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PSI - Wallon - Cap 5

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Psicologia Sócio Interacionista 
Henri Wallon. Psicologia e Educação
Capitulo 5 – Puberdade e Adolescência 
No estágio categorial a criança mantem com o adulto e o mundo uma relação mais estável, porém por volta dos 11-12 anos, esse equilíbrio rompe-se bruscamente instalando uma crise, a crise da puberdade que afeta a vida da criança de todas as dimensões (afetiva, cognitiva e motora) e opera a passagem da infância à adolescência.
Wallon constata que a puberdade é um fato biológico intimamente relacionado com aspectos psicológicos e social do desenvolvimento.
Nessa fase ocorrem modificações fisiológicas impostas pelo amadurecimento sexual, provocando na criança profundas transformações corporais acompanhadas por uma transformação psíquica.
Tantas e intensas transformações fazem surgir no jovem a necessidade de se apropriar novamente de um corpo que se transforma rapidamente e já não reconhece. Prova disso é que o espelho se torna uma companhia constante, proporcionando momentos de prazer e de grande inquietação ao buscar traços conhecidos no novo rosto e no novo corpo. 
	Surge a necessidade de reorganização do esquema corporal que é a condição para a construção da pessoa, da sua personalidade. Reajustar-se ao novo corpo vai exigir do jovem um orgulho para dentro de si, o que provoca o retorno do pensamento para si mesmo e confere uma orientação centrípeta a esse estágio do desenvolvimento.
A vida efetiva torna-se muito intensa e toma um relevo que muitas vezes surpreende o adulto. Na adolescência uma das características mais marcantes é a ambivalência das atitudes e sentimentos, resultante da riqueza da vida afetiva e imaginativa que traduz o desequilíbrio interior: alterna-se o desejo de oposição e conformismo, posse e sacrifício, renuncia e aventura.
A ambivalência de atitudes e sentimentos faz surgir a necessidade de conquista, de aventura, de independência, de ultrapassar a vida cotidiana, de surpreender, de se unir a outros jovens com os mesmos ideais. Essas necessidades podem ser satisfeitas tanto por ações imaginárias como reais. Sonhos impossíveis e fantasias sentimentais habitam seu mundo interior e se revelam nos diários, nas confidencias entre amigos e nos cadernos escolares.
É preciso utilizar esse gosto de aventura, esse gosto de ultrapassar a vida cotidiana, esse gosto de se unir a outros que tem os mesmos sentimentos e aspirações, esse gosto de ultrapassar o ambiente atual para ajudar a criança a fazer sua escolha entre es valores em presença que podem ser por vezes valores criminosos, mas também valores sociais e morais.
Wallon observa que o gênero de influencia social não é o mesmo para o jovem da classe operária e da classe burguesa, mas ressalta que eles não estão livres de toda espécie de perigo. Wallon deixa claro que tanto contato com o desemprego quanto a exposição constante as tentações de uma sociedade consumista são riscos reais que precisam ser trabalhados pelo adulto para desenvolver o espirito de responsabilidade no jovem, adquirido pela prática da vida social e pelo exercício da solidariedade pelo que os cercam.
Os grupos da adolescência são muitas vezes entendidos como grupo de confronto ao adulto ou de evasão da realidade, porem é possível a organização de grupos juvenis para colaborar na construção da cidadania responsáveis por praticas sociais saudáveis. 
Não se deve promover competições em que o sucesso de uns signifique o desprezo ou mesmo a perseguição de outros, pois comumente faz surgir o sentimento de domínio e de superioridade e gera hostilidades entre os jovens numa idade em que ainda são muito vulneráveis às influencias positivas e negativas.
A oposição do jovem não visa tanto a pessoa do adulto, mas ao que ela representa: as leis e controles cujos valores o jovem passa a questionar.
Ao mesmo tempo que deseja tornar-se independente do adulto, o jovem necessita de sua orientação para as escolhas que deve realizar, em um jogo de alternância que se faz necessário a fim de continuar a construção da pessoa, de sua identidade. O jovem sustenta essa oposição ao adulto com sólidos argumentos intelectuais que foram conquistados no estágio categorial.
O jovem precisa receber atenção, ser ouvido, respeitado e valorizado, tendo em vista desenvolver uma personalidade autônoma. Para que isso ocorra é necessário que limites e sanções sejam estabelecidas de forma clara com o jovem participando ativamente de sua discussão e elaboração.
O jovem questiona-se e aos outros sobre sua origem e destino, sobre a origem e destino dos seres, das pessoas e coisas. Com isso o jovem vai organizando a noção de tempo psíquico nas duas direções: passado e futuro, distanciando-se da criança que vive no presente.
Além do interesse pela própria pessoa, eles se encontra bastante interessado nas relações estabelecidas com seus pares. Ao longo dessa etapa de desenvolvimento essas relações tornam-se uma forte necessidade tanto pela aprendizagem social que propicia como pelo papel que exerce na constituição da pessoa do adolescente. O grupo apresenta exigências opostas a seus membros – identificação e diferenciação – levando o jovem a se perceber igual e ao mesmo tempo distinto dos outros.
O movimento de identificação e diferenciação com o outro acaba possibilitado o surgimento de uma personalidade, diferenciada e vigorosa na adolescência, fruto dos sucessivos exercícios de incorporação e expulsão do outro que a criança vem realizando ao longo dos diferentes estágios. Assim, sua evolução não é uniforme, mas feita de oposições e de identificações. É dialética. 	Comment by Rachel Cespedes: Estuda isso daqui para a material do Henrique sobre Identidade, tá explicando bem o que o Henrique disse em aula.
É na relação com o outro e no movimento de “ir e vir” as origens que o jovem elabora a tomada de consciência temporal de si, levando-o a refletir sobre a finitude da vida, que tem forte conotação emocional.
	Cada vez mais a infância vai sendo deixada para trás e o jovem se encaminha em direção ao mundo dos adultos. Nessa fase da adolescência ele tom consciência das inúmeras possibilidades que o futuro lhe oferece. 
	A puberdade é a idade das reflexões sobre o ser e o não ser, sobre a intima ambivalência da vida e do nada, do amor e da morte. Pela primeira vez a pessoa se concebe concentrada sobre si mesma, não somente entre os outros, mas também no tempo.
	Impulsionado pelas novas necessidades, o jovem alterna e combina o espirito de duvida e de construção, de invenção, de descoberta, de aventura e de criação: preocupação metafisica e cientifica das causas, fundamental para ele descobrir a razão das coisas , das pessoas, de sua origem e destino.
	A razão adquire a posse de todos os seus recursos, e pela primeira vez o jovem mostra-se capaz de apreender o mundo exterior como uma construção coerente e inteligível. Já pode distinguir o possível do real, sendo capaz, por exemplo, de examinar mentalmente um grande numero de possibilidade, de formular hipóteses e de comprova-las no plano das ideias, tornando a realidade concreta uma preocupação secundaria.
	Algumas diferenciações ainda se fazem necessárias. Porem quando o desenvolvimento começa a ser orientado para objetivos precisos no trabalho e o estudo e suas escolhas tem fins definidos, é sinal de que o jovem está deixando para trás a adolescência e começa a ser atingido pelos compromissos da idade adulta. A partir desse momento, a adolescência só tem de assegurar o equilíbrio entre possibilidades psíquicas ainda confusas e as realidades do amanha.
RESUMO
O estágio da adolescência, segundo Wallon, começa a partir dos onze, doze anos de idade, estágio no qual começa o amadurecimento sexual da criança e a formação de sua individualidade pela construção de sua personalidade, onde há constante dualidade de ideias na mente do indivíduo, afetando o modo como lida com assuntos existenciais, éticos e pessoais. É considerado o último estágio da “criança”, sendo esse o estágio de separaçãoentre a criança e o adulto.
Neste estágio, a criança está na fase de formação de sua identidade, e para isso se expressa de forma intensa, movimentada e dinâmica, buscando captar a atenção dos interlocutores para si. Ao mesmo tempo em que busca a formação de uma identidade única, está frequentemente em conflito devido a estar propício a influências externas, exatamente por estar numa fase de formação de caráter, o que gera, por vezes, desequilíbrio interior. 
Em oposição ao estágio categorial, no qual o uso da razão é mais evidente, o estágio da adolescência nos remete ao indivíduo buscar satisfazer suas aventuras e necessidade de conquista, por meio de ações positivas ou negativas. A construção da moralidade é mais forte nesse período, onde há a tentativa de concretização de valores, numa confusão causada pela dualidade entre o bem e o mal, o certo o errado, que estão diretamente ligados à influência e situação social referente a cada adolescente.
O amadurecimento do adolescente para o futuro adulto começa a aparecer nas situações em que o indivíduo deve tomar decisões próprias e, assim, começa a adquirir autonomia. À medida que a infância fica para trás, começa a surgir uma consciência das limitações da própria pessoa, pela própria pessoa, e ainda, o discernimento de seu potencial particular. Tais percepções instigam a capacidade de criação, invenção e a noção de autossuficiência do ser, ocasionando seu progressivo amadurecimento.

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