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Ação Civil Pública

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ESTADO DO PARÁ 
DEFENSORIA PÚBLICA 
 
- 1/19 - 
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE 
................ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Órgão do MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL, através de seu 
Agente nesta Comarca, no exercício de suas atribuições como Titular da Promotoria 
de Justiça de Santa Maria do Pará e a DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO 
PARÁ, por meio do Defensor Público em exercício na Defensoria de Santa Maria do 
Pará, com endereço ao Fórum Juiz Jonathas Celestino, sito à Av. Bernardo Sayão, 
s/n, Bairro Centro, neste Município, vêm, com o habitual respeito perante o Douto 
Juízo desta Comarca, com fulcro nas disposições dos arts. 127, caput, 129, III, e 
134, todos da Constituição da República, bem como consoante os termos da Lei nº. 
8.625/93, art. 25, IV, b e da Lei 7347/85, especialmente seu artigo 5º, I e II, propor a 
presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA DECLARAÇÃO DE NULIDADE DE ATO 
ADMINISTRATIVO, em face da: 
MUNICIPALIDADE DE SANTA MARIA DO PARÁ, pessoa 
jurídica de direito público interno, inscrita no CNPJ sob o 
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ESTADO DO PARÁ 
DEFENSORIA PÚBLICA 
 
- 2/19 - 
 
nº. 05.149.174/0001-34, estabelecida nesta Cidade na Av. 
Santa Maria, Praça da Matriz, nº. 1, CEP 68738-000, na 
pessoa de sua Prefeita, a Senhora Marifrança do Socorro 
Souza de Oliveira; 
Consoante a causa de pedir e pedidos adiante expostos: 
 
DOS FATOS 
1) No mês de Abril do ano em curso, através do Edital nº. 010/2008, a Ré lançou 
processo seletivo público para contratação de Agentes Comunitários de Saúde 
– ACS, disponibilizando 33 (trinta e três) cargos a serem preenchidos por 
localidades e micro-áreas de atuação do Programa Agentes Comunitários de 
Saúde, atribuindo-se a responsabilidade pela elaboração, coordenação, 
execução, classificação e consolidação do processo seletivo ao 5º Centro 
Regional de Saúde, Secretaria Executiva de Saúde Pública do Estado do Pará. 
2) Nos termos do referido edital (doc. 01), itens 7.1, alíneas “a” e “b”, havia a 
exigência expressa, para deferimento da inscrição dos candidatos, que esses 
apresentassem a idade de 18 anos e a conclusão do Ensino Fundamental, em 
descompasso com o entendimento jurisprudencial dominante nas Cortes 
brasileiras, pelo qual os requisitos para a investidura no cargo público devem 
ser observados no ato da posse, não no momento da inscrição; 
3) O item 7.1. alínea “c” do referido ato administrativo vai mais além, ao prever 
que, no, para efetivação da inscrição, necessário se faz a comprovação da 
residência do candidato na microárea para onde deseja concorrer, enquanto 
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ESTADO DO PARÁ 
DEFENSORIA PÚBLICA 
 
- 3/19 - 
 
que o art. 6º, I, da Lei 11.350/2006, coloca tal exigência em relação à área e 
não à microárea de atuação do Agente Comunitário de Saúde (ACS); 
4) No mais, verifica-se o descompasso na distribuição cargos de ACS prevista no 
anexo I do edital 010/2008 em relação àquela constante do edital 02/2008 (doc. 
02). Prova disso é o número reduzido de cargos no Edital 010/2008 (trinta e 
três) em face do edital anterior, 02/2008, o qual previa a contratação de trinta e 
sete ACS. Nestes termos, verifica-se também diferentes distribuições de ruas, 
perímetros e logradouros nas microáreas no edital 010/2008 em relação ao 
antes estabelecido no item 02/2008. 
5) Vislumbrando tais vícios, as Instituições ora Autoras da presente demanda 
coletiva, por meio de seus representantes neste Município, oficiou o Município 
de Santa Maria do Pará para que tais irregularidades fosse sanadas, como faz 
prova o documento anexo (doc. 03); 
6) Em resposta à provocação do Ministério Público e da Defensoria Pública, o 
Poder Público Municipal apresentou o ofício 279/2008/GP (doc. 04), segundo o 
qual as vagas ofertadas no edital 010/2008 em nada diferiam do edital 02/2008, 
afirmando ter havido apenas uma delimitação mais específica da microárea 
onde será lotado o agente; 
7) No mesmo ato, o Município encaminhou juntamente ao referido ofício a 
retificação ao edital 010/2008, referenciada como 10.1/2008 (doc. 05), que: 
7.1) Deu nova redação ao item 7.1, mantendo como única exigência para a 
inscrição a residência do candidato na microárea que desejar concorrer, 
suprimindo a necessidade de verificação de idade mínima e de escolaridade; 
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ESTADO DO PARÁ 
DEFENSORIA PÚBLICA 
 
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7.2) No que tange à contratação, houve a alteração ao item 10.1.1, alínea “c”, 
exigindo-se apenas a residência na área de atuação, não mais se falando em 
microárea. 
8) Ocorre que as mudanças trazidas pelo edital 010/2008 não foram capazes de 
afastar a limitação às inscrições dos candidatos ao cargo de ACS que não residam 
na micro área a que desejam concorrer, pois o item 7.1 ainda permanece com tal 
restrição e de nada adiante se alargar a exigência de residência de micro área para 
área no momento da contratação, pois o candidato que não resida na micro área 
sequer poderá se inscrever no certame; 
9) Além do exposto, no que tange à seleção, o item 9.3.1, aliena “a.1”, ao dispor 
sobre a prova de títulos prevê pontuação aos candidatos que já possuírem 
experiência em atuações como Agente Comunitário de Saúde. 
10) Por conta da persistência dos vícios acima referidos, o Ministério Público e a 
Defensoria Pública vêm ajuizar a presente Ação Civil Pública, para que sejam 
anulados os itens respectivos do edital 010/2008; 
 
DO DIREITO 
 
1) Da Legitimidade da Defensoria Pública para o ajuizamento da Presente Ação 
Civil Pública: 
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ESTADO DO PARÁ 
DEFENSORIA PÚBLICA 
 
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 A Defensoria Pública do Estado do Pará, em litisconsórcio com o Ministério 
Público, figura no Pólo Ativo da presente demanda coletiva, por apresentar 
legitimidade para tal. 
 Preliminarmente, incumbe ressaltar as funções institucionais da Defensoria 
Pública na assistência judicial e extrajudicial dos interesses dos necessitados, para 
fins do atendimento do disposto no art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal de 1988. 
Neste sentido, importante destacar o comando do art. 134, Caput, da CF/88, in 
verbis: “Art. 134. A Defensoria Pública é instituição essencial à função jurisdicional do 
Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos 
necessitados, na forma do art. 5º, LXXIV” 
 O Texto Maior em vigor não restringiu, e assim não seria crível que fizesse, a 
atuação da Defensoria Pública apenas na tutela dos interesses individuais dos 
necessitados, o que leva à atribuição à referida instituição também em prol dos 
interesses coletivos dos assistidos. 
 Assim, há muito a jurisprudência e as legislações específicas já vinha 
atribuindo legitimidade à Defensoria Pública para ajuizar Ação Civil Pública, como 
disposto no art. 6º, X, da Lei Complementar Estadual 054/06. 
 A questão, atualmente, encontra-se pacificada com o advento da Lei 
11.448/2007, que, alternado o art. 5º da Lei 7347/85, Lei de Ação Civil Pública, 
consolidou, no inciso II, a legitimidade da Defensoria Pública para figurar no pólo 
ativo das demandas coletivas. 
 Com o advento da novel legislação, a doutrina pátria vem saudando a 
confirmação de tal legitimidade em favor da Defensoria Pública, como instrumento 
essencial para a defesa integral e ampla dosinteresses dos assistidos por esta 
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ESTADO DO PARÁ 
DEFENSORIA PÚBLICA 
 
- 6/19 - 
 
Instituição. São neste sentido as palavras de Fredie Didier Junior e Hermes Zaneti 
Jr1: 
 A nova redação do art. 5º da LACP (Lei 7.347/1985), 
determinada pela Lei n. 11.448/2007, prevê expressamente a 
Defensoria Pública (art. 5º, II, LACP) entre os legitimados para a 
propositura da ação civil pública. Atende, assim: a) a evolução da 
matéria, democratizando a legitimação, conforme posicionamento 
aqui defendido; b) a tendência jurisprudência que aqui se anunciava. 
Além disso, a redação do dispositivo ficou mais clara. 
 
 No caso concreto ora em análise, é latente o interesse dos necessitados, 
especialmente aqueles que residem neste município de Santa Maria do Pará, pois 
os candidatos aos cargos de Agente Comunitário de Saúde (ACS), por vários 
fatores, como a realidade econômica do município e a remuneração oferecida – um 
salário mínimo, mais vinte por cento de adicional de insalubridade e cinco por cento 
de gratificação – serão, quase que na sua totalidade pessoas que não podem 
contratar advogados particulares, tampouco arcar com os custos da tramitação 
processual. Tal quadro reclama a assistência pela Defensoria Pública. 
 Por conta de todo o exposto, não restam dúvidas quanto à legitimidade da 
Defensoria Pública para ingressar com a presente ação coletiva, o que faz em 
litisconsórcio com o Ministério Público. 
 
2) Da ofensa ao princípio da ampla acessibilidade aos cargos públicos pela 
limitação à concorrência aos moradores das microáreas de atuação: 
 
1 DIDIER JR., Fredie & ZANETI JR, Hermes. Curso de Direito Processual Civil: Processo Coletivo. V. 4. 
Salvador: Juspodivm: 2008, p. 239 
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ESTADO DO PARÁ 
DEFENSORIA PÚBLICA 
 
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O processo seletivo público para contratação de agentes comunitários de 
saúde foi inserido pela Emenda Constitucional nº. 51, de 14.02.206, no regime 
jurídico brasileiro mediante a inserção do parágrafo quarto ao art. 198, nos 
seguintes termos: 
§ 4º. Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir 
agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias 
por meio de processo seletivo público, de acordo com a natureza e 
complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua 
atuação. 
 
 Não restam dúvidas que o objetivo do Constituinte Derivado, ao prever a 
contratação de ACS, valendo até mesmo de processo seletivo público simplificado, 
foi de facilitar e otimizar a prestação dos relevantíssimos serviços de saúde à 
população. No entanto, não podem exisitir distinções que ofendam os princípios 
cardeais da administração pública entre o processo clássico de seleção de 
candidatos para investidura em cargos públicos, previsto no art. 37, II, da CR, 
designado concurso púbico de provas ou de provas e títulos, e o processo seletivo 
público para contratação de ACS, previsto no art. 198, §4º, da Carta Política. 
 As diferenças permitidas somente guardam pertinência, para adequação da 
seleção à natureza e complexidade das atribuições do agente comunitário de saúde. 
Não existe, assim, qualquer espaço para o arbítrio na seleção ou para solapamento 
ou burla dos princípios da impessoalidade, moralidade e ampla acessibilidade aos 
cargos públicos. 
 Portanto, equivoca-se o intérprete que assume o processo seletivo público 
de contratação de ACS como aptos a derrogar o regime jurídico constitucional da 
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Administração Pública, ou que o qualifiquem por autorizado a flexibilizar em medida 
intolerável os princípios da administração pública. 
Não se pode negar que, dentre as cláusulas especiais que regem o 
processo seletivo público para a contratação de ACS, uma delas é a exigência de 
que o candidato, desde o momento da publicação do edital, resida na área onde irá 
exercer as atribuições, nos termos do art. 6º, I da Lei 11.350/06, que ora se 
transcreve: 
Art. 6º O Agente Comunitário de Saúde deverá preencher os 
seguintes requisitos para o exercício da atividade: 
I- residir na área da comunidade em que atuar, desde a data da 
publicação do edital do processo seletivo público2. 
 
Percebe-se que o legislador nacional, ao regulamentar as disposições da 
Emenda Constitucional 51/2006, quis que o candidato ao cargo de ACS resida na 
área em que irá atuar. A lei em referência não restringiu, todavia, a residência do 
candidato para a microárea, como fez o Edital 010/2008 (doc. 01), no item 7.1, 
mesmo após a alteração pelo Edital 010.1/2008. 
De imediato, vislumbra-se a ilegalidade do item 7.1 em face do art. 6º, I, da 
Lei 11.350/06, posto que o primeiro já extrapolou a exigência já limitativa da lei. 
No mais, restringir-se o acesso aos cargos de ACS apenas a quem resida na 
microárea que pretende atuar, espaço esse, ao menos em regra, muito mais 
reduzido que as áreas, fere de morte o princípio da ampla acessibilidade aos cargos 
 
2 Grifos nossos 
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ESTADO DO PARÁ 
DEFENSORIA PÚBLICA 
 
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públicos aos brasileiros e estrangeiros, na forma da lei, esculpido no art. 37, I, da 
Constituição Federal de 1988. 
Assim, o entendimento da doutrina e da jurisprudência, no exame do 
princípio da ampla acessibilidade aos cargos públicos é de que as restrições 
somente são admitidas se veiculadas de forma clara e irrefutável por meio de lei. 
Neste contexto, o Supremo Tribunal já decidiu, no tocante ao limite de idade para o 
exercício dos cargos públicos: “O edital de concurso não é instrumento idôneo para 
o estabelecimento mínimo de idade para a inscrição em concurso público; para que 
seja legítima tal exigência é imprescindível a previsão em lei.”3 
O edital 010/2008, ao criar o requisito de moradia na microárea, avançando 
sobre o critério da área, estabelecido pela Lei 11.350, torna-se eivado de 
ilegalidade. Fundamenta-se tal posição com os ensinamentos de Marcelo 
Alexandrino e Vicente Paulo4: 
Outra importante conseqüência direta do inciso I do art. 
37 é a vedação ao estabelecimento de exigências ou condições 
pelos editais de concursos públicos que não possuam amparo 
legal. Embora os editais de concursos públicos para 
provimento de cargos ou empregos públicos sejam elaborados 
pelas Administrações encarregadas pelas contratações, estas 
não podem prever condições para a participação no certame, e 
menos ainda para ulterior ingresso dos aprovados, com base 
exclusiva ema tos normativos infralegais, como regulamentos, 
instruções normativas, portarias. 
 
 
3 RE 182432-RS, Rel. Min. Néri da Silveira, 5.3.2002 
4 ALEXANDRINO, Marcelo & PAULO, Vicente. Direito Administrativo. 15. ed. Niterói: Impetus, 2007. P. 
172 
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Ainda que houvesse uma lei, a qual, repita-se, não há, que limitasse o 
acesso aos cargos de ACS àqueles que residam nos exíguos limites das microáreas 
de atuação, tal norma não encontraria harmonia com o princípio da razoabilidade, 
posto que em nada fica prejudicada a fruição do serviço público pela populaçãocom 
o exercício da função por agente comunitário de saúde que, embora não resida na 
mesma microárea que atuar, mas poderá facilmente localizado nas cercanias da 
mesma, pois residiria na mesma área. 
Vale ressaltar que o efeito prático da alteração do item 10.1.1., alínea “c” do 
edital 010/2008 pelo edital 10.1/2008, no sentido de alargar a contratação de ACS 
que residam na área de atuação, ao invés do critério ilegal da microárea, revela-se 
inexistente. Isto porque permanece, para a inscrição, o requisito da residência na 
microárea, conforme disposto no item 7.1 do edital, mesmo após a redação 
conferida pelo edital 10.1/2008. 
Ou seja, Douto Magistrado, o candidato que não residir na microárea de 
atuação sequer poderá se inscrever no certame, daí porque não poderá chegar à 
fase de contratação, o que revela a ineficácia prática da alteração empreendida pela 
Administração Municipal apenas no que concerne à contratação. Deveria ser 
alterado o critério de residência para área também no que concerne ao aspecto da 
inscrição. 
Deve-se ter em mente, na análise da questão, o enunciado na Súmula 683 
do STF: “O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em 
face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das 
atribuições do cargo a ser preenchido”. 
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ESTADO DO PARÁ 
DEFENSORIA PÚBLICA 
 
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Diante do exposto, o item 7.1 do Edital 010/2008 deve ser anulado, na 
medida em que veicula exigência ilegal e violadora do princípio da ampla 
acessibilidade aos cargos públicos, esculpido no art. 37, I, da CF/88. 
3. Da Violação dos Princípios da Igualdade e da Competição pela atribuição de 
pontuação em decorrência de experiência anterior no cargo de ACS: 
O item 9.3.1 do Edital 010/2008, ao tratar da segunda fase do processo 
seletivo público, consistente na prova de títulos, mais precisamente à alínea “a”, 
atribui pontuação aos candidatos que percebam experiência no exercício de cargos 
públicos, precisamente na qualidade de ACS. 
Tal dispositivo viola ao menos dois dos princípios administrativos 
fundamentais dos concursos públicos, quais sejam o da igualdade e o da 
competição. No entendimento do mestre José dos Santos Carvalho Filho5, o 
concurso público possibilita o acesso isonômico dos jurisdicionados aos cargos 
públicos, a conferir: 
O concurso público é o instrumento que melhor representa o 
sistema do mérito, porque traduz um certame de que todos podem 
participar nas mesmas condições, permitindo que sejam escolhidos 
realmente os melhores candidatos. 
Baseia-se o concurso em três postulados fundamentais. O 
primeiro é o princípio da igualdade, pelo qual se permite que todos 
os interessados em ingressar no serviço público disputem a vaga em 
condições idênticas para todos. Depois, o princípio da moralidade 
administrativa, indicativo de que o concurso veda favorecimentos e 
perseguições pessoais, bem como situações de nepotismo, em 
ordem a demonstrar que o real escopo da Administração é o de 
selecionar os melhores candidatos. Por fim, o princípio da 
competição, que significa que pos candidatos participam de um 
 
5 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 19, ed. Rio de Janeiro: Lúmen 
Júris, 2008. p. 563 
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ESTADO DO PARÁ 
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certame, procurando alçar-se a classificação que os coloque em 
condições de ingressar no serviço público. 
 
 De forma mais específica, o Supremo Tribunal Federal decidiu, nos autos da 
Ação Direta de Inconstitucionalidade 3522/RS, que a atribuição de pontuação em 
prova de títulos para que, tem experiência anterior no cargo reduz drasticamente as 
possibilidades de quem não goza de tal atributo, ferindo a igualdade destes no 
acesso aos cargos públicos e a competitividade da seleção., sendo, portanto 
inconstitucional. Comprovando-se tal afirmação, traz-se à colação a ementa do 
acórdão do mencionado precedente do Pretório Excelso: 
PROCESSO OBJETIVO - AÇÃO DIRETA DE 
INCONSTITUCIONALIDADE - ATUAÇÃO DO ADVOGADO-GERAL 
DA UNIÃO. Consoante dispõe a norma imperativa do § 3º do 
artigo 103 da Constituição Federal, incumbe ao Advogado-Geral 
da União a defesa do ato ou texto impugnado na ação direta de 
inconstitucionalidade, não lhe cabendo emissão de simples 
parecer, a ponto de vir a concluir pela pecha de 
inconstitucionalidade. CONCURSO PÚBLICO - PONTUAÇÃO - 
EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO SETOR ENVOLVIDO NO 
CERTAME - IMPROPRIEDADE. Surge a conflitar com a igualdade 
almejada pelo concurso público o empréstimo de pontos a 
desempenho profissional anterior em atividade relacionada com 
o concurso público. CONCURSO PÚBLICO - CRITÉRIOS DE 
DESEMPATE - ATUAÇÃO ANTERIOR NA ATIVIDADE - AUSÊNCIA 
DE RAZOABILIDADE. Mostra-se conflitante com o princípio da 
razoabilidade eleger como critério de desempate tempo anterior 
na titularidade do serviço para o qual se realiza o concurso 
público 
(STF, Tribunal Pleno, ADI 3522 / RS, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ 
12-05-2006) 
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ESTADO DO PARÁ 
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 Desta maneira, não pode prosperar atribuição de pontos na prova de títulos 
do processo seletivo público na forma exposta no item 9.3.1.1., “a” do Edital 
010/2008. 
4. Da Distribuição dos Cargos de ACS: 
 As lotações e distribuição dos cargos de Agentes Comunitários de Saúde no 
Município de Santa Maria do Pará não estão dispostos em atos administrativos 
específicos, mas sim no Anexo 1 do Edital 010/2008 (doc. 01) 
 Anteriormente, a distribuição dos cargos fora realizada pelo Edital 02/2008 
(doc. 02), que também tinha por objeto a contratação de Agentes Comunitários de 
Saúde, mas que foi anulado em virtude de acordo judicial celebrado em Ação Civil 
Pública movida pelo Ministério Público. 
 Confrontando-se o Edital 02/2008 com o anexo 1 do Edital 010/2008, 
percebe-se a supressão de quatro cargos de ACS, uma vez que o primeiro previa a 
contratação de 37 (trinta e sete) deles, enquanto que o último apenas oferece 33 
(trinta e três) cargos. 
 Além do mais, verifica-se que houve alteração nas delimitações das 
microáreas no atual anexo 1 do Edital 010/2008 em relação ao anulado edital 
02/2008. 
 Em ofício dirigido ao Município Réu (doc 03). , as instituições ora 
presentadas requerem a exposição das razões de fato e de direito que motivaram as 
referidas mudanças. Todavia, em resposta (doc. 04), o Poder Público Municipal 
informara que houvera “apenas uma delimitação mais específica da microárea onde 
será lotado o agente”. 
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ESTADO DO PARÁ 
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 Por conta do caráter evasivo da resposta do Município, não se pôde constatar 
as razões de fato e de direito que motivaram a supressão de 4 (quatro) cargos de 
ACS e as alterações na distribuição das microáreas. Ainda não é possível aos 
Autores da presente demanda, assim como que à população hipossuficiente, 
verificar se há alguma rua, quadra ou logradouro no município que não esteja 
definida em quaisquer das microáreas de atuação dos Agentes. 
 Diante do exposto, com fulcro no direito de certidão, no princípio da 
motivação dos atos administrativos e da aplicação analógica o disposto no art. 6º, 
Parágrafo Único da Lei 1.533/51, a qual dispõe sobre a obrigatoriedade do PoderPúblico informar os dados que estejam em seu poder, requer-se que: 
- O Réu informe as razões de fato e de direito que motivaram as supressões de 
quatro cargos de ACS e a distribuição das microáreas; 
- O Réu apresente demonstrativo que denote a respeito da definição de todas as 
microáreas e sua compatibilidade com o território total do Município, para aferição 
de eventuais regiões não cobertas pela definição do anexo 1 do Edital 010/2008 e 
outras eventualmente com ACS já efetivados na função. 
5. Do pedido de liminar: 
 As liminares em sede de Ação Civil Pública estão previstas no art. 12 da Lei 
7347/85, cujos requisitos devem ser entendidos com apoio no disposto no art. 84 do 
Código de Defesa do Consumidor, in verbis: 
Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação 
de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da 
obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado 
prático equivalente ao do adimplemento. 
§1º. (Omissis) 
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§2º (Omissis) 
§3º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo 
justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz 
conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o 
réu. 
 
 No caso em tela, os requisitos do fundamente relevante da demanda se 
manifestam pelos argumentos de direito expostos em cada um dos itens acima 
colacionados, quais sejam: a ilegalidade e ofensa ao princípio da ampla 
acessibilidade dos cargos públicos pela determinação que os candidatos aos cargos 
residam nas microáreas; a violação dos Princípios da Igualdade e da Competição 
pela atribuição de pontuação em decorrência de experiência anterior no cargo de 
ACS; e a falta de motivação administrativa na mudança na distribuição dos cargos e 
a supressão de quatro cargos. 
 Avulta-se mais presente ainda, no presente caso, o justo receio de ineficácia 
do provimento final, em virtude de estar muito próximo o período de inscrições no 
certame em análise, que, conforme o Anexo 2 do Edital 010/2008, é de 02 a 05 de 
junho próximos. Mantendo-se tal situação, Douto Magistrado, muitos candidatos 
interessados no acesso aos cargos de ACS não poderão se inscrever por conta do 
critério ilegal e não razoável da residência na microárea, estabelecido pelo item 7.1 
do edital. 
 Por conta de tal quadro, urge que este Douto Juízo prolate, em caráter liminar 
e sem a oitiva inicial do Município Réu, decisão liminar, de natureza cautelar, no 
sentido de suspender a realização do Processo Seletivo Público regido pelo Edital 
010/2008. 
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 Cabe reforçar-se, que, no presente caso, por se tratar de Ação Civil Pública, 
não são aplicáveis as restrições à concessão de medidas liminares em face da 
Fazenda Pública, pois assim é autorizado de forma expressa pelo art. 1º, §2º, da Lei 
8437/92. 
 Pela urgência que o caso reclama, urge se frisar que deve ser afastada a 
exigência de concessão de medida liminar apenas após a oitiva do representante 
judicial da Pessoa Jurídica de Direito Público, que deverá se pronunciar num prazo 
de 72 horas (art. 2º da Lei 8437/92). Neste sentido, apropriadas são as palavras de 
Cássio Scarpinella Bueno6: 
Mas, desde que em determinado caso concreto, a prévia 
oitiva do representante judicial da pessoa jurídica de direito 
público (ou quem lhe faça as vezes, acrescentamos à luz do 
inc. LXIX do art. 5º, da CF) no prazo de setenta e duas horas 
seja providência que acarreta a ineficácia do ato, não poderá o 
juiz sujeitar a concessão da medida ao regime deste art. 2º à 
liminar requerida no bojo do mandado de segurança coletivo ou 
à liminar requerida no bojo (Lei 7347/85, art. 12) ou 
peremptoriamente (Lei 7347/85, art. 4º) à ação civil pública. 
Evidentemente que, para chegar a tal conclusão, já deverá o 
magistrado ter realizado juízo de deliberação favorável à tese 
do impetrante, concluindo pela militância em seu favor da 
conservação da ordem pública e pela premência do dano que 
se pretende evitar com a impetração coletiva. 
 
OS PEDIDOS 
Diante do exposto, a Defensoria Pública e o Ministério Público requerem a 
Vossa Excelência: 
 
6 BUENO, Cássio Scarpinella. Liminar em Mandado de Segurança. 2. ed. São Paulo: RT, 1999. P. 335. 
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i) Citação da Municipalidade de Santa Maria do Pará, na pessoa da sua 
Prefeita Constitucional, a Senhora Marifrança do Socorro Souza de Oliveira, para, 
querendo, vir a Juízo contestar a presente ação; 
ii) Decretação de nulidade dos itens 7.1 e 10.1.1.”a” do Edital 010/2008, por 
vício de legalidade e por afronta aos princípios constitucionais do amplo acesso aos 
cargos públicos, da razoabilidade e da igualdde; 
iii) Concessão, initio litis e inaudita altera parte de medida liminar a fim de 
determinar ao Município Réu que suspenda a tramitação do Processo Seletivo 
Público regulado pelo edital 010/2008 , nos termos do art. 12, da Lei nº. 7.347/85, 
do art. 273, CPC e 84, do CDC7, diante da prova inequívoca e verossimilhança da 
alegação, francamente demonstradas pelos documentos colecionados à presente, e 
em face do receio de dano irreparável ou de difícil reparação, consistente na 
cristalização de efeitos indevidos diante das nulidades apontadas; 
iv) A intimação da Ré para que apresente em juízo as razões de fato e de 
direito que motivaram a supressão de quatro cargos de ACS e as alterações na 
 
7 Francamente possível em nossa ordem jurídica e prática dos tribunais, consoante se apura do julgado 
reproduzido às fls. 6 e 7, e ainda o seguinte, adequado justamente à hipótese: “AÇÃO ORDINÁRIA - 
CONCURSO PÚBLICO - TUTELA ANTECIPADA CORRETAMENTE CONCEDIDA - ART. 6º, DA LEI Nº 
11.350/06 - EXIGÊNCIA LEGAL QUE NÃO CONSTA DO EDITAL - SUSPENSÃO DO CERTAME - 
PRESENÇA DOS REQUISITOS AUTORIZADORES DA MEDIDA - DECISÃO CORRETA - RECURSO 
CONHECIDO E IMPROVIDO. De acordo com o artigo 273 do Código de Processo Civil a tutela pode ser 
antecipada desde que, existindo prova inequívoca, o julgador se convença da verossimilhança da alegação, e 
quando houver fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação. Efetivamente, não se faz menção no 
edital dos requisitos exigidos pela Lei nº 11.350/06, em seu art. 6º, dentre outros, de que o Agente Comunitário 
de Saúde deva "residir na área da comunidade em que atuar, desde a data da publicação do edital do processo 
seletivo público", estando em desconformidade com a legislação em vigor. Presentes os requisitos para a 
antecipação dos efeitos da tutela, bem como a ausência de perigo de irreversibilidade do provimento, e a 
possibilidade de revisão da decisão a qualquer tempo, correto se mostra o despacho atacado, não merecendo 
reforma a decisão de primeiro grau”. (Agravo de Instrumento nº 0410835-4 (28763), 4ª Câmara Cível do TJPR, 
Rel. Anny Mary Kuss. j. 11.09.2007, unânime). (Os destaques não constam do original). 
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distribuição dos mesmos por microárea, assim como que informe a respeito da 
previsão de ACS ao longo da extensão territorial do Município 
v) Condenação da Ré em custas processuais. 
Para tanto protesta: 
i) Pelaaceitação dos documentos apresentados como meio de prova 
documental do alegado; 
ii) Requisição à 5ª Regional de Saúde: i) de todas as provas Por todos os 
demais meios de prova em direito admitidos para sustentação do alegado, a serem 
eventual e oportunamente requeridas. 
Dá-se a causa, para efeitos meramente fiscais, ainda que inestimável a tutela 
da legitimidade dos atos administrativos, o valor de R$ ................ (..........................). 
Pede deferimento. 
Local e Data 
 
 
 _______________________ ________________________ 
 (NOME PROMOTOR) (NOME DEFENSOR) 
 Promotor de Justiça Defensor Público 
 OAB.................... 
 
Em anexo: 
 
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1. Edital 010/2008; 
 
2. Edital 002/2008; 
 
3. Ofício DPSM 019/2008; 
 
4. Ofício 279/2008/GP; 
 
5. Edital 10.1/2008 
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