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CC Aula 14

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Título 
DIREITO CIVIL I 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
14 
Tema 
DECADÊNCIA 
Objetivos 
·         Conceituar, distinguir  e analisar os elementos da decadência.  
·         Reconhecer as caracterı́sticas, espécies, causas e efeitos da decadência nos negócios jurı́dicos. 
·         Identiϐicar as caracterı́sticas relacionadas  ao instituto da decadência no atual Código Civil. 
·         Elencar os prazos decadenciais. 
·         Diferenciar a decadência do instituto da prescrição. 
Reconhecer os casos de aplicação da decadência no Código de Defesa do Consumidor 
Estrutura do Conteúdo 
DECADEƹNCIA 
1. Conceito. Teorias 
2. Decadência: conceito, elementos, fundamento e espécies 
3. Regras gerais 
4. Prazos de decadência 
5. Decadência no Código de Defesa do Consumidor 
6. Distinção entre prescrição e decadência. 
DECADÊNCIA. 
A origem da palavra decadência vem do verbo laƟno cadere, que significa cair. 
A decadência aƟnge diretamente o direito em razão também da desídia do Ɵtular durante certo lapso temporal. Portanto, a decadência é a exƟnção do direito pela inércia do Ɵtular, 
quando a eficácia desse direito estava originalmente subordinada ao exercício dentro de determinado prazo, que se esgotou, sem o respecƟvo exercício. O tempo age, no caso de 
decadência, como um requisito do ato. 
O objeto da decadência, portanto, é o direito que nasce, por vontade da lei ou do homem, subordinado à condição de seu exercício em limitado lapso de tempo. 
A decadência está relacionada aos direitos que são objetos de ações consƟtuƟvas. 
O Código Civil de 2002 aborda expressamente a decadência, nos arts. 178, 179, e 207 a 211, ao contrário do Código Civil de 1916. 
Assim como a prescrição, pode ser argüida tanto por via de ação como por meio de de exceção ou defesa. 
As normas de suspensão, impedimento e interrupção não são aplicáveis à decadência, que envolve prazos fatais, peremptórios, salvo disposição em contrário, como a exceção 
encontrada no art. 26, § 2°, do Código de Defesa do Consumidor. 
A decadência, também chamada caducidade, vem a ser a perda do próprio direito material em razão do decurso do tempo. A decadência importa o desaparecimento, a exƟnção de 
um direito pelo fato de seu Ɵtular não exercê-lo durante um prazo esƟpulado na lei. É a exƟnção do direito pela inação de seu Ɵtular que deixa escoar o prazo legal ou 
voluntariamente fixado para o seu exercício. 
 Perdido o prazo, perdido estará o direito. Enquanto na prescrição ocorre a perda do direito de exercitar uma ação ou, como vem desenvolvendo a doutrina mais moderna, a perda de 
uma pretensão, a decadência importa a perda do próprio direito material. Importante notar que a decadência não admite suspensão ou interrupção. O prazo decadencial é fatal. O 
fundamento da decadência é o mesmo da prescrição: a segurança nas relações jurídicas. Outra disƟnção entre prescrição e decadência reside no fato de que a prescrição deve ser 
alegada pelo interessado, para produzir efeitos judiciais, ao passo que a decadência pode ser declarada ex officio (de oİcio) pelo juiz. Um exemplo singelo de decadência é o 
seguinte: a concessão de um prazo para pagamento à vista de uma obrigação com direito a desconto; exercido o direito em tempo hábil, haverá o beneİcio do desconto, caso 
contrário, ocorrerá a caducidade do próprio direito. Outro exemplo de decadência é o previsto no Art. 173 do CTN. 
Outro exemplo de decadência   junto ao direito posiƟvo é o do Art. 103 do CP: 
 Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, 
contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do Art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da 
denúncia. 
Como se vê, relaciona -se a decadência com os direitos cujo exercício se acha limitado no tempo, de tal forma que, ou se exercem dentro do prazo legal ou desaparecem. O objeto da 
decadência, repita -se, é o próprio direito material, cujo exercício se encontra, desde seu nascimento, limitado no tempo. 
O prazo de decadência, uma vez iniciado, segue conƟnuadamente, até seu final, inadmiƟdas a suspensão ou a interrupção, ao passo que o prazo de prescrição comporta suspensão 
ou interrupção. Por outro lado ocorre na decadência como na prescrição a não oponibilidade a absolutamente incapazes. (Art. 3º, CC e Art. 198, I, CC). 
O objeto da decadência é o direito que, por determinação legal ou por vontade humana, está subordinado à condição de exercício em certo espaço de tempo, sob pena de 
caducidade. 
A jurisprudência e a doutrina vinham entendendo como prazos de decadência os seguintes: 
- 1 ano de doador revogar a doação (art.559); 
- 120 dias para exercer o direito de impetrar mandado de segurança. Etc... 
Porém, no novo Código Civil, os prazos decadênciais e prescricionais estão melhores destacados em seus arƟgos, facilitando o entendimento nas questões de maior disputa. Ex. art. 
45 parágrafo único, art. 48 parágrafo único, art. 178, art. 501 etc. 
ESPÉCIES DE DECADÊNCIA: 
1 LEGAL 
Quando é prevista em lei, sendo reconhecida de oİcio pelo juiz, ainda que se trate de direitos patrimoniais; de acordo com o arts. 210 do Código Civil de 2002. 
O prazo decadencial legal é irrenunciável, segundo o art. 209 do Código Civil de 2002. 
2. CONVENCIONAL 
EsƟpulada pelas partes, somente a parte beneficiada poderá alegá-la, sendo vedado ao juiz de Direito suprir a alegação da parte, consoante o art. 211 do Código Civil de 2002. 
O prazo decadencial convencional pode ser renunciado, a teor do art. 209 do Código Civil de 2002, a contrario sensu. 
DISTINÇÃO ENTRE PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA. 
Apesar de serem similares, a decadência não se confunde com a prescrição, embora, à primeira vista, ante o traço comum do lapso de tempo aliado à inação do Ɵtular, possa 
parecer que os prazos prescricionais não se disƟnguem dos decadenciais. 
A prescrição refere -se a perda da possibilidade de se propor a ação para reclamar direitos, ou seja, a perda do direito processual, enquanto que a decadência diz respeito a perda 
do direito material. Além disso, diferentes são as caracterísƟcas de cada insƟtuto, pois enquanto a prescrição admite interrupção e não corre em relação a determinadas pessoas, a 
decadência é "fatal", correndo contra quem quer que seja, não admiƟndo suspensão, sequer interrupção. 
Temos então que a prescrição não corre contra certas pessoas e se suspende e se interrompe, enquanto que o prazo de decadência corre contra todos e não se suspende, nem se 
interrompe. 
Na verdade para se ter uma noção de prescrição e decadência é preciso ter uma noção trazida pelo ilustre doutrinador italiano Chiovenda. Ele fala a respeito dos direitos de 
prestação e direitos potestaƟvos. Em suma, direitos de prestação são aqueles em que se busca uma sentença condenatória, onde o juiz condena a parte a entregar, fazer ou não fazer 
algo. Ao passo que nos direitos potestaƟvos o autor busca na prestação jurisdicional uma sentença consƟtuƟva, ou seja, onde o juiz irá decidir consƟtuindo ou desconsƟtuindo 
uma relação, ou melhor, uma situação jurídica. Ainda há aquelas ações, denominadas meramente declaratórias em que se busca tão somente a declaração da existência ou 
inexistência de uma situação jurídica. Até aqui parece bobagem termos falado nisso porque o Código Civil de 2002 foi bem claro no que diz tange a Prescrição e a Decadência: o que 
esƟver conƟdo nos arts. 205 e 206 será prescrição e o que não esƟver, por exclusão, será decadência. Surge, contudo, o problema porque a legislação civil vigente no país não está 
compilada unicamente no Código Civil e por vezes essa legislação não deixa clara essa disƟnção. É aqui que vamos uƟlizar a diferenciação, de forma bem suscinta dos direitos de 
prestação e direitos potestaƟvos. Em se tratando de uma ação que busque uma sentença condenatória, entãoserá prescrição. Caso a ação vise uma sentença consƟtuƟva, será 
portanto alvo de decadência. E por fim, as ações meramente declaratórias não prescrevem nem decaem. Se em uma ação buscar uma sentença condenatória e consƟtuƟva ao mesmo 
tempo, como no caso um contrato que o autor pede para ser rescindido por vício oculto no objeto e na mesma ação peda a condenação em perdas e danos, o prazo a ser aplicado é o 
decadencial. Em se tratando de uma sentença consƟtuƟvo-declaratória ou declaratória -condenatória, será neste caso o prazo prescricional e naquele dependerá se o direito 
potestaƟvo abarca a decadência. 
Hé quem diga que a prescrição é a perda do direito de ação, enquanto outros afirmam ser a perda do direito de pretensão. Mas, não obsta a pretensão uma vez que mesmo que o 
prazo prescricional já tenha se esgotado, caso o devedor cumpra a obrigação não poderá depois pedir a repeƟção do indébito, ou seja, pedir que se desfaça o pagamento. O que a 
prescrição aƟnge é a responsabilidade, pois, esgotado o prazo prescricional o devedor não é mais responsável judicialmente pela dívida, pagando somente se assim o desejar, pois 
até o pagamento ele estará inadimplente com uma obrigação natural. A decadência sim aƟnge o direito diretamente e assim, após o prazo decadencial, o direito que foi alvo deste 
prazo fica prejudicado. Outra diferença, é que a prescrição pode ser suspensa ou interrompida, sendo que neste caso uma única vez, enquanto que a decadência nem interrompe nem 
suspende. A prescrição, como foi dito, é de ordem privada e pode sofrer renúncia, na medida que a decadência por ser de ordem pública não pode ser alvo de renúncia e pode ser 
reconhecida pelo juiz ex officio. 
A doutrina e jurisprudência pátrias adotaram inúmeros métodos para diferenciar os insƟtutos da prescrição e da decadência, já que ambos envolvem efeitos do decurso do tempo 
nas relações jurídicas, sendo muitas vezes confundidos. 
O Código Civil de 1916, ao tratar em setor específico exclusivamente o tema da prescrição, contribuiu para a nebulosidade que acostumou acompanhar o tema, posto que em muitos 
dos casos previstos no art. 178, não se tratava de prescrição, mas sim de decadência. 
A seguir serão vistas as principais diferenças entre ambos os insƟtutos jurídicos. 
1º - A decadência começa a correr, como prazo exƟnƟvo, desde o momento em que o direito nasce. Enquanto a prescrição não tem seu início com o nascimento do direito, mas a 
parƟr de sua violação, porque é nesse momento que nasce a ação contra a qual se volta a prescrição. 
2º - Diversa é a natureza do direito que se exƟngue, pois a decadência supõe um direito que, embora nascido, não se efeƟvou por falta de exercício, ao passo que a prescrição supõe 
um direito nascido e efeƟvo, mas que pereceu por ausência de proteção pela ação, contra a violação sofrida. 
3º - A decadência, como regra geral, não é suspensa nem interrompida e só é impedida pelo exercício do direito a ela sujeito. A prescrição pode ser suspensa ou interrompida pelas 
causas expressamente colocadas em lei. 
4º - A decadência pode ser fixada pela lei ou pela vontade das partes bilateralmente ou unilateralmente. Enquanto a prescrição só se estabelece por lei. 
5º - A decadência legal pode ser reconhecida de oİcio pelo juiz e independe da argüição do interessado. Porém a prescrição poderá ser reconhecida de oİcio apenas nos casos de 
interesses de absolutamente incapazes, conforme art. 194 do Código Civil de 2002. 
6º - A prescrição admite renúncia depois de consumada, não sendo admiƟda antes ou no curso do prazo, porque é insƟtuto de ordem pública, decorrente da lei(5) , a decadência 
legal não pode ser renunciada. 
7º - A decadência opera contra todos, salvo contra absolutamente incapazes, ex vi art. 208 do Código Civil de 2002, enquanto que a prescrição não opera para determinadas pessoas 
elencadas pelo art. 198 do Código Civil de 2002. 
  
O Código Civil de 2002 foi mais práƟco, ao determinar serem os prazos de prescrição, apenas e exclusivamente, os taxaƟvamente discriminados na Parte Geral, nos arts. 205 (regra 
geral, prazo de 10 anos) e 206 (regras especiais), sendo de decadência todos os demais, estabelecidos como complemento de cada arƟgo que rege a matéria, tanto na Parte Geral 
como na Especial. Essa foi uma das principais inovações trazidas pelo Código Civil em vigor. 
Enfim, para evitar a discussão sobre se a ação prescreve ou não, adotou -se a tese da prescrição da pretensão, por ser considerada a mais condizente com o direito processual 
contemporâneo, afastando a possibilidade de envolver o direito subjeƟvo público abstrato de ação. 
  
. EXCEÇÕES 
A prescriƟbilidade é a regra, diante dos moƟvos anteriormente apresentados. 
No entanto, há ações que não são prescriơveis, pois certas relações jurídicas não se coadunam com os insƟtutos da prescrição ou da decadência, tais como o direito de 
personalidade, a vida, ao nome, a nacionalidade, as de estado das pessoas (tais como filiação, cidadania, condição conjugal). Os imóveis públicos não podem ser adquiridos por 
usucapião, logo não são submeƟdos à prescrição aquisiƟva, a teor dos arts. 183, § 3°, e art. 191, parágrafo único, da ConsƟtuição Federal de 1988. 
No estudo da prescrição e da decadência sempre estão presentes um embate de princípios  - o da jusƟça e o da segurança jurídica, que devem ser harmonizados para a efeƟva 
aplicação do ordenamento jurídico. 
Por outro lado, o direito não dá a mesma proteção a todos os direitos existentes. O ordenamento jurídico traduz uma escala de valores, que conduz à classificação de direitos de 
acordo com a sua importância, sendo aos mais importantes atribuída uma proteção maior. 
A regra geral de prevalência da segurança jurídica sucumbe ao princípio da jusƟça quando estão violados direitos anteriormente referidos, de modo que o tempo deve ser 
desconsiderado. Entendimento em contrário comprometeria o próprio fim do direito, alcançado via prescrição e decadência, qual seja, a resolução de conflitos em prol da 
pacificação social. Vale dizer, a sociedade, por exemplo, não aceita que a violação ao direito à paternidade seja consolidada por meio do decurso de tempo, o que impediria a 
resolução de conflito(6) . 
 Se fizéssemos um quadro comparaƟvo entre as diferenças conceituais e seus efeitos dos insƟtutos da prescrição e da decadência chegaríamos a seguinte conclusão 
 A pergunta que se faz é a seguinte: o fato de juiz pronunciar a prescrição de oİcio significa que a matéria se tornou de ordem pública? 
 A segunda pergunta é a seguinte: se a resposta à primeira questão for posiƟva,  tornando-se a prescrição matéria de ordem pública, não seria mais possível a renúncia à prescrição, 
estando, portanto, revogado o arƟgo 191 do Código Civil? 
 A resposta a ambas às perguntas é negaƟva. Primeiramente, cabe diferenciar matéria de ordem pública de matéria em que há interesse público. 
 Conforme explica de maneira cristalina HENRIQUE HERKENHOFF “os juízes não conhecem de oİcio apenas matéria de ordem pública, mas também aquelas em que há mero interesse 
público na proteção de matéria privada (menores, fazenda pública, direitos indisponíveis), bem como os pedidos que se consideram implícitos (juros legais, correção monetária) ou 
quaisquer outras que o legislador escolha, segundo sua discricionariedade legislativa” (e -mail enviado ao autor em 16 de março de 2006). 
 Assim, a alteração foi apenas programáƟca, para facilitar aos juízes a exƟnção de um feito sem a necessidade de citação, sem a necessidade de análise de mérito. A exƟnção é a 
forma mais rápida de redução do trabalho que gera a morosidade do Poder Judiciário. 
 Há um forte argumento no senƟdo de que a renúncia da prescrição não mais produziria efeitos, ainda que o devedor Ɵvesse se despojado do direito de invocá-la. Se o juiz a 
pronuncia de oİcio, o processo seria exƟnto de imediato, mesmo sem a citação do devedor, que, portanto, não teria chance de renunciá-la. Assim,a renúncia não produziria efeitos.A proposição tentadora parte de premissa equivocada. Isso porque renúncia à prescrição é o ato pelo qual o prescribente se despoja do direito de invocá -la. Pode ter ela duas 
modalidades: expressa ou tácita. 
 a)      expressa: em decorrência de manifestação de vontade do devedor. 
b)      tácita: caracteriza -se quando o devedor, ciente de que a prescrição se consumou, praƟca algum ato ostensivo que envolve reconhecimento do direito prescrito  
 Se a renúncia for expressa, e, portanto, o devedor declara por escrito que não invocará a prescrição, pode o autor propor a demanda, junta a declaração com a peƟção inicial, e não 
poderá o juiz pronunciá -la de oİcio, pois a renúncia já ocorreu. A demanda prosseguirá e o mérito será analisado. 
 Da mesma forma, a renúncia foi tácita e o devedor espontaneamente pagou dívida prescrita, não haverá demanda de cobrança e a renúncia terá produzido todos os seus efeitos. 
 Colaborando com o debate jurídico, entende FLÁVIO TARTUCE que se alguém cobrar uma dívida prescrita o juiz não irá pronunciar de oİcio a prescrição, mas sim determinar a 
citação do réu para que se manifeste sobre a renúncia à prescrição. Assim, conƟnuaria sendo possível a renúncia judicial, inclusive porque se trata de um exercício da autonomia 
privada do devedor. 
 TARTUCE explica, ainda, que no Direito Comparado a prescrição já é reconhecida de oİcio (Itália e Portugal), mas isso não faz com que a prescrição seja reconhecida como matéria 
de ordem pública naqueles Países por se tratarem de matérias de cognição privada que podem ser reconhecidas de oİcio (e-mail enviado ao autor em 20 de março de 2003). 
Agora, uma certeza conƟnua prevalecendo. O legislador igualou a prescrição e a decadência apenas com relação a um de seus efeitos: ambas podem ser declaradas de oİcio pelo 
juiz. 
 De resto, nada mudou. Igualar um insƟtuto ao outro em razão da semelhança de efeitos revela atecnia. Estaríamos diante de verdadeiro o silogismo barroco: 
 Premissa 1: o homem tem sangue quente. 
Premissa 2: o coelho tem sangue quente. 
Conclusão: o homem é coelho. 
  
Outro exemplo de silogismo: 
Premissa 1. a decadência será conhecida de oİcio pelo juiz (CC, art. 211). 
Premissa 2. a prescrição será conhecida de oİcio pelo juiz (CC, art. 219, §5º). 
Conclusão: a decadência é prescrição. 
 As conclusões são ilógicas! Portanto, o fato de juiz pronunciar a prescrição de oİcio não a transforma em matéria de ordem pública e nem altera seus normais efeitos. 
 Prescrição e decadência eram, são e serão sempre insƟtutos diferentes e com suas conseqüências próprias. 
 PRAZOS DECADENCIAIS NO CDC, SUAS ESPECIFICIDADES 
O CDC nos apresenta alguns prazos, como: 
30 dias: para reclamar de vícios aparentes e de fácil constatação no fornecimento de serviços e produtos não duráveis. (art. 26, I)  
90 dias: na mesma hipótese para serviços e produtos duráveis. (art. 26, II)  
Quando se fala em decadência, muitos doutrinadores observam que o disposto no caput do arƟgo 26 do CDC não é claro no que tange à expressão "direito de reclamar", o que enseja 
discussões acerca do senƟdo da norma: se esta diz respeito à "reclamação" em âmbito judicial, ou meramente perante o fornecedor ou, ainda, a algum órgão de defesa do 
consumidor. Tendo em vista o conteúdo extensivo das normas consumeristas, seu espírito de favorecimento ao consumidor e observando o disposto no inciso I do § 2º do referido 
arƟgo [06], entendemos que o caput se refere ao direito de reclamar judicialmente, visão esta respaldada por Cláudia Lima Marques. 
A data inicial para contagem do prazo de reclamação também é controversa, mas coerente com o espírito do CDC, que dá ao juiz margem para interpretações favoráveis ao 
consumidor, cabendo, assim, ao magistrado determiná -la, de acordo com a natureza do produto ou serviço e visando sempre sua finalidade social. 
PRAZOS PARA RECLAMAÇÃO 
O CDC uƟliza dois critérios para a fixação do prazo de reclamação: a facilidade de constatação do vício (oculto ou aparente) e a durabilidade do serviço ou produto. 
O inciso I do arƟgo 26, estabelece o prazo de trinta dias para produtos e serviços não-duráveis, tais como alimentos, no caso de produtos, e de organização de festas, no caso de 
serviços. Já o inciso II, coloca o prazo de noventa dias para reclamações referentes a produtos duráveis (eletrodomésƟcos, veículos, máquinas, imóveis etc) e serviços duráveis 
(temos como exemplo aqueles que se renovam ou que são cobrados periodicamente, como televisão por assinatura, assinatura de revistas e serviços bancários, entre outros). Os 
§§´s 1º e 3 º do referido arƟgo estabelecem que os prazos de trinta e noventa dias são os mesmos para vícios aparentes ou ocultos, pois regem-se pela durabilidade do serviço ou 
produto. Entretanto, a contagem desses prazos dá -se a parƟr da entrega efeƟva do produto ou da execução do serviço no primeiro caso, e da revelação do defeito, no segundo. 
A POLÊMICA DO §2º DO ARTIGO 26: INTERRUPÇÃO, SUSPENSÃO OU CAUSAS MERAMENTE OBSTATIVAS? 
 O § 2º do arƟgo 26 do CDC dispõe que a instauração de inquérito civil até seu encerramento e a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de 
produtos e serviços, até resposta negaƟva transmiƟda de forma inequívoca "obstam" a decadência. A uƟlização dessa expressão gerou intensa discussão doutrinária, visto que, 
tradicionalmente, a decadência não era passível nem de suspensão, nem de interrupção. Gerou-se dúvida no senƟdo de saber se o legislador inovou na interpretação do insƟtuto ou 
se inovou com um terceiro gênero de obstaculização de prazos. 
Da discussão, formaram -se três correntes. A primeira, defendida por RizzaƩo Nunes, sustenta que o referido disposiƟvo legal não se refere nem à suspensão, nem à interrupção, 
afinal, se o legislador assim quisesse, teria uƟlizado uma dessas expressões. Dessa corrente, decorrem duas interpretações: uma afirma que como a decadência aƟnge o direito a 
ser consƟtuído e a prescrição, a direito já consƟtuído, nas hipóteses do parágrafo segundo, o prazo decadencial pararia de correr, passando a fluir o prazo prescricional, enquanto 
a outra interpretação pugna pela aplicação analógica do regime de suspensão ao de obstaculização. A segunda corrente afirma que os prazos de 30 e 90 dias dispostos no arƟgo 26, 
somam prazos decadenciais e prescricionais e, portanto, tratar-se -ia de interrupção, devendo retomar o prazo pelo saldo. Já a terceira corrente indica que o prazo disposto no arƟgo 
26 é decadencial, mas que, como prazos dessa natureza não podem ser suspensos, ou interrompidos, dever -se ia aplicar, analogicamente, o artigo 27 do CDC ou a regra geral do 
arƟgo 206 do Código Civil, o que for mais benéfico para o consumidor. Esta úlƟma corrente vem sendo largamente uƟlizada na jurisprudência há alguns anos. 
O VETO PRESIDENCIAL AO INCISO II DO § 2º DO ARTIGO 26 DO CDC 
Havia previsão no inciso II, do § 2º do arƟgo 26, da possibilidade do consumidor formular, no prazo de noventa dias, a reclamação pelos vícios dos produtos e serviços perante 
enƟdades privadas e públicas de defesa do consumidor. Este disposiƟvo recebeu veto presidencial sob o fundamento de que ameaçaria a estabilidade das relações jurídicas, pois 
atribuiria à enƟdade privada função reservada, por sua própria natureza, aos agentes públicos. 
O Superior Tribunal de JusƟça, no REsp. nº 65.498 -SP, decidiu que a reclamação formulada pelo consumidor perante o Procon, sem qualquer pretensão reparatória, não é causa 
obstaƟva da decadência. No entanto, a nosso ver, entendemos que esta posição tende a mudar, visto a crescente atuação e reconhecimento desses órgãos no país —em função do 
crescimento e profissionalização do terceiro setor e do incremento da representaƟvidade associaƟva— somados aos princípios da legislação consumerista, que interpretam sempre 
favoravelmente ao consumidor. 
 INSTITUTOS ASSEMELHADOS 
1. PEREMPÇÃO 
O insƟtuto processual que exƟngue somente o direito de ação é a perempção, decorrenteda contumácia do autor que deu causa a três arquivamentos sucessivos (art. 268, parágrafo 
único, CPC). 
Restam conservados o direito material e a pretensão, que só podem ser opostos em defesa ou exceção. 
2. PRECLUSÃO 
É a perda de uma faculdade processual, por não ter sido exercida no momento próprio, impedindo nova discussão em questões já decididas, dentro do mesmo processo. 
. DA PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 
Não há muita diferenciação nos insƟtutos da prescrição e da decadência tratados pelo direito consumeirista. O que ocorre é diferenciação de prazos. 
O art. 26 do Código de Defesa do Consumidor trata dos prazos decadenciais, ao contemplar o direito de reclamar por vícios aparentes ou ocultos dos produtos e serviços, que se 
exƟngue em 30 dias, se o produto ou serviço for não durável; e em 90 dias, se for durável. A durabilidade se relaciona com o tempo médio de consumo do produto ou serviço. 
O termo inicial da decadência, para vícios aparentes, começa a parƟr da entrega efeƟva do produto ou do término da execução dos serviços; já para os vícios ocultos, quando 
evidenciado o defeito. 
Causas suspensivas da decadência, previstas no § 2° do art. 26 do Código de Defesa do Consumidor são: a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor até a resposta 
negaƟva do fornecedor e a instauração de inquérito civil pelo ministério público, até seu encerramento. 
Por sua vez, o art. 27 do Código de Defesa do Consumidor regula a prescrição nos casos de responsabilidade por danos, nos acidentes causados por defeitos do produto ou serviço. 
O prazo prescricional é de cinco anos, contados a parƟr do conhecimento por parte do consumidor do dano e de sua autoria. 
. DIREITO INTERTEMPORAL 
O art. 2.028 das disposições transitórias do Código Civil de 2002 contém normas que devem ser aplicadas aos prazos em curso quando da vigência do estatuto civil em vigor. 
Os prazos serão os da lei anterior, quando reduzidos pelo Código Civil de 2002 e se na data de sua entrada em vigor houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na 
lei revogada. Caso contrário, serão aplicados os prazos estabelecidos pelo Código Civil de 2002. 
Nome do livro: Curso de Direito Civil vol.1 Parte Geral - ISBN - EAN-13: 9788530927929 
Nome do autor: NADER, Paulo 
Editora: Forense 
Ano: 2009. 
Edição: 6a 
Nome do capítulo: Prescrição e Decadência 
N. de páginas do capítulo : 19 
Aplicação Prática Teórica 
___ Caso Concreto 1 
1. Ana Maria comprou um produto na loja de João Ricardo. Ao utilizar o produto, percebeu que o mesmo apresentava defeito. Acontece que estava entrando de férias, com 
viagem marcada para ficar 30 dias em um cruzeiro pelo Caribe. Dois dias depois de retornar da viagem, procurou a loja para reclamar e ouviu do balconista que não teria 
mais direito em razão deste haver decaído. 
Inconformada procura seu escritório de advocacia e formula as seguintes perguntas: 
a)      O que é um prazo decadencial? 
b)      Como se deve proceder para não perder o direito pela decadência em caso de direito do consumidor? 
c)      Qual a diferença entre decadência e prescrição? 
  
CASO CONCRETO 2 
  
Antonio Renato de Araújo Bacamarte, aluno do curso de Direito, na cidade de Ourinhos/SP, acaba de ter sua primeira aula de Direito Civil sobre o assunto prescrição e decadência. 
Assim que ϐica sabendo da feliz notı́cia, seu avô, o velho coronel Tião Bacamarte, resolve promover uma sabatina com o neto e faz-lhe as seguintes perguntas: 
  
a) EƵ possı́vel se transformar um prazo prescricional em decadencial?  
  
  
b) Como ϐicam as regras da prescrição neste caso? 
CASO CONCRETO 3 
  
A profa. Salete Marques de Araujo colocou os seguintes exemplos no quadro : 
1.  Maria entrou com ação na Justiça para que João lhe pague R$1.500,00 que ela lhe emprestara. 
2. A Cia de Navegação Novos Rumos está acionado na Justiça o estofador Mário Espinosa para que este acabe de reformar   o estofamento das poltronas  do teatro do navio A Rota II. 
3. Dr. João Carı́ssimo entrou na Justiça pedindo a anulação do contrato de compra e venda de sua mansão, pois descobriu que o adquirente é menor de 16 anos e assinou sózinho toda 
a documentação. 
4.  Ao receber em casa uma TV LCD de 68 polegadas, José da Silva descobriu que o comprador era um homônimo. Devolveu  o produto, mas está sendo cobrado, por isso entrou com 
uma ação declaratória de inexistência de relação jurı́dica em face da loja de eletrodomésticos. 
A seguir, a profa. Pediu aos seus alunos: 
- Indiquem quais são os casos em que os prazos relativos são prescricionais e os decadenciais, justiϔicando:   
  
QUESTÕES OBJETIVAS 
  
  
A RESPEITO DA PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA, É CORRETO AFIRMAR: 
 a) Prescreve em dez anos a cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular.  
 b) No contrato regularmente formalizado por escrito, as partes podem renunciar a decadência ϐixada em lei.  
 c) Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá - la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação.  
 d) A alteração do prazo prescricional por acordo das partes só terá validade se comprovada nos autos por instrumento público ou particular.  
 e) A prescrição iniciada contra uma pessoa cessa com a sua morte, iniciando -se novo prazo em relação ao seu sucessor. 
  
De acordo com o Código Civil brasileiro, com relação à prescrição e à decadência, é correto aϐirmar:  
 a) A prescrição iniciada contra uma pessoa não continua a correr contra o seu sucessor.  
 b) Prescreve em três anos a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má - fé, correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição.  
 c) A interrupção da prescrição, em regra, poderá ocorrer quantas vezes forem necessárias.  
 d) EƵ defesa, em qualquer hipótese, a renúncia tácita da prescrição, por expressa determinação legal.  
 e) Salvo disposição legal em contrário, em regra, aplicam -se à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição. 
Plano de Aula: DIREITO CIVIL I
DIREITO CIVIL I 
 PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA 
Refere -se a prazos para exercíc io de pretensões
(prestações de dar, fazer e não fazer) 
Refere -se   a  p razos  pa ra  exe rc í c io s  de  d i re i tos
p o t e s t a t i v o s ( q u e p o d e m s e r e x e r c i d o s
independentemente da colaboração do sujeito
passivo) 
Em termos de tutela jurídica, as ações condenatórias
estão sujeitas a prazos prescricionais (ex: pagamento
de indenização) 
As   a çõe s   con sƟtuƟvas   e   de s con sƟtuƟvas   e s t ão
su je i tas  à  decadênc ia   (ex :  ação  anulatór ia  de
contrato por erro, dolo ou coação) 
Sofre interrupção, impedimento e suspensão Não sofre, em regra, interrupção ou suspensão. 
AƟnge interesses de cunho patrimonial e que não tem
relevância para ordem pública. 
Cuida de matérias de interesse público. 
Estácio de Sá Página 1 / 5
Título 
DIREITO CIVIL I 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
14 
Tema 
DECADÊNCIA 
Objetivos 
·         Conceituar, distinguir  e analisar os elementos da decadência.  
·         Reconhecer as caracterı́sticas, espécies, causas e efeitos da decadência nos negócios jurı́dicos. 
·         Identiϐicar as caracterı́sticas relacionadas  ao instituto da decadência no atual Código Civil. 
·         Elencar os prazos decadenciais. 
·         Diferenciar a decadência do instituto da prescrição. 
Reconhecer os casos de aplicação da decadência no Código de Defesa do Consumidor 
Estrutura do Conteúdo 
DECADEƹNCIA 
1. Conceito. Teorias 
2. Decadência: conceito, elementos, fundamento e espécies 
3. Regras gerais 
4. Prazos de decadência 
5. Decadência no Código de Defesa do Consumidor 
6. Distinção entre prescrição e decadência. 
DECADÊNCIA. 
A origem da palavra decadência vem do verbo laƟno cadere, que significacair. 
A decadência aƟnge diretamente o direito em razão também da desídia do Ɵtular durante certo lapso temporal. Portanto, a decadência é a exƟnção do direito pela inércia do Ɵtular, 
quando a eficácia desse direito estava originalmente subordinada ao exercício dentro de determinado prazo, que se esgotou, sem o respecƟvo exercício. O tempo age, no caso de 
decadência, como um requisito do ato. 
O objeto da decadência, portanto, é o direito que nasce, por vontade da lei ou do homem, subordinado à condição de seu exercício em limitado lapso de tempo. 
A decadência está relacionada aos direitos que são objetos de ações consƟtuƟvas. 
O Código Civil de 2002 aborda expressamente a decadência, nos arts. 178, 179, e 207 a 211, ao contrário do Código Civil de 1916. 
Assim como a prescrição, pode ser argüida tanto por via de ação como por meio de de exceção ou defesa. 
As normas de suspensão, impedimento e interrupção não são aplicáveis à decadência, que envolve prazos fatais, peremptórios, salvo disposição em contrário, como a exceção 
encontrada no art. 26, § 2°, do Código de Defesa do Consumidor. 
A decadência, também chamada caducidade, vem a ser a perda do próprio direito material em razão do decurso do tempo. A decadência importa o desaparecimento, a exƟnção de 
um direito pelo fato de seu Ɵtular não exercê-lo durante um prazo esƟpulado na lei. É a exƟnção do direito pela inação de seu Ɵtular que deixa escoar o prazo legal ou 
voluntariamente fixado para o seu exercício. 
 Perdido o prazo, perdido estará o direito. Enquanto na prescrição ocorre a perda do direito de exercitar uma ação ou, como vem desenvolvendo a doutrina mais moderna, a perda de 
uma pretensão, a decadência importa a perda do próprio direito material. Importante notar que a decadência não admite suspensão ou interrupção. O prazo decadencial é fatal. O 
fundamento da decadência é o mesmo da prescrição: a segurança nas relações jurídicas. Outra disƟnção entre prescrição e decadência reside no fato de que a prescrição deve ser 
alegada pelo interessado, para produzir efeitos judiciais, ao passo que a decadência pode ser declarada ex officio (de oİcio) pelo juiz. Um exemplo singelo de decadência é o 
seguinte: a concessão de um prazo para pagamento à vista de uma obrigação com direito a desconto; exercido o direito em tempo hábil, haverá o beneİcio do desconto, caso 
contrário, ocorrerá a caducidade do próprio direito. Outro exemplo de decadência é o previsto no Art. 173 do CTN. 
Outro exemplo de decadência   junto ao direito posiƟvo é o do Art. 103 do CP: 
 Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, 
contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do Art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da 
denúncia. 
Como se vê, relaciona -se a decadência com os direitos cujo exercício se acha limitado no tempo, de tal forma que, ou se exercem dentro do prazo legal ou desaparecem. O objeto da 
decadência, repita -se, é o próprio direito material, cujo exercício se encontra, desde seu nascimento, limitado no tempo. 
O prazo de decadência, uma vez iniciado, segue conƟnuadamente, até seu final, inadmiƟdas a suspensão ou a interrupção, ao passo que o prazo de prescrição comporta suspensão 
ou interrupção. Por outro lado ocorre na decadência como na prescrição a não oponibilidade a absolutamente incapazes. (Art. 3º, CC e Art. 198, I, CC). 
O objeto da decadência é o direito que, por determinação legal ou por vontade humana, está subordinado à condição de exercício em certo espaço de tempo, sob pena de 
caducidade. 
A jurisprudência e a doutrina vinham entendendo como prazos de decadência os seguintes: 
- 1 ano de doador revogar a doação (art.559); 
- 120 dias para exercer o direito de impetrar mandado de segurança. Etc... 
Porém, no novo Código Civil, os prazos decadênciais e prescricionais estão melhores destacados em seus arƟgos, facilitando o entendimento nas questões de maior disputa. Ex. art. 
45 parágrafo único, art. 48 parágrafo único, art. 178, art. 501 etc. 
ESPÉCIES DE DECADÊNCIA: 
1 LEGAL 
Quando é prevista em lei, sendo reconhecida de oİcio pelo juiz, ainda que se trate de direitos patrimoniais; de acordo com o arts. 210 do Código Civil de 2002. 
O prazo decadencial legal é irrenunciável, segundo o art. 209 do Código Civil de 2002. 
2. CONVENCIONAL 
EsƟpulada pelas partes, somente a parte beneficiada poderá alegá-la, sendo vedado ao juiz de Direito suprir a alegação da parte, consoante o art. 211 do Código Civil de 2002. 
O prazo decadencial convencional pode ser renunciado, a teor do art. 209 do Código Civil de 2002, a contrario sensu. 
DISTINÇÃO ENTRE PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA. 
Apesar de serem similares, a decadência não se confunde com a prescrição, embora, à primeira vista, ante o traço comum do lapso de tempo aliado à inação do Ɵtular, possa 
parecer que os prazos prescricionais não se disƟnguem dos decadenciais. 
A prescrição refere -se a perda da possibilidade de se propor a ação para reclamar direitos, ou seja, a perda do direito processual, enquanto que a decadência diz respeito a perda 
do direito material. Além disso, diferentes são as caracterísƟcas de cada insƟtuto, pois enquanto a prescrição admite interrupção e não corre em relação a determinadas pessoas, a 
decadência é "fatal", correndo contra quem quer que seja, não admiƟndo suspensão, sequer interrupção. 
Temos então que a prescrição não corre contra certas pessoas e se suspende e se interrompe, enquanto que o prazo de decadência corre contra todos e não se suspende, nem se 
interrompe. 
Na verdade para se ter uma noção de prescrição e decadência é preciso ter uma noção trazida pelo ilustre doutrinador italiano Chiovenda. Ele fala a respeito dos direitos de 
prestação e direitos potestaƟvos. Em suma, direitos de prestação são aqueles em que se busca uma sentença condenatória, onde o juiz condena a parte a entregar, fazer ou não fazer 
algo. Ao passo que nos direitos potestaƟvos o autor busca na prestação jurisdicional uma sentença consƟtuƟva, ou seja, onde o juiz irá decidir consƟtuindo ou desconsƟtuindo 
uma relação, ou melhor, uma situação jurídica. Ainda há aquelas ações, denominadas meramente declaratórias em que se busca tão somente a declaração da existência ou 
inexistência de uma situação jurídica. Até aqui parece bobagem termos falado nisso porque o Código Civil de 2002 foi bem claro no que diz tange a Prescrição e a Decadência: o que 
esƟver conƟdo nos arts. 205 e 206 será prescrição e o que não esƟver, por exclusão, será decadência. Surge, contudo, o problema porque a legislação civil vigente no país não está 
compilada unicamente no Código Civil e por vezes essa legislação não deixa clara essa disƟnção. É aqui que vamos uƟlizar a diferenciação, de forma bem suscinta dos direitos de 
prestação e direitos potestaƟvos. Em se tratando de uma ação que busque uma sentença condenatória, então será prescrição. Caso a ação vise uma sentença consƟtuƟva, será 
portanto alvo de decadência. E por fim, as ações meramente declaratórias não prescrevem nem decaem. Se em uma ação buscar uma sentença condenatória e consƟtuƟva ao mesmo 
tempo, como no caso um contrato que o autor pede para ser rescindido por vício oculto no objeto e na mesma ação peda a condenação em perdas e danos, o prazo a ser aplicado é o 
decadencial. Em se tratando de uma sentença consƟtuƟvo-declaratória ou declaratória -condenatória, será neste caso o prazo prescricional e naquele dependerá se o direito 
potestaƟvo abarca a decadência. 
Hé quem diga que a prescrição é a perda do direito de ação, enquanto outros afirmam ser a perda do direito de pretensão. Mas, não obsta a pretensão uma vez que mesmo que o 
prazo prescricional já tenha se esgotado, caso o devedor cumpra a obrigação não poderá depois pedir a repeƟção do indébito, ou seja, pedir que se desfaça o pagamento. O que a 
prescriçãoaƟnge é a responsabilidade, pois, esgotado o prazo prescricional o devedor não é mais responsável judicialmente pela dívida, pagando somente se assim o desejar, pois 
até o pagamento ele estará inadimplente com uma obrigação natural. A decadência sim aƟnge o direito diretamente e assim, após o prazo decadencial, o direito que foi alvo deste 
prazo fica prejudicado. Outra diferença, é que a prescrição pode ser suspensa ou interrompida, sendo que neste caso uma única vez, enquanto que a decadência nem interrompe nem 
suspende. A prescrição, como foi dito, é de ordem privada e pode sofrer renúncia, na medida que a decadência por ser de ordem pública não pode ser alvo de renúncia e pode ser 
reconhecida pelo juiz ex officio. 
A doutrina e jurisprudência pátrias adotaram inúmeros métodos para diferenciar os insƟtutos da prescrição e da decadência, já que ambos envolvem efeitos do decurso do tempo 
nas relações jurídicas, sendo muitas vezes confundidos. 
O Código Civil de 1916, ao tratar em setor específico exclusivamente o tema da prescrição, contribuiu para a nebulosidade que acostumou acompanhar o tema, posto que em muitos 
dos casos previstos no art. 178, não se tratava de prescrição, mas sim de decadência. 
A seguir serão vistas as principais diferenças entre ambos os insƟtutos jurídicos. 
1º - A decadência começa a correr, como prazo exƟnƟvo, desde o momento em que o direito nasce. Enquanto a prescrição não tem seu início com o nascimento do direito, mas a 
parƟr de sua violação, porque é nesse momento que nasce a ação contra a qual se volta a prescrição. 
2º - Diversa é a natureza do direito que se exƟngue, pois a decadência supõe um direito que, embora nascido, não se efeƟvou por falta de exercício, ao passo que a prescrição supõe 
um direito nascido e efeƟvo, mas que pereceu por ausência de proteção pela ação, contra a violação sofrida. 
3º - A decadência, como regra geral, não é suspensa nem interrompida e só é impedida pelo exercício do direito a ela sujeito. A prescrição pode ser suspensa ou interrompida pelas 
causas expressamente colocadas em lei. 
4º - A decadência pode ser fixada pela lei ou pela vontade das partes bilateralmente ou unilateralmente. Enquanto a prescrição só se estabelece por lei. 
5º - A decadência legal pode ser reconhecida de oİcio pelo juiz e independe da argüição do interessado. Porém a prescrição poderá ser reconhecida de oİcio apenas nos casos de 
interesses de absolutamente incapazes, conforme art. 194 do Código Civil de 2002. 
6º - A prescrição admite renúncia depois de consumada, não sendo admiƟda antes ou no curso do prazo, porque é insƟtuto de ordem pública, decorrente da lei(5) , a decadência 
legal não pode ser renunciada. 
7º - A decadência opera contra todos, salvo contra absolutamente incapazes, ex vi art. 208 do Código Civil de 2002, enquanto que a prescrição não opera para determinadas pessoas 
elencadas pelo art. 198 do Código Civil de 2002. 
  
O Código Civil de 2002 foi mais práƟco, ao determinar serem os prazos de prescrição, apenas e exclusivamente, os taxaƟvamente discriminados na Parte Geral, nos arts. 205 (regra 
geral, prazo de 10 anos) e 206 (regras especiais), sendo de decadência todos os demais, estabelecidos como complemento de cada arƟgo que rege a matéria, tanto na Parte Geral 
como na Especial. Essa foi uma das principais inovações trazidas pelo Código Civil em vigor. 
Enfim, para evitar a discussão sobre se a ação prescreve ou não, adotou -se a tese da prescrição da pretensão, por ser considerada a mais condizente com o direito processual 
contemporâneo, afastando a possibilidade de envolver o direito subjeƟvo público abstrato de ação. 
  
. EXCEÇÕES 
A prescriƟbilidade é a regra, diante dos moƟvos anteriormente apresentados. 
No entanto, há ações que não são prescriơveis, pois certas relações jurídicas não se coadunam com os insƟtutos da prescrição ou da decadência, tais como o direito de 
personalidade, a vida, ao nome, a nacionalidade, as de estado das pessoas (tais como filiação, cidadania, condição conjugal). Os imóveis públicos não podem ser adquiridos por 
usucapião, logo não são submeƟdos à prescrição aquisiƟva, a teor dos arts. 183, § 3°, e art. 191, parágrafo único, da ConsƟtuição Federal de 1988. 
No estudo da prescrição e da decadência sempre estão presentes um embate de princípios  - o da jusƟça e o da segurança jurídica, que devem ser harmonizados para a efeƟva 
aplicação do ordenamento jurídico. 
Por outro lado, o direito não dá a mesma proteção a todos os direitos existentes. O ordenamento jurídico traduz uma escala de valores, que conduz à classificação de direitos de 
acordo com a sua importância, sendo aos mais importantes atribuída uma proteção maior. 
A regra geral de prevalência da segurança jurídica sucumbe ao princípio da jusƟça quando estão violados direitos anteriormente referidos, de modo que o tempo deve ser 
desconsiderado. Entendimento em contrário comprometeria o próprio fim do direito, alcançado via prescrição e decadência, qual seja, a resolução de conflitos em prol da 
pacificação social. Vale dizer, a sociedade, por exemplo, não aceita que a violação ao direito à paternidade seja consolidada por meio do decurso de tempo, o que impediria a 
resolução de conflito(6) . 
 Se fizéssemos um quadro comparaƟvo entre as diferenças conceituais e seus efeitos dos insƟtutos da prescrição e da decadência chegaríamos a seguinte conclusão 
 A pergunta que se faz é a seguinte: o fato de juiz pronunciar a prescrição de oİcio significa que a matéria se tornou de ordem pública? 
 A segunda pergunta é a seguinte: se a resposta à primeira questão for posiƟva,  tornando-se a prescrição matéria de ordem pública, não seria mais possível a renúncia à prescrição, 
estando, portanto, revogado o arƟgo 191 do Código Civil? 
 A resposta a ambas às perguntas é negaƟva. Primeiramente, cabe diferenciar matéria de ordem pública de matéria em que há interesse público. 
 Conforme explica de maneira cristalina HENRIQUE HERKENHOFF “os juízes não conhecem de oİcio apenas matéria de ordem pública, mas também aquelas em que há mero interesse 
público na proteção de matéria privada (menores, fazenda pública, direitos indisponíveis), bem como os pedidos que se consideram implícitos (juros legais, correção monetária) ou 
quaisquer outras que o legislador escolha, segundo sua discricionariedade legislativa” (e -mail enviado ao autor em 16 de março de 2006). 
 Assim, a alteração foi apenas programáƟca, para facilitar aos juízes a exƟnção de um feito sem a necessidade de citação, sem a necessidade de análise de mérito. A exƟnção é a 
forma mais rápida de redução do trabalho que gera a morosidade do Poder Judiciário. 
 Há um forte argumento no senƟdo de que a renúncia da prescrição não mais produziria efeitos, ainda que o devedor Ɵvesse se despojado do direito de invocá-la. Se o juiz a 
pronuncia de oİcio, o processo seria exƟnto de imediato, mesmo sem a citação do devedor, que, portanto, não teria chance de renunciá-la. Assim,a renúncia não produziria efeitos. 
 A proposição tentadora parte de premissa equivocada. Isso porque renúncia à prescrição é o ato pelo qual o prescribente se despoja do direito de invocá -la. Pode ter ela duas 
modalidades: expressa ou tácita. 
 a)      expressa: em decorrência de manifestação de vontade do devedor. 
b)      tácita: caracteriza -se quando o devedor, ciente de que a prescrição se consumou, praƟca algum ato ostensivo que envolve reconhecimento do direito prescrito  
 Se a renúncia for expressa, e, portanto, o devedor declara por escrito que não invocará a prescrição, pode o autor propor a demanda, junta a declaração com a peƟção inicial, e não 
poderá o juiz pronunciá -la de oİcio, pois a renúncia já ocorreu. A demanda prosseguirá e o mérito será analisado. 
 Da mesma forma, a renúncia foi tácita e o devedor espontaneamente pagou dívida prescrita, não haverá demanda de cobrança e a renúncia terá produzido todos os seus efeitos. 
 Colaborando com o debate jurídico, entende FLÁVIOTARTUCE que se alguém cobrar uma dívida prescrita o juiz não irá pronunciar de oİcio a prescrição, mas sim determinar a 
citação do réu para que se manifeste sobre a renúncia à prescrição. Assim, conƟnuaria sendo possível a renúncia judicial, inclusive porque se trata de um exercício da autonomia 
privada do devedor. 
 TARTUCE explica, ainda, que no Direito Comparado a prescrição já é reconhecida de oİcio (Itália e Portugal), mas isso não faz com que a prescrição seja reconhecida como matéria 
de ordem pública naqueles Países por se tratarem de matérias de cognição privada que podem ser reconhecidas de oİcio (e-mail enviado ao autor em 20 de março de 2003). 
Agora, uma certeza conƟnua prevalecendo. O legislador igualou a prescrição e a decadência apenas com relação a um de seus efeitos: ambas podem ser declaradas de oİcio pelo 
juiz. 
 De resto, nada mudou. Igualar um insƟtuto ao outro em razão da semelhança de efeitos revela atecnia. Estaríamos diante de verdadeiro o silogismo barroco: 
 Premissa 1: o homem tem sangue quente. 
Premissa 2: o coelho tem sangue quente. 
Conclusão: o homem é coelho. 
  
Outro exemplo de silogismo: 
Premissa 1. a decadência será conhecida de oİcio pelo juiz (CC, art. 211). 
Premissa 2. a prescrição será conhecida de oİcio pelo juiz (CC, art. 219, §5º). 
Conclusão: a decadência é prescrição. 
 As conclusões são ilógicas! Portanto, o fato de juiz pronunciar a prescrição de oİcio não a transforma em matéria de ordem pública e nem altera seus normais efeitos. 
 Prescrição e decadência eram, são e serão sempre insƟtutos diferentes e com suas conseqüências próprias. 
 PRAZOS DECADENCIAIS NO CDC, SUAS ESPECIFICIDADES 
O CDC nos apresenta alguns prazos, como: 
30 dias: para reclamar de vícios aparentes e de fácil constatação no fornecimento de serviços e produtos não duráveis. (art. 26, I)  
90 dias: na mesma hipótese para serviços e produtos duráveis. (art. 26, II)  
Quando se fala em decadência, muitos doutrinadores observam que o disposto no caput do arƟgo 26 do CDC não é claro no que tange à expressão "direito de reclamar", o que enseja 
discussões acerca do senƟdo da norma: se esta diz respeito à "reclamação" em âmbito judicial, ou meramente perante o fornecedor ou, ainda, a algum órgão de defesa do 
consumidor. Tendo em vista o conteúdo extensivo das normas consumeristas, seu espírito de favorecimento ao consumidor e observando o disposto no inciso I do § 2º do referido 
arƟgo [06], entendemos que o caput se refere ao direito de reclamar judicialmente, visão esta respaldada por Cláudia Lima Marques. 
A data inicial para contagem do prazo de reclamação também é controversa, mas coerente com o espírito do CDC, que dá ao juiz margem para interpretações favoráveis ao 
consumidor, cabendo, assim, ao magistrado determiná -la, de acordo com a natureza do produto ou serviço e visando sempre sua finalidade social. 
PRAZOS PARA RECLAMAÇÃO 
O CDC uƟliza dois critérios para a fixação do prazo de reclamação: a facilidade de constatação do vício (oculto ou aparente) e a durabilidade do serviço ou produto. 
O inciso I do arƟgo 26, estabelece o prazo de trinta dias para produtos e serviços não-duráveis, tais como alimentos, no caso de produtos, e de organização de festas, no caso de 
serviços. Já o inciso II, coloca o prazo de noventa dias para reclamações referentes a produtos duráveis (eletrodomésƟcos, veículos, máquinas, imóveis etc) e serviços duráveis 
(temos como exemplo aqueles que se renovam ou que são cobrados periodicamente, como televisão por assinatura, assinatura de revistas e serviços bancários, entre outros). Os 
§§´s 1º e 3 º do referido arƟgo estabelecem que os prazos de trinta e noventa dias são os mesmos para vícios aparentes ou ocultos, pois regem-se pela durabilidade do serviço ou 
produto. Entretanto, a contagem desses prazos dá -se a parƟr da entrega efeƟva do produto ou da execução do serviço no primeiro caso, e da revelação do defeito, no segundo. 
A POLÊMICA DO §2º DO ARTIGO 26: INTERRUPÇÃO, SUSPENSÃO OU CAUSAS MERAMENTE OBSTATIVAS? 
 O § 2º do arƟgo 26 do CDC dispõe que a instauração de inquérito civil até seu encerramento e a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de 
produtos e serviços, até resposta negaƟva transmiƟda de forma inequívoca "obstam" a decadência. A uƟlização dessa expressão gerou intensa discussão doutrinária, visto que, 
tradicionalmente, a decadência não era passível nem de suspensão, nem de interrupção. Gerou-se dúvida no senƟdo de saber se o legislador inovou na interpretação do insƟtuto ou 
se inovou com um terceiro gênero de obstaculização de prazos. 
Da discussão, formaram -se três correntes. A primeira, defendida por RizzaƩo Nunes, sustenta que o referido disposiƟvo legal não se refere nem à suspensão, nem à interrupção, 
afinal, se o legislador assim quisesse, teria uƟlizado uma dessas expressões. Dessa corrente, decorrem duas interpretações: uma afirma que como a decadência aƟnge o direito a 
ser consƟtuído e a prescrição, a direito já consƟtuído, nas hipóteses do parágrafo segundo, o prazo decadencial pararia de correr, passando a fluir o prazo prescricional, enquanto 
a outra interpretação pugna pela aplicação analógica do regime de suspensão ao de obstaculização. A segunda corrente afirma que os prazos de 30 e 90 dias dispostos no arƟgo 26, 
somam prazos decadenciais e prescricionais e, portanto, tratar-se -ia de interrupção, devendo retomar o prazo pelo saldo. Já a terceira corrente indica que o prazo disposto no arƟgo 
26 é decadencial, mas que, como prazos dessa natureza não podem ser suspensos, ou interrompidos, dever -se ia aplicar, analogicamente, o artigo 27 do CDC ou a regra geral do 
arƟgo 206 do Código Civil, o que for mais benéfico para o consumidor. Esta úlƟma corrente vem sendo largamente uƟlizada na jurisprudência há alguns anos. 
O VETO PRESIDENCIAL AO INCISO II DO § 2º DO ARTIGO 26 DO CDC 
Havia previsão no inciso II, do § 2º do arƟgo 26, da possibilidade do consumidor formular, no prazo de noventa dias, a reclamação pelos vícios dos produtos e serviços perante 
enƟdades privadas e públicas de defesa do consumidor. Este disposiƟvo recebeu veto presidencial sob o fundamento de que ameaçaria a estabilidade das relações jurídicas, pois 
atribuiria à enƟdade privada função reservada, por sua própria natureza, aos agentes públicos. 
O Superior Tribunal de JusƟça, no REsp. nº 65.498 -SP, decidiu que a reclamação formulada pelo consumidor perante o Procon, sem qualquer pretensão reparatória, não é causa 
obstaƟva da decadência. No entanto, a nosso ver, entendemos que esta posição tende a mudar, visto a crescente atuação e reconhecimento desses órgãos no país —em função do 
crescimento e profissionalização do terceiro setor e do incremento da representaƟvidade associaƟva— somados aos princípios da legislação consumerista, que interpretam sempre 
favoravelmente ao consumidor. 
 INSTITUTOS ASSEMELHADOS 
1. PEREMPÇÃO 
O insƟtuto processual que exƟngue somente o direito de ação é a perempção, decorrente da contumácia do autor que deu causa a três arquivamentos sucessivos (art. 268, parágrafo 
único, CPC). 
Restam conservados o direito material e a pretensão, que só podem ser opostos em defesa ou exceção. 
2. PRECLUSÃO 
É a perda de uma faculdade processual, por não ter sido exercida no momento próprio, impedindo nova discussão em questões já decididas, dentro do mesmo processo. 
. DA PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 
Não há muita diferenciação nos insƟtutos da prescrição e da decadência tratados pelo direito consumeirista. O que ocorre é diferenciação de prazos. 
O art. 26 do Código de Defesa do Consumidor trata dos prazos decadenciais, ao contemplar o direito de reclamar por vícios aparentes ou ocultos dos produtos e serviços, que se 
exƟngue em 30 dias, se o produto ou serviço for não durável; e em 90 dias, se for durável. A durabilidade se relaciona com o tempo médio de consumo do produto ou serviço. 
O termo inicialda decadência, para vícios aparentes, começa a parƟr da entrega efeƟva do produto ou do término da execução dos serviços; já para os vícios ocultos, quando 
evidenciado o defeito. 
Causas suspensivas da decadência, previstas no § 2° do art. 26 do Código de Defesa do Consumidor são: a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor até a resposta 
negaƟva do fornecedor e a instauração de inquérito civil pelo ministério público, até seu encerramento. 
Por sua vez, o art. 27 do Código de Defesa do Consumidor regula a prescrição nos casos de responsabilidade por danos, nos acidentes causados por defeitos do produto ou serviço. 
O prazo prescricional é de cinco anos, contados a parƟr do conhecimento por parte do consumidor do dano e de sua autoria. 
. DIREITO INTERTEMPORAL 
O art. 2.028 das disposições transitórias do Código Civil de 2002 contém normas que devem ser aplicadas aos prazos em curso quando da vigência do estatuto civil em vigor. 
Os prazos serão os da lei anterior, quando reduzidos pelo Código Civil de 2002 e se na data de sua entrada em vigor houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na 
lei revogada. Caso contrário, serão aplicados os prazos estabelecidos pelo Código Civil de 2002. 
Nome do livro: Curso de Direito Civil vol.1 Parte Geral - ISBN - EAN-13: 9788530927929 
Nome do autor: NADER, Paulo 
Editora: Forense 
Ano: 2009. 
Edição: 6a 
Nome do capítulo: Prescrição e Decadência 
N. de páginas do capítulo : 19 
Aplicação Prática Teórica 
___ Caso Concreto 1 
1. Ana Maria comprou um produto na loja de João Ricardo. Ao utilizar o produto, percebeu que o mesmo apresentava defeito. Acontece que estava entrando de férias, com 
viagem marcada para ficar 30 dias em um cruzeiro pelo Caribe. Dois dias depois de retornar da viagem, procurou a loja para reclamar e ouviu do balconista que não teria 
mais direito em razão deste haver decaído. 
Inconformada procura seu escritório de advocacia e formula as seguintes perguntas: 
a)      O que é um prazo decadencial? 
b)      Como se deve proceder para não perder o direito pela decadência em caso de direito do consumidor? 
c)      Qual a diferença entre decadência e prescrição? 
  
CASO CONCRETO 2 
  
Antonio Renato de Araújo Bacamarte, aluno do curso de Direito, na cidade de Ourinhos/SP, acaba de ter sua primeira aula de Direito Civil sobre o assunto prescrição e decadência. 
Assim que ϐica sabendo da feliz notı́cia, seu avô, o velho coronel Tião Bacamarte, resolve promover uma sabatina com o neto e faz-lhe as seguintes perguntas: 
  
a) EƵ possı́vel se transformar um prazo prescricional em decadencial?  
  
  
b) Como ϐicam as regras da prescrição neste caso? 
CASO CONCRETO 3 
  
A profa. Salete Marques de Araujo colocou os seguintes exemplos no quadro : 
1.  Maria entrou com ação na Justiça para que João lhe pague R$1.500,00 que ela lhe emprestara. 
2. A Cia de Navegação Novos Rumos está acionado na Justiça o estofador Mário Espinosa para que este acabe de reformar   o estofamento das poltronas  do teatro do navio A Rota II. 
3. Dr. João Carı́ssimo entrou na Justiça pedindo a anulação do contrato de compra e venda de sua mansão, pois descobriu que o adquirente é menor de 16 anos e assinou sózinho toda 
a documentação. 
4.  Ao receber em casa uma TV LCD de 68 polegadas, José da Silva descobriu que o comprador era um homônimo. Devolveu  o produto, mas está sendo cobrado, por isso entrou com 
uma ação declaratória de inexistência de relação jurı́dica em face da loja de eletrodomésticos. 
A seguir, a profa. Pediu aos seus alunos: 
- Indiquem quais são os casos em que os prazos relativos são prescricionais e os decadenciais, justiϔicando:   
  
QUESTÕES OBJETIVAS 
  
  
A RESPEITO DA PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA, É CORRETO AFIRMAR: 
 a) Prescreve em dez anos a cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular.  
 b) No contrato regularmente formalizado por escrito, as partes podem renunciar a decadência ϐixada em lei.  
 c) Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá - la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação.  
 d) A alteração do prazo prescricional por acordo das partes só terá validade se comprovada nos autos por instrumento público ou particular.  
 e) A prescrição iniciada contra uma pessoa cessa com a sua morte, iniciando -se novo prazo em relação ao seu sucessor. 
  
De acordo com o Código Civil brasileiro, com relação à prescrição e à decadência, é correto aϐirmar:  
 a) A prescrição iniciada contra uma pessoa não continua a correr contra o seu sucessor.  
 b) Prescreve em três anos a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má - fé, correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição.  
 c) A interrupção da prescrição, em regra, poderá ocorrer quantas vezes forem necessárias.  
 d) EƵ defesa, em qualquer hipótese, a renúncia tácita da prescrição, por expressa determinação legal.  
 e) Salvo disposição legal em contrário, em regra, aplicam -se à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição. 
Plano de Aula: DIREITO CIVIL I
DIREITO CIVIL I 
 PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA 
Refere -se a prazos para exercíc io de pretensões
(prestações de dar, fazer e não fazer) 
Refere -se   a  p razos  pa ra  exe rc í c io s  de  d i re i tos
p o t e s t a t i v o s ( q u e p o d e m s e r e x e r c i d o s
independentemente da colaboração do sujeito
passivo) 
Em termos de tutela jurídica, as ações condenatórias
estão sujeitas a prazos prescricionais (ex: pagamento
de indenização) 
As   a çõe s   con sƟtuƟvas   e   de s con sƟtuƟvas   e s t ão
su je i tas  à  decadênc ia   (ex :  ação  anulatór ia  de
contrato por erro, dolo ou coação) 
Sofre interrupção, impedimento e suspensão Não sofre, em regra, interrupção ou suspensão. 
AƟnge interesses de cunho patrimonial e que não tem
relevância para ordem pública. 
Cuida de matérias de interesse público. 
Estácio de Sá Página 2 / 5
Título 
DIREITO CIVIL I 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
14 
Tema 
DECADÊNCIA 
Objetivos 
·         Conceituar, distinguir  e analisar os elementos da decadência.  
·         Reconhecer as caracterı́sticas, espécies, causas e efeitos da decadência nos negócios jurı́dicos. 
·         Identiϐicar as caracterı́sticas relacionadas  ao instituto da decadência no atual Código Civil. 
·         Elencar os prazos decadenciais. 
·         Diferenciar a decadência do instituto da prescrição. 
Reconhecer os casos de aplicação da decadência no Código de Defesa do Consumidor 
Estrutura do Conteúdo 
DECADEƹNCIA 
1. Conceito. Teorias 
2. Decadência: conceito, elementos, fundamento e espécies 
3. Regras gerais 
4. Prazos de decadência 
5. Decadência no Código de Defesa do Consumidor 
6. Distinção entre prescrição e decadência. 
DECADÊNCIA. 
A origem da palavra decadência vem do verbo laƟno cadere, que significa cair. 
A decadência aƟnge diretamente o direito em razão também da desídia do Ɵtular durante certo lapso temporal. Portanto, a decadência é a exƟnção do direito pela inércia do Ɵtular, 
quando a eficácia desse direito estava originalmente subordinada ao exercício dentro de determinado prazo, que se esgotou, sem o respecƟvo exercício. O tempo age, no caso de 
decadência, como um requisito do ato. 
O objeto da decadência, portanto, é o direito que nasce, por vontade da lei ou do homem, subordinado à condição de seu exercício em limitado lapso de tempo. 
A decadência está relacionada aos direitos que são objetos de ações consƟtuƟvas. 
O Código Civil de 2002 aborda expressamente a decadência, nos arts. 178, 179, e 207 a 211, ao contrário do Código Civil de 1916. 
Assim como a prescrição, pode ser argüida tanto por via de ação como por meio de de exceção ou defesa. 
As normas de suspensão, impedimento e interrupção não são aplicáveis à decadência,que envolve prazos fatais, peremptórios, salvo disposição em contrário, como a exceção 
encontrada no art. 26, § 2°, do Código de Defesa do Consumidor. 
A decadência, também chamada caducidade, vem a ser a perda do próprio direito material em razão do decurso do tempo. A decadência importa o desaparecimento, a exƟnção de 
um direito pelo fato de seu Ɵtular não exercê-lo durante um prazo esƟpulado na lei. É a exƟnção do direito pela inação de seu Ɵtular que deixa escoar o prazo legal ou 
voluntariamente fixado para o seu exercício. 
 Perdido o prazo, perdido estará o direito. Enquanto na prescrição ocorre a perda do direito de exercitar uma ação ou, como vem desenvolvendo a doutrina mais moderna, a perda de 
uma pretensão, a decadência importa a perda do próprio direito material. Importante notar que a decadência não admite suspensão ou interrupção. O prazo decadencial é fatal. O 
fundamento da decadência é o mesmo da prescrição: a segurança nas relações jurídicas. Outra disƟnção entre prescrição e decadência reside no fato de que a prescrição deve ser 
alegada pelo interessado, para produzir efeitos judiciais, ao passo que a decadência pode ser declarada ex officio (de oİcio) pelo juiz. Um exemplo singelo de decadência é o 
seguinte: a concessão de um prazo para pagamento à vista de uma obrigação com direito a desconto; exercido o direito em tempo hábil, haverá o beneİcio do desconto, caso 
contrário, ocorrerá a caducidade do próprio direito. Outro exemplo de decadência é o previsto no Art. 173 do CTN. 
Outro exemplo de decadência   junto ao direito posiƟvo é o do Art. 103 do CP: 
 Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, 
contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do Art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da 
denúncia. 
Como se vê, relaciona -se a decadência com os direitos cujo exercício se acha limitado no tempo, de tal forma que, ou se exercem dentro do prazo legal ou desaparecem. O objeto da 
decadência, repita -se, é o próprio direito material, cujo exercício se encontra, desde seu nascimento, limitado no tempo. 
O prazo de decadência, uma vez iniciado, segue conƟnuadamente, até seu final, inadmiƟdas a suspensão ou a interrupção, ao passo que o prazo de prescrição comporta suspensão 
ou interrupção. Por outro lado ocorre na decadência como na prescrição a não oponibilidade a absolutamente incapazes. (Art. 3º, CC e Art. 198, I, CC). 
O objeto da decadência é o direito que, por determinação legal ou por vontade humana, está subordinado à condição de exercício em certo espaço de tempo, sob pena de 
caducidade. 
A jurisprudência e a doutrina vinham entendendo como prazos de decadência os seguintes: 
- 1 ano de doador revogar a doação (art.559); 
- 120 dias para exercer o direito de impetrar mandado de segurança. Etc... 
Porém, no novo Código Civil, os prazos decadênciais e prescricionais estão melhores destacados em seus arƟgos, facilitando o entendimento nas questões de maior disputa. Ex. art. 
45 parágrafo único, art. 48 parágrafo único, art. 178, art. 501 etc. 
ESPÉCIES DE DECADÊNCIA: 
1 LEGAL 
Quando é prevista em lei, sendo reconhecida de oİcio pelo juiz, ainda que se trate de direitos patrimoniais; de acordo com o arts. 210 do Código Civil de 2002. 
O prazo decadencial legal é irrenunciável, segundo o art. 209 do Código Civil de 2002. 
2. CONVENCIONAL 
EsƟpulada pelas partes, somente a parte beneficiada poderá alegá-la, sendo vedado ao juiz de Direito suprir a alegação da parte, consoante o art. 211 do Código Civil de 2002. 
O prazo decadencial convencional pode ser renunciado, a teor do art. 209 do Código Civil de 2002, a contrario sensu. 
DISTINÇÃO ENTRE PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA. 
Apesar de serem similares, a decadência não se confunde com a prescrição, embora, à primeira vista, ante o traço comum do lapso de tempo aliado à inação do Ɵtular, possa 
parecer que os prazos prescricionais não se disƟnguem dos decadenciais. 
A prescrição refere -se a perda da possibilidade de se propor a ação para reclamar direitos, ou seja, a perda do direito processual, enquanto que a decadência diz respeito a perda 
do direito material. Além disso, diferentes são as caracterísƟcas de cada insƟtuto, pois enquanto a prescrição admite interrupção e não corre em relação a determinadas pessoas, a 
decadência é "fatal", correndo contra quem quer que seja, não admiƟndo suspensão, sequer interrupção. 
Temos então que a prescrição não corre contra certas pessoas e se suspende e se interrompe, enquanto que o prazo de decadência corre contra todos e não se suspende, nem se 
interrompe. 
Na verdade para se ter uma noção de prescrição e decadência é preciso ter uma noção trazida pelo ilustre doutrinador italiano Chiovenda. Ele fala a respeito dos direitos de 
prestação e direitos potestaƟvos. Em suma, direitos de prestação são aqueles em que se busca uma sentença condenatória, onde o juiz condena a parte a entregar, fazer ou não fazer 
algo. Ao passo que nos direitos potestaƟvos o autor busca na prestação jurisdicional uma sentença consƟtuƟva, ou seja, onde o juiz irá decidir consƟtuindo ou desconsƟtuindo 
uma relação, ou melhor, uma situação jurídica. Ainda há aquelas ações, denominadas meramente declaratórias em que se busca tão somente a declaração da existência ou 
inexistência de uma situação jurídica. Até aqui parece bobagem termos falado nisso porque o Código Civil de 2002 foi bem claro no que diz tange a Prescrição e a Decadência: o que 
esƟver conƟdo nos arts. 205 e 206 será prescrição e o que não esƟver, por exclusão, será decadência. Surge, contudo, o problema porque a legislação civil vigente no país não está 
compilada unicamente no Código Civil e por vezes essa legislação não deixa clara essa disƟnção. É aqui que vamos uƟlizar a diferenciação, de forma bem suscinta dos direitos de 
prestação e direitos potestaƟvos. Em se tratando de uma ação que busque uma sentença condenatória, então será prescrição. Caso a ação vise uma sentença consƟtuƟva, será 
portanto alvo de decadência. E por fim, as ações meramente declaratórias não prescrevem nem decaem. Se em uma ação buscar uma sentença condenatória e consƟtuƟva ao mesmo 
tempo, como no caso um contrato que o autor pede para ser rescindido por vício oculto no objeto e na mesma ação peda a condenação em perdas e danos, o prazo a ser aplicado é o 
decadencial. Em se tratando de uma sentença consƟtuƟvo-declaratória ou declaratória -condenatória, será neste caso o prazo prescricional e naquele dependerá se o direito 
potestaƟvo abarca a decadência. 
Hé quem diga que a prescrição é a perda do direito de ação, enquanto outros afirmam ser a perda do direito de pretensão. Mas, não obsta a pretensão uma vez que mesmo que o 
prazo prescricional já tenha se esgotado, caso o devedor cumpra a obrigação não poderá depois pedir a repeƟção do indébito, ou seja, pedir que se desfaça o pagamento. O que a 
prescrição aƟnge é a responsabilidade, pois, esgotado o prazo prescricional o devedor não é mais responsável judicialmente pela dívida, pagando somente se assim o desejar, pois 
até o pagamento ele estará inadimplente com uma obrigação natural. A decadência sim aƟnge o direito diretamente e assim, após o prazo decadencial, o direito que foi alvo deste 
prazo fica prejudicado. Outra diferença, é que a prescrição pode ser suspensa ou interrompida, sendo que neste caso uma única vez, enquanto que a decadência nem interrompe nem 
suspende. A prescrição, como foi dito, é de ordem privada e pode sofrer renúncia, na medida que a decadência por ser de ordem pública não pode ser alvo de renúncia e pode ser 
reconhecida pelo juiz ex officio. 
A doutrina e jurisprudência pátrias adotaram inúmeros métodos para diferenciar os insƟtutos da prescrição e da decadência, já que ambos envolvem efeitos do decurso do tempo 
nas relações jurídicas, sendo muitas vezes confundidos.O Código Civil de 1916, ao tratar em setor específico exclusivamente o tema da prescrição, contribuiu para a nebulosidade que acostumou acompanhar o tema, posto que em muitos 
dos casos previstos no art. 178, não se tratava de prescrição, mas sim de decadência. 
A seguir serão vistas as principais diferenças entre ambos os insƟtutos jurídicos. 
1º - A decadência começa a correr, como prazo exƟnƟvo, desde o momento em que o direito nasce. Enquanto a prescrição não tem seu início com o nascimento do direito, mas a 
parƟr de sua violação, porque é nesse momento que nasce a ação contra a qual se volta a prescrição. 
2º - Diversa é a natureza do direito que se exƟngue, pois a decadência supõe um direito que, embora nascido, não se efeƟvou por falta de exercício, ao passo que a prescrição supõe 
um direito nascido e efeƟvo, mas que pereceu por ausência de proteção pela ação, contra a violação sofrida. 
3º - A decadência, como regra geral, não é suspensa nem interrompida e só é impedida pelo exercício do direito a ela sujeito. A prescrição pode ser suspensa ou interrompida pelas 
causas expressamente colocadas em lei. 
4º - A decadência pode ser fixada pela lei ou pela vontade das partes bilateralmente ou unilateralmente. Enquanto a prescrição só se estabelece por lei. 
5º - A decadência legal pode ser reconhecida de oİcio pelo juiz e independe da argüição do interessado. Porém a prescrição poderá ser reconhecida de oİcio apenas nos casos de 
interesses de absolutamente incapazes, conforme art. 194 do Código Civil de 2002. 
6º - A prescrição admite renúncia depois de consumada, não sendo admiƟda antes ou no curso do prazo, porque é insƟtuto de ordem pública, decorrente da lei(5) , a decadência 
legal não pode ser renunciada. 
7º - A decadência opera contra todos, salvo contra absolutamente incapazes, ex vi art. 208 do Código Civil de 2002, enquanto que a prescrição não opera para determinadas pessoas 
elencadas pelo art. 198 do Código Civil de 2002. 
  
O Código Civil de 2002 foi mais práƟco, ao determinar serem os prazos de prescrição, apenas e exclusivamente, os taxaƟvamente discriminados na Parte Geral, nos arts. 205 (regra 
geral, prazo de 10 anos) e 206 (regras especiais), sendo de decadência todos os demais, estabelecidos como complemento de cada arƟgo que rege a matéria, tanto na Parte Geral 
como na Especial. Essa foi uma das principais inovações trazidas pelo Código Civil em vigor. 
Enfim, para evitar a discussão sobre se a ação prescreve ou não, adotou -se a tese da prescrição da pretensão, por ser considerada a mais condizente com o direito processual 
contemporâneo, afastando a possibilidade de envolver o direito subjeƟvo público abstrato de ação. 
  
. EXCEÇÕES 
A prescriƟbilidade é a regra, diante dos moƟvos anteriormente apresentados. 
No entanto, há ações que não são prescriơveis, pois certas relações jurídicas não se coadunam com os insƟtutos da prescrição ou da decadência, tais como o direito de 
personalidade, a vida, ao nome, a nacionalidade, as de estado das pessoas (tais como filiação, cidadania, condição conjugal). Os imóveis públicos não podem ser adquiridos por 
usucapião, logo não são submeƟdos à prescrição aquisiƟva, a teor dos arts. 183, § 3°, e art. 191, parágrafo único, da ConsƟtuição Federal de 1988. 
No estudo da prescrição e da decadência sempre estão presentes um embate de princípios  - o da jusƟça e o da segurança jurídica, que devem ser harmonizados para a efeƟva 
aplicação do ordenamento jurídico. 
Por outro lado, o direito não dá a mesma proteção a todos os direitos existentes. O ordenamento jurídico traduz uma escala de valores, que conduz à classificação de direitos de 
acordo com a sua importância, sendo aos mais importantes atribuída uma proteção maior. 
A regra geral de prevalência da segurança jurídica sucumbe ao princípio da jusƟça quando estão violados direitos anteriormente referidos, de modo que o tempo deve ser 
desconsiderado. Entendimento em contrário comprometeria o próprio fim do direito, alcançado via prescrição e decadência, qual seja, a resolução de conflitos em prol da 
pacificação social. Vale dizer, a sociedade, por exemplo, não aceita que a violação ao direito à paternidade seja consolidada por meio do decurso de tempo, o que impediria a 
resolução de conflito(6) . 
 Se fizéssemos um quadro comparaƟvo entre as diferenças conceituais e seus efeitos dos insƟtutos da prescrição e da decadência chegaríamos a seguinte conclusão 
 A pergunta que se faz é a seguinte: o fato de juiz pronunciar a prescrição de oİcio significa que a matéria se tornou de ordem pública? 
 A segunda pergunta é a seguinte: se a resposta à primeira questão for posiƟva,  tornando-se a prescrição matéria de ordem pública, não seria mais possível a renúncia à prescrição, 
estando, portanto, revogado o arƟgo 191 do Código Civil? 
 A resposta a ambas às perguntas é negaƟva. Primeiramente, cabe diferenciar matéria de ordem pública de matéria em que há interesse público. 
 Conforme explica de maneira cristalina HENRIQUE HERKENHOFF “os juízes não conhecem de oİcio apenas matéria de ordem pública, mas também aquelas em que há mero interesse 
público na proteção de matéria privada (menores, fazenda pública, direitos indisponíveis), bem como os pedidos que se consideram implícitos (juros legais, correção monetária) ou 
quaisquer outras que o legislador escolha, segundo sua discricionariedade legislativa” (e -mail enviado ao autor em 16 de março de 2006). 
 Assim, a alteração foi apenas programáƟca, para facilitar aos juízes a exƟnção de um feito sem a necessidade de citação, sem a necessidade de análise de mérito. A exƟnção é a 
forma mais rápida de redução do trabalho que gera a morosidade do Poder Judiciário. 
 Há um forte argumento no senƟdo de que a renúncia da prescrição não mais produziria efeitos, ainda que o devedor Ɵvesse se despojado do direito de invocá-la. Se o juiz a 
pronuncia de oİcio, o processo seria exƟnto de imediato, mesmo sem a citação do devedor, que, portanto, não teria chance de renunciá-la. Assim,a renúncia não produziria efeitos. 
 A proposição tentadora parte de premissa equivocada. Isso porque renúncia à prescrição é o ato pelo qual o prescribente se despoja do direito de invocá -la. Pode ter ela duas 
modalidades: expressa ou tácita. 
 a)      expressa: em decorrência de manifestação de vontade do devedor. 
b)      tácita: caracteriza -se quando o devedor, ciente de que a prescrição se consumou, praƟca algum ato ostensivo que envolve reconhecimento do direito prescrito  
 Se a renúncia for expressa, e, portanto, o devedor declara por escrito que não invocará a prescrição, pode o autor propor a demanda, junta a declaração com a peƟção inicial, e não 
poderá o juiz pronunciá -la de oİcio, pois a renúncia já ocorreu. A demanda prosseguirá e o mérito será analisado. 
 Da mesma forma, a renúncia foi tácita e o devedor espontaneamente pagou dívida prescrita, não haverá demanda de cobrança e a renúncia terá produzido todos os seus efeitos. 
 Colaborando com o debate jurídico, entende FLÁVIO TARTUCE que se alguém cobrar uma dívida prescrita o juiz não irá pronunciar de oİcio a prescrição, mas sim determinar a 
citação do réu para que se manifeste sobre a renúncia à prescrição. Assim, conƟnuaria sendo possível a renúncia judicial, inclusive porque se trata de um exercício da autonomia 
privada do devedor. 
 TARTUCE explica, ainda, que no Direito Comparado a prescrição já é reconhecida de oİcio (Itália e Portugal), mas isso não faz com que a prescrição seja reconhecida como matéria 
de ordem pública naqueles Países por se tratarem de matérias de cognição privada que podem ser reconhecidas de oİcio (e-mail enviado ao autor em 20 de março de 2003). 
Agora, uma certeza conƟnua prevalecendo. O legislador igualou a prescrição e a decadência apenas com relação a um de seus efeitos: ambas podem ser declaradas de oİcio pelo 
juiz. 
 De resto, nada mudou. Igualar um insƟtuto ao outro em razão da semelhança de efeitos revela atecnia. Estaríamos

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