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Quadros Mórbidos do Sistema Lacrimal Como os animais protegem seus olhos • Os peixes conseguem manter os seus olhos limpos e úmidos facilmente, pois os mesmo são constantemente banhados por um meio líquido. • Quando os animais evoluíram para o meio aéreo (e para visão de alta acuidade e colorida) os olhos corriam o risco de ressecar, o que não só aumenta a possibilidade de infecções, como a visão torna-se borrada ou mesmo ausente. • Para proteger seus olhos os animais terrestres desenvolveram: – O sistema lacrimal – As pálpebras – A membrana nictitante – AS membranas corneais (“spectacle”) O sistema lacrimal • As lágrimas dos vertebrados substituem a água salgada que banha os olhos o peixes constantemente. • A glândula lacrimal humana produz ± 1 cm3 de lágrima ao dia. • As lágrimas umedecem, limpam e nutrem a córnea. • As lágrimas são ricas açúcares e proteínas, têm propriedades antibacterianas e a sua salinidade cria um balanço osmótico com o fluido intra-ocular Teste Schirmer I Gato: 12 ± 5 mm/min. Cão: 15-25 mm/min. Tira de papel de filtro 50x5 mm Terço médio da pálpebra inferior Teste Schirmer II (com anestesia tópica) Mede a produção basal Gato: 10 ± 5 mm/min. Raramente utilizado em animais Sondagem duto naso-lacrimal Irrigação duto naso-lacrimal Fluoresceína Teste Jones •Verifica a se o duto nasolacrimal está patente •A fluoresceína deve aparecer na narina alguns segundos após a •Instilação no saco conjuntival Transbordamento da lágrima Punctum imperfurado ou membranas do puncto: Congênitas – Cocker Spaniel Americano, Poodles toys e miniatura Sinais – epífora se o punctum inferior estiver envolvido. Obstruções do Sistema Nasolacrimal Etiologia: 1.Ausência congênita dos canalículos inferiores ou obstrução punctum inferior 2.Inflamação = dacriocistite 3. Corpo estranho 4.Secundária a escaras – traumáticas ou inflamatórias Punctum imperfurada Diagnóstico: 1. Impossibilidade de canular o duto 2. Aumento de volume da área onde deveria estar a puncta, quando se irriga a partir da outra puncta 3. Diferenciar da obstrução simples Punctum imperfurado Tratamento: 1. incidir a conjuntiva sobre o punctum e canulação 2.antibióticos tópicos. Correção do punctum imperfurado Proeminência da conjuntiva Irrigação através do punctum superior Remoção da conjuntiva proeminente Lavagem do duto 1. Usar cânulas humanas ou feitas a partir de agulhas hipodérmicas: a) 22-23 para o cão b) 24-25 para o gato c) 18-20 para bovinos e eqüinos 2. Anestesia tópica. 3. Colocar o cão ou o gato em decúbito lateral. 4. Usar salina, água filtrada ou lágrimas artificiais Lavagem do duto: • Com uma das mãos abrir o olho, rolando a pálpebra inferior de modo a expor o punctum inferior. • Segurar a seringa de modo a permitir a inserção da cânula no punctum superior. (apoiar a mão na cabeça do animal para prevenir traumas com a movimentação) • Injetar a solução de lavagem para verificar a comunicação entre as puncta (deve sair pelo punctum inferior e pela narina) • Caso não saia pela narina, aplicar pressão ligeira no canto medial através das pálpebras fechadas. • Injetar mais solução até o aparecimento na narina ou o animal deglutir repetidas vezes Lavagem do duto em grandes animais • Em grandes animais, pode-se proceder à lavagem a partir do meato externo do duto naso-lacrimal Transbordamento da lágrima Obstrução do punctum: •Células inflamatórias, debris, corpos estranhos; •Sinais: –epífora – exsudato mucopurulento, – +/- conjuntivite Obstrução do punctum: Diagnóstico: 1. Lavagem duto nasolacrimal 2. Cultura e antibiograma. Dacriocromorréia Lacrimejamento excessivo A epífora decorre da estimulação das glândulas (lacrimal e da terceira pálpebra) por corpos estranhos, drogas, ceratite ou uveíte. Prolapso Glândula Kaswan modificada Técnica bolsa Ceratoconjuntivite seca (CCS) Deficiência da porção aquosa do filme lacrimal pré-corneano (FLPC), causando alterações inflamatórias da córnea e conjuntiva. Pigmentação Exsudato mucopurulento CCS úlcera, vascularização CCS Ceratoconjuntivite seca Diagnóstico: a. Sinais clínicos b. Teste lacrimal de Schirmer 1 (TLS): Cão : Normal 15-25 mm/min. Suspeito 8-10 mm/min. Baixo < 8 mm/min. Gato: 7 a 17 mm/min. Cavalo, bovinos, caprinos, ovinos e suínos: Normal >15 mm/min Suspeito 10-15 mm/min Baixo < 10 mm/min. Ceratoconjuntivite seca c. Coloração com Rosa de Bengala – o epi- télio da conjuntiva e da córnea perma- necerá vermelho se estiver desvitalizado ou necrótico. Raças predispostas Bulldogue inglês, West Higland White Terrier, Lhasa Apso, Pug, Cocker Spaniel, Pequinês, Yorkshire terrier, Shih Tzu, Schnauzer miniatura, Boston terrier. Etiologia a. Genética/congênita 1. Bulldogue inglês, 2. Pug, 3. Cocker Spaniel americano, 4. Pequinês, 5. Yorkshire terrier, 6. Schnauzer miniatura, 7. Beagle. b. Relacionada a medicamentos • atropina (tópica, sistêmica), • sulfonamidas • sulfodiazina • salicilazosulfapiridina • tribissen (cães pequenos principalmente) • fenazopiridina • anestésicos. c. Doenças sistêmicas: • Vírus da cinomose d. Blefaroconjuntivite crônica – obstrução dos dutos lacrimais e. Neurogênica f. Outras doenças “associadas”: 1. hipotireoidismo, 2. hiperadrenocorticismo, 3. diabetes mellitus, 4. sarna demodécica, 5. lupus eritrematoso, 6. artrite reumatóide. Ceratoconjuntivite seca As doenças imunomediadas são suspeitas em 40% dos casos. g. Traumas oculares e orbitais h. Iatrogênica – remoção da glândula da membrana nictitante, em geral como correção de prolapso da mesma (o tratamento indicado é o sepultamento cirúrgico da glândula). Sinais clínicos a. Aguda: – Blefarospasmo – Conjuntivite – exsudato mucóide – úlceras corneanas – aparência ressecada b. Crônica: –os donos reclamam de “infecção ocular crônica” –exsudato mucóide-mucopurulento abundante, –córnea baça com neovascularização, –pigmentação corneana, –“melhora” com qualquer medicação tópica. 1. Sempre se deve tentar o tratamento medicamentoso por 1 a 2 meses, porque o problema pode ser transitório 2. A colaboração do dono pode ser difícil. 3. Os objetivos são tirar a dor e manter a visão. • Estimular a produção de lágrimas com pilocarpina 2%, 2 gotas/10 kg, muito bem misturadas com o alimento, duas vezes ao dia, via oral. • Aumentar a dosagem lentamente até que a produção de lágrimas aumente ou os sinais de toxicidade se iniciem: • salivação, • emese, • diarréia, • taquicardia, • bloqueio cardíaco, • edema pulmonar. • Também pode ser usada topicamente (pode causar irritação transitória, por isso deve-se usar a solução 0,25 a 1,0%). • Deve-se dar uma pequena porção de comida, pois é extremamente amarga. • NÃO É A TERAPIA PRINCIPAL!!!! • Controlar a flora bacteriana – antibiótico de largo espectro, BID (p.ex. cloranfenicol pomada ou ungüento) • Controlar a inflamação – corticosteróides tópicos (não usar se houver úlcera) 1. Ciclosporina 0,2 a 2% tópica (Optimmune), atualmente substituida pelo Tracolimus 0,03% DROGA DE ELEIÇÃO PARA O TRATAMENTO DA CCS - aumenta a produção de lágrimas; - é descrito na literatura que aumenta a produção de lágrima em 80% dos casos que não responderam a outras terapias; - é uma droga imunossupressora com atividade inibitória específica sobre a células T; Ciclosporina • o mecanismode aumento da produção de lágrima não é definido; • reduz significativamente a ceratite inflamatória/pigmentar; Ciclosporina ou Tracolimus • Dose: • 0,5 cm, bilateralmente, duas vezes ao dia. • Pode levar 3 a 4 semanas para aumentar a produção de lágrimas; • Não são relatados efeitos sistêmicos decorrentes da aplicação tópica. Existem descrições de irritação local. • Sulfato condroitina – Dunason ® • Substituto lágrima – Trisorb ® • Lubrificante – Óleo de silicone (manipulação) Tratamento Cirúrgico: -pacientes que não respondem à terapia médica depois de um período de 6- 12 semanas 1. Flap de membrana nictitante – no caso de úlcera 2. Flap conjuntival – no caso de úlcera profundas 3. Transposição do duto da parótida Transposição do duto da parótida • pacientes que não respondem à terapia médica depois de um período de 6-12 semanas; • pacientes cujo dono não consegue seguir a terapia médica; • lembrar que a saliva não é um substituto perfeito, mas é adequado na maioria dos casos; Transposição do duto da parótida • Avaliar a função da glândula parótida e a da presença do duto. Pingar uma gota de atropina na língua. Devido ao seu sabor amargo, leva a um aumento da salivação permitindo a visualização do duto; • canular o duto com nylon cirúrgico 3-0 ou 4-0; • dissecar o duto e a papila via boca; • dissecar o restante do duto via incisão facial; • criar um túnel até o fórnix conjuntival inferior lateral; • transpor o duto para o canto lateral; • suturar a papila ao fórnix – fio absorvível (Vicryl 6-0 a 7-0); • Cuidados pós-operatórios: – antibióticos tópicos; – estimular a salivação através de guloseimas; – continuar a medicação ocular conforme necessário; – compressas mornas e massagem na face em direção ao olho. • Complicações: – separação da papila do fórnix; – estenose do duto; – a glândula não funciona; – precipitação de cristais nas pálpebras, córnea – limpar com soro. Deficiência de mucina • Visto raramente e Shi-tzus e Lhasa Apsos • Teste lacrimal de Schirmer normal com sinais clínicos de CCS Úlcera profunda Shi-Tzu Diagnóstico • Tempo de quebra de mucina reduzido = Tempo de quebra filme lacrimal < 10 segundos. • Conjuntivite e ceratite leves, similares à CCS • Tratamento: -Lubrificação ocular, sulfato condroítina tópico, corticosteróides tópicos Tempo de Quebra Filme Lacrimal (as setas indicam as áreas ressecadas) Dacriocistite • Inflamação do saco lacrimal • Etiologia: – Conjuntivite – Corpo estranho com contaminação bacteriana secundária – Debris celulares Sinais clínicos • Conjuntivite crônica com exsudato mucopurulento abundante • Epífora se o duto nasolacrimal estiver obstruído • Teste de Jones negativo ou demorado • Podem ocorrer abscessos no canto medial • Ao se fazer pressão sobre o saco lacrimal, ocorre descarga de material pelo punctum lacrimal Tratamento 1. Cultura e antibiograma (nos casos crônicos) 2. Lavagens repetidas do sistema nasolacrimal (pode-se o ungüento oftálmico após derreter o mesmo em banho maria, ou povidine dermatológico diluído a 2%) 3. Colírios antibióticos 4. Esteroídes tópicos, se o microorganismo puder ser controlado 5. Só usar a cateterização quando a irrigação fracassar Cateterização em pequenos animais • Anestesia geral • Pode-se tentar passar fio de nylon 0 ou 00 através do punctum superior até à narina, mas é difícil ou praticamente impossível • Se conseguir, usar o fio como guia para passar um tubo de polietileno (PE 50 ou 90), a partir do punctum superior: – Calcular o comprimento do tubo necessário para ir do olho à narina (com folga para a sutura na pele peri-orbital e peri- nasal) – Colocar uma pinça hemostática presa no fio de nylon dorsalmente ao tubo – Outra pinça hemostática é presa ao fio que sai da narina, para tracionar gentilmente o tubo – Após o tubo estar no lugar, fixá-lo com pontos cirúrgicos Cateterização em cavalos • Contenção química (xilazina ou outra) • Pode-se passar o cateter (tubo de polietileno P90 ou 150) a partir do punctum lacrimal até à narina, porém é mais fácil começar a partir da extremidade nasal • Após o cateter estar no lugar, suturar o mesmo à pele (colocar um pedaço de esparadrapo em torno das extremidades e suturá-lo à pele Linfoma Glând. memb. nictitante Linfoma Glând. memb. nictitante
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