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Processo Civil CEJ 23

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PROCESSO CIVIL – Celso Belmiro - 2007 - página � PAGE �483� 
23ª aula (31/08/2007)
	
RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL 
É a situação caracterizada pela possibilidade de sujeição dos bens do devedor às medidas constitutivas destinadas a satisfação do direito do credor. 
O artigo 591 do CPC assim dispõe:
	
“Art. 591. O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei.”
O artigo 591 do CPC estabelece duas regras essenciais: 1) todos os bens do devedor respondem por suas dívidas; 2) somente os bens do devedor respondem por suas dívidas. 
Para essas regras estabelecidas no artigo 591 do CPC possuem duas exceções: 1) há bens do devedor que não respondem por suas dívidas; 2) há bens de terceiros que respondem pela dívida. 
Os bens do devedor que não respondem por suas dívidas são os impenhoráveis. 
								Absolutas (artigo 649)
						CPC 
								Relativas (artigo 650)
IMPENHORABILIDADE Lei 8009/90
						Bem Público
	O artigo 649 do CPC ganhou dois parágrafos, o parágrafo 1º dispõe que a impenhorabilidade não é oponível ao crédito concedido para a aquisição do próprio bem. O parágrafo 2º dispõe que apesar da lei se preocupar em preservar a sobrevivência do sujeito, mas se esse sujeito está devendo alimentos, o salário dele pode ser penhorado. Está claro na exceção do parágrafo 2º do artigo 649 do CPC. 
	
	No artigo 649 do CPC estão previstos os bens absolutamente impenhoráveis. Falamos que ser absolutamente impenhoráveis significa não ser passível de penhora em nenhuma circunstância. Mas vimos que mesmo os bens absolutamente impenhoráveis possuem exceção quanto a possibilidade de penhora. 
	O sujeito comprou uma televisão e não pagou a televisão. É proposta uma execução pela falta de pagamento da televisão, executa-se a dívida oriunda da aquisição da televisão. Eu posso penhorar a televisão? Ou eu vou alegar que isso é um bem essencial? Eu vou penhorar a televisão. E se fosse algo mais essencial até, por exemplo, uma cama. O sujeito comprou uma cama, não pagou, execução pela dívida oriunda da aquisição da cama, é possível se penhorar a cama? Sim. 
	Se a execução do crédito é para a aquisição do próprio bem, se estou executando um crédito que foi concedido para a aquisição daquele bem, o bem poderá ser penhorado, seria o cúmulo não poder penhorar aquele bem. 
	Isso tem aplicação mais comum na aquisição de bem imóvel, mas existem outras hipóteses. 
	OBS: Só não é possível penhorar 40 salários da caderneta de poupança, a sobrevivência mínima das reservas do sujeito. Fundo de renda fixa pode ser penhorado, fundo de ações também pode ser penhorado e também 60% da caderneta de poupança pode ser penhorado. Só 40 salários do depósito e poupança é que está fora da penhora. 
	O que é a impenhorabilidade relativa? O bem pode ser penhorado só se não houver nenhum outro bem para ser penhorado. Eu só posso penhorar um bem relativamente impenhorável se não houver nenhum outro. Se houver algum outro bem que possa ser penhorado, o bem relativamente impenhorável não pode ser penhorado. 
	
	Assim dispõe o artigo 650 do CPC:
“Art. 650. Podem ser penhorados, à falta de outros bens:
        I - os frutos e os rendimentos dos bens inalienáveis, salvo se destinados a alimentos de incapazes, bem como de mulher viúva, solteira, desquitada, ou de pessoas idosas;
        II - as imagens e os objetos do culto religioso, sendo de grande valor.
Art. 650.  Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e rendimentos dos bens inalienáveis, salvo se destinados à satisfação de prestação alimentícia. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
Parágrafo único.  (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).”
	
	Por que houve essa mudança no artigo 650 do CPC? Por que saiu a mulher viúva, solteira ou desquitada? Porque não é possível mais ter tratamento diferenciado para a mulher. Na redação anterior do inciso I do artigo 650 do CPC tratava a mulher viúva como uma incapaz, a desquitada como uma desgarrada. Não se sustenta a redação anterior com a CF/88, com os novos tempos, com o princípio da isonomia. 
	O inciso II da redação anterior do artigo 650 do CPC falava de imagens e objetos de culto religioso. Não tinha a menor necessidade de se tratar disso ali. 
	A questão do inciso I, da mulher viúva, desquitada e solteira foi retirada e o inciso II que tratava das imagens e objetos de culto religioso também foi abolido. Foi tudo compactado no caput do artigo 650 do CPC. 
	Então, se o bem é inalienável, ele é impenhorável. Eu não posso penhorar um bem que eu não posso vender. Eu não posso penhorar um bem que é inalienável. 
	Mas e se esse bem inalienável era frutos, gera rendimentos, estes podem ser penhorados? Eu não posso penhorar o bem, porque quando eu penhoro um bem numa execução eu estou querendo lá na frente, se for o caso, alienar em hasta pública. Se o bem é inalienável não adianta eu penhorar porque lá na frente eu não poderei alienar. 
	O bem que é inalienável eu não posso penhorar, mas e os frutos e rendimentos desse bem, eu posso penhorar? Posso. Mas posso assim livremente? Esses frutos, esses rendimento são relativamente impenhoráveis. O que significa isso? Que eu até posso penhorar eles, mas em que condição? Se eu não tiver nenhum outro bem para penhorar. 
	No final do artigo 650 do CPC existe uma exceção, diz que podem ser penhorados a falta de outros bens, salvo se destinados a satisfação de prestação alimentícia. Se os frutos ou rendimentos desse bem relativamente impenhorável forem destinados ao pagamento de prestação alimentícia esses frutos, esses rendimentos são relativamente impenhoráveis? Não. 
	Eles são o quê? Livremente impenhoráveis ou absolutamente impenhoráveis. Eles se tornam absolutamente impenhoráveis. 
	Se, no caso concreto, os frutos ou rendimentos de um bem relativamente impenhorável destinarem-se a satisfação de prestação alimentícia eles se tornam absolutamente impenhoráveis, é isso que está disposto no final do artigo 650 do CPC. 
	Se quem está executando é quem precisa do alimento, aí caímos na situação que tratamos anteriormente. Ainda que fossem absolutamente impenhoráveis seriam penhorados. Se eu tenho uma prestação de execução alimentícia, o credor está exigindo alimentos, eu posso penhorar uma bem absolutamente impenhorável? Posso. Com muito mais razão posso penhorar um bem relativamente impenhorável. 
	Mas a questão que se coloca no artigo 650, in fine, do CPC, não é essa. Esse artigo não trata de execução de alimentos. A situação do artigo 650 do CPC é a seguinte: “A” paga alimentos para “B”com os rendimentos de bem relativamente impenhorável. “C” ajuíza uma execução em face de “A”, é possível penhorar nessa execução esses frutos do bem inalienável de “A”? Não, porque eles são destinados à prestação alimentícia que “A” paga a “B”. 
	A lógica do legislador é a seguinte, entre o crédito de “C” e o crédito alimentício de “B”, prefere-se o crédito alimentício. 
	Não se deve interpretar o artigo 650 do CPC entendendo que a execução do sujeito é uma execução de alimentos. 
	Isso é a impenhorabilidade no CPC, que já tem uma redação mais moderna que o CPC de 1973. 
	No entanto, a grande parte das questões envolvendo impenhorabilidade estão na lei 8009/90. A lei 8009/90 trata do bem de família. 
	A primeira observação sobre isso é acerca da afirmação de que a lei 8009/90 criou o bem de família. Essa afirmativa é falsa. Não foi a lei 8009/90 que inventou a instituição bem de família. O bem de família já existia antes da lei 8009/90. Só que o que existia antes era a possibilidade d existir bem de família através do ato voluntário, ou seja, o sujeito que é proprietário de um bem e quer transformá-lo em um bem de família, ele faz uma escritura pública com essa finalidade e transformaesse bem em bem de família. 
	Mas então qual é a vantagem da lei 8009/90? A lei 8009/90 passa a tratar como bem de família o imóvel que atenda os requisitos nela estabelecidos, independentemente de qualquer atividade de seu proprietário. Ou seja, é o bem de família de origem legal.
	Antes da lei 8009/90 o bem de família já existia, mas para que determinado bem fosse considerado bem de família o proprietário tinha que fazer uma escritura pública com essa finalidade. Com a lei 8009/90 passa a existir bem de família de origem lega, a lei diz que naquele caso temos um bem de família, independentemente de qualquer atitude do proprietário. 
	O artigo 1º da lei 8009/90 dispõe:
“Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei.
Parágrafo único. A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que quitados.”
	O artigo 1º da lei 8009/90 tem que ser conjugado imediatamente conjugado com o artigo 5º da mesma lei, que assim dispõe:
“Art. 5º Para os efeitos de impenhorabilidade, de que trata esta lei, considera-se residência um único imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para moradia permanente.
Parágrafo único. Na hipótese de o casal, ou entidade familiar, ser possuidor de vários imóveis utilizados como residência, a impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor, salvo se outro tiver sido registrado, para esse fim, no Registro de Imóveis e na forma do art. 70 do Código Civil.”
	Diversas questões surgem em torno da lei 8009/90, em torno desse bem de família de origem legal. 
	A primeira questão é a seguinte: o sujeito mora sozinho (solteiro, separado, ...), mora ele e seu cachorro. Esse sujeito é executado, esse bem pode ser penhorado? Não. Por quê? Ele é casal? É entidade familiar? Não. Mas a jurisprudência diz que esse benefício não é só para o casal, não é só para a entidade familiar, se todos os outros requisitos estiverem presentes (ser o único imóvel e ser utilizado como moradia) é impenhorável. Vai ser beneficiado pela impenhorabilidade da lei. 
	A segunda questão é seguinte: o casal tem um imóvel próprio, mas não mora lá, mora de favor na casa dos pais de um deles, num famoso puxadinho, só que o dinheiro que entra para a manutenção deles é o do aluguel do imóvel próprio que eles têm. Eles sofrem uma execução, esse imóvel próprio em que eles não moram pode ser penhorado? Não. Por quê? Porque o STJ já decidiu que mesmo que o casal não resida nesse imóvel, se é do aluguel desse imóvel que eles retiram a subsistência dele, se a fonte de renda deles é o aluguel desse imóvel, esse imóvel é impenhorável, está abrangido pela lei 8009/90. 
E o aluguel? O aluguel pode ser penhorado. O máximo que pode acontecer é entrar na questão de ser essa verba indispensável a subsistência, como se fosse salário e nesse caso ser impenhorável. 
	A lei diz que o bem é impenhorável. E se o executado foi citado numa execução e voluntariamente indicou o bem impenhorável à penhora, ele poderá depois alegar que aquele bem se trata de bem de família e que não pode ser penhorado? Pode. Por quê? Porque a finalidade do legislador é proteger a família, é proteger a entidade familiar mesmo que esta não queira ser protegida. 
	O parágrafo único do artigo 1º da lei 8009/90 traz uma questão ótima para uma prova de múltipla escolha: os bens móveis são protegidos pela impenhorabilidade da lei 8009/90? São. Mas a lei 8009/90 não trata da impenhorabilidade do bem de família, do único imóvel da família? Mas a lei 8009/90 traz no parágrafo único do artigo 1º que os bens móveis também são impenhoráveis. 
	Mas então eu vou penhorar o que, então? Você deve conjugar esse parágrafo único com o artigo 2º da mesma lei, que dispõe: 
“Art. 2º Excluem-se da impenhorabilidade os veículos de transporte, obras de arte e adornos suntuosos.
Parágrafo único. No caso de imóvel locado, a impenhorabilidade aplica-se aos bens móveis quitados que guarneçam a residência e que sejam de propriedade do locatário, observado o disposto neste artigo.”
	O que é um adorno suntuoso, a qual o artigo 2º da lei 8009/90 faz menção? 
	É preciso conjugar esse artigo 2º da lei 8009/90 com a redação do artigo 649, inciso II do CPC. 
	Faça uma remissão no artigo 2º da lei 8009/90 para o artigo 649, inciso II do CPC. Ou seja, móveis, pertences de utilidade doméstica que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns a um médio padrão de vida. A lei 8009/90 dá um critério muito vago, adornos suntuosos. 
	Como eu vou definir se aquilo é essencial ou não é essencial, como eu vou definir se aquilo corresponde a um médio padrão de vida ou não? Isso não tem jeito, só diante do caso concreto. Eu sei, por exemplo, que se o sujeito tem em casa uma torneira de ouro eu posso penhorá-la, eu também sei que se o sujeito tem um radinho de pilha que ele escuta resenha esportiva antes de dormir eu não posso penhorá-lo. Mas entre uma torneira de ouro e um radinho de pilha, existem muitas coisas que não tem jeito, só o caso concreto vai definir se aquilo poderá ou não ser penhorado. 
	Há alguns bens, onde há especialmente em relação a eles uma certa implicância, por exemplo, a televisão. A televisão pode ou não pode ser penhorada? Imaginemos que o sujeito só tem uma televisão de plasma 56 polegadas, eu vou penhorar? E se o sujeito tiver uma televisão preto e branco, eu vou penhorar? Não vou. Por quê? Porque a televisão é um fator de integração nacional e forte elemento de controle de natalidade. A televisão é importante. Mas se o sujeito tiver 15 televisões eu não vou penhorar? Vou. Se o sujeito tem uma televisão de plasma 56 polegadas eu vou penhorar? Vou. 
	Também há implicância com ar condicionado. Pode ser penhorado ou não, é essencial ou não? Não tem jeito eu tenho que levar em consideração o lugar. Se estou em Caxias do Sul ou em São Joaquim, com certeza ar condicionado está lá para compor o ambiente. Mas se eu estiver em Goiás o ar condicionado faz diferença. Dependendo do lugar poderá ou não ser penhorável. 
	Microondas também sofre implicância. Existe julgado do STJ dizendo que é impenhorável. Mas nada obsta que isso seja revisto. 
	O artigo 3º da lei 8009/90 é o artigo que trata das exceções, situações em que mesmo que o imóvel seja único, mesmo que seja moradia, o bem de família poderá ser penhorado. Assim dispõe: 
“Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:
I - em razão dos créditos de trabalhadores da própria residência e das respectivas contribuições previdenciárias;
II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato;
III -- pelo credor de pensão alimentícia;
IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel familiar;
V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar;
VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.
VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação. (Incluído pela Lei nº 8.245, de 1991)”
	
	O inciso I do artigo 3º da lei em questão dispõe que se o sujeito tem empregados e não paga corretamente e esses empregados ajuízam uma ação trabalhista e dessa ação surgem execuçõestrabalhistas, poderá ser penhorado o bem de família. 
	Um parêntese, se o bem for levado à hasta pública e ninguém quiser o bem, o que ocorre? A adjudicação, ou seja, o bem passa para o Exeqüente. 
	
	O inciso II do artigo 3º da lei 8009/90 trata do sistema financeiro de habitação, sistema financeiro imobiliário. Ou seja, o sujeito recebe o imóvel e deixa de pagar as prestações. E aí, numa execução dessas prestações o imóvel pode ser penhorado? Pode. É exatamente a questão que vimos anteriormente na redação nova do artigo 649 do CPC. Se é para a aquisição do próprio imóvel, esse imóvel será penhorado. 
	Pergunta inaudível de aluno a qual Celso disse: Grandes incorporadoras têm que fazer. Isso não é facultativo a Incorporadora, não, se fosse faculdade da incorporadora ela ia fazer? Não. Por que surgiu o patrimônio de afetação? Para proteger o sujeito que está pagando as prestações. Isso vem do caso ENCOL. Por que? Porque as incorporadoras tiravam dinheiro de uma obra e colocavam em outra, e o sujeito que pagou anos por um imóvel, a incorporadora falia e o sujeito ficava a ver navios. 
	A idéia do patrimônio de afetação é separa os patrimônios da incorporadora e daquela obra especificamente. O que acontece no patrimônio de afetação? Eu tenho uma execução qualquer contra a incorporadora, eu posso penhorar o patrimônio destinado àquela obra específica? Não. O patrimônio de afetação é uma garantia para o promitente comprador.
	No inciso III do artigo 3º da lei em comento faz expressamente exceção a impenhorabilidade do bem de família quando a dívida é de origem alimentar. Então se o que o sujeito está devendo alimentos, o bem de família poderá ser penhorado. 
	O inciso IV do artigo 3º da lei 8009/90 fala em imposto predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel familiar. 
Por isso que execução de IPTU é uma execução muito mais simples, pois o penhora o bem que gera a dívida de IPTU. O próprio bem serve de garantia. 
	Que contribuições são essas? Essas contribuições são contribuições de melhoria? Contribuições aqui não é só contribuição de melhoria, tributo, não. Também está dentro dessas contribuições o condomínio. 
	Sublinhe a palavra condomínio e faça remissão para encargos condominiais. 
	Se o sujeito estiver devendo condomínio e for executado pelo condomínio ele poderá nessa execução, mesmo que o imóvel seja bem de família, poderá ser penhorado.
	O inciso V do artigo 3º da lei 8009/90 trata do imóvel dado em garantia de pagamento de uma dívida e esta dívida não é paga. Será penhorado. 
	O inciso VI do artigo 3º da lei 8009/90 fala do imóvel adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a reparação.
	O inciso VII do artigo 3º da lei 8009/90 trata do caso da obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação. 
	Se o sujeito resolveu ser fiador e o afiançado não paga aluguel, quem vai pagar? O fiador. E se o fiador não tiver como pagar? Penhora. 
	Uma questão que a pouco tempo foi levantada no STF foi a seguinte: A lei 8009 é de 1990. Foi incluído como direito fundamental o direito à moradia. A Emenda 26 em seu artigo 6º colocou que são direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia...Então, a moradia passou a figurar como direito social, direito, portanto constitucionalmente previsto. A questão que se colocou no STF é se diante desse artigo 6º que coloca a moradia como direito fundamental o bem do fiador estaria sujeito a essa execução? Houve um julgado dizendo que esse artigo 3º, inciso VII da lei 8009/90 teria sido revogado com a nova redação do artigo 6º da CF/88. Se a moradia é um direito constitucional, deve ser resguardado. Não pode o fiador perder o seu imóvel por conta da dívida que não foi paga pelo seu afiançado. E na época dessa decisão houve uma gritaria geral, pois transformaria radicalmente todo o mercado imobiliário. Os locadores têm no patrimônio do fiador a garantia do recebimento de seus aluguéis, quando dizemos que mesmo que o bem de família do fiador que é sofre exceção à impenhorabilidade do bem de família permanecerá com ele em caso de falta de pagamento dos aluguéis, abala-se toda a estrutura que rege o mercado imobiliário. Esse entendimento não foi adiante, hoje é tido como entendimento isolado, valendo o que está no artigo 3º, inciso VII da lei 8009/90. Se o sujeito resolve ser fiador, mesmo que o bem seja de família, se ele for executado, esse bem poderá ser penhorado. 
	
	O artigo 4º da lei 8009/90 dispõe:
“Art. 4º Não se beneficiará do disposto nesta lei aquele que, sabendo-se insolvente, adquire de má-fé imóvel mais valioso para transferir a residência familiar, desfazendo-se ou não da moradia antiga.
§ 1º Neste caso, poderá o juiz, na respectiva ação do credor, transferir a impenhorabilidade para a moradia familiar anterior, ou anular-lhe a venda, liberando a mais valiosa para execução ou concurso, conforme a hipótese.
§ 2º Quando a residência familiar constituir-se em imóvel rural, a impenhorabilidade restringir-se-á à sede de moradia, com os respectivos bens móveis, e, nos casos do art. 5º, inciso XXVI, da Constituição, à área limitada como pequena propriedade rural.”
	Falamos da impenhorabilidade que decorre da lei se houver um único imóvel, mas há a possibilidade de instituição do bem de família por ato voluntário, que se dá por escritura pública e posterior registro da mesma. 
	O sujeito pode a qualquer tempo, independentemente de qualquer circunstância criar um bem de família e torná-lo impenhorável? Não. 
	O requisito essencial que se exige para a criação de bem de família por ato voluntário qual é? Que essa instituição do bem de família não sirva como fraude contra credores. Se o sujeito está insolvente e sabendo-se insolvente institui um bem de família prejudicando seus credores, essa instituição não é válida. 
	Qual é o critério que temos para verificar se a instituição do bem de família é válida ou não? 
	O CC de 2002 estabeleceu alguns critérios para essa instituição, artigo 1711 do CC:
“Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de família, desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial.
Parágrafo único. O terceiro poderá igualmente instituir bem de família por testamento ou doação, dependendo a eficácia do ato da aceitação expressa de ambos os cônjuges beneficiados ou da entidade familiar beneficiada”.
	A lei especial de que fala o artigo 1711, in fine, do CPC é a lei 8009/90. Ao lado da lei 8009/90, ao lado da impenhorabilidade que decorre da lei é possível a instituição do bem de família por ato voluntário através de escritura pública. Qual o requisito? Que não seja superior a 1/3 do patrimônio líquido do casal vigente à época da instituição. 
	Questão de ordem prática: Para que o bem seja bem de família existe um teto, um limite de valor para isso? O sujeito tem uma cobertura de R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais), deve R$ 500,00 (quinhentos reais) e não paga. Eu executo para receber os meus R$ 500,00, nessa execução eu posso penhorar essa cobertura de R$ 10.000.000,00? Não. 
	Existem projetos no Congresso para que exista um teto para que o bem possa ser considerado bem de família, justamente para não criar essas situações esdrúxulas. 
	Outra questão é: o sujeito tem dez imóveis de R$ 200.000,00 (duzentos mil). Vende todos os imóveis e vai morar num de R$ 2.000.000,00 (dois milhões) e transforma esse no seu bem de família, pode? Pode. Ele não poderá fazê-lo em que hipótese? Se ele estiver endividado. Qual é o marco temporal para ele fazer isso? Isso é complicado. Na verdade é a data em que ele contraiu a dívida. O critério para dizermos se é válida ou não essa instituição de bem de família é a data em que foi contraída a dívida.Antes de ter dívida ele pode fazer o que quiser. Ele não poderá se configurar fraude aos credores. 
	O artigo 4º da lei 8009/90 trata disso. 
	Não é possível interpretarmos a expressão “sabendo-se insolvente” literalmente. Porque senão o sujeito sempre vai alegar que não sabia que estava insolvente. Por isso que a data que a dívida foi contraída é um critério mais seguro. 
	Se eu tenho um imóvel só eu não preciso nem declarar, já decorre da lei. 
	Falamos das exceções a impenhorabilidade do bem de família, essas exceções atingem também o bem de família declarado pro ato voluntário? Celso Belmiro entende que sim, que não são exceções apenas para as situações criadas pela lei 8009/90, atingem também o bem de família declarado por ato voluntário. No entanto, não existe convergência total em relação a esse assunto. 
	OBS: Os 30% do patrimônio líquido que a lei fala é em relação ao patrimônio total e não em relação ao patrimônio imobiliário. Então se eu tenho um BMW na garagem que vale 3 apartamentos, isso vai ser levado em consideração. 
	O casal pode ter mais de uma residência fixa, pode utilizar mais de um imóvel como moradia permanente? Pode. Nesse caso os dois são bem de família? Não. De acordo com a lei, o bem de família é um só. Qual? 
	Por exemplo: O sujeito tem dois imóveis, um no centro da cidade que vale R$ 100.000,00 e uma casa em Petrópolis que vale R$ 200.000,00. Qual é o bem impenhorável, qual será o bem de família? Artigo 5º, parágrafo único:
“Art. 5º Para os efeitos de impenhorabilidade, de que trata esta lei, considera-se residência um único imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para moradia permanente.
Parágrafo único. Na hipótese de o casal, ou entidade familiar, ser possuidor de vários imóveis utilizados como residência, a impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor, salvo se outro tiver sido registrado, para esse fim, no Registro de Imóveis e na forma do art. 70 do Código Civil.”
	Na questão sugerida acima, então, o imóvel impenhorável será o imóvel do centro que possui menor valor. 
	Pode ser ao contrário? Pode. É o que diz o parágrafo único do artigo 5º da lei 8009/90. 
	Atenção, porque o final do parágrafo único fala em artigo 70 do CC, isso era do CC antigo, no CC de 2002 o artigo é o 1711. 
	Então, para que o bem de maior valor seja o considerado o bem de família eu tenho que ter feito a escritura pública e levado ao registro. 
	
	
	Fraude contra credores x Fraude à execução
	Há um terceiro que está garantindo o pagamento daquela dívida. Como isso pode acontecer? Pode acontecer por diversos fatores, dentre eles o bem ter sido alienado a “C”, ou seja, “B” alienou o bem a “C”, e este pagou pelo bem. Se eu estou dizendo que o bem que “C” comprou não vai estar sujeito a execução contra “B” tem alguma coisa estranha nessa alienação. Essa alienação de “B” para “C” foi feita com fraude, que pode ser contra credores ou à execução.
	Como eu vou separar fraude contra credores da fraude à execução de outro lado, quais são os critérios para isso? 
	Requisitos
	Efeitos
	Instrumentos
Fraude contra credores x Fraude à execução
 
Requisitos 1) é necessária a insolvência		1) insolvência
		ou eventus dani; 
		 2)Concilium fraudi, ou seja, a 		2) alienação depois
		fraude bilateral				 de citação em 
								 demanda. 
Efeitos a alienação é anulável a alienação é ineficaz
Instrumentos ação pauliana				nenhum. Basta em execu-
								ção nomear o bem à 
								penhora.
	No eventus dani, evento danoso, o sujeito alienou o bem e não tem como pagar a seus credores. Isso é essencial para eu dizer que há fraude.
	No concilium fraudi, alienante e comprador estão mancomunados, estão de comum acordo para dar o calote nos credores do alienante. 
	Presente a insolvência e o concilium fraudi aquela alienação é alienação em fraude contra credores. 
	Qual é o efeito da fraude contra credores? Qual é a conseqüência, qual são os efeitos que isso traz para aquela alienação? Ela é inexistente, nula, anulável, ineficaz? 
	O CC realmente deu uma nova luz para a matéria. Vamos trabalhar com a questão como ela sempre foi colocada, a fraude contra credores torna a alienação anulável. Por quê? Para que a alienação não produza efeitos, é necessário que alguém se manifeste. Quem deve se manifestar? O credor do alienante. E o credor do alienante vai se utilizar de um instrumento para desfazer aquela alienação. Que instrumento? Ação pauliana. Para que serve a ação pauliana? Para desfazer a alienação. O fundamento da ação pauliana é a fraude contra credores. 
	Desfeita a alienação o que acontece? O bem retorna ao patrimônio do devedor. 
Assim dispõe o artigo 593, inciso II do CPC:
“Art. 593. Considera-se em fraude de execução a alienação ou oneração de bens:
I - quando sobre eles pender ação fundada em direito real;
II - quando, ao tempo da alienação ou oneração, corria contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo à insolvência;
III - nos demais casos expressos em lei.”
	Qual é o marco temporal para a fraude à execução? Ela só ocorre se a alienação ocorre quando pendente uma execução? Não. Cuidado com isso. Tendemos a achar que a fraude à execução estará caracterizada quando estiver pendente uma execução. Não é. Pendente uma ação de conhecimento, uma cobrança, por exemplo, e o sujeito aliena o bem, é fraude à execução. 
	Pra entendermos melhor coloque na cabeça uma palavrinha mágica para ajudar a entender a fraude à execução: a palavrinha é futura, ou seja, fraude à futura execução. Se escrever isso na prova vai levar zero, é só para guardar e entender melhor. 
	Qual é o marco temporal, então? A citação. Falamos quando estudamos efeito da citação, que a citação induz a litispendência, ou seja, é a partir da citação que temos lide pendente, é a partir da citação que eu tenho um processo, uma demanda correndo contra alguém. 
	Então, se a alienação é feita depois da citação da ação de conhecimento está caracterizada a fraude à execução. 
	Se é um bem de família, esse bem em futura execução não poderá ser penhorado mesmo. Mas se ele não pode ser penhorado o exeqüente não pode contar com esse em para receber seu crédito. Se no curso da ação de conhecimento o sujeito aliena o bem de família, poderá estar caracterizada fraude à execução? Celso Belmiro diz que essa é uma questão interessante. Para ele ainda que seja a alienação de bem de família estaria configurada a fraude à execução. Porque na lei 8009/90 temos algumas exceções a impenhorabilidade do bem de família, onde esse bem poderá ser penhorado. Diante dessas exceções, essa alienação do bem de família na pendência de processo de conhecimento pode prejudica o credor lá na frente. 
	Não se falará em fraude se o sujeito tiver como pagar a dívida. O requisito comum é a insolvência. 
	Quais são os efeitos que a fraude à execução traz para aquela alienação? Inexistente, nula, anulável, ineficaz? A alienação em fraude à execução é ineficaz. O que significa ineficaz? Não produz efeitos. Não produz efeitos em relação a quem? Não produz efeitos em relação ao credor do alienante. 
	Qual é o instrumento que o sujeito vai se valer para alegar fraude à execução? Se eu disser que ele tem que se valer de algum instrumento é porque estava produzindo algum efeito em relação a ele. Se eu digo que é ineficaz, não há instrumento. 
	Mas e aí, onde ele vai alegar isso? Chegamos a questão inicial. “A” move execução em face de “B” e este vai dizer que não possui bem nenhum. Naquela execução vai ser penhorado bem de “C”. Não precisa fazer nada. Basta na execução indicar o bem à penhora, não precisa se valer de uma ação para isso. Se a alienação é ineficaz em relação a mim, basta que eu mova a execução e na execução eu nomeie o bem à penhora. 
	É o que dispõe o artigo 592, inciso V do CPC:
“Art. 592. Ficam sujeitosà execução os bens:
I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução de sentença proferida em ação fundada em direito real;
I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação reipersecutória; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
II - do sócio, nos termos da lei;
III - do devedor, quando em poder de terceiros;
IV - do cônjuge, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua meação respondem pela dívida;
V - alienados ou gravados com ônus real em fraude de execução.”
	O artigo 592 do CPC trata de diversas outras situações onde vamos ter a situação descrita acima, ou seja, penhorado um bem de pessoa diferente daquela que figura como executado. 
	O inciso I do artigo 592 do CPC foi alterado. O que havia de errado na redação anterior? Não era errado, mas com o tempo fico incompatível com as mudanças do CPC. Por que isso teve que ser modificado? Porque com a lei 11.232/05 deixou de existir execução fundada em sentença, ou melhor, processo de execução fundado em sentença. 
	A questão é a seguinte: existe uma ação reivindicatória movida por “A” em face de “B”. É possível que “B” aliene esse bem para “C”? Lembre: Na ação reivindicatória o que está sendo discutido é a propriedade do bem, quem ficará com o bem. Nessa ação reivindicatória é possível que “B” aliene esse bem para “C”? É. Só que em função disso há algumas conseqüências. O adquirente é o sucessor a título singular. A sentença que julgar procedente o pedido e reconhecer que o bem pertence a “A” vai condenar quem? “B”. Vai condenar “B” a entregar o bem. Mas “B” vendeu. Isso será resolvido depois. Condenou “B” a entregar o bem, este não entregou, pois vendeu o bem, passa-se a fase de cumprimento de sentença com a expedição de mandado de busca e apreensão. Contra quem será expedido esse mandado de busca e apreensão? Contra “C”. Quem foi parte do processo? “A” e “B”. Quem vai figurar no cumprimento de sentença? “A” e “B”. Ou seja, o bem de terceiro está sujeito àquela execução, pois “C”, apesar de não ser parte da ação, como adquiriu o bem sobre o qual se discutia a propriedade, é sucessor a título singular. 
	No inciso II do artigo 592 do CPC estamos falando sobre execução contra uma sociedade, em que é penhorado o bem do sócio. Sócio e sociedade são a mesma coisa? Não. 
	Em função da natureza da sociedade quando eu tenho a possibilidade do bem de sócio ser penhorado? O sócio pode ter responsabilidade solidária, ou seja, tão devedor quanto a sociedade, e o sócio pode ter responsabilidade subsidiária, responde se a sociedade não tiver como. 
	Exemplo, de situação, que de acordo com a lei, o sócio tem responsabilidade solidária: sociedade em nome coletivo. 
	Exemplo de sócio com responsabilidade subsidiária: sociedade limitada quando o capital social estiver subscrito, mas não integralizado. 
	Há quem sustente (Fábio Ulhôa) que em qualquer circunstância, mesmo que a lei diga ao contrário, a responsabilidade do sócio, se for o caso será sempre subsidiário, mesmo nos casos em que a lei fala solidária. 
	E, independentemente do tipo de sociedade quando eu vou ter a possibilidade de pegar bem do sócio? Quando eu aplicar a desconsideração da personalidade jurídica.O que acontece na desconsideração? Desconsidera-se que a sociedade tem uma personalidade jurídica própria.
Teoria da desconsideração da personalidade jurídica, teoria da penetração, entre outros. Tratando de uma situação, que atendidos determinados requisitos eu vou esquecer que existe aquela sociedade, esquecer que existe uma pessoa jurídica e vou invadir o patrimônio dos sócios, para que eles paguem a dívida. 
Isso existia com mais freqüência na execução fiscal, e o CTB tratava expressamente disso. A desconsideração evoluiu muito com o CDC, e passou hoje a constar expressamente do CC (artigo 50). Assim dispõe o artigo 50 do CC:
“Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.”
	Então, temos uma situação onde está sendo executada uma sociedade e vai se penhorado o bem do sócio. 
	Uma questão processual sobre o assunto: É necessário que eu tenha uma prévia ação de conhecimento contra o sócio ou posso na execução executar direto o sócio, penhorar direto o bem do sócio? Dois entendimentos: Eu posso sustentar que primeiro deve haver uma ação de conhecimento contra o sócio para garantir o contraditório e a ampla defesa do sócio. 
	Por outro lado, se eu disser que tem que haver necessariamente uma ação de conhecimento eu estou sustentando uma situação complicada, o sujeito ajuíza uma ação contra a sociedade porque é ela que tem que figurar no pólo passivo, passou anos num processo de conhecimento, aí chega na execução a sociedade não tem bens suficientes para pagar, aí eu executo o sócio e este diz que primeiro seria preciso ajuizar uma ação de conhecimento contra ele, não tem título executivo nenhum contra mim, não fui parte no processo de conhecimento. Se eu aplicar esse raciocínio estamos pegando a desconsideração e jogando no lixo. 
	A posição majoritária hoje é de que existe a possibilidade de numa execução contra a sociedade a penhora de um bem do sócio, ou seja, a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica apenas na execução.O bem do sócio é penhorado e ele alega o que tiver alegar, por exemplo, que não praticou ato nenhum em violação de lei ou desvio de finalidade, nos Embargos ou na Impugnação. 
	O Juiz na decisão que determinar a penhora do bem do sócio ele tem que justificar, tem que dizer que ficou caracterizada hipótese permissiva de desconsideração da personalidade e que por isso se desconsiderou a personalidade jurídica e está se penhorando o bem do sócio. 
	Não há um contraditório prévio a penhora. A penhora é feita e depois o sócio que teve seu bem penhorado vai alegar o que tem que alegar. Não há um contraditório prévio à penhora. 
	O inciso III do artigo 592 do CPC trata da situação para efeito de penhora, o que se leva em consideração: a posse ou a propriedade, a detenção ou a propriedade? Claro que a propriedade. Então se o bem pertence ao Executado, mas está, por exemplo, concertando, eu posso penhorar? Posso. Se, pertence ao Executado eu posso. 
	
	O inciso IV do artigo 592 do CPC fala da hipótese em que o bem do cônjuge responde pela dívida. Quando o bem do cônjuge responde pela dívida? A regra é que se estabelece é de que responde ou de que não responde? Se a dívida for contraída em benefício da família vai poder ser penhorado o bem do outro cônjuge. Mas eu preciso trabalhar com uma realidade, com uma regra, e a regra é de que a dívida foi ou de que a dívida não foi contraída em benefício da família? A regra é que foi contraída em benefício da família. Logo, é possível a penhora do bem do cônjuge. O bem do cônjuge será penhorado. Quem terá que provar que a dívida não foi contraída em benefício da família coisa nenhuma? O cônjuge através, Embargos de Terceiro. 
	Pergunta inaudível de aluno a qual respondeu Celso Belmiro: é difícil dar uma definição do que seja uma obrigação reipersecutória. É uma obrigação de natureza pessoal, ou seja, não é qualificada pelo nosso direito como um direito real, mas que está atrelada a algum imóvel, a algum direito real. Não é direito real porque a lei não quis, a lei não qualificou como direito real, mas a obrigação acaba tendo reflexos nos direitos reais. 
	COMPETÊNCIA
	Precisamos fazer uma distinção, porque também os artigos que tratam da competência foram deslocados. O CPC tratava disso lá no artigo 575 do CPC, para execução fundada em título judicial e artigo 576 do CPC para título extrajudicial. O artigo 575 do CPC foi deslocado, foiparar no artigo 475-P e o título extrajudicial continuou no artigo 576 do CPC. 
	Lembrem-se que execução abrange o cumprimento de sentença e o processo de execução. 
O artigo 475-P dispõe:
“Art. 475-P. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
I – os tribunais, nas causas de sua competência originária; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
II – o juízo que processou a causa no primeiro grau de jurisdição; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
III – o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral ou de sentença estrangeira. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
Parágrafo único. No caso do inciso II do caput deste artigo, o exeqüente poderá optar pelo juízo do local onde se encontram bens sujeitos à expropriação ou pelo do atual domicílio do executado, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)”
	Se repararmos e comparáramos com o inciso I antigo do 575 do CPC, que dizia que os Tribunais Superiores nas causas de sua competência originária. Hoje, o inciso I fala apenas em Tribunais. Por que essa mudança? Porque não é só STJ e STF que tem competência originária não. Eu tenho ação que começa no TJ, eu tenho ação que começa no TRF. E se as ações começam no TJ e começam no TRF onde se daria a execução da sentença dessas ações? 
	A regra é: a execução vai se dar onde a ação começou. 
	Então, ao invés de trabalhar com os Tribunais Superiores eu trabalho com Tribunais nas causas de sua competência originária. E quer saber? Nem precisava desse inciso I. Porque o inciso II cuida dele, “o juízo que processou a causa”. 
	Por que eu digo que o inciso I é dispensável? Porque o inciso II abarca o inciso I. 
	Quando eu falo no inciso II em primeiro grau de jurisdição o que eu estou querendo dizer? O que é grau de jurisdição? Primeiro grau de jurisdição é igual à primeira instância? Não. Grau de jurisdição é contato com a matéria. 
	O STF atua em primeiro grau de jurisdição? Sim. Quando? Quando a ação começa lá. 
	Não confundir grau de jurisdição com instância. Existem órgãos de segunda instância que atuam em primeiro grau de jurisdição. Existem órgãos de segundo grau de jurisdição que atuam em primeira instância (exemplo, Turma Recursal).
	O inciso III fala em juízo cível competente, que juízo cível competente? Por que aqui o CPC fala que a competência é do juízo cível competente? Porque ao contrário dos incisos anteriores, neste inciso temos um título judicial, mas a execução não vai se dar onde começou a ação. 
	Se eu tenho uma sentença penal condenatória, a ação foi processada aonde? Na Vara Criminal. A execução civil vai ser lá? Não. 
	Se eu tenho uma sentença arbitral execução vai ser no Juízo arbitral? Não. 
	Se eu tenho uma sentença estrangeira, uma sentença da Bélgica, a execução dela vai ser onde, na Bélgica? Não. 
	Nessas três hipóteses apesar de eu ter um título judicial, a execução não se dará onde foi criado o título judicial. Por isso que o CPC diz que é o juízo cível competente. Como eu vou descobrir qual juízo cível será o efetivamente competente? Vou aplicar as regras gerais de fixação de competência. E qual é a principal delas em se tratando de território? Domicílio do réu. Na sentença estrangeira ou na sentença arbitral o réu será citado para uma ação que será processada onde ele, Réu, é domiciliado. 
	O parágrafo único do artigo 475-P do CPC é novidade, possibilita excepcionalmente, o cumprimento de sentença sendo processado num local diferente da Vara onde foi proferida a sentença. 
	 Digamos que a sentença foi proferia aqui na 20ª Vara Cível, só que o credor, o exeqüente verifica que o devedor tem bens lá em Petrópolis ou verifica que agora no curso do processo se mudou para Rio das Ostras. O que o Exeqüente pode requerer? Que o cumprimento da sentença seja processado em Petrópolis, pois é lá que o devedor tem bens. Ou que o cumprimento da sentença se dê em Rio das Ostras, pois é lá que o devedor mora agora. Essa é uma exceção à regra geral de que a execução se dá onde a execução começou. Essa foi uma modificação interessante, pois não existia antes. Só vale para o inciso II do artigo 475-P do CPC, mas Celso Belmiro diz que ele entende ser possível dar uma interpretação extensiva, daria para aplicar o parágrafo único ao inciso III no caso de o sujeito querer mover a execução onde o sujeito tem bens e não onde ele é domiciliado. Mas Celso Belmiro confessa que não leu nada a esse respeito. 
	A competência para o processo de execução continua lá no artigo 576 do CPC, que dispõe:
“Art. 576. A execução, fundada em título extrajudicial, será processada perante o juízo competente, na conformidade do disposto no Livro I, Título IV, Capítulos II e III.”
	É de uma profundidade... 
	Tenha paciência, estamos lendo um artigo que busca definir a competência, aí o próprio artigo diz que será processado perante o juízo competente. 
	O que é o Livro I, título IV, Capítulos II e III? As regras do processo de conhecimento. Não me diz nada. 
	Então, se eu tenho execução de título extrajudicial o STJ manda que eu observe uma regra, uma seqüência. Primeiro eu devo verificar se no título extrajudicial existe foro de eleição. Se no título houver foro de eleição, por exemplo, instrumento de confissão de dívida, contrato de aluguel..., é no foro de eleição que se dará a execução. E se não houver foro de eleição? Deve-se verificar se existe ou não local de pagamento. Se o título possuir local onde aquela obrigação deve ser satisfeita, onde aquela dívida deva ser paga, é lá que a execução deve ser proposta. 
	Não existindo foro de eleição, nem local do pagamento, vai para a regra geral, que é a do domicílio do executado (regra geral do processo de conhecimento).

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