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Curso de Psicologia – FENÔMENOS E PROCESSOS Unidade I – Percepção Profa. Alessandra Schiarantolla 1 2024.2 Apostila adaptada de Rosemary Soffner e Aline Ellen Rodrigues Santos OLÁ! Você está na unidade Percepção. Conheça aqui os elementos que constituem o processo de percepção, bem como suas propriedades. Aprenda também sobre as funções e formas da percepção e entenda sobre as perspectivas teóricas que a abordam. Bons estudos! As relações entre os indivíduos e o mundo dá-se através de mecanismos perceptivos, sendo todo o conhecimento adquirido através da percepção. Para começarmos a falar de percepção, é necessário entender o que ela é e como ela atua no indivíduo. Em um primeiro momento, não se pode negar que a percepção tem uma ligação direta com a sensação, pois é esta que irá, no primeiro instante, captar os estímulos internos ou externos para que o indivíduo comece a perceber, categorizar e distinguir os estímulos de outros. A percepção é o processo pelo qual concebemos a realidade, sendo que ela trabalha como base do comportamento humano, agindo de maneira consciente sobre a comunicação, sobre os pensamentos e sentimentos. Segundo Dalgalarrondo (2000, p. 81) a percepção é “a tomada de consciência, pelo indivíduo, do estímulo sensorial [...]. Diz respeito à dimensão propriamente neuropsicológica e psicológica do processo”. Assim, transforma os estímulos sensoriais em processos perceptivos conscientes. O processo perceptivo ocorre no instante da captação, por meio dos sentidos, de um estímulo que logo em seguida é enviado ao cérebro. Ela não fornece uma imagem exata do que é real, sendo o significado que damos às experiências vividas, que serão experienciadas dependendo das expectativas e motivações do que foi aprendido durante o desenvolvimento social e também da atenção de cada indivíduo. Gerring e Zimbardo (2005, p. 151) afirmam que a percepção é “[o] conjunto de processos que organiza a informação na imagem sensorial e interpreta na forma de algo produzido por objetos ou eventos no mundo exterior [...] como tendo sido produzidas pelas propriedades dos objetos ou eventos no mundo exterior, tridimensional.” 1.1. Processo perceptivo e seus elementos 1. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO PROCESSO PERCEPTIVO FENÔMENOS E PROCESSOS UNIDADE II – PERCEPÇÃO Curso de Psicologia – FENÔMENOS E PROCESSOS Unidade I – Percepção Profa. Alessandra Schiarantolla 2 2024.2 Há diversos tipos de elementos do processo perceptivo, podendo este ser classificado por finalidade, tempo, abstração, associação, visual, personalização, entre outros. Esse processo é complexo e abrange todos os sentidos, ou seja, é obtido através dos cinco sentidos – visão, audição tato, paladar e olfato – e implica na pessoa em sua totalidade, trazendo a construção de significados. Independentemente de o indivíduo perceber as coisas que o cercam, ele vive em um mundo complexo, não de informações distintas e separadas, estando em contato a todo momento não com sensações separadas, mas com imagens inteiras. Luria (2000) ainda afirma que o reflexo das imagens que estão a nossa volta ultrapassa os limites das sensações de forma isolada, mas irá se basear em um trabalho conjunto dos órgãos dos sentidos, sendo uma síntese de sensações isoladas atuando nos complexos sistemas conjuntos. A síntese pode alcançar tanto somente uma modalidade, quanto várias modalidades. Ou seja, ao analisar uma foto, é possível reunir impressões visuais isoladas em uma imagem integral, ou, ao vermos uma maçã unem-se as impressões visuais, táteis e gustativas e ainda é possível acrescentar os conhecimentos a respeito da fruta. Segundo Luria (1999, p. 39), “[s]omente como resultado dessa unificação é que transformamos sensações isoladas numa percepção integral, passamos do reflexo de indícios isolados ao reflexo de objetos ou situações inteiros”. É errôneo dizer, então, que o processo de percepção se dá a partir de uma transição das sensações simples para sensações complexas somente pela soma das mudanças, já que esse processo passa por etapas muito mais complexas. O processo perceptivo, dessa forma, irá requerer que haja discriminação do conjunto de indicativos atuantes (cor, peso, propriedades táteis, sabor, entre outros), juntamente com os indicativos básicos determinantes e com a abstração concomitante de indicativos inexistentes. Assim, demanda a unificação dos principais indicativos do grupo e busca semelhança de um conjunto de indicativos percebidos e despercebidos com o conhecimento que já se tem anteriormente daquele objeto. Havendo, no processo dessa comparação, a hipótese de que o objeto que foi proposto se encaixe com a informação que chega ao cérebro, acontecerá a identificação do objeto e o processo perceptivo estará concluído. Por outro lado, se o resultado dessa comparação não acontecer, isto é, a coincidência de hipótese com a informação real que chega ao indivíduo, a busca de uma solução correspondente irá continuar enquanto o indivíduo não identificar o objeto ou incluir esse objeto em uma determinada categoria. Segundo Luria (1999, p. 39-40), “[n]a percepção de objetos conhecidos (um copo, uma garrafa, uma mesa), esse processo de identificação do objeto ocorre com muita rapidez, bastando ao homem unir dois-três indícios perceptíveis para chegar à solução adequada. Na percepção de objetos novos ou desconhecidos, o processo de sua identificação é bem mais complexo e assume formas bem mais desenvolvidas. Imaginemos que o homem examina um dispositivo histológico desconhecido para a obtenção de delicadíssimos cortes de tecidos: o micrótomo. Inicialmente ele percebe uma complexa construção instalada numa pesada base de ferro fundido, em seguida distingue partes metálicas isoladas e pode ter a súbita impressão de tratar-se de uma balança. No entanto ele não vê os pratos indispensáveis à balança ou as escalas que representam o peso. Ele continua a examinar esse objeto desconhecido até que seus olhos distinguem a superfície plana do aparelho e uma lâmina muito afiada. Então ele pode lembrar-se de que viu algo semelhante numa mercearia e que esse aparelho era empregado para cortar presunto ou salame em fatias finas. Somente depois disto a lâmina Curso de Psicologia – FENÔMENOS E PROCESSOS Unidade I – Percepção Profa. Alessandra Schiarantolla 3 2024.2 aguda, contígua à superfície metálica, torna-se indício determinante e o sujeito começa a formar a idéia de que o objeto percebido tem relação com os instrumentos de corte cujas hélices micrométricas parecem assegurar uma regulação precisa da espessura dos cortes” Assim, como visto no exemplo dado pelo autor, a percepção plena do objeto irá aparecer como uma implicação complexa de um trabalho de análise e síntese, trazendo apenas indicativos essenciais e inibindo os indicativos secundários, combinando nesse todo apreendido os detalhes perceptivos. Estão incluídos no processo perceptivo muito além da simples excitação dos órgãos quando chega o estímulo no córtex cerebral, já que componentes motores também atuam nesse processo em forma de apalpação do objeto, assim como o movimento dos olhos, que distinguem o que chama mais atenção. Estando a atividade receptora muito próxima aos processos de pensamento direto, essa semelhança ocorrerá quanto mais novo e mais complexo for o objeto que está sendo compreendido. 1.2. Peculiaridades do processo perceptivo Luria (1991) afirma que existem quatro aspectos básicos no processo de percepção do indivíduo: Caráter ativo e imediato - Como já foi colocado anteriormente, a percepção do indivíduo ocorrerá pelos seus conhecimentos anteriores e experiências já vividas, o que fará com que seja possível imaginar objetos que não estão presentes naquele momento e planejar ações futuras, sendo responsável pela captação e discriminação dos estímulos. Caráter material e genérico - É responsável pela categorizaçãoe significação das diferentes percepções, ou seja, o indivíduo irá atribui-las, num primeiro momento, a determinadas categorias gerais e, à medida que vai se evoluindo e tendo uma maior vivência, consegue aprimorar a percepção daquele estímulo. Constância e correção - Tem-se informações sobre determinado objeto por experiências anteriores e também pelas suas propriedades. A percepção fará a correção da impressão desse estímulo imediatamente, sendo capaz de corrigir os traços perceptivos mesmo que o estímulo mude de lugar ou de cor, por exemplo. Ainda que o objeto esteja em movimento, o indivíduo consegue manter a percepção sobre ele. É entre os dois e os quatorze anos que há evolução sobre tamanho, constância e cor. Móvel e dirigível - É a possibilidade dessa função psicológica, que é a percepção, ser dirigida voluntariamente para outra função psicológica, que é a atenção. Ou seja, a nossa percepção é capaz de ser dirigível, sendo possível deslocar a percepção para onde o indivíduo quiser. 2. PROPRIEDADES DA PERCEPÇÃO Curso de Psicologia – FENÔMENOS E PROCESSOS Unidade I – Percepção Profa. Alessandra Schiarantolla 4 2024.2 Uma das teorias que mais se concentraram em explicar a percepção foi a teoria da Gestalt. Ela afirma que a percepção tem como um dos princípios organizadores o fato de que os objetos são percebidos de maneira unificada, ou seja, a percepção não se trata de sensações individuais que aglomeramos em nossa mente, mas ocorre de maneira organizada e espontânea sempre que olhamos a nossa volta, combinando partes do campo perceptivo como se apresenta, de acordo com Schultz e Schultz (1992). As percepções são consideradas normais se o que o indivíduo percebe é, de fato, o que está a sua volta, ou seja, o que realmente se ouve, se vê e se sente. Alterações da percepção podem ocorrer, sendo por ilusões e alucinações, que podem ser criadas pelo homem e até mesmo pelos animais, como, por exemplo, a camuflagem, que é usada por homens na guerra assim como por animais para sua sobrevivência. Por outro lado, a percepção pode ser diferenciada de acordo com algumas propriedades que ela apresenta como veremos a seguir. 2.1. Percepção seletiva e sensitiva Já ouviu falar que quando você quer alguma coisa, todo o universo conspira para que você consiga o que deseja? O que está por traz disso é a percepção seletiva. No mundo, há muita informação, mas não conseguimos perceber tudo o que está ao nosso redor, assim, a percepção seletiva é esse filtro natural, podendo ser consciente ou inconsciente, em que o que se enxerga são os estímulos que prendem a atenção do indivíduo. Dessa forma, sendo definido um foco, o que está ao redor que não é de grande importância para o indivíduo é ignorado. Já a percepção sensitiva ocorre quando se passa muito tempo com um estímulo muito próximo e ocorre a adaptação sensitiva, consistindo em perder a capacidade ou a sensibilidade ao estímulo com o qual se está tendo um grande contato. 2.2. Diferentes fatores que influenciam na percepção A percepção ocorre principalmente através da atenção, que é a responsável por iniciar o processo de percepção seletiva, fazendo com que o indivíduo perceba alguns fatores ao seu redor e ignore outros como já foi exemplificado anteriormente. Segundo FATORES EXTERNOS - Há algumas características dos estímulos que irão determinar nossa atenção com frequência, tais como a intensidade, contraste, movimento e a incongruência. FATORES INTERNOS - Influenciam a nossa atenção, tais como a motivação, experiências anteriores e fenômenos sociais. Vejamos no quadro a seguir as características de cada um deles. Curso de Psicologia – FENÔMENOS E PROCESSOS Unidade I – Percepção Profa. Alessandra Schiarantolla 5 2024.2 Aqui iremos abordar o conceito de percepção dentro de diversas perspectivas teóricas e, de acordo com suas particularidades, apresentar o que é esse fenômeno e como ele ocorre. A percepção tem diferentes significados dependendo da abordagem teórica em que ela é trabalhada, mas o que podemos dizer, e que todos concordam, é que a percepção é uma interpretação da realidade, não se tratando da realidade em si. No senso comum, por exemplo, acredita-se que algo é real através da experiência individual de cada ser humano, e essa experiência apresenta, muitas vezes, resultados diferentes de acordo com cada indivíduo, pois cada um interpreta a realidade a sua volta de forma diferente e a partir dos seus pressupostos vividos. Cavalcanti (2008) afirma que “[n]a perspectiva do senso comum, o conceito de percepção tem os seus usos relacionados com os sentidos, principalmente com a visão, de modo que a percepção passa a ser tratada como um sinônimo de capacidade e apreensão sensorial. Quando um indivíduo enxerga, ele está percebendo objetos no seu campo visual ou quando este escuta, ele está percebendo sons no ambiente.” 3. PERSPECTIVAS TEÓRICAS DO ESTUDO DA PERCEPÇÃO Curso de Psicologia – FENÔMENOS E PROCESSOS Unidade I – Percepção Profa. Alessandra Schiarantolla 6 2024.2 Na psicologia, o conceito de percepção toma que o indivíduo faz uma organização e interpretação dos estímulos que foram recebidos pelos órgãos dos sentidos, e, com isso, existe a possibilidade de identificar objetos e acontecimentos a sua volta. Assim, a percepção apresenta duas etapas, sensorial e intelectual, sendo as duas complementares, pois não proporcionam uma visão realista do que está a sua volta, havendo necessidade da interferência do intelecto. Já segundo a filosofia, a percepção irá descrever uma situação que o espírito irá captar utilizando a intuição e os estímulos exteriores, sendo que cada filósofo apresenta o conceito de percepção de forma distinta, de acordo com sua base teórica. Conforme, Gomes (2005 apud Descartes, s.p) “[p]ercepções [...] derivam dos objetos, mas diferiam das simples sensações por envolverem julgamentos mentais ativos. ‘Eu compreendo somente pela faculdade do julgamento, a qual está na mente; o que eu acredito eu vi com meus olhos”. 3.1. Teoria da Gestalt A Psicologia da Gestalt surge no princípio do século XX, por volta de 1912, e incorpora em sua teoria um elemento que foi ignorado no estruturalismo, que é a relação entre os estímulos. Assim, a Gestalt trabalha com a ideia de um processo para dar contorno ao que está exposto ao olhar, configurando o que é colocado diante dos olhos do indivíduo. Ela traz a conceito de conhecer o objeto pelo seu todo e não pelas suas partes, tendo suas próprias leis que coordenam seus elementos. É uma teoria que traz duas propriedades relacionadas à qualidade das formas: Sensíveis - Próprias do objeto. Formais - Próprias da nossa concepção. É uma teoria que trabalha em relação à teoria da forma, ou seja, sugere que o cérebro humano tem a tendência de, automaticamente, desmembrar a imagem em partes distintas, organizá-las de acordo com que o cérebro concebe como forma, tamanho, cor e textura semelhantes, que posteriormente serão reagrupadas novamente em um conjunto representativo que possibilita a compreensão do significado revelado. Sendo assim, o princípio básico da teoria da Gestalt é que Curso de Psicologia – FENÔMENOS E PROCESSOS Unidade I – Percepção Profa. Alessandra Schiarantolla 7 2024.2 o todo é interpretado diferentemente da soma das suas partes. Esta alegação leva à descoberta de diferentes fatos que acontecem durante o processo perceptivo. Para a Gestalt, durante o processo perceptivo, há fatores que são objetivos e subjetivos, que apresentam uma variação em relação à sua importância relativa. O indivíduo tende a isolar as “boas formas”, representando essa relação entre o organismo e o meio, ocorrendo o mesmo entre as relações de figura-fundo, no qual a percepção é organizada de maneira que todo campo perceptivo irá se diferenciar em um fundo e em uma forma. Dessa forma, os elementos,figura e fundo estão intimamente ligados e não existem independentemente, representando o principal foco de estudo da teoria da Gestalt. Para a Gestalt, a percepção irá variar significativamente de uma pessoa para outra, pois a ela depende de inúmeras variáveis, tais como experiências culturais e pessoais, estado motivacional, entre outros. Além do princípio figura e fundo, a teoria da Gestalt também determina vários outros princípios ou leis da percepção, como veremos a seguir: Lei da Proximidade - Os elementos são dispostos de acordo com a distância a que se encontram uns dos outros. Quanto mais perto uns dos outros, mais são percebidos como um grupo. Quanto mais longe, menos são percebidos como um mesmo grupo. Lei da Semelhança - Os objetos semelhantes tendem a se agrupar. Essa semelhança pode ocorrer na cor dos objetos, na textura e na sensação de peso e volume dos elementos. Estas características podem ser percebidas quando se cria relações ou agrupamentos de elementos na formação de uma figura. Por outro lado, quando não se usa de maneira adequada, pode haver uma maior dificuldade na percepção visual, como, por exemplo, quando se usa uma textura semelhante no plano de fundo e nos elementos do primeiro plano, em que fica mais difícil de identificar a figura desejada no primeiro plano. Lei da Continuidade -Mantendo-se homogênea a proximidade, a percepção é disposta de acordo com a similaridade dos estímulos. Se vários elementos de um desenho apontam para o mesmo lado, por exemplo, o resultado final será mais facilmente detectado, facilitando a compreensão. Os elementos dispostos de maneira harmônica irão proporcionar um conjunto mais harmônico. Lei da Simplicidade - Esta lei de maior influência da Gestalt-terapia, apresenta uma grande relevância, pois declara que todas as formas tendem a ser entendidas em seu caráter mais simples. Isto é, quanto mais simples, mais facilmente é entendida. Desta maneira, a parte mais facilmente compreendida em um desenho é a mais regular, que irá requerer uma percepção mais simplificada. Lei do Fechamento - Elementos são agrupados de maneira que se pareçam completar um ao outro. Na mente do indivíduo, é visto um objeto completo mesmo quando não há um. O conceito de encerramento está relacionado ao fechamento visual, como se completássemos visualmente um objeto inacabado. FIQUE DE OLHO!!! Para saber um pouco mais sobre figura-fundo e percepção, leia o artigo “A psicologia da Gestalt e a ciência empírica contemporânea”, de Arno Engelmann (2002). Curso de Psicologia – FENÔMENOS E PROCESSOS Unidade I – Percepção Profa. Alessandra Schiarantolla 8 2024.2 3.2. Behaviorismo radical Skinner traz a explicação de percepção através do conceito de comportamento perceptivo, que são muitos comportamentos inter-relacionados a um comportamento complexo. Trazendo a explicação da percepção, segundo Lopes e Abbid (2002), em termos de comportamento perceptual, considera-se a influência de variáveis ambientais nesta resposta, evidenciando que a questão deve ser tratada em termos de controle de estímulos e não como uma tarefa cognitiva. De acordo com Cavalcanti (2008), “Skinner (1974/2006) afirma que o ambiente afeta o organismo antes e depois que este se comporta, pois o contexto em que a resposta ocorre, o comportamento em si, assim como suas consequências no ambiente se relacionam para formar o histórico de reforço do indivíduo. Portanto, se o comportamento é reforçado ou não em um determinado contexto, este contexto, ou estímulo antecedente, passa a exercer controle sobre este comportamento. Assim sendo, o comportamento perceptual tem relação tanto com estímulos discriminativos e estímulos delta quanto com a presença ou não de reforçadores no ambiente (Silva, 2000). A teoria da percepção na análise do comportamento, referida de forma mais econômica como comportamento perceptual, abrange diversos comportamentos e todos estes comportamentos possuem uma relação com os princípios de controle de estímulos.” O estudo da percepção de Skinner pode ser desmembrado em dois momentos: Momento 1 - O estudo do comportamento perceptivo como precorrente. Momento 2 - O estudo dos precorrentes do comportamento perceptivo. O estudo do comportamento perceptivo como precorrente dá-se de maneira que a investigação passa pelo comportamento perceptivo e desempenha um papel fundamental de modificação do ambiente, passando pelo processo de resolução de problemas e permitindo a emissão de um comportamento discriminativo que leve à solução das questões. Curso de Psicologia – FENÔMENOS E PROCESSOS Unidade I – Percepção Profa. Alessandra Schiarantolla 9 2024.2 Conforme Simonassi e Cameschi (2003), “[c]omportamentos precorrentes são ações operantes que geram estímulos discriminativos que afetam a probabilidade de ocorrência de respostas subseqüentes (Skinner, 1969/1980; Baum, 1994 /1999). As categorias de ação precorrentes ocorrem tipicamente em situações de resolução de problemas, onde uma resposta subseqüente pode ser ou não a resposta-solução. Na segunda etapa, a investigação já trabalha com uma série de outros elementos e comportamentos, como a atenção e consciência, que irão modificar a probabilidade de emissão de comportamento perceptivo. Realizando a análise das relações dos demais comportamentos com o comportamento perceptivo, atinge-se o ponto mais alto da linearidade da teoria da percepção no behaviorismo radical, o que Skinner considera mais convincente do que as explicações chamadas de mentalistas, como a Gestalt, a femonenologia, entre outras teorias que fazem o uso da teoria das cópias, como é nomeado por Skinner. Loppes e Abbid (2002) afirmam que, quando a percepção é explicada através dos conceitos de comportamento perceptivo, não há necessidade de nenhuma outra mediação mental, considerando que a percepção é mais uma questão de controle de estímulos do que de cópia mental, se houver a identificação das variáveis que controlam o seu comportamento.” 3.3. Outras teorias da percepção Entre a psicologia e a filosofia, são diferentes as teorias que abordam e conceituam a percepção, pois a ela é central no entendimento da psique do homem. Assim, veremos, a seguir, mais algumas teorias que complementam o entendimento sobre a percepção. O associassonismo tem como principal representante Wundt, considerado o pai da psicologia, que criou o primeiro laboratório de psicologia experimental no final do século XIX. Segundo essa teoria, a percepção é formada por átomos de sensações isoladamente, ou seja, as sensações são captadas isoladamente pelo cérebro e, em seguida, são associadas entre si, construindo a percepção global do objeto. O indivíduo, nessa teoria, atua como receptor passivo dos estímulos. Já a teoria da percepção direta, formulada por Gibson (1904-1980), afirma que as informações que chegam aos receptores são satisfatórias para esclarecer sobre os processos perceptivos. Segundo ela, a cognição não é relevante para percepção. Conforme Sillman, [a] percepção direta é possível pela disponibilidade de informação significativa que, segundo Gibson (1986), consiste em padrões invariantes que especificam a estrutura do ambiente para um animal capaz de captá-la, sem que essa estrutura necessite ser reconstruída internamente partindo de fragmentos (dados) do mundo obtidos pelos órgãos dos sentidos. Há também as teorias ascendentes, chamadas também de bottom-up, e as teorias descendentes da percepção, chamadas de top-down. Essas teorias consideram praticamente todos os processos cognitivos, porém a primeira considera percepções acionadas por estímulos, enquanto FIQUE DE OLHO!!! Para saber mais sobre as teorias da percepção e como cada uma se coloca sobre as distorções que ocorrem no processo perceptivo, leia o artigo “Ilusões: o olho mágico da percepção”, de Marcus Vinicius C. Baldo e Hamilton Haddad (2003). Curso de Psicologia– FENÔMENOS E PROCESSOS Unidade I – Percepção Profa. Alessandra Schiarantolla 10 2024.2 na segunda são consideradas as experiências acumuladas, conhecimentos trazidos de vivências anteriores. As teorias ascendentes abarcam: • Teoria do padrão - Afirma que o indivíduo traz consigo padrões armazenados na memória. Assim, a percepção ocorrerá quando o indivíduo visualiza um estímulo e o compara com outro que foi guardado em sua memória. • Teoria dos protótipos - Defende que o indivíduo tem um modelo representativo com traços e características de objetos, não existindo uma correspondência exata, mas generalizada. • Teoria das características - Declara que não se percebe o modelo por inteiro, mas sim por suas características. Já as teorias descendentes, que são aquelas que o ser humano traz consigo análises mais elevadas, enfatizando os conhecimentos prévios, experiências e a interpretação que o indivíduo já possui, levando também em conta as expectativas relacionadas a percepção, abarcam três outras teorias: • Efeitos das necessidades - As necessidades influenciam na percepção do indivíduo, ou seja, se você tem necessidade de algo a sua percepção o levará a criar imagens que pertençam ao que você necessita. • Efeitos dos contextos - O contexto poderá influenciar nos objetos que são adquiridos. • Efeitos das motivações - A influência que a motivação tem sobre a nossa percepção. A percepção é extremamente importante para o reconhecimento do indivíduo no mundo. É possível observar diferentes tipos de percepção adequadas aos estímulos que são recebidos, permitindo a organização de informações que estão sendo emitidas tanto pelo mundo externo, quanto interno do indivíduo. Segundo Barreto (2009), [o]s sentidos têm a função de nos fazer conhecer o percebido. Dá-nos uma concepção dos objetos e uma confiança em sua existência, uma sensação que acompanha a percepção. Ao cheirar uma rosa o seu odor está inscrito na flor que é a base para a percepção, neste caso, é a qualidade da rosa que percebo pelo olfato. Há diversas formas de perceber as coisas que estão ao nosso redor, uma vez que a percepção tem estreita ligação com os cinco sentidos: visão, audição, tato, paladar e olfato. 4.1. Percepção visual Para muitos teóricos, a percepção visual é a percepção que mais se destaca, Skinner afirma isso, colocando não necessariamente que a visão seja o sentido mais importante que temos, mas que a visão é o sentido mais complexo e desenvolvido. 4. FORMAS E FUNÇÃO DA PERCEPÇÃO Curso de Psicologia – FENÔMENOS E PROCESSOS Unidade I – Percepção Profa. Alessandra Schiarantolla 11 2024.2 A percepção visual será, então, caracterizada pela captação de formas, cores, movimentos, luminosidade e relações espaciais. Para uma melhor compreensão de como ocorre a captação desses estímulos pela visão, é necessário compreender a estrutura do sistema visual, no qual o olho, que é uma área periférica desse sistema, irá representar um complexo aparelho que irá se dividir em vários componentes. Os olhos, assim, agem como uma porta de entrada para o sistema visual, no qual, em seguida, o córtex cerebral faz o papel de transportar e organizar a informação visual, sendo, então, na parte do córtex cerebral onde se constrói a percepção. Conforme Luria (1991), [n]o aparelho do olho podemos distinguir a parte sensível à luz (retina) e vários dispositivos auxiliares de caráter motor; dentre estes um (a íris e o cristalino) assegura a afluência dos raios luminosos que chegam à retina, a focalização da imagem e a proteção do aparelho contra influências estranhas (a córnea) e permite realizar o movimento do dispositivo complexo (os músculos do olho). Vamos, aqui, analisar um pouco mais detalhadamente cada parte do olho citada. A retina pode ser considerada a estrutura mais fundamental, já que é a camada mais interna e consegue captar luz através de células receptoras fotossensíveis, processando os impulsos luminosos através de uma rede de neurônios. Curso de Psicologia – FENÔMENOS E PROCESSOS Unidade I – Percepção Profa. Alessandra Schiarantolla 12 2024.2 Existem dois tipos de células receptoras fotossensíveis que são responsáveis por traduzir as imagens recebidas em uma representação organizada: bastonetes e cones. Stolfi (2008) afirma, sobre essas duas células, que [n]a retina temos duas classes de células sensíveis à luz: • Cones: Células sensíveis à intensidade e à cor (compreendem três sub-tipos: L, M e S, sensíveis respectivamente ao amarelo, verde e azul); são responsáveis pela Visão Fotópica, ou visão de luz intensa. Dos cerca de 7.000.000 de cones existentes na retina, metade situam-se na Fóvea. Muitos cones são ligados individualmente a terminações nervosas; seu diâmetro varia de 1 a 5 µm. • Bastonetes: Células sensíveis apenas à intensidade, responsáveis pela Visão Escotópica, ou visão em condições de pouca luz. Há cerca de 75 a 150 milhões de bastonetes na retina, mas são praticamente inexistentes na Fóvea. Por serem ligados em grupos às terminações nervosas, formam conjuntos mais sensíveis à luz do que os Cones, porém com menor capacidade de resolução de detalhes. A visão escotópica não proporciona sensação de cor. Essas duas células trabalham conjuntamente, sendo que os cones proporcionam uma visão colorida e detalhada, enquanto os bastonetes trabalham com a baixa luminosidade, promovendo contraste e detecção de movimento. Há fatores ambientais ou individuais que podem influenciar a percepção visual, interferindo no resultado final da nossa percepção. O quadro a seguir mostra alguns desses fatores: Tendo o conhecimento da estrutura visual, é possível perceber melhor como vemos e como ocorre a percepção no nosso sistema visual. Curso de Psicologia – FENÔMENOS E PROCESSOS Unidade I – Percepção Profa. Alessandra Schiarantolla 13 2024.2 4.2. Percepção auditiva Essa é a percepção que temos dos sons através do ouvido, estando ligada ao volume e intensidade do som e ritmo. Assim como a percepção visual, é considerada como uma das percepções que mais se destacam. A percepção auditiva interpreta os sentidos que estão em torno e essa interpretação é um processo ativo que irá depender dos nossos conhecimentos prévios e processos cognitivos. Luria (1991) afirma que “[o] nosso ouvido percebe tons e ruídos. Os tons são oscilações rítmicas regulares do ar; e a freqüência dessas oscilações determina a altura do tom, enquanto a amplitude dessas oscilações determina a intensidade do som”. As oscilações que ocorrem irão variar de acordo com a frequência e altura do som, ou seja, quanto maior a frequência, maior a altura. O aparelho periférico é formado por um dispositivo bem complexo, como aponta Luria (1991): Os tons que atuam sobre o homem e os ruídos passam pela entrada do ouvido e chegam ao tímpano, uma película elástica dotada da capacidade de oscilar-se em Curso de Psicologia – FENÔMENOS E PROCESSOS Unidade I – Percepção Profa. Alessandra Schiarantolla 14 2024.2 ritmo com o som. Através do sistema de ossículos situados no ouvido médio (bigorna, martelo, estribo), essas oscilações são transmitidas através da janela oval ao aparelho do ouvido interno, onde está situado o aparelho da recepção auditiva — a cóclea, cheia de líquido (endolinfa). As oscilações, transmitidas pelo referido aparelho do ouvido médio, põem em movimento o líquido da cóclea e provocam oscilações correspondentes nesse sistema fechado. Na membrana básica da cóclea, está situado um dispositivo especial que transforma as oscilações do líquido em excitações nervosas — o órgão de Kortiv —, dispositivo extraordinário dotado da propriedade de transformar oscilações sucessivas em excitação de células nervosas isoladas espacialmente distribuídas. O que se percebe, assim, é que a cada som que chega ao aparelho do receptor auditivo, uma ou váriasséries de cordas sofrem uma oscilação, provocando excitações dos nervos através das células capilares correspondentes. Ocorrendo oscilações nas cordas mais curtas quando no caso de sons altos e oscilações das cordas mais longas quando há sons mais baixos. 4.3. Percepção tátil A percepção tátil não se dá de maneira uniforme, sendo sentida em algumas partes do corpo, como as mãos, língua e lábios, de maneira mais sensibilizada. Entretanto, pode ser percebida em todo o corpo, permitindo reconhecer, em contato com o corpo, a presença dos objetos, assim como sua forma, tamanho e temperatura. Tendo grande importância na afetividade e também no sexo. A capacidade de diferenciar os objetos de pequenos tamanhos, a percepção da dor e do calor são fatores presentes na percepção tátil. Algumas partes do corpo têm uma sensibilidade maior ao calor, por exemplo. Silva (2015) afirma que [...] a percepção tátil ocorre nas sensações em resposta a estímulos externos e alteração do ambiente. Estas se caracterizam como exteroceptivas (fornecem informação a respeito do ambiente externo) e interoceptivas ou viscerais (transmitem informações a respeito das funções internas). Silva (2015) ainda expõe que existem quatro tipos de sensações exteroceptivas, sendo elas: • dor; • temperatura; • proporção; • pressão. O sistema nervoso central do indivíduo sofre influências indiretas aos sinais que são expressos na pele. Assim, os principais receptores sensoriais presentes são: • Meissner - Receptor de contato. • Pacini - Receptor que dá a noção de pressão. • Ruffini - Receptor que dá a percepção de calor. • Krause - Receptor que dá a sensibilidade ao frio. • Terminações nervosas livres - Transmitem ao cérebro a percepção da dor. Curso de Psicologia – FENÔMENOS E PROCESSOS Unidade I – Percepção Profa. Alessandra Schiarantolla 15 2024.2 4.4. Percepção gustativa É a percepção importante para a alimentação, pois o paladar é o que dá sentido aos sabores pela língua. Esse é o sentindo menos desenvolvido pelos humanos, associado, muitas vezes, com o prazer, sendo o seu principal fator a diferenciação de sabores. E esses sabores são o doce, o amargo, o azedo e o salgado, sendo que cada parte da nossa língua atua na recepção de cada sabor. O paladar é captado por receptores gustativos presentes nas papilas gustativas. Esses receptores estão presentes sobretudo na língua, mas também podemos detecta-los na faringe, no palato, epiglote e laringe. 4.5. Percepção olfativa O nariz é o principal órgão do sentido do olfato, sendo que a percepção olfativa é muito mais aguçada em alguns animais, como os cachorros, do que nos seres humanos, mas ela é muito importante para a alimentação, assim como ela é de grande importância em relação à memória afetiva. O olfato é colocado como fator de suma importância na cultura e nas memórias do indivíduo, pois ela capta odores que nos fazem reviver ou diferenciar culturas. Segundo Classen et al (1996, p. 13), [a] natureza íntima, emocionalmente saturada da experiência olfativa, assegura que tais odores codificados em valores são interiorizados pelos membros da sociedade de um modo profundamente pessoal. O estudo da história cultural dos odores é, portanto, numa acepção muito correta, uma investigação sobre a essência da cultura humana. Curso de Psicologia – FENÔMENOS E PROCESSOS Unidade I – Percepção Profa. Alessandra Schiarantolla 16 2024.2 O alcance olfativo, assim como estudos que diferenciam um odor do outro, bem como suas combinações, são alguns fatores que englobam a percepção olfativa. 4.6. Outras formas de percepção Além das cinco formas já exploradas, ainda existem mais três tipos de percepção que derivam principalmente da percepção visual e auditiva, pois são formas de percepção que não têm sentidos específicos para serem utilizados, mas sim um conjunto deles. Assim, temos: • PERCEPÇÀO ESPACIAL - Utiliza a percepção visual e auditiva, trazendo o envolvimento dos tamanhos e distanciamento dos objetos. É a percepção que nos auxilia saber de onde está vindo um determinado som ou até mesmo em qual direção o objeto está indo. A parte do cérebro que tem papel de suma importância nesse tipo de percepção é o lobo parietal. • PERCEPÇÃO TEMPORAL – É uma percepção voltada para a duração e para situar o individuo no tempo, tendo estreita ligação com as experiências vividas, bem como saber distinguir os dias da semana, horas, ou até mesmo o distanciamento de uma atividade para outra. • PROPRIOPERCEPÇÃO - É a capacidade de situar seu próprio corpo espacialmente. Esta percepção está ligada ao sistema vestibular do ouvido, que permite termos equilíbrio. É ISSO AÍ! Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • compreender o que é percepção, como se dá o processo perceptivo, identificando os elementos que o constituem; • identificar os seus quatro aspectos básicos; • identificar quais são as características da percepção e os fatores externos e internos que influenciam no processo perceptivo; • compreender as diferentes teorias e como cada uma identifica e conceitua a percepção em suas diferentes maneiras; • saber os diferentes tipos de percepção, e como elas ocorrem sendo elas a percepção visual, auditiva, gustativa, tátil, olfativa e ainda as percepções temporal, espacial e propriopercepção. REFERÊNCIAS BARRETO, A. de A. Sensação e percepção na relação informação e conhecimento. Disponível em: https://www.ufrgs.br/blogdabc/sensacao-e-percepcao-na-relacao/>acesso em: 08 de maio de 2020. CAVALCANTI. P. R. Análise conceitual e análise do comportamento: suas relações na discussão do conceito de percepção. Disponível em: https://repositorio.uniceub.br/jspui/bitstream/123456789/3091/2/20011039. pdf>acesso em: 07 de maio de 2020. CLASSEN, C.; HOWES, D.; SYNNOTT, A. Aroma: a história cultural dos odores. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996. DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Editora Artes Médicas do Sul, 2000. GERRIG, R. J.; ZIMBARDO, P. G. Percepção. In: A psicologia e a vida. Porto Alegre: Artmed, 2005. Curso de Psicologia – FENÔMENOS E PROCESSOS Unidade I – Percepção Profa. Alessandra Schiarantolla 17 2024.2 GOMES, W. B. Descartes (1596 - 1650) Disponível em: http://www.ufrgs.br/museupsi/Texto%207%20Descartes.htm> Acesso em: 07 de maio de 2020. LOPES, C. E.; ABIB, J. A. D. Teoria da percepção sem behaviorismo radical. Psic: Teor. e Pesq., Brasília, v. 18, n. 2, p. 129-137, ago. 2002. Disponível em . Acesso em: 07 de maio de 2020. LURIA, A. R. Curso de psicologia geral. Trad. de Paulo Bezerra. 2 ed. 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