Buscar

Revisao AV1 - Direito Penal I

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

FONTES FORMAIS DO DIREITO
As fontes formais, por sua vez, subdividem-se em imediatas e mediatas. Somente a lei pode servir como fonte primária e imediata do direito penal, porquanto não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal (CF, art. 5º, XXXIX, e CP, art. 1º). Admitem-se, no entanto, fontes secundárias ou mediatas: são os costumes (“conjunto de normas de comportamento a que pessoas obedecem de maneira uniforme e constante pela convicção de sua obrigatoriedade”
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS E INFRACONSTITUCIONAIS
Princípio da dignidade da pessoa humana. Trata-se do mais importante dos princípios penais e constitui um dos fundamentos da República Federativa do Brasil (CF, art. 1º, III). Proíbe a incriminação de comportamentos socialmente inofensivos, isto é, que não provoquem dano efetivo ou lesão ao corpo social (ex.: incriminar o ato de manifestar publicamente admiração por pessoas queridas). Impede, ademais, que a aplicação das normas penais ocorra de maneira totalmente divorciada da realidade.
Princípio da legalidade. Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal (CF, art. 5º, XXXIX, e CP, art. 1º).
 Princípio da anterioridade da lei penal. A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu (CF, art. 5º, XL, e CP, art. 2º).
Princípio do no bis in idem. Ninguém pode ser condenado pelo mesmo fato mais de uma vez; além disso, uma única e determinada circunstância fática não pode ser utilizada mais de uma vez, seja para agravar, seja para beneficiar o agente.
 Princípio da insignificância ou da bagatela. Foi desenvolvido por Claus Roxin. Para o autor, a finalidade do Direito Penal consiste na proteção subsidiária de bens jurídicos. Logo, comportamentos que produzam lesões insignificantes aos objetos jurídicos tutelados pela norma penal devem ser considerados penalmente irrelevantes. A aplicação do princípio produz fatos penalmente atípicos. Ninguém dirá que a subtração de uma folha de papel ou de um dente de alho deve ser considerada como crime de furto
Princípio da alteridade ou da transcendentalidade. Proíbe a incriminação de atitude meramente subjetiva, que não ofenda bem jurídico alheio. Também foi desenvolvido por Claus Roxin. A ação ou omissão puramente pecaminosa ou imoral não apresenta a necessária lesividade que legitima a intervenção do direito penal. Por conta desse princípio, não se pune a autolesão, salvo quando se projeta a prejudicar terceiros, como no art. 171, § 2º, V, do CP (autolesão para fraudar seguro); a tentativa de suicídio (nosso CP somente pune a participação no suicídio alheio — art. 122); o uso pretérito de droga (o porte é punido porque, enquanto o agente detém a droga, coloca em risco a incolumidade pública).
Princípio da ofensividade. Não há crime sem lesão efetiva ou ameaça concreta ao bem jurídico tutelado — nullum crimen sine injuria. Daí resulta serem inconstitucionais os crimes de perigo abstrato (ou presumido), nos quais o tipo penal descreve determinada conduta sem exigir ameaça concreta ao bem jurídico tutelado. Note-se, entretanto, que a jurisprudência dominante tende a admitir como válidos os delitos de perigo abstrato, por constituírem uma forma legítima de punição de infrações penais em sua fase embrionária (opinião com a qual concordamos).
 Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos (ou princípio do fato). Deriva, como muitos, do princípio da dignidade da pessoa humana e do fato de o Brasil ser um Estado Democrático de Direito (i. e., todos se submetem ao império da lei, que deve possuir conteúdo e adequação social). Dele decorre que o direito penal não pode tutelar valores meramente morais, religiosos, ideológicos ou éticos, mas somente atos atentatórios a bens jurídicos fundamentais e reconhecidos na Constituição Federal. “Caso isso não ocorra, o tipo deverá ser excluído do ordenamento jurídico por incompatibilidade vertical com o Texto Constitucional. Assim, toda norma penal em cujo teor não se vislumbrar um 
Princípio da intervenção mínima. Somente se deve recorrer à intervenção do direito penal em situações extremas, como a última saída (ultima ratio). A princípio, portanto, deve-se deixar aos demais ramos do direito a disciplina das relações jurídicas. A subtração de um pacote de balas em um supermercado, já punida com a expulsão do cliente do estabelecimento e com a cobrança do valor do produto ou sua devolução, já foi resolvida por outros ramos do direito, de modo que não necessitaria da interferência do direito penal. 
Princípio da fragmentariedade. Trata-se, na verdade, de uma característica do direito penal, mencionada por alguns autores também sob a forma de princípio, estabelecendo que as normas penais somente se devem ocupar de punir uma pequena parcela, um pequeno fragmento dos atos ilícitos, justamente aquelas condutas que violem de forma mais grave os bens jurídicos mais importantes.
Princípio da adequação social. O fato deixará de ser típico quando aceito socialmente. Acompanhe esse exemplo extraído da jurisprudência: “Contravenção Penal — ‘jogo do bicho’ — Perda do monopólio do Estado às empresas de comunicações na exploração de jogos e loterias aliada a ausência de reprovabilidade na consciência da absoluta maioria dos cidadãos — Punição afastada pela aplicação do princípio da adequação social — Inaplicabilidade do art. 58 do Dec.-Lei 6.259/44. Convence que a adequação social supera contravenção denunciada. Em vez de punir um fato por ser típico, devemos adequá-lo à realidade vigente, aos costumes sociais, enfim, à consciência coletiva. A lei deveria ser interpretada pro societate, e, ao que tudo indica, a coletividade não se interessa pela punição dos ‘bicheiros’. Ao contrário, já inseriu o jogo do bicho em seu dia a dia” (TARS, RT, 753/699). Tal princípio não tem merecido acolhido da maioria da jurisprudência, uma vez que sua aceitação implicaria a conclusão de que os costumes teriam força para revogar lei penal, o que é inadmissível em face do art. 22, I, da CF, e art. 2º, § 1º, da LINDB
 Princípio da humanidade. As normas penais devem sempre dispensar tratamento humanizado aos sujeitos ativos de infrações penais, vedando-se a tortura, o tratamento desumano ou degradante (CF, art. 5º, III), penas de morte, de caráter perpétuo, cruéis, de banimento ou de trabalhos forçados (CF, art. 5º, XLVII).
Princípio da proporcionalidade. “Quando a criação do tipo penal não se revelar proveitosa para a sociedade, estará ferido o princípio da proporcionalidade, devendo a descrição legal ser expurgada de nosso ordenamento jurídico por vício de inconstitucionalidade. Além disso, a pena, isto é, a resposta punitiva estatal ao crime, deve guardar proporção com o mal infligido ao corpo social”
Princípio da autorresponsabilidade ou das ações a próprio risco. Aquele que, de modo livre e consciente, e sendo inteiramente responsável por seus atos, realiza comportamentos perigosos e produz resultados lesivos a si mesmo arcará totalmente com seu comportamento, não se admitindo nenhum tipo de imputação a pessoas que o tenham eventualmente motivado a praticar tais condutas perigosas (ex.: o agente que incentiva desafeto a praticar “esportes radicais” não responde pelos acidentes sofridos pela vítima, que optou por fazê-lo livremente).
Princípio da confiança. Uma pessoa não pode ser punida quando, agindo corretamente e na confiança de que o outro também assim se comportará, dá causa a um resultado não desejado (ex.: o médico que confia em sua equipe não pode ser responsabilizado pela utilização de uma substância em dose equivocada, se para isso não concorreu; o motorista que conduz seu automóvel cuidadosamente confia que os pedestres se manterão na calçada e somente atravessarão a rua quando não houver movimento de veículos, motivo pelo qual não comete crime se atropela um transeunte que se precipita repentinamente para a via trafegável).
Princípio do estado de inocência ou presunção de não culpabilidade. “Ninguém será considerado culpado até o trânsito emjulgado de sentença penal condenatória” (CF, art. 5º, LVII).
Princípio da culpabilidade. Como decorrência do princípio da dignidade da pessoa humana ((CF, art. 1º, III) e da presunção de não culpabilidade (CF, art. 5º, LVII), exsurge esse princípio, segundo o qual: a) não se admite responsabilidade penal objetiva, ou seja, desprovida de dolo ou culpa (v. art. 19 do CP) ou carente de culpabilidade (v. arts. 21 a 28 do CP); b) a pena há de ser dosada segundo o grau de reprovabilidade da conduta do agente.
Teoria da Norma
 Podemos inicialmente afirmar que as normas tidas penais cumprem a finalidade de punir determinadas condutas descritas no Código Penal e estão em direção ao que promana a legalidade como princípio, além da conduta do agente que a norma proíbe ou manda determinada conduta. É por isso que as normas penais incriminam ou não conforme o previsto em lei.
Assim, há diversas formas de normas que iremos tratar no decorrer deste estudo, como:
a) Normas penais incriminadoras: tem por escopo definir as infrações penais, proibindo ou impondo condutas, desse modo, o seu não cumprimento se sujeita a penalidade. Podem ser primárias ou secundárias:
Primárias ou “preceptum iuris”: são aquelas que descrevem perfeita e detalhadamente a conduta proibindo ou impondo;
Secundárias ou “sanctio iuris”: tem por objetivo a individualização da pena em abstrato.
Vejamos a aplicação de ambos:
Artigo 121. Matar alguém (norma primária)
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 20 (vinte) anos (norma secundária)
b)      Normas penais não incriminadoras: Possuem tais finalidades, como:
1)      Tornar licitas determinadas condutas;
2)      Afastar a culpabilidade do agente, como no caso de isenção de penas;
3)      Esclarecer determinados conceitos;
4)      Fornecer princípios penais para a aplicação da lei penal.
Há outro critério classificativo das normas penais não incriminadoras, como: Permissivas, Explicativas e Complementares
a)    Permissivas:
Podem ser:
Justificantes: afasta a ilicitude da conduta do agente, por exemplo: arts. 23 Não há crime quando o agente pratica o fato
I - em estado de necessidade; 
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. , 24- estado de necessidade e 25- legitima defesa do CP.
Exculpantes: elimina a culpabilidade, isentando o agente de pena, por exemplo: art.26 – doença mental  CP.
b)    Explicativas: visam esclarecer ou explicitar conceitos. P. ex. os arts. 327 funcionário público e 150,§ 4º violação de casa, do Código Penal.
c)    Complementares: fornecem princípios gerais para a aplicação da lei penal. P. ex. o art. 59, do CP, quando trata sobre a aplicação de pena.
Normas penais em branco (ou primariamente remetidas)
São aquelas nas quais, embora haja uma descrição da conduta proibida, se faz necessário um complemento por outro dispositivo vigente, como as leis, os decretos, portarias, regulamentos, entretanto, desde que sejam proibitórios ou impostos pela norma penal.
A exemplo temos a Lei n. 11.343/2006, conhecida como a Lei de Drogas.
As normas penais em branco podem ser classificadas como:
a)      Homogêneas: em que seu complemento provém da mesma fonte legislativa. P. ex. o artigo 237, do CP, conjuntamente com o art. 1.521, do Código Civil. Ambas as normas foram produzidas pelo mesmo veiculo normativo e pela mesma origem, ainda que dispositivos distintos.
b)      Heterogêneas: seu complemento é proveniente de norma diversa daquela que a editou. P. ex. a Lei de Drogas, em seu artigo 28, complementado pela autarquia federal vinculada ao Poder Executivo, a ANVISA, do Ministério da Saúde.
É importante assinalar que, a fonte de produção é necessária para distinguir as normas penais em branco heterogêneas das homogêneas.
Normas penais incompletas ou imperfeitas (ou também secundariamente remetidas)
São aquelas que necessitam de outro texto normativo para saber qual a sanção a ser imposta. Por exemplo: A Lei n. 2.889/56, que define e pune o crime de genocídio, mas remete ao art. 121, § 2º, do CP, tratando do quanto a pena a ser cominada.
ANOMIA VERSUS ANTINOMIA
Fazer a distinção de ambas é importante e ambas são distintas, ao passo que devemos tratar a respeito sucintamente.
A anomia tem por caracteres:
a)      Ausência de norma;
b)      Existência de normas, mas a sociedade a ignora, praticando condutas proibidas pelo ordenamento jurídico, sabendo-se de sua impunidade.
ANTINOMIA, são duas ou mais normas incompatíveis, pertencentes ao mesmo ordenamento jurídico e tendo o mesmo âmbito de validade. P. ex. uma norma que proíbe determinada conduta e outra que a permite.
Meios de solução de antinomia jurídico-normativa
Podemos expor três critérios, como:
a)      Cronológico: deve-se verificar se houve entre as normas distancia temporal, sendo que a segunda norma editada a posteriori, revogue a primeira.
b)      Hierárquico: observa-se o respeito e a escala normativa conforme a pirâmide de Kelsen, em que a Constituição Federal é o seu ápice primário perante a Lei Ordinária. Havendo simultaneidade normativa, prevalecem ambas, desde que harmônicas.
c)      Especialidade: lei especial afasta a aplicação de lei geral.
CONFLITO (OU CONCURSO) APARENTE DE NORMAS
Decorre quando para um fato, aparentemente, existe duas ou mais normas que poderão incidir. Para que seja resolvido, necessita-se a observância de princípios, como: Especialidade, Subsidiariedade, Consunção e Alternatividade.
a)      Princípio da Especialidade: A norma especial afasta a norma geral. Lex specialis derrogat generali.
P. ex. temos o homicídio e o infanticídio, ambos previstos no Código Penal vigente, ao passo que distinguem-se tais crimes pois, um traz por elemento norma geral e o segundo norma especifica, não é um simples “matar alguém” mas sim, um sujeito passivo especifico e o ato do agente em estar em “estado puerperal”.
b) Princípio da Subsidiariedade (ou soldado de reserva na expressão de Nelson Hungria): Na ausência ou impossibilidade de aplicação da norma principal mais grave, aplica-se de forma subsidiária a menos grave. Lex primaria derrogat legi subsidiarie.
Este princípio pode ser, quanto a sua forma:
1) Expresso: quando a lei ressalva o caráter subsidiário. Por exemplo. Art. 132, doCP, que trata, somente se aplica à pena prevista para o delito de perigo para a vida ou a saúde de outrem se o fato não constituir crime mais grave. Outros exemplos, ver: arts. 238, 239, 249 e 307 do CP.
2) Tácita ou implícita: a lei não faz ressalvas expressamente, quanto ao caráter subsidiário, sendo que terá a sua aplicabilidade na hipótese de não-ocorrência de um delito mais grave, afastando a aplicação da norma subsidiariamente.
c) Princípio da Consunção: Provém de duas possibilidades
1) Quando um crime é meio necessário ou normal fase de preparação de outro crime.
Casos: a consumação absorve a tentativa e esta absorve ao ato preparatório; o crime de lesão absorve o crime de perigo; o de homicídio absorve a lesão corporal; o furto em casa absorve a violação de domicilio, etc.
2) Nas situações de antefato e pós-fato impuníveis
Antefato: é a situação antecedente praticada pelo agente com o intuito de ensejar o efeito criminoso.
Pós-fato: é o exaurimento do crime principal praticado pelo agente, não tendo como haver punibilidade.
d) Princípio da alternatividade: Decorre da ação múltipla ou de conteúdo variado, como nos crimes plurinucleares, em que o tipo incriminador prevê mais de uma conduta em variados núcleos, sendo que será punido por uma única modalidade criminosa. P. ex. o art. 33 da Lei n. 11.343/06, conhecida como Lei de Drogas, tem vários verbos de conduta, mas o crime é o mesmo.
CONFLITO DE LEIS PENAIS NO TEMPO
Quando várias leis penais que tratam do mesmo assunto de modo distinto se sucedem no tempo, deve o intérprete definir qual delas será aplicada ao fato. A regra é que a lei que deve ser aplicada é a vigente ao tempo da prática do fato criminoso, de acordo com o princípiodo tempus regit actum. Contudo, existem exceções e elas se dividem em retroatividade (aplicação da lei a fatos cometidos antes da sua vigência quando for mais benéfica) e ultra-atividade (a lei penal revogada pode ser aplicada após sua revogação, quando o ilícito praticado durante a sua vigência for sucedido por lei mais severa). Confira abaixo as hipóteses de conflito da lei penal no tempo:
	Hipótese prática Significado Solução
	Novatio legis incriminadora
	Lei posterior incrimina conduta que era lícita (cria um novo crime)
	Irretroatividade
	Abolitio criminis Lei posterior descriminaliza condutas, tornando-as atípicas
	Retroatividade
	Novatio legis in pejus
	Lei posterior, mantendo a incriminação do fato, torna mais grave a situação do réu (ex.: aumenta a pena cominada ao crime)
	Irretroatividade
	Novatio legis in mellius
	Lei posterior, sem suprimir a incriminação do fato, beneficia de algum modo o agente (ex.: diminui a pena cominada ao crime)
	Retroatividade
	Hipótese prática Significado Solução
	Novatio legis incriminadora
	Lei posterior incrimina conduta que era lícita (cria um novo crime)
LEIS EXCEPCIONAIS E LEIS TEMPORÁRIAS
De acordo com o art. 3º do CP, “A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência”. É considerada excepcional a lei elaborada para incidir sobre fatos havidos somente durante determinadas circunstâncias excepcionais, como situações de crise social, econômica, guerra, calamidades etc. E temporária aquela elaborada com o escopo de incidir sobre fatos ocorridos apenas durante certo período de tempo. A doutrina costuma afirmar que as leis excepcionais e temporárias são leis ultrativas, ou seja, que produzem efeitos mesmo após o término de sua vigência. Na verdade, não se trata do fenômeno da ultratividade uma vez que, com o passar da situação excepcional ou do período de tempo estipulados na lei, ela continua em vigor, embora não mais seja aplicável.
TEMPO DO CRIME
Dentre as três teorias possíveis na matéria: teoria da atividade, teoria do resultado e teoria da ubiquidade (ou mista), o CP adotou a primeira, conforme podemos observar no artigo 4º do Código Penal. Assim sendo, considera-se praticado o crime ao tempo da ação ou omissão, ainda que outro seja o do resultado. É fundamental compreender a importância do dispositivo, cuja utilidade se dá para: a) Delimitação da responsabilidade penal: com base na regra do art. 4º do CP torna-se possível delimitar o exato momento em que o agente passará a responder criminalmente por seus atos — isso se dará somente se a ação ou omissão houver sido praticada quando ele já tiver completado 18 anos de idade (o que ocorre no primeiro minuto de seu 18º aniversário).
A QUESTÃO DO CRIME CONTINUADO O agente pratica dois fatos quando menor de 18 anos e um terceiro quando maior todos em continuidade delitiva. Aos dois primeiros fatos aplicar-se-á o ECA, e ao último, o CP.
A LEI PENAL NO ESPAÇO
O CP definiu no art. 6º o lugar do crime, adotando a teoria da ubiquidade ou mista, segundo a qual o crime se considera praticado tanto no lugar da conduta quanto legislador foi estabelecer quais crimes podem ser considerados como ocorridos no Brasil e, por via de consequência, a quais delitos se aplica a lei penal brasileira. A regra em estudo só terá relevância nos chamados crimes a distância ou de espaço, que são aqueles cuja execução se inicia no território de um país e a consumação se dá ou deveria dar-se em outro. Imagine a hipótese de um agente iniciar a execução de um crime na Argentina, visando produzir o resultado no Brasil, ou o inverso. Em ambos os casos, os delitos serão considerados como ocorridos em território nacional, de modo que a lei penal brasileira a eles se aplicaria. Como dizia Hungria, basta que o crime tenha “tocado” o território nacional para que nossa lei seja aplicável.
FORO COMPETENTE: Em se tratando de determinação de competência territorial (“foro competente”), deve-se observar a regra do art. 70 do CPP, que considera competente o foro do local em que o crime se consumou (ou, no caso de tentativa, o do local em que se deu o último ato executório).
TERRITORIALIDADE DA LEI PENAL (CP, ART. 5º)
Dá-se o fenômeno da territorialidade quando a lei penal se aplica ao fato cometido dentro do território nacional. Conforme dispõe o art. 5º do CP, a lei penal brasileira aplica-se em todo o território nacional, ressalvado o disposto em tratados, convenções ou regras de direito internacional. Trata-se do princípio da territorialidade temperada ou mitigada. Por território, no sentido jurídico, deve-se compreender todo o espaço em que o Brasil exerce sua soberania, que abrange: 
os limites compreendidos pelas fronteiras nacionais; 
b) o mar territorial brasileiro (faixa que compreende o espaço de 12 milhas contadas da faixa litorânea média — art. 1º da Lei n. 8.617/93); 
c) todo o espaço aéreo subjacente ao nosso território físico e ao mar territorial nacional (princípio da absoluta soberania do país subjacente — Código Brasileiro de Aeronáutica, art. 11, e Lei n. 8.617/93, art. 2º); 
d) as aeronaves e embarcações: — brasileiras privadas, em qualquer lugar que se encontrem, salvo em mar territorial estrangeiro ou sobrevoando território estrangeiro; — brasileiras públicas, onde quer que se encontrem; — estrangeiras privadas, no mar territorial brasileiro.
Como se viu inicialmente, há crimes que, embora praticados dentro do território nacional, não se sujeitam à lei brasileira (em função de ressalvas previstas em tratados ou convenções internacionais): isso se dá nos casos de imunidade diplomática. Note-se que a embaixada de um país no Brasil não é considerada território estrangeiro, de modo que, se um crime ali for praticado, a ele será aplicável a nossa lei, a não ser que ocorra um caso de imunidade diplomática.
EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI PENAL (CP, ART. 7º)
Extraterritorialidade é o fenômeno pelo qual a lei penal brasileira se aplica a fatos ocorridos fora do território nacional. Subdivide-se em extraterritorialidade condicionada ou incondicionada. Nesta, a lei brasileira aplicar-se-á ao crime praticado no exterior, independentemente do preenchimento de qualquer requisito ou condição (art. 7º, I e § 1º). Naquela, o fenômeno depende da conjugação de uma série de fatores (art. 7º, II e §§ 2º e 3º). Fala-se em extraterritorialidade incondicionada nas seguintes hipóteses: 
a) crime contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
b) crime contra o patrimônio ou contra a fé pública da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios ou dos Territórios, ou suas autarquias, das empresas públicas, das sociedades de economia mista ou das fundações instituídas pelo Poder Público; 
c) crime contra a administração pública brasileira por quem está a seu serviço; d) crime de genocídio, se o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil.
A EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA 
Ocorre em relação às seguintes infrações: 
a) crimes previstos em tratado ou convenção internacional que o Brasil se obrigou a reprimir;
 b) crimes praticados por estrangeiro contra brasileiro, fora do nosso território (se não foi pedida ou se foi negada a extradição e se houve requisição do Ministro da Justiça); 
c) crimes praticados por brasileiro; 
d) crimes praticados a bordo de navio ou aeronave brasileiros privados, quando praticados no exterior e ali não forem julgados. A doutrina costuma apontar uma série de princípios que inspiraram o legislador a eleger os casos em que a lei de um país deve ser aplicada a fatos que se deram no estrangeiro.
CONDIÇÕES APLICÁVEIS AOS CASOS DE EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA 
São as seguintes: 
a) entrada do agente no território nacional (condição de procedibilidade); 
b) ser o fato punível também no país em que cometido; 
c) estar o crime entre aqueles a que a lei brasileira admite a extradição; 
d) não ter sidoo agente absolvido ou não ter cumprido pena no estrangeiro; e) não ter sido perdoado e não se tiver extinguido sua punibilidade, segundo a lei mais favorável (condições objetivas de punibilidade).
EXTRATERRITORIALIDADE NA LEI DE TORTURA
A Lei n. 9.455, de 1997, que tipifica o delito de tortura (“constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça)., causando-lhe sofrimento físico ou mental: 
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; 
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; 
c) (“em razão de discriminação racial ou religiosa”), estabelece que seus dispositivos se aplicam “ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira” (art. 2º). Cuida-se, portanto, de situação de extraterritorialidade prevista em lei especial.
PRINCÍPIO DO NON BIS IN IDEM (CP, ART. 8º) 
Nas hipóteses de extraterritorialidade incondicionada é possível, em tese, que o agente responda por dois processos pelo mesmo fato, um no exterior, outro no Brasil, sobrevindo duas condenações. Se isso ocorrer, aplicar-se-á o art. 8º, que se funda no princípio do non bis in idem (o qual proíbe seja alguém condenado duas vezes pelo mesmo fato). Sendo assim, a pena cumprida no estrangeiro: a) atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas; ou b) nela é computada, quando idênticas (detração).
DO FATO TÍPICO E SEUS ELEMENTOS
Fato típico é o fato humano que se adequa perfeitamente ao tipo penal. O fato típico consubstancia o primeiro dos elementos estruturais do delito e sua composição varia em função da espécie de crime. Nos dolosos são:
 a) conduta dolosa; 
b) resultado (nos crimes materiais); 
c) nexo causal (nos crimes materiais); 
d) tipicidade; 
e) relação de imputação objetiva (elemento normativo implícito do fato típico). 
Nos culposos, por outro lado: 
a) conduta voluntária; 
b) resultado involuntário; 
c) nexo causal; 
d) tipicidade; 
e) relação de imputação objetiva (elemento normativo implícito do fato típico); f) quebra do dever de cuidado objetivo; g) previsibilidade objetiva.
CONDUTA A conduta deve ser entendida como a ação ou omissão humana, consciente e voluntária dirigida a uma finalidade. Seus elementos são: exteriorização, consciência e voluntariedade. Faltando um desses elementos, não há falar em conduta. As formas de conduta, como vimos acima, são duas: ação e omissão. Ação é a conduta positiva que se manifesta por um movimento do corpo humano (“matar”, “constranger”, “subtrair”, etc.). Omissão é a conduta negativa que consiste na abstenção de um movimento. É o deixar de fazer algo penalmente relevante. Há duas espécies de crimes omissivos: crimes omissivos próprios e crimes omissivos impróprios (comissivos por omissão). Os crimes omissivos próprios são crimes de mera conduta, o tipo penal nem sequer faz uma referência à ocorrência de um resultado no mundo exterior, ou seja, basta o sujeito se omitir para estar configurado o tipo (ex.: arts. 135, 244 e 269 do CP). Nos crimes omissivos impróprios (omissivos por omissão), o tipo penal descreve uma conduta positiva, ou seja, uma ação. O sujeito responde pelo crime porque estava juridicamente obrigado a impedir a ocorrência do resultado. Atenção: para que alguém responda por um crime comissivo por omissão é necessário que, nos termos do art. 13, § 2º, do CP, tenha o dever jurídico de evitar o resultado. 
RESULTADO
Há duas teorias que se debatem na conceituação do resultado para fins penais: 
1ª) teoria naturalística: resultado é a modificação no mundo exterior provocada pela ação ou omissão; 
2ª) teoria jurídica: resultado é a lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma penal. Há crime sem resultado? De acordo com a teoria naturalística, isso ocorre nos crimes de mera conduta. Para a teoria jurídica, não há crime sem resultado jurídico, de modo que, se a conduta não provocou uma afetação (lesão ou ameaça de lesão) a algum bem jurídico penalmente tutelado, não houve crime.
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES QUANTO AO RESULTADO NATURALÍSTICO
 A) MATERIAIS OU DE RESULTADO: o tipo penal descreve a conduta e um resultado material, exigindo-o para fins de consumação. Exemplos: homicídio (CP, art. 121), furto (CP, art. 155), roubo (CP, art. 157), estelionato (CP, art. 171). 
B) FORMAIS: o tipo penal descreve a conduta e o resultado material, porém não o exige para fins de consumação. Exemplos: extorsão (CP, art. 158), extorsão mediante sequestro (CP, art. 159), sequestro qualificado pelo fim libidinoso (CP, art. 148, § 1º, V).
 C) DE MERA CONDUTA: o tipo penal não faz nenhuma alusão a resultado naturalístico, limitando-se a descrever a conduta punível independentemente de qualquer modificação no mundo exterior. Exemplos: omissão de socorro (CP, art. 135), violação de domicílio (CP, art. 150). Alguns autores afirmam que o tipo penal nos crimes formais é incongruente, porquanto descreve conduta e resultado, mas se contenta com aquela para que ocorra a consumação, vale dizer, exige menos do que aquilo que está escrito na norma penal.
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES QUANTO AO RESULTADO JURÍDICO
 A) DE DANO OU DE LESÃO: quando a consumação exige efetiva lesão ao bem tutelado. Exemplos: homicídio (CP, art. 121), lesão corporal (CP, art. 129), furto (CP, art. 155).
 B) DE PERIGO: caso a consumação se dê apenas com a exposição do bem jurídico a uma situação de risco. Exemplos: perigo de contágio venéreo (CP, art. 130), perigo à vida ou saúde de outrem (CP, art. 132). Estes se subdividem em crimes de perigo concreto (o risco deve ser demonstrado) e de perigo abstrato (a prática da ação ou omissão gera uma presunção absoluta de que o bem jurídico sofreu um risco). Há polêmica na doutrina acerca da constitucionalidade dos crimes de perigo abstrato. Para Luiz Flávio Gomes, tais delitos seriam inconstitucionais por violação ao princípio da ofensividade (nullum crimen sine injuria) (Princípio da ofensividade no direito penal). Fernando Capez, por outro lado, entende subsistir a “possibilidade de tipificação de crimes de perigo abstrato em nosso ordenamento legal, como legítima estratégia de defesa do bem jurídico contra agressões em seu estado embrionário, reprimindo-se a conduta antes que ela venha a produzir um perigo concreto ou dano efetivo”. Afirma o autor que se trata de “cautela reveladora de zelo do Estado em proteger adequadamente certos interesses” (Consentimento do ofendido e violência desportiva: reflexos à luz da teoria da imputação objetiva, p. 87). Na jurisprudência predomina amplamente o entendimento no sentido da constitucionalidade de tais delitos (v. STJ, HC 23.969/RJ, rel. Min. Hamilton Carvalhido, j. 9-9-2003, Informativo STJ, n. 183).
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
Dispõe o art. 13, caput, parte inicial, do CP: “O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa”. O resultado a que alude o dispositivo é o naturalístico ou material, isto é, a modificação no mundo exterior provocada pela conduta. A grande maioria dos tipos penais não se limita a descrever uma ação ou omissão, exigindo também, para fins de consumação, que ocorra um resultado material. Nesses casos, o art. 13 condiciona a existência do crime à constatação de um liame causal entre a conduta e o resultado por ela supostamente produzido. Nexo de causalidade consiste justamente nesse vínculo ou liame que une a conduta ao resultado nos crimes materiais. Várias teorias se preocupam em definir o critério para constatar o nexo causal: 
TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES OU DA CONDITIO SINE QUA NON: sustenta que todo fator que de forma direta ou indireta exerceu alguma influência no resultado deve ser considerado como sua causa; Nosso CP adotou expressamente a teoria da equivalência dos antecedentes (art. 13, caput, parte final), ao estabelecer: “Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”. Tudo o que contribuirpara o resultado, portanto, deve ser considerado sua causa, seja uma conduta humana, seja um fator natural.
TIPO PENAL, TIPICIDADE E ADEQUAÇÃO TÍPICA
Tipicidade é a relação de subsunção entre um fato concreto e um tipo penal previsto abstratamente na lei. Trata-se de uma relação de encaixe, de enquadramento. É o adjetivo que pode ou não ser dado a um fato, conforme ele se enquadre ou não na lei penal.
DOLO
Dolo é a vontade de concretizar as características objetivas do tipo (Damásio de Jesus). Trata-se de elemento subjetivo implícito da conduta. O dolo possui elementos, quais sejam: 
a) Cognitivo ou intelectual, que é a representação, a consciência da conduta, do resultado e do nexo causal entre eles; 
b) Volitivo, que é a vontade de realizar a conduta e produzir o resultado.
CULPA
O crime culposo está previsto no artigo 18, II, do Código Penal Brasileiro com a seguinte redação: 
Art. 18 — Diz-se o crime: (...) II — culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. 
Para determinar quando surge a imprudência, negligência ou imperícia, é necessária a noção de dever de cuidado objetivo. Este corresponde ao dever, que a todos se impõe, de praticar os atos da vida com as cautelas necessárias, para que do seu atuar não decorram danos a bens alheios. A imprudência é uma conduta positiva, que se dá com a quebra de regras de conduta ensinadas pela experiência. Exemplo: dirigir em excesso de velocidade e atropelar um pedestre. A negligência ocorre quando o sujeito se porta sem a devida cautela; é uma conduta negativa, uma omissão quando o caso impunha uma ação preventiva. Exemplo: mãe que deixa um veneno perigoso à mesa, permitindo que seu filho pequeno o ingira e morra. Imperícia é a falta de aptidão para o exercício de arte ou profissão. A imperícia pressupõe sempre a qualificação ou habilitação legal para o ofício. Exemplo: um médico, durante uma cirurgia, secciona uma artéria e causa hemorragia seguida de morte.

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Materiais recentes

Perguntas Recentes