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Apostila Dir Internacional Privado I

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DIREITO 
INTERNACIONAL 
PRIVADO I 
 
 
Juliana Ribeiro 
 
Apostila de Direito Internacional Privado I 2 
 
 
1 - DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 
 
 
PARTE GERAL 
 
1 – Âmbito de incidência do Direito Internacional Privado 
 
1.1Postulados: 
a) O mundo é composto de ordens jurídicas independentes. As ordens jurídicas 
independentes não são derivadas de outras ordens jurídicas (monismo com primado no 
direito nacional). 
b) Surge o conflito de leis no espaço. O conflito surge do contrato entre ordens jurídicas 
diferentes. 
COROLÁRIO: (conseqüência) = solucionar o conflito, que é o objeto do Direito 
Internacional Privado. 
 O Direito Internacional Privado soluciona o conflito de forma indireta, pois ele apenas 
indica a norma a ser aplicada de acordo com cada caso concreto em que se envolva um 
estrangeiro. Ex: o juiz brasileiro em determinados casos pode aplicar lei estrangeira aqui 
no Brasil (vide LICC art 7º, § 4º). 
 
1.2Características das ordens jurídicas independentes: 
a) Independência: Não há ordem jurídica superior às ordens jurídicas independentes, pois 
não há órgãos de justiça internacional cuja vinculação dos países seja obrigatória. O 
Tribunal Pleno Internacional, a Corte Internacional de Justiça e a OMC, por exemplo, 
são órgãos jurisdicionais em âmbito internacional, mas a vinculação a eles não é 
obrigatória, ou seja, só são vinculados a esses órgãos os países signatários, que 
desejam que os conflitos sejam apreciados por essas cortes. 
b) Relatividade: Não há valores jurídicos universais. O que para um sistema jurídico pode 
ser correto, para outro pode não ser. Ex: a pena de morte. 
c) Exclusividade: A eficácia territorial das ordens jurídicas é absoluta. Já a eficácia 
extraterritorial é relativa, pois depende de algumas condições. Por exemplo, há 
condições para que a lei brasileira seja aplicada no exterior, como: a lei brasileira é 
sempre aplicada nos consulados; a homologação da sentença estrangeira feita pelo 
STF, que é um caso da lei estrangeira aplicada no Brasil. 
 
 
 
2 – CONCEITO DE DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO: 
 
2.1– Definição: É o ramo do Direito que estuda a solução de casos jusprivatistas com 
presença de elemento estrangeiro. 
 
2.2 - Delimitação: 
a) Delimitação Positiva: 
- Ramo do Direito Público, pois suas normas defendem o interesse público. 
- Soluções: o Direito Internacional Privado é um método de raciocínio para que se possa 
determinar a lei aplicável. 
- Casos jusprivatistas: o Direito Internacional Privado, embora um ramo de Direito Público, 
cuida de casos de Direito Privado, ou seja, casos com participação de estrangeiro nos 
âmbitos do Direito Civil e do Direito Empresarial. 
- Presença de elemento estrangeiro: Contato com outra ordem jurídica independente. 
b) Delimitação negativa: 
- Não trata de normas jurídicas de Direito Público, como normas de Direito Tributário, 
Direito de Concorrência, Direito Econômico... 
- Não trata de normas diretas. Ex: todas as regras que não possuam elemento estrangeiro 
que podem ter a indicação de uma lei aplicável. 
 
2.3– Centro normativo do sistema jurídico: 
Profa. Juliana Ribeiro 3 
 
a) Família do Direito Islâmico: o centro normativo é o alcorão. Há casos que o Brasil não 
homologa sentença, como o caso do divórcio por repudia. 
b) Família do Direito Socialista: China, Cuba, Angola, Coréia do Norte...O centro do 
sistema jurídico continua sendo alei, só muda no plano material (Direito Privado). 
 
 
3 –OBJETO DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO: 
 
3.1– Escolas: 
a) Escola Francesa: Diz que o DIPr possui cinco objetos: conflito de leis; conflito de 
jurisdição; direitos adquiridos; nacionalidade e condição jurídica do estrangeiro. 
b) Escola Anglo-americana: Para essa escola o DIPr só possui um objeto que é o conflito 
de leis. Essa corrente é que é adotada pelo Brasil. 
 
3.2– Crít icas: Há dois critérios: 
a) Metodológico: Exaustividade – se determinada matéria é exaustivamente tratada em 
algum ramo do Direito, não é necessário o estudo pelo DIPr. Ex: a nacionalidade é 
estudada pelo Direito Constitucional, logo, não deve ser estudada pelo DIPr. 
b) Normológico: O DIPr estuda normas indicativas e indiretas. Indicativas, pois indicam o 
direito aplicável. E indiretas, pois resolvem indiretamente o caso concreto. 
 
? Então, por esses critérios, conclui-se que o objeto do DIPr é o conflito de leis, por isso 
que o Brasil adota a teoria da Escola Ítalo-Germânica. 
 
 
4 – DENOMINAÇÃO DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO: 
 
A mais antiga denominação é “Conflito de Leis”, que ainda é muito utilizada nos países de 
língua inglesa (“Conflit of Laws”). A atual denominação que é “Direito Internacional 
Privado”, vem do Direito Francês (“Droit International Prive”). 
Crítica à denominação: 
- O DIPr não é um ramo do Direito Internacional Público 
- A natureza do DIPr faz parte do direito interno = normas de direito privado e natureza de 
direito público. 
- O DIPr tem normas com natureza de direito público. 
 
 DIPr DIP 
SUJEITOS De direito privado 
De Direito Internacional 
Privado 
FONTES Internas, ex: LICC Tratados 
SOLUÇÃO DE 
CONTROVÉRSIAS 
Tribunais nacionais mediante 
arbitragem 
Internacional 
FINALIDADE 
Casos jusprivatistas com presença 
de estrangeiro 
Regular a conduta 
 
 
5 – FUNDAMENTOS DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 
 
5.1– Escola Estatutária: (Século XI ao XVII) 
- Escola italiana: Bartolus de Saxoferrato. 
- Escola francesa: Dumoulin. 
- Escola holandesa: “Gomitas Gontium”. 
 
5.2 – Escola Anglo-americana: 
Story – Elementos de conexão flexíveis 
“A melhor lei para o contrato”, não é que nem no Brasil que os elementos de conexão são fixos 
como, por exemplo, aplica a lei brasileira para os contratos (“Better Law Aproach”) 
 
Apostila de Direito Internacional Privado I 4 
 
5.3– Escola italiana: Século XIX – Mancini – Elemento de conexão = Nacionalidade. 
 
 
6 – NATUREZA DAS NORMAS DE DIPR: 
 
6.1– Quanto à redação ou técnica legislativa: 
- Bilaterais: A norma dispõe sobre a aplicação do Direito nacional e Direito estrangeiro. Ex: art 
7º da LICC, a redação fala das duas possibilidades, ou seja, da aplicação de normas de Direito 
nacional e estrangeiro. 
- Unilaterais: A norma dispõe sobre a aplicação do Direito nacional. Ex: art 7º § 1º da LICC 
(quando o casamento for celebrado no Brasil, aplica-se a lei brasileira). 
- Bilateralizada: Interpretação para completar a norma unilateral. Ex: art 7º § 1º da LICC, a 
contrario sensu, conclui-se que para o casamento realizado no exterior, se aplica as regras do 
Direito estrangeiro. 
- Justapostas: Há duas normas, uma sobre o Direito nacional, e outra sobre o Direito 
estrangeiro. Ex: Código Civil Argentino e Código Civil Francês. 
 
6.2– Quanto à estrutura: 
As normas jurídicas em geral compreendem: Se “A” é (hipótese de incidência) “B” deve ser 
(conseqüência jurídica), ou seja, normas de conduta onde se descreve uma determinada 
conduta e a essa conduta é auferida uma sanção direta. 
 Já as normas do DIPr, quanto à sua estrutura, são normas de estrutura, que versam sobre 
conceitos, e a sanção é indireta (indicar a lei aplicável), pois não é o DIPr que resolve o caso 
concreto, mas sim o Direito nacional ou estrangeiro. Por isso que as normas de DIPr quanto a 
sua estrutura são flexíveis. 
 
7 – ELEMENTOS DE CONEXÃO 
 
7.1– Conceito: 
“São os elementos técnico-jurídicos que indicam a lei aplicável (“centro de interesses”) em 
um caso jusprivatista com presença de elemento estrangeiro”. 
Para alcançar a lei aplicável,serve-se o Direito Internacional Privado de elementos técnicos 
prefixados, que funcionam como base na ação solucionadora do conflito. A esses meios 
técnicos, usados pela norma indireta para solucionar os conflitos de leis, denominados 
elementos de conexão. 
 
 
7.2– Espécies: 
 
NOME DO ELEMENTO RAMO 
CRITÉRIO (Útil. 
Brasil) 
Lex Patriae 
Estatuto Pessoal (D. de Família e 
Personalidade) 
X 
Lex Loci Domicili 
Estatuto pessoal Lei Domicílio (LICC art 
7º) 
Lex Loci Celebrationis 
Formalidades casamento L. local celebração (7º 
§2º) 
Lex Loci Obligacionis 
Obrigações L. local const. Obrig. 
(9º) 
Lex Loci Contractus Contratos L. local const. Cont. (9º) 
Lex Rei Sitae D. reais – bens imóveis L. da situação do bem 
Mobília Sequntum 
Persona 
Bens móveis L. domicílio do 
proprietário 
Lex Sucessionis 
Sucessões L. domicílio falecido 
(10º) 
 
Profa. Juliana Ribeiro 5 
 
 
8 – APLICAÇÃO DE DIREITO ESTRANGEIRO: 
 
8.1 – Fato: O direito estrangeiro é considerado como fato, logo, ele não deve ser aplicado, 
servindo como mera matéria probatória. 
 
8.2 – Direito: (Brasil) – CPC art. 337 – No Brasil o direito estrangeiro é considerado como 
direito, logo, ele deve ser aplicado. 
Se a parte alegar direito estrangeiro, o juiz pode pedir a colaboração das partes (auxílio na 
prova do teor e vigência do direito). Se a parte não alegar, o juiz deve saber de ofício, ou 
seja, se a parte não alega direito estrangeiro, o ônus da prova incumbe a quem alegou 
(CPC art. 337). 
Como é feita a prova? Através de certidão consular ou parecer de dois advogados 
estrangeiros. O Código de Bustamante disciplina a matéria nos arts. 408 a 411. Diz o 
código que a parte que alega lei estrangeira poderá provar sua vigência e sentido através 
de uma certidão devidamente legalizada, de dois advogados em exercício no país de cuja 
legislação se trata. Se a parte não puder provar ou houver insuficiência de provas, o juiz ou 
o tribunal poderá solicitar de ofício, por via diplomática, antes de decidir que o Estado de 
cuja legislação se trata forneça certidão sobre o texto, vigência e sentido do direito 
aplicável. 
 
 
9 – LIMITES DE APLICAÇÃO DO DIREITO ESTRANGEIRO: 
 
9.1 – Princípio de ordem pública: São os princípios estruturantes do direito privado. Esses 
princípios estão na Constituição Federal, logo, todos eles são princípios de ordem pública. 
Então, direito estrangeiro que fere a ordem pública pode até ser válido, mas é ineficaz no 
Brasil (LICC art. 17). 
Ex 1: Divórcio islâmico: Dá-se pela repudia. O STF não homologa esse tipo de sentença, 
pois fere a ordem pública. 
Ex 2: Casamento poligâmico: Vale o primeiro casame nto, e os demais são ineficazes para 
o ordenamento jurídico brasileiro. 
Ex 3: Casamento de pessoas do mesmo sexo. 
Ex 4: Dívida de jogo: As decisões têm sido no sentido de que a dívida de jogo contraída no 
exterior (em países que o jogo é lícito), pois se entendeu que se está executando uma 
obrigação e não instituindo a prática do jogo no Brasil, que aí sim viria a ferir a ordem 
pública. 
Ex 5: Direito do consumidor: Contratos celebrados na Internet e contratos de “Time 
Sharing”, a eleição do foro no exterior, o CDC é ferido, pois segundo o mesmo o foro 
privilegiado é o do consumidor. 
 
9.2– Fraude à Lei: 
CIDIP – Convenção Interamericana ratificada pelo Brasil, que estabelece normas gerais de 
DIPr. Sendo assim, tem força de lei ordinária. 
CIDIP art 6º - Alteração dolosa de elemento de conexão afim de fugir da aplicação da lei. 
Ex: Troca de domicílio (para fugir da aplicação da lei tributária), alteração de 
nacionalidade. 
A fraude à lei implica em ineficácia do ato. 
 
9.3 – Instituições desconhecidas: 
São institutos desconhecidos no ordenamento jurídico brasileiro, como, por exemplo, o 
“Trust”. 
Nesses casos, o juiz deve procurar se há algum instituto similar, e havendo, deve-se 
aplicar esse instituto similar. Não havendo um instituto similar no ordenamento jurídico 
brasileiro, afasta-se a aplicação do direito estrangeiro e aplica-se o direito nacional. 
 
9.4– Remissão normativa: (Reenvio) 
? Conceito: Ocorre o reenvio quando o DIPr de um país, ao aplicar o DIPr de outro país 
(normas de conflito), permite a remissão normativa para o direito de um terceiro país. 
Apostila de Direito Internacional Privado I 6 
 
? LICC art. 16: Esse artigo estabelece limites ao reenvio. No Brasil não há reenvio, 
simplesmente aplica-se o direito material estrangeiro e não as normas de conflito, que 
podem reenviar para a aplicação de um terceiro país. 
O projeto da nova LICC prevê o reenvio, mas só o reenvio do primeiro grau. Ex: O 
Brasil diz que a lei aplicável é a francesa, e a lei de DIPr da França remete para a 
aplicação da lei alemã. 
 
9.5 – Questões prévias: 
 São questões preliminares que resolvem a questão principal (questão de fundo). As 
questões prévias do DIPr são todas aquelas cuja solução condiciona a da ação original que 
forma o tema principal do pleito. 
 Toda questão, portanto, que surgir no decorrer de uma determinada lide que exige 
solução própria antes que prossiga o processamento da ação original, é uma questão prévia. 
Assim ocorre, por exemplo, em um processo sucessório em que é contestada a legitimidade 
dos filhos ou em uma ação de alimentos em que se contesta a validade do casamento. 
 Ex: Contrato: Questões prévias = Requisitos de Validade 
- Objeto lícito – ordem pública (LICC art. 17); 
- Capacidade – Lex Loci Domicili (LICC art. 7º); 
- Forma – Execução do contrato no exterior – Lex Loci Actus (LICC art 9º) 
 - Execução do contrato no Brasil – Lex Loci Executionis (art 9º §1º). 
Toda vez que se tem que aplicar a lei de vários países num mesmo caso, ocorre o 
desmembramento (Depèçage). 
 
9.6 – Qualificações: 
 Qualificar é atribuir existência jurídica, é definir de acordo com a técnica jurídica de 
uma legislação. Cada legislação estabelece seus próprios critérios de qualificação, resultando 
daí diversidade no enquadramento das instituições, conceitos e relações de direito nos 
diferentes ordenamentos jurídicos. 
 QUALIFICAR = conceituar + classificar 
 Ex: Domicílio = Brasil – Residência + Animus 
 Alemanha – Registro 
 Pode ocorrer o conflito de qualificações quando um sistema classifica um mesmo 
instituto de maneiras distintas. Esses conflitos podem surgir tanto na área dos elementos de 
conexão do DIPr, tanto no campo do direito material. Na área dos elementos de conexão é 
típico o conflito em matéria de domicílio. É, contudo, nas divergências encontradas entre 
direitos materiais dos Estados que se acha o núcleo do problema. A solução vai se dar por um 
dos elementos de conexão abaixo: 
- Lex Fiori: Lei do foro – LICC art. 7º e art 10, II – utiliza-se no Direito de Família, sucessões 
e societário. 
- Lex Causae: Lei da causa do ato ou negócio jurídico – utiliza-se para os casos que envolvam 
bens (LICC art. 8º) e obrigações (LICC art. 9º). 
 
? PASSOS PARA A RESOLUÇÃO DE CASOS DE DIPr: 
1º - FORO COMPETENTE (# lei aplicável) 
2º - QUESTÕES PRÉVIAS 
3º - QUALIFICAÇÕES 
4º - LEI APLICÁVEL (questões de fundo) 
5º - LIMITES A APLICAÇÃO DO DIREITO ESTRANGEIRO 
 
 
PARTE ESPECIAL: 
 
1 – O Direito de Família: 
 
1.1– Tipos de casamento: 
? Civil obrigatório: Há países, como a França, que só aceitam como válido o casamento 
civil. 
? Religioso obrigatório: Utilizado em países como o Irã e Grécia. 
Profa. Juliana Ribeiro 7 
 
? Sistema misto: Utilizado pelo Brasil (CF/88 art. 226 § 2º), ou seja, tanto o casamento 
civil como o casamento religiososão aceitos como válidos. 
? Sistema consensual: Não necessita de formalidades, utilizados em alguns estados 
americanos. 
 
1.2– Autoridade competente: 
Casamento realizado no Brasil: 
- Entre brasileiros: CF/88 art. 226 § 2º - pode ser civil ou religioso, ambos terão efeito perante 
a lei brasileira. 
- Entre estrangeiros: Também pode ser civil ou religioso, conforme a lei brasileira. Pode ser 
realizado também no consulado, mas deve ser o consulado da nacionalidade de ambos os 
nubentes (LICC art. 7º § 2º). 
- Entre brasileiro e estrangeiro: Somente no civil ou religioso conforme a lei brasileira (CF/88 
art. 226 § 2º). 
Casamento realizado no exterior: 
- Entre brasileiros: LICC art 17 – não pode ferir a ordem pública 
 LICC art 7º § 1º 
 LICC art 18 – consulado. 
- Entre brasileiro e estrangeiro: Não pode ser realizado no consulado, por força do art. 18 da 
LICC. 
 
1.3 – Casamento realizado por autoridade incompetente: 
 Casamento realizado perante autoridade consular, civil ou religiosa incompetente é 
inexistente, nulo ou anulável? Pelo CC/1916 poderia ser inexistente, nulo ou anulável, porém 
com o art. 1550, VI CC/02, o casamento realizado por autoridade incompetente é ANULÁVEL. 
 Se é anulável é porque tem vício sanável. CC/02 art. 1560, II, a ação anulatória 
prescreve em 2 anos, se não tiver pedido de anulação do casamento no prazo previsto, esse 
será convalidado. 
 
1.4– Proclamas: (Publicidade) 
CC/02 art. 1527 – Deve-se dar publicidade do casamento por editais na imprensa local. 
Essa regra é válida para casamentos entre brasileiros e para casamentos entre 
estrangeiros realizados no Brasil. 
Se o casamento (realizado no Brasil) é entre brasileiro e estrangeiro residente no exterior, 
é necessária a publicação de proclamas no país de origem do estrangeiro? Para o brasileiro 
os proclamas são obrigatórios, mas para o nubente estrangeiro depende da corrente que se 
adota: A corrente que sustenta que sim, defende que é para a garantia da segurança 
jurídica; a corrente que sustenta que não, sustenta que a lei de registros não permite; e a 
corrente mais aceita diz que depende do que dispõe a lei estrangeira. 
 
1.5– Prova do casamento consular: 
CC/02 art. 1544 - O casamento realizado no exterior no consulado brasileiro deve ser 
registrado no Brasil no prazo de 180 dias. 
Os brasileiros casados no exterior perante a autoridade consular brasileira quando voltam 
ao Brasil, ou quando um deles retorna, deve-se levar o casamento a registro no prazo de 
180 dias. 
Não respeitando o prazo de 180 dias, o casamento não será nulo, pois foi celebrado por 
autoridade competente, então, sendo sanável o vício ele é, sim, anulável, ou seja, para ser 
anulado necessita de processo que requisite a sua nulidade. O máximo que pode acontecer 
como sanção ao não registro é multa administrativa, que na prática não é aplicada, pois 
não há lei que regule essa multa. 
 
1.6– Invalidade do casamento: (LICC art 7º § 3º) 
Motivos de invalidade: 
- Agente incapaz; 
- Objeto ilícito ou impossível; 
- Haver impedimento; 
- Realizado por autoridade incompetente. 
Apostila de Direito Internacional Privado I 8 
 
LICC art 7º § 3º - O STF diz que é inaplicável, sendo correta a aplicação do art 7º, § 1º da 
LICC (lei do local da celebração). 
 
1.7– Casamento por procuração: ( CC/02 art. 1542) 
Somente no cível. 
Se outro país não aceita o casamento por procuração mesmo assim será válido o casamento, 
não interessando o que diz a lei de outro país, pois trata-se de mero requisito de forma, que 
não é questão de fundo, que são reguladas pela lei do local da celebração. 
 
1.8– Dissolução do vínculo: 
? Divórcio: (CPC arts. 88, 89 e 90). 
 
 Domicílio 
atual 
Celebração Primeiro 
domicílio 
Pode o divórcio ocorrer no Brasil? 
BR – 
BR 
Brasil Estrangeiro Estrangeiro Sim, CPC art. 88, I e II. 
BR – 
BR 
Estrangeiro Brasil Estrangeiro Sim, CPC art. 88, III 
BR – 
BR 
Estrangeiro Estrangeiro Estrangeiro Só se tiver bens no Brasil (CPC art. 89). 
Comp. Absl. 
Est - 
Est 
Brasil Estrangeiro Estrangeiro Sim, CPC art. 88, I. Brasil não distingue 
nacionais e estrangeiros no exercício de 
direitos. 
Est - 
Est 
Estrangeiro Estrangeiro Estrangeiro Só se tiver bens no Brasil. Comp. Absl. 
(CPC art. 89). 
 
CPC art. 88 – competência relativa 
CPC art. 89 – competência absoluta 
 
 
2 – Contratos internacionais: 
 
Contratos inter presentes: = regra vista anteriormente. 
Questão de fundo: LICC art. 9º - Lex Loci Contractus 
Questões prévias: 
- Agente (capacidade) – Lex Loci Domicili (LICC art. 7º); 
- Forma – Lex Loci Contractud (LICC art 9º); 
- Objeto – LICC art. 17 (ordem pública). 
 
Contratos inter ausentes: 
 
2.1 – Lei aplicável: (LICC art 9º). 
As partes entram em contato por fax, e-mail, telefone, teleconferência..., nesses casos 
considera-se que o contrato foi realizado no domicílio do proponente do negócio, que, pela 
legislação brasileira, é aquele que faz a oferta, mas o conceito de proponente é variável de 
acordo com a legislação de cada país. Assim, a lei aplicável a esse negócio é a lei do domicílio 
do proponente. 
Havendo uma cadeia de propostas, é considerada a última proposta válida, ou seja, a proposta 
que contiver a última alteração substancial. Assim é que se vai definir qual a legislação 
aplicável ao negócio. 
 
2.2 – Foro competente: (LICC art. 12) 
- É possível que haja cláusula de eleição de foro para a resolução de controvérsias. 
- Não havendo cláusula de eleição de foro, aplica-se o art. 12 da LICC ou o CPC art. 88. 
A competência do Judiciário brasileiro nesses casos é relativa, pois pode ser afastada pela 
estipulação da cláusula de eleição de foro. Caso não haja essa cláusula, conforme o art. 12 da 
LICC, a autoridade judiciária brasileira é competente quando o réu for domiciliado no Brasil ou 
aqui tiver de ser cumprida a obrigação. 
 
Profa. Juliana Ribeiro 9 
 
2.3 – Cláusula de direito aplicável: 
O Brasil não aceita a estipulação dessa cláusula. Se constar no contrato será como se ela não 
existisse, ou seja, ela é nula. Assim, aplica-se o art. 9º da LICC que diz que o direito aplicado 
deverá ser o do local da assinatura do contrato, isto é, no domicílio do proponente. 
 
2.4 – Incoterms: “International Commercial Terms” 
São cláusulas padronizadas do comércio internacional. Só servem para contratos de compra e 
venda internacional, não valendo, por exemplo, para contratos de franquia. São cláusulas 
padronizadas que trazem um conjunto de obrigações que vão regular os contratos de compra e 
venda internacional. 
 
- FOB (Free on Board) – o vendedor pega a mercadoria e a embarca. Após o embarque o 
vendedor não é mais responsável, pois quaisquer danos ou deteriorações na mercadoria. Há 
uma espécie de linha imaginária no navio, passando essa linha, considera-se que a mercadoria 
foi embarcada, não havendo mais responsabilidade do vendedor. 
 
- CIF (Cost, Insurance and Freight) – o vendedor embarca a mercadoria, mas essa tem que 
chegar ao porto de destino, não se responsabilizando pelo desembarque da mercadoria. O 
comprador paga somente os custos até o porto. Se a mercadoria se perder, por exemplo, na 
aduana, quem perde é o comprador, pois o vendedor é responsável até a chegada no porto. 
Daí o comprador pode fazer seguro para possíveis perdas, como a demora na descarrega ou 
na aduana. 
 
- EXW (Ex Works) – o comprador vai buscar a mercadoria no estabelecimento do vendedor. O 
comprador é o responsável pelo seguro e pelo frete, pois o vendedor exime-se de sua 
responsabilidade com a saída da mercadoria de seu estabelecimento, ou seja, saindo do pátio 
da fábrica a mercadoria já se encontrasob a responsabilidade do comprador. 
 
2.5 – Contratos com observância da ordem pública: 
- Contratos de relação de consumo; 
- Contratos de propriedade intelectual (marcas e patentes); 
- Contratos de investimento. 
São contratos cuja realização é muito comum entre ausentes, por isso, deve-se analisar se 
eles não ferem a ordem pública. 
 
3 – Sociedades internacionais : 
 
O que se quer definir? A nacionalidade da empresa (se é nacional ou estrangeira). 
 
3.1 – Regra geral: 
Antes: 
- LICC art. 11 – Incorporação (local do registro). 
- Exceção: S.A – para ser brasileira era necessário além do registro no Brasil ter também sede 
aqui. 
Agora: CC/02 
- CC art. 1126 – sociedade brasileira – registro + sede no Brasil 
- CC art. 1134 – sociedade estrangeira – a que tem registro ou sede fora do Brasil (ou os dois) 
CF/88 art. 171: 
- Sociedade brasileira: sede + registro 
- Sociedade estrangeira: A EC nº 6/95 revogou todo o art. 171 da CF, voltando a valer a regra 
da LICC art. 11, mas agora com o CC/02, vale a mesma regra que antes era expressa pelo art. 
171 da CF. 
 
3.2 – Três formas para definir a nacionalidade das empresas: 
Incorporação: = registro 
Sede: = pode ser estatutária (local onde está inscrito o contrato social); a sede da 
administração ou a sede das decisões (assembléias). 
Controle: = onde de fato a empresa é gerida. 
 
Apostila de Direito Internacional Privado I 10 
 
3.3 – Sociedade estrangeira: 
Filial: Tem autonomia tributária. Precisa de autorização da matriz, e segue as regras do país 
de origem da empresa, pois não tem personalidade jurídica própria. O local de funcionamento 
no Brasil deve ser registrado na Junta Comercial. 
Subsidiária: Constituição sob as leis do país onde está instalada. Possuem personalidade 
jurídica própria e não têm dependência econômica. As subsidiárias seguem as regras do país 
em que foi constituída. A subsidiária e a filial fazem parte do mesmo grupo econômico. Ex: GM 
(EUA) – filial = GM/ subsidiária = GM do Brasil. 
Holding: Empresa que tem participação no capital de outras empresas; nesses casos ela pode 
ser coligada, controlada ou de simples participação (CC art. 1097). 
- Coligada: A holding participa com 10 % ou mais no capital de outra empresa. Conforme o 
art. 1099 do CC, coligada é sinônimo de afiliada. 
- Controlada: (CC art. 1098): Quando a holding detém o controle de outra empresa (decisões 
e eleições de administradores). 
- Simples participação: (CC art. 1100): A matriz participa com menos de 10% do capital de 
outras empresas. 
CC art. 2031 – Estabelece prazo de 1 ano como período de transição para se adaptar ao novo 
CC. 
Vide art. 977 do CC – Sociedades limitadas – conjugues – regime de bens. 
Consórcios: (“Joint – ventures”) 
- Contratual (“Equity”): Parceria – aplica-se a lei contratual. 
- Societária (“Corporate”): Lex Loci Societatis. 
 
 
4 – Expulsão, extradição e deportação: 
 
Lei 6815/80 – Estatuto do Estrangeiro 
 
4.1 – Deportação: 
 O motivo da entrada no Brasil é irregular, nos casos em que cessou o motivo para 
permanecer em território brasileiro, estando o estrangeiro em situação irregular no Brasil, 
muito embora tenha ele entrado de forma regular. 
 É um procedimento administrativo que é realizado perante o Ministério da Justiça. Os 
critérios para ingresso no país, conforme o entendimento da ONU, dizem respeito à segurança 
nacional de cada país, ficando a critério da discricionariedade de cada país estabelecer critérios 
para ingresso de estrangeiros em seu país. 
 Não tem ação contra a negativa de entrada de estrangeiro em um determinado país, 
visto que cada país pode estabelecer seus próprios critérios para ingresso em seu território. 
 A regra é de que uma vez sendo deportado, o estrangeiro não poderá mais retornar ao 
Brasil, salvo se a critério de autoridades brasileiras publique-se um decreto revogando a 
deportação. 
 
4.2 – Expulsão: 
 O estrangeiro, nesse caso, está regular no país, mas comete ato contrário à ordem 
social e política. Ex: não deve o estrangeiro participar de manifestações contra o governo. 
 É também definida por critérios discricionários e políticos, pois se deve analisar caso a 
caso para saber se a expulsão é devida ou não, o que cabe às autoridades decidir. Tudo 
depende da infração que o estrangeiro cometeu. A expulsão também se dá mediante um 
processo administrativo perante o Ministério da Justiça. 
 Não podem ser expulsos os nacionais e os naturalizados que têm esposa e/ou filhos 
brasileiros. Na hipótese da esposa, poderá ser expulso se a deixá-la. 
 Uma vez expulso, em regra, não se pode mais retornar ao Brasil, salvo se 
posteriormente o mesmo editar um decreto revogando o decreto de expulsão. Retorna-se 
antes disso, constitui crime previsto no art. 338 do Código Penal. 
 
4.3 – Extradição: 
 Um indivíduo é enviado a outro país onde cometeu um crime. O país onde foi cometido 
o crime pede a extradição para julgar o crime, independente da nacionalidade do criminoso, 
pois as leis penais têm eficácia apenas territorial. 
Profa. Juliana Ribeiro 11 
 
 Ex: Um argentino comete crime no Paraguai e se esconde no Brasil. Nesse caso, o 
Paraguai pode pedir a extradição ao Brasil para julgar o crime cometido pelo argentino. O 
criminoso deve ser julgado no local onde cometeu o crime, pois as leis penais são, em regra, 
territoriais, mas nada impede que se cumpra a pena no país de origem. 
 Não enseja a extradição a prática de crimes políticos e de opinião. Não pode ser 
extraditado quem tiver filho ou cônjuge brasileiro antes do crime; mas se casou após o 
cometimento do crime pode sim. 
 O brasileiro pode sim ser extraditado, desde que tenha ele cometido crime no exterior. 
O Brasil nega pedido de extradição de brasileiro se a pena no país onde ele cometeu o crime é 
de morte, por exemplo. 
 A extradição pode ser ativa, quando o Brasil pede a extradição a outro país, podendo 
ter esse pedido negado; pode ser também passiva, quando é requisitado ao Brasil algum 
brasileiro ou estrangeiro que cometeu crime em outro país, o Brasil pode também negar o 
pedido, como, por exemplo, nos casos que a pena no exterior é de morte ou se a pena 
cominada em outro país é maior que a do Brasil. 
 Para que ocorra a extradição, deve-se ter tratado entre os países; não tendo, o outro 
país deve declarar reciprocidade, ou seja, extraditar um brasileiro criminoso que por ventura 
encontre-se em seu território. 
 O processo de extradição dá-se em 3 fases: 
 - Fase administrativa: Perante o Ministério da Justiça; 
 - Fase judicial: Perante o STF (CF art. 102, II “g”); 
 - Fase final: Entrega do extraditando via Ministério das Relações Exteriores.

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