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Sujeito ativo É a pessoa que pratica a infração, que a comete (seu autor, coautor ou partícipe). Em princípio, só pode ser sujeito ativo do crime o ser humano (não se fala em conduta punível no comportamento de animais), maior de 18 anos (CF, art. 228, e CP, art. 27). Menores de 18 anos que cometem fatos definidos como delitos praticam atos infracionais, sujeitando-se às medidas socioeducativas da Lei n. 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente). Capacidade especial do sujeito ativo (crimes próprios e de mão própria) De regra, as infrações penais podem ser praticadas por quaisquer pessoas. Quando for assim teremos um crime comum. Casos há, no entanto, em que se exige do sujeito ativo uma capacidade especial, uma condição específica, sem a qual não há o delito (exs.: peculato — art. 312 do CP, que só pode ser praticado por funcionário público; infanticídio — art. 123 do CP, cometido somente pela mãe); essa qualidade especial do sujeito ativo funciona como elementar do crime. Tais delitos são denominados crimes próprios. Os crimes próprios não se confundem com os de mão própria (também chamados de crimes de atuação pessoal ou de conduta infungível). Estes correspondem aos que somente podem ser praticados por pessoas que ostentem a condição exigida em lei; ademais, só admitem a figura da participação (nunca a coautoria). Exemplo: CP, art. 342 — falso testemunho. Os crimes próprios, por sua vez, permitem ambas as formas de concurso de pessoas. Fala-se, ainda, em crime bipróprio, quando a lei exigir qualidade especial tanto do sujeito ativo quanto do sujeito passivo. É o caso do crime de maus-tratos (art. 136 do CP), em que o agente deve ser uma pessoa legalmente qualificada como detentora de autoridade, guarda ou vigilância sobre o sujeito passivo. Este, por óbvio, somente poderá ser a pessoa que, segundo a lei, figurar na condição de indivíduo sujeito à autoridade etc. do autor do fato. Responsabilidade penal da pessoa jurídica Tradicionalmente, afirmava-se que societas delinquere non potest (“a pessoa jurídica não pode delinquir”). Na atualidade, contudo, tem prevalecido o entendimento contrário, a despeito da resistência de parte da doutrina. Diante do ordenamento jurídico pátrio, não há como negar a responsabilidade penal da pessoa jurídica, à luz dos arts. 173, § 5º, e 225, § 3º, da CF e, sobretudo, depois da Lei n. 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais). O STJ já se manifestou favoravelmente à punição de entes fictícios: “Aceita-se a responsabilização penal da pessoa jurídica em crimes ambientais, sob a condição de que seja denunciada em coautoria com pessoa física, que tenha agido com elemento subjetivo próprio” (Resp 800.817/SC, Rel. Min. Celso Limongi — desembargador convocado, 6ª Turma, julgado em 04.02.2010, DJe 22.02.2010). Os detratores da responsabilidade penal da pessoa jurídica lançam mão de diversos argumentos, os quais foram sintetizados com maestria por Marcos Desteffeni: “(...) a falta de capacidade natural de ação, a carência de culpabilidade e a falta de indicação clara dos tipos penais em que poderia a pessoa jurídica incorrer”[11]. É de ver, contudo, que a punição do ente moral não é incompatível com as noções basilares do Direito Penal. Com respeito à capacidade de ação e de culpabilidade, deve-se responder à objeção destacando-se que, nos exatos termos do art. 3º da Lei Ambiental, “as pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado no interesse ou benefício da sua entidade”. Logo, a questão da conduta punível e a da culpabilidade (aí inserida a análise da imputabilidade penal) serão baseadas nas ações ou omissões criminosas praticadas pelos dirigentes do ente fictício, servindo como requisito necessário para que a pessoa jurídica seja penalmente responsabilizada. Afinal, como pondera Marcos Desteffeni, “a responsabilidade da pessoa Sujeito passivo Civilmente incapaz: pode ser sujeito passivo de delitos, na medida em que figure como titular de um bem jurídico tutelado por norma penal, como a vida e a integridade física, por exemplo. Recém-nascido: também pode ser sujeito passivo de crime (ex.: infanticídio — CP, art. 123). Feto: o mesmo se dá com o feto (ex.: sujeito passivo no crime de aborto — CP, arts. 124 a 127). Cadáver: a pessoa morta não poderá ser sujeito passivo de crime. No delito de vilipêndio a cadáver (art. 212 do CP), o sujeito passivo é a coletividade (segundo entendimento doutrinário dominante); e no crime de calúnia contra os mortos (art. 138, § 2º, do CP), sua família. Animais: não podem ser sujeitos passivos de crime, pois o direito não lhes reconhece a titularidade de bens jurídicos. Podem, por óbvio, ser objeto material, como no furto de animal doméstico e em alguns crimes ambientais. Entes sem personalidade jurídica: certas entidades desprovidas de personalidade jurídica, como a família, apesar de não serem titulares de bens jurídicos, podem ser sujeitos passivos de infrações penais. Esse o entendimento majoritário da doutrina. Os crimes que possuam como sujeito passivo um ente sem personalidade jurídica são chamados de crimes vagos (p. ex.: crimes contra a família) Divide-se em sujeito passivo constante ou formal e sujeito passivo eventual ou material. Prejudicado com o crime x sujeito passivo Não se pode confundir o sujeito passivo com o prejudicado pelo crime; este é toda pessoa que sofre prejuízo de natureza cível com a prática da infração. No homicídio, o sujeito passivo é o falecido; os prejudicados, aqueles que viviam a suas expensas. Na falsificação de moedas, o sujeito passivo é a coletividade, titular da fé pública, ao passo que o prejudicado é o indivíduo que recebeu a moeda falsa. Objeto do crime- O objeto material pessoa ou coisa sobre a qual recaiu ação criminosa. Não confundir instrumento de crime com objeto material. No crime de dano físico o sujeito passivo coincide com o objeto. Objeto material é a pessoa ou a coisa sobre a qual recai a conduta. Assim, o objeto material do homicídio é a vítima; do furto, a coisa subtraída; do tráfico ilícito de entorpecentes, a droga. O objeto material pode coincidir com o sujeito passivo da infração (isso ocorre no homicídio, em que o falecido é vítima e objeto material). Não raro, entretanto, o objeto material se istingue do ofendido. No caso do furto, por exemplo, o objeto material, como visto, é a coisa alheia móvel subtraída, enquanto a vítima é o titular do patrimônio violado. A materialidade do objeto não se verifica em palavras ditas, ou em palavras virtuais, ou em moedas virtuais, transações bancárias eletrônicas. Objeto jurídico, por outro lado, é o bem jurídico tutelado pela norma penal incriminadora. Assim, nos exemplos acima, os objetos jurídicos seriam, respectivamente: a vida humana, o patrimônio e a incolumidade pública. Todo crime tem sujeito ativo determinado e objeto protegido pelo direito. Mas não necessariamente sujeito passivo e objeto material (crimes virtuais) Sujeito passivo e ativo Regra geral não há. Na autolesão para fraude contra seguro (CP, art. 171, § 2º, V), pune-se aquele que “lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências de lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro”. Nesse caso, o sujeito passivo não é o agente que se autolesiona, embora sofra as consequências imediatas da própria conduta, mas a companhia de seguro que pretende fraudar. No crime de porte de entorpecentes para uso próprio (Lei n. 11.343/2006, art. 28), a vítima é a incolumidade pública (e não o consumidor da droga). A única exceção encontra-se no art. 137 do CP (rixa), em que, muito embora cada contendor seja autor das lesões que produz e vítima daquelas que sofre, há um só crime (logo, o rixosoé sujeito ativo e passivo da rixa da qual participa). Diferença entre objeto jurídico e objeto Material: pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta Jurídico: bem jurídico tutelado pela norma penal incriminadora Sujeitos e Elementos do Crime quarta‐feira, 16 de setembro de 2015 21:47 Página 1 de Direito Penal
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