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Apostila Patologia Veterinária

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Universidade de Guarulhos 
 
 
 
 
Medicina Veterinária 
 
 
Patologia Veterinária 
 
 
 
 
 
 
Apostila 
Introdução à Anatomia Patológica Especial e 
Alterações Cadavéricas; 
 Marcha de Necropsia: Roteiro e Técnicas. 
 
 
Profº Franco Ferraro Calderaro 
Profº Rodolfo Nürmberger Junior 
 
 
 
Guarulhos / São Paulo 
Introdução à Anatomia Patológica Especial e 
Alterações Cadavéricas 
 
Introdução 
 Literalmente, a patologia é definida como o estudo (logus) do sofrimento (pathos), o qual pode 
ser interpretado como o estudo de grande parte das causas deste sofrimento. Assim, podemos definir 
melhor a patologia como sendo o ramo da ciência que se preocupa em conhecer as doenças e, 
consequentemente, as alterações estruturais e funcionais das células e tecidos do organismo. 
 As células e tecidos sobrevivem em um microambiente, formando um equilíbrio, a 
homeostasia, que nada mais é do que um estado “normal” ou fisiológico. Por isso, quando há quebra 
desse estado, caracteriza-se a doença. 
 Assim, para se estudar melhor as doenças, a patologia é dividida em: 
 - Patologia Geral ou Básica - é o estudo das reações gerais das células e tecidos frente a 
estímulos agressores (“anormais”) que estão associados à base de todas as doenças. 
 - Patologia Especial Animal - é o estudo das respostas específicas dos órgãos e tecidos 
especializados nas diversas espécies animais, frente a diversos estímulos bem definidos já 
conhecidos na patologia básica. 
 Os processos patológicos envolvem uma causa (etiologia), mecanismos de desenvolvimento 
da doença (patogenia), alterações estruturais das células, tecidos e órgãos (morfológicas), alterações 
fisiológicas (funcionais) e as suas consequências (significado clínico da doença). 
 Para os estudos fundamentais do processo patológico, pelo menos para o diagnóstico da 
doença, a anatomia patológica possui duas ferramentas importantíssimas, os exames macroscópicos 
(necroscopia e análise de peças cirúrgicas) e microscópicos (histopatologia, citopatologia). 
 
Necrópsia 
 A necrópsia é um conjunto de procedimentos organizados e hierarquizados, utilizados para 
examinar um cadáver, a fim de angariar informações que possibilitem o médico veterinário conhecer 
as alterações que levaram o animal a morte. O exame pós-morte é um procedimento obrigatório para 
os médicos veterinários, já que é um importante instrumento para se conhecer a patogenia das 
doenças, confirmar ou revelar o diagnóstico das doenças, constatar erros de sintomas e de 
terapêutica e sugerir novos rumos no desenvolvimento da clínica, da cirurgia e do manejo em geral. 
Ainda é de fundamental importância para os animais de criação, uma vez que o exame de um animal 
doente poderá direcionar os procedimentos junto ao rebanho todo. 
 A realização de uma necrópsia exige um conhecimento básico da estrutura normal dos 
órgãos e tecidos e a interpretação das alterações que se observam nos mesmos e sua associação 
com as possíveis causas que as provocam. Em algumas situações, por intermédio do histórico da 
doença, dos sinais clínicos e dos achados de necrópsia pode-se estabelecer um diagnóstico 
conclusivo, mas em outros momentos, torna-se necessária a colheita e o envio de material para a 
realização de testes, tais como microbiológicos, ou mesmo histopatológicos para um diagnóstico final. 
 Assim, para a realização de uma boa necrópsia, o profissional deverá ter conhecimento das 
estruturas normais, das lesões ante-morte e também das alterações que ocorrem no animal após a 
sua morte. 
 De maneira mais simples e abrangente pode-se dizer que a patologia compreende o estudo 
das alterações estruturais e funcionais de um organismo, sendo que a anatomia patológica geral 
preocupa-se com o estudo de distúrbios estruturais e funcionais básicos que ocorrem em qualquer 
tecido ou célula, enquanto que a anatomia patológica especial veterinária tem por objetivo estudar 
essas mesmas alterações de forma mais particular, preocupando-se com os órgãos e os sistemas 
isoladamente. 
 
 
 
 Morte e Alterações Cadavéricas. 
 
A Morte 
O estudo da morte e alterações cadavéricas remonta de longa data, tanto que povos da 
antiguidade preocupavam-se com a preservação de seus corpos e, para isso, necessitavam conhecer 
os fenômenos que decorriam após o falecimento do indivíduo. 
 A morte pode ser definida de forma simples e tradicional como a cessação total e permanente 
das funções vitais ou, também, a ruptura do equilíbrio biológico e físico-químico imprescindíveis a 
manutenção da vida. Essas definições mantiveram-se satisfatórias por muito tempo, entretanto, com 
a evolução da medicina e o surgimento de modernos processos de transplantação de órgãos, 
surgiram polêmicas e controvérsias a respeito da consideração do exato momento da morte. 
 Dizia-se que o diagnóstico da morte caracterizava-se simplesmente pela cessação da 
atividade respiratória e cardíaca. Mas esses critérios tornaram-se obsoletos, uma vez que hoje pode 
ser possível adiar-se o tempo da “morte” quase que indefinidamente através do uso de aparelhos que 
mantenham artificialmente as funções cardiorrespiratórias. Por isso, atualmente, a caracterização do 
óbito é dada pela cessação das atividades cerebrais. 
É de acordo determinar a morte pela observação de eletroencefalograma que indique 
nenhuma atividade encefálica, a qual é representada por uma linha plana. Mesmo assim existem 
dúvidas, será que a morte cerebral realmente corresponde à morte do indivíduo? No Japão, a 
resposta para essa pergunta é não e em muitos estados dos EUA considera-se que essa resposta 
seja dada pela família do indivíduo. 
 A polêmica ocorre quando um indivíduo apresenta morte cerebral, mas as outras funções 
vitais são mantidas artificialmente, como descritas anteriormente. 
 Com tantas dúvidas, é difícil sustentar a idéia de que o indivíduo possa apresentar-se em 
apenas dois estados, de vida ou de morte. A morte não pode ser considerada apenas como um 
instante, mas ela se produz em etapas sucessivas, portanto processa-se em um determinado espaço 
de tempo. 
Mesmo havendo dificuldades para o estabelecimento de uma simples definição, objetiva e 
despojada de equívocos, propõem-se os seguintes critérios para o diagnóstico da morte: 
a) Ausência completa da resposta cerebral com perda absoluta de consciência. 
Em casos de diagnóstico de coma irreversível, é necessária a presença de um 
eletroencefalograma plano de registro mínimo de 30 minutos, tendo a necessidade de ser 
repetido com pelo menos um intervalo de tempo igual ou superior a 24 horas. Tal dado 
não pode ser considerado para crianças, casos de hipotermia induzida artificialmente, 
situações de administração de drogas depressivas do sistema nervoso central, encefalites 
e distúrbios endócrinos e metabólicos; 
 
b) Ausência de reflexos cefálicos, tais como desaparecimento da motilidade e tônus 
muscular e perda do reflexo pupilar (pupilas fixas e indiferentes ao estímulo luminoso); 
 
c) Cessação da respiração espontânea (ausência dos murmúrios respiratórios a auscultação 
pulmonar) por 5 minutos, após hiperventilação com oxigênio 100%, seguida da introdução 
de um cateter na traquéia, com fluxo de 6 litros de oxigênio por minuto; 
 
d) Cessação da circulação sanguínea verificada por auscultação e eletrocardiógrafo; 
 
e) Causa de lesão conhecida; 
 
f) Estruturas vitais do cérebro lesadas irreversivelmente. 
 
Os critérios clínicos e instrumentais relacionados acima justificam a suspensão de meios 
extraordinários de suporte, como também a intervenção adequada para obter órgãos para 
transplante. 
 
 
As Alterações CadavéricasNo indivíduo vivo, todos os órgãos e sistemas do corpo cooperam para a manutenção de um 
equilíbrio fisiológico interno denominado de homeostase. Para isso, a maior parte dos órgãos 
trabalham eficientemente dentro de uma estreita faixa de condições fisiológicas, tais como pH, 
temperatura, concentração de oxigênio e fonte de energia. O rompimento do equilíbrio homeostático 
implica na instalação da morte e consequentes fenômenos post-mortem ou cadavéricos, os quais são 
classificados em abióticos (modificações físico-químicas que ocorrem sem a interferência dos 
microorganismos) e fenômenos transformativos. 
 
 
- Fenômenos Abióticos: 
 
 Imediatos: 
1º - Perda de consciência - é a falta de resposta do indivíduo frente ao meio ambiente. Isolada não 
caracteriza a morte; 
 
2º - Perda da sensibilidade - cessação da sensibilidade geral e especial. Há perda das sensações 
táteis, térmicas e dolorosas; 
 
3º - Abolição da motilidade e do tono muscular - o cadáver apresenta-se imóvel, muito embora 
alguns feixes musculares possam apresentar movimentos em decorrência da gravidade e da rigidez 
cadavérica. Na etapa inicial dos fenômenos cadavéricos, há o relaxamento muscular e, 
consequentemente, observa-se dilatação pupilar (midríase), abertura das pálpebras, dilatação do 
esfíncter anal, abertura da boca. No momento da morte, as pupilas dilatam-se progressivamente para 
depois contraírem. 
Com a perda do tono muscular, o indivíduo apresenta o que se chama de face cadavérica, 
caracterizada por semblante sereno (sem expressão) devido ao relaxamento dos músculos faciais, o 
que é diferente da face hipocrática (sofrimento de um moribundo); 
 
4º - Cessação da respiração - evidenciada pela ausência de murmúrios vesiculares a auscultação 
pulmonar; 
 
5º - Cessação da circulação sanguínea - observada através da auscultação cardíaca (ausência de 
batimentos) e pela falta de atividade acusada na eletrocardiografia; 
 
6º - Cessação das atividades cerebrais - observada, dentre outras coisas pela perda de 
consciência e pela falta de atividade no registro eletroencefalográfico. 
 
 
 Consecutivos: 
1º - Desidratação - o cadáver apresenta-se sujeito às leis da física e, consequentemente, perde 
água dos tecidos para o meio externo. Isso é verificado através da diminuição do peso corporal; 
pergaminhamento da pele (ressecada, e firme e mais fina); dessecamento da mucosa labial e 
modificações nos globos oculares, os quais se tornam aprofundados em suas órbitas, apresentam 
película viscosa recobrindo a córnea (associação de líquidos e restos celulares), opacidade corneal e 
mancha negra na esclerótica (ressecamento da mesma com fácil visualização da coróide que é 
pigmentada e possui coloração enegrecida); 
2º - Esfriamento do corpo (algor ou frigor mortis) - com a cessação dos fenômenos metabólicos e 
a perda gradual das reservas energéticas, o cadáver tende a perder temperatura para o meio externo 
até entrar em equilíbrio com este. O esfriamento cadavérico é gradual, podendo ser utilizado para a 
determinação do tempo de morte do indivíduo, entretanto, não há uma uniformidade rigorosa na 
progressão de perda de calor. 
 Geralmente o cadáver iguala a sua temperatura com a do ambiente por volta de 15 a 20 
horas da ocorrência do óbito. As primeiras porções a esfriarem são as extremidades (pés, mãos, 
nariz, etc.) enquanto que os órgãos viscerais mantêm o calor por mais tempo, podendo chegar até 24 
horas após a morte. 
Há diversos fatores que podem acelerar ou retardar a diminuição da temperatura do corpo, 
sendo divididos em: 
 Intrínsecos: 
 * Idade- muito importante, uma vez que indivíduos idosos e recém nascidos esfriam mais 
rapidamente que os adultos. Nos idosos, a queda de temperatura mais acelerada dá-se pela 
alteração do metabolismo, cujas trocas orgânicas são mais frágeis. Nos recém nascidos, a diminuição 
rápida da temperatura ocorre pela pequena dimensão do corpo e pela fragilidade da pele, o que 
facilita a evaporação e a perda de calor, consequentemente. 
 * Gordura - a gordura é má condutora de calor, portanto indivíduos obesos perdem 
temperatura mais lentamente, enquanto que os magros e mal nutridos tem acelerado o fenômeno de 
frigor mortis. 
 Extrínsecos: 
 * Temperatura ambiente - em locais quentes o processo de esfriamento é mais lento do que 
em locais mais frios. 
 * Circulação de ar - em locais fechados a perda de temperatura é mais lenta do que em locais 
abertos, ainda mais se o cadáver estiver envolto por tecidos, por exemplo. 
 * Líquido - em meios líquidos podem ocorrer reações exotérmicas, fazendo com que o 
cadáver possa até aumentar de temperatura. 
 
 
3º - Manchas cadavéricas (livor mortis; hipostase) - o livor mortis é caracterizado pela formação 
de manchas inicialmente róseas e violáceas para tornarem-se arroxeadas mais tarde. 
 As manchas são formadas na pele e órgãos viscerais, principalmente nas áreas corporais em 
declive e em contato com superfícies. 
 O fenômeno que determina o livor é denominado de hipostase cadavérica e ocorre pela 
deposição de sangue nas áreas mais baixas do cadáver em função da força gravitacional e da estase 
vascular (parada do trabalho cardíaco e do fluxo sanguíneo). 
 A hipostase apresenta-se poucas horas após o óbito. Nas horas iniciais, o sangue presente 
nas áreas hipostáticas pode ser deslocado com uma mudança de posição do cadáver ou pela 
pressão das mãos. Mas com 10 a 12 horas após a instalação do livor, as manchas não se deslocam 
devido a impregnação de pigmento hemoglobínico proveniente do processo de hemólise. 
 Nos órgãos viscerais, a hipostase é mais bem observada nos órgãos pares (rins, pulmões, 
cérebro) devido à possibilidade de comparação. Assim, os órgãos que se encontram mais baixos 
apresentarão coloração mais avermelhada do que os outros, caracterizando o processo de hipostase. 
 As manchas de hipostase são percebidas melhor nos homens e animais de pele clara (pouca 
pigmentação cutânea) e com pouco ou nenhum revestimento piloso. 
 
4º - Coagulação do sangue - A coagulação é consequência da completa estase sanguínea do 
cadáver. Geralmente os coágulos são observados nas veias, uma vez que há contração elástica nas 
artérias, fazendo com que o sangue seja expulso para o sistema venoso. 
 A formação de coágulos opera-se quase que imediatamente à morte, sendo estes de dois 
tipos: 
 - Coágulos Cruóricos - caracterizam-se por massas vermelhas e elásticas, de aspecto 
brilhante e superfície lisa. Destacam-se facilmente das paredes dos vasos. 
 - Coágulos Lardáceos - caracterizam-se por massas de coloração amarelada, de aspecto 
brilhante e superfície lisa, muito semelhante ao tecido adiposo das aves. Esses tipos de coágulos 
nada mais são do que glóbulos branca e fibrina, indicando um processo de sedimentação e 
separação (em camadas) dos constituintes sanguíneos - no caso são a parte superior do sedimento. 
Geralmente , quando observados nas câmaras do coração, indicam coagulação cardíaca pré-mortal e 
agonia prolongada. 
 É necessário promover a distinção dos coágulos cruóricos dos trombos (formados em vida). 
Os trombos apresentam-se fixados a parede vascular, não desprendem facilmente, não apresentam 
aspecto brilhante e superfície regular tão evidente quanto os coágulos cruóricos. 
 
5º - Rigidez cadavérica (rigor mortis) - o rigor mortis caracteriza-se pela contração progressiva dos 
músculos a tal ponto de não se poder imprimir uma movimentação passiva das articulações. O 
processo de contratilidade da musculatura inicia-se 1 a 3 horas após a morte, indo instalar-se 
primeiramente no músculo cardíaco e diafragmático, músculos da cabeça (principalmente os 
mandibulares) e dopescoço, progredindo para o tronco e membros até atingir todos os grupos 
musculares. 
O desaparecimento do rigor mortis ocorre na mesma ordem pela qual iniciou, ou seja, as 
primeiras porções a entrarem em rigor serão as primeiras a saírem deste. 
 A rigidez cadavérica é provocada pela formação de pontes “permanentes” entre a cabeça da 
miosina e a actina - miofilamentos que compõem as miofibrilas das fibras musculares- em decorrência 
do esgotamento das moléculas de ATP (fundamentais para a manutenção dos filamentos separados 
e consequentemente, os músculos relaxados). Mas este fenômeno não é definitivo, já que após 
algum tempo, o rigor desfaz-se devido a degradação física da estrutura muscular. 
 O rigor mortis instala-se horas após o óbito, quando esgotam as reservas de ATP, aquelas 
pré-existentes a morte do animal e aquelas formadas a partir da glicólise anaeróbica (pela utilização 
do glicogênio armazenado no organismo) após o óbito do mesmo. 
 Com a evolução da glicólise anaeróbica, há produção e acúmulo de ácido lático, fazendo com 
que o pH tecidual torne-se cada vez mais baixo, sendo que quando alcança 5,0 a 5,5 (ponto 
isoelétrico da miosina) há inativação do processo fermentativo e cessa o desdobramento enzimático 
do glicogênio, mesmo que haja reservas deste. Geralmente essa fase indica o final da rigidez e o 
início da fase putrefativa dos animais mortos naturalmente ou de acidente e da fase de maturação da 
carne das espécies abatidas. 
 Há fatores que podem interferir no tempo de instalação do rigor mortis, como: 
 Fatores Intrínsecos: 
 Idade - o rigor mortis é precoce nos idosos e desaparece rapidamente nos fetos 
imaturos e recém nascidos. 
 Doenças - é retardado em doenças caquetizantes (neoplasias malignas, 
septicemias, etc.), rápido e duradouro em indivíduos fortes e que morreram subitamente, como 
também nos indivíduos envenenados por CO2 e estricnina, com tétano, febre alta e que tiveram 
convulsões. 
 Fatores Extrínsecos: 
 Temperatura - temperaturas extremas (-0ºC e 75ºC) promovem rigidez instantânea; 
temperaturas de 0ºC e de 44ºC a 50ºC abreviam o aparecimento; temperaturas de 5 a 30ºC 
apressam a aparição e temperaturas de 13 a 15ºC há retardamento no fenômeno. 
 Na morte por abate, a fase de rigidez ocorre de maneira controlada pelo uso da câmara fria, 
onde os fenômenos físico-químicos do rigor processam-se em um ritmo pré-estabelecido. 
 
Fenômenos Transformativos: 
 Autólise - é um fenômeno de origem enzimática que não depende da atuação de 
microorganismos. Na morte, quando cessada a circulação, não há transporte de oxigênio e nutrientes 
para as células, o que conjuntamente a diminuição do pH, dá início a ações intra e extracelulares que 
compreendem o processo autolítico ou de decomposição. 
 O indivíduo vivo mantém o pH neutro ou próximo dessa faixa, tanto que no momento que 
surge o menor sinal de acidez, a vida torna-se impraticável A autólise resulta da predominância de 
íons H
+
 sobre os íons OH
-
 nos tecidos e líquidos do cadáver. Nas células musculares existem 
enzimas proteolíticas denominadas catepsinas, as quais se apresentam no interior dos lisossomos. 
Quando há diminuição do pH, estas enzimas são ativadas e iniciam o processo de degradação 
protéica dos músculos. No amaciamento da carne durante a maturação post-mortem, há o 
desdobramento dos tecidos conjuntivos colagênicos da musculatura pela ação das catepsinas. 
 Na autólise observa-se o desnudamento precoce e fácil das mucosas, como a do trato 
digestivo. No rim e na próstata, nota-se também (ao exame microscópico) o desprendimento epitelial. 
 
 Putrefação - é o fenômeno que ocorre consecutivamente a autólise, sendo caracterizado 
como um conjunto de fenômenos físico-químicos e biológicos provocados por germes aeróbios, 
anaeróbios e facultativos, geralmente saprófitos. Com exceção dos fetos e recém-nascidos, o 
intestino é o ponto de partida do processo putrefativo devido à grande concentração de 
microorganismos. Por isso, o primeiro sinal externo da putrefação, geralmente é o surgimento de uma 
mancha verde abdominal. 
 Temperaturas muito altas ou muito baixas retardam o desenvolvimento da putrefação, tanto 
que abaixo de 0ºC não há início do fenômeno. Não há uma rigorosa precisão, mas o processo 
putrefativo apresenta uma determinada sequência, caracterizada por quatro períodos: 
1º - Período de Coloração - caracteriza-se pelo aparecimento de manchas verdes, 
inicialmente na região abdominal, preferencialmente na fossa ilíaca (região próxima ao ceco). Deste 
ponto, as manchas difundem-se por todo abdômen, tórax, cabeça e membros. A cor esverdeada 
progride para tons mais escuros até tornar-se verde enegrecida. 
 Essa coloração tegumentar é consequência da produção de hidrogênio sulfurado pelas 
bactérias com a hemoglobina do sangue, formando o pigmento sulfametahemoglobina. 
 2º - Período Gasoso - no interior dos tecidos vão se formando gases produzidos pelas 
bactérias que se multiplicam cada vez mais. O cadáver apresenta um aspecto gigantesco, 
principalmente a face e o abdômen, notando-se bolhas de gás e conteúdo líquido hemoglobínico. 
 Os gases pressionam os vasos fazendo com que o sangue escape para a periferia e com o 
destacamento epidérmico, forma-se um desenho vascular na derme bastante característico, 
conhecido como circulação póstuma de Brouardel (melhor observado em indivíduos de pele pouco 
pigmentada e com poucos pelos). 
 3º - Período Coliquativo (liquefação) - fase caracterizada literalmente pela dissolução do 
cadáver, onde as partes moles reduzem de volume pela desintegração progressiva dos tecidos. O 
corpo e os órgãos vão perdendo o seu formato, sendo que o esqueleto torna-se recoberto por uma 
massa cada vez mais disforme. Há volatização de gases e surge grande número de larvas e insetos. 
Tal período pode variar de acordo com as condições corpóreas e da localização do cadáver (terreno), 
podendo persistir por um ou vários meses. 
4º - Período de Esqueletização - nesta fase o cadáver apresenta-se quase que totalmente 
livre de suas partes moles, restando apenas os ossos presos por ligamentos articulares. A ossatura 
resiste por longos tempos, mas mesmo assim, vão perdendo sua estrutura normal, tornando-se cada 
vez mais leves e quebradiços. 
 
Alguns aspectos macroscópicos caracterizam bem a putrefação, tais como: 
 
 - Desaparecimento da rigidez cadavérica; 
 - Manchas de embebição hemoglobínica em vários tecidos, tais como o endocárdio; 
 - Embebição biliar (manchas amarelo-esverdeadas) em tecidos próximos a vesículabiliar, tais 
como o fígado, epíploo e duodeno; 
- Presença de manchas esverdeadas devido a pigmentação pela sulfametahemoglobina; 
 - Eliminação de sangue pelas cavidades naturais por causa da hemólise; 
- Amolecimento das polpas teciduais, principalmente do baço (ao se raspar a superfície de 
desse órgão, observa-se na faca a presença de material viscoso avermelhado); 
- Timpanismo cadavérico, caracterizado por abdomen estufado pela presença de grande 
quantidade de gases no interior do tubo digestivo (processo precoce em ruminantes); 
- Enfisema cadavérico, caracterizado por bolhas de gás que se desenvolvem sob a cápsula 
de órgãos, principalmente no fígado e baço; 
 - Expulsão de parte da ampola retal pelo reto; 
 - Odor ofensivo, o qual se supõe ser formado por aminas, tal como aa cadaverina, na 
produção de gases pelas bactérias; 
 - Infestação do cadáver por insetos 
 
 Saponificação ou adipócera - fenômeno transformativo caracterizado pela transformação do 
cadáver em uma substância de aspecto untuoso (gorduroso), consistência mole e quebradiça, com 
tonalidade amarelo-escura (aspecto de cera ou sabão).Este processo não é inicial, geralmente 
ocorre em estágio mais ou menos avançado de putrefação, mas desde que se instala , caracteriza-se 
como fenômeno conservador. Normalmente pode-se encontrar um cadáver com adipócera apenas 
em pequenas áreas ou segmentos do corpo. 
 
 Mumificação - fenômeno transformativo de conservação do cadáver, decorrente de meios 
naturais ou artificiais. No processo natural, há necessidade de condições específicas que facilitem a 
desidratação rápida do cadáver e dificultem a atuação microbiana responsável pela putrefação. É o 
caso de indivíduos expostos ao ar, em regiões de clima quente e seco, pois perdem rapidamente a 
água e sofrem intenso dessecamento. 
 O cadáver mumificado tem tamanho e peso reduzidos, pele dura e seca, enrugada e de 
tonalidade enegrecida. A cabeça apresenta-se reduzida de volume e a face conserva alguns traços 
fisionômicos. Músculos, tendões e vísceras transformam-se em pó ao menor toque, mas os dentes e 
unhas permanecem bem conservados. 
 
 Maceração - é um fenômeno especial de transformação que sofre o cadáver de feto em útero 
materno ou de indivíduos mantidos submersos. Tal processo pode acompanhar ou não a atuação de 
microorganismos (séptico ou asséptico). Fetos retirados mortos de útero podem sofrer maceração 
asséptica. Mas cadáveres mantidos em meio líquido e com germes, como em indivíduos afogados, 
desenvolvem a maceração séptica. 
 
 Calcificação - é um fenômeno transformativo conservador caracterizado pela calcificação do 
corpo. Observa-se mais frequentemente em fetos mortos e mantidos no interior do útero, são os 
chamados litopédios. Em pequenos cadáveres e adultos é raro notar este processo, que só ocorre 
quando as partes moles desintegram-se em processo de rápida putrefação e o esqueleto absorve 
grande quantidade de sais de cálcio, tomando as áreas afetadas com aspecto pétreo. 
 
 
A partir da descrição dos fenômenos que compreendem as alterações post-mortem, pode-se sugerir 
o seguinte calendário (estimado em humanos): 
 
ALTERAÇÃO TEMPO ESTIMADO DE MORTE 
Corpo quente, flácido e sem livores. Menos de 2 h 
Rigidez da nuca e mandíbula, início de livores e 
esvaziamento das papilas oculares no fundo do olho. 
De 2 - 4 h 
Rigidez dos membros superiores, da nuca e da mandíbula; 
livores relativamente acentuados. 
De 4 - 6 h 
Rigidez generalizada, manchas de hipostase, não 
surgimento de mancha verde abdominal e 
desaparecimento das artérias do fundo do olho. 
Mais de 8 e menos de 16h 
Rigidez generalizada; esboço de mancha verde abdominal; 
reforço da fragmentação venosa e desaparecimento das 
artérias do fundo do olho. 
Mais de 16 e menos de 24 h 
Presença de mancha verde abdominal; início de flacidez; 
papilas e máculas não localizáveis no fundo do olho 
De 24 - 48 h 
Aumento de extensão da mancha verde abdominal e fundo 
do olho apenas reconhecível na periferia 
De 48 - 72 h 
Fundo do olho irreconhecível De 72 - 96 h 
Desaparecimento de partes moles do corpo e presença de 
insetos 
De 2 - 3 anos 
Esqueletização completa Mais de 3 anos 
 
 
 
 
Medicina Veterinária Legal 
 A medicina legal é uma ciência de vastas proporções, sendo intensamente diversificada. 
Pode ser definida como “a ciência que ensina a aplicação de todos os ramos da medicina aos fins da 
lei, tendo por limites, de um lado, os quesitos legais e, de outro, a ordem interna da medicina” 
(Taylor). 
 A medicina legal não é caracterizada como uma simples especialidade da medicina, uma vez 
que abrange todas as especialidades desta (patologia, traumatologia, radiologia, fisiologia, anatomia, 
microbiologia, parasitologia, obstetrícia, ginecologia, etc.) e partes de outras ciências, especialmente 
o Direito. 
 Muitas vezes, associa-se a medicina legal ao estudo da causa morte do indivíduo, entretanto 
ela é mais abrangente, estando correlacionada também ao indivíduo vivo. 
 O indivíduo que pratica a medicina legal não pode ser um simples médico, é preciso estar 
apto a praticar perícias, ou seja, tenha treinamento adequado, estudos mais acurados e adquira 
paulatinamente técnica e disciplina. 
 Em termos de medicina veterinária legal, podemos dizer que ela abrange praticamente todos 
os ramos de especialidade aos moldes da medicina humana. Entretanto, ela é considerada como um 
apêndice, quando muito da patologia, tanto que na maior parte dos casos, não consegue sequer ser 
diferenciada desta. Há poucos e verdadeiros peritos veterinários, mas tem-se feito alguns avanços. 
Para se ter uma ideia, no estado de São Paulo, a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de 
Botucatu (UNESP) foi uma das primeiras e poucas a instituir uma disciplina própria de medicina 
veterinária legal. Essa área tende a crescer, mas ainda hoje, muitos profissionais não possuem um 
preparo específico para a participação de perícias ou até mesmo para a avaliação de si próprios e de 
seus colegas no que diz respeito a ética médico veterinária ou em suas relações com a justiça civil, 
de um modo geral. 
 
 
Perícia Médico Legal 
 A perícia médico legal pode ser definida como um conjunto de procedimentos médicos e 
técnicos que tem como fim o esclarecimento de um fato de interesse judicial. Também pode ser 
caracterizada como ato pelo qual a autoridade procura conhecer, por meios técnicos e científicos, a 
existência ou não de certos conhecimentos capazes de interferir na decisão de uma questão judicial 
associada a vida ou a saúde dos animais e do próprio homem. 
 A perícia é efetuada não apenas em cadáveres, mas em indivíduos vivos, esqueletos e 
objetos. 
 Nos vivos, a perícia destina-se a distinguir a presença de lesões corporais, determinar o sexo, 
idade, raça, espécie (nos animais), prenhez, aborto e identificação de procedimentos que possam 
alterar as condições de saúde. 
 Nos cadáveres procura-se diagnosticar a realidade da morte, suas causas (biológica e 
jurídica), identificação de carcaças, tempo aproximado de morte, presença de tóxicos nas vísceras, 
localização de projéteis balísticos, diagnóstico dos diversos tipos de lesões traumáticas, imperícias, 
etc. 
 No esqueleto só é possível a identificação da carcaça (espécie animal) e quando muito, 
diagnosticar a causa morte, onde nestes casos só é possível definir lesões traumáticas ou similares. 
 Nos objetos, regularmente faz-se a identificação de pêlos, esperma, leite, colostro, sangue, 
líquido amniótico, fezes, urina, saliva nos utensílios de uma forma geral. 
 De certo, os peritos são pessoas qualificadas ou experientes em determinados assuntos, as 
quais se incumbem à tarefa de esclarecer um fato de interesse para a justiça, quando assim são 
solicitadas. Por isso, qualquer pessoa qualificada poderá ser convocada para essa função, desde que 
seja reconhecida nesta, capacidade para tanto. Neste ponto, fica claro que a medicina veterinária 
torna-se desvinculada da anatomia patológica, a qual cabe mais diretamente as perícias em 
cadáveres e esqueletos. 
 Em alguns estados foram criados os conselhos médicos legais para que a justiça não ficasse 
na dependência de uns poucos peritos. Esses conselhos prestam-se como corte de apelação judicial, 
tendo por objetivo emitir pareceres médicos legais mais especializados e servir como órgãos de 
consulta para os peritos. Normalmente são formados por autoridades idôneas em medicina legal, 
constituindo-se geralmente de professores de disciplinas médicas e diretores de institutos médico 
legais. Com certeza, este é um bom modelo a ser seguido pela medicina veterinária legal, pelo qual, 
com a atividade conjunta dos profissionais especializados nas diferentes áreas, pode-se suprir, de 
certa maneira, a falta atualde peritos médicos veterinários. 
 Os resultados de uma perícia são apresentados através de laudos e pareceres médico-legais. 
O perito deve emitir apenas as suas impressões do ponto de vista profissional e responder aos 
quesitos formulados pelas partes, sem sofrer insinuações ou limitações de quem quer que seja, não 
permitindo-se caprichos, antipatias ou preconceitos de qualquer natureza. 
 O laudo médico legal é a descrição mais minuciosa de uma perícia médica ou médica 
veterinária, a fim de responder à solicitação de uma autoridade policial ou judiciária frente a um 
inquérito. Estes laudos ou relatórios são constituídos por: 
 
- Preâmbulo: nesta parte constam a hora, data e local exatos do exame realizado; nome da 
autoridade requerente e da que determinou a perícia; nome, título e endereço residencial dos peritos; 
qualificação do examinado. 
 
- Quesitos: nas ações penais, já se encontram formulados os chamados quesitos oficiais 
que, por exemplo, no auto de exame cadavérico são: Primeiro - Se houve morte; Segundo - Qual a 
causa da morte? Terceiro - Qual o instrumento ou o meio que produziu a morte? Quarto - Se a morte 
foi produzida por meio de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou por meio insidioso ou cruel 
(resposta especificada). 
 
- Histórico: é o registro dos fatos mais significativos que motivam o pedido de perícia ou que 
possam esclarecer e orientar a ação do perito. 
 
- Descrição: parte primordial do relatório médico legal, onde se faz necessário a exposição 
de todas as particularidades que a lesão apresenta, não devendo ser referida apenas de forma 
nominal. A verdadeira finalidade do laudo médico legal é oferecer a autoridade judicial elementos de 
convicção para que aquilo que ela supõe, mas que precisa se convencer. Assim a essência da perícia 
é dar a imagem mais aproximada possível do dano e de seu mecanismo de ação, do qual a lesão foi 
resultante. Por isso a descrição deve ser completa, minuciosa, metódica e objetiva, não chegando 
jamais ao terreno das hipóteses. 
 
- Discussão: nesta parte, colocam-se em discussão as hipóteses formuladas, afastando-se 
ao máximo as conjecturas pessoais, podendo-se inclusive citar autoridades recomendadas sobre o 
assunto. 
 
- Conclusões: é a síntese diagnóstica escrita com clareza, disposta de maneira ordenada, 
deduzida pela descrição e pela discussão. Caracteriza-se pela análise sumária daquilo que os peritos 
puderam concluir após o exame minucioso.
Marcha de Necropsia 
 
 
Instrumental 
 
 Cabo de Bisturi Pinça dente-de-rato e 
Pinça Anatômica 
Tesoura reta-fina e 
Tesoura reta-romba 
Faca Magarefe 
Costótomo Faca de órgãos Enterótomo Rugina 
Escopro Cizalha Martelo Serra 
Marcha de Necropsia 
 
1) Identificação: Espécie, Sexo, Idade, Raça, Peso, Estado de Nutrição, Rigidez 
Cadavérica; Marcas Características. 
 
2) Pelame: Cor; Comprimento; Brilho; Pelos eriçados ou assentados, bem implantados ou 
não. 
 
3) Pele: Coloração; Pigmentação; Elasticidade; Umidade; Erupções Cutâneas; Presença 
de Ectoparasitas. 
 
 
4) Exame das Cavidades Naturais: 
a. Olhos 
- Preenchem as órbitas ou não; 
- Pálpebras: alterações; 
- Conjuntiva: cor e alterações; 
- Pupila: midríase ou miose; 
- Cristalino: transparente ou opaco; 
- Corrimento: cor, tipo e quantidade. 
 
b. Narinas 
-Umidade; 
- Lesões; 
- Defeitos; 
- Corrimento: cor, tipo e quantidade. 
 
c. Boca 
- Mucosa bucal: cor e alterações. 
- Gengivas: cor e alterações. 
- Língua: presença ou ausência de saburra; 
- Dentes: implantação, falhas, desgastes, tártaro, cáries e/ou fraturas. 
- Palato Mole: cor e alterações; 
- Palato Duro: cor e alterações; 
- Conteúdo da cavidade bucal: líquido, sólido ou pastoso. 
 
d. Pavilhão Auricular 
- Cerúmem; 
- Crepitação; 
- Lesões. 
 
e. Ânus 
- Contraído ou relaxado; 
- Com ou sem presença de fezes; 
- Lesões; 
- Corrimento: cor, tipo e quantidade. 
 
f. Genital 
 Macho: 
 - Prepúcio: presença de corrimento e/ou lesões; 
 - Testículos: presentes ou não na bolsa escrotal. 
 Fêmea: 
 - Vulva: cor, presença de corrimento e/ou lesões. 
 
5) Abertura do cadáver: 
Técnica: Incisão mento-pubiana superficial 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Macho: Pênis deve ser contornado por ambos os 
lados [corte em V invertido] e posteriormente rebatido; 
 Fêmea: O corte deve contornar a linha branca, sem 
desvios [corte em Y]; 
 
- Fazer “abotoadura’ (um pequeno corte com a ponta da 
magarefe) com a faca no apêndice xifóide e iniciar a 
abertura da cavidade abdominal; 
- Rebater pele, musculatura e panículo adiposo 
para expor o gradil costal. 
 
Incisão mento-pubiana 
Cavidade Abdominal - Rebater pênis 
Popesko, P. Atlas de anatomia dos animais 
domésticos. Ed. Manole, 1990. 

6) Exame dos órgãos “In Situ”: 
a. Cavidade Abdominal 
- Líquido na cavidade: cor, tipo e quantidade; 
- Panículo Adiposo: cor, desenvolvimento e alterações; 
- Tecido Muscular: cor, desenvolvimento e alterações; 
- Peritônio: lisura, brilho, transparência e aderências; 
- Epíploo: cor, aderência e quantidade de gordura; 
- Baço: posição e aderências; 
- Intestino: contraído ou distendido e presença de aderências; 
- Mesentério: estado dos vasos e dos gânglios (corte do linfonodo mesentérico 
com a faca de órgãos); 
- Fígado: posição em relação ao rebordo costal e aderências; 
- Estômago: posição em relação ao rebordo costal e aderências; 
- Cúpula diafragmática: ao nível de que costela; 
- Rins: posição, aderências e quantidade de gordura; 
- Vesícula Urinária: repleta ou não e aderência; 
- Vias Urinárias: permeabilidade 
- Órgãos Genitais: 
Macho: 
- Testículos: ectópicos, número, localização e constituição; 
- Canais deferentes: alterações; 
Fêmea: 
- Útero: posição, aderências e alterações; 
- Ovário: posição, aderências e alterações. 
 
b. Cavidade Torácica 
- Retirada do plastrão (osso esterno e porção cartilaginosa das costelas) 
Técnica: Desarticulação bilateral com o costótomo ao nível das articulações 
costo-condrais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Desarticulação costo-condral 
Popesko, P. Atlas de anatomia dos animais 
domésticos. Ed. Manole, 1990. 

 - Líquido na cavidade torácica: cor, tipo e quantidade; 
 - Pleura: lisura, brilho, transparência, alterações e aderências; 
- Pulmões: distendidos / contraídos e aderências; 
 - Saco Pericárdico (abrir pequeno orifício na região da ponta do 
coração para observar líquidos e aderências) 
- Conteúdo do saco pericárdico: conteúdo: cor, tipo e 
quantidade; 
 - Coração: posição e quantidade de gordura; 
 - Pericárdio: lisura, brilho e transparência; 
 - Conteúdo do saco pericárdico: conteúdo: cor, tipo e quantidade; 
 
7) Retirada dos conjuntos: 
 
1º Conjunto: Língua, faringe, esôfago, laringe, traquéia, tireóides e para-tireóides, pulmões, 
gânglios mediastínicos e coração. 
 
Técnica: Efetuar duas incisões com a faca magarefe na musculatura junto aos ramos laterais 
da mandíbula, remover a língua e continuar com incisão em “V” junto à inserção do palato 
mole, e desarticular o hióide. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Soltar traquéia e esôfago entre as fáscias musculares cervicais até o início da cavidade 
torácica, puxar o conjunto em direção ao diafragma. 
 Localizar o esôfago e fazer amarração próxima ao hiato esofágico para evitar que o 
conteúdo gástrico extravase. Efetuar o corte acima da amarração. 
 
 
2º Conjunto: Baço e epíploo. 
Técnica:Localizar a inserção do epíplon próximo ao estômago. Retirar o baço e o epíplon 
junto à curvatura maior do estômago (cortar com tesoura), contornando o pâncreas. 
Região da incisão em “V” invertido 
Popesko, P. Atlas de anatomia dos animais 
domésticos. Ed. Manole, 1990. 

3º Conjunto: Intestinos (segundo terço do duodeno até parte do reto). 
Técnica: Localizar duodeno e pâncreas. Realizar a amarração no local onde o pâncreas se 
afasta do duodeno. 
 Localizar o reto. Tracionar as fezes em sentido cranial e realizar amarração próxima ao 
reto. Destacar as alças intestinais do mesentério com faca de órgão 
 Efetuar os cortes próximos ao duodeno e ao reto, também com faca de órgão. 
 
4º Conjunto: Diafragma, fígado, vesícula biliar, estômago, duodeno (primeiro terço do 
duodeno) e pâncreas. 
Técnica: Realizar a retirada do diafragma, cortando pelos seus contornos laterais com tesoura 
romba, de preferência, curva. 
 
 Realizar a Manobra de Wirchow (Permeabilidade das vias Biliares): Seccionar a 
porção final do duodeno até a região final do piloro com o auxílio de tesoura e pinça 
dente de rato. Após, comprimir a vesícula biliar e observar a permeabilidade do 
colédoco ou sua obstrução. A prova positiva é positiva quando a bile flui e não há 
obstrução. 
 
5º Conjunto: Sistema Urogenital 
 Machos: Adrenais, rins, ureteres, vesícula urinária, uretra, próstata, pênis, prepúcio, 
bolsa escrotal, testículos e epidídimo. 
 Fêmeas: Adrenais, rins, ureteres, vesícula urinária, vagina, corpo e cornos uterinos e 
ovários. 
Técnica: Destacar as adrenais com os rins e ureteres por intermédio da faca de Magarefe. 
Cortar a musculatura paralela À linha da sínfise púbica para facilitar a penetração do costótomo 
no forame obturado para seccionar os ossos ílio e ísquio de ambos os lados. Procede-se com a 
retirada do arcabouço ósseo do assoalho pélvico (utilizar o costótomo) a fim de permitir a 
retirada do conjunto todo com o auxílio da Magarefe. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Secção através do forame obturado 
Popesko, P. Atlas de anatomia dos animais 
domésticos. Ed. Manole, 1990. 

Retirada da calota craniana 
Popesko, P. Atlas de anatomia dos animais 
domésticos. Ed. Manole, 1990. 

6º Conjunto: Meninges, cérebro e cerebelo. 
Técnica: Realizar incisão da pele desde a região supra-orbitária até o occipital. Seccionar a 
musculatura da região frontal, temporal e occipital para expor a superfície óssea da calota 
craniana. Remover a calota craniana posicionando a serra na transversal (aproximadamente 
dois dedos acima das órbitas oculares) e serrar em sentido latero-lateral. Realizar mais duas 
linhas (mediana e oblíqua) de corte laterais para que encontrem o corte transversal. Retirar 
calota craniana e meninges. Cortar com tesoura romba os nervos cranianos da base do 
encéfalo e retirar o cérebro inteiro da caixa craniana. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8) Exame dos órgãos isolados: 
 
1º Conjunto: 
 Língua: 
Superfície Externa: tamanho; cor; consistência; alterações. 
 Superfície de corte: cor; umidade; musculatura; espessura. 
 
 Faringe: 
Mucosa: cor; alterações. 
 Conteúdo: cor; tipo; quantidade. 
 
 
 
 Amígdalas: 
Superfície externa: tamanho; cor; consistência; alterações. 
 Superfície de corte: cor; consistência; alterações. 
 
 Esôfago: 
 Exame externo: alterações. 
 Mucosa: cor; espessura; alterações. 
 
 Laringe: 
 Estado das cartilagens. 
 Mucosa: cor; alterações. 
 Conteúdo: tipo; cor; quantidade. 
 
 Traquéia: 
 Estado dos anéis. 
 Mucosa: cor; alterações. 
 Conteúdo: tipo; cor; quantidade. 
 
 Tireóide e paratireóides: 
 Superfície externa: tamanho; cor; consistência; alterações. 
 Superfície de corte: cor; umidade; alterações. 
 
 Pulmões: 
Superfície externa: cor; consistência; alterações; crepitação; sinal de 
Godet. 
Superfície de corte: cor; umidade; alterações. 
 
 Gânglios mediastínicos: 
 Superfície externa: tamanho; cor; consistência. 
 Superfície de corte: cor; umidade; alterações. 
 
 Coração: 
Saco pericárdico: lisura; brilho; transparência; estado dos vasos; 
alterações; Abertura do coração:, segue-se o “caminho do sangue 
Técnica: 1- Segurar o coração na palma da mão auxiliar, tendo a base 
voltada para esta. O ventrículo direito deve estar voltado para o lado 
esquerdo (polegar da mão esquerda dos destros) e consequentemente 
o ventrículo esquerdo voltado para o lado direito. 
 As veias cavas ficam desse modo expostas. Iniciar o corte pela 
entrada destas (penetrando no ventrículo direito) com a tesoura reta-
romba. Apoiar uma de suas lâminas na parede do ventrículo e seguir o 
septo intraventricular até que se alcance a artéria pulmonar. 
 2- Voltar o coração à posição inicial. Fazer ligeira rotação 
para a esquerda e cortar na desembocadura das veias pulmonares. 
Como da forma anterior, seguir margeando o septo interventricular, 
passar ligeiramente à esquerda da ponta do ventrículo esquerdo e 
continuar até atingir a válvula mitral. Fazer movimento à esquerda, com 
a tesoura e penetrar a artéria aorta, cortar até o fim do segmento. 
 
 Cavidades: conteúdo; tipo; quantidade. 
Miocárdio: cor; desenvolvimento; alterações. espessura (comparação 
entre a espessura do ventrículo esquerdo com o direito (proporção de 
2,5 a 3 para 1). 
 Endocárdio: lisura; brilho; transparência; alterações. 
 Válvulas: cor; brilho; desenvolvimento; transparência; alterações. 
 
 2º Conjunto: 
 Baço: 
 Superfície externa: cor; tamanho; consistência; alterações. 
Superfície de corte (cortar pelo hilo, longitudinalmente, com faca de 
órgão): cor; polpa branca; polpa vermelha; raspagem da polpa; 
alterações. 
 
 Epíploo: 
 Cor; desenvolvimento; estado dos vasos. 
 Gordura: cor; quantidade; alterações. 
Deve ser liso, brilhante e transparente. 
 
 3º Conjunto: 
 Intestinos: 
 Mucosa: cor, alterações. 
 Conteúdo: alimento (quimo); parasitas; corpos estranhos; alterações. 
 
 4º Conjunto: 
 Diafragma: 
 Lisura; brilho; transparência; alterações. 
 
 Fígado: 
Superfície externa: cor; tamanho; consistência; desenho lobular; 
bordos; lobos; alterações. 
Superfície de corte: estado dos vasos; estado do parênquima; 
compressão; alterações. 
 
 Vesícula biliar: 
 Repleta ou não. 
 Conteúdo: cor; tipo; quantidade. 
 Parede e mucosa: cor; espessura; alterações. 
 
 Estômago: 
 Mucosa: cor; espessura; alterações. 
 Conteúdo: alimento; parasitas; corpos estranhos. 
 
 Duodeno: 
 Mucosa: cor; alterações. 
 Conteúdo: tipo; parasitas; úlceras. 
 
 Pâncreas: 
 Superfície externa: cor; compressão; alterações. 
 Superfície de corte: cor; compressão; alterações. 
 
 5º Conjunto: 
 Adrenais: 
 Superfície externa: cor; tamanho; consistência; alterações. 
Superfície de corte: cor; secreção; zona cortical; zona medular; 
alterações. 
 
 Rins: 
 Gordura peri-renal: disposição; quantidade. 
 Superfície externa: cor; tamanho; consistência; alterações. 
 Superfície de corte: cápsula (destacável ou não); zona cortical (cor e 
alterações); zona medular (cor e alterações); bacinete (conteúdo e alterações). 
Ureteres: 
 Alterações (só podem ser seccionados com tesoura de ponta e fina se 
estiverem dilatados). 
 
Vesícula Urinária: 
 Superfície externa: repleta ou vazia; alterações. 
Superfície interna: mucosa (cor e alterações); conteúdo (cor, tipo e 
quantidade). 
 
 Machos:Próstata: 
 Superfície externa: cor; tamanho; consistência; alterações. 
 Superfície de corte: cor; consistência; alterações. 
 
 Uretra: 
 Alterações. 
 
 Pênis: 
 Coloração da mucosa; alterações. 
 
 Prepúcio: 
 Mucosa: cor; estado dos folículos; alterações. 
 Conteúdo: cor; tipo; quantidade. 
 
 Túnicas vaginais do testículo: 
 Superfície de corte: cortar bolsa e testículos ao mesmo tempo. 
 
 Escroto: 
 Espessura do pelo e das túnicas. 
 
 Testículos: 
 Superfície de corte: cor; tamanho; forma; alterações. 
 
 Fêmeas: 
 Vagina: 
 Mucosa: cor; alterações. 
 Conteúdo: cor; tipo; quantidade. 
 
 Corpo uterino: 
 Mucosa: cor; alterações. 
Conteúdo: cor; tipo; quantidade. 
Cornos uterinos: 
Mucosa: cor; alterações. 
Conteúdo: cor; tipo; quantidade. 
 
 Ovários: 
 Superfície externa: cor; tamanho; alterações. 
 Superfície de corte: cor; alterações. 
 
 6º Conjunto: 
 Meninges: 
 Coloração; espessura; transparência; conteúdo; aderência. 
 
 Medula espinhal: 
 Superfície externa: cor; consistência; alterações. 
 Superfície de corte: cor; alterações da substância branca e cinzenta. 
 
 Cérebro: 
 Superfície externa: cor; tamanho; consistência; alterações. 
 Superfície de corte: cor; substância cinzenta e branca; alterações. 
 
 Cerebelo: 
 Superfície externa: cor; tamanho; consistência; alterações. 
Superfície de corte: cor; substância branca; substância cinzenta; 
alterações. 
 
 Pedúnculo cerebral: 
Superfície externa: cor; tamanho; consistência; alterações. 
Superfície de corte: cor; substância branca; substância cinzenta; 
alterações. 
 
 Bulbo: 
Superfície externa: cor; tamanho; consistência; alterações. 
Superfície de corte: cor; substância branca; substância cinzenta; 
alterações. 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
BANDARRA ,E. P.; SEQUEIRA, J.L. - Tanatologia: Fenômenos Cadavéricos Abióticos - Revista 
de Educação Continuada do CRMV-SP / São Paulo. v.1, n.1 , p. 59 - 63 ,1999. 
 
BANDARRA ,E. P.; SEQUEIRA, J.L. - Tanatologia: Fenômenos Cadavéricos Transformativos - 
Revista de Educação Continuada do CRMV-SP / São Paulo. v.2, n.3 , p. 072 - 076, 1999. 
 
CHEVILLE, N.F.lntrodução à patologia veterinária. São Paulo, Manole, 1994, 556p. 
 
FRANCO, M. et al. Patologia: processos gerais. 5ª ed. São Paulo: Atheneu, 2010. 
 
FRANÇA, G.Y. Medicina legal. Rio de Janeiro. GuanabaraKoogan. 1995, 416p. 
 
JONES,T.C.· HUNT, R.O.; KING ,N.W. Veterinary pathology, 6. ed. Baltimore, Willians & 
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JUBB. K.Y.F; KENNEDY, P.c; PALMER, N. Pathology of domestic animals. 4. Ed. New York, 
Academic Press. 3 vol.

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