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TGP - Aula 7 - 2015.1

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TEORIA GERAL DO PROCESSO
AULA 7
EQUIVALENTES JURISDICIONAIS PARA LITÍGIOS DE NATUREZA CÍVEL
Muito embora seja o entendimento massificado de que os meios alternativos de solução de conflitos servem apenas para diminuir as demandas judiciais, tal posicionamento não é verdadeiro, pois como já nos ensinava o Prof. KazuoWatababe, o acesso à justiça não deve se limitar a simples possibilidade de que o jurisdicionado pleiteie a tutela do Estado em casos concretos, mas sim oferecer ao jurisdicionado a efetiva prestação que pretende, ou seja, a devolução às partes da paz social, sendo, assim o acesso à justiça com efetividade.
Assim, os meios alternativos de solução de conflitos pode ser mais eficaz, para que as partes tenham restabelecido a paz social no caso concreto em que estão envolvidos.
Dentro da esfera cível são meios alternativos de solução de conflito: autocomposição, mediação e arbitragem, as quais cumpre trazer breve abordagem.
AUTOCOMPOSIÇÃO
Tem-se na doutrina, como autocomposição a transação que se refere a efetivada entre as partes antes mesmo da existência de uma demanda judicial, ou seja, as partes por si se conciliam, e a conciliação, que na verdade é a composição realizada já com a existência de um processo judicial.
Tal classificação se encontra claramente destacada na leitura do Prof. Humberto Theodoro Júnior.
Quando se fala em composição (acordo) realizado entre as partes, não estamos diante da obrigatoriedade da existência de uma terceira pessoa, sendo que as partes conversam entre si, mesmo que na presença de um conciliador ou um magistrado no decorrer do processo judicial.
Verifica-se que as partes tem intenção de conversar, de conciliar e tal predisposição é fundamental para a composição de uma lide.
MEDIAÇÃO
Ao tratar de mediação, sem dúvida estamos diante de uma terceira figura, o mediador, entre as partes litigantes, que tem a função principal de facilitar o diálogo entre estes.
É assim, o mediador, um facilitador do diálogo entre as partes, não podendo, de modo algum fazer prevalecer seu entendimento sobre a posição das partes.
O mediador, não força ou vincula um acordo, mas sim, com a realização de quantas sessões de mediação sejam necessárias, faz com que as partes, solucionando o conflito existente, cheguem a conciliação por si próprias.
A mediação pode se dar tanto no curso de um processo judicial, sendo que atualmente existem inclusive setores especializados de mediação atuantes em fóruns, bem como pode ocorrer antes mesmo de uma ação judicial, por predisposição das partes, embora este último não seja comum.
ARBITRAGEM
O instituto da arbitragem está regulada na lei 9.307/96, a qual convido-o à leitura para melhor compreensão.
Não obstante se trate de lei com mais de 10 anos de vigência, ainda não é muito aplicada para soluções de conflitos, como poderia, sendo que muito eficaz.
Cumpre primeiramente destacar que se trata de procedimento que pode ser aplicado quando envolvida relações de direito patrimonial disponível, não sendo, portanto, todo e qualquer direito que pode ser levado à decisão por meio da arbitragem.
Em breves linhas, se trata de procedimento realizado ante o interesse das partes, seja pela cláusula compromissória posteriormente ratificada na instauração do procedimento, como no próprio termo de compromisso, se não existente cláusula anterior.
A lei não determina rol de requisitos para que alguém se figure como árbitro, sendo na verdade a vontade das partes a eleição dessa figura.
Tamanha importância da figura do árbitro que, de acordo com o procedimento previsto na lei, após tentativa de conciliação, se frustrada, as partes podem produzir provas, sendo posteriormente proferida sentença arbitral, com força de título executivo judicial e irrecorrível.
Tal procedimento, enxuto, célere e irrecorrível, é de tamanha eficácia se realizado com todas as cautelas exigidas, não podendo, o operador do direito temer pela realização do procedimento.
MEDIDAS DESPENALIZADORAS NO DIREITO PROCESSUAL PENAL
O direito penal, que é a última ratio, também possui meios despenalizadores, onde há o interesse do Poder Judiciário de que, somente em último caso, deve haver a fixação de pena restritiva de liberdade ou do exercício de seus direitos.
Assim, temos, em se tratando de crimes de menor potencial ofensivo, averiguáveis no procedimento do JeCrim, previsto na lei 9.099/95.
Cumpre destacar que se tratam de crimes de ação privada, não se aplicando, o aqui abordado, às ações penais públicas.
COMPOSIÇÃO CÍVEL
Não obstante em cada matéria específica do direito, as sentenças tenha aplicação em sua esfera, por exemplo, a sentença trabalhista tem efeito na esfera trabalhista, temos na sentença criminal a possibilidade da dilação de seu alcance, para a esfera cível.
Para isso, evidentemente temos que estar diante de uma situação em que o tipo penal tenha criado resultado civil.
No entanto, havendo resultado civil, o tipo penal, pode, na própria ação criminal ser solucionada a pendência civil, tendo em vista que neste caso, a competência do criminal, sendo a última ratio, é absoluta, no sentido de que aquela decisão pode vincular a esfera cível, o que não ocorre ao contrário.
Assim, no procedimento em estudo, estando presente o acusado e vítima, bem como o representante do Ministério Público, em primeiro momento o Poder Judiciário, tentará com que as partes (acusado e vítima) conversem para que ali façam a composição civil, para assim, sequer seguir o procedimento criminal.
Em sendo realizada a composição cível, o acusado não tem registro de tal processo em sua ficha criminal.
TRANSAÇÃO PENAL
Não havendo conciliação entre as partes (acusado e vítima), o próprio Ministério Público pode oferecer uma transação para o acusado para que o procedimento penal não se instaure de fato.
Na transação penal, se houver efeitos civis o tipo supostamente causado pelo acusado, a vítima poderá seguir sua pretensão (indenização) na esfera cível, no entanto, sendo aceita a transação pelo acusado, não há a continuidade do procedimento criminal.
Para que a transação se efetive o acusado aceita a oferta feita pelo MP, que poderá ser em prestação de serviços, ou pagamento de quantia ou cestas básicas à instituição de caridade de relevância.
Em sendo realizada a transação penal, o acusado não tem registro de tal processo em sua ficha criminal.
Cumpre destacar que o acusado pode ser beneficiado com a transação penal uma vez pelo prazo de 5 anos, ou seja, uma vez aceita a transação penal, tão somente após 5 anos poderá aceitar nova transação penal em eventual outro procedimento penal.
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO
	Em não havendo transação penal, seja pela impossibilidade pela existência de transação vigente (5 anos), ou ainda não aceita pelo acusado, o magistrado pode conceder o benefício da suspensão condicional do processo, sendo que há, após a instauração do procedimento penal, a suspensão do procedimento, por meio de condições estabelecidas pelo julgador.
A suspensão poderá ocorrer pelo prazo mínimo de 2 e máximo de 4 anos.
Após cumpridas as condições estabelecidas, o processo se extingue, sendo que ao contrário, se não cumpridas as condições estabelecidas, a suspensão cessa e o procedimento penal tem continuidade.
SOLUÇÃO DE CONFLITOS TRABALHISTAS
Também na Justiça do Trabalho há a possibilidade de soluções alternativas dos conflitos.
AUTODEFESA
	A autodefesa se consubstancia na possibilidade de as próprias partes poderem por elas mesmas buscarem seus direitos.
Fala-se de autodefesa a tutela pelos funcionários quando exercem o direito de greve, sendo meio, antes da existência de demanda judicial, de buscar o que entendem de direito, sem, inclusive haver o término da relação de trabalho.
É, sem dúvida, um meio alternativo de solução do conflito, não havendo a busca da tutela jurisdicional do Estado.
AUTOCOMPOSIÇÃO
Assim como a autocomposição abordada quando tratamos das ações de natureza cível, também na esfera trabalhistaas partes podem se conciliar, ocorrendo o acordo, no trâmite de uma demanda judicial, haja vista a necessidade de homologação pelo magistrado para assegurar direitos dos litigantes.
COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA
	Instituída pela lei 9.958/2000 a qual também convido a leitura, são comissões que possuem como intuito, antes da existência da demanda judicial, que as partes tentem se conciliar.
Cumpre destacar que a conciliação efetuada perante a comissão de conciliação prévia, é título executivo extrajudicial e possui eficácia liberatória, ou seja, de conceder plena quitação naquilo que estiver estabelecido no acordo, podendo, no entanto, haver busca no poder Judiciário, daquilo que estiver ressalvado no termo de acordo.
Há entendimento pacífico de que não é requisito para a propositura de demanda judicial submeter o litígio trabalhista à comissão de conciliação prévia.
DISTINÇÃO ENTRE JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
Como vimos, temos como conceito de jurisdição, o dever do Estado de “dizer o direito”, ou seja, de solucionar os conflitos existentes entre os jurisdicionados e levados à seu conhecimento, sendo aplicados os princípios já abordados nesta matéria.
A solução que deve alcançar o caso que é levado ao conhecimento do Estado, na figura de seus órgãos do Poder Judiciário deve ser eficaz, devendo ser aplicada a legislação ou as demais fontes do direito.
Assim, jurisdição é a função do Estado, que decorre de sua soberania, de resolver conflitos, na medida que lhe são apresentados.
A jurisdição é uma, haja vista que é uma das formas de exercício do Poder do Estado, na figura do Poder Judiciário.
Jurisdição não se confunde com competência, embora esta esteja vinculada àquela.
A jurisdição é exercida sobre todos os jurisdicionados, de forma abrangente em todo território nacional, necessitando, no entanto, de organização e de divisão de trabalho entre os membros que compõem o Poder Judiciário, fazendo com que a função de exercer a jurisdição seja distribuída entre diversos órgãos por meio de alguns critérios.
Assim, as normas de competência que atribuem concretamente a função de exercer a jurisdição aos diversos órgãos do Poder Judiciário, de modo que podemos conceituar competência como o instituto que define o âmbito de exercício da atividade jurisdicional de cada órgãos dessa função encarregado.
Quando, por meio das regras de competência, se estabelece que determinado órgão do Poder Judiciário deva exercer a jurisdição, este o fará integralmente. 
Destaque-se que a competência é atribuição do órgão jurisdicional e não do agente.
A competência deve ser analisada no caso concreto levado ao órgão do Poder Judiciário e estará relacionado a territorialidade (competência territorial), quanto a matéria (competência material), quanto ao valor da causa (podendo haver procedimento específico para ações de determinados valores, como por exemplo, as ações de competência do procedimento especial previsto na lei 9.099/95).
Em momento oportuno será abordado, em matéria específica processual, ainda que a competência pode ser absoluta (situações em que não há a possibilidade de demandar em outro órgão do Poder Judiciário senão aquele obrigatoriamente estabelecido na lei), ou ainda relativa (situações em que cabe à parte contrária questionar a demanda judicial não ter sido interposta em determinada competência, casos em que, não sendo questionada pela parte contrária, poderá ser estendida a competência).

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