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Ciclo das Rochas e Implicações Ambientais

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Ciclo das rochas: 
sua história, explicações atuais e implicações ambientais
Prof. Dr. Heraldo Campos
Universidade Estadual de Campinas
Instituto de Geociências
Departamento de Geociências Aplicada ao Ensino 
Junho de 2008
Fontes consultadas
CAMPOS, H.C.N.S. 2005. Instrumentos de Geociências em Perícia 
Ambiental. São Paulo, IPT, Curso de Especialização em Perícia e 
Auditoria Ambiental (slides). 
LEINZ, V. & AMARAL. S. E. Geologia Geral. 1989. São Paulo, Nacional, 
11ª Ed.
OLIVEIRA, A.M.S. 2001. Geologia e Habitação. In: I Congresso 
Internacional de Feng Shui. I Encontro Internacional de Geobiologia. III 
Congresso Brasileiro de Radioestesia e Radiônica. São Paulo.
OLIVEIRA, A.M.S. & BRITO, S.N.A. (Ed.). 1998. Geologia de Engenharia. 
São Paulo, ABGE, 586p.
Sociedade Brasileira de Geologia (SBG). 1984. Geologia, A Ciência da
Terra. SBG, Núcleo Rio de Janeiro (cartilha).
TEIXEIRA, W.; TOLEDO, M.C.M de; FAIRCHILD, T.R.; TAIOLI, F. (Ed.). 
2000. Decifrando a Terra. São Paulo, Oficina de Textos, 568 p.
Ciclo das rochas: sua história
Porque se estuda a Terra e conseqüentemente as rochas?
� Porque a curiosidade natural do Homem em desvendar os
mistérios da natureza levou-o ao estudo da Terra. 
� Porque o principal fator que impulsionou o Homem a melhor
conhecer a Terra é o fato dele ter que usar materiais extraídos 
do subsolo para atender as suas necessidades básicas. 
Estariam os antigos gregos em busca do conhecimento sobre o 
ciclo das rochas?
� As primeiras idéias sobre a formação das rochas vêm dos antigos
gregos.
� Tales de Mileto (636-548 A.C.), que observando os depósitos fluviais
da foz dos rios, considerava ser a água o agente formador de toda a 
Terra.
� Nessa mesma época, Anaxímenes atribuia ao ar e Heráclito ao fogo a 
formação de todas as coisas.
� Aristóteles observou fenômenos de sedimentação no Mar Negro. 
Pitágoras indicou fósseis no alto de montanhas sem contudo
interpretá-los. 
Seria uma visão fragmentada sobre a formação das rochas?
Após um salto de 2.300 anos na História...
� Com Abraham G. Werner (1749-1815) e James Hutton (1726-1797) as 
ciências geológicas tomam a orientação moderna e ambos são 
considerados os “pais” da Geologia atual.
�Werner defendia a teoria denominada Netunismo, segundo a qual as 
rochas tinham o seu início num oceano de águas espessas que cobria a 
superfície da Terra. Os granitos teriam sido as primeiras rochas 
precipitadas dessas águas.
� Hutton, da escola do Plutonismo, dizia ser o magma o agente formador 
das rochas, mas reconhecia a água como agente formador de outras 
rochas. 
� Hutton reconheceu em parte o caráter cíclico do registro geológico, pois 
cada vez que procurava a base de uma seqüência de rochas em busca do 
suposto “início” da atividade geológica, se deparava com outras rochas 
mais antigas, representando ciclos mais antigos.
É o início do entendimento do ciclo das rochas? 
O ciclo as rochas: explicações atuais
Entendendo uma das pontas do triângulo do ciclo das rochas:
as rochas ígneas
Rochas ígneas
� O resfriamento e a solidificação do magma formam as rochas ígneas. 
� Se, por exemplo, elas têm todos os minerais bem cristalizados, do mesmo
tamanho, isto indica que o magma se consolidou no interior da Terra, dando
tempo para os minerais crescerem de modo uniforme.
� Quando os minerais encontrados na rocha são muito pequenos (nem
chegam a formar cristais) significa que o magma se resfriou subitamente. 
� Isto acontece, por exemplo, quando o magma extravasa em superfície ou no 
fundo do mar. Ele se resfria tão rapidamente que os cristais não têm tempo 
de se desenvolverem.
As rochas ígneas que se consolidam no interior da Terra chamam-se intrusivas ou
plutônicas. Os granitos fazem parte deste grupo. 
O magma pode extravasar na 
superfície e formar as rochas 
extrusivas ou vulcânicas como 
os basaltos.
Entendendo uma outra ponta do triângulo do ciclo das rochas:
as rochas sedimentares
Rochas sedimentares
A medida que os sedimentos erodidos vão se acumulando nas depressões, 
chamadas de bacias sedimentares, eles vão se compactando, transformando-se 
rochas sedimentares. 
� As rochas sedimentares podem indicar os ambientes nos quais
elas foram depositadas. 
� Assim, os arenitos podem ser indicativos, por exemplo, de 
desertos ou praias. 
� Os folhelhos (rochas argilosas folheadas) de pântanos ou
mares calmos e, os conglomerados, de rios ou geleiras. 
� Outros tipos de rochas sedimentares, principalmente os
calcários, são formados pela precipitação de elementos
químicos dissolvidos nas águas, ou por conchas e esqueletos
de organismos que se depositam uns sobre os outros.
Alguns exemplos de rochas sedimentares
Os arenitos 
Os conglomerados
Os folhelhos
Os calcários
E por fim a terceira ponta do triângulo do ciclo das rochas:
as rochas metamórficas
� As rochas metamórficas são formadas a partir de modificações de rochas
ígneas, sedimentares ou de outras rochas metamórficas, pelo aumento da
temperatura e da pressão, porém sem chegarem a se fundir.
� Isso ocorre, por exemplo, em regiões de choque de placas, onde as rochas
são comprimidas ou em regiões em que massas de magma entram em contato
com outras rochas, transformando-se por aquecimento.
As rochas metamórficas mais comuns são os xistos, os gnaisses e os quartzitos.
xisto gnaisse
quartzitos
Ciclo das rochas: implicações ambientais
Para que serve o conhecimento das rochas?
� A ação da água, dos ventos, do calor e do frio sobre as rochas provoca
o seu desgaste e decomposição, causando o que se denomina
intemperismo. 
� O intemperismo implica sempre na desintegração das rochas, que
pode se dar de vários modos, pelos agentes químicos, físicos e 
biológicos.
� O conhecimento do ciclo das rochas, da ação do intemperismo sobre
elas e do seu transporte (erosão) também deve estar associado com a 
preocupação dos efeitos da intervenção do Homem ao meio ambiente. 
� Esses efeitos podem ser causados pela explotação contínua e 
desenfreada de jazidas de minérios causando inúmeros problemas
ecológicos, como a destruição das matas e a contaminação causada
pelo beneficiamento dos minérios.
� Os grandes desmatamentos desprotegem a terra propiciando a 
erosão e até a sua desertificação.
As implicações ambientais escolhem um tipo de rocha?
� Várias cidades brasileiras enfrentam problemas ligados às
enchentes e aos deslizamentos em morros principalmente com a 
chegada das “chuvas de verão”.
� Geralmente as pessoas mais afetadas são as de baixa renda, 
porque acabam ocupando as áreas inundáveis e as encostas por falta de 
melhores opções de moradia.
� Terrenos assentados em rochas de natureza granítico-gnaissica e 
sobre rochas sedimentares fazem parte desse cenário.
Morro do Sucupira, Guaratinguetá (SP)
�Ocupado por uma população estimada de 400 pessoas, está assentado numa 
região de morros cristalinos, que se desenvolveram sobre rochas pré-
cambrianas, de natureza predominantemente granítico-gnaissica, com 
cobertura coluvionar.
�A análise dos dados obtidos permitiu classificar áreas de alto e médio risco
de movimento de massa. Como medida preventiva sugeriu-se ao poder público 
local a relocação dos moradores das áreas de alto risco. 
�Para as áreas de risco médio a sugestão recomendada foi a execução de um 
trabalho de retaludamento, seguido de plantio de gramíneas para a contenção 
dos taludes. 
�Algum tempo depois, a Prefeitura Municipal de Guaratinguetá promoveu uma 
reurbanização na área com base na orientação registrada nestes trabalhos.
Fac-símile de croquis de localização da planta com as áreas de risco (1991)
Morro do Sucupira – Guaratinguetá (SP) - 1991 
Fac-símile de parte da planta com as áreas de risco (Área I = alto risco) - 1991 
Vila Garibaldi, Igrejinha (RS) 
� Ocorência de um deslizamento de terra em Outubro de 1996, com a 
morte de duas pessoas. 
�O deslizamento ocorreu em umtalude de corte de rochas areníticas
(Formação Botucatu), de cerca de 20 metros de altura e declividade 
média de 45º, envolvendo solo, blocos de rocha e iniciando uma cicatriz 
no terreno (parte superior do talude) de aproximadamente 650 m². 
Fac-símile de mapa de localização - Área de Risco Vila Garibaldi – 1996
Fac-símile de seção geológica do Arenito Botucatú - Vila Garibaldi – 1996
Área de Risco Vila Garibaldi – Casa destruída pelo deslizamento - 1996
Área de Risco Vila Garibaldi – Cicatriz na parte superior - 1996
Fac-símile de planta com a área de Risco da Vila Garibaldi - 1996
� As cartas de risco geológico (que assinalam em mapas as 
áreas sujeitas à eventual manifestação) e os Planos Preventivos 
de Defesa Civil (que atuam com base no diagnóstico de riscos 
geológicos) são instrumentos de gestão que tem o papel de 
eliminar ou reduzir a probabilidade de manifestação de acidentes 
geológicos e de alertar ou remover habitantes sujeitos ao risco em 
determinadas épocas.

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