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Fichamento - A ordem do discurso

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FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. São Paulo: Edições Loyola, 1996.
Por: Edwar de Alencar Castelo Branco
	“A Ordem do Discurso”, sendo a aula inaugural de Foucault no Colégio de France, é um texto com pelo menos duas claras intenções: cumprir o ritual de proferir um “discurso inaugural” e, ao mesmo tempo, fazê-lo coerentemente com suas pesquisas e com suas concepções de linguagem. Este discurso de Foucault, portanto, desvenda a relação entre as práticas discursivas e os poderes que as permeiam.
O autor inicia reconhecendo que a produção do discurso é controlada, selecionada e redistribuída dentro de uma lógica que busca sua camuflação. Para praticar esta camuflação a sociedade se vale de “procedimentos de exclusão”, os quais se exercem externa e internamente ao discurso.
Os procedimentos de exclusão externos ao discurso são a Interdição, a Separação e a Vontade de Verdade, os quais operam o controle através, respectivamente, da palavra proibida, da segregação (da loucura, por exemplo) e da delimitação e localização da verdade. Estes procedimentos estão voltados para o objetivo de limitar os poderes do discurso.
Os procedimentos de exclusão internos são o Comentário, o Autor e a Disciplina, os quais estão voltados para o controle da produção do discurso, isto é, dominam e controlam suas aparições aleatórias.
Há, ainda, um outro grupo de procedimentos de controle dos discursos que não está voltado nem para o controle dos poderes que eles têm, nem para o controle dos acasos de sua aparição, mas para o controle de seu funcionamento, para o impedimento de que todo mundo tenha acesso ao discurso. São os seguintes estes procedimentos: o Ritual, que define a qualificação que devem possuir os indivíduos que falam; as Sociedades de discurso, que conservam ou produzem discursos cuidando para que sua circulação se dê em espaço fechado, sua distribuição siga regras estritas e seus detentores não sejam despossuídos por essa distribuição; e os Grupos Doutrinários e as Apropriações Sociais, os quais promovem uma dupla sujeição: dos sujeitos que falam aos discursos e dos discursos ao grupo dos indivíduos que falam.
O autor mostra, a seguir, como os temas da filosofia “vieram responder a esses jogos de limitações e de exclusões e, talvez também, reforçá-los”. Estão dentro desta lógica o sujeito fundante, a experiência originária e a mediação universal.
Reconhecendo que a civilização ocidental cuidou historicamente de dominar a “grande proliferação do discurso”, através da disposição de interdições, supressões, fronteiras e limites, Foucault propõe as três decisões que precisam ser adotados “se quisermos, não digo apagar este temor (ao discurso), mas analisá-lo em suas condições, em seu jogo e seus efeitos”: questionar nossa vontade de verdade; restituir ao discurso seu caráter de acontecimento; suspender, enfim a soberania do significante.

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