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P R O F . E M l L I O B E T T I Catedrátlco dc Direito civit da Univcrwdnde de Roma. 1 E 0 R I A G E R A L DO N E G Ó C I O J U R Í D I C O T O M O II ; - f. v - ■i'r b ' , • <0 ' • . •* . • T W ' » \t‘. n < ■ 23 «C O L E C Ç A O COIMBRA tD ITO K A » V ;• . V i >/• * .•• • * o à - t s a ■ V :f 1 * 1 3 H' 1 % f B { * i/Ãy« DEDALUS - Acervo - FD 20400065150 i l «• COLECÇAO COIMBRA EDITORA D LR U H D A PE LO D E . F E R N A líD O DE M IR AN D A h lo -d t publioar-30, em cr iter iosa «olccçíio e em cuidadas edições, obras da D ire ito , F ilo so fia , H istória , Econom ia, Sociologia e Citnoias pura* con stitu in d o , assim , uma verdade ira B iblioteca de eu ltura modorna*. ind ispensáve l a todos os que, verdadeiram ente, te interessam pelo» p rob lem as do esp irito . V olu m es J á p u b lica d o ti 1 .— M. PuuAcx— Introdução ao Estudo da ÇríminologUk. 3. — O. MabcukTTI F liu lak t* — A ntlt.fo de hisloa, o Santo l » Pádua. 8. — Prof. L . D a t t is t e l l i — A Uen£ira nos Tribunais. 4. — Prof, A_ CBUS80X — Os Sitiemos Filosíjicos. 5. — Ajldr.ut N oüLtT — A Democracia Inglesa* 6. 7 • 8. — Prof. E. A I/ ta v i l la — O Delinqüente * o Lei P«nal. tola. I. l i o m . 0 .— Prof. à lh i:i;to Auniccn iO — A Sitnulatõo no Segáclo Jurídico. 10. — Prof. O. us RuGuiKftO— Drtve IlistJria da Filosofia. 11, 12 o 13. — Prof. A. C u v iL L ita — ltanual de Sociologia, vol*. X, l i e I I I . 14 .— Prof. JcaH Uulmo — O Pensamento Cientifico Moderno. 1 5 .— Prof. O. B k tt io i. — O ProHema PctuiL 1C. — Prof. J. 8KOOX!)— O Problema do Gfnio. 1 7 .— J. LUCAS-DüORKTOíí — Madrid— J7útJria dr «ma Capital. 18. — Prof. A. GttOPPAl»!— /ntrodufSo ao E tiu io do Direito. 1 Q.— Prof. M, ALOSM O lc a — Jr.trodUfJo a» Direito do Trabalho. 2o e 21. — Prof. O. n.M.UAi*oac P a l l im i — A IW r in a da Estado, vots. 1 e u . 22. -3 e 24 — Prof. F.. D BITI — TeorU» Geral do Stgtcio Jurídico, tomos 1 , IX e l l l . Em preparação» P a u l RôflTMXHt:— Deus 4 Cte&r— Filosofit da CivíHsaçio Od* dental. G. WtAUTiB — A Ifito loçia Grega. Prof. E. 1.x ROV — O Pensamefüo lfatemdtico Puro. Pro f. KuaAxiO DOMMÜIXI — O Acidente de TrAns\to. P ro f O. LEKsnvc* — Xapoltdo. Prof. ÈMILK J.vxsa — Dietória suvuiria do Pernamente Kce- ndtnico. - T ro f. O. B b t t io l — Direito Penal — Perle Geral. P ro f. T u l l i o M ooko — d. yiUfta/ia. I t e o r i a g e r a l DO N E GÓCI O J U R l D I C O TOMO I I DCO - t D ir e i t 1.* EDIÇÃO Novembro <U 1960 COMPOSTO E IMPRESSO NAS OFICINAS DA COIMBRA EDITORA, L.DA COIMBRA — PORTUGAL •4r 7 4<tll0\' C o l b c ç X o C O I M H H A R D 1 T O R A 23 Pkof. E M ÍL IO B E T T I C âtfd xA tlco tto D ire ito c iv il d« U aivtrsid n iio de Rom A T E O R I A G E R A L 0 0 / NEGÓCIO JURÍDICO TOMO II 1* K A l> 11 Ç X O U K FERNAND O DE M IR AN D A â / f P 5 1 $ 8 C O I M B R A 1 9 6 9 DF(» ' nra. COMERCIAI R K H . 1 , »■ / W M . 1 AHKLM | A presente tradução fo i fe ita tomando por base a 3.a reimpressão da 2.* edição ita liana do livro do Prof. E m ílio DeUi: TEORIA GENERAL DEL NEGOZIO GIURIDICO COPYRIGHT BY UNIONE T1POGRAF1CO- -E D IT R IC E TOR1NESE, Reservados todos os direitos, em língua portuguesat para Coimbra E ditora. L.da Coimbra — Portuffal CAPÍTULO IV Pressupostos e efeitos do negócio jurídico ( * ) SUMARIO: 25. Conceito c classificação dos pressupostos do ncgócio jurídico.— 26. A ) Capacidade da parte.— 26 bis. O problema da chamada incapacidade natu ral. — 27. D ) Legitimidade da parte, como pressuposto do negócio. — 23. C ) Idoneidade do objecto do negó c io .— 29. Tratamento dos pressupostos do negócio com efeitos diferidos. — 30. Efeitos essenciais e naturais do negócio. Efeitos directos c indirectos. — 31. Vicissitu- des do negócio entre as partes: modificação, revogação, confirmação, renovação, inter*p rel ação autêntica do negócio. — 31 bis. Vicissitudcs determináveis pelas par tes na sua relação: denúncia, cessão, novação, reconheci mento, acertamento. — 32. Efeitos do negócio jurídico quanto aos terceiros. Categorias de terceiros.—33. Pres supostos e efeitos, no tempo c no espaço: direito inter nacional privado (devolução). 25. Conceito e classificação (los pressupostos do negócio jurídico. — Para que ao negócio se pos sam Jigar efeitos jurídicos correspondentes à sua típica função cconómico-social e, portanto, próprios para o regulamento de interesses estabelecido pelas partes, deve, lògicamentc, existir lima correlação entre esses efeitos c algumas circunstâncias extrínse- cas ao negócio considerado em si mesmo, a que ( * ) Os 3 primeiros capítulos, constituem o 1.* tomo desta obra (Vol. X X tia Colccção Coimbra Editora). TEORIA CF.RAL DO NEGÓCIO JURÍDICO — para as diferenciar dos elementos constitutivos estudados nos Capítulos I e I I — chamaremos pres supostos de validade, ou simplesmente pressupostos. Se o reconhecimento da autonomia privada confi gura, essencialmente, um fenômeno de recepção, m ercê do qual o arranjo dado pelas partes aos seus interesses e adm itido na esfera do direito (§ 2 ), é lógico que a ordem jurídica providencie para fixar também os pressupostos a que subordina o seu reco nhecimento. Na verdade, a ordem jurídica atribui eficácia, não a um actu qualquer, mas só ao acto de auto nomia privada que corresponde a um modelo pré- -estabelecido, ou seja, a um cerlo con junto dc requi sitos, os quais podem fazer parte da estrutura e função interna do negócio, ou ser exteriores a ela. A intervenção da ordem jurídica pode, portanto, manifestar-se num duplo sentido: ou exigindo que os elementos constitutivos do negócio (forma, con teúdo, causa) tenham uma determinada conforma ção, ou dispondo que o negócio, ainda que a sua estrutura interna corresponda ao tipo pré-estabele- cido, não atinja os seus efeitos, se não for acompa nhado p o r certas circunstâncias. Circunstâncias, entenda-se, extrínsecas, efectivãmente, ao negócio em si, mas integralivas do regulamento de interesses que se teve cm vista, numa complexa situação de facto, de que fazem parte essas circunstâncias, c na qual o negócio se insere (§ l prelim .). Quando essas circunstâncias integralivas devam estar presentes no m om ento em que o negócio se efcetua ou enlra em vigor (§ 2 9 ) , são chamadas pressupostos (pres supostos de va lidade) do negócio; ao passo que, quando a sua presença e exigida num momento pos- »•*'* •‘t íM O S 1 I I I I l o s IX) VI UM , o ,, , h . ( u terlor, podem designar-se, cm sentido amplo, pelo nome de condições (iu ris ou /acíí). Quando, porém, kc trale de antecedentes lógicos do tipo dc negócio, ainda que esperados em processo do tempo (§ 62), não pode considerar-se impróprio alargar ate eles a qualificação de pressupostos. E porque este nosso estudo nüo quer afastar se muito da sis- icmati/açâo tradicional, e prefere aprofundar os problemas de carúcter substancial, cm vez dc lhes modlíicar a ordem expositivn, a teoria dos pressu postos é desenvolvida neste capitulo, ao passo que a teoria das condições virá a ser estudada no Cap. ix. Mas convem observar que os dois estudos são, em certo sentido, complementares. Os pressupostos de validade do negócio agru pa m-se cm três categorias, conforme respeitam: J.a — ao sujeito do negocio, ou 2.*— ao objccto do negócio considerado em si mesmo, ou ainda 3* — à situação dos sujeitos em relação ao objecto. Na primeira hipótese, trata-se da capaculadc da jhfssoa; nn segunda, da idoneidade do sujeito; na terceira, díi legitimação para o negócio (§ 17).Daremos, antes de mais, uma noção provisória destas categorias conceituais, que mais tarde serão delineadas com maior precisão. E de uma maneira licraI observe-se, ressalvando uma melhor justifica- ç:lo tambem deste aspecto, que os problemas rela tivos aos pressupostos do negócio jurídico se apre sentam, cm regra, como problemas negativos, isto é, com o problemas respeilantes à ausência dos pres supostos exigidos; a incapacidade, a inidoneidade do objccto, a fa lta de legitimação. É normal a capaci dade do su je ito , e a idoneidade do objccto; e e tam- inJm normal a lepitim idade da pessoa, que seja 10 TlttR fA c rp ^ l. DO NEGÓCIO JURÍDICO su jeito de relações ju ríd icas com um determ inado ob jccto , para rea lizar negócios ju ríd icos respeitan- tcs a esse ob jecto. Ora, desde os p rim eiros tem pos em que a m o derna dogm ática ju ríd ica procurou fazer uma sis tem atização dos pressupostos do negócio, fo ram consideradas as figu ras da capacidade e da idonei dade do ob jecto . Pe lo con trário , a leg itim ação, cu jo conce ito é m ais delicado, só recentem ente fo i d istingu ida da capacidade, na qual costum ava, ante riorm ente, ser com preendida. A ide ia da leg itim ação fo i trazida para o d ire ito p rivado do d ire ito p ro cessual, no âm b ito do qual a leg itim idade activa e passiva para a acção, ocupa um lugar im portan te c serve para ex p lica r fenôm enos com o a substitu ição processual, a in tervenção na causa e o litiscon sórc io n ecessá rio : sem fa la r da leg itim ação para o p ro cesso p o r parte d o representante e da leg itim ação para o ju lga m en to , na ó rb ita da ju risd ição, que se designa com o te rm o técn ico de com petência (* ) . M as 110 d ire ito su bstan tivo o conce ito de leg itim a ção é igua lm en te ind ispensável, para o enquadra m ento de algum as norm as c figu ras ju ríd icas qu e não podem inclu ir-se na capacidade. Quando se nos ( ’ ) A estreita afinidade entre os conceitos de legiti midade e competência (entre os quais, quando entendidos no sentido mais amplo, pode estabelecer-se uma equação) e a sua inclusão no conceito mais amplo de qualificação, é salientada, com razão, por CARNixtnrn, Teor. getter. dir 2.* ed., n.* 72, 176-77, a quem cabe o maior mérito na elabo ração destes conceitos. Uma orientação para a problemática geral da potes tas e dos poderes jurídicos, pode encontrar-se nas reflexões de Romako, Frammcnti dizion. giur., 172-203,e de Caunemjtti, ob. cit., n ." 59-60. pergunta se um menor de vinte e um anos pode realizar negócios jurídicos, e l\ pergunta se dá urrja resposta negativa, formula-se e resolve-se um pro blema de capacidade. Mas quando se indaga, por exemplo, se a sociedade anônima pode comprar as suas próprias acções* ° falido podo dispor dos bens caídos em falência, se o procurador ou o tuior podem adquirir bens confiados â sua administração, c também a estas perguntas se responde que não] com base nos artigos 2357.*, 378.° e 1471.° do Código Civil e 42. do R. D. de 16 de Março de 1947, n.° 207, então já não se trata de capacidade, mas entra-se num campo diferente. Jã não estão cm discussão qualidades intrínsecas da pessoa, que a tornam mais ou menos idônea para exercer a sua autonomia pri vada: está, pelo contrário, cm discussão a posição da pessoa relativamente a determinadas coisas ou bens, considerados como possível objecto de auto- -regulamento privado em geral, ou de especiais cate gorias de negócios. E por isso a questão está rela cionada com aquilo que dissemos acerca do preceito da autonomia privada, no qual se estabeleceu o con teúdo do negócio (§ 17). Nesta orientação, a distinção entre capacidade e legitimidade manifesta-se com toda a evidencia: a capacidade é a aptidão intrínseca da parte (§ 5) para dar vida a actos jurídicos; a legitimidade c unia posição de competência, caracterizada quer pel° poder de realizar actos jurídicos que tenham um dado objecto, quer pela aptidão para lhes sentir os efeitos, em virtude de uma relação, em que a parte estã, ou se coloca, com o objecto do acto (§ 5 ) . Na doutrina que se formou recentemente sobre o problema da legitimidade, aflora, porém, uni con t u i • i | i s m i i 1 : 1 1 i t o *í i rn M • i n n j ^ 12 TEORIA C rR A I, M) NEGÓCIO J l R Í O K ü cc ilo diverso, e desenha-se a diferença entre eap.u:- dado e legitim idade desta outra m aneira : capacidade e legitim idade seriam duas form as de aptidão para rea lizar actos ju ríd icos; apenas com a diferença de a capacidade dever ser entendida com o idoneidade natural, e a legitim idade, pelo contrário, com o ido neidade adquirida; cm suma, a capacidade com o aptidão do hom em individualm ente considerado, a leg itim idade com o aptidão do homem considerado no m eio social ( 2). N ão há que perguntar se esta delim itação, d ivergen te da prim eiram ente proposta, das categorias «le g it im id a d e » e «capacidade», é justa cm si mesma, considerada em abstracto; é antes de perguntar se é mais ou menos conveniente e coerente com o sistema da d iscip lina positiva. Ora, a delim i tação por nós seguida mostra-se pre ferível, até por uma questão de conven iência : bastará observar que, segundo a sistem atização criticada, ao passo que o m enor é um incapaz, o in terd ito po r doença mental seria um não leg itim ado. S ituações reguladas pela le i de m odos substancialm ente semelhantes, são colocadas, dessa m aneira, em categorias ju ríd icas d iferen tes — na capacidade uma, e na !c3 iiim idadca ou tra — apenas por um a diferença, que nem sequer parece m uito relevante, das respectivas fatispécies. £ verdade que a idade in fe r io r a vin te e um anos c uma qualidade natural da pessoa, ao passo que a in terd ição depende de uma providência da autori dade ju d icia l, mas essa providência , por sua vez, pressupõe e declara a doença mental, ou seja, um (*) Carnei.itti, Sistema, u, n. 445: 137; n.449: !42escgS.; Teor. Rcntr. dir., 2.* ed., 179. estado fis io-psíqu ico não m enos natural que a idade. E po r sua vez, a relevância ju r íd ica da m enoridade é, tam bém , o resu ltado dc um a aprec iação norm ativa da ordem ju ríd ica , e nâo a conseqüência de neces sidades naturais a ela superiores (1426.°). A d ificu l dade qu e acabam os de re fe r ir , não existe para quem vê na capacidade a idoneidade da pessoa para o acto ju ríd ico , independentem ente de qualquer relação entre o su jeito e o ob jccto do acto, e por ou tro lado, •reconhece na leg itim idade a com petência da pessoa para o acto ju ríd ico , na m edida em que depende de uma p articu la r relação do su jeito com o ob jecto do m e s m o acto . Segundo esta m aneira de ver, menori- d .rufe e in te rd iç ã o são, am bas elas, figuras de incapa- c id a d c : o que co rrespon de à linguagem comum e à d o C ú d ig o C iv il (a r is . 1425.'*, c fr . 1426."; explicita- m e n te , o a r t . 110ó.° d o c ó d ig o a n te r io r ). Paia apreciar em toda n sun im portân cia o neces sário concurso dos apontados pressupostos para a validade do negócio, c preciso remontar ao conteúdo preccptivo deste (§ 16) e ter presentes os caracteres a que deve corresponder o preceito da autonomia privada (§ 17) ao estabelecer o discutido regula- m ento de interesses das relações entre consociados. Sc a estrutura do negócio se limita a uma «mani- festação dc vontade» destinada a ter eleitos jurídicos, segundo a qualificação puramente formal correspon dente ao dogma cia vontade (§ 3), seria bem difícil dav-sc conta, sem esforço ou artificio, da ligação necessária entre o negócio c aquelas circunstâncias, cxtrinsccas a e/c, cm que deveser enquadrado. Efec- tivainente, então, ou seria preciso transformar as cir- %iinstâncias apontadas cm elementos constitutivos j próp ria fa tispécie do ncgúcio — o que seria, mais i vst r -s tu s r. t i u n o s ihi niiuócio j u r íd ic o 14 TEORIA C.URAL DO NEGÓCIO JURÍDICO que uma manifesta exageração daquelas, uma v io lenta deformação dessa fatispccie, incoerente e con traditória com a própria premissa do dogma da von tade ( ' ) — ; ou, ao contrário, seria preciso deslocar a sede da ligação, da fatispócie para o tratamento juríd ico do negócio, e relegar os pressupostos de que falamos para simples condições de eficácia, cuja falta reagiria sobre o negócio como uma causa estranha a ele, que lhe paralisa ab extra os efeitos ( 4). Este último ponto de vista, que alguns sustentam para os requisitos atinentes ao objecto, em razão da recuperabilidade que lhes e atribuída nas hipóteses dos artigos 1347.M8.0 ( s), tem o defeito de não ter cm conta, como dado fundamental, que o negócio, antes até do reconhecimento juríd ico, é um acto de autonom ia privada, e que este seu carácter importa a necessidade de uma concxão intrínseca, e não meramente extrínseca, com o;» termos do regula mento de interesses que se leve cm vista. Ê claro que, perante o problem a do tratamento a dar à falta de um pressuposto do negócio, a le i não está vinculada a esquemas conceituais pré-esta- belccidos c pode adoptar a solução que parecer mais oportuna, isto é, que m elhor corresponda â conlin- ( ’ ) 11 o expediente a quo recorre Oito, Note snlltt isti- tnz. (li non coiuscpiti, t, nu UiV. trírn. dir. prac. civ., IM8, 82, 86, o qual fala, cm termos psicológicos, de «previsão voli- tiva», na qual se encontrariam valiosos «elementos do negó cio », para explicar a disciplina do caso estudado. A incoe rência é notada por Giouoano, na Riv. dir. comin., \W), 18WJ7. (4) Assim, Fhuiilc, Invaliditd d. tieg. giur., cm Dir. priv., 1913, M 0-111. (*) SantokoPassmuuxi, Istituz. ( 1944)# 86, 170: criticado por Oito, lug. cit., 87. rm nni i «Htttt r. snuws is gcntc va lorização comparativa dos in teresses em con flito . Sob cstc aspecto 6 in stru t.vo u m con- fron to en tre o tratamento da venda de co .sa a hcia no cód igo dc 1665 (arts. 1459.*) e no ac.ua ! (1478.-- -79. - ) : naquele o negócio ora nulo neste 6 apenas resolúvcl (1479.°) c a falta dc legitimidade e repa rável (1478/, parágr.), no que diz lespeito à elicácia transiativa do negócio. M as a necessária ligação entre o ne&ôcio c os seus pressupostos apresenta-se numa perspectiva bem diversa, quando seja referida no conteúdo prcceptivo do negócio. Compreende-se, nesse caso, que o regulamento de interesses que se teve em vista, não entre em vigor enquanto não dis- V puser do necessário termo dc referência. Pense-se nas hipóteses de um contrato a termo com prestações r inicialmente impossíveis (art. 1347.°) ou com objecto ainda não existente (1348.°, 1472°), ou nas de testamento ou doação com destinatário ainda não concebido (462.*, últ. parágr.; 643.°, 715.°, últ. parágr.; 7S4.°). Sc, por lei, aquele termo de referência é ainda recuperável — como acontece nos casos atrás mencionados—, isso não significa que o negócio não esteja já formado, quer dizer, seja incom pleto ou «imperfeito» na sua estrutura, estática» wente considerada (§ 10), c nem sequer significa que lalta, por um mero impedimento cxtrínseco, a li/*ação normativa com os efeitos jurídicos; mas significa, antes, que, embora estando completada 0 w d a w a o prcCcptiva (§§ 15-16), ainda não <í efi ciente, sob o aspecto dinâmico c telcológico (§ 20), o picccito da autonomia privada, precisamente por que o discutido regulamento de interesses ainda esld incomplotó, isto 6, privado (mas não irre- we iàwlmcnte) de um dos seus termos dc rcfc- TEORIA GRRAL DO Nl.wiCIO JUKÍDICO rência (§ 17) ( 4). Se, c na medida cm que, a fa lia desse termo não é irremediável, pode bem dizer-se que o preceito da autonomia privada se conserva cm estado dc pendência (com o qualquer prcccito hipo tético : § 62), à espera de que ele sobrevenha ou fa lte : por conseguinte, a pendência está destinada a escla recer-se e a resolver-se (§ 6, /, prelim .), não no sen tido de se «com pletar» um negócio dc formação sucessiva, mas no sentido de que o preceito estabe lecido entrará em vigor ou deixará dc existir ( ’ )• Mas se, pelo contrário, a solução legislativa do pro blema fosse a de considerar irreparável a falta do pressuposto no momento em que o negócio se rea liza, então é claro que o negócio seria tratado como irrem ediavelm ente inválido, e não em estado de pendência. Mas seja, iporém, com o for, a solução, num ou noutro sentido, resulta, não de puras pre missas conceituais, mas de razões de oportunidade, que determinam a apreciação comparativa dos inte resses em conflito. No plano da construção dogmá tica. só o aspecto telcológico do negócio como auto- -regulamento de interesses privados, pode explicar, dc m odo satisfatório, o seu necessário enquadra- m en ío — intrínseco e não extrinseco — no número daqueles elementos que, sem serem constitutivos, são, porém , pressupostos essenciais do negócio, c (4) Oiordano, na Riv. dir. comm., 1<M9, lS+Só, preci sando uma observação dc Flrrara, ivi, 1937, 157 c 199. ( ') Onu, lug. cit., 82, concode que o «negócio não é mera fórmula lógica, mas e instrumento dc efeitos práticos e jurídicos». Mas não repara que essa concepção não á coe rente com o dogma da vontade, que ele não deixa de manter lirmemente, na sua imobilidade. , ,|..u d i Jtiufoico I-» i*m nhuih,>ton » * * * i ‘ ‘ ' _ l f » n tio ücm possívelicrvc para esclarecer a rtu i -^nci ilc/vctus. ___ , . A re feren c ia dos pressupostos «o con feudo pro. ccptivo cio nejOciu. revela, lnnil.cn. o erro do uma recente eonslruçAo obstrui is ta. quo tentou dc3ni. dar à categoria dc pura c simples «possibilidade objectiva» ou «pressuposto de facto» — mero « re. flcvo» atribuído pelo ordenamento a uma relação com o direito subjectivo—, o poder de disposição, em que, por vezes. $e consubstancia a legitimação ( s). Revela-se, nesta construção, uma tendência para reduzir o alcance da autonomia privada, deprimin do-lhe as manifestações ao nível de qualquer outra fatispccie juridicamente relevante: o que constitui, por conseguinte, o exagero oposto ao que representa o dogma da vontade. Não conseguimos ver o que se ganha com essa redução de perspectiva, com a sua absíracti/ante uniformidade. No entanto, deve objcctar-se, desde já, que ela ignora os termos do problema que, neste ponto, a autonomia privada suscita: um problema de legitimidade, que não pos tula apenas uma simples possibilidade de lacto, mas também um poder dc autonomia (§ 17). Mas disio falaremos mais para diante (§ 27). 26. A ) Caiwciilade da parte ( ' ) . — A capaci dade, que está em discussão como pressuposto de ( ' ) PuGUAin. Alto di disposizionc, 180; agora, Dir» civilc (sajyji), 10, 60; Mcnconí, Ai quisto <i non domino. 28-29; crítica cm Giokmno, lug. cit.. 1S2-86. ( ' ) Veja-se Etrouciicn, Die Handtuiigsfiihigkcit, 190-*; Bhi it, Oeschtiftsfàlrfgkeit, 1903; Covu.uo, Man, dir. civ* $ 112; D » Rtu;iiito-M.Uto(, Istit., § 36; Mi ssimo, Manual*- $ 15; SiMOK^PvssuüiM. Istit., § 1, n.‘ 3; iíiusur, Verkehn- 3 - * T m H| Gr<aI — i t 1# TEORIA CURAI. DO KBGÓCIO JU R Ín tro validade do negócio ju ríd ico, é a capacidade da jfcirte para agir. É ccrlo que também são pressuposto* de validade do negócio, a existência da pessoa c a sua aptidão genérica para se tornar sujeito dc rela ções jurídicas, ou seja a sua capacidade dc direito. Mas dado que, aclualm enlc, esta é, em regra, reco nhecida a toda a gente Cart. 1.° do Cód. C ivil), a questão da capacidade, praticam ente, diz apenas respeito à capacidade legal para agir. Ora esta é defin ida pela lei mais em sentido negativo, do que em sentido positivo. O cód igo determ ina os casos dc incapacidade: e a doutrina va i deduzir da disci plina desses casos, a con trário , a noção da capaci dade lega l para agir, porque as hipóteses de incapa cidade constituem os lim ites da capacidade. A incapacidade para a g ir pode ter carácier geral e absoluto ou parlicu lar c re la tiv o : isto é, pode con figu rar uma in idoneiilade para rea lizar negócios ju ríd icos de qualquer espécie, ou uma inidoneidade para efcctuar sòm entc alguns negócios. Em referência ao modo como deve ser integrada a deficiente capacidade dc agir. c portanto como deve prover-se â tutela dos interesses do incapaz, desenha-se, no interior da categoria «incapacidade», uma outra distinção relevante. A falta de capaci dade remedeia-se. algumas ve/es, com a interposição dc uma outra pessoa capaz, que c chamada em lugar do incapaz, c outras vezes, pelo contrário, com a cooperação de outra pessoa, que c chamada a agir conjuntamente, junta ao incapaz. Na primeira sichcrhtit tt. Geschiiftsfãhigkcit, 193ó; cfr. Carneu m . Teor. gcncr. reato, 1933. n.‘ “ 29 e segs.; Tuabucciii, Istit., 5.* ed., n ." 32-38. PRESSUPOSTOS E EFEITOS DO NTCÓCtO J U R ÍD t c o hipótese, liá representação; c simples assistência na segunda. E, respectivamente, incapacidade absolut* (to ta l) no primeiro caso, e incapacidade relativa (parcial) na segunda hipótese (*)• Há um outro critério descritivo cm tema de capa cidade: o dc estabelecer desci iminações na massa dos aclos jurídicos, segundo o respectivo alcance patrimonial: c assim que um sujeito, considerado idôneo para realizar alguns tipos dc ncgócios mais simples e correntes, pode ser considerado inapto para praticar actos cuja deliberação ó mais com plexa. ou cujas repercussões sobre o patrimônio são mais sensíveis. Segundo esse critério, costu mam distinguir-se (c a distinção deverá voltar a ser tratada mais adiante, § 36) os actos de vulgar admi nistração dos actos que excedem a administração corrente. Mas os actos que excedem a vulgar admi nistração não são todos tratados da mesma maneira; a lei gradua, também neste campo (c fr . arts. 374.°, 375.°, 394.° do Cód. Civil). Esta graduação ulterior é, por outro lado, relevante, não para atribuir ou negar a capacidade, mas para estabelecer os meios como deve ser integrada a capacidade deficiente. Apresentadas estas distinções gerais, vamos, agoia, passar em rápida revista as razões de inca pacidade e as principais configurações cjuc a incapa cidade reveste no direito vigente. S*to fundamentos dc incapacidade a m enoridade, a interdição, judicial ou legal, e, cm grau mais limi tado, a inabilitação. Como se sabe, o limite da menoridade e fixado, tambem pelo novo código ( ) Sobre estas situações, C a rn iílu tt í, S istem a, if# erncr. <//>., 2: ed., 178. 20 TEORIA GF.RAL DO NtlCdClO JLKÍDItO (a rt. 2.°), nos vinte e um anos completos. A inc. pacidadc do menor deve entcndcr-sc com o incapa cidade para realizar os negócios patrimoniais entre vivos ( § 39). Deve, por outro lado, exccptuar-se o contrato de trabalho, para intervir no qual o menor é declarado capaz logo que tenha completado os dezoito anos, «sa lvo as Jeis especiais quo esiabcle çam uma idade in fer io r» (a rt. 3.1' do Cód. C iv il). O menor emancipado, quer de direito, pelo casa mento, quer por decisão do ju ízo tutelar, desde que tenha, neste últim o caso, completado os dezoito anos (a rts . 390." e 391.° do Cód. C iv il), é capaz para os actos de adm inistração corrente; n u s ó incapaz para praticar sozinho os actos que excedam essa adm inistração, para os quais carece da assistência de um curador (a rt. 394.° do Cód. C iv il). Quanto à capacidade para fazer testamento, á atingida ao com pletar o 18.° ano dc idade: o que 6 justificado pelo caracter peculiar próprio do negócio mor tis causa (§ 39). Quanto aos negócios dc direito fam i liar, em que o indivíduo e legitimado não pela per tença de um patrim ônio, mas pelo particular status fa m ilia e em que se encontra, ou se coloca, no âmbito da sociedade nacional a que pertence, o 1 im ite m ín im o de idade c igualmente in ferior ao dos vinte c um anos. Assim, o reconhecimento do filho natu ral, pode ser fe ito pelo pai que tenha completado 13 anos e pela mãe quo haja atingido os 14; e até antes, se tiver lugar na altura do seu casamento (a rt. 250.® do Cód. C iv il). O casamento pode ser contra ído aos 16 anos «por parte do homem e aos 14 p o r parte da m u lher: lim ites que uma dispensa do Chefe de Estado, a conceder por m otivos graves, pode reduzir a 14 c 12 respectivamente (art. £>4. do iv> '..st r ,i,i. i; iir.nos no km/k m Ji ufim,, ( «nl C iv i l ). o adoptando que tenha fe ito 18 anos i ipaz para dar o consentimento à ndupção (art d o Cód. C iv il). ■ A incapacidade conseqüente da in terdirão ju j j c ia i, decretada por doença mental, refere-se aos negócios, tanto patrimoniais, com o de d ireito f ami l ia r : «porqu e o fundamento da incapacidade lega] nesta hipótese é tal que, se realm ente existe, imp(>rta tam bém incapacidade de querer, e portanto, natural im possibilidade de realizar qualquer manifestação de vontade* ( ' ) . A interdição legal, resultante de condenação penal e pela duração da pena, tem alcance mais restrito e está subm etida às «normas da lei civ ií sobre a interdição ju d ic ia l», apenas «para o que diz respeito à d isponibilidade c administração dos bens»: o interdito legal não é, sem mais nada, declarado incapaz, relativam ente aos negócios de direito fam iliar. Distinguem-se propriam ente dois graus de interdição legal, con form e a relevância que tem sobre o status fam iliae. Quando ela resulta dc condenação em pena m aior, « im p o rta também a perda da autoridade m arital e da capacidade dc testar, e torna nulo o testam ento fe ito antes da con denação». Aqui, porém , não se trata de uma incapa cidade retroactiva, mas de uma incapacidade de d ire ito .superveniente: a de ter herdeiros da sua c: colha (te s ta m en tá r io s ): uma incapacidade para aquela re lação sucessória. P e lo con trário , quando p rovém de condenaç^0 «e m p risão por tempo não in fe r io r a cinco anos*, n ão in flu i na capacidade tes tam en tá ria : e aPc,na* «p ro d u z , durante a pena, a suspensão do exere . ______ 2| ( ' ) Relatório do código penal, sobre o aitia0 32/ do pá trio poder c da autoridade m arita l», sal\o, porém , «q u e o ju iz decida de outra m an eira » (a r t .32,° do Cód. Pena l). A inab ilitação — fo rm a de incapacidade m ais a te nuada que a in terd ição p o r doença m ental, aplicá vel a pessoas que sc reve lam ineptas para p rove rem à defesa dos seus interesses (a rt . 415.° d o Cód. C iv il ) — , não con figu ra uma incapacidade total, mas apenas uma incapacidade parcia l. O inab ilitado e co locado na m esm a situação cm que se encontra o m enor em an cip ad o : isto é, pode praticar sòzinho os negócios de adm in istração corren te , m as para os n egóc ios que excedam essa adm in istração ( § 36) precisa da assistência de um cu rador ( 4) . 26 bis. O problema da chamada incapacidade natural ( l) . — A incapacidade de agir, nas diversas fo rm a s até aqu i exam inadas, tem uma ratio itirís constan te. A lei, ao es tabe lecer a in idoncidade de determ inadas pessoas para rea liza r actos ju ríd icos , pa rte sem pre da con sideração da natural in eptidão desses su jeitos para cu idarem dos seus interesses m ateria is ou m orais, e essa in ep tidão deriva de urna d e fic iênc ia fis iops iqu ica , cm v irtu d e da qual os su je itos em questão não têm cla ra consciência do O Sobre uma hipótese inversa, de ampliação da capa cidade, veja-se Crosa, em Giur. it., 194S, ll, 134. ( ' ) Covihllo, Man. dir. civ., § 112; Degní, Incapacità natiuale e incapacità tegale, na Riv. dir. coinm., 1932, n, 573; Giorgianní, La c. d. incapacità naturale m l prim o libro del nnovo codice civil?, na Riv. dir. civ., 1939, 393 (outra bibliografia aí citada); Rescigno, Incapacità natnràle c adem- pimento, 1950, 33 e scgs. alcance das suas acçõts, determinando-se a elas maneira irreflcctida. * Este substraeto cxislc na incapacidade do m nor; c ú de toda a evidência na incapacidade T interdito por doença mental. Pode, pelo coninh-j^ parecer duvidoso que a deficiência fisiopsíqUiCa ^ pensamento da lei, seja também iundamento interdição legal consetiuente a pena; mas que a sua raiio itiris deva procurar-se, precisamente, na pIc. suinível deficiência fisiopsíquica, da qual a deterio- ração moral do delinqüente é sintoma o índice J demonstra-o a citada norma do artigo 32.u Código Penal, segundo a qual o testamento anterior à condenação em pena maior perde a eficácia apôs a condenação. Estas observações fazem nascer o problema da capacidade natural, ao Jado do da capacidade legal. O problema da capacidade ou incapacidade natural reveste dois aspectos, a ) No primeiro aspecto, per gunta-se se será válido o acto do legalmente incapaz que, no momento cm que agiu, era naturalmente capa/, isto c, era psiquicamente norm al; por exem plo, o acto do menor que, não obstante a idade juven il, tenha já atingido uma maturidade mental do adulto, ou o acto do interdito por doença mental que esteja num intervalo lúcido; b ) No segundo aspecto, pergunta-se se c inválido o acto da pessoa legalm ente capaz, que esteja, no momento de ajiir. naturalmente incapacitada, por uma causa perma nente, com o o louco não interdito, ou por um motivo transitório, como o cbrio, ou o homem sob a acçao de estupefacientes ou cm estado dc hipnose. o ) À prim eira pergunta responde-se com SL^ rança que não. A capacidade legal é pressup HíSIliS li I I I IIOS IN) M u k l l ) JtUÍDICO 23 24 TEORIA <;e k a l 1)0 tw w fc io JURÍuico indefectível da validade do acto; a previsão, dc que a pessoa legalmente incapaz seja. também, natu ralmente incapaz, c uma previsão feita a p rio ri pela lei, sem possibilidade de fiscalização e dc desmen tido por parte do ju iz no caso concreto. b ) A secunda questão, de saber se ao lado da capacidade legal também é relevante a capacidade natural, como pressuposto de validade do negócio, fo i muito debatida no passado. Tratava-se, porém, <ie uma questão mal apresentada. Em principio, e segundo o sistema legal, na medida em que não há normas concretas que divirjam desse sistema, a falta dc idoneidade psíquica do autor do acto é, certa mente, relevante, e exclui a validade do negócio: mas é relevante, não com o ausência de um pres- suposlo , que seria a capacidade, mas sim como falta dc um demento do negócio, com o é a vontade ou a consciência dc quem o pratica (§ 19). Gó porque o problem a foi erradamente incluído na órbita da capacidade ( e eslava errada, neste sen tido, a inclusão, porque se falava cie incapacidade na tu ra l), fo i possível haver quem afirmasse que a ineptidão psíquica de quem não é legalmente inca paz, nf.o im poria a nulidade do negócio. Esta op i nião n; o foi, de faelo , seguida pela jurisprudência, a qual, com toda a razão, viu na ineptidão natural uma causa de invalidade do negócio : uma causa, segundo a distinção que adiante será apresentada (cap. \ j11), antes de nulidade, que não de simples anulabilidade, com o, ao contrário, acontece com a incapacidade legal. A op in ião que negava relevância à ineptidão natural, tirava argum ento dc algumas normas, a^ora ab-rogadas, Ao Cúdigo C ivil dc 1863, sobre- tudo do . artigos 336.' c 337/ lVlo «n lg » 336 ". «a o s «ttlerlorcs h In icw M * * « * * ^ « " « b * * , M! d cau sa da intordi^o já cxlst.a nu tempo e n quo tiveram lugar os mesmo» actos. c d*.wL quj. pela qualidade do contraio. ou polo grave p.vjuí/o quo dele tenha derivado,ou pos*a derivar, paia o in ter- dito ou de qualquer roaneira, sc demonstre a má-fé dc quem contratou com o mesmo». Pelo artigo 337.* •depois da morte de um indivíduo, os actos por cie praticados n3o poderão ser impugnados por enfermi- s. d.»dc mcnlal, a menos que tenha sido requerida a Interdição antes da sua morte, ou n prova da enfer midade resulte do próprio acto que ó Impugnado». Com base nestes textos, argumentava se assim : se o legislador, para decretar a nulidade do acto pra ticado pc!o doente mental não interdito, não se con tenta com a pro a da doença, mas c\i^e a má-fé da contraparte, a deduzir de sinais externos, entre os quais avulfa o prejuízo resultante do acto para o seu autor, isso quer dizer que a ineptidão psíquica nao é relevante só por si c não lira a validade ao ncgócio, Replica va-sc, porém, com razão, cjue os artigos em discussão nâo se referem, na realidade, à «incapacidade - natural, mas ;i capacidade lega! de •u!ii. csla\ !ccck\ um alargamento da incapacidade egal resultante da interdição c dão lugar, dc corto modo, a unia interdição antecipada. Estes artigos nao sc id eu n i a ineptidão psíquica no m om en to do •,i 0# mas n presença, anterionnente h interdição, e no p a io t o em que foi praticado o acto, de tuna per turbação mental habitual, capaz de poder justificar â nter içflo, Euibora, no insiante preciso tio acto, n o ouvesse uma desordem mental, c ate <> autor o acto se encontrasse em intervalo lúcido, a exis* tência dc uma doença m ental habitual, junta a outras circunstâncias dc facto, referidas nos arti gos 336. e 337.° do C ód igo C ivil de 1865. dá lugar â invalidade do acto. Os artigos em questão não podiam , portanto, in flu ir sobre o problem a da «in ca pacidade» natural, e em especia l não tinham nada a v e r com as hipóteses de ineptidão psíquica devida a causas transitórias, diversas da doença m ental, tais com o em briaguez, sonam bulism o ou hipnose. Nenhum artigo do cód igo anterior im pedia, pois, que se resolvesse o prob lem a da «incapacidade» natural de harm onia com os princíp ios. O novo cód igo , pe lo con trário , v e io in ovar nesta m atéria, tem perando as exigências do sistema, com as que a lei considera serem exigências de equidade ( 2). 26 TFARIA GERAL DO NEGÓCIO JLRÍUIGO (•') A locução pessua nâo mentalmente sã, do artigo 422.*, Livro I, do novo Código «Civil, exprimia um conceito mais amplo que a outra: doente mental, pois que nâo está. neces sariamente, ligada a estados patológicos, mas pede também derivar de casos em que a obnubilavão da vontade depende de circunstâncias que não constituam doença cm sentido técnico. As palavras pessoa incapaz de entender e de que- rer, do artigo 428.“ do Código Civil unificado (R. D. dc 30 de Março de 1942, n.* 313) substituindo, por via interpretativa, a predita íórmula do artigo 422/, vieram tornar mais pre ciso o conceito de incapacidade natural, pondo em evidência o elemento intelectual e o elemento volitivo do negócio, que para ser valido deve scr realizado com .plena consciência do seu alcance jurídico. O novo código civil acolheu, explici tamente, a noção de incapacidade natural, distinta da incapa cidade legal (art. 42$:). Para a incapacidade natural, não estando, como acontece na incapacidade legal, antecipada mente feita a sua prova, é preciso demonstrar, em cada caso, rigorosamente e de um modo específico, a existência do estado mental anormal no momento, ou seja. durante o espaço de tempo necessãrio para a formação do actojuri- rui s>t r.<*)<’> t iii*f*w *** níwHjjo 11 ,!l," i 'i ^ tudo dos artigos 336. o 337. Pelo artigo 336.*' « rw i « * i uelos anteriores ã interdição podem ser anulado* sc a causa da interdição já existia ao tem p o cm que* tiveram lugar os mesmos actos, c desde que, pc|;| qualidade do contraio, ou pelo grave prejuízo clvtc dele le Jia derivado, ou possa derivar, para o inter- dito, ott de qualquer maneira, se demonstre a ntá-fj de quem contratou cum o mesmo». Pelo artigo 3 370 «depois da morte de um indivíduo, os actos por ele I praticados nào poderão ser impugnados por enfermi- dtfdc mental, a menos que tenha sido requerida a interdição antes da sua morte, uu a prova da enfer- midarL- resulte do próprio acto quo c impugnado» Com base nestes textos, argum enlayase assim: se o legislador, para decretar a nulidade do acto pra ticado pelo doente mental nào interdito, não sc con- lenta com a prova da doença, mas exige a má-fé dn contraparte, a deduzir de sinais externos, entre os quais avulía o prejuízo resultante do acto para o seu autor, isso quer dizer que a ineptidão psíquica nao c relevante só por si e não tira a validade ao negócio. Replicava-se, porém , com razão, que os artigos em discussão não sc referem , na realidade, a «incapacidade natural, mas â capacidade legal de agii : e.st. !\ íecc .i um alargam ento da incapacidade legal resultante da interdição c dão lugar, de certo modo, a uma interdição antecipada. Estes arli^o* não se tv leu m à ineptidão psíquica no m om ento do neto, mas à presença, anteriorm ente i\ interdição, c no p c iio J o em que lo i praticado o acto, de uma p^1 furbação mental hahiitu il, capaz dc poder ju stili^u a interdição. Fm boia , no instante preciso do não houvesse .uma desordem m ental, e •de <> *lUl^ ilo acto se encontrasse cm in terva lo lúcido, 1 tência dc uma doença mental habitual, junta a outras circunstâncias de facto, referidas nos arti gos 336. c 337.° do Código Civil de 1865, dá lugar à invalidade do acto. Os artigos em questão não podiam, portanto, in flu ir sobre o problema da «in ca pacidade» natural, e em especial não tinham nada a ve r com as hipóteses de ineptidão psíquica devida í\ causas transitórias, diversas da doença mental, tais com o embriaguez, sonambulismo ou hipnose. Nenhum artigo do cód igo anterior impedia, pois, que se resolvesse o problem a da «incapacidade» natural de harmonia com os princípios. O novo código, pelo contrário, veio inovar nesta matéria, temperando as exigências do sistema, com as que a lei considera serem exigências de equidade ( 2). 26 11 OKI A CLRAL IX) KEUfclO JLRÍUICO (s) A locução pessoa não mentalmente sã, do artigo 422.*, Livro I, do novo Código»Civil, exprimia um conceito mais amplo quo a outra: doente mental, pois que não está, neces sariamente, ligada a estados patológicos, inas pode também derivar de casos em que a obnubilação da vontade depende de circunstâncias que não constituam doença em sentido técnico. As palavras pessoa incapaz dc entender e de que rer, do artigo 428.” do Código Civil unificado (R. D. de 30 de Março de 1942. n.* 3lá) substituindo, por via interpretativu, a predita fórmula do artigo -122/. vieram tornar mais pre ciso o conceito de incapacidade natural, ponüo cm evidência o elemento intelectual e o elemento volitivo do negócio, que para v r válido deve ser realizado com plena consciência do seu alcance jurídico. O novo codigo civH acolheu, explici tamente, a noção de incapacidade natural, distinta dn incapa cidade legal (art. 423.*). Para a incapacidade natural, não estando, como acontece na incapacidade legal, antecipada mente feita a sua prova, é preciso demonstrar, em cada caso, rigorosamente e de um modo específico, a existência do estado mental anormal no momento, ou seja, durante o esjwço de tempo necessário para a formação do acto jun- I \ l'Wl I . l i v ie i i; t u . i r o u in i M ( . , k ia J t l t t a i t o«_ - . » - - , i at.l tudo dos artigos 336.*' c 337.” Pelo artigo 336.“, fc(JS aetos anteriores i\ interdição podem ser anulados fie a causa da interdição já exislia ao tempo cm que tiveram lugar os mesnios actos, c desde que, jvla qualidade do contraio, ou pelo grave prejuí/.o que dele te.dia derivado, ou possa derivar, para o inter dito, ou de qualquer maneira, se demonslre a má-fé de «quem contratou com o mesmo». Pelo artigo 337.° * depois da morte de um indivíduo, os actos por ele praticados não poderão ser impugnados por enfermi dade mental, a menos que tenha sido requerida a interdição antes da sua morte, ou a prova da enfer midade resulte do próprio aclo que é impugnado», r >m base nestes textos, argumentava-se assim: se o legislador, para decretar a nulidade do aclo pra- ticado pelo doente mental não interdito, não se con- tenta com a prova cia doença, mas exige a má-fé da contra parte, a deduzir de sinais externos, entre os quais avulta o prejuízo resultante do aclo para o seu autor, isso quer dizer que a inoptidão psíquica jkio d relevante só por si c nâo lira a validade ao n c jó c io . replicava se, porém, com razão, quo os iívtigos cm discussão não sc referem, na realidade, à «incapacidade > natural, mas a capacidade lega! de a t;ir : es ta b .ioce*:i um alargamento da incapacidade L:gal resultante da interdição e dão lugar, de certo m od o, a uma interdição antecipada. Estes arligos jtS o sc rc íe rcm ã ineptidão psíquica no m om ento do ac/o, uras a presença, anteriorm ente à interdição, o nt> p â r io d o etn quo fo i praticado o acto, de uma per- t u r b ^ J u m enta l Iw biíual, capaz dc poder justilicar a in te rd içã o . l::inboru, no insíante preciso cio aclo, n âo houvesse unia desordem m ental, c ate o autor d o a c to sc cn con tra ssc cm in tervalo lúcido, a cxis- téncia dc uma doença mental habitual, junta a outras circunstâncias dc Facto, referidas nos arti gos 336." e 337.° do Código Civil de 1865, dá lugar à invalidade do acto. Os artigos em questão não podiam, portanto, influir sobre o problema da «inca pacidade» natural, e em especial não tinham nada a ver com as hipóteses de ineptidão psíquica devida o causas transitórias, diversas da doença mental, tais com o embriaguez, sonambulismo ou hipnose. Nenhum artigo do código anterior impedia, pois, que se resolvesse o problema da «incapacidade» natural dc harmonia com os princípios. O novo código, pelo contrário, ve io inovar nesta matéria, temperando as exigências do sistema, com as que a lei considera serem exigências de equidade ( 2). 26 1I.0UIA GliRAL IX) KCCÔCIO JÜKÍUICO O A locução pessoa não mentalmente sã, do artigo 422.*, Livro I, do novo Cóiligo‘ Civil, exprimia um conceito mais amplo que a outra: doente mental, pois que não está, ncces- sàriarneiue, ligaria a estados patológicos, mas pude também derivar de casos em que a obnubilação da vontade depende dc circunstâncias que não constituam doença em sentido técnico. As palavras pessoa incajxtz dc entender c dc que rer, do artigo 428." do Código Civil unificado (R. D. de 30 dc Março de 1942. n.* 313) substituindo, por via interpretativa, a predita fórmula do artigo 422.'*, viciam tornar mais pre ciso o conceito dc incapacidade natural, pondo cm evidência o elemento intelectual c o elemento volitivo do negócio, que para ser válido deve ser realizado com .plena consciência do seu alcance jurídico. O novo código civil acolheu, explici tamente, a noção de incapacidade natural, distinta da incapa cidade legal (art. 42$.“ ). Para a incapacidade natural, não estando, como acontece na incapacidade legal, antecipada mente feita a sua prova, é preciso demonstrar, em cada caso, rigorosamente e de um modo especifico, a existência do estado mental anormal no momento, ou seja, duranteo espaço de tempo necessário para a formação do acto jun- .. L,wli«o dispõe: -Os actos O artigo 428.v do novo ^ a|nda quo nflo interdi- praticados por pessoa qlin|qucr causa, mosnu, tadu, se prove ter esiat oa t.(|tei1t|cr 0« dc querer transitória, inc*p#tfi,n‘ a(.,0!t foram praticados, no momento cm Mut ' reqlK.rjmcnto dn própria podem ser anui.» . jros oU sllCessurcs, se deles pessoa ou dos«J»■ „ autor. A anulação resultar um giau scr ordenada, a não .ser dos que deles haja derivado ou ql'“ni‘ vir i derivar para a pessoa incapaz de enten- der^ju dequerer. ou pela qualidade do contrato ou L qualquer outra maneira. se verificar haver má-hí da parte do outro contracnto». Deste texto deduz-se: l*_qu o a ineptidão psíquica sc toinou io/ao dc simples anulabilidadc do acto, e não de nulidade; 2.»_quo a ineptidão psíquica não é nem sequer suficiente, só por si, para provocar a anulabilidadc do acto: mas deve scr acompanhada pelo «g ra le pre juízo» (§ 3); e, nos contratos, deve conjugar-se com a niá-fi? do outro contraente ( 3). dicu, nu-smo que .i incapadJadc não seja transitória. D.is condições do sujeito, anteriores e posteriores ao aclo, podem extrair-se úteis indícios para d iagnosticar, a través t/e urn.i indagação por ilaçócs, se o consenso manifestado constitui, vc«ladeíramente, a síntese de um acto livre e consaertte. .. 7 / 1 w JaSLj n^ unsPrudi‘ncia, Cass., 8 de Julho de 1W0 c 23 dc Maio de <M| {Foro ,94) 5]() 8()4); Cass > E *iT sd £ i5 L - n,aSi' loro‘ ,9L>- co1- 5S6- n “ 24S9)- e/n üie no'*m' * ° í’ '.11 :‘"u,‘unu'n|c interessantes na medida u n i , L nisciX.M an°toqL V r ÍBü ^ d° nüVO CÓ* ? ° A ..,. , , » ' o cio* acios para os quais o código àihnn aao jpiicava os arlii/us 334* , 1 1 7 . . • : » i0<ix*iü iiKMm.vM.d ■ e 337.*, como dos viciados1*1 iJii.jp.iifande iiafuml » rai' «íabeJccendo, tanto para uns 28 TIÍOHIA OHRAL IX> KUDÓCIO JURÍDICO Sob o aspecto cxcgético, ih vc notar-se que, nos con tratos, o «g ra ve p re ju ízo » da parte psíquica* ccmo paru os outros, a anulabüidade. V. também Cass., 13 d j Fevereiro dc 1945 ( Cfttr. it., 194-6. i, 1, 13). Repare-sc, além disso, quo a jurisprudência segue, con corde mente, a tese exposta no texto, segundo a qual a inca- paridade natural é a falta, não de um pressuposto absiracto, ) • , do um demento constitutivo do negócio om concreto. Ncsra orLntaçSo, per um lado, foi decidhlo que «as pala- vr.. i pessoa incapaz dc entender c de querer, do artigo 428/ do Código Civil unificado, substituindo, interpretativamente, a fórmula pessoa não nzznUi'.:::cntc sã do artieo 422.*, liv ro f. do mt -mo código, tornam mais precitc o conceito do incapacidade natural om retacío ao olemento intelectual do negócio, c não estão, ncee sàiiamentc, li-jadas a estados 3>a!o!ó<MCos preexistentes, abrandando também casos em quo o ofuscamento da vont; de d.per.da de circunstâncias quo não constituem doença ent sentido técnico» (Cass. ttreseia, 15 do Fevereiro de 1-M5, r.o Rcn. Fora, 1945, col. IGS4, n." 47 c; ver também Cass.. 8 de Acosto de 1942. cit., e apel. do Mápoks, S du A^c .to c;c l*íU, nu F.cp. Fow, 1942, col. 713, io 17); por uutro lado, que *a prova dessa incapacidade natural deve ser rigorosa e precisa, e não pode, por isso, limitar-se a uma verificr.r:“ o genérica de um estado dc doença psíquica, sendo necessário, p*o!o contrário, deduzir 1actos e episódios objectivos, idôneos para se tirar uma ilação precisa sobre o estado mental do obrijpdo, no momento da formação do negócio» (Car.s., 29 de Março do 1C-43, em Rep. Foro, 1 >-53. Col. £4, nr 51; ver, também, A:>. Veneza, 25 de Maio de l ' ' l l , em Furo it., 1941, i, 1929). Quanto ao «grave prejuízo», a jurisprudência tem con- cordemente decidido que ele não constitui um elemento necessário para a anulação Jos contratos concluídos por incapacidade natural, «mas apenas um elemento secundá rio, quer dizer, um indício do requisito essencial da má-fé do outro contigente» (Cass., 31 de Dezembro de 1946, cm R i. Foro, 1*46, col. 561. n.*‘ 19-21; ver lambem C.i>s., 23 dc Maio dc 1941, acima cit.); sobre a suficiência desse ele- » ' ! " ’ K " 2'J .................• , .*,ii im p o rtâ n c ia c o m o in d íc io d;» S ? r £ ^ r M * > : c- quando esta resulte dc iim ila d ti o C O M rA tç viánioU P»ra u tonuocnlc quo cra pslqutomc-iHe incapaz Sob o aspecto da oportunidade, a inovn- çflo rrspeitante aos negócios unilaterais podo ser discutida. Ainda mesmo que a tendência para con- senar a eK ^da do negócio, e portanto para con- verter a nulidade em cnulabilidade, mereça apro- \-nr .o. r.xM.ij c.i dorroga o sistema (scguncio O qual a falia d*- elementos essenciais do negócio e, em rc^ro. razão de nulidade verdadeira e própria: art. 14!S.'; cír. 1325.”). pode, todavia, prirecer exces sivo ter estabdecido como requisito ulterior, para a anulabil idade, o «grave prejuízo* derivado do negó cio para o s-u ^utor. Porque é claro que este, se o > não *ihe causa dano, não pedirá a sua anulação; portanto, se lhe causa um dano nfio «gra\c», c solução discutível que este dano deva ficar b.-m leparaçâo, só porque não é «grave » (c fr . art. 1+18.*, 2, que está sujeito a uma critica aná- mcaiu hi, p.-to tumrárío, Jccisôcs discordas, na medida em que, ao p a n o que a Apct.^âo dc B olonha (30 d.* M arço oc J94J. no IUp. lo to . 19-13, cot. 1035, n.- S4) s j pronunciou pe a nejativa «por. cfeclivam in tc, a tei nâo p c rn iiiir a m á-fc», a , por dcc&io dc 31 dc D ezem bro de 1946, cit., a firm a r que. P io .jt ij a adstfn da d.) p reju ízo grave, a roá-fô está « I n TC tp^Q% Mm, j tilad íl na nü,a an terior (Cass., 28 de do amtncftiV F° r° ,/ ‘ ,941, *• <04)* iden tifica a m á fé ncntaU c 7 #rU c**ncia ^ coniralar com um doente 0o pr. jifií0 Jr^ ' r*dü cb «pode resultar, dircctamcnte# ou Uní,a ^cr*v:*do ou pus*a derivar para o u. w.. 4 ^ülldadj do contrato, ou dc qualquer outra 30 TEORIA CtflAL M NEGÓCIO JURÍDICO Ioga ) ( 5). Quanto à má-fé da contraparte, que c apresentada como u lterior requisito para a anulabi- 1 idade dos contratos, distingue-se, sem dúvida, con- ceitualmente, do dolo, que é razão de anulabilidade do negócio (§ 56). Praticamente, porém, parece d ifíc il im aginar um caso, em que alguém haja con tratado conhecendo a ineptidão psíquica do outro contraente, e. por conseguinte, aproveitando-se dela, sem agir com dolo. Com a norm a que temos estado a discutir, a ineptidão psíquica tem-se vindo a aproxim ar da incapacidade legal de agir, porque tanto a prim eira, co ino a segunda, são hoje razões de anulabilidade do negócio. Ainda, porém , não se pode qualificar a ap iidão fis iopsiqu ica com o pressuposto do negócio, porque, p o r um lado, ela está sem pre ligada a um elem ento intrínseco d o negócio, que c a consciência e a vontade e, po r ou tro lado, a apreciação dela, em conexão com outros elem entos, com o o pre ju ízo do negócio para o seu au tor e, nos contratos, o estado su b jectivo da contraparte, é uma va lo ração de facto, toda ela efectuada a p o s te r io r i: contrariam ente â va loração dos pressupostos de validade verdadei ros e próprios, que deve, naturalmente, ser toda realizada a p r io r i . 27 D ) A leg itim ida d e da parle c o m o pressuposto d o n egóc io ( l ) . — D epois da capacidade, pressuposto (*) Veja-se o que dis&CBUK em Rendicouli l*tit. Lotiib., 1940-1911,339, 344. ( ' ) Sobre a U ltim ação, ver. em geral, os trabalhos dc CARNEtum, Teoria gcncralc del reato. 130 c >egs.; Iwiu, Sistema di dir. proc. civ., li. n." 44M52; IüCM, Teoria g ea * nloS examinar aquilo que poderia clia. subjectivo, va subjcctivo-objoctivo do ucgó- „ iav.Sc o Pre*s1f itirnidadc. do ' ° UseSX ervou que a legitimidade,ao contrário , -Llndc depende de uma particular relaça0 £ 3 S £ • . « & * > « ? > • . C o m ™ dar aqui uma definição mais precisa. A legitim idade dn parte pode definir-se como a sua com petência para obter ou para suportar os efeitos ju ríd icos do regulamento dc interesses que sc tem em v is ta : com petência que resulta de uma específica posição do sujeito, a respeito dos interesses que se trata de regulamentar. Questão de legitim idade c a dc veri- íicar por quem, e a respeito dc qnem, o negócio pode scr correctamente concluído, a fim de poder pro duzir os efeitos jurídicos conformes à sua função e, por outro lado, aderentes ao regulamento de inte resses pretendido pelas partes. Segundo a ideia da autonomia privada, esses efeitos não poderão, em regra, deixar de ficar circunscritos à esfera ju ríd ica das partes (art. 1377.°) (§ 5 ); c, a fim dc que se produzam entre cias, deverão as mesmas ter uma posição específica de competência em relação à mattíria do negócio. rf/r, §§ 122-129. 2/ ed., n.‘ 72, 176 c segs.; e I d.:m , m * 232. cm b ü v . aw . c o w m ., 1935 , 5 0 2 ; D irZ Í,n ' ' ,lir- r0::i- Ví29‘ 3,9 **BS: 332 c segs.; . Í P - J S * 2I7' W I - 12: 292- ici.iôs fin » ' ' l09' ,27< 2W- 2 IÍ- 22<)> *>?6, 450. Man- coiuni., j o n ’ J!", 1,11110 o nosso desacordo (Rev. dir. t,a mesiin ' ‘ . c!;rcn oportunidade de uma extensão ' ' ' S n r " 1’ aos • « < « i im io s , c «K u u m . a Iwnwbaia ,i / 1 sces.), embura rjconliccendo crias situa;6cs ivlalivas à iliciIudc. N*1 32 TEORIA GHRAL UU NHCÚCIO JUUÍDlLO A o precisar, agora, em que consiste essa espe c ífica posição cic com petência , deve dizer-se que a regra fundam ental, em m atéria de leg itim idade, e a da iden tificação ou co incid ênc ia en tre o su je ito cio n egócio (ou o su je ito para quem o n egóc io é ofcc- tn a d o ) e o su je ito dos interesses, particu larm en te dos interesses ju r íd ico s , sobre qu e in c ide o negócio . Todas as vezes que o n egócio pressuponha um a re lação ju ríd ica , de q u e deva regu lar as v ic issitudes — com o quando se tra te d e a lienar, ceder, lim ita r, d estin a r m o r t is causa um d ire ito , m od ifica r , trans fo rm a r ou ex tin gu ir um a re lação p reex is ten te — pode d izer-se que o n egó c io é qu a lificad o ( 2) pela re la çã o a que se re fe re , e que o su je ito leg itim ad o pat a o n egóc io se id en tifica , non Y ia lm cn te.com o p ró p r io su je ito dessa re la çã o ( 5). l i nessa co incidência que con s is te a q u ilo a q u e se p od e ch am ar leg itim a ção o rd in á r ia ou n o rm a l. E isto m ostra que a teoria da le g it im a çã o se rad ica na ideiu dom in an te de toda esta m a té r ia : a id e ia tía au ton om ia p r ivad a (cap. i ) . Cada um tem a sua p ró p r ia es fe ra da com petônc ia literatura reccnte, o conceito é utilizado por C\uuota-Fi:r- kaka, Ne%ozi sul patrim. altrui, 27 c segs., 76 e segs.; Ne&o- zio gin r., n.* 132: 626-2-1; por Goula, ISutto di disposizione di d iiit t i, cm Anuali tiniv. Pesaria, U33;i, n.* 5 e s*‘gs. Compra- vendita c perniuta (1937), n.* 7: 21 c segs., e por outros ( Fürrara-Santamaria, I I potere di disposizione, 1937; Pu;; j.vi i r, na Riv. Dir. com m ., bMO, 513 e segs.); repudiado pelos conservadores, agarrados aos dognr.is tradicionais. (•') Sobre o conceito de qualificação, ainda Carni:I.utti, Teor. gener. dir., 2." edição, n.“' 70, 72, 3.* ed., n.“* 76, 77. (*) Para utna aplicação deste critério, veja-se o nosso breve apontamento na nota sobre «legitim idade para agir e relação substancial», na Giur. it., 1940, i, 763. dl • |Vo • árbitro dos seus interesses, c destes npc. cispo.-"1'* _*dc jngcrir-.se na esfera de interesses ni,s\ n.a0pi)r isso. cada um dispõe das coisas q Ue ||le "Vencem ; renuncia aos seus d ire itos ; aliena o s [ -n- nróprios; adquire paia si; assume obrigações ' : i-orrelativamente, reconhece ou im pugn* o IH/J ^• ■ _ t , * , seu acto de disposição ou obrigação, nas hipóteses permitidas pela lei; confirma-o se d invá lido, revo ga-o se <i revogável ( ). 0 princípio da coincidência — observado c pos- lulado pela consciência dos consooiados, também no plano social da autonomia p r iva d a — é form u lado c aplicado pela lei de várias maneiras (a rts . 651.°, 1188.“. I I 89.". 1192.", 1478.°, 1480.", 2731.“, 2822.", dó Cód. Civil; cfr. ainda, 320.", últim a parte, 347.°, 360.", n.* I, 596/, 1394.", etc.). E le apresenta um duplo aspecto: a ) o aspecto retrospectivo , na m edida em que se tem em conta a situação preexistente ( in i cia l), na qual o negócio se enquadra; b ) o aspecto prospectivo, na medida em que se considera a nova situação (f in a l), ã qual o negócio se d ir ig e e des tina (cap. prelim., § 1). O p rin c íp io postu la que o sujeito do negócio se identifique, tanto com o su jeito da situação inicial, com o com o su je ito da situação tiiial. Mas também sofre derrogações e desvios em duplo sentido. Antes dc mais, sob o aspecto re tros p ec tivo , lendo em conla a situação in ic ia l, o princípio da coincidência sofre cxccpção, p o r um lado, nos casos obJecrl * co‘ncidòncia da legitimidade para dispor do cenf ' Para impuE|K“ ' o acto de disposição, ou para <> (Jir <iV '^107 *nv;,üdo, é apontada por CuviiUO, ^ <l" ’ * -T<VÜ* l í r f » ! - . , , 34 n .ou íA c i.u a i . ik ) N r c o c io ji k íu ic o cm que o interessado, ou seja, quem é o sujeito A .s interesses ou relações jurídicas em questão, nú » es/á legitimado para realizar (pelo menos só por si) o negócio que incide sobre cies. Recorda-se aqui, a título de exemplo, a posição da mulher, que não .pode dispor dos bens compreendidos no dote ou na comunhão, embora seja proprietária ou, respectiva mente, comproprietária desses bens, porque a admi nistração do dote e da comunhão está reservada ao marido (arts. 184.° e 220.° do Cód. Civil). Ê afim desta, a posição dos membros componentes da famí lia em regime de colonato, r»a medida cm que são representados pelo chefe da família (art. 2150.**’). Recorda se, também, a posição do falido, relativa mente aos bens sujeitos ao vinculo de indisponibili dade criado pe!a declaração de falência (R . D. de 16 de Março dc 1942, art. 42. ) : vinculo que torna invá lidos ( § 6 / prelim .) os eventuais actos de disposi ção que interessem à massa dos credores (no mesmo lugar, art. 44.''; também art. 507.°, n.° 3) ( 5). Inversamente, apresentam-se categorias d e h ip ó teses em que a legitimação para realizar o n egóc io prescinde da coincidência entre sujeito do n egóc io e sujeito dos interesses ou relações jurídicas, sobre os quais incide o negócio; c para realizar o negócio tem legitimidade quem não é o sujeito desses inte resses. Em antítese com a legitimação ordinária, de prim eiro grau, configura-se aqui uma legitimação contingente, de segundo grau, que pode revestir diversas formas ( 6). (*) E dc outra opinião P fc i.tAm , Is t iiu t i ilir. civ., 147. (*) Carnulutti, Sistcnui, n, 144 c segs., fala de uma legitimação derivada, que ê secundária ou mediaia através ------- - ~ — ■ s vezes, o problema prático, que a lei I) ou determinando que o negócio ,vsolv*J P*1? 1 ^ p esso a estranha, que nfio é aquela seja ^ ah/, ‘ em se deverão produzir os efeitos a cm*® '() Jc proteger o interesse da pessoa jurídicos, ‘ jti|naçáo ci aqui um dire ito do legi. eStra?, configurando um poder dc d isposição, que íh abc no seu próprio interesse. £ este o tipo de legitimidade de segundo grau quo menos se afasta da legitimidade ordinária. Nesta figura — que já era conhecida dos juris tas romanos (ex., Gaio, i i , 62-64) como «po tes ta s alicmmlae rei»— o poder dc dispor nasce por via de aq u is ição constitutiva (§ 4 prel.), sob a forma de encargo ou limite de um direito preexistente (o do titular), ao qual vai buscara sua qualificação (simul tânea). Erradamente se pretendeu negar qualquer razão de ser ã figura em discussão, afirmando que, para realizar um acto de disposição de um direito, basta a «possibilidade dc facto, que pertence a quem tenha a capacidade de agir, com o manifesta* çào especifica desta capacidade» ( 7). Quem assim argumenta, submete-se, sem disso dar conta, à frágil e descolorida concepção do negócio como i'Má Jigada à outrà p,lnapa*- Nem sempre, porém, unia Propõe um critõrio i Ium nexo de derivação. Carnelutti dir- n.* 72; 3 . - ^ cassificaçáo diferente, em Teor. gen. O Desta m • ' p;Í8- ,85- (1, N. 2íi, 401',Ura SC cxPrimc Mcnconi, Acqttislo a non Cun»o «aiituítu enern;? 0 cni‘IC,c,ristica designação do poder "bji-ctiv , 1 Ul ^;i Vün,«de» (31), quando, numa l ai!U |,'lrn u eveirf1-*VOnl‘K,L* ^ q iKU,do muito, instru* 0 Ji podcr* Cfr, ainda PuctiAn». m an ifestação de von tade ( « ) . v isto que só a quem reduza o negócio a puro «a c to de von tade» pode im portar, unicam ente, a presença da capacidade dc agir, e deve ser ind iferen te o concurso de uma con- gruen te leg itim ação. Por outro lado, só um a visão abstractizante, que reduza a perspectiva do negócio ao n ível dc qua lqu er outra fa íisp éc ic va lorada pelo d ire ito , p od e levar a dispensar a leg itim ação com o anteceden te lóg ico d o negócio, c recorrer, com um m an ifes to ysteron p ro te ro u , ao expediente de averi guar a quem cabe o d ire ito , com o se isso fosse um «req u is ito de e ficá c ia », a que a lei atribua um dado tra tam en to ju ríd ico ( 9). Desta form a, porém , per- de-se de vista, precisam ente, aqu ilo que é o núcleo essencia l do negócio — o auto-regulam cnto de inte resses .p r ivad os— , c ignora-se a situação ju ríd ica em que deve enquadrar-se o poder de autonom ia p a ra ser leg itim am en te exercido, sem invasão da es fe ra de interesses alheios, ou seja, para ser quali- fic á v e l com o com petênc ia d ispositiva ( ,0). 36______________ r i O R H c u r a i . 1)0 s r . o k io n R í n ,u > ( ' ) Oue Mengoni não tem consciência de seguir na esteira do dogma da vontade, resulta da sua tomada dc posição (25 e segs.) contra este dogma. (*) Para esta construção manifestamente errónca, Car- karo, Mandato ad allicnare, 1947, 59, 251; ver, cm sentido contrário, as observações criticas de Giouijano, na Riv. dir. conun., 1949, ISO e segs. ( ,#) Cfr. Giordano, Tradizione e potere di disposizione, na Riv. dir. com m ., 1949, 192 c segs., 195 e segs. e, sob este aspecto, Salvi, Ccssionc dei beni ai creditori, 134 e segs., 153. Entre os csciitorcs menos recentes, merece ser citado, pelo particular aprofundamento do poder de dispor nas suas mais variadas configurações, Hi u.wio. Wcscn n. s"b ,tk - íive Bc^rcnziota, der Rechtskrult, 1901, 97 e segs.. 183 e segs.. m sc nesta figura a legitim ação do marido, / r d-, mulher, cm relação aos n egócio » de n" . f .L c i iO corrente, que digam respeito ás rela- " , ,mís «»*' * coinunhüo conjugal dos be.js ‘ lfi4 t. 220. do Cód. C iv il), c a IcgiiiniaçAo conjunta de ambos, marido e mulher, para <JS actos do disposição de bens ou créditos dotais, a u to riza d o s em casos d e reconhecida necessidade ou u tilid ad e (arts. 187.". 190.’ ) ( " ) . Nela cabe, também, a re p re se n ta ç ã o organicamente ligada ã posição c fu n ção de chefe de família, que nas relações relati vas a parceria cabe ao parceiro cm relação ao con- ccdcntc, na medida em que é chamado a defender os interesses comuns a todos os com ponentes da família em colonato (art. 2150.°) ( ,:). Inclui-se, igual mente, sob ouiro aspecto, na figura de que estamos a falar, o poder dc disposição conferido, com a auto- ri/avão implícita, no pacto de um preço, que se convenciona entre as partes no contrato estimató- rio (art. 1556.°): poder que desempenha as funções de limite paralizante ao d ireito de quem consigna 275 c 's j!, t ! ' ; CivilPro^s,ech ls , ,. 1903, 215. a aqui*içi0 .. * Sf’ convcm observar que. apresen- wteaçâo do caso iuh* l,íu^ COmo Sucessão referida à comu- c « S U nrejudiia „ r <R ech ,skra f t - 253; Civilproz., r. 283 (* 5 Preliin.) QürinA rrcUa compreensão do fenômeno d.i coisa ^ cxP**car a validade da dis- ,u*ia disposiijva Ua C,n a,cnV^o a uma adequada coinpo* ^^ ndZ^ io.' NemÍ° e'Ur" 63°' n-’ M , iN ’ i s * * capu <u" “ c° io,,ica * ■ * * * n s ,ei ra,,P- na Rh, dir. la^ro. _ _______________ T I g R IA GERAL DO KO/iCtO JUKÍDtCO as coisas, visto este nãò poder d ispor delas enquanto não lhe fo rem restitu idas (a rt. 1558.°) ( n ). Também nela, igualmente, se inclui a legitimação do credor, que nos termos do artigo 2900.° do Código Civil, exerce, extrajudicialmente, os direitos do pró prio devedor perante a inércia deste (por ex., o res gate de um imóvel por ele vendido); bem como a legi timação conferida pelo artigo 524.° do Código Civil, aos credores daquele que renuncia a uma herança prejudicando-os, na medida em que, mediante prévia autorização judicial, a podem aceitar «em nome e em lugar do renunciante*. Configuram uma legiti mação do credor para a pratica dc negócios que digam respeito ao patrimônio do devedor, tam bém o direito do credor pignomtício (arts. 2796.°, cfr. 2744.*) e o atribuído, em certos casos, ao credor, de fazer vender coact iva mente, por sua própria autoridade, coisas pertencentes ao devedor relapso (arts. 1515.° do Cód. Civil; 48. das condições ferro* viárias aprovadas pelo R. D. de 12 de Novembro de 1921, n.° 1585). Mas também a actividade que se desenvolve em nome alheio e à custa alheia — cm representação (Cód. Civil. 1398.°) — pode, por vezes, reconduzir-se ao tipo dc legitimação que estamos a considerar, quando configure uma legitimação conferida no interesse prevalente do legitimado. Na verdade, a representação é. por vezes, estabelecida no interesse do representante, além e mais que no do represen tado; em tais casos, ela é índice de um direito prò- (•») Gkhumno, Trad. t pol. di disp. net contralto ts ti- tnntoriü, na Riv. di. camm., \<W. 17* c segs.. IM e « s . . 193, 195 e segs. ,no se esgota num simples poder em relação l>r,Ü f ‘ u -. tanto assim que, quando deriva do m^ndáto o artigo 1723.", parãg.. do novo cód igo, seguindo na esteira da jurisprudência an terior ( " ) , resolve nfii inativamente o problem a da irrevogabi- lidade deste mandato. Uma curiosa ligura de repre sentação e, ao mesmo tempo, dc in terposição gcs- tória (§ 71) no interesse próprio do gestor, portanto mna figura de legitimação p o r d ire ito p ró p r io , apa rece-nos na cessão dos bens aos credores para fins de liquidação, agora disciplinada pelos artigos 1977.", 1979."-80." tio Código C ivil. Os in térpretes tio artigo 26. da pauta de registo (a i. /I do T. U. apro- vadu pelo R. D. tle 30 de Dezembro dc 1923, n.° 3269) já .i entendiam como um mandato para liqu idação, Conferido no interesse do m andatário: ao qual, po r tanto, cabe o d ireito de adm inistrar, para o.s fins da liquidação, os bens «ced id os», os quais, no entanto, continuam a pertencer no devedor ( ,s) (c fr . art. 507.“ ). I ' 1 _ ---------------------------- — — (" ) Cass., 12 de Março de 1940, cm Temi gmi., 19-10, 295; ld., 30 de Dezembro de 1939, no Foro, 1940, i, 279; Id„ 12 de Abril de 1939, na Gitir. it.. 1939, j, 1, 732; Apel. de I3ari, 30 de Junho de 19-42, no Rcp. Foro. 1943, col. 999, n." 2ó bis. Entre as (Icusõcs posteriores ao novo código civil, c de notar a da C'," íia,‘i. de 14 de Janeiro dc 1946 (Rcp. Foroit-, . col. 679, n.' 24) segundo a qual «é conseqüência neccs- ■ ■iii.i i i iiivvogabilidade dc lais mandatos (in rem l>r(h 17 rí !V ' SUJ. so*Jrcv''éncÍH à inorte do mandnnU*»; e a Cass., CVCrCÍr<l de ,W ° (M<ISX- ln ru ■ V m ' coL 55• 237)' «'«íuimr i' l*U l* “° manila,° in rem i>i opiam não pode scr W ro d o nxin, acto de úUima vontade». Jutiiiu a,. sen tido , na ju r is p ru d ê n c ia : C ass ., 1 1,0 TEORIA CRKAL 1)0 NRGÒC10 JURÍDICO Pon d o dc p a r le a h ipótese de representação, os casos até agora expostos , que con figu ram uma legi- t im a ça o p o r i l i r e i t o p ró p r io , serão m ais para d iante d e lin id o s como casos de substitu ição (C ap . x ) : esta a c t iv id a d e , de q u e aqu i estam os a tratar, é aquela qu e a lgu ém exerce p o r con ta p róp ria , e no p reva- len tc , ou con co rren te , in teresse p róp rio , mas que se d estin a a te r e f icá c ia na es fe ra pa trim on ia l a lh e ia ( ,ó). 2 ) D es la fig u ra , que sc qu a lifica com o le g it i m a çã o p o r d ir e ito p ró p r io , d istingue-se c laram ente un ia ou tra le g it im a çã o de segundo grau , que se c o n fig u ra co m o s im p les p o d e r cm re la çã o a o u tre m , i^ to é, a o s u je ilo in teressado ( ,7) : leg it im ação esta de 1937, no l :oro it.. 1937, j. 1193; Cass., 27 de Julho dc 1933, na Riv. (li. conim., 1935, tt, 304. com uma anotação nossa. Sobre o tcina, veja-se, recentemente, a boa exposição crítica de F. Salvi, La cessiqtic dei beni ai creditori, 1947 (Seminá rio giur. Bolonha, v i l ) , 134 e segs., 151 e segs. (que fala dc «transm issão» (135), mas entende concessão constitutiva, designando-a, inexactamenic (155). por «sucessão»); Bai.- zaxo, na Riv. di. proe., 1951, H, J24-26; cfr. Cakkksi, na Riv. dir. cotum., 1947, 137; Romano, Frunnnmli dizion. giur., 199. ('*) Ao lado da substituição, no âmbito dos negócios de direito biibslancial, coloca-se a substituição processual, nas diversas configurações que não é preciso estar aqui a enu m erar (Hii.i.wk;, Lchrb. d. deul. Civil prazessr., i, 155-160; Klagrccht it. Kla&nõghchkcit, 1905, 69-71; o nosso Dir. proe. civ. it., n.M 37, ló2 e scgs. e literatura ai cit.; Cxrni-i.utti, Teor. gener. dir., 2: ed., 178 e scgs.). Substituição na reJa- ção substancial da divida de impostos (as nossas observa ções na Riv. dir. conini.» 1927, 568, 571), dã*sc nas hipóteses previstas por leis fiscais, pelo que é erradamente negada por Au.orio, Dir. proc. iribut., 1942, 191, n." 44. C7) O que explica a cousunção por conflito de interes ses; arts. 1394.* e 2373." Para iluminar esla segunda figura i i l l H W !«> M W K I H .11 U l i . l t o nKi ^ '^ " sJL— — - -------. J g ' . ...,0 no interesse do legitimado. nv,.. quc« co"^1 Uj e's,inotãriU dos efeitos jurídicos <j() (h qUC'" a representação, na sua figura n0nTla, ,K‘g^ ' unia legitimação secundária ou dciivada isP aPivscntante, no interesse do representado. E no conceito desta legilimaçao, c,uc se apresenta como simples poder em relaçao a outrem, enqua- dram-se tanto a representação necessária (achamada representaçüo legal do incapaz), e a «representação» orgânica de pessoas colectivas, como, pelo monos na maior parte (los casos (cfr. 1723.”, parág.), a repre sentação conferida polo interessado (§ 73: art. 1704”) ou por ele tolerada (ex.: art. 212.", 3; 329.', 1). Nela se compreendem também, por um lado, a gestão de negócios alheios (arts. 2028.°, 1393.°-1399.°) e, por outro lado, as formas de habilitação que são neces sárias para determinadas categorias do pessoas ou de bens (aprovação, autorização, homologação) ( lf). 3) Mas há ainda outros casos em quo a legiti mação de segundo grau nào pode conslruir-sc, nem como um direito próprio, nem como um poder em relação ao titular: são aqueles casos em que o negó- nocâoTr 1^ * 8 dlspositiva- Puclc scr ú til ter presente a Ttíl I un *Machtbefugnis» elaborada por T im R. AUgei»- v k a r l ; ^ 0U :',intla a * * * > . lam bem geral, de n.- 95.105 '■HnI,lda Por Is-vri v, p a rtc g Clier. r ia dir- niátka K r a M 3 ranec- Para uin;i o r ien ta rão na P * >1’ '' '"eitti, 17) .. 1 ° s P0l*ercs, citarem os ainda Romano. ^ 0 . I,M 59-60- 3 ■ ,.7^' C Ca|(NI |1 i t i . Teoria gencr. dir.. 2-* c " (" ) t u Cá ' n‘ 6US- !?ni us outràs esrr espL’c,c dc formas c sobre a sua ,rK^j0 * uma FRRRAR'- t ‘ °™ drí í0 " trü/ü ^ T‘ e scgs Ç dC Casos. CARfOITA-Fi’.HW'R'- ' 47. i touiA çrutAf. Jxi M.cuciu j i kíuicu c io é ce lebrado por quem não está, na realidade, legitim ado, nem segundo as regras, nem segundo os critérios contingentes dc leg itim ação que tem os estado a ver até aqui, c aos quais, todavia, a e ficácia é con ferida, para p rotecção dos interesses de ter ce iros de boa-fé, que tiveram razão para con fia r na legitim ação aparen te de quem aparece, perante eles. com o contraparte d o negócio. A posição desta configura-se, aqui, com o leg itim a çã o aparente. Ainda convém estudar aqui (cap . [irei., § 4 ) esta figu ra de legitim ação, à luz da já apontada ( § 3 ) exigência de rocognòscib ilidade, que dom ina a vida social, e em particu lar as m an ifestações da autono m ia privada. Quando o negócio se ja destinado a regu lar as v ic iss iludcs de uma relação ju ríd ica e, portanto , seja q u a lificad o p o r essa relação ( l0), a sua eficácia , considerada de acordo com uma pura ex i gência lógica , deveria se r subordinada ao pressuposto da existência, a fa vo r d o su je ito do negócio, da re la ção qualifican te. Quem aliena ou vincu la um bem, quem cede ou destina um d ire ito , quem ex ige um créd ito , deve ser aquele a quem ele p erten ce : à posição de titu lar, andaria ligada a leg itim idade para o negócio e, portanto , a usual e licácia . E isto por que aquela das partes que tem interesse nessa e f i cácia (aqu is it iva , liberatória , e, nas hipóteses dos arts. 1396.'' e 2206.°, até au toriza i iv a ), pode não esta r em situação de conhecer exactam ente, ou de veri- lica r com segurança, a ex istência, na con traparte , da relação qualifican te. P o r isso, para quem considere o con flito dos interesses sob um pon to de vista d e ('*) Caknulmu, Teor. g«íif. dir., 2.* ed., n.'* 70 e 72; it., 1949, 1, 763-766. . , |iva é possível que a a p o n ia d a exj .......deva ceder perante um a va to raçfio ..JLnitinda pela oportun idade de rem oVer I» circulaçfio: o risco p ro ven ien te da d ifi. (ll. conhecer c tornar certa a re la ção quati. l" , *) O interesse social da rccogn osc ib ilid n d e tjcasn forma, a a tr ibu ir re levâ n c ia ju r íd ica ríjw rfncia da relação qu a lifican te, ten d o en i v is la ô sou valor social re lativam ente aos te rc e iro s de boa-fé que, sendo estranhos as re lações in ternas ivfeivntes a posição de titulaic.s, suo k v.ilIds, ou até forçados, a confiar na rea lidade d aqu e la re lação, dada a íornia como cia se lhes ap resen ta . E é por isso quo, então, no interesse da recogn osc ib ilid ad e c para protecção da boa-fé dos te rc e iro s quo par ticipam na circulação, se im p õe o p rob lem a de substituir a presença e fec tiva da re la çã o qualili- cante, pda sua aparência re la tiva m en te aos terce iros (adquirente.s, etc.) de boa-fé. T rata-sc, n ão de afas tar da relação qualificante o v e rd a d e iro t itu la r e de p*'r na sua posição um in truso (p o is a té su cede que a lelaçao interna entre um e o u tro se m an tém inal- Urá\ol). mas unicamente de re s o lv e r o c o n f l ito de inteiesses entre u titu lar e os te rc e iro s de boa-fé, a a\or destes ultintos. E para tan to é su fic ien te
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