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Processo Civil CEJ 17

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PROCESSO CIVIL – Celso Belmiro – 2007 – página � PAGE �349�
17ª aula (20/07/2007)
REGULARIDADE FORMAL - a regularidade formal deve ser vista sob dois aspectos: 
a) petição escrita/ fundamentação/ pedido de nova decisão
 	A exceção a petição escrita e o recurso interposto oralmente, exemplos: agravo retido de decisão proferida em audiência (artigo 523, parágrafo 3º do CPC); Embargos de Declaração nos Juizados Especiais (artigo 49 da lei 9099/95). 
	O agravo retido antes poderia ter sua interposição oral, hoje se o sujeito quiser agravar da decisão proferida em audiência terá que ser da forma oral. Se não for interposto na audiência ocorrerá a preclusão. É exceção a regra de que o recurso deve ser interposto de foram escrita. 
	O recurso deve estar sempre fundamentado. A fundamentação entra como o que numa petição inicial? Como causa de pedir. Também como a petição inicial não vai adiante se não tiver causa de pedir, também o recurso não segue adiante se não tiver fundamentação. Vimos na aula passada que o recurso pode ter fundamentação livre ou vinculada, mas é indispensável. E em face dessa fundamentação deve vir o pedido de nova decisão. 
	Vamos ver adiante que o pedido pode ser para anulação da decisão anterior ou para a modificação, substituição, reforma da decisão anterior. 
	No recurso deve haver o pedido de uma nova decisão. 
b) preparo 
	Que história é essa de preparo? É o recolhimento das custas devidas pela interposição do recurso. O preparo está no artigo 511 do CPC: 
“Art. 511. São dispensados de preparo os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela Fazenda Nacional, Estadual e Municipal e pelas respectivas entidades da administração indireta, que gozam de isenção legal.
        Art. 511. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
        Parágrafo único. São dispensados de preparo os recursos interpostos pelo Ministério Público pela União, pelos Estados e Municípios e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal. (Incluído pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
Art. 511. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. (Redação dada pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)
§ 1o São dispensados de preparo os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelos Estados e Municípios e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal. (Parágra único renumerado pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)
§ 2o   A insuficiência no valor do preparo implicará deserção, se o recorrente, intimado, não vier a supri-lo no prazo de cinco dias. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)”
	O artigo 511 do CPC já foi alterado duas vezes. Foi alterado na reforma do CPC em 1994 e foi alterado em 1998. Como funcionava antes? O Juiz proferia a sentença e a parte queria apelar, por exemplo. Era interposta a apelação na primeira instância e quando o processe chegava no Tribunal o recorrente era intimado para efetuar o recolhimento das custas, ou seja, efetuar o preparo. 
	O que houve de modificação? Antes da interposição do recurso o recorrente tem que recolher o preparo, pois no ato de interposição terá que comprovar o recolhimento. No ato de interposição ele tem que juntar o comprovante, logo antes já terá que ter efetuado o pagamento. Primeiro, paga, depois interpõe o recurso. 
	Em função disso, uma penca de recursos foram julgados desertos. Para amenizar a quantidade de recursos que eram julgados desertos, acrescentou-se o parágrafo 2º ao artigo 511 do CPC em 1998, que criou uma segunda chance para o recorrente efetua-se o preparo. Se o recorrente tiver recolhido errado o preparo ele será intimado para recolher o que tiver faltando. 
	A lei fala em complementação. Se ele recolheu R$ 100, 00 e Recolheu R$ 99,00 ele será intimado para recolher R$ 1,00 que está faltando. Agora, e o contrário, é verdade? Se ele tem que recolher R$ 100,00 e recolheu R$ 1, 00 ele vai ser intimado para recolher os R$ 99,00 que estão faltando? R$ 1,00 é complementação de R$ 100,00, agora R$ 99,00 é complementação de R$ 1,00? Há alguns Juízes que dizem que para que o recorrente seja intimado para recolher o que está faltando, o que está faltando tem que ser menor do que ele já recolheu. Mas se o que ele recolheu for menor do que está faltando, o que está faltando não é complementação do anterior, nesse caso o recurso seria deserto. Mas esse entendimento não está escrito em lugar nenhum. Nada impede que o Juiz intime o sujeito para recolher quantia faltante maior do que a que recolheu. A única coisa que o Juiz não pode fazer, e aí a lei é expressa, é se o recorrente não recolheu valor algum e o Juiz intimar para recolher. Por que não pode? Porque o parágrafo 2º do artigo 511 do CPC fala em “insuficiência do valor do preparo”. Insuficiência quer dizer que foi recolhida alguma coisa, insuficiente, mas foi. 
	Uma informação que é fundamental: Na sistemática dos Juizados Especiais a sistemática é diferente. O recolhimento das custas, em relação ao recurso, é feita de forma diferente, por que? Porque o recorrente não tem que pagar para interpor o recurso. Artigo 42 da lei 9099/95: 
“Art. 42. O recurso será interposto no prazo de dez dias, contados da ciência da sentença, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.
        § 1º O preparo será feito, independentemente de intimação, nas quarenta e oito horas seguintes à interposição, sob pena de deserção.
        § 2º Após o preparo, a Secretaria intimará o recorrido para oferecer resposta escrita no prazo de dez dias.”
	O recorrente não tem que primeiro efetuar o preparo para depois interpor o recurso. Ele recorre e depois de interpor o recurso ele tem 48 horas para efetuar o preparo. O parágrafo 2º do artigo 511 do CPC não se aplica ao Recurso Inominado do JEC. A história de ser intimado para efetuar a complementação do que está faltando não tem aplicação nos Juizados Especiais. 
	O recorrente no caso dos Juizados Especiais tem 48 horas para recolher o preparo depois de interposto o recurso. Mas, e se recolher errado? Se recolher errado, um “abraço”. O recurso será julgado deserto. Não será intimado para recolher o que falta. 
	O caput do artigo 551 do CPC dispõe: 
Art. 511. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. (Redação dada pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)
	Ao utilizar a expressão “quando exigido pela legislação pertinente”, significa que existem casos em que a legislação não exige preparo. Que recursos, de acordo com a lei, não estão sujeitos a preparo? EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, porque o artigo 536 do CPC diz expressamente; AGRAVO RETIDO, o parágrafo único do artigo 522 do CPC assim dispõe; AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA A INADIMISSÃO DO RESP E DO RE (artigo 544, parágrafo 2º). 
	Esses são os recursos que dispensam preparo de acordo com a lei, com o CPC, mas nada impede que os Regimentos Internos dos Tribunais, eventualmente, dispensem um determinado recurso de pagamento de custas. Os Tribunais têm autonomia para isso. 
INEXISTÊNCIA DE FATO IMPEDITIVO – Que fato impeditivo é esse? Fato impeditivo do conhecimento do recurso. Aqui falamos de renúncia ou desistência. 
	Renúncia ao direito de recorre e desistência do recurso. Ou seja, há uma manifestação da parte que não quer que aquele recurso seja julgado. 
	Qual a diferença entre desistência e renúncia? 
	Existe um marco temporal e antes desse marco temos renúncia, depois desse marco temporal temos desistência. Que marco temporal é esse? A interposição do recurso. Antes da interposição do recurso o sujeito pode renunciarao direito de recorrer. Depois da interposição do recurso o sujeito pode desistir desse recurso que já foi interposto. 
	Tanto a renúncia, quanto a desistência podem ser expressas ou tácitas. O que é renúncia ou desistência expressa? É aquela onde o sujeito expressamente diz que não quer recorrer ou que desiste do recurso interposto. 
	E quando temos renúncia ou desistência tácita? Decorrem da prática de um ato incompatível com a vontade de recorrer. Por exemplo, a sentença condenou o Réu a pagar R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Logo depois da sentença o Réu paga os R$ 20.000,00 (vinte mil reais) a que foi condenado. O que significa isso? Uma renúncia tácita ao direito de recorrer. Está concordando com a condenação da sentença. 
	Outro exemplo, na mesma situação acima o sujeito interpõe o recurso contra a sentença que o condenou a pagar R$ 20.000,00, mas depois de interposto o recurso paga o valor da condenação. O que é isso? A desistência tácita daquele recurso que ele interpôs. 
	Questão interessante: Se o Autor quer desistir da ação que ele propôs, depois de citado o Réu, essa desistência para produzir efeito depende de quê? Depende da concordância do Réu. Transportando isso para o recurso: A desistência do recurso depende da concordância da parte contrária? 
	A resposta a essa questão veremos no decorrer da aula. 
	
	Falamos dos pressupostos recursais objetivos, agora vamos ver os pressupostos recursais subjetivos. 
	LEGITIMIDADE – ao falarmos disso, estamos em tese falando de quem pode recorrer. Isso está no artigo 499 do CPC, que assim dispõe: 
“Art. 499. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público.”
	
	O recurso de terceiro prejudicado vimos quando tratamos de intervenção de terceiros. E ao tratarmos dele, vimos os requisitos desse recurso, interesse jurídico e prejuízo, que estão no parágrafo 1º do artigo 499 do CPC:
“§ 1o Cumpre ao terceiro demonstrar o nexo de interdependência entre o seu interesse de intervir e a relação jurídica submetida à apreciação judicial.”
	Se o terceiro demonstrar que possui interesse jurídico no que está sendo julgado naquele processo e demonstrar que sofre prejuízo com aquela decisão, ele poderá recorrer.
	Recurso de terceiro é o nome do recurso? Não. Recurso de terceiro é uma forma de interposição. Que recurso o terceiro pode interpor? Nosso sistema recursal dá ao terceiro a possibilidade de interpor os mesmos recursos que a parte prejudicada pode interpor, com a peculiaridade de por não estar no processo, não ser terceiro intimado para interpor o recurso. 
	
	O Ministério Público tem legitimidade para recorrer tanto no processo em que é parte, como no processo em que atua como fiscal da lei. 
	O processo sempre terá partes, com exceção do processo objetivo, onde não há Réu. 
	O parágrafo 2º do artigo 499 do CPC dispõe: 
“§ 2o O Ministério Público tem legitimidade para recorrer assim no processo em que é parte, como naqueles em que oficiou como fiscal da lei.”
	O processo sempre terá a atuação do Ministério Público? Não. Quando haverá atuação do Ministério Público? O artigo 82 do CPC trata disso: 
“Art. 82. Compete ao Ministério Público intervir:
I - nas causas em que há interesses de incapazes;
II - nas causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela, interdição, casamento, declaração de ausência e disposições de última vontade;
III - em todas as demais causas em que há interesse público, evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte.
III - nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em que há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte. (Redação dada pela Lei nº 9.415, de 23.12.1996)”
	Quem é que determina se há ou não interesse público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte? O Ministério Público. O Juiz pode até entender que há interesse público e que o MP deve intervir naquele feito, remetendo os autos ao mesmo, mas se o Promotor disser que não há interesse público naquele caso e que não precisa intervir será sua a última palavra. 
	O MP pode atuar como fiscal da lei ou como parte, mas sua atuação sempre estará vinculada ao que está dito no artigo 82 do CPC. 
	Voltando para a questão recursal, está dito no parágrafo 2º do artigo 499 do CPC que o MP pode recorrer tanto quando atua como parte, como quando atua como fiscal da lei. Pergunta: Quando o MP atua como fiscal da lei ele terá prazo em dobro para recorrer? O artigo 188 do CPC fala do prazo privilegiado que tem a Fazenda Pública e o Ministério Público para recorrer. Assim dispõe o artigo 188 do CPC: 
“Art. 188. Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte  for a Fazenda Pública ou o Ministério Público.”
	E aí, o MP atuando como fiscal da lei tem prazo em dobro para recorrer? Cuidado com a expressão “parte” no artigo 188 do CPC. Sublinhar essa expressão e colocar uma remissão para que se lembre que não é só quando o MP é Autor ou Réu de uma demanda que terá prazo em dobro, mas também quando atua como fiscal da lei. Quando o MP atua como fiscal da lei, diz-se que ele é parte sui generis, e também terá prazo em dobro para recorrer nessa hipótese. 
	Para que o MP recorra no processo onde atua como fiscal da lei, a parte prejudicada tem que ter recorrido também? Para que o MP recorra a parte prejudicada tem que concordar com esse recurso? Em outras palavras, o MP para recorrer num processo que atuou como fiscal da lei tem que haver recurso da parte prejudicada também? Uma parte desta questão está resolvida na súmula 99 do STJ que dispõe: “O MP tem legitimidade para recorrer no processo que oficiou como fiscal da lei ainda que não haja recurso da parte. ”E completamos nós, já que a súmula não tratou disso, ainda que não haja recurso da parte e ainda que a parte não concorde com o recurso do MP. 
	Uma questão que também é levantada com alguma polêmica é a seguinte: MP atuando em processo onde existe interesse de incapaz. O processo tem um vício, mas a sentença foi inteiramente favorável ao incapaz. O MP pode recorrer? Pode. Porque o MP está atuando em processo onde há interesse de incapaz, não está no processo defendendo interesse de incapaz. Quem defende o interesse do incapaz é o seu advogado, ou o seu curador, caso não tenha advogado. O MP atua nas causas onde existe interesse de incapaz, não significa que ele defende o interesse do incapaz. Se atuasse defendendo interesse do incapaz, se a sentença fosse totalmente favorável ao mesmo esse não teria interesse em recorrer da sentença. 
	INTERESSE / SUCUMBÊNCIA – sucumbência é descompasso, ainda que mínimo, entre a expectativa da parte e o que restou decidido no processo. 
	Diversas situações interessantes vão surgir agora tratando de sucumbência. 
	Por exemplo: 
 Juiz 
R$ 10.000,00
A + B
20% de honorários
Sentença “a”: R$ 9.999, 00 + 20% de honorários. Quem pode recorrer? 
Sentença “b”: R$ 10.000,00 + 19% de honorários. Quem pode recorrer? 
	Da sentença “a” podem recorrer tanto A, quanto B. 
	Da sentença “b” podem recorrer também A e B. A porque tanto os honorários quanto o os R$ 10.000,00 fazem parte do pedido. Caso a não queira recorrer o advogado de A poderá recorrer como 3º prejudicado. Quando analisamos a sucumbência do Autor observamos o pedido e o dispositivo da sentença. Se o dispositivo da sentença não acolher integralmente o pedido está caracterizada a sucumbência e o Autor poderá recorrer. 
	Exemplo 2: 
 Juiz
 Danos Morais
A B
	A ajuíza em face de B uma ação de danos morais e nessa ação ele requer a condenação de B em danos morais e diz que este deve ser fixado de forma conveniente pelo Juízo. Primeira hipótese: Danos morais a serem convenientemente fixados pelo Juiz. 
	Sentença: R$ 1.000,00.O Autor achou pouco, poderá recorrer? Não deveria. Por que? Porque o Autor nesta hipótese está fazendo um pedido genérico onde a lei não autoriza, na verdade é o Autor que tem que dizer quanto aquela dor, aquela angústia representa para ele, financeiramente falando. Pode recorrer? A sucumbência é uma comparação entre a sentença e o pedido. Neste caso não há sucumbência, pois ele deixou ao livre arbítrio do Juízo a fixação dos danos morais. 
	Outra hipótese é se o Autor pede R$ 2.000,00 de danos morais. 
	A sentença condena a R$ 1.000,00. O Autor poderá recorrer?
	Celso Belmiro diz que entende que o Autor nesta hipótese pode recorrer. 
	Existe, no entanto, uma súmula do STJ, de número 326 que diz o seguinte: “Na ação de indenização por danos morais a condenação a montante inferior ao postulado 	na inicial não implica sucumbência recíproca.”
	O que é sucumbência recíproca? Tanto Autor quanto Réu podem recorrer. 
	Quando a súmula diz que existe condenação, mas não há sucumbência recíproca, está dizendo que não há sucumbência do Autor, pois a do Réu há, já que houve condenação. 		
	Exemplo 3: 
	Juiz 
 R$ 10.000,00
A		 B
Fundamentos:
T
U
V
X
Z
	A ajuíza uma ação em face de B pleiteando R$ 10.000,00. A apresenta cinco fundamentos (T, U, V, X, Z) do pedido. O Juiz analisa os cinco fundamentos, começando pelo primeiro. Quanto ao fundamento T, U, V e X não tem razão. Mas em relação ao fundamento Z, você tem razão. Redija o dispositivo da sentença: Isto posto, julgo procedente o pedido. 
	Basta que o Juiz acolha um dos fundamentos pleiteados no pedido apresentado pelo Autor para que a sentença seja de procedência do pedido. Mas não se assustem, o Juiz pode julgar procedente o pedido e usar fundamento diferente do apresentado pelo Autor na petição inicial. 
	Quem pode recorrer dessa sentença? Só B, porque a sucumbência é a comparação entre o pedido e a sentença. E neste caso a sentença foi de procedência do pedido. Se o Juiz dá o que o Autor quer não há sucumbência. Não há interesse em recorrer. Se o Autor for integralmente satisfeito em seu pedido (e não em suas causas de pedir) não há sucumbência e não pode recorrer por falta de interesse. 
	Se o Juiz julgar improcedente o pedido do Autor o Réu tem porque recorrer? Não. 
	O Juiz acolhendo apenas um dos fundamentos e julgando por conta deste procedente o pedido, não há que se falar em sucumbência. 
Exemplo 4: 	
 Juiz 
 
A B 
Fundamentos:
Z
U
V
X
T
	A conclusão do Juiz sobre o fundamento Z era de que o Autor estava certo e que devia ser acolhido seu pedido. Acabamos de falar que basta o acolhimento de um fundamento para que a sentença seja de procedência do pedido. Pergunta: O Juiz tem que se manifestar ou não sobre os fundamentos U, V, X e T? 
	Se o Juiz chegar a conclusão de que todos eles devem ser acolhidos a sentença será de procedência. 
	Se o Juiz chegar a conclusão de quem nenhum deles deve ser acolhido a sentença será de improcedência. 
	Faz alguma diferença a conclusão a que o Juiz chegar sobre os outros fundamentos? Não. Logo, não tem que se manifestar sobre todos os fundamentos apresentados pelas partes. O Juiz ao proferir a sentença, ele não é um perito respondendo a quesitos que as partes tenham apresentado. No nosso exemplo, o Juiz acolheu o fundamento Z, ele não precisa falar sobre. A sentença será de procedência do pedido. Essa sentença é uma sentença omissa? Não. 
	O argumento forte do Autor é o X e o Juiz não apreciou, o Autor pode apresentar Embargos de Declaração para que o argumento X seja apreciado? Não. Para caber Embargos de Declaração a sentença tem que ser omissa. Se o Juiz não precisa se manifestar sobre todos os fundamentos do pedido do Autor, e por conta disso a sentença não é omissa, não há que se falar em Embargos de Declaração. 
	A mesma coisa vale para o pólo passivo. Se o Réu contesta e alega pagamento, se o Juiz reconhece que houve pagamento ele tem que falar da prescrição? Não. 
	Isso tudo é transferido para o Tribunal numa eventual apelação. 
	Ainda sobre sucumbência: 
	 Exemplo 5: 
		Juiz 
	Sentença: Extingue-se o processo sem julgamento de mérito.
	A B
APELAÇÃO
		Tribunal de Justiça
	 Apelante		Apelado
		
	 desistência
	A ajuíza em face de B uma ação, sendo o processo extinto sem julgamento de mérito. Quem pode recorrer? 
	Lembram da história da desistência? Porque que depois que o Réu é citado a desistência do Autor só produz efeito se o Réu concordar? Quando dizemos que o Réu tem que concordar com a desistência do Autor é porque estamos reconhecendo a ele, Réu, um direito, qual? O direito de obter uma sentença de mérito. Se o processo é extinto sem o julgamento do mérito e eu reconheço ao Réu direito a obter uma sentença de mérito, ele Réu também pode recorrer dessa decisão. O Autor pode é claro, recorrer dessa sentença, mas o Réu também poderá. 
	Os dois podem recorrer, mas só o Autor recorre. Depois de ter recorrido, o Apelante desiste da apelação. Essa desistência depende de concordância do Apelado? Por que para que o Autor desista da ação o Réu precisa concordar e quando levamos para grau recursal o Recorrido não teria que concordar? 
	O Réu tem direito a uma sentença de mérito, e para isso é dado a ele também o direito de recorrer. E ele recorreu? Não. Então, se só o outro recorreu, caso esse outro desista ele não tem porque se opor. 
	A desistência do recurso depende da concordância da parte contrária? Não!! 
	Não se faz petição requerendo a desistência do recurso, a petição não requer a desistência. A petição é de desistência, informa que está desistindo. É um direito do Recorrente. 
	JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE 
	Falamos que para que o direito de ação fosse regularmente exercido, para que o processo existisse era necessário o atendimento de pressupostos processuais. E se não fossem atendidos esses pressupostos o processo seria extinto. 
	Esta mesma análise deve ser transportada para os Recursos. Para que o Recurso possa ter o seu mérito julgado é necessário daqueles pressupostos recursais, que falamos anteriormente. E a análise do atendimento desses pressupostos recursais tem o nome de Juízo de Admissibilidade dos Recursos. 
	Ao lado do Juízo de Admissibilidade tem o Juízo de Mérito. Mérito é o objeto do Recurso. 
	Vamos montar uma estrutura que tem aplicação a quase todos os recursos: 
	Quem exerce o Juízo de Admissibilidade? O Juízo de Admissibilidade é exercido duas vezes. A primeira vez pelo Órgão a quo (órgão perante o qual o recurso é interposto, via de regra é o órgão prolator da decisão recorrida) e a segunda vez no Órgão ad quem (órgão competente para o julgamento do recurso), que antes de julgar o mérito ele vai novamente exercer o juízo de admissibilidade. Passada essa análise dos pressupostos, aí se chegará ao juízo de mérito, ao objeto do recurso. 
	Quem exerce o Juízo de mérito? É o Órgão ad quem. 
	Questão de nomenclatura, para não errarmos, pois muita gente boa erra. Se estiver tudo em ordem, se forem atendidos todos os pressupostos recursais o que o Órgão a quo fará? Receberá ou Admitirá o recurso. Recebimento ou admissibilidade. 
	E o Juízo de admissibilidade exercido pelo Órgão ad quem? Recurso admitido ou recebido pelo Órgão a quo vai para o Tribunal, para Câmara, para o Relator. O que a Câmara vai fazer com o recurso se verificar que estão presentes os pressupostos recursais? Conhecer. Conhecimento. 
	Presentes os pressupostos recursais, conhecido o recurso pela Câmara passará ao julgamento do mérito e se o Órgão ad quem admitir que o Recorrente está com a razão o Órgão ad quem vai dar provimento ao recurso. 
	O Juízo de admissibilidade do Órgão a quo é recebimento, admissão do recurso. 
	O Juízo de admissibilidade do Órgão ad quem é conhecimento. 
	O Juízo de mérito do Órgão ad quem é provimentoou improvimento do recurso. 
	
	II. 8) RECURSOS II 
	
	PRINCÍPIOS RECURSAIS
Princípio da taxatividade – significa que só existem os recursos expressamente previstos em lei. Previsão legal em sentido amplo. Constituição, leis ordinárias (CPC, outras leis). 
Princípio da correspondência – determina-se o recurso a ser interposto em função da decisão que se pretende atacar. 
Então, vamos aproveitar para ver quais são os atos judiciais e quais são recursos que dever ser utilizados para atacar esses atos. 
despacho – que recurso eu posso utilizar para atacar um despacho? O artigo 504 do CPC, que foi alterado recentemente, dizia que dos despachos de mero expediente não cabe recurso. Tiraram a expressão “de mero expediente” para evitar a discussão acerca do que seriam despachos de mero expediente. Então, dos despachos não cabe recurso. 
	É muito comum, principalmente por parte dos Desembargadores, escrever um título bem grande: despacho, mas nba verdade o conteúdo é de decisão. E aí? Cabe recurso? Não importa o nome que tenha o ato, se tem conteúdo decisório não é despacho. Se tem conteúdo decisório caberão os recursos cabíveis contra aquela decisão. 
decisão interlocutória – contra decisão interlocutória cabe agravo. A única coisa que há de comum entre todas as modalidades de agravo é que todos eles atacam decisão interlocutória. Numa interpretação a contrario sensu não cabe agravo contra sentença, contra acórdão. 
	Cabe embargos de declaração contra decisão interlocutória? A lei quando fala de Embargos de Declaração contra sentença e contra acórdão. Finalidade dos Embargos de Declaração é que a prestação jurisdicional seja clara e integral não tem porque fazer a restrição de só caberem Embargos de Declaração contra sentença e acórdão, pois não são os únicos que exercem a prestação jurisdicional. Temos prestação jurisdicional também numa decisão interlocutória. 
	Está mais que sacramentado a possibilidade de interposição de Embargos de Declaração se a decisão interlocutória for obscura, contraditória ou omissa. 
OBS: O cite-se no processo civil é despacho de mero expediente. Logo não posso recorrer do cite-se. 
sentença – que recurso cabe contra a sentença? Apelação; Embargos de Declaração; Embargos Infringentes da LEF; Recurso Inominado no Juizado Especial. 
acórdão – Embargos de Declaração; Embargos Infringentes (acórdão não unânime, onde haja voto vencido); Apelação; Ação Rescisória; Recurso Especial (quando houver violação de lei federal ou quando houver dissídio jurisprudencial); Recurso Extraordinário (quando houver violação a Constituição); Recurso Ordinário (cabíveis em hipóteses específicas previstas no artigo 102, inciso II e artigo 105, inciso II, ambos da CF); Embargos de Divergência (recurso específico do STJ e do STF previstos no artigo 546 do CPC). 
	Já que não vamos falar de Embargos de Divergência mais a frente, vamos ver um pouquinho sobre ele agora. Assim dispõe o artigo 546 do CPC: 
“Art. 546. O processo e o julgamento do recurso extraordinário, no Supremo Tribunal Federal, obedecerão ao que dispuser o respectivo regimento interno. (Revogado pela Lei nº 8.038, de 1990)
        Parágrafo único. Além dos casos admitidos em lei, é embargável, no Supremo Tribunal Federal, a decisão da turma que, em recurso extraordinário, ou agravo de instrumento, divergir do julgamento de outra turma ou do plenário. (Revogado pela Lei nº 8.038, de 1990)
Art. 546. É embargável a decisão da turma que:  (Revigorado e alterado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
I - em recurso especial, divergir do julgamento de outra turma, da seção ou do órgão especial; (Incluído pela Lei nº 8.950, de 1994)
Il - em recurso extraordinário, divergir do julgamento da outra turma ou do plenário.(Incluído pela Lei nº 8.950, de 1994)
Parágrafo único. Observar-se-á, no recurso de embargos, o procedimento estabelecido no regimento interno.     (Revigorado e alterado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)”
	Por que o inciso I do artigo 546 do CPC fala em julgamento de outra Turma e o inciso II fala em julgamento da outra Turma? Porque no inciso I trata do Recurso Especial, logo estamos no STJ. Quantas Turmas há no STJ? Seis Turmas. Então, o julgamento de uma Turma pode divergir do julgamento de qualquer outra das cinco que sobraram. 
	O inciso II do artigo 546 do CPC trata do Recurso Extraordinário, logo estamos no STF. Quantas Turmas há no STF? Duas Turmas. Então, o julgamento de uma Turma, se for divergir do julgamento de outra coisa será do julgamento da outra Turma, pois não há mais nenhuma, ou do Plenário. 
	
Princípio da não reformatio in pejus – se somente uma parte recorrer não pode ter ela a sua situação piorada em decorrência do recurso que ela mesma interpôs. 
Por exemplo, “A” pede R$ 100.000,00 e a sentença condena a R$ 60.000,00. Quem pode recorrer? Ambos. 
Digamos que somente o Autor apele. Se somente este apelou, o que é devolvido ao Tribunal, qual é a margem que o Tribunal vai ter? Ou nega provimento ao apelo do Autor e mantém a condenação de R$ 60.000,00 ou dá provimento parcial e profere um acórdão não inferior a R$ 60.000,00, não pode diminuir o valor da condenação, pelo princípio da não reformatio in pejus. Se só o Autor recorreu, R$ 60.000,00 é a base de onde pode partir o Tribunal. O máximo que o Tribunal pode fazer é negar provimento ao recurso dele e manter a condenação de R$ 60.000,00. 
Outro exemplo: “A” numa ação em face de “B” pede R$ 100.000,00. A sentença condena em R$ 99.999,00. Quem pode recorrer? Os dois. Somente o Autor recorre para buscar esse R$ 1,00 que está faltando. O Tribunal pode proferir acórdão: “julgo extinto o processo sem julgamento do mérito por falta de condição da ação”? Pode. Mas e a proibição da reformatio in pejus? O Tribunal neste caso não está reformando a sentença, está de reconhecendo de ofício uma matéria de ordem pública, uma matéria para a qual não há preclusão, pelo menos até que o acórdão seja proferido. O Tribunal não só pode, como deve fazer isso. Na verdade quem devia ter feito é o Juiz, mas já que este não fez, não só pode como deve o Tribunal fazer. 
 Não chega a ser uma exceção ao princípio da não reformatio in pejus porque o Tribunal não está propriamente reformando a decisão. 
Isso é conseqüência do efeito translativo do recurso. A análise do atendimento das condições da ação e dos pressupostos processuais é transferida para o Tribunal através do efeito translativo. 
Antes de acabarmos com o princípio da não reformatio in pejus vamos ver o artigo 515, parágrafo 3º, onde a apelação possui uma situação que hoje é questionável, sobre reformatio in pejus. 
O Autor ajuizou a inicial, o Juiz extinguiu o processo sem julgamento do mérito. O Autor apelou alegando só matéria de direito. O Tribunal julgou improcedente o pedido do Autor. A situação dele foi piorada, pois o Juiz extinguiu o processo sem julgamento do mérito e o Tribunal analisou o mérito e julgou improcedente o pedido. 
 
Princípio da fungibilidade – atendidos determinados requisitos é possível o recebimento do recurso equivocadamente interposto como se fosse o correto. 
É até questionado por alguns autores a existência ou não desse princípio. Por que? Porque constava expressamente do CPC de 1939 a fungibilidade, já que na época existiam diversas legislações estaduais no país e o Tribunal diante de um equívoco qualquer estava expressa a possibilidade de se receber, se admitir aquele recurso errado e dar prosseguimento a ele. 
No CPC de 1973 não há previsão nenhuma de fungibilidade porque o legislador pensou ter feito um sistema que não daria margem a nenhuma dúvida, um sistema perfeito, auto explicativo, onde todos os recursos estão expressos e não há possibilidade de dúvidas por parte do sujeito que vai interpor o recurso. Com o tempo se verificou que não é bem assim. 
O processo de execução, por exemplo, trata como sentença uma série de decisões interlocutórias que o Juiz vai proferir. E aí? Euvou recorrer daquele ato judicial me valendo do que está no CPC, sentença ou do que realmente aquele ato representa? 
Por conta dessas divergências ressurgiu a questão envolvendo a aplicação do princípio da fungibilidade. 
Hoje, o princípio da fungibilidade tem sim aplicação, desde que determinados requisitos sejam atendidos. E quais são esses requisitos? Primeiro: Que não haja erro grosseiro, em outras palavras, há a necessidade uma dúvida objetivamente verificada quanto a qual é o recurso cabível naquela hipótese. 
Segundo: boa fé. Como eu vou verificar essa boa fé? Os elementos para a verificação da boa fé é o terceiro requisito. 
Terceiro: observância do prazo correto. 
Por que essa necessidade de se observar o prazo correto? Justamente para não dar margem a malandragem. Por exemplo, o sujeito tem que agravar no prazo de 10 dias, aí no 11º dia se dá conta de que perdeu o prazo para interpor o agravo. Então, no 12º dia ele apela. Se fosse apelação esse recurso seria recebido? Seria, pois o prazo para a apelação é de 15 dias. 
Para ter aplicação do princípio da fungibilidade é necessário, é imprescindível, que apesar de interpondo o recurso errado ele observe o prazo correto. 
Sempre se falava em fungibilidade no caso clássico entre apelação e agravo. Isso perdeu um pouco o sentido, pois desde 1995, o Agravo não é mais interposto em primeira instância. Antes de 1995, Agravo e Apelação eram interpostos perante o Juiz. Ele poderia receber. Mas desde 1995 o Agravo de Instrumento é interposto diretamente no Tribunal. E aí fica mais complicado termos fungibilidade de Agravo de Instrumento e Apelação. Alguns autores chegaram a dizer que com a modificação da sistemática da interposição do Agravo não existiria mais espaço para a fungibilidade, o que não é verdade, pois a fungibilidade não se restringe a agravo e apelação.
Há possibilidade de fungibilidade entre apelação e recurso ordinário, ou ainda, entre o Recurso Inominado e Apelação. 
Princípio do duplo grau de jurisdição – nós ouvimos falar no duplo grau obrigatório de jurisdição, no artigo 475 do CPC, reexame necessário. Não falamos no princípio que justifica até mesmo a existência de recurso. O que é o duplo grau de jurisdição? Deve ser garantido a parte a possibilidade de, em novo julgamento, ver modificada a decisão que lhe causa prejuízo. 
O princípio do duplo grau de jurisdição não é um princípio constitucional expresso. Apesar de ter cara de direito fundamental, não está expressamente previsto como tal na Constituição. Há até quem sustente que ele estaria previsto indiretamente quando a Constituição cuida dos recursos. Mas diretamente e expressamente não está previsto na Constituição. Logo, não é um princípio constitucional expresso, nem absoluto. 
Vamos encontrar diversas passagens no CPC falando de decisão irrecorrível. Por exemplo, assim dispõe o artigo 519 do CPC:
“Art. 519. Provando o apelante justo impedimento, o juiz relevará a pena de deserção, fixando-lhe prazo para efetuar o preparo. (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
Parágrafo único. A decisão referida neste artigo será irrecorrível, cabendo ao tribunal apreciar-lhe a legitimidade. (Incluído pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)”
		Outro exemplo é o artigo 543 do CPC, que trata de situações em que são admitidos tanto recurso especial, quanto extraordinário, e se são admitidos os dois o processo vai para onde primeiro? Para o STJ. O STJ julga primeiro o recurso especial e se este ficar prejudicado o recurso extraordinário vai para o STF. O artigo 543 do CPC assim dispõe: 
“Art. 543. Admitidos ambos os recursos, os autos serão remetidos ao Superior Tribunal de Justiça. (Revigorado e com redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
§ 1o Concluído o julgamento do recurso especial, serão os autos remetidos ao Supremo Tribunal Federal, para apreciação do recurso extraordinário, se este não estiver prejudicado. (Revigorado e alterado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
§ 2o Na hipótese de o relator do recurso especial considerar que o recurso extraordinário é prejudicial àquele, em decisão irrecorrível sobrestará o seu julgamento e remeterá os autos ao Supremo Tribunal Federal, para o julgamento do recurso extraordinário. (Revigorado e alterado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
§ 3o No caso do parágrafo anterior, se o relator do recurso extraordinário, em decisão irrecorrível, não o considerar prejudicial, devolverá os autos ao Superior Tribunal de Justiça, para o julgamento do recurso especial.  (Revigorado e alterado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)”
		Acabamos de ver que contra os despachos não cabem recurso. 
		A lei 11187/2005 falando de Agravo, de certa foram, apesar de não usar a palavra irrecorrível, também incluiu um exemplo, artigo 527, parágrafo único do CPC: 
“Parágrafo único. A decisão liminar, proferida nos casos dos incisos II e III do caput deste artigo, somente é passível de reforma no momento do julgamento do agravo, salvo se o próprio relator a reconsiderar. (Redação dada pela Lei nº 11.187, de 2005”)
		O que significa a expressão “somente é passível de agravo” contida no parágrafo único do artigo 527 do CPC? Que não cabe recurso contra essa decisão do relator do Agravo. 
		Agora, uma observação é importante: em todas essas situações, desde o mais simples despacho, falamos que não cabe recurso, isso significa que a decisão não pode ser impugnada? Não. Significa que não cabe recurso, mas eventualmente a parte pode se valer de Mandado de Segurança, de Reclamação. 
	
		Além destas situações em que a lei fala em decisão irrecorrível, observa como o duplo grau de jurisdição não vai ser absoluto. O natural é que as decisões, as ações se iniciem na primeira instância. O Juiz proferiu sentença. Cabe recurso? Cabe. Caberá apelação para o TJ ou TRF. A apelação é a corporificação do duplo grau de jurisdição, ela existe para fazer valer o duplo grau de jurisdição. 
		Do acórdão do TJ ou do TRF cabe recurso Especial para o STJ e Extraordinário para o STF. O recurso Extraordinário, vai de regra ataca o acórdão do TJ ou do TRF, mas eventualmente, pode atacar o acórdão do próprio STJ (para que isso aconteça é necessário que a inconstitucionalidade surja no acórdão do STJ). 
		É possível, no entanto, que eu tenha ações que se iniciem no TJ ou no TRF (competência originária). Contra essas decisões cabe recurso? Cabe. Cabe Recurso Especial para o STJ e Extraordinário para o STF. 
		O STJ também tem competência originária. Das ações que começam no STJ cabe recurso? Cabe. Para o STF. O STF não faz revisão das decisões do STJ não, só faz no Recurso Ordinário. Se a ação começa no STJ vai caber Recurso Extraordinário para o STF se houver violação da Constituição, se não houver violação Constitucional, se aparte só recorrer por achar injusta a decisão do STJ não poderá recorrer para o STF. 
		Assim como o STJ tem competência originária, o STF também tem. Existem ações que começam no STF. Se elas começam no STF vai caber recurso para quem? Não tem. A competência originária do STF já é por si só uma exceção ao princípio do duplo grau de jurisdição. Não há quem faça a revisão de uma decisão proferida pelo STF. 
EFEITOS DOS RECURSOS 
	O primeiro dos efeitos é o efeito obstativo. O efeito obstativo da coisa julgada. O que significa isso? A interposição do recurso impede a formação da coisa julgada. 
	Pergunta importantíssima: A presença desse efeito depende ou não do recurso ser conhecido? 
	Preste atenção: 
Sentença 			Apelação 	 3 anos depois da interposição
						 da apelação acórdão de não
						 conhecimento do recurso. 
	Há quem sustente que o efeito obstativo depende do Tribunal conhecer, ao menos, o recurso. 
	Se entendermos dessa forma, na situação acima descrita o que terá ocorrido? Não se impediu a formação da coisa julgada na sentença. A coisa julgada se formou lá trás e como já passaram 03 anos, não há mais o prazo para a ação rescisória. Elevando a absurdoo que o sujeito fará com medo do Tribunal não conhecer do seu Recurso? Antes de completar os dois anos, se o Tribunal não tiver julgado seu recurso vai ajuizar uma ação rescisória ad cautela. 
	Não dá para entendermos dessa forma. 
	O efeito obstativo estará sempre presente, mesmo que falte pressuposto recursal. A coisa julgada só se forma, portanto, depois que o recurso é julgado. Mesmo que o resultado do recurso seja de não conhecimento, será a partir dessa decisão que se formará a coisa julgada, se for o caso. 
	O efeito obstativo está presente mesmo que falte pressuposto recursal, com exceção de um: tempestividade. 
	Se o sujeito tiver interposto a apelação no 16º dia do prazo, e lá na frente se reconhece que foi interposta intempestivamente, quando terá se formado a coisa julgada. Quanto tiver terminado o 15º dia do prazo para a interposição da apelação. 
	Só terei a possibilidade de ver a coisa julgada formada lá trás e não quando o recurso for julgado, se no julgamento do recurso se reconhecer a intempestividade.

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