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CORDIOLI, Aristides Volpato; ISOLAN, Luciana; PHEULA, Gabriel. Fatores comuns e mudança em psicoterapia. In CORDIOLI, Aristide Volpato (Org.) Psicoterapias: abordagens atuais. 3ª Edição. Porto Alegre: Artmed, 2008. p. 58 a 71. Resenha Crítica É inegável o papel da psicoterapia por meio das várias abordagens e atuando nos transtornos mentais. Os autores do artigo fazem uma comparação entre as diversas psicoterapias e que elas apresentam resultados semelhantes. Os mesmos trazem um debate sobre os fatores específicos e não específicos, concluindo com o debate sobre um modelo geral de psicoterapia e ainda um modelo de fatores comuns. Os autores destacam a existência de fatores distintos entre as técnicas psicoterápicas, destacam também fatores comuns ou fatores não específicos nas psicoterapias que seriam responsáveis pelas mudanças nos indivíduos, ressaltando: relação de confiança e emocionalmente carregada com o terapeuta, teoria que explica as causas dos problemas do paciente, acesso a novas informações sobre a natureza desses problemas e alternativa ao lidar com os mesmo, aumentar a esperança de auxílio em virtude do terapeuta, sucesso em realizar novas experiências de vida e poder expressar emoções pessoais. O resultado em psicoterapia está ligado às mudanças que os pacientes podem adquirir após um processo psicoterápico, porém essa definição irá depender de quem a faz, podendo variar do terapeuta, do paciente ou de seus familiares, notando que todos esses atores irão apor sua subjetividade no termo ‘resultado’. Para se encerrar as controvérsias acerca dos resultados da psicoterapia, foi utilizado como método de pesquisa a metanálise. Os primeiros resultados desses estudos comprovaram a eficácia absoluta da psicoterapia, fazendo uma comparação de pacientes que recebiam tratamento com psicoterapias com pacientes que não recebiam, os pesquisadores concluíram que “Tal resultado indica que pessoas tratadas com psicoterapia estão, em média, 80% melhor, se comparadas com pessoas não-tratadas”. É preciso destacar que as mudanças em psicoterapia acontecem dentro de um processo, não é um fato isolado e há diversos fatores que influenciam em seus resultados. Buscando explicar o processo de mudança em psicoterapia, os autores citam Luborsky (1976) que dividiu em dois grandes grupos: 1) as técnicas específicas de cada modelo, que englobariam a estrutura da psicoterapia e as diferentes intervenções específicas do terapeuta, e 2) a relação paciente-terapeuta, que englobaria os fenômenos transferenciais, os aspectos lógicos e racionais e os aspectos reais da relação terapêutica. Tanto a técnica como a relação paciente-terapeuta fazem parte desse intricado processo que leva a mudanças nos pacientes que se beneficiam da terapia, porém os autores destacam ainda a necessidade dos agentes de mudança que são comuns às diversas psicoterapias, citam nesse caso Karasu (1986), que destaca: a experiência afetiva, aumento de habilidades cognitivas e a regulação do comportamento. Para este autor, as “psicoterapias utilizariam distintas combinações desses três tipos de agentes terapêuticos”, sendo que cabe a cada abordagem enfatizar um ou outro desses elementos. Os autores do artigo Fatores comuns e mudança em psicoterapia buscam o modelo de pesquisa em medicina, que engloba quatro aspectos: a existência da doença, explicação científica da etiologia da doença, tratamento que atue na doença e comprovação do tratamento tenha ação terapêutica específica, para afirmar que a busca de explicações para os transtornos e as técnicas terapêuticas utilizou-se desse método. A partir da percepção do seguimento e tempo de tratamento essas pesquisas não demonstraram evidências consistentes de eficácia entre os tipos de psicoterapia. Nesse sentido trazem o debate de um modelo contextual em psicoterapia, que sugere abordagens integrativas que são mais comuns na prática clínica “metade e dois terços dos terapeutas avaliados costumam utilizar intervenções decorrentes de diferentes escolas teóricas” (Trijsburg; Colijn; Holmes, 2005). Os autores afirmam que “a psicoterapia integrativa engloba a integração teórica, o ecletismo técnico e a teoria dos fatores comuns” o que se configura na fusão de duas ou mais teorias, não sendo necessária a utilização de toda a teoria no processo psicoterápico, mas sim elementos específicos que são úteis para o paciente. A visão que predomina nesse processo é do pragmatismo, o que prevalece são as circunstâncias em relação ao momento da psicoterapia. Não é de se descartar a existência de fatores comuns entre as diferentes teorias de psicoterapia Lambert e Bergin (1994) divide esses fatores em três categorias apoio (aqueles que encorajam um ambiente psicoterápico de apoio e colaboração, cartase, confiança, esperança, encorajamento e aliança terapêutica), aprendizagem (fatores que possibilitam uma nova estrutura cognitiva para lidar com problemas, experiência afetiva, insight, aprendizagem cognitiva, experiência emocional corretiva e o feedback) e ação (associados a mudanças reais de comportamento). Nesse mesmo sentido, os autores citam Miller e colaboradores (1997) que diferenciam os fatores comuns em quatro áreas: 1) fatores do paciente; 2) fatores da relação terapêutica; 3) placebo, esperança e expectativa positiva e 4) fatores técnicos. Os autores do artigo concluem discutindo um modelo geral de psicoterapia, mesmo encontrando diversas dificuldades envolvendo os fatores (paciente, terapeuta, cultura, valores sociais...), integrar esses fatores em um modelo geral seria a testagem de hipóteses, mas caso viesse a ser comprovada permitiria “uma melhor seleção dos pacientes, dos terapeutas e das técnicas... uma diminuição das possibilidades de fracassos”. Nessa perspectiva citam Orlinsky e Howard (1987) que propõem um modelo geral de psicoterapia que poderia ser aplicado a todas as modalidades (destaque meu). Essa propositura se divide em três áreas de pesquisa: os determinantes ou input (características pessoais do paciente e do terapeuta, suas vidas, valores culturais e crenças), o processo psicoterápico (contrato terapêutico, intervenções técnicas para atingir os objetivos, o vínculo, disposição interna e realizações terapêuticas, consequências imediatas ou a longo prazo) e as consequências ou output (as consequências do processo terapêuticos nas pessoas e nas vidas do paciente e do terapeuta, na organização, comunidade e nos valores e crenças a sua volta). Porém essas questões não estão fechadas, estão em aberto com perspectivas futuras, principalmente quando se fala em equivalência entre as diversas psicoterapias, as quais se destacam: 1) Diferentes psicoterapias podem alcançar resultados similares por meio de diferentes processos; 2) diferentes resultados existem, mas não são detectáveis com as metodologias utilizadas nos estudos; 3) diferentes terapias possuem fatores em comum, que seriam os responsáveis pela melhor, embora não sejam enfatizados no modelo teórico de cada escola psicoterápica. De certa forma os autores do artigo trazem provocações qualitativas quanto aos fatores comuns as psicoterapias, as mudanças provocadas pelas mesmas e a propositura de um modelo que possa servir para todas as abordagens. Porém o fator pragmático proposto por alguns teóricos pode desconsiderar a subjetividade dos indivíduos, já que esse pragmatismo requer o aceleramento do tempo da terapia, que nem sempre será o mesmo tempo do paciente, pois para este ele é subjetivo. Uma outra questão que depõe contra a construção de um modelo único para todas as teorias psicoterápicas é o campo teórico das diversas abordagens,não se nega que haja elementos comuns entre elas e que possam ter origens comuns (muitas têm origem na psicanálise), mas essa diversidade se deve justamente pelas divergências que seus autores propuseram em relação às teorias abraçadas anteriormente, e longe de ser vista como algo que atrapalhe, ao contrário, deve ser considerado como riqueza na psicoterapia. Outro fator muito importante a ser destacado é no que se refere a eficácia dos processos psicoterápicos, mesmo exigindo vários fatores, do ponto de vista científico com as pesquisas realizadas “a questão da eficácia da psicoterapia já pode ser considerada encerrada”. Acadêmico Tácito Pereira dos Santos tacitosantos@yahoo.com.br Psicologia ULBRA – Porto Velho/RO
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