
transpostos, e transgredindo sem receio, quando
necessário, as normas do “escrever bem”, o tradutor
poderá trazê-lo com boa margem de fidelidade para a
língua com a qual está trabalhando.
Boris Schnaiderman, Dostoiévski Prosa Poesia.
 
Tendo em vista que algumas das recomendações do
autor, rela�vas à prá�ca da tradução, fogem do senso
comum, pode se qualificá-las com o rela�vamente
recente:
a) dubita�vas.
b) contraintui�vas.
c) autocomplacentes.
d) especula�vas.
e) aleatórias.
IT0749 - (Fuvest)
A ARMA DA PROPAGANDA
O governo Médici não se limitou à repressão.
Dis�nguiu claramente entre um setor significa�vo mas
minoritário da sociedade, adversário do regime, e a
massa da população que vivia um dia a dia de alguma
esperança nesses anos de prosperidade econômica. A
repressão acabou com o primeiro setor, enquanto a
propaganda encarregou se de, pelo menos, neutralizar
gradualmente o segundo. Para alcançar este úl�mo
obje�vo, o governo contou com o grande avanço das
telecomunicações no país, após 1964. As facilidades de
crédito pessoal permi�ram a expansão do número de
residências que possuíam televisão: em 1960, apenas
9,5% das residências urbanas �nham televisão; em 1970,
a porcentagem chegava a 40%. Por essa época,
beneficiada pelo apoio do governo, de quem se
transformou em porta voz, a TV Globo expandiu se até se
tornar rede nacional e alcançar pra�camente o controle
do setor. A propaganda governamental passou a ter um
canal de expressão como nunca exis�ra na história do
país. A promoção do “Brasil grande potência” foi
realizada a par�r da Assessoria Especial de Relações
Públicas (AERP), criada no governo Costa e Silva, mas que
não chegou a ter importância nesse governo. Foi a época
do “Ninguém segura este país”, da marchinha Prá Frente,
Brasil, que embalou a grande vitória brasileira na Copa do
Mundo de 1970.
Boris Fausto, História do Brasil. Adaptado.
 
A frase que expressa uma ideia con�da no texto é:
a) A marchinha “Prá Frente, Brasil” também contribuiu
para o processo de neutralização da grande massa da
população.
b) A repressão no Governo Médici foi dirigida a um setor
que, além de minoritário, era também irrelevante no
conjunto da sociedade brasileira.
c) O tricampeonato de futebol conquistado pelo Brasil
em 1970 ajudou a mascarar inúmeras dificuldades
econômicas daquele período.
d) Uma caracterís�ca do governo Médici foi ter
conseguido levar a televisão à maioria dos lares
brasileiros. 
e) A TV Globo foi criada para ser um veículo de
divulgação das realizações dos governos militares.
IT0750 - (Fuvest)
A ARMA DA PROPAGANDA
O governo Médici não se limitou à repressão.
Dis�nguiu claramente entre um setor significa�vo mas
minoritário da sociedade, adversário do regime, e a
massa da população que vivia um dia a dia de alguma
esperança nesses anos de prosperidade econômica. A
repressão acabou com o primeiro setor, enquanto a
propaganda encarregou se de, pelo menos, neutralizar
gradualmente o segundo. Para alcançar este úl�mo
obje�vo, o governo contou com o grande avanço das
telecomunicações no país, após 1964. As facilidades de
crédito pessoal permi�ram a expansão do número de
residências que possuíam televisão: em 1960, apenas
73@professorferretto @prof_ferretto
9,5% das residências urbanas �nham televisão; em 1970,
a porcentagem chegava a 40%. Por essa época,
beneficiada pelo apoio do governo, de quem se
transformou em porta voz, a TV Globo expandiu se até se
tornar rede nacional e alcançar pra�camente o controle
do setor. A propaganda governamental passou a ter um
canal de expressão como nunca exis�ra na história do
país. A promoção do “Brasil grande potência” foi
realizada a par�r da Assessoria Especial de Relações
Públicas (AERP), criada no governo Costa e Silva, mas que
não chegou a ter importância nesse governo. Foi a época
do “Ninguém segura este país”, da marchinha Prá Frente,
Brasil, que embalou a grande vitória brasileira na Copa do
Mundo de 1970.
Boris Fausto, História do Brasil. Adaptado.
 
A estratégia de dominação empregada pelo governo
Médici, tal como descrita no texto, assemelha-se,
sobretudo, à seguinte recomendação feita ao príncipe ou
ao governante por um célebre pensador da polí�ca:
a) “Deve o príncipe fazer se temer, de maneira que, se
não se fizer amado, pelo menos evite o ódio, pois é
fácil ser ao mesmo tempo temido e não odiado”. 
b) “O mal que se �ver que fazer, deve o príncipe fazê-lo
de uma só vez; o bem, deve fazê-lo aos poucos (...)”.
c) “Não se pode deixar ao tempo o encargo de resolver
todas as coisas, pois o tempo tudo leva adiante e pode
transformar o bem em mal e o mal em bem”.
d) “Engana se quem acredita que novos bene�cios
podem fazer as grandes personagens esquecerem as
an�gas injúrias (...)”.
e) “Deve o príncipe, sobretudo, não tocar na propriedade
alheia, porque os homens esquecem mais depressa a
morte do pai que a perda do patrimônio”.
IT0754 - (Fuvest)
Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma
vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos �nham a
vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus
das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que
podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou
o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi
transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca
e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas
Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o
lazareto*. Omolu só queria com o alastrim marcar seus
filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as
macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade,
levasse para os ricos la�fundiários do sertão. Eles �nham
dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam
tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os
negros,os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:
Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar...
Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros
não o esqueçam avisa no seu cân�co de despedida:
Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...
E numa noite que os atabaques ba�am nas
macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu
pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão
de Juazeiro. A bexiga foi com ele.
Jorge Amado, Capitães da Areia. 
 
*lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de
pessoas a�ngidas por determinadas doenças.
 
As informações con�das no texto permitem concluir
corretamente que a doença de que nele se fala
caracteriza se como
a) molés�a contagiosa, de caráter epidêmico, causada
por vírus.
b) endemia de zonas tropicais, causada por vírus,
prevalente no período chuvoso do ano.
c) surto infeccioso de e�ologia bacteriana, decorrente de
más condições sanitárias. 
d) infecção bacteriana que, em regra, apresenta se
simultaneamente sob uma forma branda e uma
grave. 
e) enfermidade endêmica que ocorre anualmente e reflui
de modo espontâneo.
IT0756 - (Fuvest)
– Pois, Grilo, agora realmente bem podemos dizer que
o sr. D. Jacinto está firme.
O Grilo arredou os óculos para a testa, e levantando
para o ar os cinco dedos em curva como pétalas de uma
tulipa:
– Sua Excelência brotou!
Profundo sempre o digno preto! Sim! Aquele
ressequido galho da Cidade, plantado na Serra, pegara,
chupara o húmus do torrão herdado, criara seiva,
afundara raízes, engrossara de tronco, a�rara ramos,
rebentara em flores, forte, sereno, ditoso, benéfico,
nobre, dando frutos, derramando sombra. E abrigados
pela grande árvore, e por ela nutridos, cem casais* em
redor o bendiziam.
Eça de Queirós, A cidade e as serras.
 
*casal: pequena propriedade rús�ca; pequeno povoado. 
 
O teor das imagens empregadas no texto para
caracterizar a mudança pela qual passara Jacinto indica
que a causa principal dessa transformação foi
74@professorferretto @prof_ferretto
a) o retorno a sua terra natal.
b) a conversão religiosa.
c) o trabalho manual na lavoura. 
d) a mudança da cidade para o campo. 
e) o banimento das inovações tecnológicas.
IT0759 - (Fuvest)
Se o açúcar do Brasil o tem dado a conhecer a todos
os reinos e províncias da Europa, o tabaco o tem feito
muito afamado em todas as quatro partes do mundo, em
as quais hoje tanto se deseja e com tantas diligências e
por qualquer via se procura. Há pouco mais de cem anos
que esta folha se começou a plantar e beneficiar na Bahia
[...] e, desta sorte, uma folha antes desprezada e quase
desconhecida tem dado e dá atualmente grandes
cabedais aos moradores do Brasil e incríveis
emolumentos aos Erários dos príncipes.
André João Antonil. Cultura e opulência do Brasil por suas
drogas e minas. São Paulo: EDUSP, 2007. Adaptado.
 
O texto acima, escrito por um padre italiano em 1711,
revela que
a) o ciclo econômico do tabaco, que foi anterior ao do
ouro, sucedeu o da cana. 
b) todo o rendimento do tabaco, a exemplo do que
ocorria com outros produtos, era direcionado à
metrópole.
c) não se pode exagerar quanto à lucra�vidade
propiciada pela cana. 
d) os europeus, naquele ano, já conheciam plenamente o
potencial econômico de suas colônias americanas. 
e) a economia colonial foi marcada pela simultaneidade
de produtos, cuja lucra�vidade se relacionava com sua
inserção em mercados internacionais.
IT0762 - (Fuvest)
Como sabemos, o efeito de um livro sobre nós,
mesmo no que se refere à simples informação, depende
de muita coisa além do valor que ele possa ter. Depende
do momento da vida em que o lemos, do grau do nosso
conhecimento, da finalidade que temos pela frente. Para
quem pouco leu e pouco sabe, um compêndio de ginásio
pode ser a fonte reveladora. Para quem sabe muito, um
livro importante não passa de chuva no molhado. Além
disso, há as afinidades profundas, que nos fazem afinar
com certo autor (e portanto aproveitá-lo ao máximo) e
não com outro, independente da valia de ambos.
Antonio Candido, “Dez livros para entender o Brasil”.
Teoria e debate. Ed. 45, 01/07/2000. 
 
Traduz uma ideia presente no texto a seguinte afirmação:
a) O efeito de um livro sobre o leitor é condicionado pela
quan�dade de informações que o texto veicula. 
b) A recepção de um livro pode ser influenciada pela
situação vivida pelo leitor.
c) A verdadeira erudição não dispensa a leitura dos bons
manuais escolares. 
d) A leitura de um livro a qual tem finalidades
meramente prá�cas prejudica a assimilação do
conhecimento. 
e) O reconhecimento do valor de um livro depende,
primordialmente, dos sen�mentos pessoais do leitor.
IT0763 - (Fuvest)
Como sabemos, o efeito de um livro sobre nós,
mesmo no que se refere à simples informação, depende
de muita coisa além do valor que ele possa ter. Depende
do momento da vida em que o lemos, do grau do nosso
conhecimento, da finalidade que temos pela frente. Para
quem pouco leu e pouco sabe, um compêndio de ginásio
pode ser a fonte reveladora. Para quem sabe muito, um
livro importante não passa de chuva no molhado. Além
disso, há as afinidades profundas, que nos fazem afinar
com certo autor (e portanto aproveitá-lo ao máximo) e
não com outro, independente da valia de ambos.
Antonio Candido, “Dez livros para entender o Brasil”.
Teoria e debate. Ed. 45, 01/07/2000. 
 
Cons�tui recurso es�lís�co do texto
 
I. a combinação da variedade culta da língua escrita, que
nele é predominante, com expressões mais comuns na
língua oral;
II. a repe�ção de estruturas sintá�cas, associada ao
emprego de vocabulário corrente, com feição didá�ca;
III. o emprego dominante do jargão cien�fico, associado à
exploração intensiva da intertextualidade.
 
Está correto apenas o que se indica em
a) I.
b) II.
c) I e II. 
d) III. 
e) I e III.
IT0767 - (Fuvest)
E Jerônimo via e escutava, sen�ndo ir-se-lhe toda a
alma pelos olhos enamorados.
Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese
das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a
luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das
sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das
75@professorferretto @prof_ferretto
baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a
palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma
outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o
sapo� mais doce que o mel e era a castanha do caju, que
abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra
verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida,
que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo
dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras
embambecidas pela saudade da terra, picando-lhe as
artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha
daquele amor setentrional, uma nota daquela música
feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de
cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e
espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca.
Aluísio Azevedo, O cor�ço. 
 
Para entender as impressões de Jerônimo diante da
natureza brasileira, é preciso ter como pressuposto que
há
a) um contraste entre a experiência prévia da
personagem e sua vivência da diversidade biológica do
país em que agora se encontra. 
b) uma con�nuidade na experiência de vida da
personagem, posto que a diversidade biológica aqui e
em seu local de origem são muito semelhantes.
c) uma ampliação no universo de conhecimento da
personagem, que já �nha vivência de diversidade
biológica semelhante, mas a expande aqui. 
d) um equívoco na forma como a personagem percebe e
vivencia a diversidade biológica local, que não
comporta os organismos que ele julga ver. 
e) um estreitamento na experiência de vida do
personagem, que vem de um local com maior
diversidade de ambientes e de organismos.
IT0682 - (Enem PPL)
Saiba impedir que os cavalos de troia abram a guarda de
seu computador
A lenda da Guerra de Troia conta que gregos
conseguiram entrar na cidade camuflados em um cavalo
e, então, abriram as portas da cidade para mais
guerreiros entrareme vencerem a batalha. Silencioso, o
cavalo de troia é um programa malicioso que abre as
portas do computador a um invasor, que pode u�lizar
como quiser o privilégio de estar dentro de uma
máquina. Esse malware é instalado em um computador
de forma camuflada, sempre com o “consen�mento” do
usuário. A explicação é que essa praga está dentro de um
arquivo que parece ser ú�l, como um programa ou
proteção de tela — que, ao ser executado, abre caminho
para o cavalo de troia. A intenção da maioria dos cavalos
de troia (trojans) não é contaminar arquivos ou
hardwares. Atualmente, o obje�vo principal dos cavalos
de troia é roubar informações de uma máquina. O
programa destrói ou altera dados com intenção
maliciosa, causando problemas ao computador ou
u�lizando-o para fins criminosos, como enviar spams. A
primeira regra para evitar a entrada dos cavalos de troia
é: não abra arquivos de procedência duvidosa.
Disponível em: h�p://idgnow.uol.com.br. Acesso em: 14
ago. 2012 (adaptado).
 
Cavalo de troia é considerado um malware que invade
computadores, com intenção maliciosa. Pelas
informações apresentadas no texto, depreende-se que a
finalidade desse programa é
a) roubar informações ou alterar dados de arquivos de
procedência duvidosa.
b) inserir senhas para enviar spams, através de um
rastreamento no computador.
c) rastrear e inves�gar dados do computador sem o
conhecimento do usuário.
d) induzir o usuário a fazer uso criminoso e malicioso de
seu computador.
e) usurpar dados do computador, mediante sua execução
pelo usuário.
IT0768 - (Unesp)
Leia a crônica de Luís Fernando Veríssimo.
 
A invasão
A divisão ciência/humanismo se reflete na maneira
como as pessoas, hoje, encaram o computador. Resiste-
se ao computador, e a toda a cultura ciberné�ca, como
uma forma de ser fiel ao livro e à palavra impressa. Mas o
computador não eliminará o papel. Ao contrário do que
se pensava há alguns anos, o computador não salvará as
florestas. Aumentou o uso do papel em todo o mundo, e
não apenas porque a cada novidade eletrônica lançada
no mercado corresponde um manual de instrução, sem
falar numa embalagem de papelão e num embrulho para
presente. O computador es�mula as pessoas a
escreverem e imprimirem o que escrevem. Como hoje
qualquer um pode ser seu próprio editor, paginador e
ilustrador sem largar o mouse, a tentação de passar sua
obra para o papel é quase irresis�vel.
Desconfio que o que salvará o livro será o supérfluo, o
que não tem nada a ver com conteúdo ou conveniência.
Até que lancem computadores com cheiro sinte�zado,
nada subs�tuirá o cheiro de papel e �nta nas suas duas
categorias inimitáveis, livro novo e livro velho. E
nenhuma coleção de gravações ornamentará uma sala
com o calor e a dignidade de uma estante de livros. A
tudo que falta ao admirável mundo da informá�ca, da
ciberné�ca, do virtual e do instantâneo acrescente-se
76@professorferretto @prof_ferretto
isso: falta lombada. No fim, o livro deverá sua sobrevida à
decoração de interiores.
(O Estado de S.Paulo, 31.05.2015.)
 
De acordo com o cronista, a ideia que se �nha há alguns
anos, de redução de consumo de papel em razão do
emprego generalizado de computadores, revelou-se
a) plausível.
b) improcedente.
c) comprovável.
d) imponderável.
e) procedente.
IT0769 - (Unesp)
Leia a crônica de Luís Fernando Veríssimo.
 
A invasão
A divisão ciência/humanismo se reflete na maneira
como as pessoas, hoje, encaram o computador. Resiste-
se ao computador, e a toda a cultura ciberné�ca, como
uma forma de ser fiel ao livro e à palavra impressa. Mas o
computador não eliminará o papel. Ao contrário do que
se pensava há alguns anos, o computador não salvará as
florestas. Aumentou o uso do papel em todo o mundo, e
não apenas porque a cada novidade eletrônica lançada
no mercado corresponde um manual de instrução, sem
falar numa embalagem de papelão e num embrulho para
presente. O computador es�mula as pessoas a
escreverem e imprimirem o que escrevem. Como hoje
qualquer um pode ser seu próprio editor, paginador e
ilustrador sem largar o mouse, a tentação de passar sua
obra para o papel é quase irresis�vel.
Desconfio que o que salvará o livro será o supérfluo, o
que não tem nada a ver com conteúdo ou conveniência.
Até que lancem computadores com cheiro sinte�zado,
nada subs�tuirá o cheiro de papel e �nta nas suas duas
categorias inimitáveis, livro novo e livro velho. E
nenhuma coleção de gravações ornamentará uma sala
com o calor e a dignidade de uma estante de livros. A
tudo que falta ao admirável mundo da informá�ca, da
ciberné�ca, do virtual e do instantâneo acrescente-se
isso: falta lombada. No fim, o livro deverá sua sobrevida à
decoração de interiores.
(O Estado de S.Paulo, 31.05.2015.)
 
Os termos “o uso do papel” e “um manual de instrução”
(1º parágrafo) se iden�ficam sinta�camente por
exercerem nas respec�vas orações a função de
a) objeto direto.
b) predica�vo do sujeito.
c) objeto indireto.
d) complemento nominal.
e) sujeito.
IT0771 - (Unesp)
Leia a crônica de Luís Fernando Veríssimo.
 
A invasão
A divisão ciência/humanismo se reflete na maneira
como as pessoas, hoje, encaram o computador. Resiste-
se ao computador, e a toda a cultura ciberné�ca, como
uma forma de ser fiel ao livro e à palavra impressa. Mas o
computador não eliminará o papel. Ao contrário do que
se pensava há alguns anos, o computador não salvará as
florestas. Aumentou o uso do papel em todo o mundo, e
não apenas porque a cada novidade eletrônica lançada
no mercado corresponde um manual de instrução, sem
falar numa embalagem de papelão e num embrulho para
presente. O computador es�mula as pessoas a
escreverem e imprimirem o que escrevem. Como hoje
qualquer um pode ser seu próprio editor, paginador e
ilustrador sem largar o mouse, a tentação de passar sua
obra para o papel é quase irresis�vel.
Desconfio que o que salvará o livro será o supérfluo, o
que não tem nada a ver com conteúdo ou conveniência.
Até que lancem computadores com cheiro sinte�zado,
nada subs�tuirá o cheiro de papel e �nta nas suas duas
categorias inimitáveis, livro novo e livro velho. E
nenhuma coleção de gravações ornamentará uma sala
com o calor e a dignidade de uma estante de livros. A
tudo que falta ao admirável mundo da informá�ca, da
ciberné�ca, do virtual e do instantâneo acrescente-se
isso: falta lombada. No fim, o livro deverá sua sobrevida à
decoração de interiores.
(O Estado de S.Paulo, 31.05.2015.)
 
Com a frase “No fim, o livro deverá sua sobrevida à
decoração de interiores” (2º parágrafo), o cronista sugere
que
a) o interesse pela leitura, a longo prazo, tenderá a
desaparecer.
b) o livro se transformará numa an�guidade para
colecionar.
c) os objetos de decoração serão, aos poucos,
subs�tuídos por livros.
d) a decoração de interiores garan�rá a sobrevivência do
livro.
e) a decoração de interiores con�nuará exis�ndo em
função dos livros.
77@professorferretto @prof_ferretto
IT0772 - (Unesp)
Leia um trecho do Código de Defesa do Consumidor (Lei
nº 8.078 de 11 de setembro de 1990).
 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
I – a proteção da vida, saúde e segurança contra os
riscos provocados por prá�cas no fornecimento de
produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
II – a educação e divulgação sobre o consumo
adequado dos produtos e serviços, asseguradas a
liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;
III – a informação adequada e clara sobre os
diferentes produtos e serviços, com especificação correta
de quan�dade, caracterís�cas, composição, qualidade,
tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos
que apresentem;
IV – a proteção contra a publicidade enganosa e
abusiva, métodos comerciais coerci�vos ou desleais, bem
como contra prá�cas e cláusulas abusivas ou impostas no
fornecimento de produtos e serviços;
V – a modificação das cláusulas contratuais que
estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão
em razão de fatos supervenientes que as tornem
excessivamente onerosas;
VI – a efe�va prevenção e reparação de danos
patrimoniais e morais,crise que agora está intensificada pela
pandemia e não poderiam re�rar o valor desse imposto
de seu já apertado lucro. Livros mais caros também
resultam em queda de vendas, que, por sua vez,
enfraquece ainda mais editoras e as impede de inves�r
7@professorferretto @prof_ferretto
em novas publicações – especialmente aquelas de menor
apelo comercial, mas igualmente importantes para a
pluralidade de ideias. Já deu para perceber a confusão,
não é? Mas, além disso, qual seria o custo de uma
sociedade com menos leitores e menos livros?
Taís Ilhéu. “Por que taxar os livros pode gerar retrocesso
social e econômico no país”. Guia do Estudante.
Setembro/2020. Adaptado
 
De acordo com o texto, os eventos sequenciais aos quais
alude a expressão “efeito cascata” são:
a) livros mais caros, decréscimo de vendas, es�mulo às
editoras, supressão de inves�mento em novas
publicações.
b) aumento do valor do produto final, queda de vendas,
encolhimento das editoras, aumento do inves�mento
em novas obras.
c) livros mais caros, instabilidade nas vendas,
enfraquecimento das editoras, expansão das
publicações.
d) aumento do valor do produto final, contração nas
vendas, esgotamento das editoras, falta de
inves�mento em novas publicações.
e) livros mais caros, equilíbrio nas vendas, diminuição
das editoras, carência de inves�mento em novas
publicações.
IT0291 - (Fuvest)
No modelo hegemônico, quase todo o treinamento é
reservado para o desenvolvimento muscular, sobrando
muito pouco tempo para a mobilidade, a flexibilidade, o
treino restaura�vo, o relaxamento e o treinamento
cardiovascular. Na teoria, seria algo em torno de 70%
para o fortalecimento, 20% para o cárdio e 10% para a
flexibilidade e outros. Na prá�ca, muitos alunos
direcionam 100% do tempo para o fortalecimento.
Como a prá�ca cardiovascular é infinitamente mais
significa�va e determinante para a nossa saúde orgânica
como um todo, podendo ser considerada o “coração” de
um treinamento consciente e saudável, essa ordem
deveria ser revista.
Nuno Cobra Jr. “Fitness não é saúde”. Uol. 06/05/2021.
Adaptado.
 
Sem alteração de sen�do, o segundo parágrafo do texto
poderia ser reescrito da seguinte maneira:
a) Ainda que a prá�ca cardiovascular seja infinitamente
mais significa�va e determinante para a nossa saúde
orgânica como um todo, essa ordem deveria ser
revista, podendo ser considerada o “coração” de um
treinamento consciente e saudável. 
b) Para evitar que a prá�ca cardiovascular se torne
infinitamente mais significa�va e determinante para a
nossa saúde orgânica como um todo, podendo ser
considerada o “coração” de um treinamento
consciente e saudável, essa ordem deveria ser
revista. 
c) Quando a prá�ca cardiovascular for infinitamente mais
significa�va e determinante para a nossa saúde
orgânica como um todo, essa ordem deveria ser
revista, podendo ser considerada o “coração” de um
treinamento consciente e saudável. 
d) Quanto mais a prá�ca cardiovascular é infinitamente
mais significa�va e determinante para a nossa saúde
orgânica como um todo, podendo ser considerada o
“coração” de um treinamento consciente e saudável,
essa ordem deveria ser revista. 
e) Essa ordem deveria ser revista: a prá�ca
cardiovascular é infinitamente mais significa�va e
determinante para a nossa saúde orgânica como um
todo, podendo ser considerada o “coração” de um
treinamento consciente e saudável.
IT0026 - (Enem)
Em bom português
 
No Brasil, as palavras envelhecem e caem como folhas
secas. Não é somente pela gíria que a gente é apanhada
(aliás, já não se usa mais a primeira pessoa, tanto do
singular como do plural: tudo é “a gente”). A própria
linguagem corrente vai-se renovando e a cada dia uma
parte do léxico cai em desuso. 
 
Minha amiga Lila, que vive descobrindo essas coisas,
chamou minha atenção para os que falam assim:
— Assis� a uma fita de cinema com um ar�sta que
representa muito bem.
 
Os que acharam natural essa frase, cuidado! Não saberão
dizer que viram um filme com um ator que trabalha bem.
E irão ao banho de mar em vez de ir à praia, ves�do de
roupa de banho em vez de biquíni, carregando guarda-sol
em vez de barraca. Comprarão um automóvel em vez de
comprar um carro, pegarão um defluxo em vez de um
resfriado, vão andar no passeio em vez de passear na
calçada. Viajarão de trem de ferro e apresentarão sua
esposa ou sua senhora em vez de apresentar sua mulher.
SABINO, F. Folha de S.Paulo, 13 abr. 1984 (adaptado).
 
8@professorferretto @prof_ferretto
A língua varia no tempo, no espaço e em diferentes
classes socioculturais. O texto exemplifica essa
caracterís�ca da língua, evidenciando que 
a) o uso de palavras novas deve ser incen�vado em
detrimento das an�gas. 
b) a u�lização de inovações no léxico é percebida na
comparação de gerações. 
c) o emprego de palavras com sen�dos diferentes
caracteriza diversidade geográfica. 
d) a pronúncia e o vocabulário são aspectos
iden�ficadores da classe social a que pertence o
falante. 
e) o modo de falar específico de pessoas de diferentes
faixas etárias é frequente em todas as regiões. 
IT0007 - (Enem)
Sinhá
 
Se a dona se banhou
Eu não estava lá
Por Deus Nosso Senhor
Eu não olhei Sinhá
Estava lá na roça
Sou de olhar ninguém
Não tenho mais cobiça
Nem enxergo bem
 
Para que me pôr no tronco
Para que me aleijar
Eu juro a vosmecê
Que nunca vi Sinhá
[…]
Por que talhar meu corpo
Eu não olhei Sinhá
Para que que vosmincê
Meus olhos vai furar
Eu choro em iorubá
Mas oro por Jesus
Para que que vassuncê
Me �ra a luz.
CHICO BUAROUE; JOÃO BOSCO. Chico. Rio de Janeiro:
Biscoito Fino, 2011 (fragmento).
 
No fragmento da letra da canção, o vocabulário
empregado e a situação retratada são relevantes para o
patrimônio linguís�co e iden�tário do país, na medida
em que 
a) remetem à violência �sica e simbólica contra os povos
escravizados. 
b) valorizam as influências da cultura africana sobre a
música nacional. 
c) rela�vizam o sincre�smo cons�tu�vo das prá�cas
religiosas brasileiras. 
d) narram os infortúnios da relação amorosa entre
membros de classes sociais diferentes. 
e) problema�zam as diferentes visões de mundo na
sociedade durante o período colonial. 
IT0358 - (Enem)
Projeto na Câmara de BH quer a vacinação gratuita de
cães contra a leishmaniose
A doença é grave e vem causando preocupação na região
metropolitana da capital mineira
Ela é uma doença grave, transmi�da pela picada do
mosquito-palha, e afeta tanto os seres humanos quanto
os cachorros: a leishmaniose. Por ser um problema de
saúde pública, a doença pode ganhar uma ação
preven�va importante, caso um projeto de lei seja
aprovado na Câmara Municipal de Belo Horizonte
(CMBH). Diante do alto número de casos da doença na
Grande BH, a Comissão de Saúde e Saneamento da
CMBH aprovou a proposta de realização de campanhas
públicas de vacinação gratuita de cães contra a
leishmaniose, tema do PL 404/17, apreciado pelo
colegiado em reunião ordinária, no dia 6 de dezembro.
Disponível em: h�ps://revistaencontro.com.br. Acesso
em: 11 dez. 2017.
 
Essa no�cia, além de cumprir sua função informa�va,
assume o papel de
a) fiscalizar as ações de saúde e saneamento da cidade. 
b) defender os serviços gratuitos de atendimento à
população. 
c) conscien�zar a população sobre grave problema de
saúde pública. 
d) propor campanhas para a ampliação de acesso aos
serviços públicos. 
e) responsabilizar os agentes públicos pela demora na
tomada de decisões. 
IT0308 - (Fuvest)
Leusipo perguntou o que eu �nha ido fazer na aldeia.
Preferi achar que o tom era amistoso e, no meu
paternalismo ingênuo, comecei a lhe explicar o que era
um romance. Eu tentava convencê-lo de que não havia
mo�vo para preocupação. Tudo o que eu queria saber já
era conhecido. E ele me perguntava: “Então, porque você
quer saber, se já sabe?” Tentei lhe explicar que pretendia
9@professorferretto @prof_ferretto
escrever um livro e mais uma vez o que era um romance,
o que era um livro de ficção (e mostrava o que �nha nas
mãos), que seria tudo historinha, sem nenhuma
consequênciaindividuais, cole�vos e difusos;
VII – o acesso aos órgãos judiciários e administra�vos
com vistas à prevenção ou reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, cole�vos ou difusos,
assegurada a proteção Jurídica, administra�va e técnica
aos necessitados;
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive
com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no
processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as
regras ordinárias de experiências;
IX – a adequada e eficaz prestação dos serviços
públicos em geral.
 
Art. 7º Os direitos previstos neste código não excluem
outros decorrentes de tratados ou convenções
internacionais de que o Brasil seja signatário, da
legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos
pelas autoridades administra�vas competentes, bem
como dos que derivem dos princípios gerais do direito,
analogia, costumes e equidade.
Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa,
todos responderão solidariamente pela reparação dos
danos previstos nas normas de consumo.
 
(www.planalto.gov.br).
 
A leitura do trecho do Código permite concluir que os
direitos básicos do consumidor no Brasil se aplicam
a) a produtos ou serviços de qualquer �po e origem.
b) apenas a produtos perecíveis, nacionais ou
importados.
c) apenas a aparelhos e utensílios produzidos no país.
d) somente a produtos importados de países
desenvolvidos.
e) exclusivamente a serviços prestados por empresas
nacionais.
IT0773 - (Unesp)
Leia um trecho do Código de Defesa do Consumidor (Lei
nº 8.078 de 11 de setembro de 1990).
 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
I – a proteção da vida, saúde e segurança contra os
riscos provocados por prá�cas no fornecimento de
produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
II – a educação e divulgação sobre o consumo
adequado dos produtos e serviços, asseguradas a
liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;
III – a informação adequada e clara sobre os
diferentes produtos e serviços, com especificação correta
de quan�dade, caracterís�cas, composição, qualidade,
tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos
que apresentem;
IV – a proteção contra a publicidade enganosa e
abusiva, métodos comerciais coerci�vos ou desleais, bem
como contra prá�cas e cláusulas abusivas ou impostas no
fornecimento de produtos e serviços;
V – a modificação das cláusulas contratuais que
estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão
em razão de fatos supervenientes que as tornem
excessivamente onerosas;
VI – a efe�va prevenção e reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, cole�vos e difusos;
VII – o acesso aos órgãos judiciários e administra�vos
com vistas à prevenção ou reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, cole�vos ou difusos,
assegurada a proteção Jurídica, administra�va e técnica
aos necessitados;
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive
com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no
processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as
regras ordinárias de experiências;
IX – a adequada e eficaz prestação dos serviços
públicos em geral.
 
Art. 7º Os direitos previstos neste código não excluem
outros decorrentes de tratados ou convenções
internacionais de que o Brasil seja signatário, da
legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos
pelas autoridades administra�vas competentes, bem
78@professorferretto @prof_ferretto
como dos que derivem dos princípios gerais do direito,
analogia, costumes e equidade.
Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa,
todos responderão solidariamente pela reparação dos
danos previstos nas normas de consumo.
 
(www.planalto.gov.br).
 
De acordo com o inciso V,
a) assegura-se ao consumidor a revisão de disposi�vos
contratuais que venham a tornar as prestações muito
elevadas.
b) toda e qualquer cláusula contratual poderá ser revista
a qualquer momento pelo consumidor.
c) assegura-se ao fornecedor o direito de cancelar a
venda de produtos e serviços, em razão do aumento
de seus custos.
d) garante-se ao fornecedor dos produtos e serviços,
caso julgue necessário, o direito de rever os valores
das prestações.
e) toda e qualquer cláusula contratual apenas poderá ser
revista com o consen�mento do fornecedor dos
produtos e serviços.
IT0774 - (Unesp)
Leia um trecho do Código de Defesa do Consumidor (Lei
nº 8.078 de 11 de setembro de 1990).
 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
I – a proteção da vida, saúde e segurança contra os
riscos provocados por prá�cas no fornecimento de
produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
II – a educação e divulgação sobre o consumo
adequado dos produtos e serviços, asseguradas a
liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;
III – a informação adequada e clara sobre os
diferentes produtos e serviços, com especificação correta
de quan�dade, caracterís�cas, composição, qualidade,
tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos
que apresentem;
IV – a proteção contra a publicidade enganosa e
abusiva, métodos comerciais coerci�vos ou desleais, bem
como contra prá�cas e cláusulas abusivas ou impostas no
fornecimento de produtos e serviços;
V – a modificação das cláusulas contratuais que
estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão
em razão de fatos supervenientes que as tornem
excessivamente onerosas;
VI – a efe�va prevenção e reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, cole�vos e difusos;
VII – o acesso aos órgãos judiciários e administra�vos
com vistas à prevenção ou reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, cole�vos ou difusos,
assegurada a proteção Jurídica, administra�va e técnica
aos necessitados;
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive
com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no
processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as
regras ordinárias de experiências;
IX – a adequada e eficaz prestação dos serviços
públicos em geral.
 
Art. 7º Os direitos previstos neste código não excluem
outros decorrentes de tratados ou convenções
internacionais de que o Brasil seja signatário, da
legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos
pelas autoridades administra�vas competentes, bem
como dos que derivem dos princípios gerais do direito,
analogia, costumes e equidade.
Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa,
todos responderão solidariamente pela reparação dos
danos previstos nas normas de consumo.
 
(www.planalto.gov.br).
 
O ar�go 7º esclarece que os direitos previstos no Código
a) não permitem que fornecedores internacionais de
produtos e serviços sejam penalizados.
b) não implicam a perda de outros es�pulados em
tratados internacionais ou na legislação interna do
país.
c) perdem o efeito diante de leis ou tratados
internacionais sobre consumo.
d) podem ser anulados a qualquer tempo por decisão
unilateral do governo federal.
e) são válidos mesmo que infrinjam os princípios gerais
que norteiam o direito.
IT0778 - (Unesp)
Leia o seguinte verbete do Dicionário de comunicação de
Carlos Alberto Rabaça e Gustavo Barbosa:
 
Crônica
Texto jornalís�co desenvolvido de forma livre e
pessoal, a par�r de fatos e acontecimentos da atualidade,
com teor literário, polí�co, espor�vo, ar�s�co, de
amenidades etc. Segundo Muniz Sodré e Maria Helena
Ferrari, a crônica é um meio-termo entre o jornalismo e a
literatura: “do primeiro, aproveita o interesse pela
atualidade informa�va, da segunda imita o projeto de
ultrapassar os simples fatos”. O ponto comum entre a
crônica e a no�cia ou a reportagem é que o cronista,
assim como o repórter, não prescinde do acontecimento.
Mas, ao contrário deste, ele “paira” sobre os fatos,
“fazendo com que se destaque no texto o enfoque
79@professorferretto @prof_ferretto
pessoal (onde entram juízos implícitos e explícitos) do
autor”. Por outro lado, o editorial difere da crônica, pelo
fatode que, nesta, o juízo de valor se confunde com os
próprios fatos expostos, sem o dogma�smo do editorial,
no qual a opinião do autor (representando a opinião da
empresa jornalís�ca) cons�tui o eixo do texto.
(Dicionário de comunicação, 1978.)
 
O termo “dogma�smo”, no contexto do verbete, significa:
a) desprezo aos acontecimentos da atualidade.
b) obediência à cons�tuição e às leis do país.
c) ausência de ideologia nas manifestações de opinião.
d) opiniões assumidas como verdadeiras e imutáveis.
e) conjunto de verdades religiosas.
IT0783 - (Unesp)
Leia a crônica “Anúncio de João Alves”, de Carlos
Drummond de Andrade (1902-1987), publicada
originalmente em 1954.
 
Figura o anúncio em um jornal que o amigo me
mandou, e está assim redigido:
 
À procura de uma besta. — A par�r de 6 de outubro
do ano cadente, sumiu-me uma besta vermelho-
escura com os seguintes caracterís�cos: calçada e
ferrada de todos os membros locomotores, um
pequeno quisto na base da orelha direita e crina
dividida em duas seções em consequência de um
golpe, cuja extensão pode alcançar de quatro a seis
cen�metros, produzido por jumento.
Essa besta, muito domiciliada nas cercanias deste
comércio, é muito mansa e boa de sela, e tudo me
induz ao cálculo de que foi roubada, assim que hão
sido falhas todas as indagações.
Quem, pois, apreendê-la em qualquer parte e a fizer
entregue aqui ou pelo menos no�cia exata ministrar,
será razoavelmente remunerado. Itambé do Mato
Dentro, 19 de novembro de 1899. (a) João Alves
Júnior.
 
Cinquenta e cinco anos depois, prezado João Alves
Júnior, tua besta vermelho-escura, mesmo que tenha
aparecido, já é pó no pó. E tu mesmo, se não estou
enganado, repousas suavemente no pequeno cemitério
de Itambé. Mas teu anúncio con�nua um modelo no
gênero, se não para ser imitado, ao menos como objeto
de admiração literária.
Reparo antes de tudo na limpeza de tua linguagem.
Não escreveste apressada e toscamente, como seria de
esperar de tua condição rural. Pressa, não a �veste, pois
o animal desapareceu a 6 de outubro, e só a 19 de
novembro recorreste à Cidade de Itabira. Antes,
procedeste a indagações. Falharam. Formulaste depois
um raciocínio: houve roubo. Só então pegaste da pena, e
traçaste um belo e ní�do retrato da besta.
Não disseste que todos os seus cascos estavam
ferrados; preferiste dizê-lo “de todos os seus membros
locomotores”. Nem esqueceste esse pequeno quisto na
orelha e essa divisão da crina em duas seções, que teu
zelo naturalista e histórico atribuiu com segurança a um
jumento.
Por ser “muito domiciliada nas cercanias deste
comércio”, isto é, do povoado e sua feirinha semanal,
inferiste que não teria fugido, mas antes foi roubada.
Contudo, não o afirmas em tom peremptório: “tudo me
induz a esse cálculo”. Revelas aí a prudência mineira, que
não avança (ou não avançava) aquilo que não seja a
evidência mesma. É cálculo, raciocínio, operação mental
e desapaixonada como qualquer outra, e não denúncia
formal.
Finalmente - deixando de lado outras excelências de
tua prosa ú�l - a declaração final: quem a apreender ou
pelo menos “no�cia exata ministrar”, será
“razoavelmente remunerado”. Não prometes
recompensa tentadora; não fazes praça de generosidade
ou largueza; acenas com o razoável, com a justa medida
das coisas, que deve prevalecer mesmo no caso de bestas
perdidas e entregues.
Já é muito tarde para sairmos à procura de tua besta,
meu caro João Alves do Itambé; entretanto essa criação
volta a exis�r, porque soubeste descrevê-la com decoro e
propriedade, num dia remoto, e o jornal a guardou e
alguém hoje a descobre, e muitos outros são informados
da ocorrência. Se lesses os anúncios de objetos e animais
perdidos, na imprensa de hoje, ficarias triste. Já não há
essa precisão de termos e essa graça no dizer, nem essa
moderação nem essa a�tude crí�ca. Não há, sobretudo,
esse amor à tarefa bem-feita, que se pode manifestar até
mesmo num anúncio de besta sumida.
(Fala, amendoeira, 2012.)
 
O humor presente na crônica decorre, entre outros
fatores, do fato de o cronista
a) debruçar-se sobre um an�go anúncio de besta
desaparecida.
b) esforçar-se por ocultar a condição rural do autor do
anúncio.
c) duvidar de que o autor do anúncio seja mesmo João
Alves.
d) empregar o termo “besta” em sen�do também
metafórico.
e) acreditar na possibilidade de se recuperar a besta de
João Alves.
IT0784 - (Unesp)
80@professorferretto @prof_ferretto
Leia a crônica “Anúncio de João Alves”, de Carlos
Drummond de Andrade (1902-1987), publicada
originalmente em 1954.
 
Figura o anúncio em um jornal que o amigo me
mandou, e está assim redigido:
 
À procura de uma besta. — A par�r de 6 de outubro
do ano cadente, sumiu-me uma besta vermelho-
escura com os seguintes caracterís�cos: calçada e
ferrada de todos os membros locomotores, um
pequeno quisto na base da orelha direita e crina
dividida em duas seções em consequência de um
golpe, cuja extensão pode alcançar de quatro a seis
cen�metros, produzido por jumento.
Essa besta, muito domiciliada nas cercanias deste
comércio, é muito mansa e boa de sela, e tudo me
induz ao cálculo de que foi roubada, assim que hão
sido falhas todas as indagações.
Quem, pois, apreendê-la em qualquer parte e a fizer
entregue aqui ou pelo menos no�cia exata ministrar,
será razoavelmente remunerado. Itambé do Mato
Dentro, 19 de novembro de 1899. (a) João Alves
Júnior.
 
Cinquenta e cinco anos depois, prezado João Alves
Júnior, tua besta vermelho-escura, mesmo que tenha
aparecido, já é pó no pó. E tu mesmo, se não estou
enganado, repousas suavemente no pequeno cemitério
de Itambé. Mas teu anúncio con�nua um modelo no
gênero, se não para ser imitado, ao menos como objeto
de admiração literária.
Reparo antes de tudo na limpeza de tua linguagem.
Não escreveste apressada e toscamente, como seria de
esperar de tua condição rural. Pressa, não a �veste, pois
o animal desapareceu a 6 de outubro, e só a 19 de
novembro recorreste à Cidade de Itabira. Antes,
procedeste a indagações. Falharam. Formulaste depois
um raciocínio: houve roubo. Só então pegaste da pena, e
traçaste um belo e ní�do retrato da besta.
Não disseste que todos os seus cascos estavam
ferrados; preferiste dizê-lo “de todos os seus membros
locomotores”. Nem esqueceste esse pequeno quisto na
orelha e essa divisão da crina em duas seções, que teu
zelo naturalista e histórico atribuiu com segurança a um
jumento.
Por ser “muito domiciliada nas cercanias deste
comércio”, isto é, do povoado e sua feirinha semanal,
inferiste que não teria fugido, mas antes foi roubada.
Contudo, não o afirmas em tom peremptório: “tudo me
induz a esse cálculo”. Revelas aí a prudência mineira, que
não avança (ou não avançava) aquilo que não seja a
evidência mesma. É cálculo, raciocínio, operação mental
e desapaixonada como qualquer outra, e não denúncia
formal.
Finalmente - deixando de lado outras excelências de
tua prosa ú�l - a declaração final: quem a apreender ou
pelo menos “no�cia exata ministrar”, será
“razoavelmente remunerado”. Não prometes
recompensa tentadora; não fazes praça de generosidade
ou largueza; acenas com o razoável, com a justa medida
das coisas, que deve prevalecer mesmo no caso de bestas
perdidas e entregues.
Já é muito tarde para sairmos à procura de tua besta,
meu caro João Alves do Itambé; entretanto essa criação
volta a exis�r, porque soubeste descrevê-la com decoro e
propriedade, num dia remoto, e o jornal a guardou e
alguém hoje a descobre, e muitos outros são informados
da ocorrência. Se lesses os anúncios de objetos e animais
perdidos, na imprensa de hoje, ficarias triste. Já não há
essa precisão de termos e essa graça no dizer, nem essa
moderação nem essa a�tude crí�ca. Não há, sobretudo,
esse amor à tarefa bem-feita, que se pode manifestar até
mesmo num anúncio de besta sumida.
(Fala, amendoeira, 2012.)
 
O cronista manifesta um juízo de valor sobre a sua
própria época em:
a) “Não escreveste apressada e toscamente, como seria
de esperar de tua condição rural. Pressa, não a �veste,
pois o animal desapareceu a 6 deoutubro, e só a 19
de novembro recorreste à Cidade de Itabira.” (3º
parágrafo)
b) “Cinquenta e cinco anos depois, prezado João Alves
Júnior, tua besta vermelho-escura, mesmo que tenha
aparecido, já é pó no pó.” (2º parágrafo)
c) “Figura o anúncio em um jornal que o amigo me
mandou, e está assim redigido:” (1º parágrafo)
d) “Já não há essa precisão de termos e essa graça no
dizer, nem essa moderação nem essa a�tude crí�ca.
Não há, sobretudo, esse amor à tarefa bem-feita, que
se pode manifestar até mesmo num anúncio de besta
sumida.” (7º parágrafo)
e) “Já é muito tarde para sairmos à procura de tua besta,
meu caro João Alves do Itambé; entretanto essa
criação volta a exis�r, porque soubeste descrevê-la
com decoro e propriedade, num dia remoto, e o jornal
a guardou e alguém hoje a descobre, e muitos outros
são informados da ocorrência.” (7º parágrafo)
IT0786 - (Unesp)
Leia a crônica “Anúncio de João Alves”, de Carlos
Drummond de Andrade (1902-1987), publicada
originalmente em 1954.
 
Figura o anúncio em um jornal que o amigo me
mandou, e está assim redigido:
 
81@professorferretto @prof_ferretto
À procura de uma besta. — A par�r de 6 de outubro
do ano cadente, sumiu-me uma besta vermelho-
escura com os seguintes caracterís�cos: calçada e
ferrada de todos os membros locomotores, um
pequeno quisto na base da orelha direita e crina
dividida em duas seções em consequência de um
golpe, cuja extensão pode alcançar de quatro a seis
cen�metros, produzido por jumento.
Essa besta, muito domiciliada nas cercanias deste
comércio, é muito mansa e boa de sela, e tudo me
induz ao cálculo de que foi roubada, assim que hão
sido falhas todas as indagações.
Quem, pois, apreendê-la em qualquer parte e a fizer
entregue aqui ou pelo menos no�cia exata ministrar,
será razoavelmente remunerado. Itambé do Mato
Dentro, 19 de novembro de 1899. (a) João Alves
Júnior.
 
Cinquenta e cinco anos depois, prezado João Alves
Júnior, tua besta vermelho-escura, mesmo que tenha
aparecido, já é pó no pó. E tu mesmo, se não estou
enganado, repousas suavemente no pequeno cemitério
de Itambé. Mas teu anúncio con�nua um modelo no
gênero, se não para ser imitado, ao menos como objeto
de admiração literária.
Reparo antes de tudo na limpeza de tua linguagem.
Não escreveste apressada e toscamente, como seria de
esperar de tua condição rural. Pressa, não a �veste, pois
o animal desapareceu a 6 de outubro, e só a 19 de
novembro recorreste à Cidade de Itabira. Antes,
procedeste a indagações. Falharam. Formulaste depois
um raciocínio: houve roubo. Só então pegaste da pena, e
traçaste um belo e ní�do retrato da besta.
Não disseste que todos os seus cascos estavam
ferrados; preferiste dizê-lo “de todos os seus membros
locomotores”. Nem esqueceste esse pequeno quisto na
orelha e essa divisão da crina em duas seções, que teu
zelo naturalista e histórico atribuiu com segurança a um
jumento.
Por ser “muito domiciliada nas cercanias deste
comércio”, isto é, do povoado e sua feirinha semanal,
inferiste que não teria fugido, mas antes foi roubada.
Contudo, não o afirmas em tom peremptório: “tudo me
induz a esse cálculo”. Revelas aí a prudência mineira, que
não avança (ou não avançava) aquilo que não seja a
evidência mesma. É cálculo, raciocínio, operação mental
e desapaixonada como qualquer outra, e não denúncia
formal.
Finalmente - deixando de lado outras excelências de
tua prosa ú�l - a declaração final: quem a apreender ou
pelo menos “no�cia exata ministrar”, será
“razoavelmente remunerado”. Não prometes
recompensa tentadora; não fazes praça de generosidade
ou largueza; acenas com o razoável, com a justa medida
das coisas, que deve prevalecer mesmo no caso de bestas
perdidas e entregues.
Já é muito tarde para sairmos à procura de tua besta,
meu caro João Alves do Itambé; entretanto essa criação
volta a exis�r, porque soubeste descrevê-la com decoro e
propriedade, num dia remoto, e o jornal a guardou e
alguém hoje a descobre, e muitos outros são informados
da ocorrência. Se lesses os anúncios de objetos e animais
perdidos, na imprensa de hoje, ficarias triste. Já não há
essa precisão de termos e essa graça no dizer, nem essa
moderação nem essa a�tude crí�ca. Não há, sobretudo,
esse amor à tarefa bem-feita, que se pode manifestar até
mesmo num anúncio de besta sumida.
(Fala, amendoeira, 2012.)
 
Em “Contudo, não o afirmas em tom peremptório: ‘tudo
me induz a esse cálculo’.” (5º parágrafo), o termo
destacado pode ser subs�tuído, sem prejuízo de sen�do
para o texto, por:
a) incisivo.
b) irônico.
c) rancoroso.
d) constrangido.
e) hesitante.
IT0787 - (Unesp)
Leia a crônica “Anúncio de João Alves”, de Carlos
Drummond de Andrade (1902-1987), publicada
originalmente em 1954.
 
Figura o anúncio em um jornal que o amigo me
mandou, e está assim redigido:
 
À procura de uma besta. — A par�r de 6 de outubro
do ano cadente, sumiu-me uma besta vermelho-
escura com os seguintes caracterís�cos: calçada e
ferrada de todos os membros locomotores, um
pequeno quisto na base da orelha direita e crina
dividida em duas seções em consequência de um
golpe, cuja extensão pode alcançar de quatro a seis
cen�metros, produzido por jumento.
Essa besta, muito domiciliada nas cercanias deste
comércio, é muito mansa e boa de sela, e tudo me
induz ao cálculo de que foi roubada, assim que hão
sido falhas todas as indagações.
Quem, pois, apreendê-la em qualquer parte e a fizer
entregue aqui ou pelo menos no�cia exata ministrar,
será razoavelmente remunerado. Itambé do Mato
Dentro, 19 de novembro de 1899. (a) João Alves
Júnior.
 
Cinquenta e cinco anos depois, prezado João Alves
Júnior, tua besta vermelho-escura, mesmo que tenha
aparecido, já é pó no pó. E tu mesmo, se não estou
enganado, repousas suavemente no pequeno cemitério
82@professorferretto @prof_ferretto
de Itambé. Mas teu anúncio con�nua um modelo no
gênero, se não para ser imitado, ao menos como objeto
de admiração literária.
Reparo antes de tudo na limpeza de tua linguagem.
Não escreveste apressada e toscamente, como seria de
esperar de tua condição rural. Pressa, não a �veste, pois
o animal desapareceu a 6 de outubro, e só a 19 de
novembro recorreste à Cidade de Itabira. Antes,
procedeste a indagações. Falharam. Formulaste depois
um raciocínio: houve roubo. Só então pegaste da pena, e
traçaste um belo e ní�do retrato da besta.
Não disseste que todos os seus cascos estavam
ferrados; preferiste dizê-lo “de todos os seus membros
locomotores”. Nem esqueceste esse pequeno quisto na
orelha e essa divisão da crina em duas seções, que teu
zelo naturalista e histórico atribuiu com segurança a um
jumento.
Por ser “muito domiciliada nas cercanias deste
comércio”, isto é, do povoado e sua feirinha semanal,
inferiste que não teria fugido, mas antes foi roubada.
Contudo, não o afirmas em tom peremptório: “tudo me
induz a esse cálculo”. Revelas aí a prudência mineira, que
não avança (ou não avançava) aquilo que não seja a
evidência mesma. É cálculo, raciocínio, operação mental
e desapaixonada como qualquer outra, e não denúncia
formal.
Finalmente - deixando de lado outras excelências de
tua prosa ú�l - a declaração final: quem a apreender ou
pelo menos “no�cia exata ministrar”, será
“razoavelmente remunerado”. Não prometes
recompensa tentadora; não fazes praça de generosidade
ou largueza; acenas com o razoável, com a justa medida
das coisas, que deve prevalecer mesmo no caso de bestas
perdidas e entregues.
Já é muito tarde para sairmos à procura de tua besta,
meu caro João Alves do Itambé; entretanto essa criação
volta a exis�r, porque soubeste descrevê-la com decoro e
propriedade, num dia remoto, e o jornal a guardou e
alguém hoje a descobre, e muitos outros são informados
da ocorrência. Se lesses os anúncios de objetos e animais
perdidos, na imprensa de hoje, ficarias triste. Já não há
essa precisão de termos e essa graça no dizer, nem essa
moderação nem essa a�tude crí�ca. Não há, sobretudo,
esse amor à tarefa bem-feita, que se pode manifestar até
mesmo num anúncio de besta sumida.
(Fala, amendoeira, 2012.)Com base no úl�mo parágrafo, a principal qualidade
atribuída pelo cronista a João Alves é
a) a prudência.
b) o discernimento.
c) a concisão.
d) o humor.
e) a dedicação.
IT0788 - (Unesp)
Leia o excerto de Auto da Barca do Inferno do escritor
português Gil Vicente (1465?-1536?). A peça prefigura o
des�no das almas que chegam a um braço de mar onde
se encontram duas barcas (embarcações): uma des�nada
ao Paraíso, comandada pelo anjo, e outra des�nada ao
Inferno, comandada pelo diabo.
 
Vem um Frade com uma Moça pela mão [...]; e ele
mesmo fazendo a baixa1 começou a dançar, dizendo
FRADE: Tai-rai-rai-ra-rã ta-ri-ri-rã;
Tai-rai-rai-ra-rã ta-ri-ri-rã;
Tã-tã-ta-ri-rim-rim-rã, huha!
DIABO: Que é isso, padre? Quem vai lá?
FRADE: Deo gra�as2! Sou cortesão.
DIABO: Danças também o tordião3?
FRADE: Por que não? Vê como sei.
DIABO: Pois entrai, eu tangerei4
e faremos um serão.
E essa dama, porventura?
FRADE: Por minha a tenho eu,
e sempre a �ve de meu.
DIABO: Fizeste bem, que é lindura!
Não vos punham lá censura
no vosso convento santo?
FRADE: E eles fazem outro tanto!
DIABO: Que preciosa clausura5!
Entrai, padre reverendo!
FRADE: Para onde levais gente?
DIABO: Para aquele fogo ardente
que não temestes vivendo.
FRADE: Juro a Deus que não te entendo!
E este hábito6 não me val7?
DIABO: Gen�l padre mundanal8,
a Belzebu vos encomendo!
FRADE: Corpo de Deus consagrado!
Pela fé de Jesus Cristo,
que eu não posso entender isto!
Eu hei de ser condenado?
Um padre tão namorado
e tanto dado à virtude?
Assim Deus me dê saúde,
que eu estou maravilhado!
DIABO: Não façamos mais detença9
embarcai e par�remos;
tomareis um par de remos.
83@professorferretto @prof_ferretto
FRADE: Não ficou isso na avença10.
DIABO: Pois dada está já a sentença!
FRADE: Por Deus! Essa seria ela?
Não vai em tal caravela
minha senhora Florença?
Como? Por ser namorado
e folgar uma mulher?
Se há um frade de perder,
com tanto salmo rezado?!
DIABO: Ora estás bem arranjado!
FRADE: Mas estás tu bem servido.
DIABO: Devoto padre e marido,
haveis de ser cá pingado11...
(Auto da Barca do Inferno, 2007.)
 
1 baixa: dança popular no século XVI.
2 Deo gra�as: graças a Deus.
3 tordião: outra dança popular no século XVI.
4 tanger: fazer soar um instrumento.
5 clausura: convento.
6 hábito: traje religioso.
7 val: vale.
8 mundanal: mundano.
9 detença: demora.
10 avença: acordo.
11 ser pingado: ser pingado com gotas de gordura
fervendo (segundo o imaginário popular, processo de
tortura que ocorreria no inferno).
 
No excerto, o traço mais caracterís�co do diabo é
a) o autoritarismo, visível no seguinte trecho: “Não
façamos mais detença”.
b) a curiosidade, visível no seguinte trecho: “Danças
também o tordião?”.
c) a ironia, visível no seguinte trecho: “Que preciosa
clausura!”.
d) a ingenuidade, visível no seguinte trecho: “Fizeste
bem, que é lindura!”.
e) o sarcasmo, visível no seguinte trecho: “Pois dada está
já a sentença!”.
IT0789 - (Unesp)
Leia o excerto de Auto da Barca do Inferno do escritor
português Gil Vicente (1465?-1536?). A peça prefigura o
des�no das almas que chegam a um braço de mar onde
se encontram duas barcas (embarcações): uma des�nada
ao Paraíso, comandada pelo anjo, e outra des�nada ao
Inferno, comandada pelo diabo.
 
Vem um Frade com uma Moça pela mão [...]; e ele
mesmo fazendo a baixa1 começou a dançar, dizendo
FRADE: Tai-rai-rai-ra-rã ta-ri-ri-rã;
Tai-rai-rai-ra-rã ta-ri-ri-rã;
Tã-tã-ta-ri-rim-rim-rã, huha!
DIABO: Que é isso, padre? Quem vai lá?
FRADE: Deo gra�as2! Sou cortesão.
DIABO: Danças também o tordião3?
FRADE: Por que não? Vê como sei.
DIABO: Pois entrai, eu tangerei4
e faremos um serão.
E essa dama, porventura?
FRADE: Por minha a tenho eu,
e sempre a �ve de meu.
DIABO: Fizeste bem, que é lindura!
Não vos punham lá censura
no vosso convento santo?
FRADE: E eles fazem outro tanto!
DIABO: Que preciosa clausura5!
Entrai, padre reverendo!
FRADE: Para onde levais gente?
DIABO: Para aquele fogo ardente
que não temestes vivendo.
FRADE: Juro a Deus que não te entendo!
E este hábito6 não me val7?
DIABO: Gen�l padre mundanal8,
a Belzebu vos encomendo!
FRADE: Corpo de Deus consagrado!
Pela fé de Jesus Cristo,
que eu não posso entender isto!
Eu hei de ser condenado?
Um padre tão namorado
e tanto dado à virtude?
Assim Deus me dê saúde,
que eu estou maravilhado!
DIABO: Não façamos mais detença9
embarcai e par�remos;
tomareis um par de remos.
FRADE: Não ficou isso na avença10.
DIABO: Pois dada está já a sentença!
FRADE: Por Deus! Essa seria ela?
Não vai em tal caravela
minha senhora Florença?
Como? Por ser namorado
e folgar uma mulher?
Se há um frade de perder,
com tanto salmo rezado?!
DIABO: Ora estás bem arranjado!
FRADE: Mas estás tu bem servido.
DIABO: Devoto padre e marido,
haveis de ser cá pingado11...
(Auto da Barca do Inferno, 2007.)
 
84@professorferretto @prof_ferretto
1 baixa: dança popular no século XVI.
2 Deo gra�as: graças a Deus.
3 tordião: outra dança popular no século XVI.
4 tanger: fazer soar um instrumento.
5 clausura: convento.
6 hábito: traje religioso.
7 val: vale.
8 mundanal: mundano.
9 detença: demora.
10 avença: acordo.
11 ser pingado: ser pingado com gotas de gordura
fervendo (segundo o imaginário popular, processo de
tortura que ocorreria no inferno).
 
Com a fala “E eles fazem outro tanto!”, o frade sugere
que seus companheiros de convento
a) consideravam-se santos.
b) estavam preocupados com a própria salvação.
c) estranhavam seu modo de agir.
d) comportavam-se de modo ques�onável.
e) repreendiam-no com frequência.
IT0791 - (Unesp)
Leia o excerto do livro Violência urbana, de Paulo Sérgio
Pinheiro e Guilherme Assis de Almeida.
 
De dia, ande na rua com cuidado, olhos bem abertos.
Evite falar com estranhos. À noite, não saia para
caminhar, principalmente se es�ver sozinho e seu bairro
for deserto. Quando estacionar, tranque bem as portas
do carro [..]. De madrugada, não pare em sinal vermelho.
Se for assaltado, não reaja — entregue tudo.
É provável que você já esteja exausto de ler e ouvir
várias dessas recomendações. Faz tempo que a ideia de
integrar uma comunidade e sen�r-se confiante e seguro
por ser parte de um cole�vo deixou de ser um
sen�mento comum aos habitantes das grandes cidades
brasileiras. As noções de segurança e de vida comunitária
foram subs�tuídas pelo sen�mento de insegurança e
pelo isolamento que o medo impõe. O outro deixa de ser
visto como parceiro ou parceira em potencial; o
desconhecido é encarado como ameaça. O sen�mento
de insegurança transforma e desfigura a vida em nossas
cidades. De lugares de encontro, troca, comunidade,
par�cipação cole�va, as moradias e os espaços públicos
transformam-se em palco do horror, do pânico e do
medo.
A violência urbana subverte e desvirtua a função das
cidades, drena recursos públicos já escassos, ceifa vidas
— especialmente as dos jovens e dos mais pobres –,
dilacera famílias, modificando nossas existências
drama�camente para pior. De potenciais cidadãos,
passamos a ser consumidores do medo. O que fazer
diante desse quadro de insegurança e pânico,
denunciado diariamente pelos jornais e alardeado pela
mídia eletrônica? Qual tarefa impõe-se aos cidadãos, na
democracia e no Estado de direito?
(Violência urbana, 2003.)
 
As palavras do texto cujos prefixos traduzem ideia de
negação são
a) “desvirtua” e “transforma”.
b) “evite” e “isolamento”.
c) “desfigura” e “ameaça”.
d) “desconhecido” e “insegurança”.
e) “subverte” e “dilacera”.
IT0793 - (Unesp)
Examine a �ra do cartunista Fernando Gonsales.
 
 
Na �ra, Arlindo Gouveia é caracterizado como
85@professorferretto @prof_ferretto
a) dissimulado.
b) agressivo.
c) pedante.
d) volúvel.
e) orgulhoso.
IT0795 - (Unesp)
Leia o trecho do romance S. Bernardo, de Graciliano
Ramos.
 
O caboclo mal-encarado que encontrei um dia em
casa do Mendonça também se acabou em desgraça. Uma
limpeza. Essa gente quase nunca morre direito. Uns são
levados pela cobra, outros pela cachaça, outros matam-
se.
Na pedreira perdi um. A alavanca soltou-se da pedra,
bateu-lhe nopeito, e foi a conta. Deixou viúva e órfãos
miúdos. Sumiram-se: um dos meninos caiu no fogo, as
lombrigas comeram o segundo, o úl�mo teve angina e a
mulher enforcou-se.
Para diminuir a mortalidade e aumentar a produção,
proibi a aguardente.
Concluiu-se a construção da casa nova. Julgo que não
preciso descrevê-la. As partes principais apareceram ou
aparecerão; o resto é dispensável e apenas pode
interessar aos arquitetos, homens que provavelmente
não lerão isto. Ficou tudo confortável e bonito.
Naturalmente deixei de dormir em rede. Comprei móveis
e diversos objetos que entrei a u�lizar com receio, outros
que ainda hoje não u�lizo, porque não sei para que
servem.
Aqui existe um salto de cinco anos, e em cinco anos o
mundo dá um bando de voltas.
Ninguém imaginará que, topando os obstáculos
mencionados, eu haja procedido invariavelmente com
segurança e percorrido, sem me deter, caminhos certos.
Não senhor, não procedi nem percorri. Tive aba�mentos,
desejo de recuar; contornei dificuldades: muitas curvas.
Acham que andei mal? A verdade é que nunca soube
quais foram os meus atos bons e quais foram os maus. Fiz
coisas boas que me trouxeram prejuízo; fiz coisas ruins
que deram lucro. E como sempre �ve a intenção de
possuir as terras de S. Bernardo, considerei legí�mas as
ações que me levaram a obtê-las.
Alcancei mais do que esperava, mercê de Deus.
Vieram-me as rugas, já se vê, mas o crédito, que a
princípio se esquivava, agarrou-se comigo, as taxas
desceram. E os negócios desdobraram-se
automa�camente. Automa�camente. Di�cil? Nada! Se
eles entram nos trilhos, rodam que é uma beleza. Se não
entram, cruzem os braços. Mas se virem que estão de
sorte, metam o pau: as tolices que pra�carem viram
sabedoria. Tenho visto criaturas que trabalham demais e
não progridem. Conheço indivíduos preguiçosos que têm
faro: quando a ocasião chega, desenroscam-se, abrem a
boca – e engolem tudo.
Eu não sou preguiçoso. Fui feliz nas primeiras
tenta�vas e obriguei a fortuna a ser-me favorável nas
seguintes.
Depois da morte do Mendonça, derrubei a cerca,
naturalmente, e levei-a para além do ponto em que
estava no tempo de Salus�ano Padilha. Houve
reclamações.
– Minhas senhoras, seu Mendonça pintou o diabo
enquanto viveu. Mas agora é isto. E quem não gostar,
paciência, vá à jus�ça.
Como a jus�ça era cara, não foram à jus�ça. E eu, o
caminho aplainado, invadi a terra do Fidélis, paralí�co de
um braço, e a dos Gama, que pandegavam no Recife,
estudando Direito. Respeitei o engenho do Dr.
Magalhães, juiz.
Violências miúdas passaram despercebidas. As
questões mais sérias foram ganhas no foro, graças às
chicanas de João Nogueira.
Efetuei transações arriscadas, endividei-me, importei
maquinismos e não prestei atenção aos que me
censuravam por querer abarcar o mundo com as pernas.
Iniciei a pomicultura e a avicultura. Para levar os meus
produtos ao mercado, comecei uma estrada de rodagem.
Azevedo Gondim compôs sobre ela dois ar�gos, chamou-
me patriota, citou Ford e Delmiro Gouveia. Costa Brito
também publicou uma nota na Gazeta, elogiando-me e
elogiando o chefe polí�co local. Em consequência
mordeu-me cem mil-réis.
(S. Bernardo, 1996.)
 
Verifica-se o emprego de verbo no modo impera�vo no
seguinte trecho:
a) “Se eles entram nos trilhos, rodam que é uma beleza.
Se não entram, cruzem os braços.” (7º parágrafo)
b) “Minhas senhoras, seu Mendonça pintou o diabo
enquanto viveu. Mas agora é isto.” (10º parágrafo)
c) “Para diminuir a mortalidade e aumentar a produção,
proibi a aguardente.” (3º parágrafo)
d) “Aqui existe um salto de cinco anos, e em cinco anos o
mundo dá um bando de voltas.” (5º parágrafo)
e) “Não senhor, não procedi nem percorri. Tive
aba�mentos, desejo de recuar; contornei dificuldades:
muitas curvas.” (6º parágrafo).
IT0798 - (Unesp)
Leia o trecho do livro A dança do universo, do �sico
brasileiro Marcelo Gleiser.
 
Algumas pessoas tornam-se heróis contra sua própria
vontade. Mesmo que elas tenham ideias realmente (ou
potencialmente) revolucionárias, muitas vezes não as
86@professorferretto @prof_ferretto
reconhecem como tais, ou não acreditam no seu próprio
potencial. Divididas entre enfrentar sua insegurança
expondo suas ideias à opinião dos outros, ou manter-se
na defensiva, elas preferem a segunda opção. O mundo
está cheio de poemas e teorias escondidos no porão.
Copérnico é, talvez, o mais famoso desses relutantes
heróis da história da ciência. Ele foi o homem que
colocou o Sol de volta no centro do Universo, ao mesmo
tempo fazendo de tudo para que suas ideias não fossem
difundidas, possivelmente com medo de crí�cas ou
perseguição religiosa. Foi quem colocou o Sol de volta no
centro do Universo, mo�vado por razões erradas.
Insa�sfeito com a falha do modelo de Ptolomeu, que
aplicava o dogma platônico do movimento circular
uniforme aos corpos celestes, Copérnico propôs que o
equante fosse abandonado e que o Sol passasse a ocupar
o centro do cosmo. Ao tentar fazer com que o Universo
se adaptasse às ideias platônicas, ele retomou aos
pitagóricos, ressuscitando a doutrina do fogo central, que
levou ao modelo heliocêntrico de Aristarco dezoito
séculos antes.
Seu pensamento reflete o desejo de reformular as
ideias cosmológicas de seu tempo apenas para voltar
ainda mais no passado; Copérnico era, sem dúvida, um
revolucionário conservador. Ele jamais poderia ter
imaginado que, ao olhar para o passado, estaria criando
uma nova visão cósmica, que abriria novas portas para o
futuro. Tivesse vivido o suficiente para ver os frutos de
suas ideias, Copérnico decerto teria odiado a revolução
que involuntariamente causou.
Entre 1510 e 1514, compôs um pequeno trabalho
resumindo suas ideias, in�tulado Commentariolus
(Pequeno comentário). Embora na época fosse
rela�vamente fácil publicar um manuscrito, Copérnico
decidiu não publicar seu texto, enviando apenas algumas
cópias para uma audiência seleta. Ele acreditava
piamente no ideal pitagórico de discrição; apenas
aqueles que eram iniciados nas complicações da
matemá�ca aplicada à astronomia �nham permissão
para compar�lhar sua sabedoria. Certamente essa
posição eli�sta era muito peculiar, vinda de alguém que
fora educado durante anos dentro da tradição humanista
italiana. Será que Copérnico estava tentando sen�r o
clima intelectual da época, para ter uma ideia do quão
“perigosas” eram suas ideias? Será que ele não
acreditava muito nas suas próprias ideias e, portanto,
queria evitar qualquer �po de crí�ca? Ou será que ele
estava tão imerso nos ideais pitagóricos que realmente
não �nha o menor interesse em tornar populares suas
ideias? As razões que possam jus�ficar a a�tude de
Copérnico são, até hoje, um ponto de discussão entre os
especialistas.
(A dança do universo, 2006. Adaptado.)
 
De acordo com o texto,
a) a exemplo de Aristarco, Copérnico concebeu um
Universo cujo centro era ocupado pelo Sol.
b) Copérnico contribuiu decisivamente para a
propagação de sua nova concepção do Universo.
c) a originalidade do pensamento de Copérnico foi ter
colocado o Sol no centro do Universo.
d) em sua concepção do Universo, Copérnico apropria-se
do dogma platônico do movimento circular uniforme
dos corpos celestes.
e) tanto Copérnico quanto Ptolomeu podem ser
considerados exemplos de heróis relutantes.
IT0800 - (Unesp)
Leia o trecho do livro A dança do universo, do �sico
brasileiro Marcelo Gleiser.
 
Algumas pessoas tornam-se heróis contra sua própria
vontade. Mesmo que elas tenham ideias realmente (ou
potencialmente) revolucionárias, muitas vezes não as
reconhecem como tais, ou não acreditam no seu próprio
potencial. Divididas entre enfrentar sua insegurança
expondo suas ideias à opinião dos outros, ou manter-se
na defensiva, elas preferem a segunda opção. O mundo
está cheio de poemas e teorias escondidos no porão.
Copérnico é, talvez, o mais famoso desses relutantes
heróis da história da ciência. Ele foi o homem que
colocou o Sol de volta no centro do Universo, ao mesmo
tempo fazendo de tudo para que suas ideias não fossem
difundidas, possivelmente com medo de crí�casou
perseguição religiosa. Foi quem colocou o Sol de volta no
centro do Universo, mo�vado por razões erradas.
Insa�sfeito com a falha do modelo de Ptolomeu, que
aplicava o dogma platônico do movimento circular
uniforme aos corpos celestes, Copérnico propôs que o
equante fosse abandonado e que o Sol passasse a ocupar
o centro do cosmo. Ao tentar fazer com que o Universo
se adaptasse às ideias platônicas, ele retomou aos
pitagóricos, ressuscitando a doutrina do fogo central, que
levou ao modelo heliocêntrico de Aristarco dezoito
séculos antes.
Seu pensamento reflete o desejo de reformular as
ideias cosmológicas de seu tempo apenas para voltar
ainda mais no passado; Copérnico era, sem dúvida, um
revolucionário conservador. Ele jamais poderia ter
imaginado que, ao olhar para o passado, estaria criando
uma nova visão cósmica, que abriria novas portas para o
futuro. Tivesse vivido o suficiente para ver os frutos de
suas ideias, Copérnico decerto teria odiado a revolução
que involuntariamente causou.
Entre 1510 e 1514, compôs um pequeno trabalho
resumindo suas ideias, in�tulado Commentariolus
(Pequeno comentário). Embora na época fosse
rela�vamente fácil publicar um manuscrito, Copérnico
decidiu não publicar seu texto, enviando apenas algumas
87@professorferretto @prof_ferretto
cópias para uma audiência seleta. Ele acreditava
piamente no ideal pitagórico de discrição; apenas
aqueles que eram iniciados nas complicações da
matemá�ca aplicada à astronomia �nham permissão
para compar�lhar sua sabedoria. Certamente essa
posição eli�sta era muito peculiar, vinda de alguém que
fora educado durante anos dentro da tradição humanista
italiana. Será que Copérnico estava tentando sen�r o
clima intelectual da época, para ter uma ideia do quão
“perigosas” eram suas ideias? Será que ele não
acreditava muito nas suas próprias ideias e, portanto,
queria evitar qualquer �po de crí�ca? Ou será que ele
estava tão imerso nos ideais pitagóricos que realmente
não �nha o menor interesse em tornar populares suas
ideias? As razões que possam jus�ficar a a�tude de
Copérnico são, até hoje, um ponto de discussão entre os
especialistas.
(A dança do universo, 2006. Adaptado.)
 
O medo de Copérnico de “crí�cas ou perseguição
religiosa” (2º parágrafo) deve-se ao fato de suas ideias se
oporem à teoria
a) heliocêntrica.
b) geocêntrica.
c) humanista.
d) iluminista.
e) posi�vista.
IT0801 - (Unesp)
Leia o trecho do livro A dança do universo, do �sico
brasileiro Marcelo Gleiser.
 
Algumas pessoas tornam-se heróis contra sua própria
vontade. Mesmo que elas tenham ideias realmente (ou
potencialmente) revolucionárias, muitas vezes não as
reconhecem como tais, ou não acreditam no seu próprio
potencial. Divididas entre enfrentar sua insegurança
expondo suas ideias à opinião dos outros, ou manter-se
na defensiva, elas preferem a segunda opção. O mundo
está cheio de poemas e teorias escondidos no porão.
Copérnico é, talvez, o mais famoso desses relutantes
heróis da história da ciência. Ele foi o homem que
colocou o Sol de volta no centro do Universo, ao mesmo
tempo fazendo de tudo para que suas ideias não fossem
difundidas, possivelmente com medo de crí�cas ou
perseguição religiosa. Foi quem colocou o Sol de volta no
centro do Universo, mo�vado por razões erradas.
Insa�sfeito com a falha do modelo de Ptolomeu, que
aplicava o dogma platônico do movimento circular
uniforme aos corpos celestes, Copérnico propôs que o
equante fosse abandonado e que o Sol passasse a ocupar
o centro do cosmo. Ao tentar fazer com que o Universo
se adaptasse às ideias platônicas, ele retomou aos
pitagóricos, ressuscitando a doutrina do fogo central, que
levou ao modelo heliocêntrico de Aristarco dezoito
séculos antes.
Seu pensamento reflete o desejo de reformular as
ideias cosmológicas de seu tempo apenas para voltar
ainda mais no passado; Copérnico era, sem dúvida, um
revolucionário conservador. Ele jamais poderia ter
imaginado que, ao olhar para o passado, estaria criando
uma nova visão cósmica, que abriria novas portas para o
futuro. Tivesse vivido o suficiente para ver os frutos de
suas ideias, Copérnico decerto teria odiado a revolução
que involuntariamente causou.
Entre 1510 e 1514, compôs um pequeno trabalho
resumindo suas ideias, in�tulado Commentariolus
(Pequeno comentário). Embora na época fosse
rela�vamente fácil publicar um manuscrito, Copérnico
decidiu não publicar seu texto, enviando apenas algumas
cópias para uma audiência seleta. Ele acreditava
piamente no ideal pitagórico de discrição; apenas
aqueles que eram iniciados nas complicações da
matemá�ca aplicada à astronomia �nham permissão
para compar�lhar sua sabedoria. Certamente essa
posição eli�sta era muito peculiar, vinda de alguém que
fora educado durante anos dentro da tradição humanista
italiana. Será que Copérnico estava tentando sen�r o
clima intelectual da época, para ter uma ideia do quão
“perigosas” eram suas ideias? Será que ele não
acreditava muito nas suas próprias ideias e, portanto,
queria evitar qualquer �po de crí�ca? Ou será que ele
estava tão imerso nos ideais pitagóricos que realmente
não �nha o menor interesse em tornar populares suas
ideias? As razões que possam jus�ficar a a�tude de
Copérnico são, até hoje, um ponto de discussão entre os
especialistas.
(A dança do universo, 2006. Adaptado.)
 
Expressam ideia de repe�ção e ideia de negação,
respec�vamente, os prefixos das palavras
a) “rela�vamente” (4º parágrafo) e “insegurança” (1º
parágrafo).
b) “insa�sfeito” (2º parágrafo) e “reconhecem” (1º
parágrafo).
c) “retornou” (2º parágrafo) e “difundidas” (2º
parágrafo).
d) “reformular” (3º parágrafo) e “involuntariamente” (3º
parágrafo).
e) “compar�lhar” (4º parágrafo) e “in�tulado” (4º
parágrafo).
IT0803 - (Unesp)
Examine a �ra de André Dahmer.
 
88@professorferretto @prof_ferretto
 
Na �ra, a morte é caracterizada como
a) frívola.
b) compassiva.
c) solitária.
d) incorrup�vel.
e) materialista.
IT0806 - (Unesp)
Leia o trecho do conto-prefácio “Hipotrélico”, que integra
o livro Tutameia, de João Guimarães Rosa.
 
Há o hipotrélico. O termo é novo, de impesquisada
origem e ainda sem definição que lhe apanhe em todas
as pétalas o significado. Sabe-se, só, que vem do bom
português. Para a prá�ca, tome-se hipotrélico querendo
dizer: an�podá�co, sengraçante imprizido; ou, talvez,
vice-dito: indivíduo pedante, importuno agudo, falto de
respeito para com a opinião alheia. Sob mais que,
tratando-se de palavra inventada, e, como adiante se
verá, embirrando o hipotrélico em não tolerar
neologismos, começa ele por se negar nominalmente a
própria existência.
Somos todos, neste ponto, um tento ou cento
hipotrélicos? Salvo o excepto, um neologismo contunde,
confunde, quase ofende. Perspica-nos a inércia que
soneja em cada canto do espírito, e que se refestela com
os bons hábitos estadados. Se é que um não se assuste:
saia todo-o-mundo a empinar vocábulos seus, e aonde é
que se vai dar com a língua �da e herdada? Assenta-nos
bem à modés�a achar que o novo não valerá o velho;
ajusta-se à melhor prudência relegar o progresso no
passado. [...]
Já outro, contudo, respeitável, é o caso – enfim – de
“hipotrélico”, mo�vo e base desta fábula diversa, e que
vem do bom português. O bom português, homem-de-
bem e mui�ssimo inteligente, mas que, quando ou
quando, neologizava, segundo suas necessidades ín�mas.
Ora, pois, numa roda, dizia ele, de algum sicrano,
terceiro, ausente:
– E ele é muito hiputrélico...
Ao que, o indesejável maçante, não se contendo,
emi�u o veto:
– Olhe, meu amigo, essa palavra não existe.
Parou o bom português, a olhá-lo, seu tanto perplexo:
– Como?!... Ora... Pois se eu a estou a dizer?
– É. Mas não existe.
Aí, o bom português, ainda meio enfigadado, mas no
tom já feliz de descoberta, e apontando para o outro,
peremptório:
– O senhor também é hiputrélico...
E ficou havendo.
(Tutameia, 1979.)
 
“Aí, o bom português, ainda meio enfigadado, mas no
tom já feliz de descoberta, e apontando para o outro,
peremptório:
– O senhor também é hiputrélico...” (11º e 12ºparágrafos)
 
Considerando o contexto, o termo sublinhado pode ser
subs�tuído, sem prejuízo para o sen�do do texto, por:
a) debochado.
b) contrariado.
c) distraído.
d) atrapalhado.
e) admirado.
IT0807 - (Unesp)
Leia o texto extraído da primeira parte, in�tulada “A
terra”, da obra Os sertões, de Euclides da Cunha. À obra
resultou da cobertura jornalís�ca da Guerra de Canudos,
realizada por Euclides da Cunha para o jornal O Estado de
S.Paulo de agosto a outubro de 1897, e foi publicada
apenas em 1902.
 
Percorrendo certa vez, nos fins de setembro [de
1897], as cercanias de Canudos, fugindo à monotonia de
um canhoneio1 frouxo de �ros espaçados e soturnos,
encontramos, no descer de uma encosta, anfiteatro
irregular, onde as colinas se dispunham circulando um
vale único. Pequenos arbustos, icozeiros2 virentes
89@professorferretto @prof_ferretto
viçando em tufos intermeados de palmatórias3 de flores
ru�lantes, davam ao lugar a aparência exata de algum
velho jardim em abandono. Ao lado uma árvore única,
uma quixabeira alta, sobranceando a vegetação franzina.
O sol poente desatava, longa, a sua sombra pelo chão
e protegido por ela — braços largamente abertos, face
volvida para os céus — um soldado descansava.
Descansava... havia três meses.
Morrera no assalto de 18 de julho [de 1897]. A
coronha da Mannlicher4 estrondada, o cinturão e o boné
jogados a uma banda, e a farda em �ras, diziam que
sucumbira em luta corpo a corpo com adversário
possante. Caíra, certo, derreando-se à violenta pancada
que lhe sulcara a fronte, manchada de uma escara preta.
E ao enterrarem-se, dias depois, os mortos, não fora
percebido. Não compar�ra, por isto, a vala comum de
menos de um côvado de fundo em que eram jogados,
formando pela úl�ma vez juntos, os companheiros
aba�dos na batalha. O des�no que o removera do lar
desprotegido fizera-lhe afinal uma concessão: livrara-o da
promiscuidade lúgubre de um fosso repugnante; e
deixara-o ali há três meses – braços largamente abertos,
rosto voltado para os céus, para os sóis ardentes, para os
luares claros, para as estrelas fulgurantes...
E estava intacto. Murchara apenas. Mumificara
conservando os traços fisionômicos, de modo a incu�r a
ilusão exata de um lutador cansado, retemperando-se em
tranquilo sono, à sombra daquela árvore benfazeja. Nem
um verme – o mais vulgar dos trágicos analistas da
matéria – lhe maculara os tecidos. Volvia ao turbilhão da
vida sem decomposição repugnante, numa exaustão
impercep�vel. Era um aparelho revelando de modo
absoluto, mas suges�vo, a secura extrema dos ares.
(Os sertões, 2016)
 
1 canhoneio: descarga de canhões.
2 icozeiro: arbusto de folhas coriáceas, fores de tom
verde-pálido e frutos bacáceos.
3 palmatória: planta da família das cactáceas, de fores
amarelo-esverdeadas, com a parte inferior vermelha, ou
róseas, e bagas vermelhas.
4 Mannlicher: rifle projetado por Ferdinand Ri�er von
Mannlicher.
 
Considerando o contexto histórico de produção do texto,
o soldado abandonado e seu “adversário possante”
podem ser iden�ficados, em termos polí�cos, como
a) militarista e civilista, respec�vamente.
b) abolicionista e escravista, respec�vamente.
c) escravista e abolicionista, respec�vamente.
d) republicano e monarquista, respec�vamente.
e) monarquista e republicano, respec�vamente.
IT0808 - (Unesp)
Leia o texto extraído da primeira parte, in�tulada “A
terra”, da obra Os sertões, de Euclides da Cunha. À obra
resultou da cobertura jornalís�ca da Guerra de Canudos,
realizada por Euclides da Cunha para o jornal O Estado de
S.Paulo de agosto a outubro de 1897, e foi publicada
apenas em 1902.
 
Percorrendo certa vez, nos fins de setembro [de
1897], as cercanias de Canudos, fugindo à monotonia de
um canhoneio1 frouxo de �ros espaçados e soturnos,
encontramos, no descer de uma encosta, anfiteatro
irregular, onde as colinas se dispunham circulando um
vale único. Pequenos arbustos, icozeiros2 virentes
viçando em tufos intermeados de palmatórias3 de flores
ru�lantes, davam ao lugar a aparência exata de algum
velho jardim em abandono. Ao lado uma árvore única,
uma quixabeira alta, sobranceando a vegetação franzina.
O sol poente desatava, longa, a sua sombra pelo chão
e protegido por ela — braços largamente abertos, face
volvida para os céus — um soldado descansava.
Descansava... havia três meses.
Morrera no assalto de 18 de julho [de 1897]. A
coronha da Mannlicher4 estrondada, o cinturão e o boné
jogados a uma banda, e a farda em �ras, diziam que
sucumbira em luta corpo a corpo com adversário
possante. Caíra, certo, derreando-se à violenta pancada
que lhe sulcara a fronte, manchada de uma escara preta.
E ao enterrarem-se, dias depois, os mortos, não fora
percebido. Não compar�ra, por isto, a vala comum de
menos de um côvado de fundo em que eram jogados,
formando pela úl�ma vez juntos, os companheiros
aba�dos na batalha. O des�no que o removera do lar
desprotegido fizera-lhe afinal uma concessão: livrara-o da
promiscuidade lúgubre de um fosso repugnante; e
deixara-o ali há três meses – braços largamente abertos,
rosto voltado para os céus, para os sóis ardentes, para os
luares claros, para as estrelas fulgurantes...
E estava intacto. Murchara apenas. Mumificara
conservando os traços fisionômicos, de modo a incu�r a
ilusão exata de um lutador cansado, retemperando-se em
tranquilo sono, à sombra daquela árvore benfazeja. Nem
um verme – o mais vulgar dos trágicos analistas da
matéria – lhe maculara os tecidos. Volvia ao turbilhão da
vida sem decomposição repugnante, numa exaustão
impercep�vel. Era um aparelho revelando de modo
absoluto, mas suges�vo, a secura extrema dos ares.
(Os sertões, 2016)
 
1 canhoneio: descarga de canhões.
2 icozeiro: arbusto de folhas coriáceas, fores de tom
verde-pálido e frutos bacáceos.
90@professorferretto @prof_ferretto
3 palmatória: planta da família das cactáceas, de fores
amarelo-esverdeadas, com a parte inferior vermelha, ou
róseas, e bagas vermelhas.
4 Mannlicher: rifle projetado por Ferdinand Ri�er von
Mannlicher.
 
A paisagem retratada no texto mostra-se compa�vel com
o clima que registra
a) temperaturas elevadas no verão e amenas no inverno
e precipitações escassas na maior parte do ano.
b) temperatura amena pela ação dos fortes ventos e
precipitação concentrada nos meses de inverno.
c) temperaturas elevadas e precipitações escassas e mal
distribuídas ao longo do ano.
d) temperaturas acima dos 35 ˚C e chuvas intensas,
porém mal distribuídas, ao longo do ano.
e) temperatura média elevada e duas estações bem
definidas, seca e chuvosa, ao longo do ano.
IT0810 - (Unesp)
Leia o texto extraído da primeira parte, in�tulada “A
terra”, da obra Os sertões, de Euclides da Cunha. À obra
resultou da cobertura jornalís�ca da Guerra de Canudos,
realizada por Euclides da Cunha para o jornal O Estado de
S.Paulo de agosto a outubro de 1897, e foi publicada
apenas em 1902.
 
Percorrendo certa vez, nos fins de setembro [de
1897], as cercanias de Canudos, fugindo à monotonia de
um canhoneio1 frouxo de �ros espaçados e soturnos,
encontramos, no descer de uma encosta, anfiteatro
irregular, onde as colinas se dispunham circulando um
vale único. Pequenos arbustos, icozeiros2 virentes
viçando em tufos intermeados de palmatórias3 de flores
ru�lantes, davam ao lugar a aparência exata de algum
velho jardim em abandono. Ao lado uma árvore única,
uma quixabeira alta, sobranceando a vegetação franzina.
O sol poente desatava, longa, a sua sombra pelo chão
e protegido por ela — braços largamente abertos, face
volvida para os céus — um soldado descansava.
Descansava... havia três meses.
Morrera no assalto de 18 de julho [de 1897]. A
coronha da Mannlicher4 estrondada, o cinturão e o boné
jogados a uma banda, e a farda em �ras, diziam que
sucumbira em luta corpo a corpo com adversário
possante. Caíra, certo, derreando-se à violenta pancada
que lhe sulcara a fronte, manchada de uma escara preta.
E ao enterrarem-se, dias depois, os mortos, não fora
percebido. Não compar�ra, por isto, a vala comum de
menos de um côvado de fundo em queeram jogados,
formando pela úl�ma vez juntos, os companheiros
aba�dos na batalha. O des�no que o removera do lar
desprotegido fizera-lhe afinal uma concessão: livrara-o da
promiscuidade lúgubre de um fosso repugnante; e
deixara-o ali há três meses – braços largamente abertos,
rosto voltado para os céus, para os sóis ardentes, para os
luares claros, para as estrelas fulgurantes...
E estava intacto. Murchara apenas. Mumificara
conservando os traços fisionômicos, de modo a incu�r a
ilusão exata de um lutador cansado, retemperando-se em
tranquilo sono, à sombra daquela árvore benfazeja. Nem
um verme – o mais vulgar dos trágicos analistas da
matéria – lhe maculara os tecidos. Volvia ao turbilhão da
vida sem decomposição repugnante, numa exaustão
impercep�vel. Era um aparelho revelando de modo
absoluto, mas suges�vo, a secura extrema dos ares.
(Os sertões, 2016)
 
1 canhoneio: descarga de canhões.
2 icozeiro: arbusto de folhas coriáceas, fores de tom
verde-pálido e frutos bacáceos.
3 palmatória: planta da família das cactáceas, de fores
amarelo-esverdeadas, com a parte inferior vermelha, ou
róseas, e bagas vermelhas.
4 Mannlicher: rifle projetado por Ferdinand Ri�er von
Mannlicher.
 
Considerando-se o contexto, o termo que qualifica o
substan�vo na expressão “adversário possante” (4º
parágrafo) tem sen�do oposto ao termo que qualifica o
substan�vo em
a) “violenta pancada” (4º parágrafo).
b) “tranquilo sono” (5º parágrafo).
c) “anfiteatro irregular” (1º parágrafo).
d) “fosso repugnante” (4º parágrafo).
e) “vegetação franzina” (1º parágrafo).
IT0811 - (Unesp)
Leia a narra�va “O leão, o burro e o rato”, de Millôr
Fernandes.
 
Um leão, um burro e um rato voltaram, afinal, da
caçada que haviam empreendido juntos1 e colocaram
numa clareira tudo que �nham caçado: dois veados,
algumas perdizes, três tatus, uma paca e muita caça
menor. O leão sentou-se num tronco e, com voz
tonitruante que procurava inu�lmente suavizar, berrou:
– Bem, agora que terminamos um magnífico dia de
trabalho, descansemos aqui, camaradas, para a justa
par�lha do nosso esforço conjunto. Compadre burro, por
favor, você, que é o mais sábio de nós três, com licença
do compadre rato, você, compadre burro, vai fazer a
par�lha desta caça em três partes absolutamente iguais.
Vamos, compadre rato, até o rio, beber um pouco de
91@professorferretto @prof_ferretto
água, deixando nosso grande amigo burro em paz para
deliberar.
Os dois se afastaram, foram até o rio, beberam água2
e ficaram um tempo. Voltaram e verificaram que o burro
�nha feito um trabalho extremamente me�culoso,
dividindo a caça em três partes absolutamente iguais.
Assim que viu os dois voltando o burro perguntou ao
leão:
– Pronto, compadre leão, aí está: que acha da
par�lha?
O leão não disse uma palavra. Deu uma violenta
patada na nuca do burro, prostrando-o no chão, morto.
Sorrindo, o leão voltou-se para o rato e disse:
– Compadre rato, lamento muito, mas tenho a
impressão de que concorda em que não podíamos
suportar a presença de tamanha inap�dão e burrice.
Desculpe eu ter perdido a paciência, mas não havia outra
coisa a fazer. Há muito que eu não suportava mais o
compadre burro. Me faça um favor agora – divida você o
bolo da caça, incluindo, por favor, o corpo do compadre
burro. Vou até o rio, novamente, deixando-lhe calma
para uma deliberação sensata.
 
Mal o leão se afastou, o rato não teve a menor
dúvida. Dividiu o monte de caça em dois: de um lado,
toda a caça, inclusive o corpo do burro. Do outro, apenas
um ra�nho cinza morto por acaso. O leão ainda não �nha
chegado ao rio, quando o rato o chamou:
– Compadre leão, está pronta a par�lha!
O leão, vendo a caça dividida de maneira tão justa,
não pôde deixar de cumprimentar o rato:
– Maravilhoso, meu caro compadre, maravilhoso!
Como você chegou tão depressa a uma par�lha tão
certa?
E o rato respondeu:
– Muito simples. Estabeleci uma relação matemá�ca
entre seu tamanho e o meu – é claro que você precisa
comer muito mais. Tracei uma comparação entre a sua
força e a minha – é claro que você precisa de muito
maior volume de alimentação do que eu. Comparei,
ponderadamente, sua posição na floresta com a minha –
e, evidentemente, a par�lha só podia ser esta. Além do
que, sou um intelectual, sou todo espírito!
– Inacreditável, inacreditável! Que compreensão! Que
argúcia! – exclamou o leão, realmente admirado. – Olha,
juro que nunca �nha notado, em você, essa cultura.
Como você escondeu isso o tempo todo, e quem lhe
ensinou tanta sabedoria?
– Na verdade, leão, eu nunca soube nada. Se me
perdoa um elogio fúnebre, se não se ofende, acabei de
aprender tudo agora mesmo, com o burro morto.
 
MORAL: Só um burro tenta ficar com a parte do leão.
 
1 A conjugação de esforços tão heterogêneos na
destruição do meio ambiente é coisa muito comum.
2 Enquanto estavam bebendo água, o leão reparou que o
rato estava sujando a água que ele bebia. Mas isso já é
outra fábula.
 
(100 fábulas fabulosas, 2012.)
 
A narra�va de Millôr Fernandes afasta-se do modelo
tradicional da fábula na medida em que emprega um tom
a) moralizante.
b) fantás�co.
c) lacônico.
d) ambíguo.
e) paródico.
IT0812 - (Unesp)
Leia o ar�go “Pó de pirlimpimpim”, do neurocien�sta
brasileiro Sidarta Ribeiro.
 
Alcançar o aprendizado instantâneo é um desejo
poderoso, pois o cérebro sem informação é pouco mais
que estofo de macela1. Emília, a sabida boneca de
Monteiro Lobato, aprendeu a falar copiosamente após
engolir uma pílula, adquirindo de supetão todo o
vocabulário dos seres humanos ao seu redor. No filme
Matrix (1999), a ingestão de uma pílula colorida faz o
personagem Neo descobrir que todo o mundo em que
sempre viveu não passa de uma simulação chamada
Matriz, dentro da qual é possível programar qualquer
coisa. Poucos instantes depois de se conectar a um
computador, Neo desperta e profere estupefato: “I know
kung fu”.
Entretanto, na matriz cerebral das pessoas de came e
osso, vale o dito popular: “Urubu, pra cantar, demora.” O
aprendizado de comportamentos complexos é di�cil e
demorado, pois requer a alteração massiva de conexões
neuronais. Há consenso hoje em dia de que o conteúdo
dos nossos pensamentos deriva dos padrões de a�vação
de vastas redes neuronais, impossibilitando a aquisição
instantânea de memórias intrincadas.
Mas nem sempre foi assim. Há meio século,
experimentos realizados na Universidade de Michigan
pareciam indicar que as planárias, vermes aquá�cos
passíveis de condicionamento clássico, eram capazes de
adquirir, mesmo sem treinamento, associações es�mulo-
resposta por ingestão de um extrato de planárias já
condicionadas. O resultado, aparentemente
revolucionário, sugeria que os substratos materiais da
memória são moléculas. Contudo, estudos posteriores
demonstraram que a ingestão de planárias não
condicionadas também acelerava o aprendizado,
92@professorferretto @prof_ferretto
revelando um efeito hormonal genérico, independente
do conteúdo das memórias presentes nas planárias
ingeridas.
A ingestão de memórias é impossível porque elas são
estados complexos de redes neuronais, não um quantum
de significado como a pílula da Emília. Por outro lado, é
sim possível acelerar a consolidação das memórias por
meio da o�mização de variáveis fisiológicas envolvidas no
processo. Uma linha de pesquisa importante diz respeito
ao sono, cujo bene�cio à consolidação de memórias já foi
comprovado. Em 2006, pesquisadores alemães
publicaram um estudo sobre Os efeitos mnemônicos da
es�mulação cerebral com ondas lentas (0,75 Hz)
aplicadas durante o sono por meio de um es�mulador
elétrico. Os resultados mostraram que a es�mulação de
baixa frequência é suficiente para melhorar o
aprendizado de diferentes tarefas. Ao que parece, as
oscilações lentas do sono são puro pó de pirlimpimpim.
(Sidarta Ribeiro, Limiar: ciência e vida contemporânea,
2020)
 
1macela: planta herbácea cujas fores costumam ser
usadas pela população como estofo de travesseiros.
 
Pode ser reescrito na voz passiva o seguinte trecho do
ar�go:
a) “Há consenso hoje em dia de que o conteúdodos
nossos pensamentos deriva dos padrões de a�vação
de vastas redes neuronais” (2º parágrafo).
b) “Uma linha de pesquisa importante diz respeito ao
sono” (4º parágrafo).
c) “A ingestão de memórias é impossível porque elas são
estados complexos de redes neuronais” (4º parágrafo).
d) “Em 2006, pesquisadores alemães publicaram um
estudo sobre os efeitos mnemônicos da es�mulação
cerebral” (4º parágrafo).
e) “Alcançar o aprendizado instantâneo é um desejo
poderoso” (1º parágrafo).
IT0813 - (Unesp)
Leia a crônica “A obra-prima”, de Lima Barreto, publicada
na revista Careta em 25.09.1915.
 
Marco Aurélio de Jesus, dono de um grande talento e
senhor de um sólido saber, resolveu certa vez escrever
uma obra sobre filologia.
Seria, certo, a obra-prima ansiosamente esperada e
que daria ao espírito inculto dos brasileiros as noções
exatas da língua portuguesa. Trabalhou durante três
anos, com esforço e sabiamente. Tinha preparado o seu
livro que viria trazer à confusão, à dificuldade de hoje, o
saber de amanhã. Era uma obra-prima pelas
generalizações e pelos exemplos.
A quem dedicá-la? Como dedicá-la? E o prefácio?
E Marco Aurélio resolve meditar. Ao fim de igual
tempo havia resolvido o di�cil problema.
A obra seria, segundo o velho hábito, precedida de
“duas palavras ao leitor” e levaria, como demonstração
de sua submissão intelectual, uma dedicatória.
Mas “duas palavras”, quando seriam centenas as que
escreveria? Não. E Marco Aurélio contou as “duas
palavras” uma a uma. Eram duzentas e uma e, em um
lance único, genial, destacou em relevo, ao alto da página
“duzentas e uma palavras ao leitor”.
E a dedicatória? A dedicatória, como todas as
dedicatórias, seria a “pálida homenagem” de seu talento
ao espírito amigo que lhe ensinara a pensar…
Mas “pálida homenagem”… Professor, autor de um
livro de filologia, cair na vulgaridade da expressão
comum: “pálida homenagem”? Não. E pensou. E de sua
grave meditação, de seu profundo pensamento, saiu a
frase límpida, a grande frase que definia a sua ideia da
expressão e, num gesto, sulcou o alto da página de oferta
com a frase sublime: “lívida homenagem do autor”…
Está aí como um grande gramá�co faz uma obra-
prima. Leiam-na e verão como a coisa é bela.
(Sá�ras e outras subversões, 2016.)
 
As modificações feitas pelo gramá�co nas expressões
empregadas no prefácio e na dedicatória de sua obra
manifestam seu desconforto
a) com o sen�do figurado da expressão inicialmente
pensada para o prefácio e com o caráter trivial da
expressão inicialmente pensada para a dedicatória.
b) com o sen�do figurado da expressão inicialmente
pensada para o prefácio e com o sen�do literal da
expressão inicialmente pensada para a dedicatória.
c) com o sen�do literal da expressão inicialmente
pensada para o prefácio e com o sen�do figurado da
expressão inicialmente pensada para a dedicatória.
d) com o caráter trivial das expressões inicialmente
pensadas para o prefácio e para a dedicatória.
e) com o sen�do literal da expressão inicialmente
pensada para o prefácio e com o caráter trivial da
expressão inicialmente pensada para a dedicatória.
IT0818 - (Unesp)
Leia o trecho do romance Grande sertão: veredas, de
Guimarães Rosa.
 
Sei que estou contando errado, pelos altos.
Desemendo. Mas não é por disfarçar, não pense. De
grave, na lei do comum, disse ao senhor quase tudo. Não
crio receio. O senhor é homem de pensar o dos outros
como sendo o seu, não é criatura de pôr denúncia. E
meus feitos já revogaram, prescrição dita. Tenho meu
93@professorferretto @prof_ferretto
respeito firmado. Agora, sou anta empoçada, ninguém
me caça. Da vida pouco me resta – só o deo-gra�as; e o
troco. Bobeia. Na feira de São João Branco, um homem
andava falando: – “A pátria não pode nada com a
velhice.” Discordo. A pátria é dos velhos, mais. Era um
homem maluco, os dedos cheios de anéis velhos sem
valor, as pedras re�radas – ele dizia: aqueles todos anéis
davam até choque elétrico... Não. Eu estou contando
assim, porque é o meu jeito de contar. Guerras e
batalhas? Isso é como jogo de baralho, verte, reverte. Os
revoltosos depois passaram por aqui, soldados de
Prestes, vinham de Goiás, reclamavam posse de todos os
animais de sela. Sei que deram fogo, na barra do Urucuia,
em São Romão, aonde aportou um vapor do Governo,
cheio de tropas da Bahia. Muitos anos adiante, um
roceiro vai lavrar um pau, encontra balas cravadas. O que
vale, são outras coisas. A lembrança da vida da gente se
guarda em trechos diversos, cada um com seu signo e
sen�mento, uns com os outros acho que nem não
misturam. Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo
as coisas de rasa importância. De cada vivimento que eu
real �ve, de alegria forte ou pesar, cada vez daquela hoje
vejo que eu era como se fosse diferente pessoa. Sucedido
desgovernado. Assim eu acho, assim é que eu conto. [...]
Tem horas an�gas que ficaram muito mais perto da gente
do que outras, de recente data. O senhor mesmo sabe.
(Grande sertão: veredas, 2015.)
 
No trecho “O senhor é homem de pensar o dos outros
como sendo o seu, não é criatura de pôr denúncia”, o
narrador caracteriza seu interlocutor como
a) desrespeitoso.
b) distraído.
c) presunçoso.
d) indulgente.
e) perseverante.
IT0824 - (Unesp)
Examine o cartum de Pietro Soldi, publicado em sua
conta do Instagram em 11.09.2019.
 
 
Depreende-se do cartum que o motorista
a) acredita que todas as pessoas estarão ex�ntas em
menos de dez anos.
b) duvida de que todas as pessoas estarão ex�ntas em
menos de dez anos.
c) acredita que todas as pessoas estarão ex�ntas em dez
anos.
d) duvida daqueles que dizem que todas as pessoas irão
se ex�nguir.
e) acredita que todas as pessoas estarão ex�ntas em
mais de dez anos.
IT0826 - (Unesp)
Leia o ar�go “Pó de pirlimpimpim”, do neurocien�sta
brasileiro Sidarta Ribeiro.
 
Alcançar o aprendizado instantâneo é um desejo
poderoso, pois o cérebro sem informação é pouco mais
que estofo de macela1. Emília, a sabida boneca de
Monteiro Lobato, aprendeu a falar copiosamente após
engolir uma pílula, adquirindo de supetão todo o
vocabulário dos seres humanos ao seu redor. No filme
Matrix (1999), a ingestão de uma pílula colorida faz o
personagem Neo descobrir que todo o mundo em que
sempre viveu não passa de uma simulação chamada
Matriz, dentro da qual é possível programar qualquer
coisa. Poucos instantes depois de se conectar a um
computador, Neo desperta e profere estupefato: “I know
kung fu”.
Entretanto, na matriz cerebral das pessoas de came e
osso, vale o dito popular: “Urubu, pra cantar, demora.” O
aprendizado de comportamentos complexos é di�cil e
demorado, pois requer a alteração massiva de conexões
neuronais. Há consenso hoje em dia de que o conteúdo
dos nossos pensamentos deriva dos padrões de a�vação
de vastas redes neuronais, impossibilitando a aquisição
instantânea de memórias intrincadas.
94@professorferretto @prof_ferretto
Mas nem sempre foi assim. Há meio século,
experimentos realizados na Universidade de Michigan
pareciam indicar que as planárias, vermes aquá�cos
passíveis de condicionamento clássico, eram capazes de
adquirir, mesmo sem treinamento, associações es�mulo-
resposta por ingestão de um extrato de planárias já
condicionadas. O resultado, aparentemente
revolucionário, sugeria que os substratos materiais da
memória são moléculas. Contudo, estudos posteriores
demonstraram que a ingestão de planárias não
condicionadas também acelerava o aprendizado,
revelando um efeito hormonal genérico, independente
do conteúdo das memórias presentes nas planárias
ingeridas.
A ingestão de memórias é impossível porque elas são
estados complexos de redes neuronais, não um quantum
de significado como a pílula da Emília. Por outro lado, é
sim possível acelerar a consolidação das memórias por
meio da o�mização de variáveis fisiológicas envolvidas no
processo. Uma linha de pesquisa importante diz respeito
ao sono, cujo bene�cio à consolidação de memórias já foi
comprovado. Em 2006, pesquisadores alemães
publicaram um estudo sobre Os efeitos mnemônicos da
es�mulação cerebralcom ondas lentas (0,75 Hz)
aplicadas durante o sono por meio de um es�mulador
elétrico. Os resultados mostraram que a es�mulação de
baixa frequência é suficiente para melhorar o
aprendizado de diferentes tarefas. Ao que parece, as
oscilações lentas do sono são puro pó de pirlimpimpim.
(Sidarta Ribeiro, Limiar: ciência e vida contemporânea,
2020)
 
1macela: planta herbácea cujas fores costumam ser
usadas pela população como estofo de travesseiros.
 
De acordo com o autor,
a) o avanço das pesquisas cien�ficas pode tornar a
ingestão de memórias uma prá�ca ultrapassada.
b) a ideia de aperfeiçoamento da memória a qualquer
custo pode representar um risco para a humanidade.
c) a ideia do aprendizado instantâneo pode vir a se
tornar realidade em um futuro muito próximo.
d) a consolidação de memórias pode ser acelerada
mediante o emprego de técnicas cien�ficas.
e) o emprego arbitrário de técnicas cien�ficas pode vir a
descaracterizar a própria natureza da memória.
IT0828 - (Unesp)
Leia o ar�go “Pó de pirlimpimpim”, do neurocien�sta
brasileiro Sidarta Ribeiro.
 
Alcançar o aprendizado instantâneo é um desejo
poderoso, pois o cérebro sem informação é pouco mais
que estofo de macela1. Emília, a sabida boneca de
Monteiro Lobato, aprendeu a falar copiosamente após
engolir uma pílula, adquirindo de supetão todo o
vocabulário dos seres humanos ao seu redor. No filme
Matrix (1999), a ingestão de uma pílula colorida faz o
personagem Neo descobrir que todo o mundo em que
sempre viveu não passa de uma simulação chamada
Matriz, dentro da qual é possível programar qualquer
coisa. Poucos instantes depois de se conectar a um
computador, Neo desperta e profere estupefato: “I know
kung fu”.
Entretanto, na matriz cerebral das pessoas de came e
osso, vale o dito popular: “Urubu, pra cantar, demora.” O
aprendizado de comportamentos complexos é di�cil e
demorado, pois requer a alteração massiva de conexões
neuronais. Há consenso hoje em dia de que o conteúdo
dos nossos pensamentos deriva dos padrões de a�vação
de vastas redes neuronais, impossibilitando a aquisição
instantânea de memórias intrincadas.
Mas nem sempre foi assim. Há meio século,
experimentos realizados na Universidade de Michigan
pareciam indicar que as planárias, vermes aquá�cos
passíveis de condicionamento clássico, eram capazes de
adquirir, mesmo sem treinamento, associações es�mulo-
resposta por ingestão de um extrato de planárias já
condicionadas. O resultado, aparentemente
revolucionário, sugeria que os substratos materiais da
memória são moléculas. Contudo, estudos posteriores
demonstraram que a ingestão de planárias não
condicionadas também acelerava o aprendizado,
revelando um efeito hormonal genérico, independente
do conteúdo das memórias presentes nas planárias
ingeridas.
A ingestão de memórias é impossível porque elas são
estados complexos de redes neuronais, não um quantum
de significado como a pílula da Emília. Por outro lado, é
sim possível acelerar a consolidação das memórias por
meio da o�mização de variáveis fisiológicas envolvidas no
processo. Uma linha de pesquisa importante diz respeito
ao sono, cujo bene�cio à consolidação de memórias já foi
comprovado. Em 2006, pesquisadores alemães
publicaram um estudo sobre Os efeitos mnemônicos da
es�mulação cerebral com ondas lentas (0,75 Hz)
aplicadas durante o sono por meio de um es�mulador
elétrico. Os resultados mostraram que a es�mulação de
baixa frequência é suficiente para melhorar o
aprendizado de diferentes tarefas. Ao que parece, as
oscilações lentas do sono são puro pó de pirlimpimpim.
(Sidarta Ribeiro, Limiar: ciência e vida contemporânea,
2020)
 
1macela: planta herbácea cujas fores costumam ser
usadas pela população como estofo de travesseiros.
 
95@professorferretto @prof_ferretto
Em “Ao que parece, as oscilações lentas do sono são puro
pó de pirlimpimpim” (4º parágrafo), o autor caracteriza
as “oscilações lentas do sono” como um processo
a) imaginário.
b) estéril.
c) indefinido.
d) complexo.
e) produ�vo.
IT0829 - (Unesp)
A questão focaliza uma passagem do romance Água-Mãe,
de José Lins do Rego (1901–1957).
 
Água-Mãe
Jogava com toda a alma, não podia compreender
como um jogador se encostava, não se entusiasmava com
a bola nos pés. A�rava-se, não temia a violência e com a
sua agilidade espantosa, fugia das entradas, dos
pontapés. Quando aquele back1, num jogo de subúrbio,
a�rou-se contra ele, recuou para derrubá-lo, e com
tamanha sorte que o bruto se estendeu no chão, como
um fardo. E foi assim crescendo a sua fama. Aos poucos
se foi adaptando ao novo Joca que se formara nos
campos do Rio. Dormia no clube, mas a sua vida era cada
vez mais agitada. Onde quer que es�vesse, era
reconhecido e aplaudido. Os garçons não queriam cobrar
as despesas que ele fazia e até mesmo nos ônibus,
quando ia descer, o motorista lhe dizia sempre:
— Joca, você aqui não paga.
Quando entrava no cinema era reconhecido. Vinham
logo meninos para perto dele. Sabia que agradava muito.
No clube �nha amigos. Havia porém o an�go center-
forward2 que se sen�u roubado com a sua chegada. Não
�nha razão. Ele fora chamado. Não se oferecera. E o
homem se enfureceu com Joca. Era um jogador de fama,
que fora grande nos campos da Europa e por isso pouco
ligava aos que não �nham o seu cartaz. A entrada de
Joca, o sucesso rápido, a maravilha de agilidade e de
oportunismo, que caracterizava o jogo do novato,
irritava-o até ao ódio. No dia em que �vera que ceder a
posição, a um menino do Cabo Frio, for a para ele como
se �vesse perdido as duas pernas. Viram-no chorando, e
por isso concentrou em Joca toda a sua raiva. No entanto,
Joca sempre o procurava. Tinha sido a sua admiração, o
seu herói.
 
1- Beque, ou seja, o zagueiro de hoje.
2- Centroavante.
(Água-Mãe, 1974.)
 
No primeiro parágrafo, predominam verbos empregados
no
a) pretérito perfeito do modo indica�vo.
b) pretérito imperfeito do modo indica�vo.
c) presente do modo indica�vo.
d) presente do modo subjun�vo.
e) pretérito mais-que-perfeito do modo indica�vo.
IT0830 - (Unesp)
A questão focaliza uma passagem do romance Água-Mãe,
de José Lins do Rego (1901–1957).
 
Água-Mãe
Jogava com toda a alma, não podia compreender
como um jogador se encostava, não se entusiasmava com
a bola nos pés. A�rava-se, não temia a violência e com a
sua agilidade espantosa, fugia das entradas, dos
pontapés. Quando aquele back1, num jogo de subúrbio,
a�rou-se contra ele, recuou para derrubá-lo, e com
tamanha sorte que o bruto se estendeu no chão, como
um fardo. E foi assim crescendo a sua fama. Aos poucos
se foi adaptando ao novo Joca que se formara nos
campos do Rio. Dormia no clube, mas a sua vida era cada
vez mais agitada. Onde quer que es�vesse, era
reconhecido e aplaudido. Os garçons não queriam cobrar
as despesas que ele fazia e até mesmo nos ônibus,
quando ia descer, o motorista lhe dizia sempre:
— Joca, você aqui não paga.
Quando entrava no cinema era reconhecido. Vinham
logo meninos para perto dele. Sabia que agradava muito.
No clube �nha amigos. Havia porém o an�go center-
forward2 que se sen�u roubado com a sua chegada. Não
�nha razão. Ele fora chamado. Não se oferecera. E o
homem se enfureceu com Joca. Era um jogador de fama,
que fora grande nos campos da Europa e por isso pouco
ligava aos que não �nham o seu cartaz. A entrada de
Joca, o sucesso rápido, a maravilha de agilidade e de
oportunismo, que caracterizava o jogo do novato,
irritava-o até ao ódio. No dia em que �vera que ceder a
posição, a um menino do Cabo Frio, for a para ele como
se �vesse perdido as duas pernas. Viram-no chorando, e
por isso concentrou em Joca toda a sua raiva. No entanto,
Joca sempre o procurava. Tinha sido a sua admiração, o
seu herói.
 
1- Beque, ou seja, o zagueiro de hoje.
2- Centroavante.
(Água-Mãe, 1974.)
 
Quando entrava no cinema era reconhecido.
 
A língua portuguesa aceita muitas variações na ordem
dos termos na oração e no período, desde que não
causem a desestruturação sintá�ca e a perturbação ou
quebra do sen�do. Assinale a alterna�va em que a
96@professorferrettona realidade. Ele seguia incrédulo. Fazia-se
de desentendido, mas na verdade só queria me in�midar.
As minhas explicações sobre o romance eram inúteis. Eu
tentava dizer que, para os brancos que não acreditam em
deuses, a ficção servia de mitologia, era o equivalente
dos mitos dos índios, e antes mesmo de terminar a frase,
já não sabia se o idiota era ele ou eu. Ele não dizia nada a
não ser: “O que você quer com o passado?”. Repe�a. E,
diante da sua insistência bovina, �ve de me render à
evidência de que eu não sabia responder à sua pergunta.
Bernardo Carvalho, Nove Noites. Adaptado.
 
Sem prejuízo de sen�do e fazendo as adaptações
necessárias, é possível subs�tuir as expressões em
destaque no texto, respec�vamente, por
a) incompreensão; armação; inofensivo; irredu�vel. 
b) al�vez; brincadeira; ofendido; mansa. 
c) ignorância; men�ra; prejudicado; alienada. 
d) complacência; invenção; bobo; cega. 
e) arrogância; entretenimento; incapaz; animalesca. 
IT0361 - (Enem)
O bebê de tarlatana rosa
– [...] Na terça desliguei-me do grupo e caí no mar alto da
depravação, só, com uma roupa leve por cima da pele e
todos os maus ins�ntos fus�gados. De resto a cidade
inteira estava assim. É o momento em que por trás das
máscaras as meninas confessam paixões aos rapazes, é o
instante em que as ligações mais secretas transparecem,
em que a virgindade é dúbia e todos nós a achamos
inú�l, a honra uma caceteação, o bom senso uma fadiga.
Nesse momento tudo é possível, os maiores absurdos, os
maiores crimes; nesse momento há um riso que galvaniza
os sen�dos e o beijo se desata naturalmente.
Eu estava trepidante, com uma ânsia de acanalhar-me,
quase mórbida. Nada de raparigas do galarim
perfumadas e por demais conhecidas, nada do contato
familiar, mas o deboche anônimo, o deboche ritual de
chegar, pegar, acabar, con�nuar. Era ignóbil. Felizmente
muita gente sofre do mesmo mal no carnaval.
RIO, J. Dentro da noite. São Paulo: An�qua, 2002.
 
No texto, o personagem vincula ao carnaval a�tudes e
reações cole�vas diante das quais expressa
a) consagração da alegria do povo. 
b) atração e asco perante a�tudes liber�nas. 
c) espanto com a quan�dade de foliões nas ruas. 
d) intenção de confraternizar com desconhecidos. 
e) reconhecimento da festa como manifestação cultural.
 
IT0330 - (Enem)
Urgência emocional
Se tudo é para ontem, se a vida engata uma primeira e
sai em disparada, se não há mais tempo para paradas
estratégicas, caímos fatalmente no vício de querer que os
amores sejam igualmente resolvidos num á�mo de
segundo. Temos pressa para ouvir “eu te amo”. Não
vemos a hora de que fiquem estabelecidas as regras de
convívio: somos namorados, ficantes, casados, amantes?
Urgência emocional. Uma cilada. Associamos diversas
palavras ao AMOR: paixão, romance, sexo, adrenalina,
palpitação. Esquecemos, no entanto, da palavra que
viabiliza esse sen�mento: “paciência”. Amor sem
paciência não vinga. Amor não pode ser mas�gado e
engolido com emergência, com fome desesperada. É uma
refeição que pode durar uma vida.
MEDEIROS, M. Disponível em:
h�p:/porumavidasimples.blogspot.com.br. Acesso em: 20
ago. 2017 (adaptado).
 
Nesse texto de opinião, as marcas linguís�cas revelam
uma situação distensa e de pouca formalidade, o que se
evidencia pelo(a)
a) impessoalização ao longo do texto, como em: “se não
há mais tempo”. 
b) construção de uma atmosfera de urgência, em
palavras como: “pressa”. 
c) repe�ção de uma determinada estrutura sintá�ca,
como em: “Se tudo é para ontem”. 
d) ênfase no emprego da hipérbole, como em: “uma
refeição que pode durar uma vida”. 
e) emprego de metáforas, como em: “a vida engata uma
primeira e sai em disparada”. 
IT0017 - (Enem)
TEXTO I
Terezinha de Jesus
De uma queda foi ao chão
Acudiu três cavalheiros
Todos os três de chapéu na mão
O primeiro foi seu pai
O segundo, seu irmão
O terceiro foi aquele
A quem Tereza deu a mão
10@professorferretto @prof_ferretto
BATISTA, M. F. B. M.; SANTOS, I. M. F. (Org.). Cancioneiro
da Paraíba. João Pessoa: Grafset, 1993 (adaptado).
 
TEXTO II
 
Outra interpretação é feita e par�r das condições sociais
daquele tempo. Para a ama e para a criança para quem
cantava a can�ga, e música falava do casamento como
um des�no natural na vida da mulher, na sociedade
brasileira do século XIX, marcada pelo patriarcalismo. A
música prepara a moça para o seu des�no não apenas
inexorável, mas desejável; o casamento, estabelecendo
uma hierarquia de obediência (pai, irmão mais velho,
marido), de acordo com a época e circunstâncias de sua
vida.
Disponível em: h�p://provsjose.blogspot.com.br. Acesso
em: 5 dez. 2012.
 
O comentário do Texto II sobre o Texto I evoca a
mobilização da língua oral que, em determinados
contextos, 
a) assegura existência de pensamentos contrários à
ordem vigente. 
b) mantém a heterogeneidade das formas de relações
sociais. 
c) conserva a influência sobre certas culturas. 
d) preserva a diversidade cultural e comportamental. 
e) reforça comportamentos e padrões culturais.
IT0294 - (Fuvest)
Leia os seguintes textos de Machado de Assis:
 
I.
Suave mari magno*
 
Lembra-me que, em certo dia,
Na rua, ao sol de verão,
Envenenado morria
Um pobre cão.
 
Arfava, espumava e ria,
De um riso espúrio e bufão,
Ventre e pernas sacudia
Na convulsão.
 
Nenhum, nenhum curioso
Passava, sem se deter,
Silencioso,
 
Junto ao cão que ia morrer,
Como se lhe desse gozo
Ver padecer.
Machado de Assis. Ocidentais.
 
* Expressão la�na, re�rada de Lucrécio (Da natureza das
coisas), a qual aparece no seguinte trecho: Suave, mari
magno, turban�bus aequora ven�s/ E terra magnum
alterius spectare laborem. (“É agradável, enquanto no
mar revoltoso os ventos levantam as águas, observar da
terra os grandes esforços de um outro.”).
 
II.
Tão certo é que a paisagem depende do ponto de vista, e
que o melhor modo de apreciar o chicote é ter-lhe o cabo
na mão.
Machado de Assis. Quincas Borba, cap. XVIII.
 
III.
Sofia soltou um grito de horror e acordou. Tinha ao pé do
leito o marido:
– Que foi? perguntou ele.
– Ah! respirou Sofia. Gritei, não gritei?
(...)
– Sonhei que estavam matando você.
Palha ficou enternecido. Havê-la feito padecer por ele,
ainda que em sonhos, encheu-o de piedade, mas de uma
piedade gostosa, um sen�mento par�cular, ín�mo,
profundo, – que o faria desejar outros pesadelos, para
que o assassinassem aos olhos dela, e para que ela
gritasse angus�ada, convulsa, cheia de dor e de pavor.
Machado de Assis. Quincas Borba, cap. CLXI.
 
A analogia consiste em um recurso de expressão
comumente u�lizado para ilustrar um raciocínio por meio
da semelhança que se observa entre dois fatos ou ideias.
No texto II, a analogia construída a par�r da imagem do
chicote pretende sugerir que
a) o instrumento do cas�go nem sempre cai em mãos
justas. 
b) o apreço aos objetos independe do uso que se faz
deles. 
c) o cabo é metáfora de mérito, e a ponta, metáfora de
culpa. 
d) o mais fraco, por ser compassivo, é incapaz de
desfrutar do poder. 
e) o prazer verdadeiro se experimenta no lado dos
dominantes.
IT0029 - (Enem)
Censura moralista 
 
Há tempos que a leitura está em pauta. E, diz-se, em
crise. Comenta-se esta crise, por exemplo, apontando a
precariedade das prá�cas de leitura, lamentando a falta
de familiaridade dos jovens com livros, reclamando da
falta de bibliotecas em tantos municípios, do preço dos
11@professorferretto @prof_ferretto
livros em livrarias, num nunca acabar de problemas e de
carências. Mas, de um tempo para cá, pesquisas
acadêmicas vêm dizendo que talvez não seja exatamente
assim, que brasileiros leem, sim, só que leem livros que
as pesquisas tradicionais não levam em conta. E, também
de um tempo para cá, polí�cas educacionais têm tomado
a peito inves�r em livros e em leitura.
LAJOLO, M. Disponível em: www.estadao.com.br. Acesso
em: 2 dez. 2013 (fragmento).
 
Os falantes, nos textos que produzem, sejam orais ou
escritos, posicionam-se frente a assuntos que geram
consenso ou despertam polêmica. No texto, a autora 
a) ressalta@prof_ferretto
reordenação dos elementos não altera a estrutura do
período em destaque e mantém o mesmo sen�do,
a) Quando era no reconhecido cinema entrava.
b) Era reconhecido quando entrava no cinema.
c) Entrava quando no cinema era reconhecido.
d) Quando era reconhecido entrava no cinema.
e) Entrava reconhecido quando era no cinema.
IT0831 - (Unesp)
A questão toma por base uma passagem do ar�go Os
operários da música livre, de Ronaldo Evangelista,
 
Desde o final do século 20, toda a engrenagem
industrial do mercado musical passa por intensas
transformações, como o surgimento e disseminação de
novas tecnologias, em grande parte gratuitas, como os
arquivos MP3, as redes de compar�lhamento destes
arquivos, mecanismos torrents, sites de armazenamento
de conteúdo, ferramentas de publicação on-line – tudo à
disposição de quem quisesse dividir com os outros suas
canções e discos favoritas. A era pós-industrial a�ngiu
toda a indústria do entretenimento, mas o braço da
música foi quem mais sofreu, especialmente as grandes
gravadoras mul�nacionais, as chamadas majors, que
sofreram um declínio em todas as etapas de seu an�go
negócio, ao mesmo tempo em que rapidamente se
aperfeiçoavam ferramentas baratas e caseiras de
produção que diminuíam a distância entre amadores e
profissionais.
A era digital é também chamada de pós-industrial
porque confronta o modelo de produção que dominava
até o final do século 20. Esse modelo industrial é baseado
na repe�ção, em formatar e embalar. Por trás disso, a
ideia é obter a máxima produção – o que, para produtos
em geral, funciona muito bem. Quando esses parâmetros
são aplicados à arte, a venda do produto (por exemplo, o
disco) depende do conteúdo (a canção). À canção que vai
resultar nessa “produção máxima” é buscada por meio
de um equilíbrio entre cria�vidade e uma fórmula de
sucesso que desperte o interesse do público. Como
estudos ainda não conseguiram decifrar como direcionar
a cria�vidade de uma maneira que certamente
despertará esse interesse (e maximizará a produção), a
opção normalmente costuma ser pela solução mais
simples.
“Cada um tem descoberto suas fórmulas e
possibilidades, pois tudo tende a ser cada vez menos
homogêneo”, opina o baiano Lucas Santana, que realizou
seus discos recentes às próprias custas. “Claro que ainda
existe uma distância em relação aos ar�stas
chamados mainstream”, con�nua. “Mas você muda o
tamanho da escala e já está tudo igual em termos
de business. A pergunta é se essa geração faz uma
música para esse grande mercado ou se ela está
formando um novo público. Outra pergunta é se o grande
mercado na verdade não passa de uma imposição de
uma máfia que dita o que vai ser popular.”
(Galileu, março de 2013. Adaptado.)
 
Segundo o autor, desde o final do século 20, as novas
tecnologias e so�wares voltados para a música
beneficiaram
a) as lojas especializadas na venda de discos de vinil e
digitais.
b) os distribuidores de discos de vinil no mercado
internacional.
c) as grandes gravadoras e produtoras nacionais de
discos.
d) as grandes redes de supermercados e shoppings.
e) os usuários interessados em compar�lhar músicas.
IT0832 - (Unesp)
A questão toma por base uma passagem do ar�go Os
operários da música livre, de Ronaldo Evangelista,
 
Desde o final do século 20, toda a engrenagem
industrial do mercado musical passa por intensas
transformações, como o surgimento e disseminação de
novas tecnologias, em grande parte gratuitas, como os
arquivos MP3, as redes de compar�lhamento destes
arquivos, mecanismos torrents, sites de armazenamento
de conteúdo, ferramentas de publicação on-line – tudo à
disposição de quem quisesse dividir com os outros suas
canções e discos favoritas. A era pós-industrial a�ngiu
toda a indústria do entretenimento, mas o braço da
música foi quem mais sofreu, especialmente as grandes
gravadoras mul�nacionais, as chamadas majors, que
sofreram um declínio em todas as etapas de seu an�go
negócio, ao mesmo tempo em que rapidamente se
aperfeiçoavam ferramentas baratas e caseiras de
produção que diminuíam a distância entre amadores e
profissionais.
A era digital é também chamada de pós-industrial
porque confronta o modelo de produção que dominava
até o final do século 20. Esse modelo industrial é baseado
na repe�ção, em formatar e embalar. Por trás disso, a
ideia é obter a máxima produção – o que, para produtos
em geral, funciona muito bem. Quando esses parâmetros
são aplicados à arte, a venda do produto (por exemplo, o
disco) depende do conteúdo (a canção). À canção que vai
resultar nessa “produção máxima” é buscada por meio
de um equilíbrio entre cria�vidade e uma fórmula de
sucesso que desperte o interesse do público. Como
estudos ainda não conseguiram decifrar como direcionar
a cria�vidade de uma maneira que certamente
despertará esse interesse (e maximizará a produção), a
97@professorferretto @prof_ferretto
opção normalmente costuma ser pela solução mais
simples.
“Cada um tem descoberto suas fórmulas e
possibilidades, pois tudo tende a ser cada vez menos
homogêneo”, opina o baiano Lucas Santana, que realizou
seus discos recentes às próprias custas. “Claro que ainda
existe uma distância em relação aos ar�stas
chamados mainstream”, con�nua. “Mas você muda o
tamanho da escala e já está tudo igual em termos
de business. A pergunta é se essa geração faz uma
música para esse grande mercado ou se ela está
formando um novo público. Outra pergunta é se o grande
mercado na verdade não passa de uma imposição de
uma máfia que dita o que vai ser popular.”
(Galileu, março de 2013. Adaptado.)
 
Numerosas palavras da língua inglesa são adotadas no
mundo todo em jornais, revistas e livros especializados,
por terem sido incorporadas aos vocabulários da
indústria, do comércio, da tecnologia e de muitas outras
a�vidades. Levando em consideração o contexto do
ar�go, assinale a alterna�va em que a palavra da língua
inglesa é empregada para designar algo ou alguém que
caiu no gosto do público, com vasta disseminação pela
mídia:
a) majors.
b) mainstream.
c) torrents.
d) sites.
e) business.
IT0833 - (Unesp)
Leia uma passagem de um romance de Autran Dourado
(1926–2012).
 
A gente Honório Cota
 
Quando o coronel João Capistrano Honório Cota
mandou erguer o sobrado, �nha pouco mais de trinta
anos. Mas já era homem sério de velho, reservado,
cumpridor. Cuidava muito dos trajes, da sua aparência
medida. O jaquetão de casimira inglesa, o colete de linho
atravessado pela grossa corrente de ouro do relógio; a
calça é que era como a de todos na cidade — de brim, a
não ser em certas ocasiões (ba�zado, morte, casamento
— então era parelho mesmo, por igual), mas sempre
muito bem passada, o vinco perfeito. Dava gosto ver: 
O passo vagaroso de quem não tem pressa — o
mundo podia esperar por ele, o peito magro estufado, os
gestos lentos, a voz pausada e grave, descia a rua da
Igreja cumprimentando cerimoniosamente, nobremente,
os que por ele passavam ou os que chegavam na janela
muitas vezes só para vê-lo passar.
Desde longe a gente adivinhava ele vindo: alto,
magro, descarnado, como uma ave pernalta de grande
porte. Sendo assim tão descomunal, podia ser
desajeitado: não era, dava sempre a impressão de uma
grande e ponderada figura. Não jogava as pernas para os
lados nem as trazia abertas, es�cava-as feito medisse os
passos, quebrando os joelhos em reto.
Quando montado, indo para a sua Fazenda da Pedra
Menina, no cavalo branco ajaezado de couro trabalhado
e prata, aí então sim era a grande, imponente figura, que
enchia as vistas. Parecia um daqueles cavaleiros an�gos,
fugidos do Amadis de Gaula ou do Palmeirim, quando
iam para a guerra armados cavaleiros.
(Ópera dos mortos, 1970.)
 
No início do segundo parágrafo, por ter na frase a mesma
função sintá�ca que o vocábulo “vagaroso” com relação a
“passo”, a oração “de quem não tem pressa” é
considerada
a) coordenada sindé�ca.
b) subordinada substan�va.
c) subordinada adje�va.
d) coordenada assindé�ca.
e) subordinada adverbial.
IT0834 - (Unesp)
Leia uma passagem de um romance de Autrana importância de os professores incen�varem
os jovens às prá�cas de leitura. 
b) cri�ca pesquisas tradicionais que atribuem a falta de
leitura à precariedade de bibliotecas. 
c) rebate a ideia de que as polí�cas educacionais são
eficazes no combate à crise de leitura. 
d) ques�ona a existência de uma crise de leitura com
base nos dados de pesquisas acadêmicas. 
e) atribui a crise da leitura à falta de incen�vos e ao
desinteresse dos jovens por livros de qualidade. 
IT0355 - (Enem)
Notas
Soluços, lágrimas, casa armada, veludo preto nos portais,
um homem que veio ves�r o cadáver, outro que tomou a
medida do caixão, caixão, essa, tocheiros, convites,
convidados que entravam, lentamente, a passo surdo, e
apertavam a mão à família, alguns tristes, todos sérios e
calados, padre e sacristão, rezas, aspersões d’água benta,
o fechar do caixão, a prego e martelo, seis pessoas que o
tomam da essa, e o levantam, e o descem a custo pela
escada, não obstante os gritos, soluços e novas lágrimas
da família, e vão até o coche fúnebre, e o colocam em
cima e traspassam e apertam as correias, o rodar do
coche, o rodar dos carros, um a um... Isto que parece um
simples inventário eram notas que eu havia tomado para
um capítulo triste e vulgar que não escrevo.
ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas.
www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 25 jul. 2022.
 
O recurso linguís�co que permite a Machado de Assis
considerar um capítulo de Memórias póstumas de Brás
Cubas como inventário é a
a) enumeração de objetos e fatos. 
b) predominância de linguagem obje�va. 
c) ocorrência de período longo no trecho. 
d) combinação de verbos no presente e no pretérito. 
e) presença de léxico do campo semân�co de funerais. 
IT0344 - (Enem)
A escrava
– Admira-me –, disse uma senhora de sen�mentos
sinceramente abolicionistas —; faz-me até pasmar como
se possa sen�r, e expressar sen�mentos escravocratas,
no presente século, no século dezenove! A moral
religiosa e a moral cívica aí se erguem, e falam bem alto
esmagando a hidra que envenena a família no mais
sagrado santuário seu, e desmoraliza, e avilta a nação
inteira! Levantai os olhos ao Gólgota, ou percorrei-os em
torno da sociedade, e dizei-me:
– Para que se deu em sacri�cio, o Homem Deus, que ali
exalou seu derradeiro alento? Ah! Então não era verdade
que seu sangue era o resgate do homem! É então uma
men�ra abominável ter esse sangue comprado a
liberdade!? E depois, olhai a sociedade... Não vedes o
abutre que a corrói constantemente!... Não sen�s a
desmoralização que a enerva, o cancro que a destrói?
Por qualquer modo que encaremos a escravidão, ela é, e
sempre será um grande mal. Dela a decadência do
comércio; porque o comércio e a lavoura caminham de
mãos dadas, e o escravo não pode fazer florescer a
lavoura; porque o seu trabalho é forçado.
REIS, M. F. Úrsula outras obras. Brasília: Câmara dos
Deputados, 2018.
 
Inscrito na esté�ca român�ca da literatura brasileira, o
conto descor�na aspectos da realidade nacional no
século XIX ao
a) revelar a imposição de crenças religiosas a pessoas
escravizadas. 
b) apontar a hipocrisia do discurso conservador na
defesa da escravidão. 
c) sugerir prá�cas de violência �sica e moral em nome do
progresso material. 
d) relacionar o declínio da produção agrícola e comercial
a questões raciais. 
e) ironizar o comportamento dos proprietários de terra
na exploração do trabalho. 
IT0022 - (Enem)
Palavras jogadas fora
 
Quando criança, convivia no interior de São Paulo com o
curioso verbo pinchar e ainda o ouço por lá
esporadicamente. O sen�do da palavra é o de “jogar
fora” (pincha fora essa porcaria) ou “mandar embora”
(pincha esse fulano daqui). Teria sido uma das muitas
palavras que ouvi menos na capital do estado e, por
conseguinte, deixei de usar. Quando indago às pessoas se
conhecem esse verbo, comumente escuto respostas
como “minha avó fala isso”. Aparentemente, para muitos
12@professorferretto @prof_ferretto
falantes, esse verbo é algo do passado, que deixará de
exis�r tão logo essa geração an�ga morrer. 
As palavras são, em sua grande maioria, resultados de
uma tradição: elas já estavam lá antes de nascermos.
“Tradição”, e�mologicamente, é o ato de entregar, de
passar adiante, de transmi�r (sobretudo valores
culturais). O rompimento da tradição de uma palavra
equivale à sua ex�nção. A gramá�ca norma�va muitas
vezes colabora criando preconceitos, mas o fator mais
forte que mo�va os falantes a ex�nguirem uma palavra é
associar a palavra, influenciados direta ou indiretamente
pela visão norma�va, a um grupo que julga não ser o seu.
O pinchar, associado ao ambiente rural, onde há pouca
escolaridade e refinamento citadino, está fadado à
ex�nção?
É louvável que nos preocupemos com a ex�nção de
ararinhas-azuis ou dos micos-leão-dourados, mas a
ex�nção de uma palavra não promove nenhuma
comoção, como não nos comovemos com a ex�nção de
insetos, a não ser dos extraordinariamente belos. Pelo
contrário, muitas vezes a ex�nção das palavras é
incen�vada.
VIARO, M. E. Língua Portuguesa. n. 77, mar. 2012
(adaptado).
 
A discussão empreendida sobre o (des)uso do verbo
“pinchar” nos traz uma reflexão sobre a linguagem e seus
usos, a par�r da qual compreende-se que 
a) as palavras esquecidas pelos falantes devem ser
descartadas dos dicionários, conforme sugere o
�tulo. 
b) o cuidado com espécies animais em ex�nção é mais
urgente do que a preservação de palavras. 
c) o abandono de determinados vocábulos está
associado a preconceitos socioculturais. 
d) as gerações têm a tradição de perpetuar o inventário
de uma língua. 
e) o mundo contemporâneo exige a inovação do
vocabulário das línguas. 
IT0035 - (Enem)
Ó Pátria amada.
Idolatrada,
Salve! Salve!
Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
— “Paz no futuro e glória no passado.”
Mas, se ergues da jus�ça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gen�l,
Pátria amada, Brasil!
Hino Nacional do Brasil. Letra: Joaquim Osório Duque
Estrada.
Música: Francisco Manuel da Silva (fragmento).
 
O uso da norma-padrão na letra do Hino Nacional do
Brasil é jus�ficado por tratar-se de um(a) 
a) reverência de um povo a seu país. 
b) gênero solene de caracterís�ca protocolar. 
c) canção concebida sem interferência da oralidade. 
d) escrita de uma fase mais an�ga da língua
portuguesa. 
e) artefato cultural respeitado por todo o povo
brasileiro. 
IT0302 - (Fuvest)
Uma úl�ma gargalhada estrondosa. 1E depois, o silêncio.
O palhaço jazia 2imóvel no chão. 3Mas seu rosto con�nua
sorrindo, para sempre. Porque a carreira original do
Coringa era para durar apenas 30 páginas. O tempo de
envenenar Gotham, sequestrar 4Robin, enfiar um par de
sopapos na Homem-Morcego e disparar o primeiro “vou
te matar” da sua relação. Na briga final do Batman nº. 1,
o “horripilante bufão” sofria um final digno de sua
desumana ironia: 5ao tropeçar, cravava sua própria adaga
no peito. Assim decidiram e desenharam 6seus pais, os
ar�stas Bill Finger, Bob Kane e Jerry Robinson. Entretanto,
o criminoso mostrou, já em sua primeira aventura, um
enorme talento para 7se rebelar contra a ordem
estabelecida. 8Seu carisma seduziu a editora DC Comics,
que impôs o acréscimo de um quadrinho. Já dentro da
ambulância, vinha à tona “um dado desconcertante”. E
então um médico sentenciava: “Con�nua 9vivo. E vai
sobreviver!”.
Tommaso Koch. “O Coringa completa 80 anos e na
Espanha ganha duas HQs, que inspiram debates
filosóficos sobre a liberdade”,
EI País. Junho/2020.
 
As vírgulas em “E depois, o silêncio.” (ref. 1) e em “Mas
seu rosto con�nua sorrindo, para sempre.” (ref. 3) são
usadas, respec�vamente, com a mesma finalidade que as
vírgulas em
13@professorferretto @prof_ferretto
a) “Após a queda, tomaram mais cuidado.” e “Quanto
mais espaço, mais liberdade.”.
b) “Aos estrangeiros, ofereceram iguarias.”e “Limpavam
a casa, e preparávamos as refeições.”.
c) “Colheram trigo e nós, algodão.” e “Eles se
encontraram nas férias, mas não viajaram.”.
d) “Para meus amigos, o melhor.” e “Organizava tudo,
cautelosamente.”.
e) “Viu o espetáculo, considerado o maior fenômeno de
bilheteria.” e “‘Conheço muito bem’, afirmou o rapaz.”.
IT0304 - (Fuvest)
Terça é dia de Veneza revelar as atrações de seu fes�val
anual, cuja 77.ª edição começa no dia 2 de setembro,
com a dramédia “Lacci”, do romano Daniele Luche�,
seguindo até 12/9, com 50 produções internacionais e
uma expecta�va (extraoficial) de colocar “West Side
Story”, de Steven Spielberg, na ribalta.
Rodrigo Fonseca. “À espera dos rugidos de Veneza”. O
Estado de S. Paulo. Julho/2020. Adaptado.
 
Um processo de formação de palavras em língua
portuguesa é o cruzamento vocabular, em que são
misturadas pelo menos duas palavras na formação de
uma terceira. A força expressiva dessa nova palavra
resulta da síntese de significados e do inesperado da
combinação, como é o caso de “dramédia” no texto.
Ocorre esse mesmo �po de formação em
a) “deleitura” e “namorido”.
b) “passatempo” e “microves�do”.
c) “hidrelétrica” e “sabiamente”.
d) “arenista” e “girassol”.
e) “planalto” e “mul�cor”.
IT0023 - (Enem)
Azeite de oliva e óleo de linhaça: uma dupla imba�vel
 
Rico em gorduras do bem, ela combate a obesidade, dá
um chega pra lá no diabete e ainda livra o coração de
entraves
 
Ninguém precisa esquentar a cabeça caso não seja
possível usar os dois óleos jun�nhos, no mesmo dia.
Individualmente, o duo também bate um bolão. Segundo
um estudo recente do grupo EurOlive, formado por
ins�tuições de cinco países europeus, os polifenóis do
azeite de oliva ajudam a frear a oxidação do colesterol
LDL, considerado perigoso. Quando isso ocorre, reduz-se
o risco de placas de gordura na parede dos vasos, a
temida aterosclerose - doença por trás de encrencas
como o infarto.
MANARINI, T. Saúde é vital. n. 347, fev. 2012 (adaptado).
 
Para divulgar conhecimento de natureza cien�fica para
um público não especializado, Manarini recorre à
associação entre vocabulário formal e vocabulário
informal. Altera-se o grau de formalidade do segmento
no texto, sem alterar o sen�do da informação, com a
subs�tuição de 
a) “dá um chega pra lá no diabete” por “manda embora o
diabete”. 
b) “esquentar a cabeça” por “quebrar a cabeça”. 
c) “bate um bolão” por “é um show”. 
d) “jun�nhos” por “misturadinhos”. 
e) “por trás de encrencas” por “causadora de
problemas”. 
IT0015 - (Enem)
O Ins�tuto de Arte de Chicago disponibilizou para
visualização on-line, compar�lhamento ou download
(sob licença Crea�ve Commons), 44 mil imagens de obras
de arte em al�ssima resolução, além de livros, estudos e
pesquisas sobre a história da arte.
Para o historiador da arte, Bendor Grosvenor, o sucesso
das coleções on-line de acesso aberto, além de
democra�zar a arte, vem ajudando a formar um novo
público museológico. Grosvenor acredita que quanto
mais pessoas forem expostas à arte on-line, mais visitas
pessoais acontecerão aos museus.
A coleção está disponível em seis categorias: paisagens
urbanas, impressionismo, essenciais, arte africana, moda
e animais. Também é possível pesquisar pelo nome da
obra, es�lo, autor ou período. Para navegar pela imagem
em alta definição, basta clicar sobre ela e u�lizar a
ferramenta de zoom. Para fazer o download, disponível
para obras de domínio público, é preciso u�lizar a seta
localizada do lado inferior direito da imagem.
Disponível em: www.revistabula.com.
Acesso em: 5 dez. 2018 (adaptado).
 
A função da linguagem que predomina nesse texto se
caracteriza por 
a) evidenciar a subje�vidade da reportagem com base na
fala do historiador de arte. 
b) convencer o leitor a fazer o acesso on-line, levando-o
a conhecer as obras de arte. 
c) informar sobre o acesso às imagens por meio da
descrição do modo como acessá-las. 
d) estabelecer interlocução com o leitor, orientando-o a
fazer o download das obras de arte. 
e) enaltecer a arte, buscando popularizá-la por meio da
possibilidade de visualização on-line.
14@professorferretto @prof_ferretto
IT0340 - (Enem)
PALAVRA – As gramá�cas classificam as palavras em
substan�vo, adje�vo, verbo, advérbio, conjunção, prono -
me, numeral, ar�go e preposição. Os poetas classificam
as palavras pela alma porque gostam de brincar com elas,
e para brincar com elas é preciso ter in�midade primeiro.
É a alma da palavra que define, explica, ofende ou elogia,
se coloca entre o significante e o significado para dizer o
que quer, dar sen�mento às coisas, fazer sen�do. A
palavra nuvem chove. A palavra triste chora. A palavra
sono dorme. A palavra tempo passa. A palavra fogo
queima. A palavra faca corta. A palavra carro corre. A
palavra “palavra” diz. O que quer. E nunca desdiz depois.
As palavras têm corpo e alma, mas são diferentes das
pessoas em vários pontos. As palavras dizem o que
querem, está dito, e pronto.
FALCÃO, A. Pequeno dicionário de palavras ao vento. São
Paulo: Salamandra, 2013 (adaptado).
 
Esse texto, que simula um verbete para a palavra
“palavra”, cons�tui-se como um poema porque
a) tema�za o fazer poé�co, como em “Os poetas
classificam as palavras pela alma”. 
b) u�liza o recurso expressivo da metáfora, como em “As
palavras têm corpo e alma”. 
c) valoriza a gramá�ca da língua, como em “substan�vo,
adje�vo, verbo, advérbio, conjunção”. 
d) estabelece comparações, como em “As palavras têm
corpo e alma, mas são diferentes das pessoas”. 
e) apresenta informações per�nentes acerca do conceito
de “palavras”, como em “As gramá�cas classificam as
palavras”. 
IT0329 - (Fuvest)
E Sofia? interroga impaciente a leitora, tal qual Orgon: Et
Tartufe? Ai, amiga minha, a resposta é naturalmente a
mesma, – também ela comia bem, dormia largo e fofo, –
coisas que, aliás, não impedem que uma pessoa ame,
quando quer amar. Se esta úl�ma reflexão é o mo�vo
secreto da vossa pergunta, deixai que vos diga que sois
muito indiscreta, e que eu não me quero senão com
dissimulados.
Repito, comia bem, dormia largo e fofo. Chegara ao fim
da comissão das Alagoas, com elogios da imprensa; a
Atalaia chamou-lhe “o anjo da consolação”. 1E não se
pense que este nome a alegrou, posto que a lisonjeasse;
ao contrário, resumindo em Sofia toda a ação da
caridade, podia mor�ficar as novas amigas, e fazer-lhe
perder em um dia o trabalho de longos meses. Assim se
explica o ar�go que a mesma folha trouxe no número
seguinte, nomeando, par�cularizando e glorificando as
outras comissárias – “estrelas de primeira grandeza”.
Machado de Assis, Quincas Borba.
 
Considerando o contexto, o trecho “E não se pense que
este nome a alegrou, posto que a lisonjeasse” (ref. 1)
pode ser reescrito, sem prejuízo de sen�do, da seguinte
maneira: E não se pense que este nome a alegrou,
a) apesar de lisonjeá-la. 
b) antes a lisonjeou. 
c) porque a lisonjeava. 
d) a fim de lisonjeá-la. 
e) tanto quanto a lisonjeava. 
IT0297 - (Fuvest)
A taxação de livros tem um efeito cascata que acaba
custando caro não apenas ao leitor, como também ao
mercado editorial – que há anos não anda bem das
pernas – e, em úl�ma instância, ao desenvolvimento
econômico do país. A gente explica. Taxar um produto
significa, quase sempre, um aumento no valor do
produto final. Isso porque ao menos uma parte desse
imposto será repassada ao consumidor, especialmente se
considerarmos que as editoras e livrarias enfrentam há
anos uma crise que agora está intensificada pela
pandemia e não poderiam re�rar o valor desse imposto
de seu já apertado lucro. Livros mais caros também
resultam em queda de vendas, que, por sua vez,
enfraquece ainda mais editoras e as impede de inves�r
em novas publicações – especialmente aquelas de menor
apelo comercial, mas igualmente importantes para a
pluralidade de ideias. Já deu para perceber a confusão,
não é? Mas, além disso, qual seria o custo de uma
sociedade com menos leitores e menos livros?
Taís Ilhéu. “Por que taxar os livros pode gerar retrocesso
social e econômicono país”. Guia do Estudante.
Setembro/2020. Adaptado
 
No texto, os pronomes em negrito referem-se,
respec�vamente, a:
a) taxação de livros, mercado editorial, crise, queda de
vendas.
b) taxação de livros, leitor, crise, queda de vendas.
c) efeito cascata, mercado editorial, crise, queda de
vendas.
d) efeito cascata, mercado editorial, livrarias, livros.
e) efeito cascata, leitor, crise, livros.
IT0018 - (Enem)
De domingo
 
–– Outrossim...
–– O quê?
15@professorferretto @prof_ferretto
–– O que o quê?
–– O que você disse.
–– Outrossim?
–– É.
–– O que é que tem?
–– Nada. Só achei engraçado.
–– Não vejo a graça.
–– Você vai concordar que não é uma palavra de todos os
dias.
–– Ah, não é. Aliás, eu só uso domingo.
–– Se bem que parece mais uma palavra de segunda-
feira.
–– Não. Palavra de segunda-feira é “óbice”.
–– “Ônus”.
–– “Ônus” também. “Desiderato”. “Resquício”.
–– “Resquício” é de domingo.
–– Não, não. Segunda. No máximo terça.
–– Mas “outrossim”, francamente...
–– Qual o problema?
–– Re�ra o “outrossim”.
–– Não re�ro. É uma ó�ma palavra. Aliás é uma palavra
di�cil de usar. Não é qualquer um que usa “outrossim”.
VERISSIMO, L. F. Comédias da vida privada.
Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento).
 
No texto, há uma discussão sobre o uso de algumas
palavras da língua portuguesa. Esse uso promove o(a) 
a) marcação temporal, evidenciada pela presença de
palavras indica�vas dos dias da semana. 
b) tom humorís�co, ocasionado pela ocorrência de
palavras empregadas em contextos formais. 
c) caracterização da iden�dade linguís�ca dos
interlocutores, percebida pela recorrência de palavras
regionais. 
d) distanciamento entre os interlocutores, provocado
pelo emprego de palavras com significados pouco
conhecidos. 
e) inadequação vocabular, demonstrada pela seleção de
palavras desconhecidas por parte de um dos
interlocutores do diálogo. 
IT0013 - (Enem)
Seu delegado
 
Eu sou viúvo e tenho um filho homem
Arrumei uma viúva e fui me casar
A minha sogra era muito teimosa
Com o meu filho foi se matrimoniar
Desse matrimônio nasceu um garoto
Desde esse dia que eu ando é louco
Esse garoto é filho do meu filho
E o filho da minha sogra é irmão da minha mulher
Ele é meu neto e eu sou cunhado dele
A minha nora é minha sogra
Meu filho meu sogro é
Nessa confusão já nem sei quem sou
Acaba esse garoto sendo meu avô.
TRIO FORROZÃO. Agitando a rapaziada. Rio de Janeiro:
Natasha Records, 2009.
 
Nessa letra da canção, a suposição do úl�mo verso
sinaliza a intenção do autor de 
a) ironizar as relações familiares modernas. 
b) reforçar o humor da situação representada. 
c) expressar perplexidade em relação ao parente. 
d) atribuir à criança a causa da dúvida existencial. 
e) ques�onar os lugares predeterminados da família. 
IT0031 - (Enem)
eu acho um fato interessante... né... foi como meu pai e
minha mãe vieram se conhecer... né... que... minha mãe
morava no Piauí com toda família... né... meu... meu
avô... materno no caso... era maquinista... ele sofreu um
acidente... infelizmente morreu... minha mãe �nha cinco
anos... né... e o irmão mais velho dela... meu padrinho...
�nha dezessete e ele foi obrigado a trabalhar... foi
trabalhar no banco... e... ele foi... o banco... no caso...
estava... com um número de funcionários cheio e ele teve
que ir para outro local e pediu transferência prum local
mais perto de Parnaíba que era a cidade onde eles
moravam e por engano o... o... escrivão entendeu
Paraíba... né... e meu... e minha família veio parar em
Mossoró que era exatamente o local mais perto onde
�nha vaga pra funcionário do Banco do Brasil e ela foi
parar na rua do meu pai... né... e começaram a se
conhecer... namoraram onze anos... né... pararam algum
tempo... brigaram... é lógico... porque todo
relacionamento tem uma briga... né... e eu achei esse
fato muito interessante porque foi uma coincidência
incrível... né... como vieram a se conhecer... namoraram e
hoje... e até hoje estão juntos... dezessete anos de
casados...
CUNHA, M. A. F. (Org.). Corpus discurso & gramá�ca: a
língua falada e escrita na cidade do Natal. Natal: EdUFRN,
1998.
 
Na transcrição de fala, há um breve relato de experiência
pessoal, no qual se observa a frequente repe�ção de
“né”. Essa repe�ção é um(a) 
16@professorferretto @prof_ferretto
a) índice de baixa escolaridade do falante. 
b) estratégia �pica de manutenção da interação oral. 
c) marca de conexão lógica entre conteúdos na fala. 
d) manifestação caracterís�ca da fala regional
nordes�na. 
e) recurso enfa�zador da informação mais relevante da
narra�va. 
IT0003 - (Enem)
A draga
 
A gente não sabia se aquela draga �nha nascido ali, no
Porto, como um pé de árvore ou uma duna.
– E que fosse uma casa de peixes?
Meia dúzia de loucos e bêbados moravam dentro dela,
enraizados em suas ferragens.
Dos viventes da draga era um o meu amigo Mário-pega-
sapo.
[...]
Quando Mário morreu, um literato oficial, em necrológio
caprichado, chamou-o de Mário-Captura-Sapo! Ai que
dor!
Ao literato cujo fazia-lhe nojo a forma coloquial.
Queria capturaem vez de pega para não macular (sic) a
língua nacional lá dele...
Da velha draga
Abrigo de vagabundos e de bêbados, restaram as
expressões: estar na draga, viver na draga por estar sem
dinheiro, viver na miséria
Que ora ofereço ao filólogo Aurélio Buarque de Hollanda
Para que as registre em seus léxicos
Pois que o povo já as registrou.
BARROS, M. Gramá�ca exposi�va do chão: poesia quase
toda. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira, 1990
(fragmento).
 
Ao cri�car o preciosismo linguís�co do literato e ao
sugerir a dicionarização de expressões locais, o poeta
expressa uma concepção de língua que 
a) contrapõe caracterís�cas da escrita e da fala. 
b) ironiza a comunicação fora da norma-padrão. 
c) subs�tui regionalismos por registros formais. 
d) valoriza o uso de variedades populares. 
e) defende novas regras grama�cais. 
IT0360 - (Enem)
Firmo, o vaqueiro
No dia seguinte, à hora em que saía o gado, estava eu
debruçado à varanda quando vi o cafuzo que preparava o
animal viajeiro:
– Raimundinho, como vai ele?...
De longe apontou a palhoça.
– Sim.
O braço caiu-lhe, olhou-me algum tempo comovido;
depois, saltando para o animal, levou o polegar à boca
fazendo estalar a unha nos dentes: “Às quatro da
manhã... A�rei um verso e disse, para bulir com ele: Pega,
velho! Não respondeu. Tio Firmo, mesmo velho e doente,
não era homem para deixar um verso no chão... Fui ver,
coitado!... estava morto. E deu de esporas para que eu
não lhe visse as lágrimas.
NETTO, C. In: MARCHEZAN, L. G. (Org.). O conto
regionalista. São Paulo: Mar�ns Fontes, 2009.
 
A passagem registra um momento em que a
expressividade lírica é reforçada pela
a) plas�cidade da imagem do rebanho reunido. 
b) sugestão da firmeza do sertanejo ao arrear o cavalo. 
c) situação de pobreza encontrada nos sertões
brasileiros. 
d) afe�vidade demonstrada ao no�ciar a morte do
cantador. 
e) preocupação do vaqueiro em demostrar sua virilidade.
 
ITT0335 - (Enem)
Ora, sempre que surge uma nova técnica, ela quer
demonstrar que revogará as regras e coerções que
presidiram o nascimento de todas as outras invenções do
passado. Ela se pretende orgulhosa e única. Como se a
nova técnica carreasse com ela, automa�camente, para
seus novos usuários, uma propensão natural a fazer
economia de qualquer aprendizagem. Como se ela se
preparasse para varrer tudo que a precedeu, ao mesmo
tempo transformando em analfabetos todos os que
ousassem repeli-la.
Fui testemunha dessa mudança ao longo de toda a minha
vida. Ao passo que, na realidade, é o contrário que
acontece. Cada nova técnica exige uma longa iniciação
numa nova linguagem, ainda mais longa na medida em
que nosso espírito é formatado pela u�lização das
linguagens que precederam o nascimento da recém-
chegada.
ECO, U.; CARRIÈRE, J.-C. Não contem com o fim do livro.
Rio de Janeiro: Record, 2010 (adaptado).
 
O texto revela que, quando a sociedade promove o
desenvolvimento de uma nova técnica, o que mais
impacta seus usuáriosé a
17@professorferretto @prof_ferretto
a) dificuldade na apropriação da nova linguagem. 
b) valorização da u�lização da nova tecnologia. 
c) recorrência das mudanças tecnológicas. 
d) suplantação imediata dos conhecimentos prévios. 
e) rapidez no aprendizado do manuseio das novas
invenções. 
IT0317 - (Fuvest)
Os textos literários são obras de discurso, a que falta a
imediata referencialidade da linguagem corrente;
poé�cos, abolem, “destroem” o mundo circundante,
co�diano, graças à função irrealizante da imaginação que
os constrói. E prendem-nos na teia de sua linguagem, a
que devem o poder de apelo esté�co que nos enleia;
seduz-nos o mundo outro, irreal, neles configurado (...).
No entanto, da adesão a esse “mundo de papel”, quando
retornamos ao real, nossa experiência, ampliada e
renovada pela experiência da obra, à luz do que nos
revelou, possibilita redescobri-lo, sen�ndo-o e pensando-
o de maneira diferente e nova. A ilusão, a men�ra, o
fingimento da ficção, aclara o real ao desligar-se dele,
transfigurando-o; e aclara-o já pelo insight que em nós
provocou.
Benedito Nunes, “É�ca e leitura”, de Crivo de Papel.
 
O que eu precisava era ler um romance fantás�co, um
romance besta, em que os homens e as mulheres fossem
criações absurdas, não andassem magoando-se, traindo-
se. Histórias fáceis, sem almas complicadas. Infelizmente
essas leituras já não me comovem.
Graciliano Ramos, Angús�a.
 
Romance desagradável, abafado, ambiente sujo, povoado
de ratos, cheio de podridões, de lixo. Nenhuma
concessão ao gosto público. Solilóquio doido, enervante.
Graciliano Ramos, Memórias do Cárcere, em nota a
respeito de seu livro Angús�a.
 
O argumento de Benedito Nunes, em torno da natureza
ar�s�ca da literatura, leva a considerar que a obra só
assume função transformadora se
a) estabelece um contraponto entre a fantasia e o
mundo. 
b) u�liza a linguagem para informar sobre o mundo. 
c) ins�ga no leitor uma a�tude reflexiva diante do
mundo. 
d) oferece ao leitor uma compensação anestesiante do
mundo. 
e) conduz o leitor a ignorar o mundo real. 
IT0314 - (Fuvest)
Psicanálise do açúcar
 
O açúcar cristal, ou açúcar de usina,
mostra a mais instável das brancuras:
quem do Recife sabe direito o quanto,
e o pouco desse quanto, que ela dura.
Sabe o mínimo do pouco que o cristal
se estabiliza cristal sobre o açúcar,
por cima do fundo an�go, de mascavo,
do mascavo barrento que se incuba;
e sabe que tudo pode romper o mínimo
em que o cristal é capaz de censura:
pois o tal fundo mascavo logo aflora
quer inverno ou verão mele o açúcar.
 
Só os banguês que-ainda purgam ainda
o açúcar bruto com barro, de mistura;
a usina já não o purga: da infância,
não de depois de adulto, ela o educa;
em enfermarias, com vácuos e turbinas,
em mãos de metal de gente indústria,
a usina o leva a sublimar em cristal
o pardo do xarope: não o purga, cura.
Mas como a cana se cria ainda hoje,
em mãos de barro de gente agricultura,
o barrento da pré-infância logo aflora
quer inverno ou verão mele o açúcar.
João Cabral de Melo Neto, A Educação pela Pedra.
* banguê: engenho de açúcar primi�vo movido a força
animal.
 
Os úl�mos quatro versos do poema rompem com a série
de contrapontos entre a usina e o banguê, pois
a) negam haver diferença química entre o açúcar cristal e
o açúcar mascavo.
b) esclarecem que a aparência do açúcar varia com a
espécie de cana cul�vada.
c) revelam que na base de toda empresa açucareira está
o trabalhador rural.
d) denunciam a exploração do trabalho infan�l nos
canaviais nordes�nos.
e) explicam que a estação do ano define em qualquer
processo o �po de açúcar.
IT0298 - (Fuvest)
Chega um momento em que a tensão eu/mundo se
exprime mediante uma perspec�va crí�ca, imanente à
escrita, o que torna o romance não mais uma variante
literária da ro�na social, mas o seu avesso; logo, o oposto
do discurso ideológico do homem médio. O romancista
“imitaria” a vida, sim, mas qual vida? Aquela cujo sen�do
dramá�co escapa a homens e mulheres entorpecidos ou
automa�zados por seus hábitos co�dianos. A vida como
18@professorferretto @prof_ferretto
objeto de busca e construção, e não a vida como
encadeamento de tempos vazios e inertes. Caso essa
pobre vida-morte deva ser tema�zada, ela aparecerá
como tal, degradada, sem a aura posi�va com que as
palavras “realismo” e “realidade” são usadas nos
discursos que fazem a apologia conformista da “vida
como ela é”...
A escrita da resistência, a narra�va atravessada pela
tensão crí�ca, mostra, sem retórica nem alarde
ideológico, que essa “vida como ela é” é, quase sempre,
o ramerrão [repe�ção] de um mecanismo alienante,
precisamente o contrário da vida plena e digna de ser
vivida.
É nesse sen�do que se pode dizer que a narra�va
descobre a vida verdadeira, e que esta abraça e
transcende a vida real. A literatura, com ser ficção, resiste
à men�ra. É nesse horizonte que o espaço da literatura,
considerado em geral como lugar da fantasia, pode ser o
lugar da verdade mais exigente.
Alfredo Bosi. “Narra�va e resistência”. Adaptado.
 
O conceito de resistência, expresso pela tensão do
indivíduo perante o mundo, adquire perspec�va crí�ca
na escrita do romance quando o autor
a) rompe a super�cie enganosa da realidade. 
b) forja um realismo rente à vida mesquinha. 
c) é neutro ao figurar a vacuidade do presente. 
d) conserva o discurso posi�vo da ordem. 
e) consegue sobrepor a fantasia à verdade. 
IT0362 - (Enem)
Vanda vinha do interior de Minas Gerais e de dentro de
um livro de Charles Dickens. Sem dinheiro para criá-la,
sua mãe a dera, com seus sete anos, a uma conhecida.
Ao recebê-la, a mulher perguntou o que a garo�nha
gostava de comer. Anotou tudo num papel. Mal a mãe
virou as costas, no entanto, a fulana amassou a lista e,
como uma vilã de folhe�m, decretou: “A par�r de hoje,
você não vai mais nem sen�r o cheiro dessas comidas!”.
Vanda trabalhou lá até os quinze anos, quando recebeu a
carta de uma prima com uma nota de cem cruzeiros, saiu
de casa com a roupa do corpo e fugiu num ônibus para
São Paulo.
Todas as vezes que eu e minha irmã a importunávamos
com nossas demandas de criança mimada, ela nos
contava histórias da infância de gata-borralheira, fazia-
nos apertar seu nariz quebrado por uma das filhas da
“patroa” com um rolo de amassar pão e nos expulsava da
cozinha: “Sai pra lá, peste, e me deixa acabar essa janta”
PRATA, A. Nu de botas. São Paulo: Cia. das Letras, 2013
(adaptado).
 
Pela ó�ca do narrador, a trajetória da empregada de sua
casa assume um efeito expressivo decorrente da
a) citação a referências literárias tradicionais. 
b) alusão à inocência das crianças da época. 
c) estratégia de ques�onar a bondade humana. 
d) descrição detalhada das pessoas do interior. 
e) representação anedó�ca de atos de violência. 
IT0351 - (Enem)
As línguas silenciadas do Brasil
Para aprender a língua de seu povo, o professor Txaywa
Pataxó, de 29 anos, precisou estudar os fatores que, por
diversas vezes, quase provocaram a ex�nção da língua
patxôhã. Mergulhou na história do Brasil e descobriu
fatos violentos que dispersaram os pataxós, forçados a
abandonar a própria língua para escapar da perseguição.
“Os pataxós se espalharam, principalmente, depois do
Fogo de 1951. Queimaram tudo e expulsaram a gente das
nossas terras. Isso constrange o nosso povo até hoje”,
conta Txaywa, estudante da Universidade Federal de
Minas Gerais e professor na aldeia Barra Velha, região de
Porto Seguro (BA). Mais de quatro décadas depois,
membros da etnia retornaram ao an�go local e iniciaram
um movimento de recuperação da língua patxôhã. Os
filhos de Sameary Pataxó já são fluentes – e ela, que se
mudou quando já era adulta para a aldeia, tenta
aprender um pouco com eles. “É a nossa iden�dade.
Você diz quem você é por meio da sua língua”, afirma a
professora de ensino fundamental sobre a importância
de restaurar a língua dos pataxós. O patxôhã está entre as
línguas indígenas faladas no Brasil: o IBGE es�mou 274
línguas no úl�mo censo. A publicação Povos indígenas no
Brasil

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