Buscar

Empuxo e Estabilidade de Taludes COMPLETO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 160 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 160 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 160 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
1 
 
 
 
ESTABILIDADE DE TALUDES 
 
 
CONTEÚDO 
 
1. Introdução ................................................................................................................................... 3 
1.1. Mecanismo de ruptura ...................................................................................................... 5 
1.2. Tipos de Taludes ............................................................................................................... 7 
1.3. Exemplos de Escorregamentos e Remediação ........................................................... 8 
1.3.1. Taludes em Rocha .................................................................................................... 8 
1.3.2. Taludes em Solo ...................................................................................................... 10 
2. Tipos de movimentos de massa ........................................................................................... 14 
2.1. Escoamento ..................................................................................................................... 15 
2.2. Subsidência e Recalques .............................................................................................. 17 
2.3. Escorregamentos ............................................................................................................ 18 
2.4. Erosão ............................................................................................................................... 19 
2.5. Classificação dos Movimentos de Massa ................................................................... 21 
2.5.1. Quanto aos grupos .................................................................................................. 21 
2.5.2. Quanto a velocidade ............................................................................................... 23 
2.5.3. Quanto a profundidade ........................................................................................... 24 
3. Tipos de Escorregamento ...................................................................................................... 25 
3.1. Rotacional ......................................................................................................................... 25 
3.2. Translacional .................................................................................................................... 26 
3.3. Misto: Rotacional e Translacional ................................................................................. 27 
4. Causas Gerais dos Escorregamentos ................................................................................. 29 
5. Conceitos Basicos Aplicados a Estudos de Estabilidade ................................................. 33 
5.1. Água no Solo .................................................................................................................... 33 
5.2. Pressão na água ............................................................................................................. 35 
5.2.1. Região Não saturada .............................................................................................. 35 
5.2.1.1. Fenômeno da Capilaridade ............................................................................... 36 
5.2.1.2. Sucção .................................................................................................................. 39 
5.2.2. Condição Hidrostatica............................................................................................. 41 
5.2.3. Regime de Fluxo ..................................................................................................... 41 
5.2.3.1. Problema unidimensional ................................................................................... 46 
5.2.3.2. Problema Bidimensional .................................................................................... 47 
5.3. Resistência ao Cisalhamento ........................................................................................ 49 
5.3.1. Solo não saturado ................................................................................................... 52 
6. Analises de Estabilidade ........................................................................................................ 55 
6.1. Tipos de Análise .............................................................................................................. 56 
6.1.1. Analise de tensões .................................................................................................. 56 
6.1.2. Equilíbrio limite......................................................................................................... 57 
6.2. .Classificação Geotécnica das Análises de Estabilidade ......................................... 61 
6.2.1. Quanto à condição critica ...................................................................................... 61 
6.2.1.1. Influência da poropressão .................................................................................. 61 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
2 
6.2.2. Quanto ao tipo de analise ...................................................................................... 65 
6.2.2.1. Tensões efetivas ................................................................................................. 65 
6.2.2.2. Tensões Totais .................................................................................................... 68 
6.2.2.3. Tensões Totais x Efetivas .................................................................................. 69 
6.2.3. Quanto aos parâmetros de resistência ................................................................ 70 
7. Métodos de Estabilidade ........................................................................................................ 71 
7.1. Taludes Verticais – Solos Coesivos ............................................................................. 72 
7.1.1. Trinca de Tração ..................................................................................................... 72 
7.1.2. Talude vertical .......................................................................................................... 73 
7.2. Blocos Rígidos ................................................................................................................. 75 
7.3. Talude Infinito................................................................................................................... 76 
7.3.1. Ábaco de Duncan .................................................................................................... 79 
7.4. Superfícies Planares ....................................................................................................... 80 
7.4.1. Método de Culman .................................................................................................. 80 
7.4.2. Caso geral ................................................................................................................ 81 
7.4.3. Método das Cunhas ................................................................................................ 82 
7.5. Superfície circular ............................................................................................................ 87 
7.5.1. Ábacos de Taylor..................................................................................................... 87 
7.5.2. Ábacos de Hoek e Bray .......................................................................................... 94 
7.5.3.Método das Fatias ................................................................................................. 103 
7.5.3.1. Método de Fellenius .......................................................................................... 106 
7.5.3.2. Método de Bishop ............................................................................................. 108 
7.5.3.3. Presença da água ............................................................................................. 111 
7.5.3.4. Exemplos ............................................................................................................ 113 
7.5.4. Ábacos de Bishop & Morgenstern ...................................................................... 115 
7.5.4.1. Comentários Gerais .......................................................................................... 116 
7.5.5. Ábacos de estabilidade para condição de rebaixamento rápido ................... 122 
7.5.6. Método de Spencer ............................................................................................... 123 
7.6. Superfícies não circulares ............................................................................................ 127 
7.6.1. Método de Jambu .................................................................................................. 127 
7.6.2. Método de Morgenstern & Price ......................................................................... 133 
7.6.3. Método de Sarma .................................................................................................. 138 
7.7. Comentários sobre os métodos de Equilibrio limite ................................................ 151 
8. EstabilizaçÃo de Taludes ..................................................................................................... 155 
8.1. Evitação ou abandono .................................................................................................. 155 
8.2. Escavação (reduz esforços instabilizantes) .............................................................. 156 
8.3. Drenagem ....................................................................................................................... 157 
8.4. Estruturas de arrimo ..................................................................................................... 157 
8.5. Métodos especiais......................................................................................................... 157 
 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
3 
1. INTRODUÇÃO 
Analises de estabilidade têm como objetivo, no caso de: 
i) Encostas naturais: estudar a estabilidade de taludes, avaliando a necessidade 
de medidas de estabilização. 
 
 
ii) Cortes ou escavações: estudar a estabilidade, avaliando a necessidade de 
medidas de estabilização; 
 
corte 
escavação 
 
 
iii) Barragens: definir seção da barragem de forma a escolher a configuração 
economicamente mais viável. Neste caso são necessários estudos considerando 
diversos momentos da obra: final de construção, em operação, sujeita a 
rebaixamento do reservatório, etc. 
 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
4 
 
 
iv) Aterros: estudar seção de forma a escolher a configuração economicamente 
mais viável. Neste caso são necessários estudos considerando diversos 
momentos da obra: final de construção e a longo prazo. 
 
 
v) Rejeitos (industriais, de mineração ou urbano): A exploração de minas 
(carvão, etc.) e a produção de elementos químicos (zinco, manganês, etc.) 
implica na necessidade de se desfazer ou estocar volumes apreciáveis de 
detritos ou rejeitos, muitas vês=zes em curto espaço de tempo e em áreas em 
que o solo ;e de baixa resistência 
 
(a) Jusante 
 
(b) Linha do Centro 
H
D >> Hsolo mole
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
5 
 
(c) Montante 
Figura 1. Técnicas de Alteamento 
 
vi) Retro-analisar taludes rompidos (naturais ou construídos) possibilitando re-
avaliar parâmetros de projeto. 
 
Figura 2.Escorregamento Lagoa (1988) 
1.1. Mecanismo de ruptura 
A ruptura em si é caracterizada pela formação de uma superfície de cisalhamento contínua 
na massa de solo. Existe. portanto, uma camada de solo em torno da superfície de cisalhamento 
que perde suas características durante o processo de ruptura, formando assim a zona cisalhada, 
conforme mostrado na Erro! Fonte de referência não encontrada.. Inicialmente há a formação 
da zona cisalhada e, em seguida, desenvolve-se a superfície de cisalhamento. Este processo é 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
6 
bem caracterizado, tanto em ensaios de cisalhamento direto, como nos escorregamentos de 
taludes. 
 
 
Figura 3.. Zona fraca, zona cisalhada e superfície de cisalhamento (LEROUEIL, 2001).1 
 
A analise da estabilidade de uma determinada estrutura é feita seguindo a metodologia 
mostrada na Erro! Fonte de referência não encontrada.; 
i) recolhe-se amostra indeformada no campo 
ii) realizam-se ensaios de laboratório 
iii) determinam-se os parâmetros que definem o comportamento tensão x deformação x 
resistência 
iv) utilizam-se teorias e metodologias de dimensionamento que fornecem o Fator de 
segurança 
 
1
 Fonseca, Ana Paula (2006) Análise De Mecanismos De Escorregamento Associados A Voçorocamento em Cabeceira 
de Drenagem Na Bacia do Rio Bananal (SP/RJ). Tese da Doutorado . Coppe/UFRJ 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
7 
 
Figura 4.. Esquema de dimensionamento .2 
1.2. Tipos de Taludes 
 
 
Figura 5. Tipos e formas geométricas de encostas (Chorley, 1984) 
 
 
2
 Fernandes Manuel de Matos (2006) Mecânica dos Solos: Conceitos e Princípios Fundamentais Vol 1 – FEUP Edicões 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
8 
 
Figura 6. Respostas geodinâmicas de encostas de acordo com a forma (Troeh, 1965) 
1.3. Exemplos de Escorregamentos e Remediação 
1.3.1. Taludes em Rocha 
 
Figura 7. Instabilidade de talude rochoso 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
9 
 
(a) desmonte (b) contrafortes e tirantes 
Figura 8. Remediação por contrafortes e tirantes (GeoRrio) 
 
Figura 9 Estabilização do Corcovado durante e após a execução (fotos GeoRio) 
 
 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
10 
1.3.2. Taludes em Solo 
 
Figura 10. Instablidade de talude (GeoRio) 
 
 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturase Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
11 
 
Figura 11. Salvador (2005) 
 
Figura 12. Deslizamento de lixo Pavão Pavãozinho (1983) (GeoRio) 
 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
12 
 
Figura 13. Estabilização com cortinas, tirantes, vegetação e retaludamento (GeoRio) 
 
 
(a) Corridas de solo residual e deslizamentos de rocha (b) Cerca flexível 
Figura 14 .– Estrada Grajaú-Jacarepaguá, 1996 (foto GeoRio) 
 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
13 
 
(a) escada chumbada 
 
(b) Teleférico (c) Andaime chumbado 
Figura 15. Escada, Teleférico e Andaime (GeoRio) 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
14 
2. TIPOS DE MOVIMENTOS DE MASSA3 
Os movimentos de massa se diferenciam em função de: 
 Velocidade de movimentação 
 Forma de ruptura 
A partir da identificação destes fatores, os movimentos de massa podem ser agrupados 
em 3 categorias: 
 escoamentos; 
 subsidências 
 escorregamentos. 
Por outro lado, as erosões, que também são movimentos de massa, muitas vezes não 
podem ser classificadas em um único grupo. Os mecanismos deflagradores dos processos 
erosivos podem ser constituídos de vários agentes, fazendo com que as erosões sejam tratadas 
separadamente. 
 
3
 GeoRio (2000). Manual de encostas 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
15 
2.1. Escoamento 
Rastejo ou fluência 
Característica: Escorregamentos lentos e contínuos, sem superfície de ruptura 
bem definida, podendo englobar grandes áreas 
 
Causa: ação da gravidade associada a efeitos causados pela variação de 
temperatura e umidade 
 
O deslocamento se da quando se atinge a tensão de fluência, a qual é inferior a 
resistência ao cisalhamento 
 
 
vr 
vr < v 
v 
escorregamento escorregamento + 
rastejo 
rastejo 
 
 
Pode eventualmente ser observado em superfície mudando a verticalidade de 
arvores, postes, etc 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
16 
Corridas 
Característica: Movimentos rapidos ( vel  10km/h) 
 Em planta a corrida de terra se assemelha a uma língua 
Causa: Perda de resistência em virtude de presença de água em excesso 
(fluidificação) 
 
O processo de fluidificação pode ser originado por 
i) adição de água (areias) 
ii) esforços dinâmicos (terremoto, cravação de estacas, etc) 
iii) amolgamento em argilas muito sensitivas 
   
lgamofindf
S 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
17 
2.2. Subsidência e Recalques 
A subsidência por definição é o resultado do deslocamento da superfície gerado por 
adensamento ou afundamento de camadas, como resultado da remoção de uma fase sólida, 
liquida ou gasosa. Em geral envolve grandes áreas e as causas mais comuns são : 
 Ação erosiva das águas subterrâneas 
 Atividades de mineração 
 Efeito de vibração em sedimentos não consolidados 
 Exploração de petróleo 
 Bombeamento de águas subterrâneas 
 
Os recalques são movimentos verticais de uma estrutura, causados pelo peso próprio 
ou pela deformação do solo gerada por outro agente. As causas mais comuns são: 
 Ação do peso próprio 
 Remoção do confinamento lateral devido a escavações 
 Rebaixamento do lençol d’água 
 
Os desabamentos ou quedas são subsidências bruscas, envolvendo colapso na 
superfície. 
Quedas 
Característica: Movimentos tipo queda livre ou em plano inclinado 
 Velocidades muito altas (vários m/s) 
 Material rochoso 
 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
18 
2.3. Escorregamentos 
Escorregamentos 
Definição: Movimentos rápidos ao longo de superfícies bem definidas 
Causas: O escorregamento ocorre quando as tensões cisalhantes se igualam a 
resistência ao cisalhamento; isto é 
mob
f
FS



=1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
19 
2.4. Erosão 
 
À ação antrópica, tem sido o fator condicionante na deflagração dos processos erosivos, 
nas suas várias formas de atuação, como desmatamento e construção de vias de acesso, sem 
atenção às condições ambientais naturais. 
 
(a) ravinas (sem surgencia de água) 
 
(b) voçorocas (com surgência de água) 
Figura 16. Processos erosivos 
 
Futai e outros (2005)4 mostraram que o processo de evolução da voçoroca pode provocar 
escorregamentos sucessivos ( Figura 17), conforme indicam as seguintes fases: 
 
4
 Futai e outros (2005) Evolução de uma voçoroca por escorregamentos retrogressivos em solo não-
saturado COBRAE, Salvador 
 
 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
20 
 a infiltração reduz a sucção do talude da voçoroca, que dependendo da duração e 
intensidade da chuva pode ocorrer um escorregamento; 
 após o período chuvoso o solo começa a secar e volta a ganhar resistência; 
 material coluvionar resultante do escorregamento é levado pelo próprio 
escoamento superficial das chuvas que causaram o escorragemento e 
principalmente pela exfiltração contínua no pé da voçoroca; 
 novas chuvas poderão causar novos escorregamentos. 
 
 
Figura 17 Esquema da evolução do 
voçorocamento da Estação Holanda. 
0 5 10 15 20 25
Tempo (dias)
0
0.5
1
1.5
2
F
a
to
r 
d
e
 s
e
g
u
ra
n
ç
a
E
s
c
o
rr
e
g
a
m
e
n
to
 e
m
u
d
a
n
ç
a
 d
e
 
g
e
o
m
e
tr
ia
Ganho de
resistência após 
ressecamento
N
o
v
o
e
s
c
o
rr
e
g
a
m
e
n
to
C
huvas
C
huvas
se
c
a
 
Figura 18. Variação do fator de segurança com 
o tempo 
 
 
 
A potencialidade do desenvolvimento de processos erosivos depende de fatores externos 
e internos, conforme mostrado na Tabela 1. 
 
 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV21 
Tabela 1. Fatores Condicionantes 
Fatores externos Potencial de erosividade da chuva 
 Condições de infiltração 
 Escoamento superficial 
 Topografia (declividade e comprimento da encosta) 
 
Fatores internos Fluxo interno 
Tipo de solo 
 desagregabilidade 
 erodibilidade 
 Características geológicas e geomorfológicas 
presença de trincas de origem tectônica 
evolução físico-química e mineralógica do solo 
 
Na gênese e evolução das erosões os mecanismos atuam de modo isolado ou em 
conjunto, fenômenos tais como: erosão superficial, erosão subterrânea, solapamento, 
desmoronamento e instabilidade de talude, além das alterações que os próprios solos podem 
sofrer em conseqüência dos fluxos em meio saturado e não saturado em direção aos taludes, 
tornando complexo o conhecimento dos mecanismos que comandam o processo erosivo ao longo 
do tempo. Consequentemente, em muitos casos, as tentativas de contenção de sua evolução. 
São muitas vezes infrutíferas. 
2.5. Classificação dos Movimentos de Massa 
Existem diversas propostas de sistemas de classificação de movimentos, em que as 
ocorrências são agrupadas em função do tipo de movimento: rastejos ou fluência; 
escorregamentos; quedas e corridas ou fluxos. Nenhuma delas inclui processos erosivos (ravinas 
e voçorocas) 
2.5.1. Quanto aos grupos 
A classificação proposta por Varnes (1978.)5. é a mais utilizada internacionalmente e esta 
mostrada na Tabela 2. 
A proposta de Augusto-Filho (1992)6. e bastante adequada para os casos brasileiros 
(Tabela 3). 
] 
 
 
 
 
5
 Varnes, D.J. (1978). Slope moviment types and processes. In: Landslides Analysis and Control. Washington, National 
Academy of Sciences. 
6
 Augusto Filho, O. & Virgili, J.C. (1998). Estabilidade de taludes. In: Geologia de Engenharia. São Paulo, ABGE 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
22 
Tabela 2 - Classificação dos movimentos de encosta segundo Varnes (1978) 
Tipo de movimento 
Tipo de material 
Rocha 
Solo (engenharia) 
Grosseiro Fino 
Quedas De rocha De detritos De terra 
Tombamentos De rocha De detritos De terra 
Escorregamentos 
Rotacional 
Poucas 
unidades 
Abatimento e 
rocha 
De blocos 
rochosos 
De rocha 
Abatimento de 
detritos 
de Blocos de 
detritos 
De detritos 
Abatimento de 
terra 
De blocos de 
terra 
de Terra Translacional 
Muitas 
unidades 
Expansões laterais De rocha De detritos De terra 
Corridas/escoamentos 
De rocha 
(rastejo 
profundo) 
De detritos De terra 
(Rastejo de solo) 
Complexos: combinação de dois ou mais dos principais tipos de movimentos 
 
Tabela 3 - Características dos principais grandes grupos de processos de escorregamento 
(Augusto-Filho, 1992) 
Processos Características do movimento, material e geometria 
Rastejo ou fluência 
Vários planos de deslocamento (internos) 
Velocidades de muito baixas (cm/ano) a baixas e decrescentes com a 
profundidade 
Movimentos constantes, sazonais ou intermitentes 
Solo, depósitos, rocha alterada/fraturada 
Geometria indefinida 
Escorregamentos 
Poucos planos de deslocamento (externos) 
Velocidades de médias (km/h) a altas (m/s) 
Pequenos a grandes volumes de material 
Geometria e materiais variáveis 
Planares  solos pouco espessos, solos e rochas com um plano de fraqueza 
Circulares  solos espessos homogêneos e rochas muito fraturadas 
Em cunha  solos e rochas com dois planos de fraqueza 
Quedas 
Sem planos de deslocamento 
Movimentos tipo queda livre ou em plano inclinado 
Velocidades muito altas (vários m/s) 
Material rochoso 
Pequenos a médios volumes 
Geometria variável: lascas, placas, blocos etc. 
Rolamento de matacão 
Tombamento 
Corridas 
Muitas superfícies de deslocamento (internas e externas à massa em 
movimentação) 
Movimento semelhante ao de um líquido viscoso 
Desenvolvimento ao longo das drenagens 
Velocidades de médias a altas 
Mobilização de solo, rocha, detritos e água 
Grandes volumes de material 
Extenso raio de alcance, mesmo em áreas planas 
 
 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
23 
Já o sistema de classificação de Magalhães Freire sugere que os movimentos sejam 
classificados em 3 tipos fundamentais, como mostra a Tabela 4 
Tabela 4 - sistema de classificação de Magalhães Freire 
Nomenclatura Características 
Escoamento Corresponde a uma deformação ou movimento continuo com ou sem superfície 
definida. 
Dependendo do movimento, são classificados como 
  Rastejo  escoamento plástico 
 Corrida  escoamento fluido-viscoso 
Escorregamento Deslocamento finito ao longo de superfície bem definida 
Dependendo da forma, são definidos como 
 Rotacional 
 Translacional 
Subsidência Deslocamento finito ou deformação continua de direção essencialmente vertical 
Podem ser subdivididos em 
 Subsidência propriamente dita 
 Recalque 
 desabamento / quedas 
 
2.5.2. Quanto a velocidade 
Quanto à velocidade os movimentos de massa podem ser classificados como 
Nomenclatura Velocidade 
Extramente rápido > 3m/s 
Muito rápido 0,3m/s a 3m/s 
Rápido 1,6m/dia a 0,3m/s 
Moderado 1,6m/mês a 1,6m/dia 
Lento 1,6m/ano a 1,6m/mês 
Muito lento 0,06m/ano a 1,6m/ano 
Extremamente lento < 0,06m/ano 
 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
24 
 
Figura 19. Escala de velocidades de movimentos (Varnes) 
 
2.5.3. Quanto a profundidade 
 
Quanto à profundidade os movimentos de massa podem ser classificados como 
Nomenclatura Profundidade 
Superficial < 1,5m 
Raso 1,5m a 5m 
Profundo 5m a 20m 
Muito profundo > 20m 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
25 
3. TIPOS DE ESCORREGAMENTO 
Os escorregamentos são os movimentos de massa mais freqüentes e de conseqüências 
catastróficas. A forma da superfície de ruptura varia dependendo da resistência dos materiais 
presentes na massa. Tanto em solos como em rochas a ruptura se da pela superfície de menor 
resistência. 
3.1. Rotacional 
Em solos relativamente homogêneos a superfície tende a ser circular. Caso ocorra 
materiais ou descontinuidades que representem com resistências mais baixas, a superfície passa 
a ser mais complexa, podendo incluir trechos lineares (Figura 20). A anisotropia com relação a 
resistência pode acarretar em achatamento da superfície de ruptura 
 
 
Figura 20.Superfícies de ruptura – escorregamento simples rotacioanal 
 
Os escorregamentos rotacionais podem ser múltiplos conforme mostra a Figura 21 e, 
na realidade, ocorrem sob forma tridimensional ( Figura 22) 
 
 
 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
26 
 
 ( a) retrogressivo (b) progressivo 
 
(c) sucessivo 
Figura 21.. Escorregamento rotacional múltiplo. 
 
colher cilíndrica 
 
Figura 22.. Escorregamento tridimensional. 
 
3.2. Translacional 
Os escorregamentos translacionais se caracterizam pela presença de descontinuidadesou 
planos de fraqueza (Figura 23) 
 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
27 
 
Figura 23.Superfícies de ruptura – escorregamento translacional 
Os escorregamentos translacionais podem ocorrer no contato entre colúvio e solo residual 
e até mesmo no manto de alteração do solo residual (Figura 24) 
 
 
Manto de 
alteracao 
Fendas 
embarrigamento 
Material 
resistente 
A 
A’ 
B’ 
B 
 
Figura 24. Escorregamento translacional em solo residual 
 
3.3. Misto: Rotacional e Translacional 
 
 
Figura 25.Superfícies de ruptura simples –escorregamento misto 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
28 
 
 
rotacional 
translacional 
rotacional 
translacional 
1º. 
1º. 
2º. 
2º. 
3º. 
material mais 
resistente 
Progressivo 
Sucessivo 
 
 
Figura 26.Superfícies de ruptura múltiplas –escorregamento misto 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
29 
4. CAUSAS GERAIS DOS ESCORREGAMENTOS7 
A instabilidade do talude será deflagrada quando as tensões cisalhantes mobilizadas se 
igualarem à resistência ao cisalhamento (Figura 27); isto é 
 
Superfície 
potencial de 
ruptura 
f 
mobilizado 
 
Figura 27. Geometria do escorregamento 
mob
f
FS



=1 
 
Esta condição pode ser atingida com o aumento das tensões cisalhantes mobilizadas ou 
pela redução da resistência. Varnes (1978) divide os mecanismos deflagradores em 2 grupos. A 
Tabela 5 propõe uma classificação adaptada 
Tabela 5. Fatores deflagradores dos movimentos de massa (adaptada de Varnes, 1978) 
Ação Fatores Fenômenos geológicos / antrópicos 
Aumento da 
solicitação 
Remoção de massa 
(lateral ou da base) 
Erosão (Figura 28, Figura 29) 
Escorregamentos (Figura 30) 
Cortes 
Sobrecarga 
Peso da água de chuva, neve, granizo etc. 
Acúmulo natural de material (depósitos) 
Peso da vegetação 
Construção de estruturas, aterros etc. 
Solicitações dinâmicas 
Terremotos, ondas, vulcões etc. 
Explosões, tráfego, sismos induzidos 
Pressões laterais 
Água em trincas (Figura 31) 
Congelamento 
Material expansivo 
Redução da 
resistência 
Características inerentes ao 
material (geometria, estruturas 
etc.) 
Características geomecânicas do material, 
Tensões 
Mudanças ou fatores variáveis 
Intemperismo: redução na coesão, ângulo de atrito 
Variação das poropressões. 
(Figura 32, Figura 33) 
 
 
 
7
 Varnes, David J. Landslides, Analyses and Control, Special report 176, National Academy of Sciences, cap. II 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
30 
 
 
 
(a) ação de águas (b) ação de ondas 
Figura 28. Remoção de massa - erosão lateral ou da base 
 
 
 
A percolação de água no interior da massa 
gera uma forca de percolação gerando o 
carreamento das partículas (piping) 
Figura 29. Remoção de massa - erosão subterrânea 
 
 
Tendência a novos 
escorregamemtos 
Remoção de suporte 
 
Figura 30. Remoção de massa - escorregamentos anteriores 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
31 
 
Pressão de 
água na 
trinca 
NA 
 
Figura 31. Pressão lateral – água em trincas 
 
 
Diagrama de 
poropressão 
NA1 
NA2 
 
 
Diagrama de 
poropressão 
NA1 
NA2 
 
(a) rebaixamento lento (b) rebaixamento rápido 
Figura 32. Variação nas poropressões – rebaixamento do NA 
 
 
 
NA 
mh 
 
mh cos 
h 
hp= (mh cos)cos 
u = hpw 
 
Figura 33. Variação nas poropressões – elevação do nível piezométrico 
 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
32 
 
 
Figura 34. Variação nas poropressões – infiltração de água em trincas 
 
A cobertura vegetal pode produzir efeitos favoráveis ou desfavoráveis na estabilidade das 
encostas, por exemplo: 
 O sistema raticular pode atuar como reforço e/ou caminho preferencial de 
infiltração. 
 A presença da copa das arvores reduz o volume de água que chega à superfície do 
talude 
 Os caules das arvores geram um caminho preferencial de escoamento de água; 
 A cobertura vegetal aumenta o peso sobre o talude; etc. 
 
Apesar dos efeitos contrários, a retirada da cobertura vegetal é indiscutivelmente um 
poderoso fator de instabilização 
Com relação à ação antrópica, as principais modificações indutoras dos movimentos 
gravitacionais de massa são (Augusto-Filho, 1995): 
 Remoção da cobertura vegetal. 
 Lançamento e concentração de águas pluviais e/ou servidas. 
 Vazamentos na rede de abastecimento, esgoto e presença de fossas. 
 Execução de cortes com geometria incorreta (altura/inclinação). 
 Execução deficiente de aterros (geometria, compactação e fundação). 
 Lançamento de lixo nas encostas/taludes. 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
33 
5. CONCEITOS BASICOS APLICADOS A ESTUDOS DE ESTABILIDADE 
5.1. Água no Solo8 
A água é um dos fatores mais importantes em estudos de estabilidade. Na natureza a 
água pode e apresentar pressão positiva ou negativa e estar em movimento ou não (hidrostática) 
sob condição de fluxo. A influencia água na estabilidade pode ser atribuída a: 
 Mudança nas poropressões, alterando a tensão efetiva e, conseqüentemente, a 
resistência do solo 
 variando o peso da massa, em função de mudanças no peso especifico 
 Desenvolvimento de fluxo, gerando erosões internas e/ou externas 
 Atuando como agente no processo de intemperismo, promovendo alterações nos 
minerais constituintes 
O fluxo de água no terreno origina-se de muitas fontes, mas principalmente da chuva e da 
neve, como resultado do ciclo hidrológico, esquematicamente representado na Figura 35. 
 
Figura 35. Ciclo hidrológico 
 
Parte do volume de água precipitado atinge diretamente o solo, parte cai em rios , lagos e 
mares, e parte é interceptada pela vegetação. Do volume de água que é interceptado pela 
vegetação, parte retorna para a atmosfera por evapotranspiração e o restante ou é absorvido pela 
própria vegetação ou cai no terreno. Do volume de água que cai na superfície do solo, parte 
infiltra e parte flui superficialmente (runoff) ou fica retido em depressões superficiais . A infiltração 
de água no solo altera as condições de umidade da região não saturada, podendo inclusive alterar 
a posição da superfície freática; dependendo da estratigrafia, chega a gerar um fluxo sub-
 
8
 Abramsen, L. W.;Lee, T S; Sharma, S. e Boyce, G.M (1996) -0 Slope Stability and Stabilizations Methods. John 
Wiley & Sons, Inc 
 
Precipitação
Infiltração
Fluxo Superficial (Runoff)
Fluxo Sub-superficialInterceptação
Fluxo Interno
Evapotranspiração
Evaporação
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
34 
superficial. A equação que estabelece os componentes hidrológicos, denominada balanço 
hidrológico, pode ser expressa da seguinte forma: 
P Q E I W      
 
onde, P representa a precipitação total, Q o runoff, E a parcela perdida por evapotranspiração, W 
a variação do nível do reservatório (rios, lagos e mares), I a variação de umidade do solo 
decorrente do processo de infiltração e  perdas adicionais, que incluem interceptação pela 
vegetação e armazenamento parcial em depressões superficiais. 
Na maioria dos casos em que se identifica a presença de nível d´água, pode-se subdividir 
o perfil em 3 zonas, como mostra a Figura 36: 
 Região não saturada 
 Zona capilar 
 Região saturada 
Na região saturada a poropressão é positiva. Nas demais apresenta valores negativos, 
sendo denominada sucção. 
 
Figura 36. Sistema de água no solo 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
35 
5.2. Pressão na água 
Como mostrado na Figura 36 a água presente no solo esta associada a uma determinada 
zona (saturada, capilar ou não saturada) fazendo com que a pressão na água possa variar entre 
positivos e negativos. A Figura 37 mostra as variações do grau de saturação com a profundidade 
em decorrência de processos de infiltração. A zona não saturada a pressão nan água é negativa e 
é denominada sucção. Na zona capilar, S= 100% mas as pressões na água são negativas como 
resultado das ações das tensões capilares 
 
Figura 37. Variações de umidade e de poropressão 
5.2.1. Região Não saturada 
Em solos não saturados, a água preenche parcialmente os vazios e as tensões no fluido 
são negativas, denominadas sucção. Nestas condições o solo apresenta uma coesão aparente 
que pode ser alterada em virtude de variações na umidade. 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
36 
 
 (a) poropressão positiva (b) poropressão negativa (sucção) 
Figura 38. Tensões na água 
A condição de não saturação do solo ocorre na camada acima do lençol freático. Nesta 
região, a umidade pode ser decorrente de processos de infiltração da água de chuva ou por 
ascensão através dos vazios (Figura 39). 
 
Figura 39. Distribuição de poropressão 
5.2.1.1. Fenômeno da Capilaridade 
O fenômeno de ascensão de fluidos através de tubos capilares é denominado de 
capilaridade. Os vazios de solo são pequenos e podem ser associados a tubos capilares, ainda 
que irregulares. 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
37 
 
Figura 40. Tubos capilares com diferentes raios de curvatura 
Um tubo capilar inserido numa superfície líquida forma um menisco (Figura 41), cujo raio 
de curvatura e altura de ascensão (h) são inversamente proporcionais ao diâmetro do tubo. A 
concavidade do menisco em direção ao fluido indica que pressão no interior do tubo é inferior à 
pressão atmosférica. No caso de tubos cilíndricos o menisco assume uma forma esférica, 
segundo as relações geométricas apresentadas na Figura 41. 
 
2r

2R cos
R
Pw 
Par



h
 
Ts Ts 
Pw Par 
 
NA 
 
Figura 41. Ascensão Capilar 
Este fenômeno físico é conseqüência da tensão superficial (Ts) que ocorre entre interfaces 
líquido-gás. Nesta interface, o líquido se comporta como se estivesse coberto por uma membrana 
elástica em um estado de tensão constante. Este estado de tensão é resultado de um 
desbalanceamento de forças de atração das moléculas de água presentes na superfície. 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
38 
Enquanto que no interior do líquido as forças de atração são isotrópicas, na superfície as forças 
em direção à fase líquida são maiores do que às ocorrem em direção à fase gasosa, causando 
uma contração da superfície do líquido (Figura 42). No caso da água pura, a uma temperatura de 
20C, seu valor é da ordem de 7.27x10-5 kN/m. 
 
 
u (+) 
NA 
 
Temperatura 
(
o
C) 
Tensão Superficial 
Ts (mN/m) 
0 75,7 
20 72,75 
40 69,6 
60 64,4 
80 62,6 
100 58,8 
 
Figura 42. Tensão Superficial 
Quando existe uma diferença de pressão entre as 2 fases, a interface líquido-gás se torna 
curva, com concavidade voltada para a fase de menor pressão (Figura 41). Se, por exemplo, uma 
membrana elástica é colocada entre 2 células de ar a diferentes pressões, a membrana se 
encurvará na direção da célula de menor pressão. Similarmente, um líquido com uma interface 
côncava, com relação ao ar, está sob pressão inferior à atmosférica. 
Capilaridade nos solos 
A distribuição de poropressão é, portanto, função das condições ambientais e nível d’água. 
Consequentemente a sucção varia com o tempo. A sucção aumenta durante as épocas secas, 
em virtude da taxa de evaporação, e reduz nas épocas de chuva, face a processos de 
infiltração.(Figura 43) 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
39 
 
Figura 43. Variação das distribuições de poropressão com o tempo 
5.2.1.2. Sucção 
Inicialmente a sucção foi atribuída somente às forças capilares. Posteriormente, verificou-
se que as forças de adsorção também contribuíam para existência de pressões negativas. Tanto 
as forças capilares quanto as de adsorção atraem as partículas, resultando numa pressão abaixo 
da atmosférica (Figura 44). 
 
Água Adsorvida
Partículas
Água "Capilar"
 
Figura 44.- Água Capilar e de Adsorção 
Nos solos, a altura de ascensão capilar depende do diâmetro dos vazios. Como estes são 
de dimensões muito variadas, a superfície superior de ascensão não fica bem caracterizada, 
sendo possível que bolhas de ar fiquem enclausuradas no interior do solo. Ainda assim, existe 
uma altura máxima de ascensão capilar que depende da ordem de grandeza do tamanho 
representativo dos vazios do solo. Em areias a altura de ascensão capilar é da ordem de 
centímetros, enquanto que em terrenos argilosos, esta pode atingir dezenas de metros. 
Para solos arenosos, como as forças de adsorção são pequenas, é possível associar 
sucção somente às forças capilares. 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
40 
Alguns solos argilosos, quando submetidos a secagem, se retraem a ponto de desenvolver 
trincas de tração. Este fenômeno de retração por secagem é originado por uma diminuição 
considerável do raio de curvatura dos meniscos capilares, o que leva a um aumento das pressões 
de contato e a aproximação das partículas. . 
Curva Característica 
A relação entre a volume de água presente no solo e a sucção é conhecida como curva 
característica. Este volume de água pode ser quantificado em termos de teor de umidade 
volumétrico(), definido como a relação entre o volume de água e o volume de total, teor de 
umidade gravimétrico (), cuja magnitude é obtida em função da relação entre pesos de água e 
de sólidos, ou em termos do grau de saturação. 
Dentre as diversas formas de se definir curva característica, a mais adotada é aquela que 
relaciona teor de umidade volumétrico e sucção mátrica. O formato desta depende do tipo de solo, 
distribuição de tamanhos de vazios e, conseqüentemente, da distribuição das frações 
granulométricas. Solos arenosos tendem a apresentar perda brusca de umidade quando a sucção 
ultrapassa um determinado valor; em contrapartida, solos argilosos tendem a apresentar curvas 
mais suaves. Comportamento semelhante é observado quando comparam-se curvas 
características de solos uniformes e solos bem graduados 
A Figura 45 apresenta curvas características típicas para areias e argilas, além de definir 
os parâmetros mais importantes relativos a esta função. 
 Sucção (  
( escala log) 
Teor de umidade 
volumétrico (  
 
 (  r  
Teor de umidade 
residual 
Capacidade de Retenção 
Específica: C(  )=  /  
Solo 
argiloso 
Sucção de 
entrada 
de ar (  b  Solo arenoso 
(  s  
Teor de umidade 
saturado 
 
 
Figura 45.- Curvas Características Típicas 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
41 
 
5.2.2. Condição Hidrostatica 
 
Sob condição hidrostática e solo saturado, a pressão de água é triangular, crescente com 
a profundidade, como mostra a Figura 46. 
 
Figura 46. Poropressão – sem fluxo 
ww hu  
 
A tensão efetiva é então calculada como 
wsubwwwsat hhhu   
 
5.2.3. Regime de Fluxo 
 
Na natureza a água encontra-se sempre em movimento em decorrência da existência de 
um fluxo regional, que se desenvolve em função de características geológicas, topográficas e 
hidráulicas (Figura 47). A velocidade de fluxo é lenta e laminar. 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
42 
 
Figura 47. Regimes de Fluxo 
 
Solos e rochas possuem poros que permitem a passagem da água são denominados 
aqüíferos. A permeabilidade do material não determina se este se torna um aqüífero. O que 
importa é o contraste de permeabilidades com os materiais circundantes; isto é, uma camada de 
solo siltoso pode se tornar um aqüífero se estiver contida entre camadas argilosas 
Aqüíferos podem estar confinados entre 2 camadas impermeáveis ou não confinado. Os 
aqüíferos confinados são em geral saturados. Aqüíferos não confinados não estão 
necessariamente completamente saturados e podem apresentar nível d´água. 
Camadas consideradas não aqüíferos representam barreiras para a movimentação da 
água. Assim sendo, é possível encontrar situações em que um determinado perfil apresenta mais 
de um nível d´água, denominado nível d´água suspenso (Figura 48). 
 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
43 
 
areia 
areia 
argila 
Nível d´água 
suspenso 
 
Figura 48. Nível d´água suspenso 
 
Aqüíferos em que a carga piezométrica á superior a cota de sua extremidade superior são 
denominados aqüíferos artesianos. Em alguns casos, a elevada carga piezométrica associada a 
determinadas estratigrafias acarreta em surgências d´água na superfície do terreno (Figura 49). 
Fontes de água na superfície do terreno podem ser resultado de forças gravitacionais (Figura 50) 
 
Figura 49. Fonte gerada por aqüífero confinado 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
44 
 
 
Figura 50. Fonte de água na superfície 
Sob condição de fluxo, considerando que a movimentação é lenta e o fluxo classificado 
como laminar, considera-se a validade da lei de Darcy. Esta lei estabelece que o fluxo ocorre pela 
ação de gradientes hidráulicos e a vazão calculada pela equação: 
 
Lei de Darcy 
 
A
L
h
kq


 
 
kiAq 
 
h = diferença de carga total (h) entre 2 pontos: 
 
 
Carga total = soma das cargas de elevação e de pressão: 


w
pe
nulo
wnulo
vpe
u
zhhh
g
vu
zhhhh






2
2
 
k = Coeficiente de permeabilidade ou Condutividade hidráulica 
 
A =área 
L
h
i


 = gradiente hidráulico 
 
∆h = hA - hB 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
45 
As características da fase sólida que interferem na permeabilidade são: 
 Estrutura 
 Tamanho da partícula 
 (Hazen) 
scmemk
cmemD
Dk
/
100
102
10 
 
 Composição mineralógica (capacidade de troca de cátions do argilo-mineral reduz 
velocidade de fluxo) 
 Índice de vazios 
 Grau de saturação 
É muito difícil isolar o efeito de cada um desses fatores uma vez que são 
interdependentes; isto é a estrutura depende do tamanho de grão, índice de vazios e composição 
mineralógica. 
Resultados experimentais indicaram que há uma proporcionalidade com relação ao índice 
de vazios e o coeficiente de permeabilidade (Figura 51). Dependendo do tipo de material, esta 
pode ser definida em termos de 
)1(
3
e
e
k


 
)1(
2
e
e
k


 
2ek 
 e  log k 
 
Figura 51. Permeabilidade vs índice de vazios 
 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
46 
5.2.3.1. Problema unidimensional 
 
21
21
2
2
AA
kk

 
 
 
 
 
Figura 52 – Solos em serie 
 
Por continuidade: 
 
q1 = q2 
 




















2
1
21
2
44
4
L
L
hh
LL
L
h BAc
 
 
 
21
21
2
2
AA
kk

 
Figura 53 – Solos em paralelo 
 
 
 
 
?
0
1122





C
BB
AA
h
hh
zLLzhh
1
21
zhh
zLzhh
BB
AA




BBB
AAA
hhh
hhh




kiAq 
4
22
2
1
222
21111







q
q
A
L
h
kq
A
L
h
kA
L
h
kq
AB
ABAB
A’ 
solo 2 solo 1 
A A” 
B” B 
B’ 
z1 
L 
z2 
Ref 
A’ 
A 
C 
B B’ 
fluxo 
z1 
L1 
L2 
z2 
  
A 2 
  
  
 
 
  
 
 
    
 
 
  
 
 
 
  
 
 
  
 
 
   
 
 
 
 
B A C 
B C C A 
B C C A 
L 
L 
h h 
L 
L 
h 
L 
L 
h h h h 
L 
h h 
k A 
L 
h h 
k 
A 
L 
h 
k A 
L 
h 
k 
2 
1 
2 
1 
2 
1 
2 2 
1 
2 
2 
2 
2 
2 1 
1 
1 
1 
4 
1 
4 
4 
2 
2 2 
mesma perda 
de carga 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09PGECIVPGECIV
47 
 
5.2.3.2. Problema Bidimensional 
A equação que rege processos de fluxo de fluxo em solos esta descrita a seguir: 


















t
e
S
t
S
e
ez
h
k
x
h
k zx
1
1
2
2
2
2 
Supondo-se que: 
- O fluxo é estacionário (não há variação do gradiente hidráulico ao longo do tempo); 
- O solo está saturado → S=100% → 
0


t
S
; 
- Válida a lei de Darcy. 
- Efeitos de capilaridade são desprezíveis; 
- Tanto o esqueleto de partículas sólidas quanto a água são incompressíveis. 
- Durante o fluxo não ocorre nem compressão nem expansão → e=cte → 
0


t
e
 
A equação reduz-se a : 
0
2
2
2
2






z
h
k
x
h
k zx
 
Considerando-se ainda as seguintes hipóteses: 
- Solo homogêneo e isotropico; 
- Coeficiente de permeabilidade constante nas direções x e z; 
0
2
2
2
2






z
h
x
h
 (Equação de Laplace) 
A solução geral da equação de Laplace é constituída por dois grupos de funções, as quais 
podem ser representadas, dentro da zona de fluxo em estudo, por duas famílias de curvas 
ortogonais entre si, denominadas de linhas de fluxo e linhas equipotenciais. 
A rede de fluxo é uma solução gráfica da equação de Laplace. A rede permite a estimativa 
da vazão, poropressões e, consequentemente, gradientes hidráulicos. 
A Figura 54 mostra a rede de fluxo em talude. Na superfície freática a poropressão é nula 
e representa o limite entre a zona saturada e a capilar. Observe que piezômetros instalados no 
talude fornecem altura de carga de pressão que não coincide com a superfície freática. 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
48 
 
Figura 54 – Carga de pressão em rede de fuxo 
A 
Figura 55 compara as superfícies freática e piezométrica. A superfície freática é uma linha 
de fluxo a partir da qual é possível desenhar linhas ortogonais representando linhas 
equipotenciais. Neste caso a carga de pressão é menor do que a distancia vertical ate a linha 
freática (hw). Geometricamente tem-se: 
   2coscoscos wwp hhh 
 
 
hw cos hw cos
2 
 
Figura 55 – Comparação entre superfície freática e piezométrica 
 
Analises de estabilidade devem considerar diferentes hipóteses fluxo. A Figura 56 mostra 
um talude sujeito a diferentes condições de fluxo. Inicialmente o talude esta parcialmente 
saturado. Em seguida há um processo de rebaixamento rápido do reservatório. Dependendo da 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
49 
permeabilidade do solo haverá a formação de redes de fluxo diferentes. Em solo coesivo as 
poropressões serão significativas. Já no solo não coesivo o equilibro hidráulico ocorrera 
rapidamente e linha freática tendera para o pe do talude. 
 
Figura 56 – Condição de rebaixamento rápido 
 
5.3. Resistência ao Cisalhamento 
A resistência ao cisalhamento é função de 2 componentes: embricamento e resistência 
entre partículas (Figura 57). 
 
 
Resistência ao 
cisalhamento 
Embricamento 
“interlocking” 
atrito 
coesão 
Resistência 
entre particulas 
 = f () 
 f () 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
50 
Figura 57. Mecanismos de resistência 
 
 
A resistência entre partículas pode ser vista por analogia à lei de Coulomb que define 
resistência ao deslizamento de um corpo rígido sobre uma superfície plana (Figura 58). 
 
Figura 58. Esquema resistência entre partículas 
 
No caso dos solos coesivos (argilo minerais) ou cimentados, a presença de uma 
ligação entre partículas faz com que o esforço necessário para movimentação relativa do bloco 
seja aumentado de uma parcela que independe da tensão normal (Figura 59); denominada 
coesão, 
 tanc
 
 
cola 
 
Figura 59. Coesão entre partículas 
 
 
O embricamento é definido com o trabalho necessário para movimentar a partícula 
ascendentemente. No caso do solo fofo (Figura 60a) os grãos movimentam-se 
horizontalmente, sendo mobilizada a resistência entre grãos. Já no caso do solo denso (Figura 
60b) existe um trabalho adicional para superar o embricamento entre partículas, causando 
necessariamente uma expansão volumétrica durante o cisalhamento (dilatância). Assim, 
quanto mais denso for o solo, maior a parcela de interlocking e, conseqüentemente, maior a 
resistência do solo. (Figura 61), e 
 
W 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
51 
 
Figura 60. Embricamento (interlocking) 
Se a tensão normal aumenta, a tendência de movimento ascendente diminui; isto é, 
reduz o efeito de dilatância. No limite é possível imaginar uma tensão normal alta o suficiente para 
impedir a dilatância. Assim sendo o valor de  varia com o nível de tensão normal. 
 
Figura 61. Esquema Embricamento (interlocking) 
 
 
A envoltória resistência dos solos segue o modelo critério de ruptura de Mohr Coulomb é é 
definida pela tangente de círculos de Mohr correspondentes as condições de ruptura. Sua 
determinação é feitaa realizando-se ensaios com diferentes condições iniciais que permitam 
a definição dos estados de tensão na ruptura. Na Figura 62, mostra-se que esta busca pode , 
por exemplo, ser feita variando-se as tensões 1 e 3. 
 W 
 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
52 
  
´ 
 = c´+  tan ´ 
c ´
´ 
3 
1 
3f 1f 
 
Figura 62. Determinação da envoltória 
 
5.3.1. Solo não saturado 
Para a determinação da resistência de solos não saturados, Fredlund e colaboradores9 
propuseram um novo critério que considera a influencia da sucção; isto é 
    bwaa tguutguc   '
 
ou 
    '´  tgutguuc abwa  
A envoltória de ruptura do solo é representada em um espaço tridimensional, conforme 
indicado na Figura 63. O gráfico tridimensional tem como ordenada a tensão cisalhante f e, como 
abscissas, as variáveis de estado de tensão (n – ua) e (ua – uw). 
O intercepto coesivo no plano  x (n – ua) é representado por c, como nos solos 
saturados. À medida que a sucção se faz presente o intercepto coesivo é definido por (Figura 64): 
  '´ bwa tguucc 
 
 
9
 Fredlund, D. G., Rahardjo, H. (1993) Soil mechanics for unsaturated soils, John Wiley, New 
York. 
 
 
1 3 
(1 3 )f 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
53 
 
Sucção Mátrica (ua-uw) 
Te
ns
ão
 C
isa
lh
an
te
 
Tensão Normal Líquida (-ua) 
’ 
b 
 
Figura 63 - Envoltória de resistência de solos não saturados 
 
Figura 64 – Plano  x (ua-uw) 
A projeção da envoltória de resistência no plano  x (ua-uw), para diferentes valores de 
sucção resulta em uma serie decontornos, como mostra a Figura 65. As linhas interceptam o eixo 
de tensões em posições crescentes como resultado do acréscimo da parcela da coesão 
correspondente a sucção mátrica. 
Quando o solo se torna saturado (ua-uw) se anula e a pressão na água se aproxima da 
pressão do ar; isto é 
Sucção nula  (ua-uw) =0  ua  uw  (- ua)  (- uw) = ’ 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
54 
  c  c’ 
Com isso, a envoltória de resistência passa a ser definida em termos de tensão efetiva, no 
plano  x ’. 
 
Figura 65 – Projeção horizontal no plano  x (ua-uw) , para diferentes valores de sucção. 
 
Resultados experimentais têm mostrado que a envoltória de ruptura de solos não 
saturados é não linear, ou seja os parâmetros ’ e b não são constantes. 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
55 
6. ANALISES DE ESTABILIDADE 
O objetivo da analise de estabilidade é avaliar a possibilidade de ocorrência de 
escorregamento de massa de solo presente em talude natural ou construído. Em geral, as 
analises são realizadas comparando-se as tensões cisalhantes mobilizadas com resistência ao 
cisalhamento. Com isso, define-se um fator de segurança dado por: 
 
mob
f
FS



=1 
FS >1,0  obra estável 
FS =1,0  ocorre a ruptura por escorregamento 
FS < 1,0  não tem significado físico 
 
Por definição, FS é o fator pelo qual os parâmetros de resistência podem ser 
reduzidos de tal forma a tornar o talude em estado de equilíbrio limite ao longo de uma 
superfície; isto é 
FSFS
c
mob
  tan
 
O FSadm de um projeto corresponde a um valor mínimo a ser atingido e varia em função do 
tipo de obra e vida útil. A definição do valor admissível para o fator de segurança (FSadm) vai 
depender, entre outros fatores, das conseqüências de uma eventual ruptura, em termos de perdas 
humanas e/ou econômicas. A Tabela 7 apresenta uma recomendação para valores de FSadm e os 
custos de construção para elevados fatores de segurança. Deve-se ressaltar que o valor de FSadm 
deve considerar não somente as condições atuais do talude, mas também o uso futuro da área, 
preservando-se o talude contra cortes na base, desmatamento, sobrecargas e infiltração 
excessiva. 
Para taludes temporários, o valor de FSadm deve ser o mesmo recomendado na Tabela 
7, considerando-se, ainda, as solicitações previstas para o período de construção. 
 
Tabela 6. Fatores de Segurança de Projeto 
Custo e conseqüência da ruptura 
Incerteza nos parâmetros 
Pequena(*) Grande 
Custo de recuperação pequeno 
Baixo risco de vida(**) 
1,25 1,5 
Custo de recuperação alto 
Alto risco de vida(***) 
1,50  2,0 
(*) solo homogêneo, ensaios consistentes 
(**) escorregamento lento sem construções próximas 
(***) ex.: barragem 
 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
56 
Tabela 7 - Recomendação para fatores de segurança admissíveis (Manual de Taludes, GeoRio) 
Risco de perdas econômicas 
Risco de perda de vidas humanas 
desprezível medio elevadov 
Desprezível 1,1 1,2 1,4 
Médio 1,2 4,3 1,4 
Elevado 1,4 1,4 1,5 
i) fatores de segurança para tempo de recorrência de 10 anos 
ii) para risco elevado e subsolo mole, o valor de FSadm pode ser majorado 
em 10% 
 
Este tipo de abordagem é denominado determinístico, pois estabelece-se um 
determinado valor para o FS. Nos últimos anos, este tipo de abordagem tem sido criticado e têm-
se sugerido que estudos de estabilidade avaliem a probabilidade de ruptura. Este tipo de 
abordagem não será tratado nesta apostila. Os métodos probabilísticos permitem quantificar 
algumas incertezas inerentes ao fator de segurança FS obtido por métodos determinísticos. Uma 
descrição detalhada dos métodos probabilísticos pode ser encontrada no livro de Harr (1987). 
6.1. Tipos de Análise 
Existem 2 tipos de abordagem para determinação do FS do ponto de vista determinístico: 
teoria de equilíbrio limite e análise de tensões. 
6.1.1. Analise de tensões 
Estudos de estabilidade baseados em análises tensão x deformação são realizados com o 
auxílio de programas computacionais, baseados nos métodos dos elementos finitos (MEF) ou das 
diferenças finitas (MDF). 
 
Os programas são concebidos de forma a possibilitar a incorporação da: 
 não linearidade da curva  x ; 
 anisotropia; 
 não homogeneidade; 
 influência do estado inicial de tensões; 
 etapas construtivas. 
 
As tensões cisalhantes são determinadas numericamente e comparadas com a resistência 
ao cisalhamento. A região de ruptura pode ser determinada nos pontos em que   resistencia 
 
Adicionalmente, os resultados fornecidos em termos de tensões e deformações permitem: 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
57 
 estabelecer áreas rompidas (plastificadas), mesmo sem se estabelecer uma 
superfície de ruptura ( indicando ruptura progressiva) 
 estabelecer níveis de tensão de interesse para realização de ensaios de 
laboratório 
 conhecer a magnitude das deformações, que podem ser mais determinantes do 
que o próprio FS na concepção do projeto 
 
6.1.2. Equilíbrio limite 
O método de análise por equilíbrio limite consiste na determinação do equilíbrio de uma 
massa ativa de solo, a qual pode ser delimitada por uma superfície de ruptura circular, poligonal 
ou de outra geometria qualquer. O método assume que a ruptura se dá ao longo de uma 
superfície e que todos os elementos ao longo desta superfície atingem a condição de FS, 
simultaneamente. 
Equilíbrio limite é um método que visa determinar o grau de estabilidade a partir das 
seguintes premissas: 
i) postula-se um mecanismo de ruptura; isto é, arbitra-se uma determinada superfície 
potencial de ruptura (circular, planar, etc.). O solo acima da superfície é considerada 
como corpo livre 
 
ii) O equilíbrio é calculado pelas equações da estática: (
0,0,0   MFF hv
).O 
equilíbrio de forcas é feito subdividindo-se a massa de solo em fatias e analisando o 
equilíbrio de cada fatia (Figura 66). A Figura 67 mostra o equilíbrio de momentos. 
 
R 
n 
A 
B 
C D 
x O 
 
Figura 66 – Equilíbrio de forças 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
58 
 
 
W1 
O 
W2 
x1 x2 
R 
mob 
A 
B 
 
 
MInstabilizante = 
11xW
 
M Estabilizante =  RaioABxW mob22
 
 
Equilíbrio de Momentos: 
  1122 xWRaioABxW mob  
 
  2211 xWxWRaioABmob 
- 
Como definir mob ? 
Figura 67. Equilíbrio de momentos 
 
Examinando as incógnitas e equações disponíveis, observa-se que o problema é 
estaticamente indeterminado; isto é, numero de incógnitas (6n-2) é superior ao de equações 
(4n), como mostra a Figura 68. Com isso os diversos métodos aplicam hipóteses 
simplificadoras no sentido de reduzir o numero de equações. Uma hipótese comum a todos 
os métodos é assumir que o esforço normal na base da fatia atua no ponto central, reduzindoas 
incógnitas para (5n-2). Assim sendo, os métodos indicam (n-2) hipóteses de forma a tornar o 
problema estaticamente determinado. 
 
 
Figura 68. Equações X Incógnitas 
 
 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
59 
Nas análises obtém-se mob de tal forma que a massa esteja em estado de equilíbrio limite 
 
iii) o FS é obtido comparando-se 
mob
f
FS



 
iv) FS é admitido constante em toda a superfície. 
v) O FS mínimo é obtido por iterações 
 
x 
x 
 x 
 x 
 x 
x x 
x 
x 
FS=2,0 
FS=1,5 
FS=1,3 
 
 
A vantagem do método de EQ esta na sua simplicidade e acurácia de resultados. 
Entretanto, os métodos de estabilidade baseados na teoria de Equilíbrio limite incorporam as 
seguintes premissas: 
 
i) Admite-se que o material tenha um modelo constitutivo rígido plástico. Com isso, não 
se tem informação sobre as deformações, isto é não há como se verificar se estão 
dentro da faixa admissível para o projeto 
 
  
 
 
(a) rígido plástico (b) elastoplástica 
Figura 69. Curva Tensão x Deformação 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
60 
ii) As tensões são determinadas exclusivamente na superfície de ruptura. As diversas 
hipóteses simplificadoras adotadas pelos diversos métodos de EQ acarretam em 
diferentes distribuições de tensão na superfície de ruptura. A Figura 70 mostra 
diferenças significativas entre as distribuições de tensão normal obtidas pelo método 
de equilíbrio limite (Bishop) e por analise de tensões 
 
Figura 70. Comparação entre valores de tensão efetiva: Equilíbrio limite x Análise de Tensões 
 
iii) O FS está relacionado aos parâmetros de resistência e não à resistência ao 
cisalhamento propriamente dita, que dependerá das tensões efetivas; isto é 
 
FS
tg
u
FS
c '
)(
'  
 
 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
61 
iv) Admite-se trajetória de tensão vertical o que não corresponde ao carregamento no 
campo; isto é, a partir das tensões normais no plano de ruptura calcula-se qf 
 
q 
kf 
p´ 
qND 
qD 
qmob 
qf 
mob
f
q
q
FS 
Condição 
drenada 
Condição não 
drenada 
DND FSFSFS 
 
 
 
6.2. .Classificação Geotécnica das Análises de Estabilidade 
Quando se estuda a estabilidade de uma obra, deve-se avaliar a capacidade do solo de 
resistir à determinada variação em seu estado de tensões. O projeto deve então ser elaborado 
considerando-se a situação mais desfavorável, a partir da comparação entre a resistência do solo 
com as tensões atuantes na massa. No caso de solos, a resistência não é uma grandeza fixa, 
sendo diretamente proporcional ao valor da tensão efetiva. Quanto maior for o valor da tensão 
efetiva maior tensão o solo será capaz de suportar. 
As características mais importantes a serem consideradas são: 
 Comportamento drenado x não drenado 
 Condições possíveis de saturação do solo (saturado x não saturado) 
 Ocorrência de superfícies de ruptura pré-existentes 
 Ocorrência de descontinuidades na massa de solo 
Descontinuidades na massa podem ter origem em fissuras, juntas preservadas da rocha 
mãe, veios ou camadas de baixa resistência, camadas de preenchimento de juntas, etc. A sua 
presença requer a determinação da envoltória de resistência do material da descontinuidade. 
6.2.1. Quanto à condição critica 
6.2.1.1. Influência da poropressão 
Em muitos problemas práticos, é possível separar os efeitos de um carregamento no solo 
em 2 fases: 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
62 
i) não drenada  àquela que ocorre imediatamente após o carregamento, quando 
nenhum excesso de poro-pressão foi dissipado; ou melhor, quando nenhuma variação de volume 
ocorreu na massa de solo. 
 
ii) drenada  àquela que ocorre durante a dissipação dos excessos de poro-pressão ou, 
melhor, durante o processo de transferência de carga entre a água e o arcabouço sólido. Nesta 
fase ocorrem as variações de volume e,consequentemente, os recalques no solo. 
 
A definição da condição mais desfavorável depende do contraste entre a permeabilidade 
do solo e o tempo de carregamento: 
Permeabilidade 
do Solo 
 Tempo de Carregamento Tipo de Análise 
baixa  Usual 
 
infinitamente alto 
 
 
 
Avaliar condição mais desfavorável 
 
Drenada 
alta  Usual 
 
infinitamente pequeno 
 
 
 
Drenada 
 
Avaliar condição mais desfavorável 
 
A Figura 71 mostra como o FS varia durante a construção de um aterro sobre um solo 
argiloso. Após a construção as poropressões crescem e com o tempo vão sendo dissipadas. Com 
isso, o momento mais crítico corresponde ao final da construção (condição não drenada) 
 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
63 
 
NA 
P 
Altura do aterro 
Tensão cisalhante media no ponto P 
Tempo 
Tempo 
Tempo 
P
o
ro
p
re
s
s
a
o
 
 n
o
 p
o
n
to
 P
 
F
a
to
r 
d
e
 S
e
g
u
ra
n
ç
a
 
Dissipação de 
poropressao 
Poropressão em 
equilibrio 
Construção 
rapida 
 
Figura 71. Evolução do FS com o tempo - Aterro 
 
A Figura 72 mostra como o FS varia durante a construção de uma escavação em solo 
argiloso. Observa-se que ocorre comportamento inverso do apresentado anteriormente, sendo o 
momento mais critico correspondente a condição a longo prazo (condição drenada). Ë importante 
ressaltar que os resultados variam com o valor do parâmetro de poropressão A. Para valores de 
A negativos, o resultado é o oposto. 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
64 
 NA original NA final 
P 
Equipotencial 
hp iniciall 
hp final 
A = 1 
A = 0 
Tempo 
P
o
ro
p
re
s
s
ã
o
 n
o
 p
o
n
to
 P
 
A = 1 
A = 0 
Tempo 
F
a
to
r 
d
e
 S
e
g
u
ra
n
ç
a
 
Equilibrio Redistribuição poropressão Escavação 
rápida 
Fase Drenada 
Fase Não 
Drenada 
uo =hp iniciall x  
uf =hp final x  
 
Figura 72. Evolução do FS com o tempo - Escavação em argila 
 
A Figura 73 mostra como o FS varia durante a construção de uma barragem de terra. São 
apresentados os comportamentos relativos aos taludes de montante e de jusante.Observa-se que 
as condições mais criticas dependem do talude; isto é 
Talude de montante  final de construção 
  rebaixamento rápido 
Talude de jusante  final de construção 
  longo prazo 
 
Faculdade de Engenharia 
Departamento de Estruturas e Fundações 
FEUERJ 
 
 
 
Profa Denise M S Gerscovich Estabilidade de Talude 29.01.09 
 
PGECIVPGECIV
65 
 
NA 
P 
Superficie de ruptura montante 
Tempo 
Tempo 
Tempo 
P
o
ro
p
re
s
s
a
o

Outros materiais