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Aula 3: Política e Sociedade CCJ0005 – Ciência Política Profa. Ivana Schnitman Centro Universitário Estácio da Bahia Centro Universitário Estácio da Bahia Estado e Sociedade • No mundo moderno, o homem desde que nasce faz parte de diversas instituições ou sociedades, cercadas de normas, sancionadas pelo costume, pela moral ou pela lei, tais como: ▫ Família. ▫ Igreja. ▫ Escola. ▫ Universidade. ▫ Empresa (Trabalho). ▫ Etc. Centro Universitário Estácio da Bahia O conjunto desses grupos sociais forma a sociedade humana. Centro Universitário Estácio da Bahia Definição de Sociedade • Coletividade de indivíduos reunidos e organizados para alcançar uma finalidade comum. • União moral de seres racionais e livres, organizados de maneira estável e eficaz para realizar um fim comum e conhecido de todos. Centro Universitário Estácio da Bahia • Existe uma sociedade mais vasta que a família e menos extensa que a humanidade, mas tendo sobre todas as outras uma proeminência que decorre da obrigatoriedade dos laços com que envolvem o indivíduo: a sociedade política, ou seja, o Estado. Estado e Sociedade Centro Universitário Estácio da Bahia Estado e Sociedade • Assim, o Estado é uma sociedade, pois se constitui essencialmente de um grupo de indivíduos unidos e organizados permanentemente para realizar um objetivo comum. • Denomina-se sociedade política porque tendo a sua organização determinada por normas de direito positivo, é hierarquizada na forma de governantes e governados e tem uma finalidade própria, o bem público. Centro Universitário Estácio da Bahia Definições de Estado • Para a Filosofia: “O estado é o conjunto orgânico das instituições de uma comunidade histórica” (Eric Wiel). • Para a Sociologia: “O estado é uma associação que, atuando através da lei promulgada por um governo, para esse fim investido do poder coercitivo, mantém dentro de uma comunidade delimitada territorialmente as condições externas de ordem social” (Mac Iver). Centro Universitário Estácio da Bahia Definições de Estado • Para o Direito: “O Estado é a reunião, sobre um território determinado, de um grupo humano obediente a uma autoridade independente incumbida de assegurar o bem comum do grupo” (Louis Le Fur). Centro Universitário Estácio da Bahia Definições de Estado • Para o Político: “Estado, como conceito de Ciência e Direito Público e a Comunidades de pessoas, mais ou menos numerosa, ocupando permanentemente uma porção definida de território, independente, ou quase, de controle externo e possuindo um governo organizado, ao qual grande parte dos habitantes tributa obediência habitual.” (W Garner) Centro Universitário Estácio da Bahia O que é o Estado? • É a mais complexa organização humana. • É heterogêneo, o que dificulta a sua conceituação. • É um sinal de alto estágio civilizatório. • O conceito de Estado surge no Séc. XVI. Centro Universitário Estácio da Bahia Concepções do Estado • O uso da palavra Estado deve-se a Maquiavel (O Príncipe, 1513), e vem da palavra poder. • Maquiavel rejeita a tradição idealista de Platão e Aristóteles. • Sua regra metodológica é a de ver e examinar a realidade tal como ela é e não como se gostaria que ela fosse. Centro Universitário Estácio da Bahia Formação do Estado • Para Maquiavel os homens são ingratos, volúveis, simuladores, covardes ante o perigo e ávidos por lucro (natureza humana). • O poder político tem uma origem mundana. Nasce da própria malignidade que é intrínseca à natureza humana. • O conflito e a anarquia são desdobramentos necessários dessas paixões e instintos malévolos. • O problema da política é encontrar mecanismos que imponham a estabilidade das relações, que sustentem uma correlação de forças. Centro Universitário Estácio da Bahia Que elementos compõem o Estado? • Território. • Povo. • Poder. Centro Universitário Estácio da Bahia Formação do Estado • Podem-se distinguir três concepções fundamentais para a formação do Estado: ▫ Natural. ▫ Natural-Organicista. ▫ Contratual. Centro Universitário Estácio da Bahia Formação Natural do Estado Teorias Teológicas • O Estado é obra de Deus. É de origem divina. ▫ Do Direito Divino Sobrenatural: Idade Antiga e Idade Moderna. Centro Universitário Estácio da Bahia Formação Natural do Estado Teoria de Origem Familial do Estado • A vida sedentária leva a exploração sistemática da terra que leva ao surgimento das cidades (vida urbana), que marca o inicio da história e da civilização e o surgimento da política. • O Estado nasce com o estabelecimento de relações permanentes e orgânicas entre três elementos: território, população e autoridade ou poder político. Centro Universitário Estácio da Bahia Concepção Natural-Organicista Teoria de Origem Familial do Estado • O Estado é produto social e de origem histórica. ▫ Aristóteles: “O homem é um animal político.” ▫ Ampliação do núcleo familiar: Família → Clãs → Comunidades → Cidades → Estado ▫ Matriarcal: Baseada na autoridade materna. ▫ Patriarcal: Pater família. Centro Universitário Estácio da Bahia Críticas • Baseia-se em lendas e mitos. • Origem do Estado é diferente da origem da humanidade (origem do gênero humano é a família). • Sociedade humana e sociedade política não são sinônimos. O homem com a maioridade se emancipa da família e de modo consciente e efetivo passa a intervir na sociedade política. • O Estado é sempre reunião de inúmeras famílias. Centro Universitário Estácio da Bahia Concepção contratual do Estado • Defendida inicialmente por Aristóteles. • Ganha força com Hobbes, Spinosa, Locke e Rousseau. • O Estado se originou de uma convenção, acordo ou pacto entre os membros da sociedade humana. • Estado como criação do indivíduo, produto da razão. Centro Universitário Estácio da Bahia Teorias da origem contratual do Estado (cont.) HOBBES, Séc. XVI • Os indivíduos vivem em luta permanente. • Guerra de todos contra todos. “O homem é o lobo do homem". • Reina o medo. Para se protegerem, os humanos inventam as armas e cercam as terras que ocupam. • O mais forte sempre vencerá o mais fraco. A única lei é a força do mais forte. • A posse não tem reconhecimento logo, não existe. Centro Universitário Estácio da Bahia Teorias da origem contratual do Estado (cont.) HOBBES, Séc. XVI • Ante a sangrenta anarquia do Estado de natureza, os homens tiveram que abdicar em proveito de um homem ou de uma assembléia os seus direitos ilimitados, fundando assim o Estado, o Leviatã. • O Estado é uma criação artificial. Centro Universitário Estácio da Bahia Teorias da origem contratual do Estado (cont.) LOCKE, Séc. XVII • Para Locke o contrato foi um consentimento de todos que desejavam criar um órgão para fazer justiça e manter a paz. • O estado civil corresponde à força da maioria. • Os poderes políticos individuais são transferidos a um que governará em beneficio de todos. • O bem comum se sobrepõe ao bem individual. Centro Universitário Estácio da Bahia Teorias da origem contratual do Estado (cont.) ROUSSEAU, Séc. XVIII • Os indivíduos desconhecem lutas e se comunicam pelo gesto, pelo grito e pelo canto. • O estado de felicidade original, onde o homem existe sob a forma do bom selvagem inocente termina quando a terra é cercada e se fala: "É meu". • A propriedade privada dá origem ao estado de sociedade. Centro Universitário Estácio da Bahia Teorias da origem contratual do Estado (cont.) ROUSSEAU, Séc. XVIII • Para cessar esse estado, os humanos passam à sociedade civil, isto é, ao Estado Civil, criando o poder político e as leis. • A passagem do estado de natureza à sociedade civil se dá por meio de um contrato social. Centro Universitário Estácio da Bahia Teoriasda origem contratual do Estado (cont.) ROUSSEAU, Séc. XVIII • Através do contrato social, os indivíduos renunciam à liberdade natural e à posse natural de bens, riquezas e armas e concordam em transferir a um terceiro – o soberano – o poder para criar e aplicar as leis, tornando-se autoridade política. • O contrato social funda a soberania. Centro Universitário Estácio da Bahia Teorias da origem contratual do Estado (cont.) ROUSSEAU, Séc. XVIII • O contrato social tem que ser geral, unânime e baseado na igualdade dos homens. “Encontrar uma forma de associação que defenda e proteja com toda a força comum a pessoa e os bens de cada associado e pela qual cada um, unindo-se a todos, não obedeça no entanto senão a si mesmo e permaneça tão livre como antes” Centro Universitário Estácio da Bahia Teorias da origem contratual do Estado • A propriedade privada dá origem ao estado de sociedade, correspondente ao estado de natureza hobbesiano da guerra de todos contra todos. • O estado de natureza de Hobbes e o estado de sociedade de Rousseau evidenciam uma percepção do social como luta entre fracos e fortes, vigorando a lei da selva ou o poder da força. Centro Universitário Estácio da Bahia Críticas • Se o Estado fosse uma associação voluntária dos homens, cada um teria sempre o direito do sair dela, e isso seria o princípio da dissolução social. • A pessoa só é livre quando obedece à vontade geral. E se a vontade geral, criada pelo contrato fosse ilimitada, corresponderia a criação do despotismo do Estado. Centro Universitário Estácio da Bahia Thomas Hobbes (1588-1679) • No estado natural, “o homem naturalmente mau”, estava em guerra contra todos. • A paz só seria possível através de uma força maior, capaz de reprimir a violência do homem e garantir sua propriedade. • Através do contrato social, o homem renuncia aos seus direitos naturais colocando-os nas mãos de um soberano. • O Estado é forte, absoluto e capaz de neutralizar as vontades subjetivas e impor uma vontade objetiva. • O estado é uma construção artificial. Jean-Jaques Rousseau (1712-1778) • No estado de natureza, os indivíduos vivem em estado de felicidade original, como bom selvagem. • O estado de bondade termina quando alguém cerca um terreno e diz: "É meu". A propriedade privada dá origem ao estado de sociedade (estado civil, homem cidadão). • O homem é naturalmente bom, mas a sociedade o corrompe! • A passagem do estado de natureza à sociedade civil se dá por meio de um contrato social, onde os indivíduos renunciam à liberdade natural e concordam em transferir a um terceiro – o soberano – o poder para criar e aplicar as leis, tornando-se autoridade política. John Locke (1632 – 1704) • Contrariando Hobbes, concebe o estado natural do homem como pacífico. • O homem renuncia à liberdade do estado de natureza para proteger sua propriedade. • No estado civil os direitos naturais são tutelados e preservados pelas leis civis. • O estado civil corresponde à força da maioria através do consentimento. • O consentimento é fundamentado na condição de liberdade, igualdade e independência. • Relação de confiança entre o Estado e os indivíduos. Centro Universitário Estácio da Bahia Teorias da origem violenta do Estado • Darwinismo – conceito da força. • O Estado nasce da violência dos mais fortes. • Organização social imposta por um grupo vencedor a um grupo vencido, destinada a manter esse domínio. • A sociedade política seria produto da luta pela vida, nos governantes a sobrevivência dos mais aptos e na estrutura jurídica dos estados a organização da concorrência. Centro Universitário Estácio da Bahia Críticas • O Estado é frequentemente instrumento dessa luta, mas não tem origem nela. • O fato da uma população vencida ser submetida aos vencedores não significa que a violência de um grupo de conquistadores seja o fator gerador da sociedade política. • É inegável que sempre que um grupo humano vence o outro e o escraviza, despojando-o de seu território e nele se estabelecendo, nasce um Estado. • Mas, apesar da dominação de povos vencidos ser uma das formas de formação de novos Estados, não é, no entanto, o fator de origem do Estado. Centro Universitário Estácio da Bahia Formação Histórica do Estado • A origem do Estado pode ser estudada sob dois pontos de vista: ▫ Procurando na história as condições e circunstâncias que lhe rodearam o nascimento. ▫ Procurando de forma especulativa a causa comum que formou todos os Estados. Centro Universitário Estácio da Bahia Formação Histórica do Estado Modos pelos quais historicamente se formam os Estados: • Modos originários – nasce diretamente da população e do país, sem derivar de outro Estado já preexistente. • Modos secundários – quando vários Estados se unem para formar um novo Estado, ou quando um se fraciona para formar outro. • Modos derivados – quando a formação se produz por influências exteriores, de outros Estados. Centro Universitário Estácio da Bahia Criticas Não esgota todos os modos possíveis da formação de novos Estados. Revela os casos mais típicos e serve para nortear o estudo do tema de forma mais rica. No entanto, as circunstancias e fatores capazes de determinar o aparecimento de um novo Estado são inumeráveis, não adiantando muito à ciência do Estado tentar a sua catalogação completa. Centro Universitário Estácio da Bahia Formação Jurídica do Estado • Lógica positivista. • Considera inútil a indagação das circunstâncias e causas que determinam o nascimento do Estado. • O Estado deve a sua existência ao fato de possuir uma Constituição. • O Estado existe quando se organiza e possui Órgãos que querem e agem por ele. • Quando é reconhecido pelas demais potências.
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