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Processo Civil CEJ 21

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PROCESSO CIVIL – Celso Belmiro – 2007 – página � PAGE �444�
21ª aula (17/08/2007)
Na aula passada faltou falar de prequestionamento. Então, vamos a ele. 
PREQUESTIONAMENTO
	É um requisito exigido em Recurso Especial e em Recurso Extraordinário e que faz com que a maioria desses recursos não sejam admitidos.
	Onde está essa exigência de prequestionamento? Podemos ler a CF e o CPC inteiros que não vai aparecer a palavra prequestionamento. 
	A exigência do prequestionamento vem de uma expressão que aparece nos artigos 102 e 105 da CF: “as causas decididas”.
	Para que o STF julgue o Recurso Extraordinário onde se fala de violação da CF ele não poderá julgar pela primeira vez essa matéria, não pode apreciar a violação da Constituição pela primeira vez, deve já ter sido necessariamente decidido pelo Tribunal de origem essa alegada violação da CF. 
	A mesma coisa para o Recurso Especial. O STJ vai julgar o Recurso Especial, para que ele julgue este recurso tratando de violação de lei federal, isso não pode estar chegando lá pela primeira vez. O STJ só vai julgar esse Recurso Especial se já houver uma decisão anterior, se os Tribunais já tiverem se manifestado sobre essa alegação de violação de lei federal. 
	O que é prequestionamento? Através dele proíbe-se a apresentação de matéria inédita em Recurso Especial ou Recurso Extraordinário; exige-se que a questão federal ou constitucional tenha sido efetivamente decidida pelo Tribunal de origem. 
	Não é possível alegar violação de lei federal só quando vai se interpor recurso especial ou o recurso extraordinário. 
	Vamos supor que: o sujeito ajuíza petição inicial alegando uma coisa, o Réu contesta, as partes apelam insistindo naquilo que foi dito, seja na inicial, seja na contestação. Exercem o duplo grau de jurisdição, têm possibilidade de uma segunda opinião do judiciário sobre aquela lide, sendo proferido um acórdão pelo Tribunal ao julgar seu recurso. Só diante do acórdão o sujeito se dá conta de que os recursos cabíveis depois desse acórdão seriam os recursos especial e/ou recurso extraordinário. Ele não pode somente nesse momento falar de violação à lei federal ou à Constituição. Por quê? Porque para que se interponha tais recursos precisa-se de decisão sobre a questão e esta decisão deve ter sido proferida pelo Tribunal originário do recurso. 
	E o que o sujeito faz? Desembesta a opor Embargos de Declaração. Embargos de Declaração para provocar o Tribunal a falar daquela violação de lei federal, daquela violação da Constituição. Seriam os Embargos de Declaração para fins de prequestionamento. É possível a parte interpor esses Embargos nessa situação? Não. Os Embargos de Declaração para serem validamente opostos é necessário omissão. Como eu vou fazer isso se em hora nenhuma eu falei nessa matéria? Não é possível através de Embargos de Declaração começar uma argumentação nova. 
	A expressão prequestionamento só irá aparecer em súmulas. 
A súmula 282 do STF dispõe: é inadmissível o recurso extraordinário quando não ventilada na decisão recorrida a questão federal suscitada. 
Duas observações importantes sobre essa súmula: Ela fala em “quando não for ventilada”, este ventilada estaria atendendo o prequestionamento? Se eu tenho um acórdão do TJ ou do TRF que não trata propriamente da violação, mas indiretamente, trata da violação da lei federal, estaria atendido o requisito do prequestionamento? Não. 
A expressão “ventilada” era relacionada ao chamado prequestionamento implícito, que cada vez menos é aceito. O STF ou STJ, hoje quando vão julgar o recurso extraordinário ou o recurso especial exigem que o Tribunal tenha se manifestado expressamente sobre a violação da CF ou da lei federal.
Outra observação importante sobre essa súmula 282 do STF é que ele fala em “questão federal”. Isso ocorre porque esta súmula é anterior a 1988 e antes de 1988 não tinha STJ, e o Recurso Especial também cabia ao STF. Hoje, temos que adaptar a redação da súmula. E adapta como? Ou muda o nome do recurso ou muda o nome da questão suscitada. 
A súmula 356 do STF dispõe: O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos Embargos Declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário por faltar o requisito do prequestionamento. 
Essa súmula, a contrario sensu admite a utilização dos Embargos de Declaração com a finalidade de prequestionar. 
Voltamos à consideração que fizemos ainda pouco. Posso me valer dos Embargos de Declaração para fins de prequestionamento? Posso, mas para que isso aconteça eu tenho que ter falado da matéria antes e que o acórdão foi omisso em relação a ela. 
Então, aonde autor e réu devem falar de violação de lei federal ou da Constituição? Pelo menos na apelação. 
Mas e formos parar para analisar, na apelação autor e réu se reportam ao que foi colocado na inicial ou na contestação. 
Na verdade, a alegação de violação de lei federal ou da Constituição deve aparecer na inicial e na contestação. 
Antes da inicial temos uma faze pré-processual. É possível que quando o sujeito vá ajuizar a ação a violação da lei federal ou da Constituição já esteja caracterizada. Se a lesão já está caracterizada o sujeito deve falar na petição inicial. Havendo a citação e a contestação, se no momento da contestação já houver violação da lei federal ou da Constituição, o réu deve alegar essa violação na contestação. 
É possível, no entanto, que a violação à lei federal ou à Constituição só apareça quando o juiz vai proferir a sentença, é lá, na sentença que estará a violação. Nesse caso, ocorrendo a violação na sentença, não é possível que se exija que o sujeito tenha falado dela na inicial. Assim, nesse caso, a violação deve alegada nas razões e nas contra –razões de apelação.
Se o Juiz, apesar de alegado pelas partes, não falou da violação da lei federal ou da Constituição a parte precisa se valer dos Embargos de Declaração? Não. Porque a apelação devolve ao Tribunal todas as questões que foram suscitadas pelas partes na primeira instância. E se o Tribunal não se manifestar? Aí sim serão necessários os Embargos de Declaração. 
	Eu poso me valer dos Embargos de Declaração para fins de prequestionamento sem que tenha havido uma omissão no acórdão? Sim. Em que hipótese? Se a violação só ocorrer no acórdão. O Tribunal ao proferir o acórdão ele viola lei federal ou a Constituição. Nessa hipótese não é possível exigir das partes que tenham se manifestado sobre a violação anteriormente. Nessa hipótese, é necessário que o Tribunal se manifeste sobre essa violação que se alega ter ocorrido. Não basta o Tribunal violar a lei federal ou a Constituição, é necessário que o Tribunal se manifeste sobre a violação. E aí, preciso provocar para o Tribunal que ele se manifeste sobre a violação que estou alegando. Nesse caso os Embargos de Declaração têm a única finalidade de provocar o prequestionamento da violação que somente ocorreu no acórdão. 
	Tecnicamente, se a violação à lei federal ou à Constituição ocorrer desde o início não deveria ser possível somente na apelação ou em Embargos de Declaração realizar prequestionamento. No entanto, os Tribunais têm feito “vista grossa”. O que significa essa “vista grossa”? Se na apelação ou nas contra razões, pelo menos aparece a alegação de que foi violada a lei federal ou a Constituição tem se admitido que o sujeito prequestionou a matéria. 
	Mas o correto é que a violação seja alegada na primeira oportunidade que se tiver para tanto, ou seja, desde que é sabido que está ocorrendo a violação. Se ao ser proposta a ação já se tem conhecimento de que está ocorrendo a violação, esta deve ser alegada na inicial. 
	Se não há julgamento onde o Tribunal se manifeste sobre a violação da lei federal ou da Constituição, não há prequestionamento. E se não há prequestionamento o Recurso Especial ou Extraordinário não será admitido. 
	O STJ diz assim: eu não vou julgar essa matéria pela primeira vez. Você está alegando violação de lei federal,o Tribunal já analisou isso, se houve ou não violação de lei federal? Se o Tribunal não falou disso, eu não vou me manifestar sobre isso agora não. É a expressão “causas decididas” dos artigos 102 e 105 da CF que exigem toda essa questão do prequestionamento. 
	Às vezes o sujeito obedece a todas as regras, inclusive o prequestionamento e, ainda assim, o recurso não é admitido. O que fazer?
	Os Embargos de Declaração não são requisitos necessários para a interposição de recurso especial e extraordinário. Só serão necessários os Embargos de Declaração quando o acórdão não tiver falado sobre a violação. É muito comum as pessoas acharem que só será possível interpor recurso especial se antes eu interpor Embargos de Declaração. 
	Se o acórdão trata violação não serão necessários os Embargos de Declaração. 
Vamos analisar a seguinte situação:
	“A” fala na apelação da violação da lei federal. O Acórdão da apelação é omisso. Apesar de “A” terá feito tudo que tinha para fazer o Tribunal não se manifestou sobre a violação da lei federal. Diante disso “A” opõe Embargos de Declaração. O Acórdão dos Embargos de Declaração diz que não há omissão a suprir. E aí? Repare, que “A” fez o que tinha que fazer, o tempo inteiro ele falou na violação da lei federal, o Tribunal não julgou a questão por ele levantada e em Embargos de Declaração também não houve manifestação sobre a violação. O que ele pode fazer diante disso? 
	Primeiro o sujeito poderá interpor um recurso especial com base na violação da lei federal? Não. Existe uma súmula, a de número 211 do STJ, que é a “súmula do dane-se”, se você não consegue se entender com o seu Tribunal, se não consegue fazer com que o Tribunal julgue determinada matéria, não venha encher o meu Egrégio saco para isso. Rsrsrsrs 
	A súmula 211 do STJ diz: inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios não foi apreciada pelo Tribunal a quo. 
	Essa súmula diz o seguinte, se você fez tudo e não conseguiu que sua questão fosse decidida pelo Tribunal originário, eu, STJ não posso fazer nada. 
E aí? O sujeito terá que buscar no acórdão que julgou os Embargos de Declaração violação à lei federal. Que lei federal está sendo violada neste caso, onde o Tribunal ao julgar os Embargos não supriu a omissão? Artigo 535 do CPC. 
Então, o sujeito poderá interpor recurso especial alegando a violação do artigo 535 do CPC. Se der tudo certo, o STJ vai julgar o recurso especial e verá que realmente houve a omissão. O que irá acontecer? Voltará para o Tribunal julgar a omissão e depois, outro recurso especial em relação a violação da lei federal alegada desde sempre. 
	Em quanto tempo terá a solução disso? Só Deus sabe. 
	Qual é a melhor saída? A melhor saída é interpor recurso especial alegando violação do artigo 535 do CPC e como uma espécie de pedido sucessivo a violação da lei federal que está sendo alegada desde sempre. Mas isso tem que ficar claro no momento da interposição do recurso: STJ estou aqui porque houve violação do artigo 535 do CPC. Caso Vossas Excelências entendam que de fato houve violação e já quiserem tratar da violação da lei federal que estou alegando desde sempre, fiquem a vontade. 
	O que o STJ faz diante de uma situação desta, reconhecendo que de fato houve a omissão? Julga a violação da lei federal. Por quê? Porque o STJ é um bom Tribunal? Até é, não é dos piores. Mas mais do que por ser um bom Tribunal ele vai julgar logo a violação da lei federal porque se ele não julgar depois terá outro recurso especial, sobre aquela mesma lide. 
	Saiba, dentro do seu coração: O julgamento de admissibilidade e inadmissibilidade de um recurso especial é antes de tudo um julgamento político, infelizmente. Além de fazer tudo certo você tem que contar com um pouco de sorte. Mas se você não fizer tudo certo aí nem um pouco de sorte irá te ajudar. 
	O mesmo problema pode acontecer num recurso extraordinário, na violação de uma norma constitucional. O sujeito na apelação tratou da violação do artigo da Constituição. O acórdão não julgou essa violação, foi omisso. O sujeito validamente se valeu dos Embargos de Declaração, e o Tribunal julgando os Embargos mais uma vez não se manifestou sobre a violação alegada pelo sujeito, disse que não havia omissão a suprir. E aí? O sujeito poderá partir para o recurso extraordinário alegando violação da Constituição, dizendo que fez tudo que pode e o Tribunal não julgou? Não. Apesar de não haver súmula como a 211 do STJ a solução que o STF dá é a mesma. 
	Eu terei da mesma forma que buscar no acórdão dos Embargos de Declaração a violação de norma constitucional para poder fazer que a questão chegue via recurso extraordinário no STF. E aí? Qual é a violação constitucional? O sujeito vai interpor recurso extraordinário alegando violação ao artigo 5º, inciso XXXV da CF (inafastabilidade do judiciário). O sujeito dirá: STF estou aqui devido a violação do artigo 5º, XXV da CF, mas se Vossas Excelências já quiserem tratar da violação do artigo da constituição alegado desde sempre, pode fazê-lo. 
	Lembre-se sempre, que em se tratando de recurso especial, principalmente, se der pra partir para interposição por dissídio jurisprudencial fica tudo mais simples. 
	Recurso Especial e Recurso Extraordinário retidos
	O Juiz profere uma decisão qualquer, uma decisão interlocutória, a parte não está satisfeita com a decisão. Qual é o recurso cabível? Agravo. O Agravo de Instrumento é interposto direto no Tribunal. Enquanto está sendo julgado o Agravo de Instrumento o processo em primeira instância para? Não. Aí, lá pelas tantas, vem o acórdão do Agravo. Digamos que esse Agravo viola a lei federal e a Constituição. Contra esse acórdão cabe recurso especial e recurso extraordinário? Durante muito tempo se discutiu isso e chegou-se a dizer que não caberia, pois o que está sendo discutido no agravo é uma decisão interlocutória do Juiz, valeria à pena ocupar o STF e o STJ com uma decisão interlocutória que o Juiz proferiu? 
	Passado esse raciocínio, hoje entende-se que cabe sim recurso especial e recurso extraordinário. A partir de 1998 esses recursos, uma vez admitidos ficam retidos. Ficam retidos até quando? Ficam retidos até quando, e se for interposto recurso contra o acórdão da apelação, desde que a parte reitere a interposição. Esses recursos retidos serão julgados como preliminares. Isso está no artigo 542 do CPC:
“Art. 542. Recebida a petição pela secretaria do tribunal, será intimado o recorrido, abrindo-se-lhe vista, para apresentar contra-razões. (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)
§ 1o Findo esse prazo, serão os autos conclusos para admissão ou não do recurso, no prazo de 15 (quinze) dias, em decisão fundamentada. (Incluído pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
§ 2o Os recursos extraordinário e especial serão recebidos no efeito devolutivo. (Incluído pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
§ 3o    O recurso extraordinário, ou o recurso especial, quando interpostos contra decisão interlocutória em processo de conhecimento, cautelar, ou embargos à execução ficará retido nos autos e somente será processado se o reiterar a parte, no prazo para a interposição do recurso contra a decisão final, ou para as contra-razões. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)”
	O parágrafo 3º do artigo 542 do CPC fala em recurso extraordinário e recurso especial contra decisão interlocutória. E não cabe recurso especial ou recurso extraordinário contra decisão interlocutória. Se eu admitisse isso, eu estaria pulando recurso. O que o parágrafo 3º quer dizer é que são cabíveis o recurso especial e recurso extraordinário contra o acórdão do agravo interposto contra decisão interlocutória. 
	O parágrafo 3º também fala que são cabíveis contra a decisão em embargos de execução. Qual é a natureza dos embargos à execução? Processo de conhecimento, incidental e autônoma à execução. Então, desnecessária sua previsão, já que o mesmo parágrafo já fala em processode conhecimento. A redação é redundante. Mas o CPC quer deixar claro o seguinte: há uma determinada modalidade de processo em que o recurso especial e o extraordinário não vão ficar retidos. Qual é? O processo de execução. No processo de execução os recursos extraordinário e especial não vão ficar retidos. Por quê? Porque no processo de execução, as decisões interlocutórias são mais importantes que a sentença. A sentença do processo de execução é aquela que extingue a execução. No processo de execução o que há de mais importante é a decisão que manda penhorar um bem, que reconhece o bem como impenhorável, que resolve um concurso de credores, que permite a alienação daquele bem... Na dinâmica do processo de execução o que importa são as decisões interlocutórias, então a lógica que diz que os recursos ficarão retidos não funciona, pois essa lógica funciona para os processos onde se pressupõe que a sentença é mais importante que as decisões interlocutórias. 
	No processo de execução o recurso especial ou extraordinário contra o acórdão do agravo tem subida imediata. 
	O parágrafo 3º ainda diz “recurso contra a decisão final”. Lambança total. Por quê? Porque o que ele chama ali de decisão final? O que o CPC chama de decisão final é o acórdão da apelação. Só que o acórdão da apelação não é a decisão final? Não. Então, onde está escrito “decisão final”, leia: acórdão da apelação. 
	Se o sujeito disser que se esse recurso especial ou extraordinário ficar retido ele sofrerá danos irreparáveis? O que o sujeito pode fazer? Ele poderá ir direto ao STJ ou ao STF ajuizar uma ação cautela, pleitear a concessão de uma medida cautelar para fazer com que o recurso tenha subida imediata. Irá pedir ao Ministro Relator da cautelar uma liminar para que o recurso que está retido suba para ser julgado. É claro que isso é excepcional. 
PROCESSAMENTO
	O processamento deles é idêntico. 
	Publicado, prazo de 15 dias, interposição do recurso especial. Qual é a etapa seguinte? Vai para o juízo de admissibilidade? Não. Também no recurso especial exista a seqüência diferente da apelação. Temos interposição do recurso, ele vai pra secretaria e esta abre vista ao recorrido para que no prazo de 15 dias da publicação ofereça contra razões, depois do prazo para as contra razões, conclusão (no TJ/RJ ao 3º vice –presidente; no TRF do Rio ao vice –presidente) para juízo de admissibilidade. Se o recurso especial é admitido vai par o STJ. Se o recurso especial não for admitido o que acontece? Caberá agravo de instrumento do artigo 544 do CPC. O agravo vai para o STJ para este decidir se o recurso deve ser admitido ou não. 
	Lembrando que, não admitido o recurso especial cabe agravo de instrumento. O recorrente vai ter que retirar cópia dos documentos para formar o instrumento, quem vai para o STJ é o instrumento com as cópias que o recorrente anexar. Se já tiver devidamente instruído o agravo de instrumento o que o STJ pode fazer? O que se espera do agravo de instrumento é que se ele for provido, baixe para que suba o recurso especial e este seja julgado. Mas dependendo da situação, se o agravo já contiver elementos suficientes para que o Tribunal julgue o recurso especial ele já vai julga de imediato. É possível que do julgamento do agravo de instrumento já surja a possibilidade do julgamento do próprio recurso especial. 
	
	Artigo 544, parágrafo 3º do CPC:
“§ 3o Poderá o relator, se o acórdão recorrido estiver em confronto com a súmula ou jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça, conhecer do agravo para dar provimento ao próprio recurso especial; poderá ainda, se o instrumento contiver os elementos necessários ao julgamento do mérito, determinar sua conversão, observando-se, daí em diante, o procedimento relativo ao recurso especial. (Redação dada pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)”
	Pega-se o instrumento que veio de com o Agravo e transformo esse agravo em recurso especial e passo já a julgar o recurso especial. 
	Pergunta: Recurso Especial e Recurso Extraordinário têm efeito suspensivo? Não.O que significa isso? Que esse acórdão uma vez proferido já estará produzindo efeito. O recorrente sustenta que se o acórdão começar a produzir efeitos ou se continuar a produzir efeitos ele vai sofrer danos irreparáveis. Então, ele quer que seja atribuído efeito suspensivo a esse recurso especial. E aí? O que ele pode fazer para que o acórdão não produza efeitos? 
	Até bem pouco tempo a solução que se dava era a seguinte: interposto o recurso especial ou extraordinário, e logo depois de interposto o recurso especial ou extraordinário o sujeito ia direto no STJ ou no STF ajuizava uma ação cautelar para que fosse atribuído efeito suspensivo ao recurso. Era uma ação cautelar direto no STF ou no STJ para atribuição de efeito suspensivo ao recurso extraordinário ou recurso especial. 
	Mas há uma incongruência, imagine que o relator da ação cautelar desse efeito suspensivo a esse recurso extraordinário ou especial. Ia para o juízo de admissibilidade já tendo até decisão do STJ ou do STF dando efeito suspensivo a esse recurso que não foi nem admitido ainda. Tem alguma coisa errada. 
	Há um tempo atrás o STF editou, então, uma súmula tratando disso, é súmula 634: não compete ao STF conceder medida cautelar para dar efeito suspensivo a recurso extraordinário que ainda não foi objeto de juízo de admissibilidade na origem. 
	Esse raciocínio vale para o STJ também. 
	A súmula 635 do STF dispõe: Cabe ao presidente do Tribunal de origem decidir o pedido de medida cautelar em recurso extraordinário ainda pendente do seu juízo de admissibilidade. 
	Quem concederá então, ou não, efeito suspensivo nessa hipótese? Não é o presidente, é o terceiro vice no TJ/RJ e o vice-presidente do TRF. A súmula fala em presidente, mas em todos os Tribunais isso é delegado pelo regimento interno a um dos vice-presidentes. 
	REPERCUSSÃO GERAL
	O Recurso Extraordinário passou ater mais um requisito, que é a repercussão geral da matéria questionada. Isso surgiu com a EC 45/04, a emenda da reforma do judiciário. A EC 45/04 ela acrescentou o parágrafo 3º ao artigo 102 da CF:
“§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)”
	Primeira observação: há um erro de lógica, porque diz que é o recorrente que tem que demonstrar a repercussão geral, mas na hora de decidir como é analisada a repercussão geral a ordem é meio que invertida, joga o peso disso para cima do Tribunal. O Tribunal recebe e só vai poder recusar o recurso por falta de repercussão geral por 2/3 de seus membros. 
	Isso é novidade no nosso direito? Não é. Na CF/67 para o recurso extraordinário havia a previsão da chamada argüição de relevância, que tinha exatamente essa finalidade, ou seja, verificar se o recurso só dizia respeito àquelas partes, recorrente e recorrido ou se tinha interesses que transbordassem a esfera daquelas partes, se tinha interesse da sociedade ou de grande parte da sociedade. Eu só julgaria o recurso extraordinário se houvesse essa relevância. 
Por isso, para que eu tivesse o julgamento do mérito do recurso extraordinário, eu tinha que primeiro passar por esse incidente que era de argüição de relevância. Era julgado de forma secreta e não havia fundamentação para o julgamento desta argüição. 
	Com a CF/88 essa argüição acabou, não há mais a previsão da argüição de relevância. 
	Veio a EC45/04 e introduz a repercussão geral. Provavelmente evitou-se a expressão argüição de relevância por conta desse histórico. 
	A repercussão geral que agora está no recurso extraordinário, mas já estava presente na Justiça do Trabalho, mas lá, no recurso de revista para o TST, esse requisito era chamado de princípio da transcendência.Só é admitido o recurso de revista se atendido esse princípio da transcendência. O recorrente tem que provar que o que irá ser julgado ali não diz respeito só a eles, mas tem implicações que vão se irradiar por diversas outras pessoas. 
	E essa necessidade de criar esse requisito para o recurso extraordinário, também decorreu de uma observação prática. Questões que não deveriam chegar ao STF chegam. Esse Tribunal está entulhado de processo, e as questões de relevância nacional que realmente têm que ser decididas, não são. 
	O artigo 102, parágrafo 3º da CF disse que a lei vai regulamentar e isso foi regulamentado pela lei 11. 418/06, que acrescentou ao CPC o artigo 543-A: 
“Art. 543-A.  O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário, quando a questão constitucional nele versada não oferecer repercussão geral, nos termos deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).
§ 1o  Para efeito da repercussão geral, será considerada a existência, ou não, de questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, que ultrapassem os interesses subjetivos da causa. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).
§ 2o  O recorrente deverá demonstrar, em preliminar do recurso, para apreciação exclusiva do Supremo Tribunal Federal, a existência da repercussão geral. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).
§ 3o  Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar decisão contrária a súmula ou jurisprudência dominante do Tribunal. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).
§ 4o  Se a Turma decidir pela existência da repercussão geral por, no mínimo, 4 (quatro) votos, ficará dispensada a remessa do recurso ao Plenário. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).
§ 5o  Negada a existência da repercussão geral, a decisão valerá para todos os recursos sobre matéria idêntica, que serão indeferidos liminarmente, salvo revisão da tese, tudo nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).
§ 6o  O Relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a manifestação de terceiros, subscrita por procurador habilitado, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).
§ 7o  A Súmula da decisão sobre a repercussão geral constará de ata, que será publicada no Diário Oficial e valerá como acórdão. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).”
	Se o recurso só estiver tratando de matéria que diga respeito ao recorrente e ao recorrido, ótimo, eles já tiveram a sentença para julgar aquela questão, eles já tiveram o acórdão do Tribunal tratando daquele conflito entre eles. O STF não funciona como um terceiro grau de jurisdição, então é natural que haja essa peneira. 
	Tem um exemplo que podemos tratar em cima da questão relevante trazida pelo parágrafo 1º do artigo 543-A. Digamos que existe uma ação onde se está pleiteando direitos sucessórios decorrentes de união homoafetiva. Está pleiteando direito sucessório em face de uma irmã do de cujus. Alega que está havendo violação ao princípio da dignidade da pessoa humana, ou o princípio da isonomia, por estar sendo descriminada por conta do sexo. A outra parte alega que a união estável só se dá entre pessoas do sexo diferente. Tenho uma questão constitucional dentro desse recurso extraordinário que venha a ser eventualmente interposto. O que venha a ser decidido nessa ação fatalmente vai criar jurisprudência para diversas outras situações iguais a essa. Então, temos um exemplo onde o que está sendo veiculado no recurso não diz respeito somente àquelas pessoas, está caracterizada aí a repercussão geral. 
	A quem cabe verificar a existência de repercussão geral? Ao STF. 
	Primeira observação em relação a isso. O 3º vice-presidente, no TJ/RJ, não pode inadmitir o recurso quando do juízo de admissibilidade, por falta de repercussão geral. Não cabe a ele verificar se no caso concreto há ou não a repercussão geral. 
	A segunda observação é a seguinte? Em nenhuma hipótese o recurso poderia ser inadmitido pelo terceiro vice-presidente? O terceiro-vice poderá inadmitir se não existir dentro do recurso nenhum capítulo falando sobre repercussão geral, ou seja, simplesmente não existe dentro da petição de interposição de recurso extraordinário nada sobre repercussão geral. Se a matéria não é tratada no recurso extraordinário, se a matéria é simplesmente ignorada no recurso extraordinário, é possível que o 3º vice-presidente venha a inadmitir esse recurso. 
	O parágrafo 3º do artigo 543-A do CPC fala em “súmula ou jurisprudência dominante do Tribunal”. Que Tribunal é esse? STF. 
	O que esse parágrafo está dizendo é que se a decisão for de encontro à súmula ou jurisprudência do STF, não precisa maior análise, haverá repercussão geral. 
	O parágrafo 4º do artigo 543-A do CPC começa a tratar do processamento do recurso especial dentro do STF e como é analisada essa repercussão geral. Já passou pelo juízo de admissibilidade no Tribunal de origem, o recurso foi admitido e chegou ao STF. Autuação, registro, Conclusão ao Relator. O que o Relator vai fazer? Ele poderá fazem muitas coisas. Inadmitir com base no 557 do CPC e por aí vai. Agora, se o Relator vai levar adiante o recurso, se todos os requisitos foram atendidos e ele relator quer analisar agora a existência ou não da repercussão geral, e aí? Quem é que julga no STF o Recurso Extraordinário? A Turma. Como é a composição do STF? Quantos Ministros? 11 Ministros. Duas Turmas e o Plenário. Cinco Ministros numa Turma, e cinco Ministros na outra Turma. O Presidente não compõe nenhuma das duas Turmas. O Recurso Extraordinário é julgado na Turma, mas a análise da repercussão geral é feita pelo Plenário. 
	O que a CF fala mesmo sobre a não admissão do recurso porque falta a repercussão geral? 2/3 do Tribunal. Para afastar o julgamento do recurso extraordinário com o argumento de que falta repercussão geral é preciso 2/3 do Tribunal, 2/3 dos 11 Ministros. Quanto eu preciso? Preciso de 08 Ministros. 
	Quantos Ministros da Turma eu preciso para que o recurso extraordinário seja julgado, ou seja, para que eu reconheça que a repercussão geral está presente? Quatro. Por que? Porque se eu já tenho quatro Ministros da Turma dizendo que existe repercussão geral, ao ir para o Plenário eu terei mais cinco Ministros para votar contra e o Presidente, ou seja, não alcançarei os oito votos (2/3) exigidos para que se reconheça que não há repercussão geral. 
	Se quatro Ministros de uma Turma disserem que há repercussão geral, eu não preciso levar para o Plenário, pois ao chegar lá o máximo de votos será sete e precisa-se de 8 votos. Então, se a Turma decidir pela existência de repercussão geral por no mínimo 4 votos ficará dispensada a remessa do recurso ao Plenário. Isso está na lei. Eu só expliquei porque a lei fala em quatro votos. 
	
	Quando o artigo 543-A, parágrafo 5º do CPC diz: negada a existência da repercussão geral, está dizendo que na Turma eu não consegui os quatro votos. Então, se eu não consegui os quatro votos eu levo para o Plenário, para este decidir se há ou não repercussão geral. Na hipótese de não haver a repercussão geral, dispõe o parágrafo 5º do artigo 543-A do CPC que quando a matéria chega pela primeira vez ao STF temos: relator, o relator submete a Turma, não tendo os quatro votos na Turma vai para o Plenário e este diz se há ou não repercussão geral. Se o Plenário decidir que não há repercussão geral, sempre que vier um recurso tratando daquela mesma matéria não vai acontecer isso tudo de novo. Esse parágrafo 5º do artigo 543-A do CPC permite que o Relator quando vier um novo recurso extraordinário tratando daquela mesma matéria já pode indeferir com base na decisão anterior de inexistência de repercussão geral. 
	A decisão da existência ou não de repercussão geral é feita pelo STF e em decisão irrecorrível. 
	O STF tem 11 Ministros, independente da identidade que eles tenham. É natural que a revisão de tese possaser provocada pela revolução do pensamento doutrinário ou pela composição por novos Ministros. Mas não pelo argumento de que os Ministros que decidiram anteriormente são outros. 
	O parágrafo 6º do artigo 543-A do CPC admite expressamente que dentro de um recurso extraordinário a figura do amicus curiae, que é o “amigo da Corte” e traz os argumentos para o Tribunal julgar. 
	O parágrafo 7º do artigo 543-A do CPC deixa subentendido que a súmula é se não houve repercussão geral, se é inexistente a repercussão geral. O artigo não fala isso, mas deve ser entendido assim. Porque se tem repercussão geral o Tribunal vai julgar o recurso extraordinário e o que virá é um acórdão do recurso extraordinário. 
	O que será objeto de súmula e que trata o parágrafo 7º do artigo 543-A do CPC é a decisão acerca da inexistência, naquele caso concreto, da repercussão geral. 
	A existência da repercussão geral não vai gerar súmula nenhuma, a conseqüência de se concluir que tem repercussão geral vai ser o julgamento do recurso extraordinário e o que virá ao mundo é um cordão do recurso extraordinário. 
	Se em caso anterior for verificada que houve repercussão geral, quando outro vier não é preciso submeter novamente ao Plenário. A lei fala na inadmissão, a lei não fala no caso da admissão, mas a contrario sensu é o que se entende, porque, assim como a decisão anterior do Plenário dizendo que não tem repercussão geral valerá pára os recursos que virão, podendo o relator inadmitir de pronto, também a decisão do Plenário quanto à existência de repercussão geral também vai vincular. Não há nenhuma razão para num caso o relator já poder inadmitir e na outra ter que cada recurso, tratando da mesma matéria, da mesma questão passar por todo julgamento na Turma e Plenário novamente. 
	A CF previu que a lei ia regulamentar, a lei já esmiuçou bem mais, mas disse que o regimento interno do STF ia acabar o trabalho. 
	Devemos estar atentos ao fato de que não estamos diante de um recurso que foi interposto para julgar se há ou não repercussão geral, estamos diante de um recurso interposto por violação a CF. A repercussão geral é só um requisito que foi criado para que o Recurso Extraordinário seja ou não julgado. Então, se eu passei por isso, eu não tenho porque publicar nenhuma súmula, como está no parágrafo 7ºdo artigo 543-A do CPC, se eu vou seguir com o julgamento e eu vou julgar o recurso extraordinário. A súmula que eu tenho que publicar, porque eu tenho que parar ali é quando julgando o atendimento desse requisito eu concluir que ele não foi atendido. 
Atenção!!! Essa questão ainda é muito nova, não existe posicionamento do Tribunal quanto a isso. Esse é o entendimento de Celso Belmiro, mas devemos ficar atentos ao posicionamento que surgirá no STF. 
	Pergunta do aluno: Esse requisito não vai acabar atrasando mais o julgamento no STF. Celso Belmiro respondeu que no início sim, mas depois não. Será um filtro. Num primeiro momento talvez traga alguns problemas, pois muitas questões terão que ser levadas ao Plenário, mas depois vai agilizar, pois haverá esse filtro e só irão para Plenário os casos que forem realmente relevantes. Essa é a função da repercussão geral. 
	Assim dispõe o artigo 543-B do CPC: 
“Art. 543-B.  Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica controvérsia, a análise da repercussão geral será processada nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, observado o disposto neste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).
§ 1o  Caberá ao Tribunal de origem selecionar um ou mais recursos representativos da controvérsia e encaminhá-los ao Supremo Tribunal Federal, sobrestando os demais até o pronunciamento definitivo da Corte. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).
§ 2o  Negada a existência de repercussão geral, os recursos sobrestados considerar-se-ão automaticamente não admitidos. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).
§ 3o  Julgado o mérito  do recurso extraordinário, os recursos sobrestados serão apreciados pelos Tribunais, Turmas de Uniformização ou Turmas Recursais, que poderão declará-los prejudicados ou retratar-se. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).
§ 4o  Mantida a decisão e admitido o recurso, poderá o Supremo Tribunal Federal, nos termos do Regimento Interno, cassar ou reformar, liminarmente, o acórdão contrário à orientação firmada. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).
§ 5o  O Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal disporá sobre as atribuições dos Ministros, das Turmas e de outros órgãos, na análise da repercussão geral. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).”
	O parágrafo 1º do artigo 543-B do CPC é interessante. Por exemplo, eu tenho no TJ, 110 recursos extraordinários tratando daquela determinada matéria, eu o TJ vou pinçar dois recursos e mandá-los para o STF. Os outros 98 eu deixo aqui embaixo. Para quê? Para que o STF verifique se no caso concreto foi ou não atendido o requisito da repercussão geral. 
	O parágrafo 2º do artigo 543-B do CPC diz que negada a repercussão geral, ou seja, os dois processos que o TJ mandou para o STF e este disse que naquele caso concreto não tem repercussão geral. Os recursos sobrestados cá no TJ, os 98 que não foram para o STF serão considerados automaticamente não admitidos. Ou seja, os 98 recursos sobrestados não irão nem subir. 
	O parágrafo 3º do artigo 543-B do CPC fala em Turmas Recursais, assim, continua o CPC admitindo expressamente que os processos dos Juizados Especiais cheguem até o STF. 
	E se no caso de chegar 3 processos pinçados pelo TJ ao STF e este disser que há repercussão geral? O que irá acontecer com os 97 processos que ficaram sobrestados no TJ aguardando a decisão acerca da repercussão geral dos três que subiram? Se tem repercussão geral o STF vai julgar o recurso extraordinário e desse julgamento pode surgir acórdão do RE. A solução para esse caso concreto pode ser A ou B. Se o STF entender que a solução é realmente a “A” que foi dada pelo Tribunal de origem o que irá acontecer com os recursos sobrestados? Serão julgados prejudicados. Não adianta o recurso subir se o STF já julgou aquela questão e disse que a solução para esses recursos é a “A”. 
	E se o STF disser que a solução é a “B”? O que vai acontecer? Essa decisão do STF vai implicar na revisão de todos os acórdãos proferidos, automaticamente? Automaticamente, não. Mas o que vai acontecer? Em função desta decisão do STF, chegando ao Tribunal de origem àquela solução, o Tribunal pode retratar-se. O Tribunal não é obrigado a retratar-se, mas poderá. 
	E se o Tribunal não se retratar, o que vai acontecer? O recurso será admitido e subirá para o STF dar a sua solução. 
	Esse artigo 543-B, parágrafo 3º do CPC cria uma situação curiosa que é o juízo de retratação em recurso extraordinário, até então inimaginável. 
	Pergunta bonita para uma prova: Nosso direito admite o juízo de retratação em que modalidades recursais? 
	Agravo de Instrumento; Apelação, quando for por indeferimento da petição inicial (artigo 296 do CPC) e no caso do artigo 285-A do CPC (Juiz sem citar o Réu julga improcedente o pedido do Autor); recurso extraordinário (artigo 543-B, parágrafo 3º do CPC). 
	Pergunta de aluno: O TJ/RJ remete para o STF três processos e o STF diz que eles não têm repercussão geral. Aí, o TJ/SP remete para o STF outros três processos sobre o mesmo tema, mais bem fundamentados e o STF decide que eles têm repercussão geral, e aí, o que acontece? O que fazer com aqueles que tiveram seus recursos prejudicados e depois o STF resolveu dizer que aquele tema tem repercussão geral? Celso Belmiro disse que não tem a mínima idéia do que irá acontecer, pois esse tema é muito novo, não tem solução imediata. 
	O parágrafo 4º do artigo 543-B do CPC trata da hipótese de que o Tribunal de origem não se retrata da decisão apesar do posicionamento do STF. Esse parágrafo diz que mantida a decisão e admitido o recurso poderá o STF cassar ou reformar liminarmente o acórdão contrárioà orientação firmada. 
	
	A lei 11.418/06 possui mais três artigos, são artigos que não alteraram o CPC. São eles, o artigo 3º, o artigo 4º e o artigo 5º da lei, que seguem abaixo:
“Art. 3o  Caberá ao Supremo Tribunal Federal, em seu Regimento Interno, estabelecer as normas necessárias à execução desta Lei.
Art. 4o  Aplica-se esta Lei aos recursos interpostos a partir do primeiro dia de sua vigência.
Art. 5o  Esta Lei entra em vigor 60 (sessenta) dias após a data de sua publicação.”
	O artigo 4º da lei 11.418/06 nada mais é do que a aplicação da lei processual no tempo. A lei processual se aplica de imediato, não tendo efeitos retroativos, naturalmente. Então, os recursos interpostos a partir da vigência dessa lei têm que obedecer a esse requisito da repercussão geral.

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