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UNID.X HERMENEUTICA (2)

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HEMENÊUTICA JURÍDICA
1. CONCEITO 
 A palavra hermenêutica, etimologicamente, advém do vocábulo grego hermeneúein, que por sua vez deriva de Hermes, deus grego que interpretava a vontade divina. É esse contexto em que se pode afirmar ser a hermenêutica jurídica, a Ciência que estuda e sistematiza os critérios aplicáveis à interpretação do Direito (Nader, 2012, p.261).
 Interpretar o Direito significa revelar o seu sentido e alcance. Fixar o sentido de uma norma jurídica é descobrir a sua finalidade; é, pois, descobrir quais os direitos e os valores que o legislador pretendeu proteger. Fixar o alcance é determinar o campo de incidência da norma jurídica; é conhecer sobre os fatos sociais, culturais, econômicos e dentre outros, que a norma jurídica tem aplicação. (Nader, 2012, p.263). Ex: 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
[...];
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal.
 Conforme o artigo supracitado se tem: a) revelar o sentido: o que a norma jurídica quis tutelar? Qual a sua finalidade? Assim, a CF/88 ao garantir férias anuais remuneradas aos trabalhadores urbanos e rurais, visou proteger e beneficiar a saúde física e mental destes; b) revelar o alcance: quem a norma jurídica quis tutelar? Nesse caso, somente os empregados urbanos e rurais fazem jus a esse direito, visto que, somente estes percebem a contraprestação da relação trabalhista, ou seja, o salário, exatamente por terem vínculo trabalhista. 
 Vale ressaltar que, não só a lei deve ser interpretada, como também, os princípios, as jurisprudências e as súmulas; enfim, deve-se buscar a finalidade e o alcance de todas as fontes do Direito, afim de que sejam atendidas as reais exigências sócio-econômicas e culturais hodiernas de um Estado (art5º da LINDB).
2. MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO
 Como toda Ciência tem seus métodos, a hermenêutica jurídica tem os seus. São eles (Gonçalves, 2013, p.79):
 2.1. Quanto as fontes ou a origem: 2.1.1. Autêntica; 2.1.2. Jurisprudencial; 2.1.3. Doutrinária.
 2.2. Quantos aos meios: 2.2.1. Interpretação gramática; 2.2.2. Interpretação lógica; 2.2.3. Interpretação sistemática; 2.2.4. Interpretação histórica; 2.2.5. Interpretação sociológica ou teleológica.
 2.3. Quanto aos resultados: 2.3.1. Interpretação Extensiva; 2.3.2. Interpretação restritiva.
2.1. Quanto as fontes ou origem
2.1.1. Autêntica
 A interpretação da norma jurídica é realizada pelo próprio legislador através de outro ato normativo. É assim, uma norma sobre norma, ou seja, uma lei interpretando outra norma editada. Ex: Lei Complementar nº 118/05, interpreta dispositivos da Lei nº 5.172/66 (Farias e Rosenvald, 2013, p.115).
2.1.2. Jurisprudencial ou judicial
 É aquela fixada pelos Tribunais. Embora não tenha força vinculante, influencia grandemente nos julgamentos das instâncias inferiores (Gonçalves, 2013, p.80).
2.1.3. Doutrinária
 É realizada pelos estudiosos e comentaristas do direito (Farias e Rosenvald, 2013, p.115). 
2.2. Quantos aos meios
2.2.1. Interpretação gramática ou literária
 Consiste no exame do texto normativo sob o ponto de vista linguístico, analisando a pontuação, a colocação das palavras na frase, a sua origem etimológica, etc. (Gonçalves, 2013, p.80). O processo meramente literal, no dizer de Max Gumur – jurista alemão – “é maliciosamente uma perversão à lei”;
 
2.2.2. Interpretação lógica
 É a interpretação que atende ao espírito da lei. Procura-se apurar o sentido e a finalidade da norma, por meio de raciocínios lógicos, com o abandono dos elementos puramente verbais. O intérprete procura extrair as várias interpretações possíveis, de modo a descobrir a razão de ser da lei (Gonçalves, 2013, p.80). 
2.2.3. Interpretação sistemática
 O processo sistemático parte da premissa de que o ordenamento jurídico é um sistema integrado de normas e que elas não podem ser interpretadas isoladamente. Analisa, pois, as normas jurídicas entre si. Assim, uma norma tributária deve ser interpretada de acordo com os princípios do sistema tributário (Gonçalves, 2013, p.81). 
2.2.4. Interpretação histórica
 Através desse método, o interprete busca os antecedentes da norma jurídica, ou seja, o momento histórico da sua criação; quais os fatos sociais, econômicos e dentre outros que desencadearam a criação dessa norma jurídica. Dessa forma, o intérprete irá considerar os motivos que levaram à elaboração da norma jurídica, quais os interesses dominantes que esta norma jurídica buscou resguardar. Este método vê o Direito como sendo um produto histórico, oriundo da vida social, capaz de adaptar-se as novas condições e realidades sociais.
2.2.5. Interpretação sociológica ou teleológica
 Tem por objetivo adaptar o sentido ou finalidade da norma às novas exigências sociais contemporâneas (art.5º da LINDB). A norma será interpretada em função de sua capacidade de alcançar os resultados esperados a seu respeito pela sociedade. Desta forma, a norma jurídica será um meio – ou o meio – adequado para se atingir um fim desejado.
2.3. Quanto aos resultados 
2.3.1. Interpretação Extensiva
 Quando o interprete conclui que, o alcance da norma é mais amplo do que indicam os seus termos, ou seja, o interprete ultrapassa os limites da literalidade do texto da norma. Nesse caso diz-se que o legislador escreveu menos do que queria dizer, de modo que, o intérprete, alarga o campo de incidência da norma, aplicando-a a determinadas situações não previstas expressamente em sua letra, mas que nela se encontram implicitamente incluídas. Observe o exemplo a seguir:
Lei nº 8.036/90.
Art. 20. A conta vinculada do trabalhador no FGTS poderá ser movimentada nas seguintes situações:
[...];
XVI: necessidade pessoal, cuja urgência e gravidade decorra de desastre natural, conforme disposto em regulamento, observadas as seguintes condições.
ADMINISTRATIVO – FGTS – LEVANTAMENTO DO SALDO DA CONTA VINCULADA – DOENÇA GRAVE – ESCLEROSE MÚLTIPLA – ART. 20 DA LEI Nº 8.036/90 – INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA – Sentença que se mantém para liberar os valores depositados na conta vinculada do fundista acometido de doença grave, com a finalidade de custear-lhe exames clínicos, pois embora não se enquadre a moléstia expressamente no art. 20, da Lei nº 8.036/90, justifica-se a interpretação extensiva da norma, eis que a finalidade social do FGTS não pode ser desprezada no presente caso. (TRF 4ª R. – AC 2003.71.00.077726-7 – 4ª T. – Rel. Des. Fed. Valdemar Capeletti – DJU 14.11.2006 – p. 809).
 
2.3.2. Interpretação restritiva 
 Aqui o legislador diz mais do que deveria dizer, de modo que o interprete restringe, limita o alcance da norma jurídica. Ex: diz o art. 28, I e II, do Código Penal que não excluem da imputabilidade penal a emoção, a paixão ou a embriaguês voluntária ou culposa. O dispositivo deve ser interpretado restritivamente, no sentido de serem considerados esses estados quando não patológicos, pois, de outra forma, haveria contradição com o art. 26, caput, do mesmo Código. Se o estado for patológico, aplicar-se-á o art. 26 e não o art. 28 do CP.
3. CONFLITO DE LEIS NO TEMPO E NO ESPAÇO
 A chamada aplicação da lei no tempo e no espaço, refere-se a aplicabilidade do direito segundo a extensão de sua incidência (espaço, território) ou em função do tempo da vigência e da eficácia da lei. 
 Como no ordenamento jurídico coexistem várias leis, pode ser que se instale um conflito entre elas. Costuma-se empregar o termo antinomia, para designar o conflito entre duas ou mais leis que pertencem ao mesmo ordenamento jurídico e que têm o mesmo âmbito de validade, mas que, em que determinado caso concreto são incompatíveis entre si. Para tal, Bobbio (1999, p.80-97), estabelece três critérios parasolucionar as antinomias jurídicas:
 a) critério cronológico ou lex posterior: quando duas leis que se sucedem no tempo forem incompatíveis entre si, deve-se prevalecer a posterior. Assim, o critério cronológico, nada mais é do que uma revogação tácita. Ex: artigo 15 da Lei 9.656 /98 foi revogado implicitamente pelo artigo 15, § 3º, da Lei 10.741/ 03, que vedou a discriminação do idoso, nos planos de saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão da idade.
 b) critério hierárquico ou lex superior: quando há duas ou mais leis incompatíveis e de hierarquias diferentes, deve-se prevalecer a hierarquicamente superior. Logo as leis hierarquicamente superiores revogam as leis de nível inferior. Ex: a CF/88 determina no inc.I do art.5º, que homens e mulheres são iguais em direitos e em obrigações. Tal dispositivo derrogou vários artigos do CC de 1916, que se encontrava em vigência até o dia 10 de janeiro de 2003; 
 c) critério da especialidade ou lex specialis: quando uma lei geral for incompatível com uma lei específica, deve prevalecer esta. 
 Já com relação aos princípios, estes podem entrar em colisão e não em conflitos. A colisão entre os princípios se resolve por meio do sopesamento, da ponderação, utilizando-se para tal, dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, de modo que um princípio que prevaleceu em determinado caso concreto, pode ser que não prevaleça em outro (Alexy, 2008, p.97). Ex: uma pessoa portadora de um câncer raro e em estado avançado, solicita ao Estado por meio de ação judicial, o fornecimento de uma droga quimioterápica que não é disponível pelo SUS. 
 Neste caso concreto há uma colisão entre dois princípios: (1) o direito à vida da paciente e (2) o princípio da reserva do possível – o Estado somente deve gastar o que está disponível no orçamento público. Utilizando-se dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade é feito o sopesamento e chega-se a conclusão que naquele caso concreto deve-se prevalecer o princípio do direito fundamental à vida.

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