Buscar

Trabalho de Criminologia da Reação Social e os Movimentos Radicais da Criminologia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA – UNOESC
CURSO DE DIREITO
Bruno Lauar Scofield
Daniel FELIPE Clen
Jean Carlos Signor
Wylliam fabris
Criminologia da Reação Social e os Movimentos Radicais da Criminologia
Maravilha – SC
2015
Bruno Lauar Scofield
Daniel FELIPE Clen
Jean Carlos Signor
Wylliam fabris
Criminologia da Reação Social e os Movimentos Radicais da Criminologia
Trabalho acadêmico	apresentado à disciplina de Criminologia da Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC) como requisito para obtenção de conhecimento na referida disciplina.
Orientadora: Luiz Geraldo Gomes dos Santos
Maravilha – SC
2015
�
SUMÁRIO
	1. CRIMINOLOGIA DA REAÇÃO SOCIAL.....................................................................
	04
	2. MOVIMENTOS RADICAIS DA CRIMINOLOGIA......................................................
	07
	REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................
	13
�
1. CRIMINOLOGIA DA REAÇÃO SOCIAL
	Em meados do século XX, nos Estados Unidos, surgiu uma nova corrente fenomenológica denominada “Labelling Approach”, também conhecida por Teoria da Reação Social, do "etiquetamento" ou da "rotulação". Emergiu com um novo enfoque sobre a formatação do delito, dando maior ênfase ao estudo do próprio sistema penal, inclusive na análise de seu funcionamento desigual. Este novo paradigma é considerado por muitos estudiosos, como Lola de Aniyar de Castro1, a gênese da Criminologia Crítica. Conforme ensinamento da autora acima mencionada: 
“[...] Esta escola deixou estabelecido, finalmente, que a causa do delito é a lei, não quem a viola, por ser a lei que transforma condutas lícitas em ilícitas”.
	Surge então uma nova forma de visão acerca da criminalidade. O criminoso deixa de ser visto como um ser intrinsecamente bom ou mal, ou provido de fatores biopsicológicos que o formatam como delinquente, e passam a ser um fruto de uma construção social (moldagem da realidade social), proveniente do contato que o agente desviante tem com as instâncias oficiais. Alessandro Baratta fala de duas matrizes técnicas que formatam a criminalidade, quais sejam, o interacionismo simbólico e a etnometodologia: 
“[...] Segundo o interacionismo simbólico, a sociedade – ou seja, a realidade social – é constituída por uma infinidade de interações concretas entre indivíduos, aos quais um processo de tipificação confere um significado que se afasta das situações concretas e continua a estender-se através da linguagem. Também segundo a etnometodologia, a sociedade não é uma realidade que se possa conhecer sobre o plano objetivo, mas o produto de uma ‘construção social’. Obtida graças a um processo de definição e de tipificação por parte dos indivíduos e de grupos diversos”.
	
	Para a teoria abordada, portanto, o desvio é uma construção social, e não uma conduta em si mesma má. Trata-se de uma interpretação, de acordo com um dado momento histórico-cultural, que define quais serão os comportamentos tolerados e quais serão tipificados como ilícitos. Assim sendo, um delito só o é considerado como tal, se dessa forma for rotulado pela sociedade. Não há que se falar em conduta criminosa, em si mesma, ou em um autor criminoso por fatores naturais ou intrínsecos: o próprio sistema formata quais delitos e que pessoas sevem ser acossadas.
	O termo “criminologia da reação social” é uma denominação dada a uma abordagem de estudos criminológicos como dito anteriormente desenvolvidos no início do século XX, cujo foco se dá em investigar as raízes do crime. Na vertente da reação social, conclui-se que o desvio e a criminalidade não são qualidades intrínsecas da conduta ou uma entidade ontológica pré-constituída à reação social e penal, mas uma qualidade (etiqueta) atribuída a determinados sujeitos através de complexos processos de interação social; isto é, de processos formais e informais de definição e seleção. Na criminologia da reação social, está presente a figura do “etiquetamento”, o qual pode ser entendido como uma construção doutrinária criminológica que visa atribuir, a determinados grupos ou a características desses grupos, uma semelhança em comum, possibilitando que sejam os mesmos selecionados por meio de uma “qualidade (etiqueta) atribuída a determinados sujeitos através de complexos processos de interação social; isto é, de processos formais e informais de definição e seleção.
	Deste modo, depois de serem atingidos pelo "etiquetamento", acabam não conseguindo mais se desvincular dessa imagem, passando a construir uma carreira criminosa. O fato dos criminalizados não conseguirem se desprender da imagem a eles atreladas, gerando para eles um status social negativo, é a grande crítica que a Teoria da Reação Social sustenta, negando, como isso, o princípio da finalidade ou da prevenção , tendo em vista que impede a ressocialização concreta do indivíduo infrator.	
	O objeto da reação social é a reação gerada pelo controle social que o sistema, com a colaboração de outras instituições de controle social, exerce sobre a sociedade. O sistema penal não tem como combater essa criminalidade, pois ele mesmo, e as instituições de controle social, constroem a criminalidade. Essas instituições que exercem influência sobre a sociedade são a família, a escola, a religião, a psiquiatria, o mercado de trabalho, e todos os meios sociais.
	Um dos principais meios de informação, atualmente, são os chamados telejornais. Suas notícias são pesquisadas, gravadas e veiculadas, em todo território nacional, diariamente, permitindo que toda a população possa ter acesso às informações que estão em voga pelo mundo. Sem dúvida nenhuma, o poder que estas notícias pode exercer no pensamento de seus espectadores é enorme, pois, muitas vezes, seu juízo de delibação é formado pelo que lhe fora mostrado na mídia. A capacidade da mídia de “manipular” a crença popular só aumenta com o passar dos anos. Na opinião da autora Danielle Gonçalves: “A mídia, com sua aparência indefesa, sob a alegação de prestar serviço cultural e informativo de maneira diversificada com o alcance de todas as classes e indivíduos vêm, hodiernamente, se manifestando como um super poder, causando grande influência, de certa maneira perversa, sobre as vidas das pessoas”.
	O papel da mídia seria trabalhar com a “opinião pública”, entretanto, os maiores responsáveis pela formação desta são os próprios operadores desta instituição. Desta forma, não existe, de fato, um debate racional acerca dos fatos; há sim, uma ideologia, implicitamente, imposta que se assenta no seio social e determina as ações políticas nacionais.
	A mídia se incumbe de propagar o medo e a insegurança na sociedade, questiona as atitudes políticas, as leis e as agências oficiais, daí em diante deixam que a sociedade, absolutamente influenciada pelas ideias sensacionalistas que lhes foram transmitidas, pressione e anseie por soluções emergenciais. Entretanto, o que foi infiltrado na mente das pessoas como solução mais viável é o enrijecimento de todo o sistema penal e é, justamente, por estas medidas que a população anseia. Os políticos, que nem sempre estão preocupados com o problema, em si, mas apenas com sua promoção e reeleição, fazem o que é esperado pelos seus eleitores, ou seja, desprezam normas constitucionais, determinando, através de uma norma processual ou material que se torna cogente com seus atos, um sistema extremamente repressor, sem muitas expectativas de ressocialização (que seria, ao menos, em tese, o modelo adotado pelo Brasil) para os detentos.
	 
�
2. MOVIMENTOS RADICAIS DA CRIMINOLOGIA
	A Criminologia Radical parte da análise crítica das estruturas sociais, determinadas pelos alicerces de classes e pelas relações de produção, que informam e definem o programa e a ideologia dos sistemas de controle social e punitivo. Nesse sentido, a Criminologia Radicalse afasta completamente das criminologias etiológicas e positivistas que colocam no centro de seu estudo apenas o indivíduo criminoso chamado de "desviante" por diversos fatores, e aponta as contradições inerentes do sistema no qual o indivíduo está inserido e os fundamentos e embasamentos que permitem a criminalização de certos indivíduos estigmatizados, a partir de interesses de classe.
	Dessa forma, a Criminologia Radical se inicia com duas quebras de paradigma do estudo criminológico: ao invés de estudar o crime em si, como realidade ontológica ou relativo à natureza humana ou das sociedades humanas, se preocupa em analisar os processos de criminalização, ou seja, aqueles elementos que levam um determinado ato a ser classificado como crime e ao invés de olhar o criminoso como aquele indivíduo desviante, pré-determinado ao cometimento de crimes, analisa como o poder punitivo se encarrega de selecionar determinados indivíduos através de uma distribuição desigual da incriminação.
	A partir disso, ressalta-se que o crime não é um ato qualificado como crime, mas a qualificação de um ato, definidos por critérios políticos e de classe. Esse critérios tem como objetivo a manutenção dos privilégios de classe e da estrutura tanto econômica quanto político-jurídica, que permitem que a esfera das relações de produção se mantenha intacta.
	Essa manutenção, portanto, atende a uma demanda do poder econômico, que a partir das contradições de classe, se apropriam do poder político e, consequentemente, dos organismos de controle social. Nesse sentido, a Criminologia Radical se coloca como crítica feroz ao sistema e ao modo de produção capitalista, pondo-se claramente a favor de um projeto de viés marxista, que coloque fim as desigualdades sociais, estruturantes da criminalidade. Esses processos de criminalização se dividem, de acordo com Raul Zaffaroni, em dois momentos: a criminalização primária e a criminalização secundária, que caracterizam a mudança do objeto de análise da Criminologia Radical.
	A criminalização primária, como definido por Raul Zaffaroni, em livre tradução, é o ato e o efeito de sancionar uma lei penal material que incrimina ou permite a punição de certas pessoas. A partir desse ato formal, o poder político qualifica uma conduta como crime. Porém, esse poder político, formado para atender os interesses de classes burgueses, como aduz Juarez Cirino dos Santos, "protege seletivamente os interesses das classes dominantes". Esses interesses burgueses refletem em uma clara proteção da manutenção das relações de classe, que geram uma vasta produção penal que criminaliza as massas miseráveis, excluídas do mercado de trabalho ou sub-empregradas, marginalizadas, e uma mínima legislação punitiva às camadas privilegiadas, que serve para manter um falso de discurso de igualdade, que mantém as classes altas fora das mãos do poder punitivo e permite a super-representação das classes baixas nas rédeas do sistema penal.
	A criminalização secundária é uma consequência da criminalização primária. De acordo com Raul Zaffaroni, em livre tradução, a criminalização secundária é a ação punitiva exercida sobre pessoas concretas. Essa criminalização se dá através dos mais diversos sistemas de controle social e punitivo que o Estado detém, como a polícia, o judiciário, o Ministério Público e pela própria prisão. Nesse ponto, a Criminologia Radical identifica a seletividade do sistema que se funda a partir das forças produtivas que direcionam sua repressão às classes desfavorecidas, marginalizadas e que não servem ao capital. O sistema punitivo será, portanto, uma forma de eliminar da esfera social esses indivíduos que não contribuem para o desenvolvimento e manutenção desse sistema. Juarez Cirino dos Santos define o fenômeno como “administração diferencial da criminalidade”, em que os indivíduos são criminalizados não por seus atos, mas por suas posições na luta de classes e seu papel no aparelho das relações de produção. O ato determinado como criminoso, na verdade, apenas esconde a real intenção do sistema.
	Juarez Cirino dos Santos demonstra que o próprio sistema atribui objetivos ideológicos aparentes a fim de esconder os objetivos reais ocultos. Colocando-se com um discurso de que busca amenizar as desigualdades sociais, reprimir a criminalidade e conter o poder punitivo, o Direito, como superestrutura do poder estatal burguês, esconde nas sombras suas reais intenções de proteção as classes privilegiadas.
	A Criminologia Radical identifica o sistema punitivo como a ferramenta do poder burguês que assegura a manutenção do sistema de produção e da luta de classes. Há uma convergência do sistema de punição ao modo capitalista, como identifica Juarez Cirino dos Santos nos textos de Rusche e Kirchheimer. Em resumo, Rusche e Kirchheimer, analisam que o crescimento populacional conciliado com uma necessidade ou escassez de mão-de-obra e de produção de bens de consumo é um dos fatores que determinam como será a utilização do aparato punitivo do Estado.Rusche e Kirchheimer exemplificam isso, através do período chamado Idade Moderna, em que se observa a mudança do sistema punitivo devido à mudanças nas relações de produção. Nesse momento, como declararam, os métodos punitivos começam a se adequar as necessidades do mercado que começam a se utilizar da exploração de mão-de-obra escrava e das penas de trabalhos forçados.Esses meios serviam tanto ao propósito de degradar o corpo do explorado, literalmente uma punição, como retirar dele sua força produtiva, como pena pecuniária.
	Com o crescimento das cidades e burgos, principalmente na Alemanha, Inglaterra e França, cria-se a necessidade da produção de bens de consumo, mas esse crescimento não acompanha a produção de empregos, gerando uma mão-de-obra escassa, criando uma situação generalizada de pobreza, reforçada mais tarde pela Guerra dos Trintas Anos. Nesse instante, os capitalistas se voltam ao Estado a fim de manter seu mercado e um mínimo de mão-de-obra. Se utilizam de mecanismos como a obrigatoriedade dos pobres de permanecerem em seu lugar de origem, políticas de incentivo à nascimentos e aumento populacional, proibição de imigração, inserção de crianças nas produções, e até mesmo a utilização de condenados nas guerras, como a já citada Guerra dos Trintas Anos, em que os "delinquentes", por meio do alistamento, se livravam de penas, como a forca, e passavam a atuar no meio militar.
	Também nascem nessa época as casas de correção, que vão aglutinar a ideologia burguesa do trabalho e de superação da pobreza através dele. Com o discurso de ressocialização dos condenados, as casas de correção se apropriavam do corpo do condenado à ela, inserindo-o compulsoriamente no mercado como mão-de-obra, doutrinando-o para que, futuramente, ele se integre voluntariamente ao mercado de trabalho. No entanto, o que se esconde por trás desse discurso é a real necessidade de mão-de-obra, inserção daqueles de fora do mercado as necessidades da indústria, da transformação social dos "vagabundos" em objeto útil ao sistema mercantil e de seu adestramento aos hábitos laborais.
	A partir dessa exemplificação, nota-se a mudança do sistema penal que se mantém convergente às necessidades do sistema de produção. A burguesia começa a se apropriar do aparato Estatal e punitivo para impor sua lógica de mercado na sociedade. As penas corporais se esvaziam e tem-se como finalidade a adequação do corpo e da mente das classes baixas para a lógica de mercado. As penas que afligem o corpo do condenado não são tão eficientes para a manutenção das relações de produção, além de causar inutilização de mão-de-obra, colocando-se em voga a utilização do aparelho punitivo para adestrar condenado aos interesses de classe.
	Esse movimento de diminuição da pena que agrida a força de trabalho e aumento das penas de trabalho forçado desembocam no desenvolvimento da pena de prisão. Como aduz Juarez Cirino dos Santos, a mudança do sistema feudal, que se utilizava, principalmente, das penascorporais, para o sistema mercantilista, em que adota-se em maior medida, o trabalho forçado em detrimento das penas corporais e a introdução da prisão como elemento primordial da punição, proporcionou o desenvolvimento do mercado.
	A pena de prisão atende, nesse momento, não mais aos sentimentos vingativos ou punitivos, mas as demandas de mercado. A punição do condenado à prisão começa a ser medida pelo tempo, fator determinante ao mercado, pois funciona como medida de apropriação de riqueza, de troca de força de trabalho por mercadorias. Portanto, o sistema punitivo, como demonstrado, sempre se colocou instrumento de dominação das classes baixas e ferramenta de desenvolvimento do capitalismo e com finalidade de atender os interesses de classe. Aqueles não inseridos nas relações de produção eram/são ou excluídos da vida social (pela morte, pelo encarceramento) ou são inseridos compulsoriamente às relações de mercado (apropriação da força de trabalho, pena de trabalhos forçados, penas de prestação de serviço).
	A Criminologia Radical também baseia-se na análise das reais funções e utilizações da pena. Partindo-se das bases teóricas do marxismo, definindo as relações de poder que estruturam o funcionamento da sociedade capitalista, esta teoria demonstra que “a pena... serve perfeitamente à manutenção da sujeição inerente a este sistema, o qual é historicamente fundado no binômio cárcere-fábrica (fábrica para aqueles que se sujeitam às condições impostas... e cárcere para os marginalizados)”. Ou seja, a Criminologia Radical tem como objeto de estudo o crime e o controle social, através do método dialético evidencia como a pena, apesar de todo embasamento teórico frequentemente atribuído a ela, serve tão somente à manutenção do interesse de classes e, pois, do status quo do capitalismo. As críticas da teoria criminológica radical ao desmascararem a realidade por trás do sistema punitivo revelam uma lógica nefasta que serve às estruturas de poder e à separação de classes sociais.
	De início, como tratado anteriormente, o discurso de legitimação da pena, quais sejam a função ético-social e a função preventiva, esta com a prevenção geral e especial, não mais atendem, se é que em algum momento atenderam, à realidade a que se reportam. Quanto à função ético-social que deu ensejo ao discurso retributivo, em que, através dos valores da moral cristã e da filosofia idealista, se atribui à pena um mal ao criminoso proporcional ao crime que este cometeu, esta base da pena, como tratou Juarez Cirino dos Santos, “não é democrático”, ante os conceitos do Estado Democrático de Direito e “não é científico”, pois se funda na “indemonstrável liberdade de vontade do ser humano”.
	Com relação à função preventiva, destrincha-se esta na prevenção geral e prevenção especial. A primeira, em sua variante negativa, em que a pena intimida o indivíduo sob a premissa de supressão de futuros atos criminosos, tem-se como primeira crítica a ineficácia da pena na função intimidadora. Isto pois qualquer estudo histórico permite chegar à conclusão de que de modo algum a pena inibe o indivíduo a cometer atos criminalizados, e mais, falta-lhe critério que limite sua utilização que viole a dignidade da pessoa humana.
	Na sua variante positiva, a prevenção geral em que se baseia a pena, pela qual se busca a normalização das relações sociais, ocorre a institucionalização da lógica vingativa da sociedade, mantendo as expectativas comportamentais normativas. Por óbvio que, tanto nas funções formais, quanto nas funções reais da pena, ao Direito Penal não se incumbe à proteção das instituições do Estado. E mais, esta atenção à expectativa comportamental é patentemente violadora do princípio da ampla defesa e do contraditório, bem como do princípio do in dubio pro reo, assim, as injustiças cometidas sob tal égide acabam por causar a própria desestabilização da ordem da sociedade.
	A teoria da pena também comporta crítica na medida em que se funda em premissas de neutralização (prevenção especial negativa), harmonização e ressocialização (prevenção especial positiva) do indivíduo, os quais se revelam, assim como os demais acima tratados, falidos de aplicação e de real efetividade.
	A criminologia radical explicita, a partir da visão marxista, a distinção entre os conceitos burguês e proletário de crime, os quais são “as ações contrárias às relações de produção capitalistas” e “a posição de classe dos trabalhadores assalariados na formação social capitalista”, respectivamente. De fato, em que pesem as reais funções da pena, tais compreensões são imprescindíveis para o estudo da criminologia radical.
	Analisando-se as ilusões geradas pelas funções formais da pena, evidencia-se que esta serve à manutenção do status quo. Isto é posto em prática através da moralização da classe trabalhadora (“legalidade de base”) e da camuflagem da criminalidade da classe dominante opressora (abuso de poder político e econômica). Em outras palavras, o funcionamento do sistema, tomado pela lógica mercadológica, somente tem efeito se o Estado regular sinteticamente a oferta de mão de obra. Assim, “se a força de trabalho é insuficiente para as necessidades do mercado, o sistema penal adota métodos punitivos de preservação da força de trabalho; se a força de trabalho excede as necessidades do mercado, o sistema penal adota métodos punitivos de destruição da força de trabalho”. Portanto, para a Criminologia Radical é imperiosa a quebra dos paradigmas do estudo criminológico tradicional.
�
Referencias Bibliográficas
ANIYAR DE CASTRO, Lola. Criminologia da reação social. Tradução e acréscimos de Ester Kosovski. Rio de Janeiro. Forense: 1983 2 Idem., p. 97.
BARATTA, Alessandro. Criminologia crítica e crítica do direito penal: introdução à sociologia do direito penal. Tradução de Juarez Cirino dos Santos. 3. ed. Rio de Janeiro: Revan: Instituto Carioca de Criminologia, 2002, p. 86. 4 Idem, p. 87.
GONÇALVES, Danielle. A violência da “Idade Mídia”. Disponível em: Acesso em: 27 set. 2007.

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes