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Processo Civil CEJ 22

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PROCESSO CIVIL – Celso Belmiro – 2007 – página � PAGE �462�
22ª aula (24/08/2007)
III - PROCESSO DE EXECUÇÃO
III.1) TEORIA GERAL
Antes de analisar lei, antes de falarmos qualquer coisa envolvendo artigos, temos que ver por quais mudanças passou o processo de execução, e foram muitas. 
Nosso sistema processual sempre se baseou naquela dualidade, naquela dicotomia envolvendo processo de conhecimento e processo de execução. Necessariamente eu teria que passar por uma sentença, por um processo de conhecimento e depois de proferida a sentença, caso não houvesse o cumprimento voluntário da obrigação, era instaurado um processo de execução. 
Era possível ainda que eu tivesse um processo de conhecimento e neste fosse proferida uma sentença condenatória ilíquida, antes era necessária a instauração de um processo de liquidação e depois deste é que haveria o processo de execução. 
Em função disso, quais eram as possíveis execuções que nós tínhamos? O processo de execução tinha por origem título judicial e título extrajudicial. Quanto ao objeto que o Exeqüente pretendia obter existia a execução por quantia certa, execução para entrega de coisa e execução de obrigação de fazer e não fazer. 
Então, combinando as coisas, ou seja, a origem do título e o objeto pretendido pelo Exeqüente, que tipo de execução nós tínhamos? Execução para entrega de coisa fundada em título judicial ou fundada em título extrajudicial; Execução de obrigação de fazer fundada em título judicial ou fundada em título extrajudicial e Execução por quantia certa fundada em título judicial e fundada em título extrajudicial. 
O CPC trata de duas outras modalidades de execução, execuções que em função da pessoa que está sendo executada e em função do que está sendo pleiteado pelo Exeqüente, a lei resolveu dar tratamento diferenciado. Então além das modalidades de execução que falamos acima, que modalidades de execução a gente tinha e ainda tem dentro do CPC? Execução contra a Fazenda Pública e Execução de Alimentos. Se formos analisar, afastando que é a Fazenda Pública que está ali, afastando que são alimentos que está sendo pleiteado, essas execuções são execuções por quantia certa. 
Com o passar do tempo se verificou que não fazia o menor sentido essa divisão de processo de conhecimento e processo de execução. Por que não fazia sentido essa divisão? Porque o sujeito passa anos num processo de conhecimento para ter os eu direito reconhecido, depois que ele tem o seu direito reconhecido, basta que o devedor diga que não vai cumprir a obrigação para que o credor tenha que voltar ao judiciário e instaurar um novo processo (e quando falamos em processo, estamos falando de uma nova petição inicial, uma nova citação, uma nova sentença), tudo isso para cumprir aquilo que já foi objeto de cognição. Isso não fazia sentido. 
Primeiro, veio a lei 10.444/02 e mexeu na execução para a entrega de coisa e na execução de obrigação de fazer. Mexeu de que forma? Eliminou a execução para a entrega de coisa fundada em título judicial. Como? Através da criação do artigo 461-A do CPC. A lei 10444/02 eliminou a execução de obrigação de fazer fundada em título judicial mexendo na redação do artigo 461 do CPC. 
Digamos que tivéssemos uma ação reivindicatória, o sujeito se diz proprietário do bem e quer que o bem lhe seja entregue. A sentença reconheceu que o Autor é o proprietário e condenou o Réu a entregar aquela coisa. O que o Autor teria que fazer se a coisa não fosse entregue? O Autor teria que se valer de um processo de execução para entrega de coisa, um processo de execução fundado em sentença da ação reivindicatória. A lei 10.444/02 acabou com isso, inserindo o artigo 461-A do CPC: 
“Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
§ 1o Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e quantidade, o credor a individualizará na petição inicial, se lhe couber a escolha; cabendo ao devedor escolher, este a entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
§ 2o Não cumprida a obrigação no prazo estabelecido, expedir-se-á em favor do credor mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse, conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
§ 3o Aplica-se à ação prevista neste artigo o disposto nos §§ 1o a 6o do art. 461.(Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)”
	O que é tutela específica? Tutela específica tem um sentido próprio, sentido este que já tinha sido vislumbrada na primeira reforma do CPC, em 1994. 
	Tutela específica é o seguinte: o sujeito é credor de quê? O sujeito é credor de uma obrigação de fazer? Então o sujeito terá aquela obrigação de fazer cumprida. 
	Sabe por que dessa preocupação da tutela específica? Porque muitas vezes, e principalmente em obrigação de fazer, diante do descumprimento a única opção que havia era indenização, era resolver aquilo em perdas e danos. Mas o sujeito que é credor de uma obrigação de fazer quer o quê? Ele quer a obrigação e fazer cumprida. Se eu contrato alguém para construir uma piscina na minha casa, o que eu quero? Quero a piscina construída. Eu não quero dinheiro, eu não quero indenização. 
	Tutela específica é isso: é dar ao Autor, ao credor exatamente aquilo que ele pretende. 
	Então, não é possível a indenização, não é possível eu resolver em perdas e danos? É. Mas em último caso. 
Só para ilustrar vamos ver o artigo 461 do CPC:
“Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 1o A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 2o A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa (art. 287). (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 3o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante justificação prévia, citado o réu. A medida liminar poderá ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em decisão fundamentada. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 4o O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 5o Para a efetivação da tutela específica ou para a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras, impedimento de atividade nociva, além de requisição de força policial. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 5o Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
§ 6o O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifique que se tornou insuficiente ou excessiva. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)”
	O que é “resultado prático equivalente ao do adimplemento”, expressão constante do artigo 461, caput, do CPC? Eu contratei uma pessoa jurídica para construiruma piscina, ela não construiu, o que o credor quer mesmo? A piscina. Se a pessoa jurídica não fizer, outro faz. O resultado prático equivalente é a piscina, só que feita por outra pessoa. 
	O parágrafo 1º do artigo 461 do CPC deixa claro que a obrigação só se converterá em perdas e danos excepcionalmente, só se o Autor requerer ou se impossível a tutela específica ou o resultado prático equivalente. Quando é impossível a tutela prática equivalente ou a obtenção do resultado prático equivalente? Quando estivermos diante de obrigação personalíssima. Por exemplo: que contrato um pintor para pintar um quadro para mim. Eu gosto daquele pintor, eu quero que ele pinte. Se ele perde as mãos como vai pintar? Ou se ele não quiser pintar o quadro? Tem como alguém pintar por ele? Não tem. Nesse caso é impossível a obtenção da tutela específica ou o resultado prático correspondente, aí não tem jeito, perdas e danos. 
	Fechando esse parêntese sobre tutela específica, voltemos ao artigo 461-A do CPC. 
	Suponhamos que o Juiz proferiu uma sentença estabelecendo que o Réu tem dez dias para entregar a coisa. O réu nesses dez dias não entregou. Anteriormente, se o Réu não entregasse a coisa o que o Autor tinha que fazer? Instaurar um processo de execução. Com a lei 10444/02, que inseriu o artigo 461-A no CPC o que passou a acontecer? Basta lermos o parágrafo 2º do artigo 461-A do CPC, que diz que se expede mandado de busca e apreensão ou mandado de imissão na posse, conforme se trate de bem móvel ou imóvel em obrigação de entrega de coisa.
	No caso de obrigação de fazer devemos observar o parágrafo 5º do artigo 461 do CPC, que também foi acrescentado pela lei 10444/02, que permite que inúmeras medidas sejam tomadas para que a obrigação de fazer seja cumprida e tudo dentro de uma mesma relação jurídica, dentro de um mesmo processo de conhecimento. 
	A lei 10.444/02 acabou com o processo de execução para a entrega de coisa, acabou com o processo de execução de obrigação de fazer? Não. Essas execuções continuam existindo para título extrajudicial. A lei 10.444/02 acabou com essa dualidade: processo de conhecimento e processo de execução? Não. Por quê? Não, porque a dualidade continuava existindo para execução por quantia certa. Ainda existia processo de execução de sentença no caso de execução de quantia certa, ou seja, pagamento em dinheiro. 
	A lei 11.232/05 terminou o serviço, acabou com o processo de execução de sentença de quantia certa. Acabou fazendo como? Acrescentando os artigos 475 – I e 475-J no CPC. Esses artigos tratam do que até então era processo de execução por quantia certa. Então, atualmente, existindo obrigação pecuniária fixada em processo de conhecimento, e não havendo o pagamento no prazo de 15 dias poderá o Juiz aplicar multa de 10% mais expedição de mandado de penhora e de avaliação, tudo isso dentro da mesma relação jurídica, sendo desnecessária a instauração de um outro processo. 
	A lei 11.232/05 acabou com o processo de execução de sentença? Acabou com a dualidade processo de conhecimento e processo de execução? Não. Ainda existem alguns resquícios dessa dualidade. Apesar da finalidade da lei 11.232/05 ter sido exatamente acabar com a existência dessa dualidade de processo de conhecimento e processo de execução.
	Continua tendo processo de execução para entrega de coisa, para obrigação de fazer e por quantia certa, no entanto fundados em título extrajudicial. 
	Depois, então, da lei 11.232/05 passamos a ter o processo como uma coisa só. O processo é uma relação jurídica, certo? A relação jurídica processual é uma só, que se dividirá em uma fase cognitiva ou de conhecimento, onde é proferida a sentença condenatória. Não cumprido o que foi determinado na sentença condenatória, aí sim se passa para a fase de cumprimento de sentença. Se a sentença for ilíquida teremos depois da fase de conhecimento, o incidente de liquidação e depois da decisão desse incidente a fase de cumprimento da sentença, sobre isso falaremos melhor adiante. 
	A palavra execução, hoje, tem duas acepções: processo de execução e fase de cumprimento da sentença. 
	Por que estou chamando atenção para isso? Porque o CPC em diversas passagens fala em execução. Falando em cumprimento de sentença o CPC utiliza a palavra execução. Por conta disso, até induzidos pela lei ou não, alguns autores falam em execução ou cumprimento. Para que não nos enrolemos lendo alguma coisa sobre a matéria devemos ter sempre em mente que quando se fala em execução esta envolve: processo de execução e fase de cumprimento de sentença. 
	Então, como foi possível essa modificação? Diversos artigos do CPC que tratavam de processo de execução de sentença, e por conta disto, estavam situados no CPC na parte do Livro de Execução, foram retirados do Livro de Execução e colocados dentro do Livro do Processo de Conhecimento. 
	Como acharam espaço para isso? A técnica que o legislador resolveu adotar é acrescentar uma letra ao número do artigo e escolheram o artigo 475 para inserir um monte de letras. O artigo 475 do CPC vai até o artigo 475-R, que dispõe: 
“Art. 475-R. Aplicam-se subsidiariamente ao cumprimento da sentença, no que couber, as normas que regem o processo de execução de título extrajudicial. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)”
	Já antecipando que o processo de execução de título extrajudicial também foi alterado, foi significativamente alterado pela lei 11.382/06. Mas o que aqui o artigo 475-R do CPC disse pra gente é: o que não tiver sido regulado no artigo 475 e seguintes do CPC, vamos tomar por base o que for previsto para o processo de execução. 
	Em função disso, também a classificação das sentenças teve que ser alterada. A classificação da sentença que nós vimos nos primórdios como classificação das ações e falamos da questão de ser 3 ou 5 as sentenças de um processo. Houve a necessidade de uma nova leitura daquela matéria. Que tipo de sentença nós temos hoje, dentro de processo de conhecimento, claro que sentenças de mérito, sentenças de procedência do pedido? Sabemos que a sentença de improcedência do pedido tem sempre uma natureza: declaratória. Ela sempre declara que o Autor não tem razão. 
	O que classificamos, então, são as sentenças de mérito e que alguns autores colocam e tratam como classificação das ações. As sentenças podem ser, então: declaratórias, constitutivas (quanto a isso não houve alteração), condenatórias. Havia essa classificação tradicional de Liebman e falamos que Pontes de Miranda inseriu mais duas: mandamental e executiva lato sensu. 
	O que vimos que caracterizava uma sentença executiva lato sensu? Ser desnecessário o processo de execução, o exemplo clássico é a ação de despejo, decretado o despejo o sujeito tinha que sair, não havia processo de execução de despejo. Definimos a sentença executiva lato sensu como aquela que é dotada de uma eficácia tão grande que a efetivação dela não depende de um processo de execução. Isso fazia sentido quando uma sentença condenatória para ser satisfeita dependia de um processo de execução. Na sistemática anterior a sentença executiva lato sensu era sim diferente. Hoje, não. Pois qualquer sentença condenatória não vai precisar, não vai demandar um processo de execução. E aí? A sentença executiva lato sensu que tinha como traço distintivo não precisar de processo de execução, agora não pode mais utilizar esse traço distintivo. As sentenças condenatórias, portanto, são: sentença condenatória executiva lato sensu (Quais são deste tipo? Todas. O que era específico de algumas ações, hoje é de todas.); sentença condenatória mandamental e sentença condenatória pura. 
	O que é uma sentença condenatória pura? É a sentença condenatória que, ainda hoje, depende do processo de execução. Onde encontramos isso? Sentença condenatória trabalhista (o processo do Trabalho ainda fala em processo de execução); sentença penal condenatória; sentença estrangeira homologada; sentença arbitral; sentença condenatória contra a Fazenda Pública;sentença condenatória de alimentos. Todas essas sentenças são sentenças condenatórias puras, ou seja, que ainda dependem de processo de execução. 
	Em relação à sentença arbitral temos que registrar que todas as outras sentenças citadas acima são sentenças do Poder Judiciário que geram processo de execução. No caso da sentença arbitral esta não foi produzida pelo Poder Judiciário, alei dá ela status de título judicial, mas ela não é produzida por órgão do Poder Judiciário. A sentença arbitral é a “cara” de um título extrajudicial, mas a lei para incentivar a arbitragem deu a ela, o status de título judicial. 
	Colocamos a sentença condenatória de alimentos e a sentença condenatória contra a Fazenda Pública porque a lei 11.232/05 que mudou tudo em relação à execução de sentença não mexeu nessas duas modalidades de execução. O fato da lei não ter mexido significa que a sentença que condena a Fazenda vai demandar um processo de execução. A questão maior em é em relação aos alimentos, a discussão maior é em relação aos alimentos. Por quê? Porque na sistemática anterior os alimentos tinham um tratamento diferenciado, era uma execução diferente porque o legislador estava preocupado com o alimentando. 
	Com a mudança implementada pela lei 11.232/05, não há mais processo de execução, a execução é efetivada no próprio processo. Manter a situação anterior para a sentença de alimentos é dar tratamento diferenciado aos alimentos, mas um tratamento diferenciado que hoje é pior. Ou seja, qualquer credor de quantia certa poderá no próprio processo receber, o credor de alimentos ele continua tendo que se valer de um processo de execução. Mas isso ainda está sendo discutido, qual é a melhor solução para os alimentos. 
	Friamente, conforme o que está na lei, como a lei 11.232/05 não mexeu na execução de alimentos, a sentença de alimentos depende de um processo de execução para ser efetivada caso não cumprida espontaneamente. 
	
	REQUISITOS DA EXECUÇÃO
	
	Estamos falando aqui da execução, ou seja, tanto do processo de execução, quanto da fase de cumprimento da sentença.
	Para termos execução é necessário:
título executivo 
certeza, exigibilidade e liquidez da obrigação
inadimplemento
Título Executivo
Só terei execução se tiver título executivo. Não há possibilidade de execução se não tivermos título executivo. 
Os títulos executivos estão sujeitos a legalidade estrita. O que significa a legalidade estrita? Só são títulos executivos aqueles previstos em lei, geralmente no CPC. Os títulos executivos podem ser judiciais ou extrajudiciais. 
	
Os títulos executivos judiciais ficavam no artigo 584 do CPC, foram colocados no artigo 475-N do CPC, que assim dispõe: 
“Art. 475-N. São títulos executivos judiciais: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
I – a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
II – a sentença penal condenatória transitada em julgado; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
III – a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua matéria não posta em juízo; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
IV – a sentença arbitral; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
V – o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
VI – a sentença estrangeira, homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
VII – o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
Parágrafo único. Nos casos dos incisos II, IV e VI, o mandado inicial (art. 475-J) incluirá a ordem de citação do devedor, no juízo cível, para liquidação ou execução, conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)”
A redação anterior do artigo 584 do CPC dizia sentença condenatória proferida no processo civil, saímos de sentença condenatória e passamos para sentença que reconheça a existência de obrigação. Não foi uma medida boa. Na verdade, ainda que eu tenha uma sentença que reconheça a existência de uma obrigação para que eu possa ter execução essa sentença tem que ser uma sentença condenatória. 
Sentença declaratória não gera execução, sentença constitutiva não gera execução. Por quê? Porque numa sentença declaratória e numa sentença constitutiva aquilo que o Autor pretende obter com o processo, ele já obtém com a sentença. 
Para que eu tenha uma execução eu preciso de alguma atitude a outra parte, eu preciso de alguma atividade do Réu. Se o Réu não cumprir a obrigação, eu vou necessitar de levar adiante, eu vou necessitar da execução. E eu só vou ter uma situação onde eu preciso que o Réu faça alguma coisa na sentença condenatória. O que vai gerar a execução é a sentença condenatória, sentença que emite um comando para que o Réu atenda, para que o Réu cumpra determinada prestação. 
Classificamos as sentenças por um critério de predominância. É possível que numa sentença que é predominantemente declaratória, eu tenha dentro dela uma condenação. É possível que eu tenha dentro de uma sentença que é predominantemente constitutiva, que eu tenha uma condenação. Se eu tiver uma condenação eu posso executar? Posso. Exemplo clássico disso: honorários. Que tipo de condenação vai estar presente em toda sentença declaratória e constitutiva. A condenação aos honorários, se o sujeito perdeu o processo ele estará sujeito aos encargos sucumbenciais. Mesmo numa sentença declaratória ou constitutiva eu tenho essa condenação e é possível que haja a execução disso. Então, havendo eficácia condenatória há possibilidade de instauração da execução. 
O inciso II trata da sentença penal condenatória transitada em julgado. 
Essa execução daqui é execução de quê? É a execução penal? É a execução da pena alternativa? É a execução da pena? Não. Que execução é essa? É a execução civil daquela sentença penal condenatória. 
Quer dizer que o Réu foi condenado a 10 anos de reclusão e ao pagamento de 500 dias multas, a execução civil vai ser dos 500 dias multa? Não. Aliás, essa multa é para a vítima? Não. 
O que o inciso II do artigo 475-N trata é da ação civil ex delicto. Quem é o Exeqüente nesse caso? É a vítima. A vítima executando os prejuízos que sofreu. A vítima vai pegar essa sentença penal condenatória e vai instaurar uma execução. 
Só falta um requisito para que a gente tenha efetivamente uma execução, qual? A sentença penal condenatória diz quanto a vítima tem para receber? Não. É possível, então, partir direto da sentença condenatória penal para a execução? Ele até tem título executivo, mas falta ainda um requisito que é a liquidez. Ele tem um título executivo, mas antes de partir para a execução precisa da liquidação desse título executivo. 
Então, a sentença penal condenatória vai demandar primeiro a liquidação. 
O inciso III trata da sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua matéria não posta em juízo. Esse inciso III foi modificado quatro vezes. Primeiro na reforma de 1994, depois pela lei de arbitragem, pela lei 10.358/01 e agora foi modificado novamente pela lei 11.232/05. Por que essa implicância com esse inciso III? Porque historicamente havia dois projetos de lei querendo modificar o inciso III. O inciso III falava antigamente em sentença homologatória de conciliação ou de transação. A questão que se colocava era a seguinte: “A” ajuíza em face de “B” uma ação de cobrança de R$ 1.000,00. “B” contesta dizendo que não tem esse dinheiro, só tenho R$ 750,00. Você aceita? Ou então diz que só te dará os R$ 750,00 se você devolver uma televisão que emprestou na Copa de 1994. “A” aceita. Conciliação. Se nada acontece, quem pode exigir o que de quem? O “A” pode exigir os R$ 750, 00, sem dúvida, pois ele foi o Autor da ação objeto do processo acerca daquela dívida. E “B”,pode exigir a entrega da televisão? Pode. Para que isso ficasse claro, a lei colocou sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua matéria não posta em juízo. O que é matéria não posta em juízo no caso de “A” e “B”? A televisão. O objeto do processo não era obter televisão nenhuma, era o pagamento da dívida. Em outras palavras, o que pretendeu o legislador com essa expressão “ainda que inclua matéria não posta em juízo” é dizer que a lide pode ser totalmente redefinida numa conciliação. 
A lei para incentivar a conciliação como meio de solução rápida e pacífica de conflitos passou a permitir que a lide fosse totalmente redefinida numa conciliação. Mas por que essa seqüência de mudanças, então? Porque havia dois projetos de lei que queriam modificar o CPC, um deles queria colocar a expressão “ainda que inclua matéria não posta em juízo”, era a lei de arbitragem que queria colocar a sentença arbitral como título judicial neste inciso também. Então durante um tempo, até antes de 2001 a redação do inciso III era sentença arbitral e sentença homologatória de conciliação ou transação. E a lei de 1994 já não tinha alterado a redação? Já, mas por questão de demora legislativa, a lei de arbitragem foi aprovada só em 1996, mas foi feita olhando para o CPC antes da modificação de 1994. A lei 11.232/05 colocou a sentença arbitral em um inciso próprio, só dela, que é o inciso IV e arrumou a redação do inciso III como está atualmente. 
O inciso V do artigo 475-N do CPC trata do acordo extrajudicial de qualquer natureza homologado judicialmente. Essa questão é interessante porque esse inciso v é novo dentro do CPC, mas já existia dentro de outra lei. A questão é a seguinte. Existe uma discussão qualquer entre “A” e “B”, mas não há processo nenhum. “A” e “B” resolvem fazer um acordo, este acordo é extrajudicial. Esse nosso acordo pode se transformar num título executivo judicial? Não confundam com a situação onde existe um processo instaurado e as pessoas fazem um acordo dentro desse processo. A situação proposta é a seguinte: não há processo nenhum, não houve ação ajuizada, antes de ter um processo instaurado “A” faz um acordo com “B”, só que eles querem que esse acordo seja um título judicial. Como pode ser feito isso? Vamos ver a lei 9.099/95, artigo 57: 
“Art. 57. O acordo extrajudicial, de qualquer natureza ou valor, poderá ser homologado, no juízo competente, independentemente de termo, valendo a sentença como título executivo judicial.
Parágrafo único. Valerá como título extrajudicial o acordo celebrado pelas partes, por instrumento escrito, referendado pelo órgão competente do Ministério Público.”
Pergunta: Esse acordo tem que ser até 40 salários? Não. O próprio artigo diz que é acordo de qualquer natureza ou valor. 
Esse acordo é homologado no Juizado Especial? Não. Então o que isso está fazendo na lei 9099/95? Nada. Isso não tinha nada para fazer na lei 9099/95. Aproveitaram a lei dos juizados que estava para ser aprovada. 
Tínhamos que nos socorrer da lei dos juizados, desse artigo 57. Agora não mais, pois a situação que estava retratada lá no artigo 57, está expressa agora no inciso V do artigo 475-N do CPC. 
	Coloque uma remissão nesse artigo 475-N do CPC do artigo 57 da lei 9099/95. 
	O inciso VI do artigo 475-N do CPC trata da sentença estrangeira homologada pelo STJ. Anteriormente era sentença estrangeira homologada pelo STF. A EC 45/04 retirou essa atribuição que antes era do STF e passou para o STJ. Só que o CPC não foi atualizado, a lei 11.232/05 fez isso, atualizou o CPC em relação a competência do STJ para a homologação da sentença estrangeira. 
	O inciso VII do artigo 475-N do CPC trata do formal e certidão de partilha extraídos do inventário. 
	O que é o formal e a certidão de partilha? São documentos que retratam a adjudicação de quinhão sucessório, pondo fim à sucessão de bens causa mortis. 
	É importante observar que se eu tenho um título executivo, se eu quero exigir alguma coisa é de quem participou do inventário ou de quem de alguma forma foi beneficiado pelo processo judicial de inventário. Se no inventário eu tenho um formal de partilha, só que o bem que me coube na partilha está com outra pessoa, eu vou poder executar essa outra pessoa? Não. Se o bem que me coube estiver com outro herdeiro, eu vou executar para que ele me entregue o bem. Agora, se o bem que me coube estiver com terceiro que não participou do inventário, eu não posso executar, eu vou ter que ajuizar uma ação reivindicatória, eu sou proprietário e quero que meu bem me seja entregue. 
	O parágrafo único do artigo 475-N do CPC é exatamente aquele que gera aquelas sentenças condenatórias puras, que nós vimos três delas. O parágrafo fala que o mandado incluirá a “ordem de citação do devedor”. Sublinhem citação nesse parágrafo. É esta palavra que vai determinar que nestas situações o que nós temos é um processo de execução e não um mero cumprimento de sentença. Até porque, o cumprimento de sentença pressupõe que já existe alguma coisa naquela Vara e eu vou dar seqüência. Numa sentença penal eu vou dar seqüência? Não, eu vou para a Vara Cível. Numa sentença estrangeira eu vou dar seqüência? Não, eu não vou executar no país de origem. Na sentença arbitral a execução da sentença é no juízo arbitral? Não. 
	Então, nestas três hipóteses do parágrafo único do artigo 475-N do CPC, apesar de termos títulos judiciais, haverá processo de execução, portanto citação. Nas outras hipóteses, onde há cumprimento de sentença como o Réu toma conhecimento do cumprimento de sentença? Intimação. 
	Se os títulos executivos judiciais foram transplantados para o artigo 475 do CPC os títulos extrajudiciais continuaram lá no artigo 585 do CPC.
	O artigo 585, inciso I do CPC diz que são títulos executivos extrajudiciais: a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque. Esse inciso i trata dos títulos de crédito, que jogados para o aspecto processual são títulos executivos extrajudiciais. 
	Para eu executar uma nota promissória ou um cheque, por exemplo, é necessário prévio protesto? É preciso primeiro protestar para depois executar? Não. Então, se eu não tenho que protestar para depois executar, se o protesto não é pré-requisito para uma futura execução, para que existe protesto? O protesto tem diversas finalidades. Talvez, a principal seja ser uma forma indireta de coagir o devedor a cumprir uma obrigação.
	A lei 9492/97 rege o protesto de títulos e outros documentos de dívida. 
	Tirando a finalidade de obrigar o sujeito indiretamente a cumprir a obrigação, o protesto também tem outras finalidades: protesto específico para fins de falência; protesto de acordo com o CC interrompe a prescrição. 
	Eu não preciso protestar o devedor para executá-lo, mas imaginemos a seguinte situação: “A” emite uma nota promissória para “B”, “A” é o devedor e “B” é o credor. É possível que “B” transfira esse crédito para outra pessoa? É, através do endosso. “B” transfere para “C”, que transfere para “D”, que transfere para “E”. No vencimento da obrigação o credor “E” pretende exigir o cumprimento da obrigação do “A”. Tem que protestar? Não. Agora, e se o devedor originário não tem como pagar, se for insolvente? Quem passa ter responsabilidade nesse caso? Os co-obrigados. “E” quer exigir a obrigação, então, de qualquer um dos co-obrigados. Precisa protestar? Aí precisa. Então, outra finalidade para o protesto é execução de co-obrigados. 
	A nota promissória é o devedor que emite, cheque é o devedor que emite, agora a duplicata não. Quem emite a duplicata é o credor. O CPC não fala, mas quando diz que a duplicata é um título executivo está pressupondo que essa duplicata foi aceita pelo devedor, que o devedor apôs o seu aceite naquela duplicata. Duplicata sem aceite do devedor pode ser executada? Pode, mas é preciso que esteja protestada por falta de aceite e com o comprovante de entrega de mercadoria ou da prestação de serviço. Mais uma finalidadepara o protesto, possibilitar a execução de uma duplicata não aceita. 
	O sujeito emitiu um cheque, esse não tinha fundo, quero executar o cheque? Preciso protestar? Não. Não há necessidade de prévio protesto para a execução dos títulos de crédito constantes do inciso I do artigo 585 do CPC. 
	O inciso II do artigo 585 do CPC trata da confissão de dívida, que pode estar em escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; documento particular assinado pelo devedor e duas testemunhas; instrumento transacional referendado pelo MP, pela DPGE ou pelos advogados dos transatores. A redação desse inciso II veio lá da reforma do CPC de 1994. Instrumento transacional referendado pelo MP não é novidade, é título executivo. Isto está, inclusive, no artigo 57, parágrafo único da lei 9099/95. 
	A reforma do CPC em 1994, buscando desafogar o judiciário, a solução pacífica, a formação de títulos executivos fora de um processo judicial, colocou que também será título executivo transação referendada pela DPGE ou pelos advogados dos transatores. Então, se temos uma transação qualquer onde comparecem ao ato os advogados dos transatores, aquilo passar a ser título executivo. Essa foi a primeira modificação da reforma de 1994. 
	A outra modificação foi a seguinte: Antigamente havia uma restrição quanto ao tipo de obrigação que poderia estar no documento, alei falava apenas em obrigação pecuniária e obrigação de entrega de coisa fungível. Desde 1994 não há mais nenhuma menção ao tipo de obrigação que pode estar veiculada nessa confissão de dívida. O que significa isso? Não há mais restrição nenhuma, qualquer obrigação pode estar veiculada nesse documento. Obrigações que não eram admitidas antes passaram a ser, obrigação para entrega de coisa infungível e obrigação de fazer. Essas obrigações que antes se estivessem num documento desses não permitiriam que ele fosse um título executivo, agora se estiverem permitem que o documento seja título executivo, pois não há mais nenhuma restrição. 
	O inciso III do artigo 585 do CPC foi alterado pela lei 11.382/06. Houve um desmembramento da redação anterior, parte ficou no inciso III e parte foi para outro inciso. 
	Nesse tipo de contrato, se a dívida não for paga, se a dívida está garantida por uma hipoteca, por exemplo, não for saldada, temos um título executivo. Quando falamos em hipoteca, penhor, anticrese, caução, o que são? São direitos reais de garantia. O contrato que contenha uma desses direitos reais de garantia contidos no inciso III do artigo 585 do CPC vale como título executivo. 
	O inciso IV do artigo 585 do CPC trata do crédito decorrente de foro e laudêmio. Que instituto jurídico possui foro e laudêmio? Enfiteuse. A enfiteuse não está mais prevista no CPC como direito real. Isso significa que as enfiteuses foram todas extintas? Não. Apenas não poderão ser criadas novas enfiteuses, mas as anteriores ao CC de 2002 continuam a existir. 
	Como funcionava a história da enfiteuse? Por exemplo, o sujeito era amigo do Rei, tinha terra que não acabava mais, ele não tinha nem como usar, nem como cuidar de tudo, então criava enfiteuses. Na enfiteuse temos o senhorio direto (enfiteuticador) que transfere para o enfiteuta (titular do domínio útil) a exploração daquela terra e que tem que dar verba anual (o foro) e o laudêmio. O enfiteuta pode transferir o domínio útil para terceiro, se transferir terá que pagar o laudêmio ao senhorio direto. Laudêmio, portanto, é a verba devida na transferência do domínio útil. 
	Muito parecido com a enfiteuse é o terreno de marinha. Também se chama foro, a verba anual que se paga em razão de se tratar de imóvel situado em terreno de marinha. 
	O inciso V do artigo 585 do CPC trata do crédito documentalmente comprovado decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxa e despesa de condômino. A redação desse inciso vem da redação do inciso IV antes da alteração pela lei 11.382/05. A redação do inciso V veio do desmembramento do inciso IV do CPC. 
	Então, se eu tenho um contrato de aluguel ou dentro desse contrato de aluguel a transferência de pagamento de encargos de condomínio para o locatário, ele será executado. Mas, se o condomínio está atrasado não prevê a lei que esse valor deve ser cobrado através de uma ação de cobrança de procedimento sumário, como o CPC diz neste inciso que é título executivo? O temos título executivo e vamos executar ou não temos título executivo e teremos que utilizar uma ação de cobrança que terá rito sumário. 
	O artigo 275, II, b do CPC diz que a cobrança de encargos de condomínio seguirá o procedimento sumário. O artigo 252, II, b do CPC trata do condomínio, representado pelo síndico exigindo o pagamento das cotas em atraso. Se temos o condomínio exigindo esse pagamento isso será feito através de uma ação de cobrança, não temos um título executivo, temos uma ação de cobrança que seguirá o procedimento sumário. 
	O que está colocado no inciso V do artigo 585 do CPC trata de uma situação peculiar, ou seja, eu fiz um contrato, geralmente de locação, transferindo para o locatário o dever de pagar as cotas condominiais, o sujeito não pagou, nesse caso caberá a execução. Será uma execução proposta pelo locador (proprietário do bem) que executa o locatário pelas cotas condominiais que este deveria ter pagado e não pagou. 
Pergunta de aluno inaudível:
	Celso Belmiro diz que para ele surge o direito do locador executar o locatário quando este desembolse o valor, ou seja, paga o valor que o locatário não pagou e depois ele executa o locatário. Não tem como em uma ação de cobrança eu denunciar a lide e transformar essa denúncia em uma execução.Poderia denunciar e fazer contra o locatário uma ação de cobrança? Celso Belmiro diz que também entende que não. Por que? Porque se o sujeito tem título executivo ele não tem porque mover uma ação de cobrança. Essa denúncia da lide deveria ser extinta por falta de interesse. 
	Que direito tem o locador de executar por quantias que ele não desembolsou. E se o locador executar o locatário e não efetuar o pagamento do condomínio também? 
	Par que serve a denúncia da lide? Para que o sujeito saia de um processo com um título executivo para executar o denunciado se for o caso. Não é isso? O Locador, já não tem o título executivo contra o proprietário, para quê denúncia da lide? A finalidade da denúncia da lide é a formação naquele mesmo processo de um título executivo, se ele já tem um título executivo, não tem porque denunciar a lide. 
	A mesma coisa, uma pessoa emitiu um cheque e não pagou. eu ajuízo uma ação de cobrança em face da pessoa. O que o Juiz faz? Extingue o processo. Por quê? Porque quem ajuíza uma ação de cobrança pretende ao final obter um título executivo. Se você já tem um título executivo, pra que a ação de cobrança? Se você tem um título executivo a seu favor, você deve ajuizar uma execução, e não uma ação de conhecimento. 
Pergunta de aluno: Se o locatário pagar o condomínio com um cheque sem fundo, o condomínio pode cobrar direto do locador ou ele tem que executar o locatário? Quando o locatário passa um cheque para o condomínio passa a existir relação jurídica entre condomínio e locatário, então o condomínio deve executar o cheque. 
	O inciso VI do artigo 585 do CPC trata do crédito do serventuário de justiça, de perito, intérprete ou tradutor, quando as custas, emolumentos e honorários forem aprovados por decisão judicial. Esse inciso VI, que antes estava no inciso V, não é de aplicação muito comum. Por que? Porque, vejamos, o crédito do serventuário é pago em que momento? Com as custas do processo, quando se vai ajuizar a ação. 
	Para o perito elaborar o laudo pericial, qual é a seqüência natural disso? Parte requer, o juiz defere, o juiz intima o perito, o perito diz quanto será a perícia, o juiz intima a parte para que recolha, depois do valor depositado que o perito realiza a perícia. 
	Quando eu vou aplicar o que está no inciso VI do artigo 585do CPC? No caso de gratuidade. É possível que nessa hipótese nós tenhamos uma execução fundada nesse inciso VI. 
	Existe título judicial que não passa pelo judiciário? Sim, a sentença arbitral. 
	Existe título extrajudicial fixado pelo judicial? Sim. Essa hipótese de do inciso Vi do artigo 585 do CPC.
	O inciso VII do artigo 585 do CPC trata da certidão da dívida ativa da Fazenda Pública da União, DF, Estados, Municípios e Territórios correspondentes aos créditos inscritos na forma da lei. Nesse inciso VII a lei está falando da Certidão de Dívida Ativa. Aí, vêm os autores de processo e dizem assim: a certidão de dívida ativa é o único título extrajudicial que não conta com a participação do devedor, é o único título extrajudicial formado unilateralmente. Celso Belmiro diz que isso é mentira. 
	Por quê? A Certidão de dívida ativa não tem geração espontânea. A competência tributária está definida na CF. Em função dessa competência e com base em lei complementar são criadas as hipóteses de incidência. As hipóteses de incidência têm previsão abstrata. Se o que está previsto abstratamente na lei realmente acontece, estamos diante de quê? Fato gerador. Junto com o fato gerador surge a obrigação tributária. Sabemos que há a obrigação tributária, sabemos quem é o sujeito ativo e quem é sujeito passivo, já podemos exigir o pagamento da obrigação tributária? O que a obrigação tributária tem de diferente da obrigação de direito civil em geral? Não é o fato de ser uma obrigação ex lege, pois também no direito civil temos obrigações ex lege. No direito civil se a obrigação não estiver sujeita a nenhum termo, a nenhum encargo, ela já pode ser exigida do sujeito passivo. A obrigação tributária já pode ser exigida do sujeito passivo? Não. Ela depende do lançamento. Feito o lançamento, passamos a trabalhar com o crédito tributário. O crédito tributário já pode se exigido do sujeito passivo. 
	O lançamento declara a obrigação tributária e constitui o crédito tributário. 
	Constituído o crédito o sujeito não pagou. A Fazenda Pública vai ajuizar uma ação de cobrança? Não. Vai ajuizar uma execução. Mas antes vai fazer o quê? Vai inscrever em dívida ativa. Com a inscrição em dívida ativa eu extraio a CDA (Certidão de Dívida Ativa) e eu passo a trabalhar com o crédito tributário exeqüível ou executável. Execução Fiscal. 
	A CDA é o único título executivo extrajudicial que não conta com a participação do devedor. O que está faltando para que se chegue na CDA sem qualquer irregularidade? A notificação. Não adianta apenas lançar o tributo, só se chegará validamente ao final com a notificação do sujeito passivo, que poderá se dar de diversas formas. O sujeito passivo notificado pode fazer o quê? Poderá fazer muitas coisas. Ao contrário de uma obrigação de direito civil, onde vencida a dívida, acabou a execução. O sujeito passivo notificado pode pegar um papel qualquer (até um papel de pão) escrever que o lançamento está errado e levar a Fazenda Pública. Até que haja uma decisão afirmando que o sujeito é louco, a impugnação administrativa apresentada por ele suspende a exigibilidade do crédito tributário. 
	Então, muito ao contrário do que dizem os Autores de processo, é exatamente na CDA que o devedor tem mais poderes. Basta que ele impugne, basta que ele apresente um recurso administrativo “porcaria” para que fique suspensa a exigibilidade do crédito até que este recurso seja julgado. Então como é que não conta com a participação do devedor? Conta sim. Conta e é lá onde o devedor vai ter mais poderes. 
	O inciso VIII do artigo 585 do CPC dá uma redação já estabelece que não só os incisos anteriores tratam de títulos executivos extrajudiciais, diz que serão títulos executivos todos os demais títulos a que a lei expressamente atribuir força executiva. Os títulos executivos estão na lei, o que não significa que estejam no CPC. Estão sujeitos à legalidade estrita, têm que estar previstos na lei, não propriamente no CPC. 
	Há dois títulos, pelo menos, que não estão no CPC e são interessantes, um deles é a decisão do Tribunal de Contas, que é um título executivo que está na CF no artigo 71, parágrafo 3º: 
“Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
...
§ 3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo.”
	
No inciso VIII, do artigo 585 do CPC colocar remissão para o artigo 71, parágrafo 3º da CF. 
	Outro título extrajudicial interessante que não está no CPC encontra-se na lei de ação civil pública (lei 7347/ 85), artigo 5º, parágrafo 6º, que trata do compromisso de ajustamento de conduta ou termo de ajustamento de conduta. Por exemplo, a Petrobrás inunda a Baía de Guanabara de óleo, ao invés de se propor uma ação civil pública a Petrobrás diz: reconheço a culpa, vou limpar a Baía e vou indenizar todo mundo. Assina então um termo de ajustamento de conduta. Se a Petrobrás não cumprir o que prometeu, vai ser proposta a Ação Civil Pública? Não. Vai ser executado o Termo de Ajustamento de Conduta. 
	OBS: Quais são os atos de comunicação processual? A citação (ato pelo qual se chama o réu ou o interessado a vir se defender) e a partir da citação a comunicação dos atos do processo são feitas através da intimação. E a notificação? A notificação no Código de 1939, CPC anterior, era prevista como ato de comunicação processual. Em 1973, deixou de ser prevista. A notificação só tem finalidades extrajudiciais. Notificação numa alienação fiduciária para a devolução do veículo, notificação do Cartório de Títulos e Documentos...
	Lembrem-se: Não há execução sem título executivo. É o principal dos requisitos. 
	Certeza, Exigibilidade e Liquidez da Obrigação
	O que é certeza? Certeza é por acaso certeza quanto à existência da obrigação? Não, pois isso não se discute, não se questiona num processo de execução. A certeza é quanto aos elementos da obrigação. E quais são os elementos da obrigação? Sujeitos, natureza e objeto. 
	O sujeito que ajuíza uma execução sem ter título executivo está se valendo de um instrumento processual errado. 
	O sujeito que se vale de uma execução quando a obrigação não é líquida está se valendo do instrumento processual errado, falta de interesse adequação. 
	Seja como for, tanto a possibilidade jurídica do pedido, quanto o interesse de agir são condições da ação. Eu posso entender esses requisitos como condições específicas da ação de execução, ou seja, numa execução eu preciso de legitimidade, interesse, possibilidade, título executivo, ou eu posso categorizar esses requisitos (certeza, exigibilidade, liquidez da obrigação) dentro das condições da ação que a gente conhece, e aí temos que saber se seria dentro da possibilidade ou dentro do interesse. 
	Sendo condições específicas da ação executiva ou sendo condições genéricas, o mais importante disso tudo, o que importa é: como o juiz vai conhecer desta matéria? E aí, ressalvas ao inadimplemento que é complicado o Juiz conhecer de ofício, o juiz conhecerá das condições da ação de ofício. Se eu digo que esses requisitos são matérias que o Juiz deve conhecer de ofício, já que são condições da ação, se a parte precisar alegar o que ela pode fazer? Se eu reconheço que o Juiz deve reconhecer de ofício, reconheço que é possível alegá-las via exceção de pré-executividade.

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