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ATUALIDADE DO CONCEITO DE ANGÚSTIA DE KIERKEGAARD

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ATUALIDADE DO CONCEITO DE ANGÚSTIA
DE KIERKEGAARD
1. Introdução
Filosoficamente, fez a ponte entre a filosofia hegeliana e aquilo que se tornaria no existencialismo. Kierkegaard rejeitou a filosofia hegeliana e o formalismo da igreja luterana dinamarquesa. Muitas das suas obras lidam com problemas religiosos. Sua obra foi caracterizada como existencialismo cristão, em oposição ao existencialismo de Sartre e Nietzsche. 
Kierkegaard escreveu a maioria das suas obras sob vários pseudónimos.
As suas inquietações e angústias estão expressas em seus textos, incluindo a relação de angústia e sofrimento que ele manteve com o cristianismo devido a herança de um pai com rígidos princípios do protestantismo dinamarquês.
A angústia do homem contemporâneo está profundamente enraizada na angústia descrita em sua obra. Dada a distância cronológica entre nós e Kierkegaard ele foi sem dúvida um antecipador da nossa época, pois captou os problemas que se tornariam concretos para o homem muitos anos mais tarde. 
2. Anos iniciais
Soren Kierkegaard nasceu na Dinamarca em 1813 e teve uma vida atribulada por problemas pessoais e familiares. No espaço de vinte anos viu a morte de dois irmãos, três irmãs e da mãe. Em meio a isto tem ainda a decepção amorosa com a noiva Regina Olsen. A sua Filosofia, é fruto de seus próprios dramas existenciais. 
No mês de outubro de 1855, Kierkegaard sofreu uma queda na rua e foi hospitalizado, com paralisia nas pernas, recusando-se a receber assistência religiosa, faleceu quarenta dias depois. 
É considerado o pai do existencialismo.
3. Existencialismo cristão
O existencialismo cristão se baseia na compreensão de Cristianismo de Kierkegaard. Ele argumentava que o universo é, fundamentalmente, incoerente e que o sua maior contradição é a união transcendente (surpreendente) de Deus e do homem na pessoa de Jesus Cristo. 
Kierkegaard disse que cada pessoa deve fazer escolhas independentes. Nenhuma estrutura imposta - mesmo os mandamentos bíblicos - pode alterar a responsabilidade de cada indivíduo em agradar a Deus. 
Cada pessoa sofre a angústia da indecisão até que ela faça um "salto de fé". 
Cada ser humano é confrontado pela primeira vez com a responsabilidade de saber de sua própria vontade, e depois com o fato de que deve fazer uma escolha, mesmo que errada.
Kierkegaard também defendeu a ideia de que cada pessoa existe em uma das três esferas de existência: o estético, o ético e o religioso. 
3.1 Estádio estético
Este estádio é caracterizado pela busca constante de gozo, em que o indivíduo se empenha com todas as suas forças na busca do prazer imediato e desregrado. A pessoa não quer comprometimento de forma alguma (a ideia de casamento o horroriza) por isso vive de gozo em gozo (sobretudo sexual, mas não apenas), sempre tentando preencher um vazio existencial persistente. 
A figura mais representativa desse estádio é a do o sedutor, representado pela figura de Don Juan que não conhece outro objetivo que não seja seduzir e realizar os seus desejos, principalmente o erótico.
Mas esta postura existencial tem as suas consequências: angústia que de prazer em prazer, não consegue encontrar substancialidade em sua vida, se deparando com a total falta de sentido. Essa angústia culmina em desespero.
3.2 Estádio ético 
O estádio ético é caracterizado pelo regramento da vida, pela busca de viver segundo a leis aceitas pela sociedade em que se vive. 
O indivíduo é marcado pelo ato máximo de comprometimento: o casamento com todas as suas implicações ao lado de sua mulher e família, realizando assim o ideal social. 
No estádio ético o indivíduo não renuncia ao prazer. O que ele faz é regrar o prazer dentro do casamento e das normas socialmente aceitas. 
O último momento do estádio estético é o desespero. Esse sentimento surge como consequência da vida sem sentido e que impulsiona o indivíduo ao estádio ético. O último momento do estádio ético é o arrependimento. 
3.3 Estádio religioso
O estádio religioso é caracterizado pela fé e pela relação do indivíduo para com Deus. Ele age não mais por obediência a normas de costumes, mas por amor a Deus. 
Um erro religioso acarreta uma ruptura com Deus - pecado. 
Kierkegaard usa o exemplo de Abraão como representativo da fé, pois Abraão com todas suas dúvidas e dores obedece à ordem de Deus e leva seu filho único, Isaque, para ser degolado em sacrifício, sem saber que seu filho seria salvo no último instante.
Para o indivíduo ético, que só conhece a lei moral, o ato de Abraão não passa de um assassinato, mas para o religioso tal ato é o cumprimento da vontade de Deus. 
A essa postura religiosa da existência que não segue a lei moral (que não segue o geral), Kierkegaard dá o nome de exceção. Ser exceção é destoar do geral, é trilhar um caminho diferente do homem médio. 
O próprio Kierkegaard foi uma expressão de sua filosofia, uma vez que rompeu o noivado com sua amada, Regina Olsen, para seguir o caminho solitário do estádio religioso da existência e assim se tornar exceção. 
Dessa forma, o indivíduo passa (ou pode passar) por um verdadeiro itinerário existencial: o estético (caracterizado pelo prazer), o ético (caracterizado pelo dever) e o religioso (caracterizado pela fé).
4. Salto da fé
Salto da fé é uma expressão utilizada para explicar a ruptura do estádio ético para o estádio religioso da existência, na filosofia de Kierkegaard.
O homem que se encontra no estádio ético em determinado momento se depara com o arrependimento e com a consciência da sua finitude, da certeza da morte. Essa nova postura existencial, fruto da auto-análise, culmina em um salto para um outro estádio da existência, o estádio religioso. 
Kierkegaard defendia que esse pulo para o estádio religioso é um verdadeiro "salto no escuro", pois não apresenta nenhuma garantia racional para o indivíduo, mas por isso mesmo é sua salvação. Esse salto não é passagem, pois não é gradual ou feito de forma suave, serena. É salto, pois é ruptura de uma antiga atitude perante a vida (ética) para outra (religiosa). 
O Salto da fé coloca o indivíduo comprometendo-se com Deus e causa um rompimento entre ele e a sociedade e suas regras, realizando assim a exceção.
Para Kierkegaard ser cristão é sofrer por amor a Deus, é ser perseguido, incompreendido, é estar apartado da multidão. Segundo o filósofo dinamarquês, comete um erro muito grande quem procura o cristianismo para fugir do sofrimento. Esse vive um falso cristianismo. É o cristianismo dos rituais externos e não do grande acontecimento íntimo que muda completamente a existência. 
5. Angustia
A palavra angústia quer dizer sufoco, estado em que a pessoa se sente sufocada perante um perigo que está eminente inevitável e em parte não foi ainda experimentado. Esta angústia não tem origem externa, mas exclusivamente interna. 
A partir de Kierkegaard a angústia assume uma importância central na filosofia, sobretudo para os existencialistas, da qual ele é considerado o iniciador. A angústia está ligada ao nada, ao vazio. 
Segundo Kierkegaard a angústia é a vertigem da liberdade.
O indivíduo sente ao mesmo tempo uma repulsa e uma atração. Kierkegaard diz ser a angústia ambígua e que tem uma importância não só filosófica como também teológica. 
Kierkegaard começa sua analise do conceito de angustia a partir do mito da queda de Adão e Eva. Eles são colocados diante da possibilidade de escolher. Com a saída do paraiso, eles começam a existir, no sentido de que a existência humana implica numa escolha não são mais determinados pela natureza. 
Enquanto viviam no paraíso eles não conheciam a possibilidade da escolha. É a partir da queda que a angustia instaura sua morada na existência, torna-se presente no ser humano e o homem será desde então um ser angustiado. 
5.1 Origem da angústia 
O homem é o único ser que está sempre buscando. Somente ele sente profundamente o vazio de sua existência, não aceitando sua existência como simples trajetória entre o nascer e o morrer. E é justamente neste ponto que repousa a sua grandeza.Mas por outro lado inicia-se aqui o problema que terá que enfrentar por toda a vida: finitude (matéria) e infinito (espirito).
O problema é que esta situação faz do homem um “eterno viajante” em busca de sentido para sua vida, para construir uma existência autêntica.
“Porém existe, ao mesmo tempo, outra coisa que, entretanto, não é perturbação nem luta, porque não existe nada com que lutar. O que existe então? Nada. Que efeito produz, porém este nada? Este nada dá nascimento à angustia. (Kierkegaard. 1968. P. 45) 
Kierkegaard diz que quando Adão e Eva estavam no paraíso, no estado de inocência, foram advertidos para não comerem do “fruto de uma árvore” do conhecimento, não podiam entender do que se tratava. Porém, esta advertência é que desperta neles a possibilidade de liberdade. Eles agora podem fazer uma escolha. Esta possibilidade lhes causa vertigem. 
A proibição deixa inquieto Adão porque nele desperta a possibilidade da liberdade, a curiosidade, a aflitiva possibilidade de poder, como uma forma superior de ignorância.
Para Kierkegaard a angústia é uma dinâmica da própria existência humana.
5.2 Sentido existencial da Angústia
 Ela é inerente à existência humana e não se apresenta como uma neurose. Desta forma, a angústia no sentido kierkegaardiano não pode ser equiparada a inquietação, ansiedade ao temor ou desespero.
 A angústia abordada por Kierkegaard é a angústia existencial que não é momentânea nem tem um objeto específico, vago, indeterminado, ela acompanhará o homem enquanto ele viver.
Portanto, não há outro caminho a não ser enfrentá-la, experimentá-la, fugir não é de forma alguma a solução, afirma Kierkegaard. Neste sentido não adianta desangustiar os homens, mas ensiná-los a vivenciar a sua angústia. 
Assim o homem será tanto mais humano quanto mais profunda for a sua angústia no sentido de experiência existencial. E neste sentido Kierkegaard quer fazer com que o ser humano aprenda com a angústia, pois ela não tem um caráter negativo. 
Kierkegaard enfatiza a centralidade da angústia justamente para dizer que ela é uma categoria fundamental para que o homem adquira sua autonomia e liberdade. 
5.3 Sentido positivo da angustia
Kierkegaard nos dá pistas de como a angústia, quando assumida de forma correta, tem um valor extremamente positivo para a constituição da existência autêntica. 
Kierkegaard chama atenção para o cavaleiro da fé, que é diferente do herói. Segundo ele, não obstante todas as glórias conquistadas pelo herói, estas ainda não se aproximam daquilo que é o ideal de homem, o cavaleiro da fé, que para Kierkegaard é representado por Abraão. 
É estranho que Abraão decida oferecer seu único filho em sacrifício a Deus. Abraão naquele momento está na instância da fé. Ele vive a angústia, mas, silencia. 
A fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos, uma incoerência e o indivíduo que tem fé não pode de forma alguma fazer-se compreender por ninguém. 
 Assim só aqueles que assumem esta angústia de forma positiva são capazes de dar um salto qualitativo. Logo, fazer-se discípulo da angústia é fundamental para que o indivíduo se torne verdadeiramente um homem. Para Kierkegaard ser um homem significava ser “o cavaleiro da fé”. 
6. Desespero
Ao lado da angustia, Kierkegaard coloca também outra categoria humana, que é o desespero. O desespero humano está ligado ao fracasso da condição, do absurdo, ou seja, o homem é finito e ao mesmo tempo deseja o infinito, que transcender a essa condição de finitude. 
7. A existência autêntica
O homem é o único ser que pensa a sua vida, que projeta, que preocupa, ou seja, somente ele tem consciência da sua existência, das suas limitações e finitude. 
Vive não só o seu momento presente mas é capaz de projetar seu futuro e recordar o passado. Sendo o homem consciência, ele aspira ao transcendente; não se satisfaz com o simples existir. Sabe que apesar de sua finitude traz dentro de si a chama de eternidade. 
Kierkegaard afirma, em Temor e Tremor, que “...o segredo da vida está em o individuo conscientizar-se em que cada um deve cozer a sua própria camisa e coisa curiosa, o homem pode fazê-lo tão perfeitamente quanto uma mulher”. 
Kierkegaard e os outros existencialistas, delegam ao homem o destino e deste ele não pode se esquivar se quiser construir uma existência autentica, se quiser elevar-se acima da massa. 
A maioria dos homens, contudo, vivem no estágio da existência inautêntica. Este é o modo fácil de viver que não exige muito esforço ou sacrifício. 
O homem que opta pela existência autêntica não depende da opinião dos outros, não vive em função das convenções e não espera elogios. 
Kierkegaard e o nosso tempo 
Ele analisou categorias como a angústia, o desespero, o pecado, a fé, a solidão, levanta a sua voz de cristão “revoltado”, contra uma fé sem angústia e sem risco, se posiciona contra aqueles que se deixavam levar pelas aparências, submetendo-se à massa. 
Hoje temos consciência de que apesar de todo o avanço das ciências e o desenvolvimento da racionalidade, continua ainda aberto à complexidade. O homem pós moderno, marcado pela complexidade, vive mais que nunca uma crise de identidade, as novas técnicas de comunicação, as facilidades da vida moderna fizeram com que surgissem diversos problemas para o sujeito contemporâneo. 
Daí que pode-se afirmar que o homem pós moderno vive a perplexidade ante tantas possibilidades. E apesar de todos os avanços nas ciências e em todos os conhecimentos o homem nunca o homem tornou-se tão problemático como no nosso tempo. 
Referencias
BECKER, Ernest. A negação da morte.Rio de Janeiro: Record, 1995.
FROMM, Erich. Ter ou ser. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987.
GIORDANI, Mário Curtis. Iniciação ao existencialismo. Petropolis: Vozes, 1997.
Kierkegaard, Soren. O conceito de Angústia. Lisboa: Hemus editora, 1968.
______O Desespero humano. Col. Os pensadores. São pauloo: nova cultural, 1988.
SANTOS, Delfim. O sentido existencial da angustia. In: “obras completas” Vol. II, P. 153-165. Lisboa: Fundação Calouste Kulbekian, 1982.
Faculdade Estácio/FASE 	Página 11

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