Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. 
 Primeiramente, deixo uma frase de 
Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” 
 
 
 
 
WWW.UNINGA.BR 
3 
 Cada um de nós tem uma grande responsabilidade sobre as escolhas que 
fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em 
nossa vida pessoal e em nossas relações com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade é 
exigente e busca por tecnologia, informação e conhecimento advindos de profissionais que 
possuam novas habilidades para liderança e sobrevivência no mercado de trabalho. 
 De fato, a tecnologia e a comunicação têm 
nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo 
fronteiras e nos proporcionando 
momentos inesquecíveis. Assim, a 
UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a 
Distância, a proporcionar um ensino de 
qualidade, capaz de formar cidadãos 
integrantes de uma sociedade justa, 
preparados para o mercado de trabalho, 
como planejadores e líderes atuantes. 
 Que esta nova caminhada lhes traga muita 
experiência, conhecimento e sucesso. 
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. 
Morangueira), n° 6114 
U N I D A D E01 
ENSINO A DISTÂNCIA 
DISCIPLINA: 
ORTODONTIA 
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo 
Benedito de Oliveira Pró-
reitor: 
Prof. Me. Ney Stival 
Diretoria EAD: 
Prof.a Dra. Gisele Caroline 
Novakowski 
PRODUÇÃO DE MATERIAIS 
Diagramação: 
Alan Michel Bariani 
Thiago Bruno Peraro 
Revisão Textual: 
Felipe Veiga da Fonseca 
Letícia Toniete Izeppe 
Bisconcim Luana Ramos Rocha 
Produção Audiovisual: 
Eudes Wilter Pitta Paião 
Márcio Alexandre Júnior 
Lara Marcus Vinicius 
Pellegrini Osmar da 
Conceição Calisto 
Gestão de Produção: 
Kamila Ayumi Costa Yoshimura 
Fotos: 
Shutterstock 
 
 
INTRODUÇÃO, FISIOLOGIA E 
DESENVOLVIMENTO DA OCLUSÃO 
PROF. ME. DIOGO MARQUES SAPATA 
SUMÁRIO DA UNIDADE 
INTRODUÇÃO 
...............................................................................................................................................
..............5 1. INTRODUÇÃO E DEFINIÇÃO ORTODONTIA E ORTOPEDIA DENTOFACIAL 
......................................................6 
1.1 OS TRÊS TIPOS DE ORTODONTIA 
......................................................................................................................6 
1.1.1 A ORTODONTIA PREVENTIVA 
...........................................................................................................................6 1.1.2 A 
ORTODONTIA INTERCEPTATIVA 
..................................................................................................................6 1.1.3 A 
ORTODONTIA CORRETIVA 
............................................................................................................................6 
1.2 TIPOS DE APARELHOS 
.......................................................................................................................................7 
1.2.1 APARELHOS REMOVÍVEIS 
..............................................................................................................................7 1.2.2 
APARELHOS 
FIXOS......................................................................................................................................
.....8 
1.3 MOTRICIDADE 
...............................................................................................................................................
......9 
1.3.1MIOTERAPIA 
...............................................................................................................................................
.......10 
 
WWW.UNINGA.BR 
5 
1.3.2 FUNCIONAL 
...............................................................................................................................................
.......10 1.3.3 MIOFUNCIONAL 
..............................................................................................................................................
10 
2. FISIOLOGIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO 
...............................................................................................11 
2.1. SISTEMA NERVOSO 
...........................................................................................................................................11 
2.2. FUNÇÕES ESTOMATOGNÁTICAS 
....................................................................................................................12 
2.2.1. RESPIRAÇÃO 
...............................................................................................................................................
....12 2.2.2. MASTIGAÇÃO 
...............................................................................................................................................
..13 2.2.3. DEGLUTIÇÃO 
...............................................................................................................................................
....15 2.2.4. FALA 
...............................................................................................................................................
..................16 
3. DESENVOLVIMENTO DA DENTIÇÃO E DA OCLUSÃO 
.......................................................................................19 
3.1. ODONTOGÊNESE 
..............................................................................................................................................
19 3.2 O RECÉM-NASCIDO E A DENTIÇÃO DECÍDUA 
............................................................................................... 20 3.3 CARACTERÍSTICAS 
NORMAIS DA DENTIÇÃO DECÍDUA ............................................................................... 20 
3.3.1 DESENVOLVIMENTO DA OCLUSÃO 
............................................................................................................... 20 3.3.2. 
ALTERAÇÕES NA DENTIÇÃO DECÍDUA E SUAS IMPLICAÇÕES 
................................................................22 
3.4. DENTIÇÃO MISTA 
..............................................................................................................................................
22 
3.4.1 PERÍODO TRANSICIONAL 
...............................................................................................................................22 3.4.2 
ERUPÇÃO DOS PRIMEIROS MOLARES PERMANENTES 
...........................................................................23 3.4.3 ERUPÇÃO DOS INCISIVOS 
PERMANENTES ................................................................................................24 3.4.4 
ERUPÇÃO DOS PRÉ-MOLARES E CANINOS 
.................................................................................................25 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
6 
3.5 DENTIÇÃO 
PERMANENTE................................................................................................................... ......
........25 
3.5.1 EVOLUÇÃO DA OCLUSÃO 
................................................................................................................................25 
3.6 IMPORTÂNCIA DA MUSCULATURA NA ESTABILIDADE DA OCLUSÃO NORMAL 
........................................26 
4. CRESCIMENTO CRÂNIO FACIAL PÓS-NATAL: CONCEITOS BÁSICOS 
...........................................................26 
4.1 CONCEITOS DO CRESCIMENTO CRANIOFACIAL 
............................................................................................26 
4.1.1 FORMAÇÃO ÓSSEA ENDOCONDRAL 
..............................................................................................................26 4.1.2. FORMAÇÃO 
ÓSSEA INTRAMEMBRANOSA 
..................................................................................................27 
4.2. MECANISMOS DE CRESCIMENTO 
.................................................................................................................27(VELLINI, 2002). 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
40 
1.2.5 Sífilis congênita 
A infeção sistêmica por sífilis interfere nos estágios de diferenciação e maturação do 
germe dental, levando aos dentes de Hutchinson, que são incisivos em chave de fenda ou molares 
em amora (VELLINI, 2002). 
1.2.6. Febres exantematosas 
Febre elevada que caracteriza algumas infecções, como rubéola, catapora, sarampo e 
escarlatina, altera os tecidos de origem ectodérmica, causando sulcos no esmalte dental 
(VELLINI, 2002). 
1.2.7. Meio ambiente 
1.2.7.1 Influência pré-natal 
A dieta e o metabolismo materno podem afetar a formação dentária dando origem à linha 
neonatal, que pode ser encontrada em dentes decíduos ou permanentes que estejam em formação 
na época do nascimento. Outros fatores também podem causar complicações durante a vida 
intrauterina, como postura intrauterina, fibromas maternos, drogas em geral (VELLINI, 2002). 
1.2.7.2 Influência pós-natal 
Podemos citar os traumas e fraturas que, por sua vez, podem levar a uma deficiência no 
desenvolvimento dos maxilares, por exemplo. Também podemos citar a ingestão de tetraciclina 
por crianças de dois meses a dois anos, que podem causar pigmentação e hipoplasia nos dentes 
permanentes (VELLINI, 2002). 
1.2.8 Ambiente metabólico e enfermidades predisponentes 
Poliomielite, distrofia muscular e endocrinopatias são algumas doenças que podem 
causar má oclusão. Dentre os distúrbios endócrinos que afetam a cavidade bucal podemos citar 
aqueles relacionados às glândulas tireoide, paratireoide e hipófise. Nesses casos podemos 
encontrar problemas na formação dentária e no processo de amadurecimento da oclusão 
(VELLINI, 2002). 
 
1.2.9. Deficiência nutricional 
Deficiências nutricionais podem causar alterações na formação do esmalte dental 
(amelogênese), perda prematura e/ou retenção prolongada dos dentes decíduos, erupção anormal 
e hipoplasia de esmalte e/ou dentina (VELLINI, 2002). 
1.2.10. Hábitos e pressões anormais 
Podemos citar os hábitos deletérios. Iremos explorar esse tema mais a frente. 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
41 
1.2.11. Postura 
Más-condições posturais podem causar má oclusão. A postura corporal acompanhada a 
má posição da cabeça pode refletir no crescimento anormal das bases ósseas. A má postura pode, 
ainda, acentuar uma má oclusão já existente (VELLINI, 2002). 
1.2.12. Acidentes e traumatismos 
O uso de fórceps durante o parto pode causar fratura de côndilo e hipoplasia da 
mandíbula, apesar de pouco comum. Queimaduras seguidas de cicatrizes podem limitar o 
desenvolvimento dos maxilares. Traumas nos dentes decíduos podem afetar os dentes 
permanentes (GRABER, 1996). 
1.2.13. Fatores intrínsecos da má oclusão 
São as causas mais importantes da má oclusão para o cirurgião-dentista. Devem ser 
diagnosticadas e tratadas o mais cedo possível, para permitir desenvolvimento adequado 
(GRABER, 1996). 
1.2.14. Anomalias de número 
Pode ser de origem hereditária, podendo estar associada a deformidades congênitas, 
como fissuras de lábio e/ou palato, displasias ectodérmicas e disostose cleidocraniana. A perda 
de um ou mais dentes contribui para o estabelecimento da má oclusão (GRABER, 1996.) 
1.2.14.1 Supranumerários 
Basicamente, podemos definir como o surgimento de dentes a mais na arcada. Como 
consequência eles causam má posicionamento dos dentes decíduos ou permanentes, levando ao 
apinhamento e má oclusão. Seu tratamento se resume a extração desse dente (VELLINI, 2002). 
 
Figura 1 - Dentes supranumerários na mandíbula. Fonte: Cunha (2015). 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
42 
1.2.14.2 Ausência ou agenesias 
Pode ser anodontia, ausência de todos os dentes, ou oligodontia, referente a ausência de 
alguns dentes. É mais comum do que os supranumerários. Também pode levar a más oclusões, 
seu tratamento pode ser conduzido de várias formas e depende de várias características do 
paciente e da oclusão (VELLINI, 2002). 
1.2.15. Anomalia de tamanho 
Podemos citar a macrodontia e microdontia. Suas consequências são relacionadas a 
apinhamento e diastemas, respectivamente, comprometendo o comprimento do arco e o 
engrenamento dentário. 
1.2.16 Anomalias de forma 
Determinação hereditária, interferem diretamente na oclusão do indivíduo. A anomalia 
mais frequente é a do incisivo lateral superior conoide. 
• Geminação: tentativa de divisão do germe dental por invaginação, resultado da 
formação incompleta de dois dentes, ocorre tanto na decídua quanto na permanente, com possível 
tendência hereditária, prejudica a estética, o perímetro do arco e, consequentemente, consome 
mais espaço (PROFFIT, 1995). 
• Fusão: união embriológica de dois germes dentários decíduos ou permanentes, 
causada durante a formação em razão de alguma força física ou contato, causa comprometimento 
estético e funcional. (PROFFIT, 1995). 
• Dilaceração: é uma angulação ou curvatura acentuada da raiz ou da coroa do 
dente formado, causado por algum trauma sofrido pelo dente decíduo. As consequências são 
dificuldade na movimentação ortodôntica e na remoção cirúrgica deste elemento (PROFFIT, 
1995). 
• Concrescência: união de um dente com outro apenas pelo cemento, causado por 
trauma ou apinhamento dos dentes somado a reabsorção do osso alveolar interdentário, 
provocando dificuldades ou mesmo impossibilitando a movimentação ortodôntica (GUEDES 
PINTO, 1999). 
• Dens in Dente: é uma anomalia de desenvolvimento dentário caracterizada pela 
presença de tecidos calcificados, como esmalte e dentina, no espaço da cavidade pulpar. A 
invaginação destes tecidos mineralizados, antes da sua calcificação, é a causa mais provável 
desta anomalia. Radiograficamente é reconhecida como uma invaginação em forma de pera do 
esmalte e da dentina. Geralmente acomete os incisivos laterais superiores. Como consequência 
ocorreria o desenvolvimento de cáries e provável comprometimento da polpa, possui grande 
suscetibilidade à reabsorção interna durante a movimentação ortodôntica (BUTTROS, 2004). 
• Talon cusp: formada durante estágio de morfodiferenciação do desenvolvimento 
do dente, é caracterizada em forma de cúspide acessória. Pode interferir na oclusão normal 
(CUNHA, 2015). 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
43 
• Incisivos de Hutchinson: falha na formação da face incisal do dente, os incisivos 
aparentam forma de barril ou chave de fenda. Presente em pacientes portadores de sífilis 
congênita. 
• Molar em forma de amora: apresenta-se pontilhado, com estreitamento na 
metade oclusal da coroa. Presente em pacientes portadores de sífilis congênita. 
1.2.17 Frênulo labial normal 
É uma lâmina fibrosa de tecido conectivo de forma triangular que se insere na papila 
interincisiva dos incisivos centrais superiores. Permanecendo entre os incisivos o frênulo 
dificulta o fechamento fisiológico do diastema após a “fase do patinho feio”. Seu diagnóstico é 
possível observando a isquemia na região da papila interincisiva quando levantamos o lábio 
superior. Pode causar diastemas entre os incisivos, retração gengival, restringir os movimentos 
do lábio, interferir na fonação, propiciar o desenvolvimento de hábito de interposição lingual e, 
ainda, produzir efeito estético indesejável. O tratamento consiste em remoção cirúrgica seguida 
de tratamento ortodôntico para fechar o diastema (VELLINI, 2002). 
 
Figura 2 - Diastema devido à presença do frênulo do lábio superior na papila interincisiva. Fonte: Cunha (2015). 
1.2.18 Perda precoce 
A perda precoce de um dente decíduo ou permanente provocará sérias alterações no 
desenvolvimento da oclusão. Ocorrem movimentações e compensações dentárias que 
comprometem a oclusão normal. A prevenção se faz com o uso de mantenedores de espaço, já o 
tratamento é realizado com recuperadores de espaços e/ou de implantes e de tratamentos 
ortodônticos com o propósito de fechamento de espaços em alguns casos. 
1.3 RetençãoProlongada de Dentes Decíduos 
Quando um dente decíduo permanece por mais tempo do que se deve na arcada, cria-se 
uma barreira mecânica que dificulta a erupção do dente permanente, provocando deslocamento 
desse permanente para uma posição anormal (ectópica) e modificando o arco. O dentista deve 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
44 
estar atento a ordem de erupção e ao desenvolvimento da oclusão para poder interver antes de se 
estabelecer uma má oclusão. 
Os possíveis fatores são a falta de sincronia entre rizólise e rizogênese, a rigidez do 
periodonto, a anquilose do dente decíduo, agenesia do dente sucessor, disostose cleidocraniana 
e distúrbios endócrinos (VELLINI, 2002). 
1.4 Erupção Tardia de Dentes Permanentes 
Quando o dente permanente, apesar da esfoliação do decíduo ocorrer normalmente, não 
erupciona em tempo normal. Muitos fatores podem ser a causa do atraso, como hereditariedade, 
fatores endócrinos (hipotireoidismo), perda precoce do decíduo (forma uma barreira óssea), 
presença de supranumerário, raiz de dente decíduo, barreira de tecido fibroso ou cisto (VELLINI, 
2002). 
A demora na erupção do dente pode levar a compensações no arco, ocorrendo perda do 
espaço e más oclusões. O ideal seria remover o fator que esteja retardando a erupção do 
permanente e fazer uso de mantenedores de espaço até a resolução do quadro. 
1.4.1 Via de erupção anormal 
Quando geralmente os últimos dentes encontram uma barreira para erupcionarem e, 
consequentemente, acabam erupcionando de forma ectópica. Logo, o diagnóstico e o tratamento 
precoce são essenciais para prevenir apinhamentos, perdas precoces e desvios na erupção que 
poderão prejudicar a sequência de erupção e a localização do dente no arco. 
 
Figura 3 - Erupção ectópica do canino superior esquerdo (23). Fonte: Cunha (2015). 
1.4.2 Anquilose 
Com etiologia multifatorial a anquilose resulta de um rompimento da membrana 
periodontal que determina a formação de uma união óssea entre cemento e o osso alveolar, 
tornando o dente anquilosado sem mobilidade, podendo permanecer em infraoclusão. Com isso 
os dentes adjacentes sofrem inclinação, o dente antagonista extrui, o dente sucessor pode sofrer 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
45 
um atraso em sua erupção, ou mesmo uma erupção ectópica e, ainda, pode ocorrer uma mordida 
aberta na região atingida pela anquilose (CUNHA, 2015). 
O diagnóstico precoce é fundamental e realizado por meio de radiografias, 
principalmente pela tomografia computadorizada cone beam. 
O tratamento, geralmente, é a extração do dente acometido, mas podem ser feitas 
restaurações para compensar a infraoclusão, luxação do dente, osteotomia, osteocorticotomia 
(CUNHA, 2015). 
 
Figura 4 - Segundos molares decíduos anquilosados. Fonte: Cunha (2015). 
1.4.3 Cárie dental 
A cárie pode danificar o dente, causando perda de contato oclusal, proximal, perda 
dentária, o que sem o imediato tratamento pode levar a má oclusão. 
1.4.4 Restaurações inadequadas 
Restaurações inadequadas no sentido mesiodistal podem aumentar ou diminuir o 
perímetro do arco e causar compensações no arco, como desoclusão e apinhamento. 
2. HÁBITOS ORAIS DELETÉRIOS 
Quando abordamos os hábitos deletérios estamos incluindo todo o conhecimento sobre o 
sistema estomatognático, afinal esses hábitos podem interferir diretamente no desenvolvimento 
e nas funções do sistema em questão. Funções essas como mastigação, deglutição, respiração e 
fonação, por fim, podemos citar a sucção. 
2.1 Aleitamento Materno 
O aleitamento materno é fundamental para a criança em vários 
sentidos e nada substitui o ato de mamar. Existem muitas vantagens para o bebê 
e para a mãe em relação ao ato de amamentar, que podem ser: alimento altamente 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
46 
nutritivo, combate à mortalidade infantil, ajuda a prevenir doenças, promove a 
proteção imunológica e antialérgica, reduz a obesidade e problemas 
gastrintestinais, diretamente ligado às necessidades emocionais e afetivas do 
bebê, promove desenvolvimento do sistema estomatognático, fácil, rápido e 
barato, diminui a incidência de câncer e outras doenças da mama. 
O tempo mínimo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 6 meses. 
Devido ao fato de que o aleitamento materno promove um maior exercício dos músculos da face 
do que a amamentação por mamadeira. Na ortodontia, o aleitamento materno pode influenciar o 
crescimento e desenvolvimento craniofacial, ajudar a prevenir hábitos de sucção não nutritiva e 
estimular o desenvolvimento harmonioso funcional do sistema estomatognático. 
O aleitamento materno favorece o desenvolvimento dentofacial, logo, favorece oclusão 
dentária normal, também contribui para o equilíbrio neuromuscular dos tecidos que envolve o 
aparelho mastigatório e estabelece a relação correta entre as estruturas duras e moles, ou seja, 
quanto à respiração adequada, língua/lábio e tonicidade. 
O bebê, ao nascer, mantém um retrognatismo natural da mandíbula até a erupção dentária, 
quando a oclusão começa a se desenvolver e essa posição da mandíbula é anulada com o 
desenvolvimento do sistema estomatognático. Mas para que o sistema estomatognático 
amadureça e a oclusão se desenvolva a amamentação natural deve ser estimulada. Esta favorece 
o crescimento mandibular (anteroposterior), portanto favorece a recuperação da disto-oclusão 
fisiológica, preparando as bases ósseas para um bom relacionamento até a erupção dos decíduos. 
2.2 Aleitamento Artificial 
O aleitamento artificial é realizado com o uso da mamadeira e só deve 
ser adotado quando há total impossibilidade do aleitamento natural, a critério 
médico e não de forma aleatória. Os fatores que desestimulam o aleitamento 
natural são: falta de informação, influência cultural, falta de estímulo da família, 
atividades profissionais da mãe, deficiência na amamentação. Logo, a 
consequência desse hábito pode promover crescimento e desenvolvimento 
insuficiente do sistema mastigatório em crianças, alta incidência de má oclusão 
com discrepância dos dentes em relação à base óssea, protrusão dentária, anulação 
da excitação da ATM, desordens temporomandibulares juvenis, impacção dental, 
falta de estímulo anteroposterior da mandíbula, modelo de deglutição anormal, 
regurgitação, asfixia e derramamento do leite nos cantos da boca, desarmonia 
entre a respiração, sucção e deglutição, propensão a respiração bucal. Por fim, o 
aumento de fluxo na cavidade bucal pode contribuir para o desenvolvimento da 
deglutição atípica, que é caracterizada pelos sintomas de interposição lingual, 
contração de periorbicular, não contração do masseter, contração de mento, 
interposição do lábio inferior, movimento de cabeça e ruído. 
A utilização de bicos de chupetas ortopédicos/ortodônticos entre outros não são indicados 
pois nada substitui a amamentação natural. Na amamentação artificial os músculos requisitados 
são os bucinadores e os orbiculares. Os bicos especiais conseguem somente a movimentação da 
musculatura externa (músculos periorais), mas nunca a de contenção interna (língua), o que, 
geralmente, leva à deglutição atípica e à mordida cruzada, problemas respiratórios. 
2.3 Hábitos 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
47 
Os hábitos normais são caracterizados pelo correto uso da musculatura intra e peribucal, 
já os hábitos deletérios são caracterizados pela deficiência nas funções do sistema 
estomatognático, na qual apresentam fatores etiológicos que deterioram a oclusão. Há também 
os hábitos nãocompulsivos, passíveis de fácil adoção e abandono à medida que a criança 
amadurece. E os hábitos compulsivos, quando está fixado a personalidade da criança, provocam 
grande ansiedade quando são feitas tentativas para eliminá-los. 
Portanto os hábitos automáticos ao nascer são sucção, reconhecer a quantidade necessária 
de leite, deglutição, plenitude alimentar, satisfação emocional (êxtaseemocional) e sono. 
2.4 Hábitos Anormais 
 
Os hábitos anormais que serão abordados são: 
• Respiração bucal. 
• Sucção de chupeta. 
• Sucção do polegar e/ou de outros dedos. 
• Interposição da língua e/ou do lábio. 
• Deglutição atípica. 
• Onicofagia. 
• Bruxismo. 
Até os quatro anos de vida a criança deve apresentar diminuição espontânea dos hábitos, 
mas a intervenção deve ser precoce, isto é, antes dos quatro anos de idade, com o objetivo de 
preservar a forma anatômica herdada e, assim, também trabalhar os fatores funcional e 
emocional. 
É comum observar, na oclusão, os efeitos de protrusão dos dentes anteriores, mordida 
aberta anterior e/ou posterior, mordida cruzada anterior e/ou posterior, estreitamento dos arcos 
dentários, aprofundamento da abóbada palatina, deslocamento dentário e desvio da linha média 
sagital. 
3. CLASSIFICAÇÃO DA MÁ OCLUSÃO 
 
Vários são os problemas encontradas na cavidade oral, cada um com suas especificidades 
e consequências distintas, uns mais graves, outros mais frequentes, como a cárie, a doença 
periodontal e a má oclusão (CUNHA, 2015). 
 A má oclusão deve ser tratada o mais breve possível, caso negligenciada muitos 
problemas na cavidade bucal devem ocorrer. 
 A má oclusão possui classificações para que se possa obter referências e, assim, buscar 
a oclusão ideal. 
3.1 Sistema de Classificação 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
48 
É uma união de casos semelhantes, criando grupos e, consequentemente, classificações 
para identificar esses grupos, facilitando, assim, as discussões, os diagnósticos e os tratamentos. 
3.2 Sentido Vertical 
Relacionamento vertical dos incisivos. As más oclusões que ocorrem nesse sentido são a 
sobremordida profunda (overbite) e a mordida aberta anterior ou lateral (CUNHA, 2015). 
3.2.1 Sobremordida 
Quando os incisivos superiores encobrem além de 1/3 dos incisivos inferiores, vale 
ressaltar que o alinhamento da linha gengival pode definir se o paciente possui uma sobremordida 
de fato ou uma pseudo sobremordida. Durante a fala é comum ocorrer o deslize lateral da 
mandíbula, com ou sem distorção acústica, durante a produção dos fonemas /s/ e /z/, por serem 
os fonemas que mais aproximam os elementos dentários da oclusão cêntrica durante sua 
execução. Assim, com a diminuição do espaço vertical, a produção encontra-se distorcida devido 
ao fato de haver procura pelo aumento da dimensão vertical, principalmente nos casos em que a 
curva de Spee é muito acentuada (BIANCHINI, 2004; KASAI, 2001). Essas alterações na fala 
também podem ser encontradas na presença de contatos prematuros, principalmente dos caninos 
no movimento protrusivo (CUNHA, 2015). 
 
Figura 5 - Oclusão normal (superior), sobremordida (inferior). Fonte: Cunha (2015). 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
49 
3.2.2 Mordida aberta anterior 
Quando há ausência de oclusão entre os incisivos superiores e inferiores. Há uma 
compensação de vedação da cavidade oral por meio da língua, principalmente na função de 
deglutição. Para a função da fala também há compensações na produção dos fonemas 
linguodentais, que exigem o contato da língua com os incisivos superiores, como /t/, /d/, /n/, /l/, 
e dos linguoalveolares /s/ e /z/, que são produzidos com a língua posicionada anteriormente, 
geralmente entre os dentes, produzindo um efeito acústico distorcido, para /s/ e /z/ e uma 
alteração apenas no ponto articulatório para os demais. 
 
Figura 6 - Mordida aberta (3 mm) na inferior. 
Fonte: 
Cunha (2015). 
 
Figura 11 - Sobressaliência negativa ou mordida cruzada anterior (Classe III – subdivisão 
A mandíbula e o arco dentário inferior estão posicionados mesialmente em relação à 
maxila e à anatomia craniana. A cúspide mésio-vestibular do primeiro molar superior oclui 
distalmente ao sulco mésio-vestibular do primeiro molar inferior. 
Os arcos dentais podem apresentar compensações, como a inclinação lingual dos dentes 
anteriores inferiores e a projeção dos anteriores superiores, na tentativa de estabelecer contato 
anterior. 
• Subdivisão: quando a má oclusão ocorre apenas de um lado da boca, esquerda ou 
direita. 
3.4.4 Classificação de Lisher 
A classificação de Lisher complementa a de Angle. Na classificação de Lischer, 
acrescentase o sufixo “versão” à posição que o dente ocupa na arcada. Assim, temos a seguir as 
posições que o dente pode assumir, desviando-se do normal: 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
54 
• mesioversão – mesial à posição normal. 
• distoversão – distal aposição normal. 
• linguoversão – lingual à posição normal. 
• labioversão ou bucoversão – na direção do lábio ou da bochecha. 
• infraversão – abaixo da linha de oclusão. 
• supraversão – acima da linha de oclusão. 
• axiversão – inclinação axial incorreta. 
• torciversão – girada em seu longo eixo. 
• tranvsversão – ordem errada no arco. 
A classificação de Lischer ainda faz menção às malformações dos maxilares, 
introduzindo os termos macrognatia e micrognatia, e às malformações dos arcos dentários, 
introduzindo os termos neutro-oclusão (referente a Classe I de Angle), disto-oclusão (referente a 
Classe II de Angle) e mesio-oclusão (referente a Classe III de Angle) (CUNHA, 2015). 
 
Figura 12 - Má oclusão de Classe I. Fonte: Cunha (2015). 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
55 
 
Figura 13 - Má oclusão de Classe II (molar e canino). Fonte: Cunha (2015). 
 
Figura 14 - Má oclusão de Classe III (molar e canino). Fonte: Cunha (2015). 
3.4.5 Parte esquelética 
Também é importante ter noção de como se comporta a parte esquelética para que 
possamos estabelecer um diagnóstico mais preciso sobre a referida má oclusão. 
• Classe I: sabemos que a Classe I é uma má oclusão estritamente dentária, então 
entendese que a maxila e mandíbula estão normais, tanto entre elas quanto em relação à 
base do crânio. 
• Classe II dentária: na dentária temos uma alteração dentoalveolar, em que os 
dentes superiores estão protruídos em relação aos inferiores ou os inferiores retruídos em 
relação aos superiores. Podemos ter relação esquelética normal e Classe II dentária. 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
56 
• Classe II esquelética: consiste em alteração maxilar (maxila prognata em relação 
à base do crânio), mandibular (mandíbula retrognata em relação à base do crânio) ou as 
duas juntas. Deve-se atentar à musculatura supra-hióidea em razão do paciente 
compensar a deficiência mandibular realizando, como hábito, movimento de protrusão, 
favorecendo o alongamento dessa musculatura. É importante estabelecer essa relação, 
pois a intervenção fonoaudiológica, pré-cirúrgica, deverá abordar esse aspecto, quando 
necessário. O paciente assume uma face côncava. 
• Classe III dentária: temos uma alteração dentoalveolar, em que os dentes 
superiores estão retraídos em relação aos inferiores ou os inferiores protruídos em relação 
aos superiores. Podemos ter relação esquelética normal e Classe III dentária. 
• Classe III esquelética: consiste em alteração maxilar (maxila retrognata em 
relação à base do crânio), mandibular (mandíbula prognata em relação à base do crânio) 
ou as duas juntas. O paciente assume uma face convexa. 
 
Figura 15 - Esquema de configuração óssea e dentária. Fonte: Cunha (2015). 
 
Figura 16 - Desenho esquelético dos maxilares normais. Fonte: Cunha (2015). 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
57 
 
Figura 17 - Esquerda – dentes superiores protruídos em relação aos inferiores. Direita – dentes inferiores 
retruídos em relação aos superiores. Fonte: Cunha (2015). 
 
Figura 18 - Esquerda – Maxila prognata. Direita – mandíbula retrognata. Fonte: Cunha (2015). 
 
Figura 19 - Esquerda - dentes superiores retruídos em relação aos inferiores. Direita – dentes inferiores protruídos 
em relação aos superiores. Fonte: Cunha (2015). 
 
Figura 20 - Esquerda – Maxila retrognata. Direita – mandíbula prognata. Fonte: Cunha (2015). 
4. DISPOSITIVOS UTILIZADOS NA PREVENÇÃO E 
INTERCEPTAÇÕES DE MÁS OCLUSÕES 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
58 
Existem muitos dispositivos, aparelhos removíveis ou fixos, utilizados na prevenção e 
interceptação de más oclusões, que podem ser adaptados ou melhorados conforme o quadro do 
paciente. 
Os tratamentos variam sobre a condição da oclusão e, de certa forma, sobre a idade do 
paciente. A idade cronológica, muitas vezes, difere da idade óssea, logo, os tratamentos 
ortopédicos podem variar seu período de atuação. Para mais informações, o ortodontista se utiliza 
da radiografia de análise Carpal e, consequentemente, consegue prever a idade óssea do paciente 
e o período do surto de crescimento. 
Para melhor compreender os tratamentos e seu período de atuação para cada má oclusão 
segue o fluxograma a seguir. 
 
Figura 21 - Fluxograma das más oclusões e seus tratamentos. Fonte: o autor. 
A maxila recebe intervenção geralmente quando o paciente se encontra entre os sete até 
os dez anos de idade, devido ao fato de ser o período em que os ossos da maxila se desenvolvem. 
As más oclusões geralmente tratadas nesse momento são a Classe III, a Classe II, quando a 
maxila está protruída devido a ação de algum hábito deletério, a mordida aberta e a mordida 
cruzada anterior e posterior. A mordida cruzada posterior possue um detalhe importante a se 
considerar nessa idade, a Sutura Palatina Mediana, que não está totalmente formada, portanto é 
possível realizar a disjunção dos processos maxilares alcançando a total correção da mordida 
cruzada. Após essa idade a Sutura se ossifica e só é possível alcançar a expansão por meio dos 
aparelhos disponíveis, caso contrário a disjunção é realizada cirurgicamente. 
Podemos utilizar para os aparelhos intra e extrabucais. Os intrabucais são: placa de 
Hawley mais arco vestibular progênico para a mordida cruzada anterior, placa de Hawley mais 
grade para a mordida aberta, Hass ou Hyrax e Placa de Hawley com expansor para a mordida 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
59 
cruzada. Já os extrabucais são: Máscara de Petit com HASS/Hyrax e gancho e AeB para a 
mordida aberta, Classe III e Classe II. 
A mandíbula, por sua vez, recebe atenção geralmente após os dez anos de idade. A 
partir dessa fase ocorre o período do surto de crescimento, que depende do gênero, meninas 
alcançam esse período primeiro do que os meninos. Nessa etapa podemos observar e corrigir a 
má oclusão de Classe II. 
A Classe II é corrigida com o auxílio dos aparelhos ativadores funcionais, como é o caso 
do Bionator, do SN, Klammt, entre outros. Também podemos utilizar os extrabucais, AeB 
conjugado a uma placa de Hawley e o próprio AeB adaptado a uma banda cimentada nos 
primeiros molares superiores. 
Por fim podemos encontrar em qualquer fase a necessidade de tratar um apinhamento ou 
então manter e ainda recuperar um espaço de algum dente ausente. E, para esse tratamento, 
podemos utilizar as placas de Hawley com parafuso de expansão e molas digitais, para o 
apinhamento e para manter e/ou recuperar o espaço, ou com dentes de estoque para manter o 
espaço, ou ainda promover ganho de espaço com a expansão do perímetro do arco por meio do 
aparelho Hyrax ou Hass. Apenas para a mandíbula lançamos mão da PLA (placa lábio ativa), ela 
possui indicação de mantenedor de espaço e auxilia na resolução do apinhamento do arco 
inferior. Também cabe o extrabucal do tipo AeB para realizar contenção do espaço ou, ainda, 
realizar distalização (posicionar o dente mais para posterior no arco), isso na maxila. 
Aparelhos intraou extrabucais são recomendados para se usar o dia todo, mas sabendo 
dos problemas estéticos que eles impõem à criança. Um exemplo seriam os extrabucais, eles 
acabam sendo preteridos de se usar na escola. Mas vale ressaltar que em alguns casos o 
tratamento se inicia, até mesmo, antes do momento considerado ideal para já dar uma melhor 
condição estética ao paciente, seriam os casos de Classe II tratados com o Bionator, por exemplo. 
A ortodontia corretiva fixa vem logo após essas fases e, consequentemente, ela deve 
corrigir qualquer má oclusão que não tenha recebido a atenção ou tratamento necessário. 
Portanto, deve alcançar a oclusão ideal por meio da biomecânica ou procedimentos cirúrgicos. 
 
Os aparelhos ortodônticos podem variar conforme a má oclusão do paciente. A 
criatividade do ortodontista é posta à prova na hora de planejar um aparelho 
removível e, até mesmo, na ortodontia fixa essa mesma criatividade é exigida para 
conseguir alcançar todos os problemas da má oclusão e, então, corrigi-los. Muitas 
vezes uma placa de Hawley pode acompanhar um levante (pista) na porção 
posterior para “desocluir” todos os dentes para, então, ser possível dissolver uma 
mordida cruzada anterior, por exemplo. O aparelho fixo também exige criatividade 
do ortodontista, quando pensamos na biomecânica. 
 
 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
60 
Qual a melhor época para se iniciar o tratamento das más oclusões? Não resta 
dúvida de que a abordagem ortopédica precoce atenua a complexidade das más 
oclusões, favorecendo a correção ortodôntica. Além disso, se a segunda fase do 
tratamento ortodôntico for necessária, consumirá um menor período de tempo do 
profissional e paciente, devido à limitada quantidade de movimentação dentária 
requerida (ALMEIDA, 2014). 
 
Para mais informações sobre as más oclusões, leia o livro: 
ARAÚJO, E. A.; BUSCHANG, P. H. Reconhecendo e corrigindo más oclusões. 1. ed. 
Maringá: Dental Press, 2017 
 
Uma revisão dobre as más oclusões interessante pode ser vista no vídeo: 
TV DENTAL NEWS. Más oclusões - como e quando tratar – 2016. Disponível em: 
. Acesso em: 08 dez. 2018. 
 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
61 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A má oclusão, a cárie e a doença periodontal são os principais problemas ligados à saúde 
bucal, mas a má oclusão é que possui maior prevalência no ser humano. Conhecer os fatores 
etiológicos se torna fundamental para compreender um diagnóstico e um provável prognóstico. 
É sabido que a má oclusão possui vários fatores etiológicos, como a hereditariedade, hábitos 
viciosos e perdas precoces de dentes, que necessitam de atenção do profissional. 
Os hábitos deletérios são muito recorrentes em crianças de todo mundo, logo, são grandes 
inimigos do correto desenvolvimento do sistema estomatognático. A intervenção deve ser 
trabalhada o quanto antes para que a criança possa se desenvolver normalmente, sem sofrer com 
problemas emocionais. 
A classificação das más oclusões se torna fundamental para compreender, diagnosticar e 
tratar os problemas da oclusão. Compreender o tipo de oclusão presente no paciente pode 
permitir ao profissional ir além do problema da oclusão e entender melhor a condição, os hábitos 
e muito mais sobre o paciente. Ao mesmo tempo o diagnóstico se torna mais preciso e assertivo, 
promovendo, assim, um prognóstico favorável capaz de garantir ao paciente um 
desenvolvimento saudável, preservando a estética e o psicológico. 
 Por fim, existem várias formas de se alcançar a oclusão ideal na ortodontia. Existe uma 
gama muito grande de aparelhos ortodônticos, sendo eles ortopédicos, funcionais, intrabucais e 
extrabucais. Considerando a criatividade e engenhosidade do ortodontista é possível alcançar a 
desejada “oclusão ideal”. 
 
WWW.UNINGA.BR 
62 
03U N I D A D E ENSINO A 
DISTÂNCIA 
DISCIPLINA: 
ORTODONTIA 
EXAMES RADIOGRÁFICOS E 
DIAGNÓSTICOS 
PROF. ME. DIOGO MARQUES SAPATA 
 
WWW.UNINGA.BR 
63 
SUMÁRIO DA UNIDADE 
INTRODUÇÃO 
................................................................................................................................................
............62 1. MÉTODOS DIAGNÓSTICOS 
..................................................................................................................................63 
1.1 ANAMNESE 
................................................................................................................................................
..........63 1.2 EXAME EXTRABUCAL 
........................................................................................................................................63 
1.3 EXAME CLÍNICO INTRABUCAL 
.........................................................................................................................63 1.4 
DOCUMENTAÇÃO ORTODÔNTICA 
....................................................................................................................64 
1.4.1 FOTOGRAFIAS 
................................................................................................................................................
...64 1.4.2 RADIOGRAFIAS 
................................................................................................................................................
64 1.4.3 MODELOS DE ESTUDO 
....................................................................................................................................64 
2. INTRODUÇÃO À RADIOGRAFIA E À CEFALOMETRIA RADIOGRÁFICA APLICADA À 
FONOAUDIOLOGIA ....65 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
64 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
WWW.UNINGA.BR 
65 
INTRODUÇÃO 
 
A radiografia é um meio de diagnóstico muito utilizado no dia a dia do consultório do 
dentista, pelo simples fato de ser de fácil obtenção e com acesso por parte de toda população. O 
ortodontista, por sua vez, se utiliza das variadas técnicas radiográficas para alcançar o melhor 
diagnóstico e, consequentemente, o melhor tratamento. Na ortodontia podemos citar, 
principalmente, a telerradiografia lateral acompanhada de exames cefalométricos. Existem vários 
exames cefalométricos e a escolha desses exames vai de acordo com a preferência do profissional. 
Podemos citar mais dois exames radiográficos comuns na ortodontia, a panorâmica e a 
radiografia Carpal. A panorâmica é um exame para avaliar as arcadas superiores e inferiores. A 
radiografia Carpal é voltada mais para avaliar o surto de crescimento da criança. 
Tendo em vista as várias radiografias presentes no arsenal do ortodontista muito se deve 
compreender para o melhor atendimento ao paciente, e, consequentemente, o método diagnóstico 
deve estar acompanhado das radiografias para alcançar os resultados esperados em um tratamento 
efetivo. 
O método diagnóstico é a base para qualquer tratamento. Na ortodontia se deve ter em 
mente todo o conhecimento que foi abordado até esse momento nessa apostila. Deve-se conhecer 
desde as funções do sistema estomatognático, passando pelo desenvolvimento da cabeça e 
pescoço, até chegar ao conhecimento da oclusão, perfil vertical, horizontal e transversal, podemos 
citar, também, as classificações, fatores etiológicos e assim por diante. 
Portanto torna-se oportuno conhecer um pouco mais sobre métodos diagnósticos e 
técnicas radiográficas aplicadas à fonoaudiologia para, então, ser possível tomar decisões que 
realmente façam a diferença para o paciente. 
 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
66 
1. MÉTODOS DIAGNÓSTICOS 
O diagnóstico é fundamental para qualquer área médica e para o início de qualquer 
tratamento. A ortodontia se baseia em conhecimentos sobre o processo de crescimento e 
desenvolvimento do complexo craniofacial, nas diferentes características e estágios de formação 
das dentições,no componente genético, nos diferentes tipos de padrões faciais, no desempenho 
de determinadas funções vitais, bem como pela participação de fatores ambientais. Esse 
conhecimento deve alcançar uma oclusão dentro dos padrões de normalidade (CUNHA, 2015). 
1.1 Anamnese 
Um diagnóstico certeiro depende de uma boa anamnese seguido de um bom 
conhecimento sobre a etiologia em questão. A queixa principal se torna um ponto de partida de 
qualquer anamnese, logo, é importante ouvir o paciente. É possível estar diante de uma má 
oclusão com alterações dentoesqueléticas ou musculares, com participação de distúrbios 
miofuncionais e, portanto, cabe ao fonoaudiólogo participar do tratamento. 
Na anamnese não devemos olhar apenas a cavidade oral, mas olhar o paciente por inteiro, 
sistemicamente, destacando alergias, hábitos parafuncionais (tipo, duração, frequência e 
intensidade), alterações respiratórias, problemas renais, diabetes, sintomatologia nas ATMs, 
traumatismos craniofacial, cardiopatias, alterações neurológicas, cirurgias anteriores, uso de 
medicação controlada e muito mais, variando de anamnese para anamnese e de profissional para 
profissional. 
1.2 Exame Extrabucal 
 A análise facial de frente e de perfil do paciente funciona muito bem para encontrar 
assimetrias e auxilia na classificação do perfil vertical e horizontal do paciente. É possível por 
meio de medidas de proporcionalidade entre altura e largura dos terços faciais, superior, médio 
e inferior. Essas informações ajudam no diagnóstico e no plano de tratamento, relacionando 
com o equilíbrio e a harmonia facial. O planejamento do tratamento das alterações estéticas 
faciais, associado à correção da má oclusão deve estar atento às características da face 
combinado à correção da má oclusão, não se deve tratar de forma separada, afinal o resultado 
não será agradável. Essa é, provavelmente, é a tarefa mais difícil. 
1.3 Exame Clínico Intrabucal 
No exame clínico intrabucal avaliamos as duas arcadas, observando forma, quantidade 
de dentes e condições de saúde de cada dente, do periodonto e da mucosa. Em seguida, avaliamos 
a oclusão funcional, máxima intercuspidação habitual (MIH) e relação cêntrica (RC), lateralidade 
ou guia canina, guia anterior e, por fim, presença ou não de má oclusão dentária ou esquelética. 
No sentido vertical pode-se verificar casos de mordida aberta e avaliar o que gerou essa 
condição, uma interposição lingual ou, então, uma hipertrofia das tonsilas. Também é possível 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
67 
observar a oclusão no sentido transversal e verificar a existência de mordida cruzada ou não, ou 
ainda no sentido anteroposterior e avaliar a classe da oclusão segundo Angle. 
O frênulo labial também é objeto de observação no exame clínico, principalmente em casos de 
diastemas e de comprometimentos de determinados fonemas. 
1.4 Documentação Ortodôntica 
1.4.1 Fotografias 
Associadas à anamnese e ao exame clínico, as fotografias intra e extrabucais auxiliam 
muito no diagnóstico. As extrabucais auxiliam no exame facial e de assimetrias. Já as intrabucais 
auxiliam no diagnóstico de más oclusões. 
1.4.2 Radiografias 
As radiografias são exames complementares imprescindíveis para o diagnóstico. 
Podemos citar a panorâmica padrão, um exame específico para certas etiologias, mas não muito 
sensível para outras, ou seja, a panorâmica é um exame eficiente quando queremos encontrar um 
cisto, granuloma, alterações dentárias, alterações ósseas, mas não é o melhor exame para 
diagnosticarmos cáries, por exemplo. Para o diagnóstico de cáries podemos utilizar as 
radiografias periapicais e interproximais, como exames mais sensíveis e que nos proporcionam 
uma condição muito boa para verificar a coroa e a raiz do dente mais o periodonto. 
Podemos, também, incluir a telerradiografia lateral, que estabelece medidas da face do 
paciente, proporcionando algumas características do paciente e, consequentemente, auxiliando 
no diagnóstico e no plano de tratamento. 
Se necessário podemos utilizar as radiografias oclusais e, ainda, as tomografias 
computadorizadas cone beam para localização de dentes inclusos ou de dentes supranumerários, 
por exemplo 
Quando queremos avaliar o potencial de crescimento do paciente podemos lançar mão 
das radiografias carpais ou de periapicais do dedo polegar e, ainda, avaliar as 2°, 3° e 4° vértebras 
por meio da telerradiografia. 
1.4.3 Modelos de estudo 
Os modelos de estudo que são confeccionados a partir de uma moldagem da boca do 
paciente, confeccionados com gesso, são muito úteis para o planejamento ortodôntico. Com eles 
podemos efetuar cálculos, como discrepância de modelos (cálculo para avaliar o espaço presente 
e o espaço requerido em cada arcada). Análises de Bolton para conhecer a proporção dentária 
entre as arcadas superior e inferior, porção anterior e posterior. Análise de Moyers que tem como 
objetivo prever o tamanho dos dentes permanentes (pré-molares e caninos) e determinar o espaço 
necessário para sua erupção. A análise de Moyers determina a soma da largura mésio-distal dos 
caninos permanente e pré-molares a partir da soma da largura mésio-distal dos incisivos 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
68 
permanentes inferiores. E, por fim, podemos realizar o set up com o modelo, que se trata de um 
ensaio do final do tratamento, ajudando na projeção dos resultados. 
2. INTRODUÇÃO À RADIOGRAFIA E À 
CEFALOMETRIA RADIOGRÁFICA APLICADA À 
FONOAUDIOLOGIA 
O traçado cefalométrico é obtido a partir da telerradiografia lateral, que deverá fornecer 
a imagem das estruturas ósseas, dentárias e tegumentares do paciente. Para o delineamento das 
estruturas pode ser utilizado um papel de acetato ou utilizar softwares de computador. 
Desse modo, na ortodontia contemporânea, a cefalometria não é mais considerada um 
meio para definição de diagnóstico, assim como em todas as áreas da medicina e odontologia, 
mas sim um instrumento auxiliar, devendo ser abordada sob duas perspectivas: como instrumento 
auxiliar de diagnóstico e como avaliação do crescimento craniofacial ou resultado de tratamento 
(CUNHA, 2015). 
A fonoaudiologia tem lançado mão da cefalometria com diferentes propósitos, como 
verificar a posição habitual da língua nos padrões faciais anteroposteriores. Não há uma análise 
específica para a fonoaudiologia, mas é possível adaptar as análises existentes e, então, verificar 
os aspectos específicos desejados. 
 
2.1 Considerações Técnicas, Demarcações das 
Estruturas, Linhas, Planos e Ângulos 
As telerradiografias em norma frontal constituem importante auxílio no diagnóstico de 
assimetrias faciais e dos problemas respiratórios, ajudam a avaliar os desvios das linhas médias 
superior e inferior, facilitam a análise das proporções verticais, o diagnóstico das mordidas 
cruzadas posteriores e a identificação do plano oclusal, além de contribuírem para a 
caracterização dos tipos morfológicos (VILELLA, 1998). 
A telerradiografia da cabeça em norma lateral é fundamental para a análise e descrição 
morfológica da face e dos dentes, representando a imagem bidimensional de uma estrutura de 
três dimensões, que permite identificar alterações dentárias e esqueléticas (JOHNSON, 1985). 
Bem como encontrar informações sobre dentes inclusos, ausências dentárias congênitas, cistos e 
dentes supranumerários, tonsilas palatinas e faríngea (FERREIRA, 1994). 
A obtenção da telerradiografia em norma lateral é realizada utilizando o cefalostato, um 
instrumento que é capaz de padronizar a posição da cabeça do paciente, evitando análises 
incorretas. A posição correta da cabeça em relação ao cefalostato é baseada em manter o plano 
sagital mediano perpendicular ao plano horizontal e ao plano de Frankfort. Além disso, os dentes 
devem estar em oclusão cêntrica e, ainda assim, cuidados devem ser tomados em pacientes com 
displasias esqueléticas, como classe II ou III, tendoem vista que o paciente pode ter algum hábito 
compensatório e alterar a oclusão. 
Portanto a telerradiografia em norma lateral da cabeça é utilizada para mensurações 
cefalométrica. O delineamento do traçado cefalométrico é realizado a partir de um papel de 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
69 
acetato junto a um negatoscópio ou por meio de softwares e se utilizando de pontos, linhas, 
planos e ângulos é possível interpretar o paciente. 
 
Figura 1 - Telerradiografia da cabeça em norma lateral. Fonte: Cunha (2015). 
 
Figura 2 - Tomada da telerradiografia. Fonte: Cunha (2015). 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
70 
 
Figura 3 - Desenho anatômico e foto das estruturas anatômicas. Fonte: Cunha (2015). 
A) Base do crânio 
1. Sela túrcica. 
2. Perfil da glabela. 
3. Ossos nasais. 
B) Maxila 
4. Assoalho fossa nasal. 
5. Palato duro. 
6. Perfil alveolar maxilar. 
C) Mandíbula 
7. Perfil alveolar da mandíbula ou cortical externa da sínfese. 
8. Cortical interna. 
9. Corpo da mandíbula. 
10. Ramo ascendente. 
D) Estruturas dentárias. 
11. Incisivo superior. 
12. Incisivo inferior. 
13. Molar superior. 
14. Molar inferior. 
E) Perfil tegumentar 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
71 
 
Figura 4 - Pontos cefalométricos de referência. Fonte: Cunha (2015). 
• Ba: Básio – ponto mais inferior sobre a margem anterior do forame magno. 
• S: Sela – ponto no centro geométrico da sela túrcica. 
• N: Násio – ponto mais anterior da sutura frontonasal. 
• ENA: Espinha Nasal Anterior – ponto situado na extremidade da espinha 
nasal anterior.• ENP: Espinha Nasal Posterior - ponto situado na extremidade da espinha 
nasal posterior. 
• Ponto A: Subespinal – ponto mais profundo do contorno da pré-maxila. 
• Ponto B: Supramentual – ponto mais profundo do contorno do processo 
alveolar da mandíbula entre os pontos infradental e pogônio. 
• Id: Infradental – ponto mais anterior do processo alveolar da mandíbula. 
• Pog: Pogônio – ponto mais anterior do contorno da sínfise mandibular. 
• Gn: Gnatio – ponto situado na metade da distância entre os pontos mais 
anterior e mais inferior do contorno da sínfise mandibular 
• Me: Mento – ponto mais inferior do contorno da sínfise mandibular 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
72 
• Ponto D – situado no centro do contorno da seção transversal da sínfese 
mandibular. 
• Bo: Bolton – ponto localizado no espaço correspondente ao centro do 
forame magno. 
• Ar: Articular – ponto situado na intersecção do contorno posterior do 
processo condilar da mandíbula com a base do osso occipital. 
• Po: Pório – ponto anatômico mais alto do conduto auditivo esterno. 
• Or: Orbitário – ponto mais inferior sobre a imagem da órbita esquerda. 
• Ptm: Pterigomaxilar – ponto situado no vértice da imagem da fissura 
pterigomandibular. 
• Cr: Cribriforme – ponto localizado na intersecção da lâmina crivosa do 
osso etimoide com a asa maior do esfenoide. 
• Go: Gônio – ponto médio entre os pontos mais posterior e mais inferior do 
ângulo mandibular. 
• E: Etmoide – ponto situado no centro geométrico das asas maiores do 
esfenoide. 
 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
73 
Figura 5 - Cefalograma. Fonte: Cunha (2015). 
• Linha S-N: união dos pontos sela e násio – base anterior do crânio. 
• Linha S-Ar: sela do articulador – base posterior do crânio. 
• Linha Ar-Go: articular ao gônio – altura do ramo. 
• Linha Go-Me: gônio o ponto mentual – corpo mandibular. 
• Linha N-A: násio ao ponto A. 
• Linha N-B: násio ao ponto B. 
• Linha ANS a PNS: espinhas nasais anterior e posterior – base da maxila, 
plano palatino. 
• Linha Go-N: gônio ao násio – divide o ângulo goníaco. 
• Linha Po-Or: pório ao orbitário – Plano de Frankfort. 
• Linha Is: ápice da raiz do incisivo central superior à borda incisal – longo 
eixo do incisivo superior. 
• Linha Ii: ápice da raiz do incisivo central inferior à borda incisal – longo 
eixo do incisivo inferior. 
• Linha S-Gn: sela do Gnátio – eixo Y de crescimento. 
• Linha E: tangente ao nariz e ao mento – Plano estético E. 
2.2 Análises Cefalométricas de Tecidos Duros 
Muitas análises foram desenvolvidas com o objetivo de auxiliar no diagnóstico, 
estabelecer o prognóstico e, então, elaborar o plano de tratamento. Dentre essas análises iremos 
abordar as análises de Downs, Steiner, Ricketts, McNamara e suas respectivas aplicações na 
fonoaudiologia 
2.2.1 Análise de Downs 
Tem como objetivo avaliar o padrão esquelético e a relação dos dentes e processo alveolar 
com o esqueleto facial. 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
74 
 
Figura 6 - Cefalograma de Downs. Fonte: Cunha (2015). 
 
Essa análise identifica o padrão facial do indivíduo, bem como o padrão dentário, 
possibilitando a verificação de alterações nesses dois aspectos. Logo a fonoaudiologia possui seu 
enfoque nas estruturas moles ou dinâmicas que, por sua vez, estão interligadas às estruturas 
duras, ossos e dentes. Alterações nessas estruturas podem justificar achados miofuncionais e 
promover o encaminhamento às áreas responsáveis pela correção dessas estruturas, como a 
ortodontia (alterações dentárias), a ortopedia e ortognática (alterações esqueléticas, de 
crescimento). Portanto o fonoaudiólogo acompanha todo o tratamento, realizando orientações 
necessárias e promovendo o trabalho de reeducação da musculatura e das funções 
estomatognáticas (CUNHA, 2015). 
 
Figura 7 - Valores de normalidade para o padrão esquelético segundo Downs. Fonte: Cunha (2015). 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
75 
 
Figura 8 - Valores de normalidade para o padrão dentário segundo Downs. Fonte: Cunha (2015) 
 
2.2.2 Análise de Steiner 
A análise de Steiner se baseia linearmente pelo plano SN e de forma angular com o ângulo 
dos incisivos (NA e NB). 
 
Figura 9 - Cefalograma de Steiner. Fonte: Cunha (2015). 
A análise de Steiner avalia o perfil esquelético e a relação das bases apicais, em que a 
base do crânio é utilizada como referência. 
Conhecer essas medidas auxilia na compreensão do posicionamento do tecido mole, 
assim como as características das funções estomatognáticas, podendo tratar-se de uma alteração 
propriamente dita ou uma adaptação à forma. O fonoaudiólogo poderá entrar com tratamentos 
em motricidade orofacial ou miofuncional orofacial dependendo do caso. 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
76 
A análise de Steiner é associada com a análise de Downs e Tweed para alcançar uma 
compreensão melhor das estruturas. 
2.2.3 Análise de Ricketts 
2.2.3.1 Norma lateral 
A análise de Ricketts é muito útil para o planejamento de casos, auxiliando no diagnóstico 
e no prognóstico ortodôntico, uma vez que permite avaliar as bases ósseas e apicais, bem como 
o perfil dos tecidos moles. 
 
Figura 10 - Análise de Ricketts. Fonte: Cunha (2015). 
A análise de Ricketts possui aspectos importantes não apenas no processo de avaliação, 
mas principalmente no prognóstico do tratamento ortomiofuncional, uma vez que as condições 
da morfologia facial (tipologia) determinam as características musculares dos indivíduos, 
interferindo nas funções estomatognáticas. Além disso, casos esqueléticos apresentam maior 
risco de recidiva em razão do desequilíbrio funcional após a correção da forma. 
2.2.3.2 Norma Frontal 
A norma frontal auxilia na distinção de assimetrias ósseas, como desvio de linha média 
ou mordida cruzada. Essa análise auxilia na especialidade de Motricidade Orofacial, 
especialmente na identificação de assimetrias da face, permitindo a compreensão dos diferentes 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
77 
componentes envolvidos (musculares e esqueléticos), uma vez que o tratamento miofuncional 
orofacial estará relacionado à musculatura envolvida. 
 
Figura 11 - Cefalograma frontal de Ricketts. Fonte: Cunha (2015). 
2.2.4 Análise de McNamara 
A análise de McNamara segue os princípios da análise de Ricketts, tendo como vantagema obtenção de medições lineares, podendo ser utilizada em conjunto com a análise facial no 
planejamento da cirurgia ortognática. A análise relaciona a maxila com a base do crânio, a maxila 
com a mandíbula, a mandíbula com a base do crânio e, por fim, relaciona a posição dentária 
(CUNHA, 2015). 
É possível analisar as posições dos dentes em relação às bases ósseas, maxila e 
mandíbula, bem como a obtenção de medidas verticais relacionadas com o ângulo do plano 
mandibular, o ângulo facial e as medidas das vias aéreas, possibilitando mensurar a orofaringe e 
a nasofaringe e, assim, verificar a hiperplasia das tonsilas faríngeas. 
Esses dados, além das informações referentes ao equilíbrio dentoesquelético, garantem a 
especial importância da utilização dessa técnica para o especialista em motricidade orofacial, 
principalmente nos quadros de respiração oral (CUNHA, 2015). 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
78 
 
Figura 12 - Apresentação dos valores, análise de McNamara. Fonte: Cunha (2015). 
 
2.3 Análise Cefalométrica de Tecidos Moles e Osso 
Hioide 
A cefalometria possui limitações na verificação de tecidos moles, especialmente quanto 
a língua. Além disso, o padrão solicitado durante a tomada radiográfica não reflete a posição 
habitual do paciente. Logo, deve-se compreender cada análise considerando as estruturas do 
sistema estomatognático e suas implicações miofuncionais orofaciais. 
2.3.1 Palato mole 
Região fundamental para o mecanismo velofaríngeo, ou seja, realiza separação entre as 
cavidades oral e nasal, fundamental durante a alimentação, evitando o refluxo de alimentos e, 
durante a fala evitando a hipernasalidade. Tais funções são possíveis pelo seu comprimento e 
também por sua mobilidade. A cefalometria oferece medidas estáticas, como comprimento (mm) 
e ângulo (em graus) demarcadas pelos pontos PMP. A inclinação do palato mole variará de acordo 
com a oclusão dentária, para manter a relação com a base da língua, a função adequada do palato 
e a oclusão orofaríngea durante as funções (TURNBULL, 2000). 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
79 
2.3.2 Nasofaringe 
A análise da nasofaringe envolve o sistema respiratório, sendo complementar à função 
velofaríngea, logo fornece conhecimentos para avaliar uma tonsila faríngea hiperplásica, 
causando obstrução nasal, levando a uma respiração oral ou auxiliando o fechamento 
velofaríngeo (CUNHA, 2015). 
 A análise da profundidade da nasofaringe é realizada por meio da obtenção da medida 
entre a parede posterior da faringe e da espinha nasal posterior, considerando o plano palatino 
(CUNHA, 2015). 
2.3.3 Orofaringe 
É na orofaringe que se situam as tonsilas palatinas e onde a base da língua tende a se 
aproximar durante o sono. Assim, a análise da orofaringe oferece conhecimentos para a 
compreensão de alterações respiratórias, como ronco e apneia. 
2.3.4 Língua 
A língua é o órgão que está envolvido em todas as funções do sistema estomatognático, 
logo se faz necessário o seu correto posicionamento em repouso (com o ápice em contato com a 
região alveolar superior) e com adequada tensão muscular. 
A língua pode assumir algumas posições incorretas durante algumas situações, como 
obstrução nasal, más oclusões, que, nos diferentes casos, poderá haver uma anteriorização da 
língua durante as funções de deglutição e fala. 
A língua do dolicofacial pode assumir uma posição mais anteriorizada ou possuir uma 
base mais retroposta, estando relacionado, no último caso, com a obstrução da orofaringe, 
dificultando a passagem de ar e, assim, causando ronco e apneia. Dessa forma a cefalometria 
auxilia na visualização dessas estruturas e, consequentemente, na tomada de decisão quanto ao 
tipo de tratamento. 
2.3.5 Osso Hioide 
O osso hioide interage com dois grandes grupos de músculos, os supra e os infra-hióideos. 
Por meio desses músculos, o hioide participa da deglutição, mastigação, respiração, posição da 
cabeça, mandíbula e língua e, ainda, auxilia na caracterização da frequência fundamental da voz. 
Portanto, alterações na posição desse osso interferem nas funções orais. 
2.4 Aplicação à Prática Clínica 
A aplicação da cefalometria na prática clínica do especialista em motricidade orofacial 
contribui não apenas para o processo de avaliação e diagnóstico miofuncional orofacial, mas 
também para planejamento terapêutico, acompanhamento da evolução do caso e prognóstico 
(CUNHA, 2015). 
O fonoaudiólogo, com o conhecimento da cefalometria, pode auxiliar no diagnóstico, 
acompanhamento e tratamento de pacientes respiradores orais, logo é sabido que nesses casos a 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
80 
língua assume uma posição mais abaixada e anteriorizada, o que facilita a entrada de ar pela 
cavidade oral e, consequentemente, levando a alterações na face. Portanto o plano de tratamento 
miofuncional orofacial, a adequação da área orofaríngea, a posição do hioide e os aspectos 
relacionados com a língua vão depender dos achados cefalométricos, principalmente no sentido 
vertical (SN.GoGn) e horizontal (SNB). 
Outras grandezas cefalométricas, como SNA e SNB para maxila e mandíbula, 
respectivamente, ou ainda 1.NA e 1.NB para incisivos superiores e inferiores, respectivamente, 
podem ser citadas para verificar condição de selamento labial. Quando não há esse selamento 
pode significar uma necessidade por parte do paciente de realizar respiração oral. Portanto o 
tratamento ortodôntico estaria indicado para resolução desses casos. 
Outra possível situação é a verificação do ângulo SN.GoGn que possibilita verificar o 
perfil vertical do paciente, o que pode facilitar o não selamento labial do paciente. 
Em casos de apneia obstrutiva do sono, o posicionamento da língua e o estado de 
contração das fibras musculares são fundamentais, uma vez que quando a língua se posiciona 
para uma posição mais posterior há uma diminuição do espaço orofaríngeo, levando à obstrução 
da passagem de ar. Isso pode ocorrer por meio de deformidades dentofaciais, como retrusão dos 
maxilares. A verificação por meio da análise cefalométrica pode ser feita pelo ângulo SNA e SNB 
para verificar essa retrusão dos maxilares junto a análise facial. Na ausência de alterações deve-
se observar se há hiperplasia das tonsilas palatinas e faríngeas 
O seu tratamento pode ser ortopédico ou cirúrgico, dependendo do estágio do 
crescimento. Já o especialista em Motricidade Orofacial ocorrerá em conjunto com outras 
especialidades quando houver alteração na tonicidade e/ou posicionamento dos tecidos moles, 
porém de forma restrita às questões ósseas e fatores obstrutivos (CUNHA, 2015). 
A mastigação sofre influência dos aspectos cefalométricos relacionados aos arcos 
dentários e bases apicais, bem como as assimetrias esqueléticas (CUNHA, 2015). Pode ser 
encontrado um quadro de laterognatia, mordida cruzada, e ineficiência mastigatória, logo é 
possível analisar os ângulos ANB, SNA, SNB e SN.GoGn. 
A cefalometria também contribui para verificar os padrões esqueléticos e musculares no 
repouso a fim de verificar suas possíveis interferências na fala. O ângulo ANB, que verifica a 
relação dos maxilares, e o ângulo SN.GoGn, que verifica a altura vertical, estarão relacionados 
com possíveis desvios fonéticos. 
A cefalometria traz contribuições à Fonoaudiologia na área de Motricidade Orofacial, no 
que se refere à compreensão das condições anatômicas apresentadas pelos indivíduos com 
alterações miofuncionais orofaciais. Logo, a adequação de aspectos morfológicos do sistema 
estomatognático exige um trabalho interdisciplinar, envolvendo médicos, dentistas e 
fonoaudiólogos, junto aos seus respectivos conhecimentos e métodos diagnósticos, como a 
análise cefalométrica (CUNHA, 2015). 
 
 Padrão esquelético: 
A) Ângulo facial: intersecção dos planos horizontal de Frankfort e facial – 
expressa o grau de protrusão ou retrusão da mandíbula. 
Componentes cefalométricospara cada análise cefalométrica 
Análise de Downs – Cefalograma - Figura 5 (Unidade II) 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
81 
B) Ângulo de convexidade: determinado pela intersecção das linhas N-A e 
A-Pog, analisa o grau de protrusão da maxila em relação ao perfil total. 
C) Ângulo do plano AB: intersecção da linha A-B com o plano facial, mede 
o grau de discrepância entre as bases ósseas da maxila e mandíbula. 
D) Ângulo do plano mandibular: intersecção dos planos mandibular e de 
Frankfort e expressa a relação da mandíbula com a base do crânio. 
E) Ângulo do eixo Y: intersecção do eixo Y com o plano horizontal de 
Frankfort e expressa a direção do crescimento da face. 
 Padrão dentário: 
A) Inclinação do plano oclusal: intersecção dos planos oclusal e de 
Frankfort. Relaciona a superfície funcional dos dentes com a base do crânio. 
B) Inclinação axial dos incisivos superiores e inferiores: intersecção dos 
longos eixos dos incisivos centrais superior e inferior – grau de inclinação dos 
incisivos entre si. 
C) Inclinação axial dos incisivos inferiores com o plano oclusal: intersecção 
do longo eixo do incisivo central inferior com o plano oclusal. 
D) Inclinação axial dos incisivos inferiores com o plano mandibular: 
intersecção do longo eixo do incisivo central inferior com o plano mandibular. 
Indica o grau de inclinação dos incisivos inferiores em relação ao plano 
mandibular. 
E) Protrusão dos incisivos inferiores: distância da borda incisal do incisivo 
central superior à linha A-Pog. Expressa o grau de protrusão dos incisivos 
inferiores. 
• Valores de normalidade para o padrão esquelético segundo Downs segue nas 
Figuras 6 e 7 (Unidade II). 
Análise de Steiner – Cefalograma – Figura 8 (Unidade II) 
A) Ângulo SNA: intersecção das linhas S-N e N-A. Protrusão ou retrusão da 
maxila em relação à base do crânio (valor de referência: 82°). 
B) Ângulo SNB: intersecção das linhas S-N e N-B. Protrusão ou retrusão da 
mandíbula em relação a base do crânio (valor de referência: 80°). 
C) Ângulo ANB: diferença entre SNA e SNB. Padrão esquelético (valor de 
referência: 2°). 
D) Distância incisivo superior: NA. Distância linear medida do ponto mais 
proeminente da coroa do incisivo central superior até a linha N-A. Expressa a 
relação anteroposterior desse dente. (valor de referência: 4 mm). 
E) Ângulo incisivo superior NA: intersecção do longo eixo do incisivo 
central superior com a linha N-A. Expressa a relação axial desse dente com a 
linha N-A (valor de referência: 22°). 
F) Distância incisivo inferior NB: distância linear medida do ponto mais 
proeminente da coroa do incisivo central inferior até a linha N-B. Expressa a 
relação anteroposterior desse dente (valor de referência: 4 mm). 
G) Ângulo incisivo inferior NB: intersecção do longo eixo do incisivo central 
inferior com a linha N-B. Expressa a relação axial desse dente com a linha N-B 
(valor de referência: 25°). 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
82 
H) Ângulo interincisal: intersecção dos longos eixos dos incisivos centrais 
superiores e inferiores. Revela a inclinação axial dos incisivos, demonstrando o 
grau de protrusão desses dentes entre si (valor de referência: 130°). 
I) Distância pogônio NB: distância linear medida do ponto pogônio à linha 
N-B, sendo que o valor de referência varia de acordo com o crescimento 
J) Ângulo SN.GoGn: intersecção do plano mandibular com a linha S-N. 
Revela a dimensão vertical (valor de referência: 32°) 
K) SN: intersecção do plano oclusal com a linha S-N. Expressa inclinação 
dos dentes em oclusão com a base do crânio (valor de referência: 14,5°). 
L) Distância S-L: medida do ponto S até o L. Intersecção da linha S-N com 
uma perpendicular que passa pelo ponto mais anterior da mandíbula (Pog). 
Revela as mudanças de posição no tamanho da mandíbula, projetadas na linha 
S-N (valor de referência: 51 mm). 
M) Distância S-E: distância do ponto S ao ponto E. Intersecção da linha S-N 
com uma perpendicular que passa pelo ponto mais posterior do processo 
condilar da mandíbula. Expressa a localização anteroposterior do côndilo 
mandibular. (valor de referência: 22 mm). 
Análise de Ricketts – Cefalograma – Figuras 9 e 10 (Unidade II) A) 
Linha básio-násio (Ba-N): base do crânio. 
B) Linha PtGn: pontos pterigoide e gnátio. 
C) Plano de Frankfort: pontos pório e orbita. 
D) Plano facial: pontos násio e pogônio. 
E) Plano mandibular: pontos gônio e mentual 
F) Linha ENA.Xi: do ponto espinha nasal ao centro do ramo da mandíbula 
(Xi). 
G) Linha eixo de ramo XiPm: do centro do ramo da mandíbula à 
protuberância mentual. 
H) Linha do eixo condilar: união dos pontos condilar (DC) e centro do ramo 
da mandíbula (Xi). 
Análise de McNamara – segue Figura 11 (Unidade II) 
• Os valores cefalométricos da análise de McNamara seguem Figura 11. 
 
A cefalometria é o suficiente para realizar um diagnóstico das etiologias presentes 
no sistema estomatognático como um todo, como más oclusões, assimetrias 
faciais e deficiências na motricidade orofacial? 
Vale ressaltar que a cefalometria não fornece o diagnóstico, muito menos resolve 
os casos sozinha, ela é apenas mais um complemento. É preciso experiência com 
a prática clínica por parte do profissional, números são frios e não definem tudo. 
Mas é claro que somando a análise cefalométrica com a prática mais todo o 
conhecimento sobre as etiologias da face é possível realizar um diagnóstico, um 
plano de tratamento, acompanhar o caso e tratar o paciente. 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
83 
Para mais informações sobre cefalometria, acessar: 
PEREIRA, C. B. Introdução à Cefalometria Radiográfica. 5. ed. Disponível em: 
. 
• Uma revisão sobre os pontos cefalométricos pode ser vista no vídeo: 
Odonto Drops. Cefalometria | Pontos Cefalométricos – 2016. Disponível em: 
. 
• Uma revisão sobre a cefalometria pode ser vista no vídeo: Caroline Pelagio 
Maués. Aula cefalometria básica – 2017. 
Disponível em: . 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O diagnóstico é fundamental para qualquer área médica e, consequentemente, para o 
início de qualquer tratamento. Na ortodontia utilizamos as fotografias, as radiografias junto às 
análises cefalométricas, mais o modelo de estudo. A documentação ortodôntica é fundamental 
para um bom diagnóstico seguido de um bom planejamento do tratamento. 
Assim, se torna fundamental conhecer os métodos presentes na ortodontia para conseguir 
atender a queixa do paciente e alcançar a resolução do caso. Um ponto muito importante são as 
radiografias e as análises cefalométricas que complementam muito bem o diagnóstico. 
E quando focamos na radiologia junto à cefalometria, de certo modo, faz-se necessário, 
por parte do profissional, um profundo conhecimento das condições anatômicas de todas as 
estruturas da cabeça e de suas relações para então obter um correto estabelecimento e 
direcionamento do tratamento. Assim, a telerradiografia, bem como o traçado e a análise 
cefalométrica, permitem a complementação das informações obtidas por meio das observações 
clínicas, referente às estruturas responsáveis pelas funções desempenhadas pelo sistema 
estomatognático, como respiração, deglutição, mastigação e diversos aspectos da fala (CUNHA, 
2015). 
Assim, a cefalometria permite a obtenção de dados objetivos complementares à avaliação 
miofuncional orofacial, bem como o planejamento e o acompanhamento do tratamento em casos 
em que existam alterações relacionadas com as funções desempenhadas pelo sistema 
estomatognático, direcionando as possibilidades funcionais para cada indivíduo. Vale ressaltar 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
84 
que a análise cefalométrica contribui para a realização de pesquisas e, consequentemente, para o 
avanço científico das especialidades envolvidas. 
Portanto, conhecer os métodosdiagnósticos mais a cefalometria é fundamental para que 
o profissional odontólogo ortodontista realize um bom tratamento, sem surpresas. Já o 
fonoaudiólogo também pode lançar mão desses métodos para conseguir um maior alcance no 
tratamento miofuncional que vai exigir um conhecimento em análises cefalométricas, anatomia, 
etiologia das más oclusões, e, claro, possuir experiência prática. 
 
WWW.UNINGA.BR 
85 
04U N I D A D E ENSINO A 
DISTÂNCIA 
DISCIPLINA: 
ORTODONTIA 
TRATAMENTOS 
INTERDISCIPLINARES 
PROF. ME. DIOGO MARQUES SAPATA 
 
WWW.UNINGA.BR 
86 
SUMÁRIO DA UNIDADE 
INTRODUÇÃO 
...............................................................................................................................................
............ 85 1. AVALIAÇÃO EM MOTRICIDADE OROFACIAL 
..................................................................................................... 86 
1.1 CONFIGURAÇÕES/ASPECTO/POSTURA 
......................................................................................................... 86 
1.1.1 FACE 
...............................................................................................................................................
.................... 86 1.1.2 LÁBIOS 
...............................................................................................................................................
............... 86 1.1.3 LÍNGUA 
...............................................................................................................................................
.............. 86 1.1.4 BOCHECHAS 
...............................................................................................................................................
......87 1.1.5 PALATO DURO 
...............................................................................................................................................
....87 1.1.6 PALATO MOLE 
...............................................................................................................................................
....87 
1.2 MOBILIDADE E FUNÇÃO 
....................................................................................................................................87 
1.2.1 LÁBIOS 
...............................................................................................................................................
............... 88 
1.2.2 LÍNGUA 
...............................................................................................................................................
..............88 1.2.3 BOCHECHAS 
...............................................................................................................................................
.....88 1.2.4 MANDÍBULA E ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR 
............................................................................88 
1.3 FUNÇÕES ESTOMATOGNÁTICAS 
......................................................................................................................89 
1.3.1 RESPIRAÇÃO 
...............................................................................................................................................
......89 1.3.2 DEGLUTIÇÃO 
...............................................................................................................................................
....89 1.3.3 MASTIGAÇÃO 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
87 
...............................................................................................................................................
....89 1.3.4 FALA 
...............................................................................................................................................
..................90 
1.4. CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROTOCOLO PARA AVALIAÇÃO MIOFUNCIONAL OROFACIAL 
COM ESCO- 
RES 
...............................................................................................................................................
........................... 90 
2. FISSURAS LÁBIO-PALATINAS 
............................................................................................................................90 
2.1 ETIOLOGIA 
...............................................................................................................................................
............90 2.2 CLASSIFICAÇÃO DAS FISSURAS LABIOPALATAIS 
.........................................................................................91 
2.2.1 GRUPO I 
...............................................................................................................................................
.............91 2.2.2 GRUPO II 
...............................................................................................................................................
...........92 2.2.3 GRUPO 
III.......................................................................................................................... ..................
.............92 2.2.4 GRUPO IV 
...............................................................................................................................................
..........92 
2.3 TRATAMENTO MULTIDISCIPLINAR 
................................................................................................................94 2.4 ORTODONTIA 
...............................................................................................................................................
.......94 
2.4.1 PROBLEMAS ORTODÔNTICOS DOS PACIENTES COM FISSURA LABIOPALATINAS 
................................94 2.4.2 DIAGNÓSTICO ORTODÔNTICO 
......................................................................................................................95 2.4.3 ÍNDICE 
DE GOSLON 
........................................................................................................................................95 
2.4.4 PLANEJAMENTO ORTODÔNTICO 
..................................................................................................................96 
2.5 AVALIAÇÃO FONOAUDIÓLOGA DE PACIENTES COM FISSURA LABIAL: FALA E AUDIÇÃO 
........................97 
2.5.1 AVALIAÇÃO PERCEPTIVA-AUDITIVA DA FALA 
..............................................................................................97 2.5.2 AVALIAÇÃO 
AUDIOLÓGICA 
.............................................................................................................................98 
 
WWW.UNINGA.BR 
88 
3. TRATAMENTO INTERDISCIPLINAR 
...................................................................................................................98 
3.1 PROBLEMAS VERTICAIS 
....................................................................................................................................99 3.2 
PROBLEMAS TRANSVERSAIS 
.........................................................................................................................100 3.3 
PROBLEMAS ANTEROPOSTERIORES 
............................................................................................................100 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
.......................................................................................................................................104 
INTRODUÇÃO 
O fonoaudiólogo tradicionalmente avalia o sistema estomatognático, principalmente 
quando a queixa é a fala, mas também em casos específicos de distúrbios miofuncional orofacial 
(CUNHA, 2015). 
A definição de Motricidade Oral é “qualquer alteração que envolva a musculatura oral e/ 
ou facial que interfira no crescimento, desenvolvimento e funções das estruturas craniofaciais” 
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE FONOAUDIOLOGIA, 2002). 
Distúrbios miofuncionais orofaciais são complexos e estão relacionados diretamente com 
o sistema estomatognático. Logo, para sua avaliação são estabelecidos protocolos.CONSIDERAÇÕES FINAIS 
...................................................................................................................................... 30 
INTRODUÇÃO 
O tratamento interdisciplinar requer compreensão de conhecimentos básicos por parte 
dos profissionais envolvidos devido a complexidade do crescimento e do desenvolvimento 
craniofacial. A fonoaudiologia se alia à odontologia e, mais precisamente, à ortodontia e 
ortopedia dentofacial para garantir um tratamento e um prognóstico mais favorável possível para 
seus pacientes. 
A ortodontia e ortopedia dentofacial são as especialidades da odontologia que estudam o 
crescimento do complexo craniofacial, do desenvolvimento da oclusão e do tratamento das 
anormalidades dentofaciais (MOYERS, 1991). Logo, é uma especialidade que tem por finalidade 
tratar de problemas dentários, esqueléticos e funcionais, visando a harmonia entre os dentes, 
músculos e ossos maxilares, levando a um equilíbrio facial adequado (CUNHA, 2015). 
A fonoaudiologia é uma ciência que estuda a comunicação humana e seus distúrbios 
envolvendo as áreas da voz, fala, linguagem e audição. Dentre as especialidades podemos 
encontrar a motricidade orofacial que, por sua vez, busca tratar patologias do sistema 
estomatognático e respectivas funções que se apresentem fora do padrão normal (CUNHA, 
2015). 
 As duas áreas, fonoaudiologia e ortodontia, se complementam no sentido de uma 
depender da outra com o propósito de buscar um padrão de normalidade. Na qual o objetivo do 
profissional é alcançar o equilíbrio de forças estáticas e dinâmicas, indispensável na realização 
das funções do sistema estomatognático, como respiração, mastigação, sucção, deglutição e, por 
fim, fonação (CUNHA, 2015). O ortodontista, junto ao fonoaudiólogo, possui métodos 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
7 
terapêuticos, como é o caso dos aparelhos ortodônticos, para alcançar o objetivo de homeostase 
do sistema estomatognático. 
O objetivo da Unidade I será abordar os conhecimentos básicos da ortodontia e ortopedia 
funcional dos maxilares, bem como a fisiologia do sistema estomatognático, da morfologia dos 
dentes e do crescimento e desenvolvimento da oclusão e do crânio, oferecendo conhecimento 
necessário para o aluno iniciar seu aprendizado no mundo da ortodontia. 
 
1. INTRODUÇÃO E DEFINIÇÃO ORTODONTIA E 
ORTOPEDIA DENTOFACIAL 
Podemos definir a ortodontia e ortopedia dentofacial explorando didaticamente a 
ortodontia preventiva, ortodontia interceptativa e ortodontia corretiva. 
Devemos considerar os tipos de aparelhos utilizados no tratamento ortodôntico que 
podem ser: fixos ou removíveis, intra ou extraorais, sendo estes com finalidade ortodôntica ou 
ortopédica. 
Quanto à motricidade orofacial, o foco é a adequação miofuncional, e podemos 
considerar três linhas de trabalho distintas que podem ser utilizadas ao mesmo tempo: 
mioterapia, funcional e miofuncional. 
 
1.1 Os Três Tipos de Ortodontia 
1.1.1 A ortodontia preventiva 
A ortodontia preventiva tem como objetivo prevenir más oclusões ainda não presentes na 
cavidade oral. Logo, ela atua diretamente na prevenção de cáries, de doenças periodontais, entre 
outras condições clínicas. Também tenta evitar a perpetuação de hábitos deletérios, como sucção 
não nutritiva, respiração oral, entre outras. Quando se constata uma deficiência no 
desenvolvimento da oclusão, a ortodontia preventiva atua com o auxílio de aparelhos 
ortodônticos, como os mantenedores de espaço, para evitar que essa deficiência se perpetue. 
Portanto, para que não ocorra complicações futuras, a ortodontia preventiva se une a vários 
profissionais, como pediatras e fonoaudiólogos, para evitar a instalação das más oclusões. 
1.1.2 A ortodontia interceptativa 
A ortodontia interceptativa tem como finalidade intervir na progressão da má oclusão que 
se apresenta em progresso na cavidade oral. Por sua vez, quando a prevenção for tardia ou 
insuficiente, a intervenção se faz necessária, com o auxílio de aparelhos ortodônticos, dos mais 
variados tipos, que podem recuperar e manter a oclusão no caminho para se desenvolver 
corretamente. A ortodontia interceptativa pode se utilizar de aparelhos mantenedores e 
recuperadores de espaço, como, por exemplo, as variadas placas de Hawley, ou os ortopédicos 
fixos, como Hass e Hyrax, e, ainda, funcionais, como a grade palatina, o Bionator, Klammt, 
Bimler, entre outros. 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
8 
1.1.3 A ortodontia corretiva 
A ortodontia corretiva tem como objetivo corrigir uma má oclusão já instalada na 
cavidade oral. Essa ortodontia se faz necessária quando não houve prevenção nem intervenção 
durante o processo de desenvolvimento da oclusão. então, utiliza-se da ortodontia corretiva, com 
auxílio do aparelho fixo, braquetes, da biomecânica e de mecanismos de ancoragem esquelética, 
cirurgias, entre outras mecânicas para alcançar as chaves de oclusão e recuperar a oclusão 
normal. 
1.2 Tipos de Aparelhos 
1.2.1 Aparelhos removíveis 
Os aparelhos removíveis são constituídos por acrílico, fios de aço inoxidável, parafusos 
expansores, molas digitais e podem ser associados a elásticos intra e extraorais. Podemos citar 
os mantenedores e recuperadores de espaço, que são placas de Hawley com expansores, molas e 
arcos vestibulares. Também podemos citar o AeB e a máscara de Petit. 
 
Figura 1 - Aparelho removível – placa de Hawley com parafuso expansor e arco vestibular. Fonte: Cunha 
(2015). 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
9 
 
Figura 2 - Aparelho removível – AeB. Fonte: o autor. 
 
Figura 3 - Aparelho removível - Máscara facial de Petit. Fonte: o autor. 
1.2.2 Aparelhos fixos 
Os aparelhos fixos são cimentados com cimento de ionômero de vidro (CIV), logo são 
colados ou fixados aos dentes, sendo ativados ou removidos somente pelo ortodontista. Os 
aparelhos intraorais são adaptados diretamente na cavidade oral e não necessitam de apoios na 
cabeça ou no pescoço para sua ativação, como nos casos dos extraorais. Podemos citar os 
braquetes, Hass e Hyrax. 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
10 
 
Figura 4 - Aparelho fixo – Braquetes. Fonte: Cunha (2015). 
 
Figura 5 - Aparelho fixo – Hass. Fig. Fonte: o autor. 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
11 
 
Figura 6 - Aparelho fixo – Hyrax. Fonte: o autor. 
 
1.3 Motricidade 
Os aparelhos ortopédicos têm como objetivo redirecionar o crescimento dos ossos 
maxilares (mandíbula e maxila), sendo utilizados em pacientes em fase de crescimento que 
apresentam displasias esqueléticas. Por outro lado, os aparelhos ortodônticos buscam a correção 
do posicionamento dos dentes, independente da faixa etária. Resumindo, os aparelhos 
ortodônticos são indicados para problemas dentários e os ortopédicos para problemas 
esqueléticos, embora sejam indicados simultaneamente ou em momentos distintos. 
Na motricidade orofacial o foco é a adequação miofuncional, porém existem três linhas 
de trabalho distintas que podem ser utilizadas ao mesmo tempo. São elas Mioterapia, Funcional 
e Miofuncional. Nesse ponto, podemos citar os aparelhos Bionator, Bimler, Klammt, SN, entre 
outros. 
 
Figura 7 - Aparelho de motricidade – Bionator. Fonte: Cunha (2015). 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
12 
1.3.1 Mioterapia 
Basicamente se resume aos exercícios visando a adequação do tônus muscular, ou seja, 
é indicado ao paciente de fisioterapia para adequar a musculatura de cabeça e pescoço. 
1.3.2 Funcional 
Trabalha diretamente com as funções do sistema estomatognático, objetivando que estas 
propiciem a adequação do tônus muscular. O sistema estomatognático possui várias funções, na 
qual as principais são: respiração, mastigação, fala e deglutição. Cada uma dessas funções é 
trabalhada para um correto desenvolvimento da oclusão e, consequentemente, do sistema 
estomatognático. 
1.3.3 Miofuncional 
TrabalhaQuanto aos pacientes com fissuras labiopalatais possuem uma série de complicações no 
sistema estomatognático, seja ele funcional, muscular, de motricidade orofacial e, até mesmo, 
psicológico. Os pacientes com fissuras recebem atenção interdisciplinar, a equipe é basicamente 
composta por dentistas e fonoaudiólogos entre outros profissionais. 
O tratamento interdisciplinar é fundamental para tratar os distúrbios miofuncionais nos 
pacientes de forma geral, como em pacientes especiais, assim como os pacientes com fissura 
labial. Portanto unir as especialidades, hoje em dia, é fundamental para alcançar um diagnóstico 
e um prognóstico assertivo e favorável. 
 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
89 
1. AVALIAÇÃO EM MOTRICIDADE OROFACIAL 
Para a avaliação clínica miofuncional orofacial serão citados protocolos de avaliação 
presentes na literatura nacional. Logo, o sistema estomatognático deve ser avaliado de acordo 
com as características morfológicas, suas funções e considerar o relacionamento com os 
diferentes componentes, tendo como parâmetros os padrões de normalidade e considerando as 
suas variações (FELICIO, 1999). 
A parte inicial do protocolo contém dados pessoais do paciente e identificação tanto do 
paciente quanto da consulta. Logo a seguir devem ser descriminados espaços para observações, 
como, por exemplo, a primeira coluna para itens que serão avaliados, a segunda coluna para o 
padrão de normalidade e a partir da terceira coluna as alterações e os desvios a serem observados. 
A primeira coluna corresponde a configurações/aspecto e postura dos componentes do sistema 
estomatognático. 
1.1 Configurações/Aspecto/Postura 
1.1.1 Face 
A avaliação da face deve ser feita observado particularidades de cada lado, assim como 
as proporções de cada terço da face. 
1.1.2 Lábios 
O paciente deve permanecer em posição de relaxamento. Deve-se observar lábios 
inferiores volumosos e desocluídos, que podem indicar deficiência no selamento labial; ou lábios 
inferior e superior finos, estirados e ocluídos com tensão, o que pode indicar que os incisivos 
superiores e inferiores estão inclinados para frente (vestibularizados) (FELÍCIO, 1994). 
Também deve-se observar lesões na mucosa labial, que podem estar relacionadas a 
hábitos ou a má oclusão e observar, também, os frênulos labiais, cujas fibras, quando 
hipertrofiadas, penetram no osso alveolar e causam diastemas, podendo dificultar a limpeza do 
vestíbulo e a articulação dos fonemas bilabiais. 
1.1.3 Língua 
A avaliação da língua deve ter os seguintes itens: forma/volume, frênulo lingual, presença 
de marcas, posição, tensão, mobilidade e desempenho nas funções. Para isso a língua deve 
permanecer em repouso. 
A língua, em sua posição normal, deve estar contida pelos arcos dentários e com sua 
porção anterior tocando a região anterior do palato duro. Durante o repouso a língua permanece 
no assoalho da boca e tende a ficar volumosa em razão de uma hipotonia. Quando a língua está 
em repouso e não apresentar essas características é porque deve haver sinais de más oclusões, 
alterações nas vias respiratórias, hábitos de sucção, discrepância nas bases ósseas, da forma do 
palato ou, ainda, desvio postural da cabeça. 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
90 
O volume da língua deve ser considerado quanto ao espaço presente na cavidade oral. O 
tamanho da língua pode interferir na relação da mandíbula com a maxila e, até mesmo, com os 
dentes. A presença de sulcos longitudinais pode significar discrepância no tamanho da língua. 
Algumas características devem ser observadas, língua geográfica (manchas rosadas ou 
esbranquiçadas, com limite avermelhado, com mapas, sendo sensível a alimentos ácidos), 
fissuras na língua (apresenta sulcos profundos) e lesões. 
O frênulo lingual deve ser observado. O frênulo curto pode dificultar o posicionamento 
da língua na papila e afetar a mobilidade e a articulação de fonemas /t/, /d/, /n/ e /l/. 
1.1.4 Bochechas 
Podemos encontrar assimetrias entre as bochechas, logo a avaliação é individualizada 
para cada lado. Portanto, primeiro deve-se verificar a simetria das bochechas, hipertrofia, 
retração. 
A assimetria das bochechas pode ocorrer devido a uma mastigação unilateral persistente. 
É possível verificar que a distância da comissura labial até o canto externo do olho é mais baixa 
do que a do lado sem mastigação persistente. 
A respiração oral também interfere, deixando as bochechas mais flácidas. As bochechas 
podem perder volume em caso de disfunções temporomandibulares. 
1.1.5 Palato duro 
 
Devemos considerar largura, profundidade e aspecto. Um paquímetro pode ser utilizado 
para obter a medição. A deficiência do palato duro pode ocorrer devido a hábitos de sucção, 
fatores hereditários, que prejudicarão a posição da língua e a propagação de fonemas. 
1.1.6 Palato mole 
Essa porção da cavidade oral deve ser avaliada em repouso e depois em movimento. 
Deve-se observar o tamanho da úvula. Quando há alguma alteração é possível verificar uma 
hipernasalidade de grau intenso. 
A alteração na função velofaríngea leva a insuficiência na pressão intraoral, necessária 
para emissão de fonemas plosivos e fricativos, bem como de ressonância vocal equilibrada 
(HANAYAMA, 2002). Sua avaliação é realizada por meio da sucção, sopro, tosse e fala. 
É possível observar hipernasalidade, devido a uma mobilidade, comprimento ou 
deformidade inadequada, que pode ser constatada por meio da observação visual ou pelo toque, 
quando em suspeita de fissura submucosa. 
Vale ressaltar que em alguns casos pode ser recomendado a videofluoroscopia e a 
nasofibroscopia realizada pelo otorrinolaringologista. 
1.2 Mobilidade e Função 
Nessa parte deve ser verificado se o paciente teve ou não dificuldade em realizar algum 
movimento. 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
91 
1.2.1 Lábios 
Para avaliar a mobilidade pedimos movimentos de protrusão, retração e movimentos de 
lateralidade, então observar se houve tremor por parte do paciente durante os movimentos. Os 
lábios devem apresentar selamento labial sem realizar qualquer esforço. 
O não selamento labial pode estar ligado a posição dos incisivos e de algumas más 
oclusões, assim como o tamanho do lábio. 
1.2.2 Língua 
Devemos observar a contração e alongamento e a coordenação dos movimentos 
envolvidos, como de protrusão, retrusão, lateralidade, elevação e abaixamento. 
 Também é verificada a contração voluntária em protrusão sem apoio dos dentes ou dos 
lábios. Ocorrendo tremor após 5 segundos é sinal de flacidez do músculo, devido à postura 
inadequada ou função insuficiente. 
1.2.3 Bochechas 
A avaliação é feita por meio das ações de sugar, inflar e soprar. Quando há hipofunção, 
as bochechas se apresentam flácidas, o que pode significar deficiência na mastigação. Já a 
hiperfunção pode acontecer do lado da mastigação viciosa unilateral principalmente quando há 
mordida cruzada posterior. 
1.2.4 Mandíbula e articulação temporomandibular 
São observados os movimentos funcionais da mandíbula, como abertura bucal máxima, 
considerando a distância entre as incisais dos incisivos centrais superiores e inferiores mais o 
trespasse vertical; o fechamento bucal, que deve ocorrer sem desvios; a linha média em oclusão; 
também os frênulos labiais; a protrusão, que é a somatória do trespasse horizontal com a medida 
do deslizamento horizontal máximo da mandíbula; e a lateralidade, que é a distância horizontal 
entre a linha que passa entre os incisivos centrais superiores e inferiores, após o deslize lateral da 
mandíbula (FELICIO, 1999). 
Deve-se observar a presença de ruídos na articulação, que podem indicar disfunção 
temporomandibular (DTM). Geralmente é avaliado por meio do toque com as pontas dos dedos 
ou utilizando um estetoscópio. 
Outros sinais de DTM são dor na região da articulação, nos músculos da mastigação, 
como masseter, temporal e pterigoideo,dores de cabeça, dores de ouvido, sensação de perda 
auditiva e zumbido (FELICIO, 1999). 
1.3 Funções Estomatognáticas 
1.3.1 Respiração 
 
A avaliação é realizada por meio de um espelho nasal milimetrado de Altmann (profono) 
que é colocado abaixo das narinas do paciente para observar o embaçamento do espelho e a 
simetria do ar expelido pelas duas narinas. Outro espelho bastante utilizado é o de Glatzel. 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
92 
 Ao observar o lábio levemente aberto não quer dizer que o paciente é um respirador 
bucal, afinal, podem haver barreiras por parte da língua que impeça que o ar corra pela via oral. 
1.3.2 Deglutição 
A deglutição é avaliada por meio da ingestão de substâncias líquidas e sólidas. Devese 
observar o comportamento dos lábios, do músculo mentual, dos músculos elevadores e da própria 
mandíbula e da língua (CUNHA, 2015). 
A deglutição normal é definida por quatro características: a ponta da língua toca na papila 
palatina, os dentes entram em oclusão, ocorre uma sucção da língua contra o palato e os músculos 
periorais não participam ativamente (PADOVAN, 1976). 
No momento da deglutição deve-se levantar os lábios e observar onde a língua está 
tocando e, então, constatar se há ou não projeção da língua com contato na superfície lingual dos 
incisivos. Se existe contato nos incisivos é porque o paciente está executando uma deglutição 
atípica e, consequentemente, realizando outras características, como ausência de contração do 
masseter, participação da musculatura perioral, com mímica e sopro em vez de sucção. 
Ainda pode ser observado durante a deglutição: engasgos, o que poderia indicar 
incoordenação pneumodeglutória; ingestão de líquidos como auxílio para deglutir, o que poderia 
indicar deficiência da força da língua e musculatura supra e infra-hióidea. 
1.3.3 Mastigação 
É observado apenas o comportamento mastigatório. O paciente é instruído a mastigar de 
forma habitual e, então, são coletadas as seguintes informações: em qual dente é feita a incisão 
do alimento; onde é feita a trituração; tempo para consumo do alimento (CUNHA, 2015). 
Durante a mastigação podemos coletar as seguintes informações: movimentos 
mandibulares, utilização dos músculos, lado da mastigação, dores ou ruídos na articulação, 
posição da cabeça auxiliando a mastigação e o contato dos dentes, por fim, respiração e 
deglutição (CUNHA, 2015). 
As alterações observadas podem ser, mastigação unilateral, falta de oclusão labial, 
trituração do alimento com o dorso da língua e não com os dentes, preferência por alimentos 
pastosos e mastigação ruidosa por deficiência de toda a musculatura mastigatória (CUNHA, 
2015). 
Essas alterações podem estar relacionadas a cáries, ausências dentárias, mordidas 
cruzadas ou aberta, posterior ou, ainda, uma desproporção óssea no sentido anteroposterior, como 
classe II ou III esquelética. Portanto o tratamento dessas características pode favorecer o 
recondicionamento normal da mastigação. 
1.3.4 Fala 
A avaliação da fala acontece com análises dos níveis fonéticos-fonológicos, a 
ressonância, a prosódia e a fluência. Um material brasileiro para avaliação do nível fonético-
fonológico foi proposto por Wertzner (WERTZNER, 2000). 
É importante diferenciar as áreas de Fonética, características acústicas e articulatórias, 
como acertos, substituições, adições e distorções. A fonológica: descrição da organização e das 
funções dos processos fonológicos. 
Duffy indicou os seguintes parâmetros de avaliação para distúrbios motores da fala: a 
força e o tônus muscular, a velocidade, a extensão, a precisão e a estabilidade do movimento. 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
93 
1.4. Considerações sobre o Protocolo para Avaliação 
Miofuncional Orofacial com Escores 
Essa avaliação foi derivada da anterior e tem como objetivo evitar a perda de informações, 
logo, apesar de ainda obter dados qualitativos ela permite uma melhor mensuração das alterações, 
principalmente em pesquisas clínicas. 
Os pontos a serem observados se baseiam na análise apresentada anteriormente e o peso 
ou a forma de pontuar os escores varia de profissional para profissional. 
2. FISSURAS LÁBIO-PALATINAS 
2.1 Etiologia 
A fissura labiopalatal é uma má-formação congênita comum que ocorre entre a quarta e 
a décima segunda semana de vida intrauterina, período em que ocorre o desenvolvimento da face 
(LIMA, 2015). 
A formação da face e da cavidade oral ocorre na fase embrionária e envolve o 
desenvolvimento de múltiplos processos teciduais que devem se unir e se fusionar de modo 
extremamente ordenado (NEVILLE, 2004). 
A partir da terceira semana ocorre a migração das células da crista neural formando o 
tecido conectivo e o esqueleto da face. Então, na quarta semana se inicia o desenvolvimento da 
face, dando início à boca primitiva com a eminência fronto-nasal, dois processos maxilares e dois 
processos mandibulares. A mandíbula é a primeira estrutura a ser formada. Na quinta semana 
ocorre a fusão dos processos nasais e processos maxilares. O palato desenvolve-se a partir de 
dois primórdios: o palato primário e o palato secundário. 
Portanto a fissura labiopalatinas são resultantes da falta de fusão na linha mediana dos 
processos bilaterais do maxilar por volta da décima segunda semana de vida intrauterina. 
A explicação etiológica das fissuras labiopalatinas se baseia na interação entre os fatores 
genéticos e ambientais, teratogênicos como determinantes essenciais para o desenvolvimento 
dessas anomalias. Vale ressaltar que 70% das anomalias não são sindrômicas e as outras 30% são 
sindrômicas. 
Quanto a prevalência das fissuras labiopalatais, há uma variação da média por todo o 
mundo. A prevalência da fissura labiopalatal no Brasil chega a 1 em 650 nascimentos (LIMA, 
2015). 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
94 
 
Figura 1 - Esquema da formação do palato. Fonte: HRAC (s.d.). 
2.2 Classificação das Fissuras Labiopalatais 
Para classificarmos a fissura labiopalatal utilizamos o forame incisivo, local onde ocorre 
a junção na formação de toda a região labiopalatal. 
2.2.1 Grupo I 
As fissuras pré-forame incisivo, localizadas a frente do forame incisivo, são 
exclusivamente labiais, sendo originárias embriologicamente do palato primário, podendo atingir 
lábio e rebordo alveolar. Podem ser unilaterais, bilaterais ou medianas, completas ou incompletas, 
dependendo se atingirem ou não o forame incisivo (LIMA, 2015). 
2.2.2 Grupo II 
As fissuras transforame incisivo atingem todo o lábio e todo o palato. Podem ser 
unilaterais ou bilaterais, dividindo a maxila em dois segmentos, quando unilateral, e em três, 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
95 
segmentos quando bilateral. Elas rompem a maxila em toda a sua extensão, desde o lábio até a 
úvula, havendo uma ampla comunicação da cavidade bucal com a nasal (LIMA, 2015). 
2.2.3 Grupo III 
As fissuras pós-forame incisivas podem ser completas ou incompletas, dependendo do 
envolvimento total do palato ou somente do palato mole. São fendas palatinas, em geral, 
medianas, que podem situar-se apenas na úvula, palato primário ou envolver o palato secundário. 
Nas fissuras completas, o palato duro e o palato mole estão totalmente fendidos até o forame 
incisivo, mas sem atingir o rebordo alveolar (LIMA, 2015). 
2.2.4 Grupo IV 
As fissuras raras da face acontecem, mas representam raridade em relação às fissuras 
labiopalatais. Podem ser transversais ou oblíquas e envolverem outras estruturas faciais, como 
lábio inferior, nariz, bochecha, pálpebra, orelha, ossos do crânio e da face, como o frontal, nasal, 
etmoide, malar e temporal (LIMA, 2015). 
 
Figura 2 - Classificação das fissuras labiopalatais. Fonte: adaptada de Spina et al. (1972; SILVA FILHO et al., 
1992). 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
96 
 
Figura 4 - Fissuras transforame incisivo. Fonte: HRAC (s.d.). 
Figura 3 - Fissuras pré-forameincisivo. Fonte: HRAC (s.d.). 
 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
97 
 
Figura 5 - Fissuras pós forame incisivo. Fonte: HRAC (s.d.). 
2.3 Tratamento Multidisciplinar 
A reabilitação morfológica das fissuras envolve a cirurgia plástica dos lábios aos 3 meses, 
e do palato por volta de 1 ano de idade, além do enxerto ósseo alveolar secundário realizado entre 
9 e 12 anos de idade (TRINDADE, 2007). Contudo o tratamento ocorre de forma multidisciplinar. 
Existem centros especializados para o tratamento de pacientes portadores das fissuras 
labiopalatais. A Portaria 62 SAS/MS define que o hospital deve oferecer serviços de clínica 
médica, fonoaudiologia, otorrinolaringologia, odontologia geral, ortodontia, cirurgia 
bucomaxilofacial, serviço social, psicologia, cirurgia plástica, anestesia, enfermagem, 
fisioterapia, nutrição e atendimento familiar (LIMA, 2015). 
2.4 Ortodontia 
A ortodontia tem papel fundamental no tratamento de pacientes portadores da fissura. 
Esse profissional rege os demais seguimentos do tratamento. 
2.4.1 Problemas ortodônticos dos pacientes com fissura 
labiopalatinas 
Más posições e anomalias dentárias, defeito ósseo na região anterior do rebordo alveolar, 
deficiência sagital da maxila, devido às cirurgias plásticas primárias, deficiência transversal do 
arco dentário superior. 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
98 
2.4.2 Diagnóstico ortodôntico 
São utilizados os mesmos recursos presentes na documentação ortodôntica convencional, 
como fotos de frente (em repouso e sorrindo), foto de perfil, modelos de gesso e radiografias 
extrabucais (panorâmica e telerradiografia em norma lateral) e intrabucais (periapicais e 
oclusais). 
2.4.3 Índice de Goslon 
• Grupo 1 - Índice oclusal 1: apresenta ausência de mordida cruzada anterior, 
posterior ou mordida aberta anterior na região da fissura. Esse escore refere-se à relação 
inter-arcos excelente nos três planos do espaço. Esses pacientes apresentam prognóstico 
excelente de tratamento ortodôntico, sem necessidade de tratamento associado com 
cirurgia ortognática. As cirurgias plásticas primárias reparadoras não interfeririam 
negativamente no crescimento da maxila (LIMA, 2015). 
• Grupo 2 - Índice oclusal 2: apresenta ausência de mordida cruzada anterior. Pode 
mostrar o canino do segmento menor em relação de topo ou cruzado e uma suave mordida 
aberta na região da fissura. Bom prognóstico para tratamento ortodôntico sem 
envolvimento de cirurgia (LIMA, 2015). 
• Grupo 3 - Índice oclusal 3: apresenta incisivos de topo (ou cruzados, porém com 
marcante inclinação lingual dos incisivos superiores) e mordida cruzada posterior uni ou 
bilateral. Uma característica importante do índice oclusal 3 é o pareamento da superfície 
vestibular do rebordo alveolar dos incisivos superiores e inferiores. Pode ocorrer mordida 
aberta na região da fissura devido à deficiência vertical do segmento menor. Prognóstico 
regular para tratamento ortodôntico, com possível necessidade de cirurgia ortognática se 
a face mostrar deficiência significante na região malar. Na fase de dentadura mista, esta 
é a relação inter-arcos que pode ser tratada com expansão rápida da maxila associada à 
tração reversa da maxila com máscara facial (LIMA, 2015). 
• Grupo 4 - Índice oclusal 4: apresenta mordida cruzada anterior associada à 
mordida cruzada posterior. Diferencia-se do índice oclusal 3 pois a superfície vestibular 
do rebordo alveolar dos incisivos superiores está retroposicionada em relação à superfície 
vestibular do rebordo alveolar dos incisivos inferiores. Neste caso, o prognóstico para 
tratamento ortodôntico puro é ruim, uma vez que o paciente necessitará de tratamento 
ortodôntico com vistas à cirurgia ortognática ao término do crescimento (LIMA, 2015). 
• Grupo 5 - Índice oclusal 5: apresenta mordida cruzada anterior com trespasse 
horizontal muito negativo e mordida cruzada posterior. Prognóstico muito ruim. Indicado 
tratamento orto-cirúrgico ao término do crescimento. (LIMA E.P.A 2015) 
Para pacientes portadores de fissura labiopalatal a classificação de Angle é deixada de 
lado e, então, utiliza-se o índice de Goslon. 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
99 
2.4.4 Planejamento ortodôntico 
O tratamento ortodôntico de pacientes com fissuras segue os seguintes passos 
protocolares (CAVASSAN, 2007): ortodontia pré-enxerto, enxerto ósseo alveolar secundário, 
ortodontia pósenxerto, cirurgia ortognática, finalização e contenção. 
A. A ortodontia pré-exerto é iniciada na fase da dentadura mista, entre nove e dez 
anos de idade. A intervenção apresenta a finalidade de corrigir a atresia maxilar e a 
mordida cruzada posterior, ampliando as dimensões do arco superior e a amplitude da 
fissura para prepará-la para receber o enxerto ósseo alveolar secundário. A expansão é 
feita com aparelhos ortopédicos do tipo Hyrax ou Hass e a contenção é realizada em 
seguida com um arco palatino fixo, se mantendo até a fase do pós enxerto ósseo. Nessa 
fase também é realizado o tratamento da mordida cruzada anterior por meio da tração 
reversa da maxila com o auxílio da máscara facial junto ao Hass ou Hyrax (GARIB, 
2011). 
B. O enxerto ósseo alveolar secundário é realizado para reparar o defeito ósseo 
alveolar, criando uma continuidade óssea que possibilita a movimentação dos dentes 
adjacentes à fissura sem riscos, além de proporcionar suporte para a asa nasal, além disso 
ele é realizado próximo a irrupção dos caninos superiores permanentes. Ele é secundário 
pois corre após as cirurgias plásticas primárias realizadas em uma idade precoce. E ainda 
pode existir o enxerto ósseo terciário ou tardio realizado após a ortodontia corretiva, é 
indicado para facilitar a reabilitação protética e periodontal, além de favorecer o 
fechamento de fístulas buconasais persistentes (GARIB, 2011). 
C. A ortodontia pós-enxerto parte de uma avaliação clínica e radiográfica, sendo a 
radiografia periapical da área do enxerto somado à radiografia oclusal da maxila, 
permitindo uma avaliação quantitativa e qualitativa da área do enxerto. Logo após essa 
avaliação e a irrupção dos caninos permanentes, a ortodontia corretiva pode ser iniciada 
de 60 a 90 dias após a cirurgia de enxerto. Caso o canino não irrompa só é realizado o 
acompanhamento até a sua irrupção (GARIB, 2011). 
Existem opções de tratamento intra-arcos, como alinhar o pré-canino no lugar do 
incisivo lateral ausente; fechar o espaço do incisivo lateral superior ausente mediante 
mesialização ortodôntica dos dentes posteriores no lado da fissura; promover manutenção do 
espaço do incisivo lateral ausente, para colocação de implante após finalizado o tratamento 
ortodôntico. Nesse caso, o espaço pode ser conduzido para a região posterior, colocando-se o 
implante na região de pré-molares, visando a estimulação do enxerto com movimentação 
dentária. 
E existem opções de tratamento inter-arcos, como tratamento ortodôntico compensatório: 
indicado diante de uma relação de Classe III, porém com face aceitável (pouca deficiência malar), 
já que o tratamento ortodôntico puro não imprime melhoras faciais. Nesta opção terapêutica, 
extrações inferiores podem ser necessárias. A opção terapêutica compensatória pode ser eleita 
para pacientes com índices oclusais G1, G2 e G3 do índice de Goslon. Há a possibilidade de 
tratamento não compensatório preparando para a cirurgia ortognática, sendo mais indicado para 
pacientes G4 e G5 índice de Goslon. 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
100 
A cirurgia ortognática é realizada ao término do crescimento facial, nos pacientes com 
problemas psicossociais acentuados. O planejamento é padrão, com avaliação radiográfica, 
traçado predictivo e cirurgia de modelos (ensaio) (GARIB, 2011). 
i. Existem opções de tratamento intra-arcos, como alinhar o pré-canino no 
lugar do incisivo lateral ausente; fechar o espaço do incisivo lateral superior ausente 
mediantemesialização ortodôntica dos dentes posteriores no lado da fissura; 
promover manutenção do espaço do incisivo lateral ausente, para colocação de 
implante após finalizado o tratamento ortodôntico. Nesse caso, o espaço pode ser 
conduzido para a região posterior, colocando-se o implante na região de pré-molares, 
visando a estimulação do enxerto com movimentação dentária. 
ii. E existem opções de tratamento inter-arcos, como tratamento ortodôntico 
compensatório: indicado diante de uma relação de Classe III, porém com face 
aceitável (pouca deficiência malar), já que o tratamento ortodôntico puro não imprime 
melhoras faciais. Nesta opção terapêutica, extrações inferiores podem ser necessárias. 
A opção terapêutica compensatória pode ser eleita para pacientes com índices oclusais 
G1, G2 e G3 do índice de Goslon. Há a possibilidade de tratamento não 
compensatório preparando para a cirurgia ortognática, sendo mais indicado para 
pacientes G4 e G5 índice de Goslon. 
D. A cirurgia ortognática é realizada ao término do crescimento facial, nos pacientes com 
problemas psicossociais acentuados. O planejamento é padrão, com avaliação 
radiográfica, traçado predictivo e cirurgia de modelos (ensaio) (GARIB, 2011). 
2.5 Avaliação Fonoaudióloga de Pacientes com Fissura 
Labial: Fala e Audição 
2.5.1 Avaliação perceptiva-auditiva da fala 
Os pacientes com fissura labial ou palatal acabam com a função da fala prejudicada pelas 
configurações dentofaciais decorrentes das cirurgias primárias (queiloplastia e palatoplastia) que 
restringem o crescimento maxilar, assim como também podem ser afetados pela presença de 
alterações morfofuncionais, como a disfunção velofaríngea e/ou a ocorrência de fístulas ou 
deiscências nos palatos duro ou mole, além de mecanismos compensatórios que podem tornar a 
fala ininteligível (PIAZENTIN-PENNA, 2013). 
A avaliação da fala enfatizando a ressonância e a articulação é fundamental para o 
diagnóstico e tratamento das alterações de comunicação oral de indivíduos com fissura 
labiopalatina. 
Durante o exame clínico é realizada uma entrevista com o paciente para observar sua 
comunicação, como as queixas e autoimagem relacionadas à fala e, ainda, entender as 
dificuldades de comunicação durante a fala espontânea. 
Ainda no exame clínico é possível realizar a avaliação morfofuncional dos órgãos 
fonoarticulatórios (enfatizando-se os aspectos da fala e função velofaríngea). Quanto as funções 
neurovegetativas como deglutição, mastigação sucção e respiração devem ser avaliadas sempre 
que necessário. 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
101 
Independente do tipo de fissura apresentada pelo paciente, a atenção deve ser dada à 
avaliação da voz, ressonância de fala, inteligibilidade de fala e articulação. 
Os distúrbios da fala também são avaliados, como distúrbios articulatórios 
compensatórios (DAC), resultantes da tentativa que o indivíduo faz de compensar a válvula 
velofaríngea deficiente, não conseguindo impor pressão aérea na cavidade oral, utilizando-se 
outros pontos que não são comuns à nossa língua para a produção dos fonemas. Também 
apresentam distúrbios obrigatórios, decorrentes da disfunção velofaríngea, podendo ser 
hipernasalidade, emissão de ar nasal (audível ou não), fraca pressão aérea intraoral, movimentos 
nasais associados, ronco nasal; ou, ainda, adaptações compensatórias, geradas pelas distorções 
na produção articulatória decorrentes de alterações estruturais, como as deformidades 
dentofaciais. 
Os dados encontrados no exame clínico são somados a exames objetivos e 
métodos instrumentais, como a nasofaringoscopia, a videofluoroscopia, a nasometria e a 
técnica fluxo-pressão. 
2.5.2 Avaliação audiológica 
As crianças com fissuras labiopalatais podem apresentar alterações do sistema de 
condução do som e como consequência, perda auditiva. A perda auditiva varia conforme o tipo 
de fissura, sendo menos frequente nas fissuras isoladas de lábio (pré-forame incisivo) e mais 
comum nas fissuras que acometem o palato (transforame, pós-forame incisivo e submucosa). 
É realizado um exame de audiometria para verificar graus variados de perda auditiva com 
predominância do tipo condutivo bilateral de grau leve ou de leve a moderado. 
Na imitanciometria são frequentes as curvas timpanométricas tipo B, indicando ausência 
do pico indicativo de pressão e presença de efusão na orelha média, assim como curvas tipo AS, 
representando compliância estática diminuída, e curvas tipo C, indicando pressão da cavidade 
timpânica em níveis negativos. Além disso, verifica-se, comumente, ausência dos reflexos 
estapedianos (PIAZENTIN-PENNA, 2013). 
Também podem ser utilizados outros métodos de avaliação audiológica, como a Emissão 
Otoacústica (EOA) e o Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (PEATE) 
(PIAZENTINPENNA, 2013). 
O tratamento pode ser cirúrgico e/ou associado ao tratamento medicamentoso. Os 
tratamentos cirúrgicos envolvem a inserção de tubo de ventilação, a timpanoplastia e a 
mastoidectomia. 
3. TRATAMENTO INTERDISCIPLINAR 
A má oclusão deve ser tratada interdisciplinarmente, promovendo equilíbrio estético e 
funcional da oclusão. Entre as várias especialidades envolvidas durante o tratamento da má 
oclusão, podemos citar a ortodontia que visa corrigir a posição dos dentes e suas bases ósseas. Já 
a fonoaudiologia pretende corrigir o tônus muscular das estruturas do sistema estomatognático, 
assim como suas funções, logo, juntas pretendem promover um tratamento mais estável possível. 
O olhar do profissional envolvido no tratamento deve ser interdisciplinar, independente 
da sua área de atuação, afinal uma especialidade pode ajudar a outra. 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
102 
3.1 Problemas Verticais 
O problema mais comum nesse sentido é a mordida aberta anterior em consequência de 
algum hábito deletério. A mordida aberta, por sua vez, possui níveis de severidade, como a 
dentária, a dentoalveolar e a esquelética, cada uma exige uma abordagem específica. O 
tratamento para o quadro de mordida aberta dentária e, até mesmo, dentoalveolar em crianças 
com idade aproximada entre cinco a dez anos seria a indicação de uma placa de Hawley mais 
grade palatina, ou placa de Hawley com um furo no acrílico centralizado ao palato, ou ainda pode 
ser utilizado esporões nos incisivos inferiores, que faria a correção dentária e dentoalveolar, 
apenas. Em casos que envolvam as bases esqueléticas, o tratamento recomendado seria por meio 
dos aparelhos extrabucais, como AeB tração alta e Bite Block. Há ainda outros métodos, mas 
apenas para pacientes em que já tenha ocorrido a erupção de todos os dentes permanentes, são 
eles a extração de dentes, intrusão de dentes posteriores e, por fim, cirurgia ortognática. A 
fonoaudiologia atua reposicionando a língua e promovendo o vedamento labial para as funções 
estomatognáticas. Sem a contenção da língua o prognóstico acaba sendo desfavorável. Portanto, 
o tratamento ortodôntico deve estar associado à fonoaudiologia. 
 
Figura 6 - Aparelho AeB tração alta (esquerda) e Bite Block (direita) para correção da mordida aberta anterior. 
Fonte: Maia (2008). 
 
Há ainda o tratamento ortocirúrgico-fonoaudiológico, que é realizado para pacientes com 
a oclusão já estabelecida, na qual há a preparação ortodôntica com a ortodontia corretiva fixa, 
que faz apenas a correção dos dentes em relação às bases ósseas e não à correção da mordida 
aberta anterior, que na maioria dos casos acaba sendo acentuada. A fonoaudiologia visa preparar 
a musculatura, dando tonicidade e postura. No pós-cirúrgico é realizada a finalização ortodôntica 
junto a contenção do procedimento cirúrgico. A fonoaudiologia atua com o trabalho 
miofuncional, a fim de adaptar as funções estomatognáticas à nova forma. 
Outra má oclusão no sentido vertical é a sobremordida exagerada, podendo ser 
esquelética ou dentária. Para seu tratamento, quando o pacientese encontra em fase de 
crescimento, podemos utilizar aparelhos ortopédicos, visando a extrusão dos dentes posteriores 
e, ainda, favorecer a produção de fonemas linguoalveolares. 
Quando a sobremordida é apenas dentária é indicado a intrusão dos dentes anteriores por 
meio da ortodontia corretiva fixa e, nesses casos, o padrão muscular se encontrada de forma 
adequada. 
Em casos de sobremordida exagerada esquelética, a cirurgia ortognática é indicada para 
promover o aumento vertical, junto a isso, a fonoaudiologia atua pré-cirurgicamente realizando 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
103 
o preparo da musculatura e também no pós-cirúrgico para a remissão do edema e a adequação 
das funções, como a fala. 
Para controlar a recidiva desses casos é importante promover alongamento e relaxamento 
da musculatura elevadora da mandíbula. 
3.2 Problemas Transversais 
Podemos citar as mordidas cruzadas posteriores, seu tratamento se resume à expansão 
por meio de aparelhos expansores, como placa de Hawley mais parafuso expansor, quadri-hélice, 
Hyrax, Hass, entre outros. 
Nesse caso, a expansão pode ser lenta e, consequentemente, as funções estomatognáticas 
tendem a se adaptar gradativamente. Geralmente, é necessário realizar correções miofuncionais 
por ocasião das compensações apresentadas na postura da língua, deglutição e mastigação. 
Quando a maxila se encontra em atresia, a função do músculo bucinador se torna muito 
importante, pois quando há hábito de sucção, esse músculo exerce maior pressão sobre os dentes 
posteriores, interferindo nos resultados alcançados pelos aparelhos expansores. Portanto a terapia 
fonoaudiológica é indicada juntamente com finalidade de alongar e relaxar essa musculatura, 
garantindo uma maior estabilidade do tratamento da mordida cruzada posterior. O fonoaudiólogo 
ainda poderá trabalhar o posicionamento da língua, afinal mediante a falta de espaço na maxila 
antes e durante o tratamento esse músculo não assume a posição correta, logo, essa correção se 
faz necessária após o tratamento. 
Em pacientes adultos a correção pode ser por meio de expansão ou de disjunção cirúrgica 
mais aparelho fixo expansor (Hyrax ou Hass). A fonoaudiologia atua liberando o músculo 
bucinador a fim de evitar que crie pressão contrária à correção. Por fim, ao final do tratamento 
ortodôntico, se faz necessário a atuação do fonoaudiólogo para a adaptação dos órgãos 
fonoarticulatórios à nova forma obtida. 
Há casos de mordida cruzada funcional, em que existe um contato prematuro na oclusão 
promovendo desvio da oclusão, a terapia ortopédica também é indicada, mas quando não 
corrigida e o paciente leva essa condição à fase adulta, o tratamento ortocirúrgico-
fonoaudiológico é o indicado. No pré-cirúrgico a ortodontia irá apenas corrigir os dentes em suas 
bases ósseas e a fonoaudiologia irá realizar um trabalho miofuncional prévio a fim de amenizar 
o desconforto do paciente. Já no pós-cirúrgico a ortodontia e a fonoaudiologia entram com a 
finalização da oclusão e com a promoção de redução do edema. 
Após o tratamento da mordida cruzada posterior dentária ou esquelética é imprescindível 
que a musculatura do bucinador seja normalizada para ser possível controlar a recidiva (CUNHA, 
2015). 
3.3 Problemas Anteroposteriores 
As alterações nesse sentido se dão pelo desequilíbrio de crescimento entre maxila e 
mandíbula, como padrão II e III. 
Em pacientes padrão II associada à prognatismo maxilar, quando o paciente se encontra 
em fase de crescimento, aparelhos ortopédicos são indicados, como extraoral ou splint maxilar 
de Thurow com força pesada e uso de no mínimo 14h/dia, com o objetivo de redirecionar o 
crescimento maxilar. A fonoaudiologia atua na contenção do crescimento maxilar, fortalecendo 
o músculo orbicular da boca. 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
104 
O encaminhamento da ortodontia para a fonoaudiologia só será indicado quando houver melhora 
significativa na relação maxilar. 
 
Figura 7 - Aparelho ortopédico de Thurow modificado. Fonte: Cunha (2015). 
 Em casos de padrão II com retrognatismo mandibular, aparelhos funcionais ativadores, como 
bionator de Balters, Klammt, Bimler, entre outros, podem promover um redirecionamento 
mandibular, principalmente durante a fase de crescimento. 
 Para potencializar o aparelho é possível alongar a musculatura supra-hióidea com movimentos 
mandibulares a favor da ação do aparelho. Após alcançar uma boa correção do padrão II deverão 
ser trabalhados a postura do lábio, da língua e os sulcos da face, como o mento labial e o 
nasolabial, além da tonicidade da musculatura com exercícios isométricos. Nesse caso, o espaço 
alcançado pelo tratamento permite que as funções possam ser normalizadas. 
 Em pacientes adultos o tratamento dessas deformidades faciais esqueléticas acaba sendo 
realizado por meio ortocirúrgico-fonoaudiológico. No pré-cirúrgico a ortodontia irá apenas 
corrigir os dentes em suas bases ósseas e a fonoaudiologia irá realizar um trabalho miofuncional 
prévio, a fim de amenizar o desconforto do paciente. Já no pós-cirúrgico a ortodontia e a 
fonoaudiologia entram com a finalização da oclusão e com a promoção de redução do edema. O 
padrão III por deficiência maxilar tem como indicação o aparelho extrabucal, máscara de Petit 
associada a um expansor fixo, com uso de força pesada e por 14h/dia, o tempo de tratamento 
pode durar até 10 meses, em média. Para auxiliar no tratamento, o músculo bucinador e orbicular 
poderão ser trabalhados para não resistir à força ortopédica. A língua só será corrigida após a 
correção maxilar. 
 Quando o crescimento é apenas mandibular, a ortodontia continua indicando o mesmo 
tratamento proposto para a maxila retrognata. Há outro tratamento para casos de mandíbula 
prognata, que é o caso da mentoneira, mas seus resultados são limitados. Já a fonoaudiologia 
promove exercícios que favoreçam a posteriorização mandibular, mas nesse caso, assim como na 
ortodontia, o seu prognóstico é duvidoso. 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
105 
HRAC-USP (“centrinho”) é um hospital especializado na reabilitação de pessoas 
com fissuras labiopalatinas, anomalias congênitas do crânio e da face, síndromes 
associadas a essas malformações e distúrbios da audição. Atende somente com 
agendamento prévio e exclusivamente a usuários do SUS. 
Sobre o centrinho: 
COMO ENCAMINHAR UM PACIENTE: 
O HRAC é um hospital especializado que atende somente com agendamento 
prévio; e por atender somente a usuários do SUS, respeita as normas do Ministério 
da Saúde. 
Para verificar se um paciente com indicação de fissura labiopalatina é caso para 
o Hospital, deve ser solicitada uma avaliação inicial. A solicitação deve ser 
encaminhada para a Seção de Casos Novos (para o e-mail: casonovohrac@usp. 
br) ou para o Serviço de Prontuário de Pacientes (pelo e-mail: spp@usp.br). 
É NECESSÁRIO O ENVIO de: 
• Cópia da certidão de nascimento. 
• Cópia do encaminhamento médico detalhado, com histórico clínico, tratamentos 
já realizados, condições clínicas atuais e tipo de fissura/síndrome, assinado e 
carimbado pelo profissional. 
• Fotos da face (frente, perfil e intrabucal). 
• Endereço para correspondência, telefones e e-mail de contato. 
Em caso de TRANSFERÊNCIA HOSPITALAR (se o paciente estiver hospitalizado), 
acrescentar: 
• Laudos do ecocardiograma. 
• Outros laudos de exames e imagens, se realizados. 
No caso de FISSURA SUBMUCOSA ou DISFUNÇÃO VELOFARÍNGEA, é necessário 
ainda: 
• Preenchimento de formulário específico (fornecido pela seção de fonoaudiologia 
do HRAC). 
• Fotos da face (frente, perfil e intrabucal). 
CONTATO – CASOS NOVOS: casonovohrac@usp.br 
É evidente que as alterações dentárias, esqueléticas e miofuncionais devem ser 
tratadas interdisciplinarmente, logo, é inaceitável tratar esses problemas de forma 
independente. Como tratar sem levar em conta o aspecto funcional e vice-versa? 
Devidoa complexidade dessas condições e do corpo humano, o tratamento 
interdisciplinar deve ser empregado, sempre buscando o melhor diagnóstico, o 
melhor plano de tratamento, consequentemente, o melhor prognóstico e a maior 
estabilidade e sucesso possível. 
 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
106 
A saúde auditiva é área definida pelo Ministério da Saúde e pelo Sistema Único de Saúde (SUS) 
como um serviço referenciado. Pelas normativas do SUS, serviços referenciados são regulados 
pela Central de Regulação de Vagas. Na prática, significa que há um fluxo para o primeiro 
atendimento, que deve ser respeitado pelo cidadão e pelos serviços credenciados pelo SUS: 1º 
passo: o cidadão com suspeita de problemas auditivos deve procurar uma Unidade Básica de 
Saúde (UBS), como Posto de Saúde, Unidade de Pronto Atendimento ou Ambulatório Médico de 
Especialidades e solicitar atendimento de otorrinolaringologia. 
2º passo: o profissional da UBS fará as avaliações necessárias e os encaminhamentos que o caso 
necessitar – inclusive para exames e procedimentos específicos. Esse encaminhamento é feito 
pela própria UBS à Central de Regulação de Vagas regional. 
3º passo: a Central de Regulação de Vagas é a responsável pelo agendamento do primeiro 
atendimento do cidadão nos serviços de saúde, e faz esse agendamento após receber os 
encaminhamentos dos profissionais e as agendas das instituições cadastradas para atendimento. 
É a Central que define a data e em qual instituição o cidadão será atendido e avisa o paciente. Na 
área de saúde auditiva, o HRAC está incluído entre as instituições de saúde credenciadas pelo SUS 
para atendimento aos pacientes dos municípios que compreendem o Departamento Regional de 
Saúde VI (DRS-VI). 
ATENÇÃO: O HRAC não agenda diretamente a primeira avaliação de pessoas com queixas de 
problemas auditivos. Por favor, não insista. 
 
Para mais informações sobre a avaliação em motricidade orofacial, acessar: 
CUNHA, A. C. P. P.; SANTOS-COLUCHI, G. G. Ortodontia e Fonoaudiologia na 
Prática Clínica. In: FELICIO, C. M. Avaliação em motricidade orofacial. 1. ed. São 
Paulo: Thieme Revinter, 2015. p. 127-153. 
 
Uma interação sobre ortodontia e fonoaudiologia pode ser vista no link a seguir: 
DTUP - Ortodontia estética e fonoaudiologia. Disponível em: . 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A elaboração de métodos diagnósticos se faz necessária a fim de proporcionar uma maior 
acurácia nos diagnósticos e, consequentemente, nos tratamentos. A avaliação miofuncional 
orofacial é muito importante quando se deseja alcançar e tratar a queixa do paciente. Outro 
método bastante válido é o método por escores, afinal podemos quantificar e qualificar os 
achados no exame clínico. 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
107 
Quanto aos pacientes com fissuras labiopalatais, existe uma série de complicações no 
sistema estomatognático, seja ele funcional, muscular, de motricidade orofacial e, até mesmo, 
psicológico. O tratamento interdisciplinar é fundamental nesses casos e devemos incluir a relação 
ortodontia e fonoaudiologia como duas das mais importantes especialidades para o tratamento 
desses casos. 
Logo, o tratamento interdisciplinar é fundamental para tratar os distúrbios miofuncionais 
nos pacientes de forma geral, em pacientes especiais, assim como os pacientes com fissura labial. 
Portanto não se deve tratar essas complexidades de forma independente e, sim, utilizar tudo ao 
nosso alcance, como aparelhos intra e extrabucais, assim como terapias miofuncionais. 
 REFERÊNCIAS 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
108 
ALMEIDA, R. R. Qual a melhor época para se iniciar o tratamento das más oclusões? Rev. Clín. 
Ortod. Dental Press. 2014 abr-maio;13(2):11-26. 
ANGLE, E. H. Classification of malocclusion. Dent Cosmos. 1899;41:248-64, 350-7. 
BIANCHINI, E. M. G. Desproporções maxilo-mandibulares: atuação fonoaudiológica com 
pacientes submetidos a cirurgia ortognática. In: MARCHESAN, I. Q.; BOLLAFI, C.; GOMES, 
I. C. D. et al. Tópicos em fonoaudiologia. São Paulo: Lovise, 1995, p. 129-46. Cap. 8. 
BUTTROS, K. R.; STUANI, A. S.; STUANI, A. S. et al. Associação de Talon Cusp e Dens in 
Dente em incisivos centrais superiores permanentes. Ver Ibero-Am Odontopediatr Odontol 
Bebê, Curitiba 2004 Maio/Jun.; 7(37):238-41. 
CAVASSAN, A. O.; SILVA FILHO, O. G. Abordagem Ortodôntica. In: TRINDADE, I. E. K.; 
SILVA FILHO, O. G. (Coord.) Fissuras labiopalatinas: uma abordagem interdisciplinar. São 
Paulo: Santos; 2007. p. 213-238. 
CUNHA, A. C. P. P.; SANTOS-COLUCHI, G. G. Ortodontia e Fonoaudiologia na Prática 
Clínica. 1. ed. São Paulo: Thieme Revinter, 2015. 
DOUGLAS, C. R. Patofisiologia oral. São Paulo: Poncast, 1998. 
DUFFY, J. P. Motor speech disorders: substrates, differential diagnosis and management. 
St Louis: Mosby, 1995. 467p. 
ENLOW, D. H. Crescimento facial. 3.ed. São Paulo: Artes Médicas, 1993. 
FELICIO, C. M. Fonoaudiologia aplicada a casos odontológicos: motricidade oral e 
audiologia. São Paulo: Pancast, 1999. 243p. 
FELÍCIO, C. M. Fonoaudiologia nas desordens temporomandibulares: uma ação 
educativaterapêutica. São Paulo: Pancast, 1994. 179p. 
FERREIRA, M. F. Noções de cefalometria. In: PETRELLI, E. Ortodontia para a 
fonoaudiologia. São Paulo: Lovise, 1994. P. 111-28. Cap. 7. 
GARIB, D. G.; ALMEIDA, A. M.; LAURIS, R. C. M. C. et al. Tratamento ortodôntico de 
pacientes com fissuras labiopalatinas: protocolo do HRAC-USP. 44º Curso de Anomalias 
Congênitas Labiopalatinas. HRAC-USP - Anais, jun. 2011. 
GRABER, T. M.; VANARSDALL, R. L. J. R. Ortodontia: princípios e práticas. 2 ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 1996. 
GUEDES PINTO, A. C. Odontopediatria. 2. ed. São Paulo: Santos, 1999. 
 REFERÊNCIAS 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
109 
HANAYAMA, E. M. Função velofaríngea: paradigmas na abordagem terapêutica. In: 
JUNQUEIRA, P.; DAUDEN, A. T. B. C. Aspectos atuais em terapia fonoaudiológica. São 
Paulo: Pancast, 2002. p. 65-79. Cap. 4. 
HATON, M. A measure of the effects of hereditary and environment on eruption of the 
deciduos teeth. J Dent Res. 1995; 34:397. 
JOHNSON, A.; CAUFIELD, P. W. Introduction to radiographic cephalometric. Philadelhia: 
Lippincott Williams & Wilkins, 1985. 
KASAI, R. C. B.; PORTELLA, M. Q. Intervenção fonoaudiológica em pacientes submetidos ao 
tratamento ortodôntico-cirúrgico. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá. 2001. mar./ 
abr.;6(2):79-84. 
LIMA, E. P. A.; CARVALHO, A. S.; MENEZES, D. M. V. et al. A ortodontia na atenção 
multidisciplinar na saúde do paciente fissurado: uma revisão da literatura. Odontol. Clín. Cient., 
Recife, 14(4) 785 - 788, out./dez., 2015. 
MOYERS, R. E. Ortodontia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988. 
MOYERS, R. E. Ortodontia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991. 
MULLER ARAÚJO, M. G. Ortodontia para clínica – Programa pré-ortodôntico. 4. ed. São 
Paulo: Santos, 1999. 
NEVILLE, B. W. Defeitos do desenvolvimento da região maxilofacial e oral. In: NEVILLLE, 
B. W. 
Patologia oral e maxilofacial. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2004. p. 2-47. 
NOLA, C. M. The development of permanent teeth. J Dent Child, 1960;4:254-66. 
OKESON, J. P. Fundamentos de oclusão e desordens temporomandibulares. 2. ed. São 
Paulo: Artes Médicas, 1992 
PADOVAN, B. A. E. Reeducação mioterápica nas pressões atípicas de língua: diagnóstico 
e terapêuticas. Parte I. Ortodontia, São Paulo 1976;9(1):59-74. 
PEGORARO-KROOK, M. I. Avaliação da fala em pacientes que apresentam inadequação 
velofaríngea e que utilizam prótese de palato. Tese (Doutorado) – Escola Paulista de Medicina 
da Universidade Federal de São Paulo, São Paulo. 1995. 
PIAZENTIN-PENNA, S. H. A.; TOTTA, T. Avaliação fonoaudiológica do indivíduo com 
fissura labiopalatina: fala e audição. 46º Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatinas. 
HRACUSP - Anais, ago. 2013. 
 REFERÊNCIAS 
WWW.UNINGA.BRENSINO A DISTÂNCIA 
110 
PROFFIT, W. R. Ortodontia contemporânea. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. 
PROFFIT, W. R. Ortodontia contemporânea. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995. 
SÁ FILHO, F. P. G. Fisiologia oral. São Paulo: Santos, 2004 
SOCIEDADE BRASILEIRA DE FONOAUDIOLOGIA. Documento oficial 02/2002 do 
comitê de Motricidade Oral. São Paulo, 2002. 26p. 
SPINA, V.; PSILLAKIS, J. M.; LAPA, F. S.; FERREIRA, M. C. Classificação das fissuras 
labiopalatinas. Sugestão de modificação. Rev. Hosp. Clin. Fac. Med., São Paulo, v. 27, p.5-6, 
1972. 
TRINDADE, I. E. K., SILVA FILHO, O. G. (Coord). Fissuras Labiopalatinas: uma 
abordagem interdisciplinar. Livraria Santos Editora Ltda 2007;1:1-337. 
TURNBULl, N. R.; BATTAGEL, J. M. The effects of orthognathic surgery on pharyngeal 
airway dimensions and quality of sleep. J Orthod. 2000;27:235-47. 
VELLINI, F. Ortodontia – Diagnóstico e planejamento clínico. 5. ed. São Paulo: Artes Médicas, 
2002. 
VILELLA, O. V. Manual de cefalometria. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. 
WERTZNER, H. F. Fonologia. In: ANDRADE, C. R. F.; BEFI-LOPES, D. M., FERNANDES, 
F. D. M. ABFW: teste de linguagem infantil nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e 
pragmática. Carapicuíba: Pró-Fono, 2000. 
 
 
 
	1.1 OS TRÊS TIPOS DE ORTODONTIA ......................................................................................................................6
	1.2 TIPOS DE APARELHOS .......................................................................................................................................7
	2. FISIOLOGIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO ...............................................................................................11
	2.1. SISTEMA NERVOSO ...........................................................................................................................................11 2.2. FUNÇÕES ESTOMATOGNÁTICAS .............................................................
	3. DESENVOLVIMENTO DA DENTIÇÃO E DA OCLUSÃO .......................................................................................19
	3.1. ODONTOGÊNESE ..............................................................................................................................................19 3.2 O RECÉM-NASCIDO E A DENTIÇÃO DECÍDUA ................................................
	3.4. DENTIÇÃO MISTA ..............................................................................................................................................22
	3.5 DENTIÇÃO PERMANENTE.................................................................................................................................25
	4. CRESCIMENTO CRÂNIO FACIAL PÓS-NATAL: CONCEITOS BÁSICOS ...........................................................26
	4.1 CONCEITOS DO CRESCIMENTO CRANIOFACIAL ............................................................................................26
	1.1 Os Três Tipos de Ortodontia
	1.1.1 A ortodontia preventiva
	1.1.2 A ortodontia interceptativa
	1.1.3 A ortodontia corretiva
	1.2 Tipos de Aparelhos
	1.2.1 Aparelhos removíveis
	1.2.2 Aparelhos fixos
	1.3 Motricidade
	1.3.1 Mioterapia
	1.3.2 Funcional
	1.3.3 Miofuncional
	2.1. Sistema Nervoso
	2.2. Funções Estomatognáticas
	2.2.1. Respiração
	2.2.2. Mastigação
	2.2.3. Deglutição
	2.2.4. Fala
	3.1. Odontogênese
	3.2 O Recém-Nascido e a Dentição Decídua
	3.3 Características Normais da Dentição Decídua
	3.3.1 Desenvolvimento da oclusão
	3.3.2. Alterações na dentição decídua e suas implicações
	3.4. Dentição Mista
	3.4.1 Período transicional
	3.4.2 Erupção dos primeiros molares permanentes
	3.4.3 Erupção dos incisivos permanentes
	3.4.4 Erupção dos pré-molares e caninos
	3.5 Dentição Permanente
	3.5.1 Evolução da oclusão
	3.6 Importância da Musculatura na Estabilidade da Oclusão Normal
	4.1 Conceitos do Crescimento Craniofacial
	4.1.1 Formação óssea endocondral
	4.1.2. Formação óssea intramembranosa
	4.2. Mecanismos de Crescimento
	1.1 FATORES EXTRÍNSECOS DA MÁ OCLUSÃO ......................................................................................................35
	1.1.1 HEREDITARIEDADE ..........................................................................................................................................35
	1.2. MOLÉSTIAS OU DEFORMIDADES CONGÊNITAS ............................................................................................36
	1.2.1. FISSURAS LABIAIS E PALATAIS .....................................................................................................................36 1.2.2. PARALISIA CEREBRAL .........................................................................
	1.2.3. TORCICOLO .....................................................................................................................................................36 1.2.4. DISOSTOSE CLEIDOCRANIANA .....................................................
	1.2.8 AMBIENTE METABÓLICO E ENFERMIDADES PREDISPONENTES ............................................................37 1.2.9. DEFICIÊNCIA NUTRICIONAL ........................................................................................................
	1.3 RETENÇÃO PROLONGADA DE DENTES DECÍDUOS ........................................................................................41 1.4 ERUPÇÃO TARDIA DE DENTES PERMANENTES ..............................................................................
	2. HÁBITOS ORAIS DELETÉRIOS ............................................................................................................................43
	2.1 ALEITAMENTO MATERNO ..................................................................................................................................43 2.2 ALEITAMENTO ARTIFICIAL ......................................................................
	1.1.1 Hereditariedade
	1.1.1.1 Influência racial hereditária
	1.1.1.2 Tipo facial hereditário
	1.1.1.3 Influência hereditária no padrão do crescimento e desenvolvimento
	1.2.1. Fissuras labiais e palatais
	1.2.2. Paralisia cerebral
	1.2.3. Torcicolo
	1.2.4. Disostose cleidocraniana
	1.2.5 Sífilis congênita
	1.2.6. Febres exantematosas
	1.2.7. Meio ambiente
	1.2.7.1 Influência pré-natal
	1.2.7.2 Influência pós-natal
	1.2.8 Ambiente metabólico e enfermidades predisponentes
	1.2.9. Deficiência nutricional
	1.2.11. Postura
	1.2.12. Acidentes e traumatismos
	1.2.13. Fatores intrínsecos da má oclusão
	1.2.14. Anomalias de número
	1.2.14.1 Supranumerários
	1.2.14.2 Ausência ou agenesias
	1.2.15. Anomalia de tamanho
	1.2.16 Anomalias de forma
	1.2.17 Frênulo labial normal
	1.2.18 Perda precoce
	1.4.1 Via de erupção anormal
	1.4.2 Anquilose
	1.4.3 Cárie dental
	1.4.4 Restaurações inadequadas
	3.2 Sentido Vertical
	3.2.1 Sobremordida
	3.2.2 Mordida aberta anterior
	3.2.3 Mordida aberta lateral
	3.3 Sentido Transversal
	3.3.1 Mordida cruzada posterior
	3.3.2 Desvio de linha média
	3.4 Sentido Anteroposterior
	3.4.1 Sobressaliência
	3.4.2 Sobressaliência negativa ou mordida cruzada anterior
	3.4.3 Classificação de Angle
	3.4.3.2. Classe I
	3.4.3.3 Classe II – divisão 1 e 2 e subdivisão
	3.4.3.4 Classe III – subdivisão
	3.4.4 Classificação de Lisher
	3.4.5 Parte esquelética
	1.1 ANAMNESE ..........................................................................................................................................................63 1.2 EXAME EXTRABUCAL ...............................................................
	INTRODUÇÃO
	1. MÉTODOS DIAGNÓSTICOS
	1.1 Anamnese
	1.2 Exame Extrabucal
	1.3 Exame Clínico Intrabucal
	1.4.1 Fotografias
	1.4.2 Radiografias
	1.4.3 Modelos de estudo
	2. INTRODUÇÃO À RADIOGRAFIA E À CEFALOMETRIA RADIOGRÁFICA APLICADA À FONOAUDIOLOGIA
	2.2 Análises Cefalométricas de Tecidos Duros
	2.2.1 Análise de Downs
	2.2.2 Análise de Steiner
	2.2.3 Análise de Ricketts
	2.2.3.1 Norma lateral
	2.2.3.2 Norma Frontal
	2.2.4 Análise de McNamara
	2.3 Análise Cefalométricade Tecidos Moles e Osso Hioide
	2.3.1 Palato mole
	2.3.2 Nasofaringe
	2.3.3 Orofaringe
	2.3.4 Língua
	2.3.5 Osso Hioide
	2.4 Aplicação à Prática Clínica
	1.1 CONFIGURAÇÕES/ASPECTO/POSTURA ......................................................................................................... 86
	1.2 MOBILIDADE E FUNÇÃO ....................................................................................................................................87
	1.2.1 LÁBIOS .............................................................................................................................................................. 88
	1.3 FUNÇÕES ESTOMATOGNÁTICAS ......................................................................................................................89
	2. FISSURAS LÁBIO-PALATINAS ............................................................................................................................90
	2.1 ETIOLOGIA ...........................................................................................................................................................90 2.2 CLASSIFICAÇÃO DAS FISSURAS LABIOPALATAIS .....................................
	2.3 TRATAMENTO MULTIDISCIPLINAR ................................................................................................................94 2.4 ORTODONTIA ...........................................................................................
	2.5 AVALIAÇÃO FONOAUDIÓLOGA DE PACIENTES COM FISSURA LABIAL: FALA E AUDIÇÃO ........................97
	3. TRATAMENTO INTERDISCIPLINAR ...................................................................................................................98
	1.1.1 Face
	1.1.2 Lábios
	1.1.3 Língua
	1.1.4 Bochechas
	1.1.5 Palato duro
	1.1.6 Palato mole
	1.2 Mobilidade e Função
	1.2.1 Lábios
	1.2.2 Língua
	1.2.3 Bochechas
	1.2.4 Mandíbula e articulação temporomandibular
	1.3.1 Respiração
	1.3.2 Deglutição
	1.3.3 Mastigação
	1.3.4 Fala
	2.2.1 Grupo I
	2.2.2 Grupo II
	2.2.3 Grupo III
	2.2.4 Grupo IV
	2.4.1 Problemas ortodônticos dos pacientes com fissura labiopalatinas
	2.4.2 Diagnóstico ortodôntico
	2.4.3 Índice de Goslon
	2.4.4 Planejamento ortodôntico
	2.5.1 Avaliação perceptiva-auditiva da fala
	2.5.2 Avaliação audiológicaa preparação muscular e a adequação da função. Une os dois grupos anteriores 
e é onde a ortodontia mais atua com o auxílio dos aparelhos já citados, Bionator, Klammt, Bimler, 
entre outros. Vale ressaltar que, segundo Pereira (2005), o fonoaudiólogo tem participação 
fundamental nessa área da ortodontia, na qual é o “profissional responsável e competente no que 
se refere à avaliação, diagnóstico e tratamento das pessoas com distúrbios miofuncionais, 
orofaciais e cervicais” (SOCIEDADE BRASILEIRA DE FONOAUDIOLOGIA - SBFa, 2002). 
2. FISIOLOGIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO 
O sistema estomatognático (do latim estomaI, boca, e gnatus, mandíbula) representa um 
conjunto de estruturas estáticas e dinâmicas relacionadas, anatômica e funcionalmente, com a 
mandíbula. Atuando de modo integrado em seus componentes (ossos, dentes, glândulas, 
músculos, articulações, ligamentos, sistema nervoso, sanguíneo e linfático) que desempenham 
diferentes funções, denominadas funções estomatognáticas (CUNHA, 2015). 
2.1. Sistema Nervoso 
Para que ocorra inter-relação de todos os constituintes desse sistema e para que executem 
determinadas funções é necessário que ocorra um impulso nervoso que se propaga até os núcleos 
motores localizados no tronco cerebral (CUNHA, 2015). 
Os impulsos nervosos excitarão grupos específicos de estruturas para que determinada 
função programada ocorra, mas para que a função programada se realize estruturas denominadas 
receptores coordenam e controlam esses impulsos. No entanto, para ocorrer excitação dos 
receptores é preciso que um estímulo alcance o limiar de excitabilidade (DOUGLAS, 1998). 
Os receptores podem ser classificados baseado no tipo de estímulo que recebe, como os 
Mecanorrecptores, receptores mecânicos localizados na pele, na mucosa da cavidade oral, no 
periodonto (região ao redor do dente), nos músculos, nas articulações e nos ligamentos; existem 
os Termorreceptores, localizados na pele, na mucosa e em estruturas centrais, que são sensíveis 
à temperatura; os Quimiorreceptores que detectam mudanças químicas, relacionadas ao sistema 
nervoso central, vascular, gustativo e olfativo, até mesmo o processo doloroso; há também os 
Acústicos, capacidade de captar ondas acústicas e ondas luminosas (CUNHA, 2015). 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
13 
No entanto podemos agrupar os receptores dependendo do meio (interno e externo) e o 
tipo de excitação. Logo, podemos definir os grupos como exteroceptores, que captam 
informações do meio extra corporal, tais como calor, frio, gustação e olfato, formado, assim, um 
grupo de receptores. Por outro lado, os interceptores captam informações do meio interno, como 
pressão arterial e variação do pH ou CO2. Ainda podemos incluir os proprioceptores, que 
detectam variações de funções do sistema estomatognático, como músculos e articulações, por 
exemplo (DOUGLAS, 1998). 
Os receptores se adaptam aos estímulos dependendo da excitação recebida, sejam elas 
exacerbadas ou diminuídas podem ser decorrentes de alterações no processo de adaptação dos 
receptores, na via aferente sensitiva ou na região cerebral responsável pelo processamento da 
informação. A terapêutica empregada poderá promover modificações nos limiares de 
excitabilidade, facilitando o processo de adaptação dos receptores e/ou acesso cortical das 
informações que, por sua vez, reestabelece a via aferente e o ato motor relacionado. 
A principal via de condução aferente sensitiva orofacial é representada pelo V par 
(trigêmeo), que corresponde a várias funções, inclusive gustação e olfato. Quanto às funções 
desempenhadas pelo sistema estomatognático, podemos incluir os seguintes pares cranianos: 
trigêmeo, responsável pela inervação dos músculos da mastigação e também pela sensibilidade 
orofacial, menos gustação e olfato; o facial, inerva músculos da mímica facial e tem função 
gustativa para 2/3 anteriores da língua; o vestibulococlear, relacionado a função auditiva e ao 
equilíbrio corporal global, glossofaríngeo, sensitivo e motor, voltado a orofaringe; vago, 
sensitivo e motor, inerva o palato mole, faringe, laringe, e esôfago; hipoglosso, relacionado aos 
movimentos da língua; acessório, que inerva os músculos cervicais (CUNHA, 2015). 
Podemos dizer que as funções desempenhadas pelo sistema estomatognático é resultado 
da inter-relação entre diferentes conexões neurais e que determina uma “memória 
neuromuscular” específica para cada função. As condições morfológicas dos constituintes desse 
sistema e o processo de amadurecimento neuromuscular causam implicações significativas sobre 
o padrão funcional que será aprendido. 
Portanto o tratamento voltado à adequação das funções estomatognáticas não pode estar 
centralizado na correção da forma ou aspectos musculares, logo é necessário a integração de 
ambos, uma vez que após o estabelecimento das conexões neurais relacionadas com o padrão 
neuromuscular a influência anatômica poderá não ser suficiente para modificá-los. 
2.2. Funções Estomatognáticas 
As funções estomatognáticas podem ser divididas em clássicas, como mastigação, 
deglutição, fala e respiração, e adaptativas, como vômito, mordida, beijo, sorriso, cuspir, entre 
outros (DOUGLAS, 1998). 
Considerando as funções clássicas, é importante saber sobre a postura de repouso dos 
constituintes do sistema. Logo, enquanto em equilíbrio anatomofuncional, a mandíbula deve 
permanecer elevada, os lábios devem estar em contato ou levemente separados, até 3mm, e o 
mento não deve apresentar sinais de contração de sua musculatura (aparência de “bola de golf”), 
já os dentes devem estar desocluídos mantendo o espaço funcional livre de 1 a 3mm (Dimensão 
Vertical de Repouso – DVR) e, por fim, a língua deve estar com seu ápice na região da papila 
palatina. Muitas são as condições que alteram as características descritas que podem ser 
discrepâncias nos maxilares, alterações dento-oclusais, quadros de respiração oral e doenças 
neuromusculares. 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
14 
A postura corporal influencia e é influenciada pela postura dos constituintes do sistema 
estomatognático. Por exemplo, respiradores orais mantêm a cabeça anteriorizada, com o 
propósito de aumentar o espaço orofaríngeo, diminuindo, assim, a resistência a entrada de ar. Por 
outro lado, alterações na coluna vertebral acarretam mudanças na postura corporal, incluindo a 
posição da cabeça, da mandíbula, da língua e do palato mole que, por sua vez, interfere no sistema 
estomatognático (CUNHA, 2015). 
Portanto deve-se sempre observar o comportamento do paciente e identificar os seus 
sinais, nem sempre esse trabalho deve se resumir a um tipo de profissional e sim a uma equipe 
multidisciplinar. 
2.2.1. Respiração 
A respiração se inicia ao nascer, sendo a amamentação natural fundamental para se 
estabelecer a respiração nasal. A amamentação, por sua vez, é de extrema importância para o 
desenvolvimento craniofacial e, consequentemente, da oclusão. 
O nariz junto ao seio maxilar e a fossa nasal possuem a função de condicionamento aéreo, 
umidificando, filtrando e aquecendo o ar. A cavidade oral também é capaz de realizar as mesmas 
funções, mas sem a filtração. 
A respiração oral é um distúrbio que causa impactos negativos ao sistema 
estomatognático e as causas mais comuns estão relacionadas à obstrução das regiões nasal, 
nasofaringe e orofaringe, como pólipos nasais, desvios do septo nasal, rinite alérgica, entre 
outros. Tais fatores contribuem para a absorção insuficiente de ar, que acompanha mecanismos 
de compensação, como aceleração dos movimentos respiratórios e circulatórios (SÁ FILHO, 
2004). 
As manifestações faciais e orais no paciente decorrentes da respiração oral podem se 
apresentar no tipo facial longo, aumento do ângulo goníaco e do terço inferior da face, língua 
anteroinferiorizada, ausência do contato labial, inflamação e hipertrofia das gengivas (gengivites 
e periodontites),mordida cruzada posterior e mordida aberta anterior, além de hipotonia dos 
músculos elevadores da mandíbula e orofaciais. 
Além de prejudicar o sistema estomatognático, os prejuízos podem alcançar o sistema 
auditivo, a linguagem oral e escrita, além da postura corporal, sendo, então, necessário uma 
equipe multidisciplinar para realizar o tratamento. 
A resolução dos fatores causais relacionados à obstrução nasal nem sempre é o suficiente 
para eliminar o hábito de respiração oral em razão da “memória neuromuscular”. A não resolução 
do quadro pode promover perpetuação da situação, portanto, apenas um diagnóstico preciso 
possibilitará um plano de tratamento eficiente a curto prazo, sendo que a mensuração da 
capacidade respiratória, por meio da espirometria, deve ser incluída na rotina não só como 
diagnóstico, mas como acompanhamento do quadro. 
2.2.2. Mastigação 
A mastigação é uma função muito complexa, pois envolve movimentos mandibulares, 
movimentos das articulações temporomandibulares (ATM) e de vários músculos da cabeça e 
pescoço. Todos esses órgãos são coordenados por centros nervosos altamente refinados 
(CUNHA, 2015). 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
15 
Essa função está diretamente relacionada ao desempenho prévio da função de sucção que 
propicia a maturação neuromuscular (mandíbula, língua, músculos em geral) e o 
desenvolvimento das estruturas anatômicas (crescimento mandibular e ATM). Além disso, os 
desenvolvimentos dos dentes decíduos, em seguida dos dentes permanentes e o amadurecimento 
do sistema estomatognático contribuem para a realização dessa função (CUNHA, 2015). 
Estímulos podem ser conduzidos baseados na dieta do paciente, que estimula o 
desenvolvimento de todo o sistema estomatognático. Desse modo, a atenção primária à saúde 
relacionada à amamentação natural, higiene oral, controle de doenças orais, bem como o tipo de 
dieta consumida é de extrema importância para o desenvolvimento correto do sistema 
estomatognático. Além disso, o desenvolvimento dos dentes, da oclusão e da ATM deve estar 
sempre sendo acompanhado pelos profissionais, o que em caso de surgimento de alguma 
complicação o acompanhamento odontológico, tanto do ortodontista e do especialista em DTM, 
se faz necessário (CUNHA, 2015). 
Durante a mastigação são determinadas as funções específicas para os diferentes grupos 
de dentes e de acordo com suas características anatômicas. Já a língua e musculo bucinador são 
responsáveis por manter o alimento na face oclusal dos dentes. A passagem do alimento pela 
boca acontece por um processo de qualificação, que ajuda a selecionar as partículas adequadas 
para deglutição. Os ciclos mastigatórios correspondem a uma atividade rítmica coordenada 
principalmente pelos músculos (CUNHA, 2015). 
Os principais músculos responsáveis pela mastigação são: Músculo Temporal, Músculo 
Masseter, Músculo Pterigoideo Medial, Músculo Pterigoideo Lateral. O sistema nervoso central 
possui papel importante na coordenação dos movimentos e, consequentemente, dos músculos 
citados, logo, alterações relacionadas com o sistema nervoso central, bem como com as vias 
aferente sensitiva e/ou eferente motora acarretarão implicações importantes ao desempenho 
mastigatório do indivíduo (CUNHA, 2015). 
Portanto, os profissionais, de forma multidisciplinar, não devem medir esforços para 
conduzir o paciente ao desenvolvimento normal. 
 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
16 
Figura 8 - Músculo envolvidos no processo mastigatório. Músculo temporal. Músculo pterigoideos laterais e 
medial. Fonte: Cunha (2015). 
 
Figura 9 - Músculo envolvidos no processo mastigatório. Músculo temporal. Músculo pterigoideos laterais e 
medial. Fonte: Cunha (2015). 
2.2.3. Deglutição 
A deglutição inicia-se na fase intrauterina, auxiliando, assim, o controle da quantidade de 
líquido amniótico, estando, após o nascimento, vinculada à função de sucção. A deglutição tem 
como propósito conduzir o alimento da boca até o estômago, sendo que, para tal, conta com a 
participação de diferentes estruturas demostrado na figura a seguir. 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
17 
 
Figura 10 - Músculo da faringe, faciais e supra-hióideos envolvidos no processo de deglutição. Fonte: Cunha 
(2015). 
Pode ser dividida em cinco fases, como a fase pré-oral, resumida em satisfação, saciedade 
e preparação da cavidade oral para receber o alimento; a fase preparatória, mastigação; a fase 
lingual, transferência; a fase faríngea e a fase esofágica, ambas são caracterizadas pelo transporte 
do bolo alimentar. Conhecer a função de deglutição auxilia no processo de diagnóstico, bem 
como a definição de condutas frente a distúrbios relacionados a todas as fases da deglutição. 
Portanto cabe aos profissionais investigarem os fatores causais, como estresse, medicação, 
radioterapia, entre outros. 
 Pacientes que apresentam má oclusão demonstram padrões de deglutição adaptados, o 
que pode sugerir algum hábito de sucção não nutritiva, ou quadro de respiração oral ou, ainda, 
macroglossia, entre outros. Um diagnóstico correto pode proporcionar uma abordagem mais 
direta na resolução do caso. 
Pacientes que possuem próteses dentárias devem ser observados de perto, afinal as 
próteses dentárias, com o tempo, passam a prejudicar mais do que ajudar o paciente, inclusive 
na função de deglutição, e a troca delas periodicamente deve ser considerada. 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
18 
2.2.4. Fala 
A fonoarticulação também é complexa e envolve habilidades auditivas, linguísticas, 
cognitivas e intelectuais, sendo os movimentos fonoarticulatórios resultantes da integração de 
mecanismos relacionados com os sistemas respiratórios e estomatognáticos (CUNHA, 2015). 
As características anatômicas da face e a condição dentária e oclusal dos indivíduos 
poderão interferir na resultante do som gerado na laringe. Procedimentos odontológicos, como a 
cirurgia ortognática, geram modificações transitórias nas características vocais e exigem 
acompanhamento fonoaudiológico. Outros pacientes que podem apresentar quadros de alteração 
de qualidade vocal são os indivíduos que sofrem de disfunção temporomandibular (DTM). 
Quanto aos distúrbios relacionados à função velofaríngea, podem ser causados por 
alterações estruturais, como fissuras labiopalatinas, megafaringe, e/ou funcionais, como 
alterações neuromusculares que impossibilitam a execução da função. Além da abordagem 
cirúrgica e da terapia de fala e voz, a odontologia e a fonoaudiologia têm utilizado próteses de 
palato, sendo esse um aparelho removível com extensão fixa em direção à faringe, denominado 
de bulbo, que trabalhando junto à musculatura da faringe favorece o controle do fluxo de ar 
oronasal (PEGORARO-KROOK, 1995). 
A avaliação diadococinética, que se caracteriza por repetições rápidas de padrões simples 
de contrações opostas, deve ser utilizada na avaliação fonoaudiológica com o intuito de 
diagnosticar e auxiliar o processo terapêutico. 
É importante saber que mesmo com a correção das condições anatômicas relacionadas 
com o processo de produção e fala, as condições neurais formadas, tendem a permanecer, o que 
exige do profissional o conhecimento de todos os aspectos do sistema estomatognático e da 
função da fala, para que se possa conduzir os pacientes a uma condição mais confortável de vida. 
 
Figura 11 - Esquema representativo do processo fonoatório. Fonte: Cunha (2015). 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
19 
 
Figura 12 - Músculos Supra e infra-hióideos. Fonte: Cunha (2015). 
 
Figura 13 - Vista lateral e superior dos músculos intrínsecos da laringe. Fonte: Cunha (2015). 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
20 
 
Figura 14 - Vista lateral e superior dos músculos intrínsecos da laringe. Fonte: Cunha (2015). 
 
Figura 15 - Imagem em corte sagital das cavidades oral, nasal, faringe e laringe, representando as cavidades de 
ressonância.Fonte: Cunha (2015). 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
21 
3. DESENVOLVIMENTO DA DENTIÇÃO E DA 
OCLUSÃO 
 
Para o entendimento dos fatores que afetam um problema ortodôntico, é fundamental 
compreender o processo de formação da dentição humana, desde o início da formação dos 
germes dentários decíduos até a total erupção dos dentes permanentes e, então, as alterações 
fisiológicas da oclusão (CUNHA, 2015). 
3.1. Odontogênese 
O desenvolvimento dos dentes ocorre por interação entre epitélio e ectomesênquima, 
passando por 5 diferentes fases: botão, capuz, campânula, coroa e raiz. Nas fases de botão e 
capuz o evento mais evidente é a proliferação celular, que proporciona o aumento do número de 
células tato do epitélio (que está invaginando) quanto do ectomesênquima (que se condensa 
abaixo do epitélio). A partir da fase de campânula inicia a morfogênese e a citodiferenciação. Na 
fase de campânula, o epitélio interno adquire o formato do futuro dente e inicia a diferenciação 
de ameloblastos e odontoblastos. Na fase de coroa, inicia a amelogênese e a dentinogênese 
(secreção de matriz de esmalte e dentina). E na fase de raiz, ocorre a diferenciação dos 
cementoblastos (que formarão o cemento), fibroblastos (que formarão o ligamento periodontal) 
e dos osteoblastos (que formarão o osso alveolar). 
 
Figura 16 - Origem das diferentes estruturas contidas no germe dentário. Fonte: Cunha (2015). 
3.2 O Recém-Nascido e a Dentição Decídua 
O processo de formação do germe dentário decíduo até a erupção do primeiro dente 
decíduo pode ser chamado didaticamente de período pré-dental. A iniciação da calcificação dos 
dentes decíduos se dá no período intrauterino e obedece, genericamente, à seguinte ordenação: 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
22 
14° semana – Incisivos centrais; 15° semana – primeiros molares; 16° semana – incisivos 
laterais; 17° semana – caninos; 18° semana – segundos molares (CUNHA, 2015). 
A posição da mandíbula nos primeiros 6 meses de vida encontra-se retrognática, no 
entanto, a lactação natural que atua nesse período de vida funciona como um agente estimulador 
de músculos e articulações, promovendo o crescimento da mandíbula no sentido posteroanterior. 
Alguns trabalhos citam a presença de um ou dois incisivos na boca à época do nascimento 
(MOYERS, 1988; PROFFIT, 2002). São os “dentes neonatais” que podem gerar desconforto 
para a mãe durante a amamentação. Esses dentes só devem ser extraídos caso sejam 
diagnosticados como sendo supranumerários, do contrário, devem ser mantidos. 
A erupção dos dentes decíduos deve ocorrer por volta dos 6 meses de vida, esse 
movimento dos dentes em direção ao plano oclusal segue junto a formação de suas raízes 
(HATON, 1995; 34:397). Os primeiros dentes a irromper são os incisivos centrais inferiores 
seguidos dos superiores. O contato dentário anterior desses dentes promove os movimentos 
verticais da mandíbula, iniciando, por volta dos 20 meses, os primeiros indícios de mastigação. 
A língua amassa o alimento contra o palato e favorece a mastigação (ENLOW, 1993). Seguindo 
a sequência de erupção, os dentes inferiores, de modo geral, devem erupcionar antes que os 
superiores e aos 7 meses de vida aparecem os incisivos laterais, em seguida, com quase 1 ano a 
criança recebe os primeiros molares, depois com 16 meses, os caninos, por volta dos 20 meses 
de idade vem os segundos molares inferiores para depois surgir os superiores quase no segundo 
aniversário e encerrando essa fase de erupção dos dentes decíduos (HATON, 1995; 34:397). 
Nessa fase, a língua inicia movimentos de lateralidade em busca de estímulos, dentários 
e alimentares, desenvolvendo, assim, movimentos transversais e alcançando amplitude de 
movimento. Por fim, ocorre aumento da cavidade oral e, consequentemente, o desenvolvimento 
da mastigação (ENLOW, 1993). Portanto, há uma mudança de hábitos alimentares, que irão 
contribuir para o desenvolvimento dos ossos maxilares, a manutenção dos arcos, proporcionando 
estabilidade na oclusão e no equilíbrio muscular e funcional. 
3.3 Características Normais da Dentição Decídua 
3.3.1 Desenvolvimento da oclusão 
O desenvolvimento da oclusão se inicia com a erupção dos dentes decíduos e, 
posteriormente, só com dentes permanentes, no entanto podemos classificar três tipos de 
dentição: a decídua, a mista e a permanente. 
Durante a fase de dentadura mista, podemos classificar o tipo de arco, tipo I e tipo II, e, 
assim, entender a presença ou ausência de espaço para que ocorra a erupção dos dentes 
permanentes. O arco tipo I de Baume é o arco que apresenta espaço para erupção dos dentes 
permanentes, já o tipo II de Baume não apresenta espaços para erupção e, consequentemente, 
não haverá alinhamento dos dentes permanentes. 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
23 
 
Figura 17 - Arco tipo I com espaçamentos generalizados. Arco tipo II sem espaçamentos. Fonte: Cunha (2015). 
Além dos espaços generalizados, há espaços amplos, localizados nas mesiais dos caninos 
superiores e nas distais dos caninos inferiores, denominados espaços primatas. A dimensão 
vertical é estabilizada pela erupção dos segundos molares decíduos. 
Deve-se levar em consideração o plano terminal reto que pode se apresentar na mesial 
dos segundos molares, superiores e inferiores, o que, consequentemente, deve levar a uma 
relação de classe I, isso ocorre em 76% dos casos. Mas quando não há harmonia de crescimento 
e/ou existem hábitos parafuncionais, cavidades de cáries extensas e, ainda, quando outros fatores 
agem no desenvolvimento da oclusão, podemos encontrar um degrau mesial ou distal. Nos casos 
em que a mandíbula se encontra mais anteriormente do que a maxila, há um degrau mesial (cerca 
de 14% dos casos) e que guiará a relação molar para uma classe I ou III de Angle. Um degrau 
distal é observado nos casos em que a maxila se posiciona anteriorizada, levando a uma relação 
de molar classe II de Angle (10% dos casos) (MULLER ARAÚJO, 1999). 
Na dentição decídua não existe compensação no sentido anteroposterior (Curva de Spee), 
se faz presente na dentição permanente e devemos planificar considerando como uma chave de 
oclusão a ser controlada. 
A dentição decídua termina por volta dos 2 anos e 6 meses e pode apresentar as relações 
mastigatórias, quase ideais pela adaptabilidade dos sistemas ósseos, dentário e muscular. 
Consequentemente, apesar de todo o sistema continuar se desenvolvendo, há uma maior 
estabilidade e equilíbrio da mastigação. Um dos fatores mais importantes desta função é o 
aspecto sensorial dos dentes recém-erupcionados, pois os músculos que controlam a posição da 
mandíbula são influenciados pelos primeiros contatos oclusais dos incisivos (ENLOW, 1993). 
3.3.2. Alterações na dentição decídua e suas implicações 
Algumas anomalias congênitas podem estar presentes na dentição decídua, levando a 
alterações no desenvolvimento da oclusão. A ausência de dentes decíduos é uma condição rara e 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
24 
pode estar associada ou não a ausência do permanente. A falta de um dente pode promover 
mesialização do dente vizinho, ou seja, há uma ocupação indevida do espaço, causando 
desarranjos no desenvolvimento da oclusão e dificultando as chaves de oclusão. Do contrário 
podemos citar os dentes supranumerários que ocupam espaços a mais. Anomalias de formas 
também ocorrem, mas menos do que em dentes permanentes. A anquilose mais comumente 
encontrada é uma fusão do dente ao osso alveolar, causado por algum trauma, seguido de 
alteração do ligamento periodontal. Geralmente seu diagnóstico é feito clinicamente, quando o 
dente se encontra aquém do desenvolvimento vertical, e radiograficamente confirmando o 
quadro. 
Vale ressaltar que a língua, nessa fase, é relativamente grande em relação aos maxilares, 
o que pode levar a uma protrusão entre os dentes, mas sem causar alterações dentárias. 
Porfim, alterações adquiridas, como os hábitos deletérios, são fatores etiológicos 
potenciais para o desenvolvimento de más oclusões na dentição permanente. 
3.4. Dentição Mista 
3.4.1 Período transicional 
Segundo Moyers (1988), esse período se inicia com a irrupção do primeiro molar 
permanente. É uma fase importante na determinação do padrão oclusal permanente. 
A erupção de um dente permanente se dá por meio de três fenômenos: reabsorção da raiz 
do ente decíduo; alongamento da raiz do dente permanente; crescimento vertical do processo 
alveolar. Dentre alguns fatores que regulam e afetam a erupção dos dentes permanentes, podemos 
citar a genética, a raça, os distúrbios mecânicos, como a sucção digital que interrompe a erupção 
do dente permanente, e a nutrição, que pode afetar o sistema como um todo. Quando o dente 
apresenta 1/3 da raiz formada este inicia o processo de erupção, quando com 2/3 de raiz formada 
o dente emerge (irrompe) na cavidade oral. Nolla (1960) mapeou os estágios de formação dos 
dentes permanentes e ordenou esses estágios de 0 a 10. 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
25 
 
Figura 18 - Estágios de Nolla. Fonte: o autor. 
3.4.2 Erupção dos primeiros molares permanentes 
Os primeiros molares são os primeiros dentes permanentes a surgirem. A ordem se segue 
sempre com o inferior e depois com o superior. Geralmente os primeiros irrompem na cavidade 
por volta dos 6 anos de idade. 
Deve-se observar o plano terminal dos molares, assim como foi comentado 
anteriormente, buscando saber se será necessária alguma intervenção para que a oclusão, ao final 
de seu desenvolvimento, atinja a Classe I de Angle. Mas também deve-se levar em consideração 
o Espaço Livre de Nance, que, por sua vez, é a diferença de tamanho entre os dentes decíduos e 
os dentes permanentes. Os dentes decíduos, por serem maiores que os permanentes, garantem 
espaço para os dentes seguintes irromperem. Em média, na arcada superior há uma sobra de 0,9 
mm de cada lado e na arcada inferior há uma sobra de 1,7 mm também para cada lado. Juntas, 
essas duas condições podem garantir a classe I de Angle devido a um processo de migração 
fisiológica dos molares consumindo os espaços que podem estar presentes (CUNHA, 2015). 
Com a irrupção dos primeiros molares permanentes ocorre um levante da mordida, 
promovendo um novo aumento da dimensão vertical do paciente. 
3.4.3 Erupção dos incisivos permanentes 
Por volta dos 7 anos inicia-se a irrupção dos incisivos permanentes, primeiro os centrais 
e depois os laterais e sempre os inferiores primeiro, depois os superiores. Nessa fase, para que 
ocorra a acomodação desses dentes há uma compensação e utilização dos espaços primatas que 
se fazem presentes; em arcos tipo I de Baume há ainda mais espaços para sofrerem compensações 
e, por fim, os caninos decíduos se movem para distal. Na arcada superior é possível que os 
incisivos superiores apareçam mais vestibularizados, garantindo mais espaços para sua irrupção. 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
26 
Mas mesmo com essas compensações é possível encontrar ligeiro apinhamento nessa fase, o que 
considerado normal, “apinhamento em forma de W”, que muitas vezes se autocorrige. 
Quando dentes permanentes irrompem em posição ectópica e não ocorre a exfoliação do 
decíduo, seguida de migração do dente permanente para sua posição, é indicada a exodontia do 
dente decíduo. 
Uma fase fundamental é a fase do patinho feio, que ocorre por volta dos oito anos de 
idade. Ela se caracteriza pela presença de diastemas (espaços) entre os incisivos superiores, junto 
a uma inclinação para vestibular destes e, ainda, a presença de sobremordida (trespasse vertical 
anterior reduzido) na arcada. 
Nesse período pode surgir uma distorção dos fonemas sibilantes, pois a sobremordida 
favorece essa distorção, proporcionando contatos inadequados na produção desses fonemas, o 
que favorece a elevação da parte média da língua, que fica mais alta que o normal, ocasionando 
a saída de ar lateralmente com a impressão acústica de um chiado durante a produção desses sons 
(CUNHA, 2015). 
A correção da “fase do patinho feio” se dá de forma fisiológica, com a irrupção dos 
caninos permanentes, corrigindo os diastemas e a vestibularização, e com a irrupção dos 
segundos molares permanentes, corrigindo a dimensão vertical e estabelecendo cobertura de 1/3 
dos incisivos inferiores por meio dos incisivos superiores. Nem sempre é indicado intervenção 
ortodôntica para corrigir essa fase. A exceção seria em caso de um comprometimento estético 
muito grande, na qual, a criança não aceita tal condição. 
O crescimento da cavidade oral e faríngea faz com que haja aumento do espaço para a 
função da língua, que se estabiliza posturalmente, não necessitando anteriorizar-se ou protruirse, 
pois o crescimento e o desenvolvimento podem corrigir a posição fisiológica da língua. 
 
Figura 19 - Fase do patinho feio – Dentição mista. Fonte: Cunha (2015). 
3.4.4 Erupção dos pré-molares e caninos 
A presença do plano terminal correto, do espaço de nance e da correta ordem de erupção 
desses dentes favorece o alinhamento desses dentes. A ordem de erupção dos inferiores são: 
primeiro o canino, depois o primeiro pré-molar, seguido do segundo pré-molar e, por fim, o 
segundo molar; quase ao mesmo tempo os superiores, que, por sua vez, seguem a seguinte ordem: 
o primeiro pré-molar, depois o segundo pré-molar, seguido do canino e, por fim, o segundo 
molar. 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
27 
Quando essa ordem não ocorre há grandes chances de desalinhamento da arcada ou, até 
mesmo, impacção dos caninos que são, de certa forma, comumente observados na prática clínica. 
Sua incidência é maior em mulheres do que em homens. 
3.5 Dentição Permanente 
3.5.1 Evolução da oclusão 
A fase da dentição permanente se inicia com irrupção de todos os dentes permanentes, 
excluindo os terceiros molares. A oclusão permanente normal é aquela em que todos os dentes 
se encontram bem posicionados em suas bases ósseas e em correta relação com seus antagonistas. 
A dentição ideal segue alguns critérios, como tamanho dos dentes, número de dentes, 
forma dos arcos, contorno dos arcos, contatos interdentários, inclinações axiais, contatos 
oclusais, curvas de oclusão dos arcos dentais, sobremordida, sobressaliência e, por fim, as chaves 
de oclusão. Todas essas características devem estar presentes na oclusão ideal e seguindo padrões 
considerados ideias. 
Em resumo a tudo isso, as chaves de oclusão servem como grande referência ao 
ortodontista para que ele possa alcançar essa oclusão ideal. 
 
Figura 20 - As seis chaves de oclusão. Fonte: o autor. 
3.6 Importância da Musculatura na Estabilidade da 
Oclusão Normal 
Toda musculatura que circunda os dentes deve ser considerada um fator determinante da 
posição dentária. As forças provenientes dos músculos que atuam como forças externas se 
anulam contra as forças dos músculos que atuam como forças internas, é o caso do musculo 
bucinador e orbicular dos lábios – força externa –, contra a língua – força interna. 
Consequentemente, os dentes sofrem com a atuação desses músculos e assumem suas posições 
quando são submetidos a essas forças. Portanto essas forças atuam constantemente nos dentes, 
regulando a posição e as funções deles. Por fim, hábitos deletérios que atuam junto a 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
28 
musculatura, como sucção não nutritiva, chupeta, por exemplo, podem levar a um desequilíbrio 
oclusal (OKESON, 1992). 
4. CRESCIMENTO CRÂNIO FACIAL PÓS-NATAL: 
CONCEITOS BÁSICOS 
4.1 Conceitos do Crescimento Craniofacial 
O crescimento e o desenvolvimento, do nascimento à idade adulta, são caracterizados por 
multiplicidade de alterações morfológicas, fisiológicas e psíquicas (CUNHA, 2015). 
Os conceitos de crescimento e desenvolvimento podem ser definidos de formas distintas. 
O crescimento é quantitativoe consiste em alterações normais, desde a concepção até a morte, e 
medido por unidade de aumento e de tempo. O desenvolvimento é definido qualitativamente, 
sendo um esforço que o organismo faz para atingir sua maturidade. Portanto o crescimento e o 
desenvolvimento não são sinônimos, mas são processos inseparáveis que ocorrem no curso da 
vida de um indivíduo (CUNHA, 2015). 
Outro processo importante relacionado ao crescimento e ao desenvolvimento craniofacial 
é a maturação, que são mudanças qualitativas que ocorrem com o amadurecimento ou a idade. 
Na ortopedia dentofacial fases importantes são reconhecidas como surto de crescimento, que 
consiste em uma grande quantidade de crescimento em um curto período de tempo. Esse 
crescimento varia de pessoa para pessoa e também em relação ao gênero, em média se inicia aos 
12,08 anos para os meninos e 10,04 anos para as meninas. Esse é um dado importante para o 
planejamento de pacientes com deficiências ortopédicas, tendo como objetivo redirecionar o 
crescimento de bases ósseas, como maxila e mandíbula, nos três sentidos de crescimento: 
vertical, anteroposterior e transverso. Logo torna-se imprescindível conhecer essa fase para 
poder atuar com os aparelhos ortopédicos. (CUNHA, 2015). Os órgãos e tecidos apresentam três 
tipos de crescimento tecidual: intersticial, aposicional e endocondral. 
4.1.1 Formação óssea endocondral 
Na ossificação endocondral, primeiro forma-se uma cartilagem. Em algumas áreas essa 
cartilagem persiste, sendo denominada cartilagem de crescimento. Essas áreas são responsáveis 
pelo crescimento, em comprimento, dos ossos longos; são as regiões entre as epífises e diáfises 
(CUNHA, 2015). 
Na formação do tecido cartilagíneo, há inicialmente um crescimento intersticial, em que 
as células mesenquimais se diferenciam em condroblastos (células formadoras de cartilagem). 
Esses condroblastos começam a produzir uma matriz cartilagínea de tal forma que ficarão, 
posteriormente, aprisionados nessa matriz, dando origem aos condrócitos. O crescimento 
intersticial ocorre quase somente na fase inicial de crescimento da cartilagem, porque depois o 
crescimento é majoritariamente aposicional – a partir dos condroblastos que se diferenciam do 
pericôndrio. Essa cartilagem, posteriormente, é invadida e substituída por tecido ósseo, 
denominado osso endocondral (CUNHA, 2015). 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
29 
4.1.2. Formação óssea intramembranosa 
Para a formação óssea membranosa há uma condensação do tecido conjuntivo 
membranoso. As células mesenquimatosas diferenciam-se em osteoblastos que produzem a 
substância óssea extracelular, denominada matriz osteoide. Essa matriz sofre calcificação, tendo 
como resultado o tecido ósseo. Esse osso neoformado é constituído pela combinação da matriz 
mineralizada e dos osteoblastos enclausurados (osteócitos) dentro dela. Os tecidos ósseos 
depositados pelo periósteo, pelo endósteo, pelas suturas e pela membrana periodontal são de 
formação intramembranosa (CUNHA, 2015). 
4.2. Mecanismos de Crescimento 
O crescimento ósseo acontece pelos mecanismos básicos de remodelação, deslizamento 
e deslocamento. A remodelação óssea consiste nos processos especializados de aposição óssea 
em um lado da superfície cortical (onde há a direção do crescimento) e de reabsorção óssea na 
superfície oposta, promovida pelos osteoblastos e osteoclastos, respectivamente. Há dois tipos 
de movimentos durante o crescimento: o deslizamento e o deslocamento. O deslizamento é o 
movimento gradual da área de crescimento ósseo, provocado pela combinação dos processos de 
aposição e reabsorção óssea (remodelação óssea). O deslocamento é o movimento de todo o osso 
como uma unidade (CUNHA, 2015). 
Conforme o osso cresce por deposição óssea em uma determinada direção, ele se desloca 
no sentido contrário, afastando-se do osso vizinho. Esse deslocamento recebe o nome de 
deslocamento primário e ocorre não por compressão de um osso contra outro, mas por uma força 
de expansão dos tecidos moles em crescimento que o recobrem. Conforme os ossos crescem, 
ocorre também outro tipo de deslocamento, chamado deslocamento secundário que se dá não 
pelo crescimento do próprio osso, mas pelo crescimento de outros ossos relacionados a ele direta 
ou indiretamente. Por exemplo, o crescimento em direção anterior da fossa craniana média e do 
lobo temporal do cérebro desloca a maxila para a frente e para baixo (CUNHA, 2015). 
 
 
Sicher, em 1947, deduziu, após muitos estudos histológicos, que as suturas eram 
responsáveis pela maior parte do crescimento facial, desenvolvendo a teoria da 
dominância sutural. Ele observou que a proliferação do tecido conjuntivo nas 
suturas resultava no afastamento dos ossos (criando espaço entre os ossos para 
o crescimento aposicional), deslocando-os na direção de menor resistência 
(CUNHA, 2015). 
 
De acordo com Scott (1953), o deslocamento para baixo e para frente da face era, 
primariamente, atribuído aos ossos da base do crânio, vômer e septo nasal (que possuem 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
30 
ossificação endocondral). A cartilagem é um tecido mais tolerante à pressão que as suturas 
vascularizadas e sensíveis e, provavelmente, possui uma maior capacidade de empurrar 
expansivamente todo o complexo nasomaxilar para baixo e para frente (CUNHA, 2015). 
Segundo Moss (1962), a determinação dos crescimentos ósseo e cartilaginoso é uma 
resposta ao crescimento intrínseco de estruturas associadas, chamadas por ele de matrizes 
funcionais, observando que o código genético para o crescimento esquelético está fora do 
esqueleto ósseo. Cada componente da matriz funcional desempenha uma função necessária, 
como respiração, mastigação e fala, enquanto os tecidos esqueléticos apoiam e protegem essas 
matrizes funcionais associadas. O tecido esquelético cresce somente em resposta ao crescimento 
dos tecidos moles e o efeito é uma translação passiva dos componentes esqueléticos no espaço 
(CUNHA, 2015). 
 Enlow (1965) desenvolveu a teoria do crescimento em V, que se baseia no princípio de 
que o crescimento sobre os extremos livres aumenta a distância entre eles mesmos. Muitos ossos 
faciais ou cranianos, ou partes de ossos, têm uma configuração em forma de V. A deposição óssea 
ocorre no lado interno do V e a reabsorção acontece na superfície externa. A direção do 
movimento está voltada para a extremidade ampla do V. Assim, crescimento e alargamento 
simultâneos se processam por adição de osso na parte interna e remoção na parte externa. A 
aplicação desse princípio pode ser feita em diversas estruturas da maxila e da mandíbula, como 
o crescimento da órbita e do palato (CUNHA, 2015). 
 De acordo com a teoria de Petrovic (1974), o crescimento das várias regiões craniofaciais 
é fruto da interação de uma série de mudanças causais e mecanismos de feedback. Petrovic, em 
seus estudos, detectou uma predeterminação não genética no comprimento final da mandíbula, 
em que a direção e a magnitude da variação do crescimento condilar foram percebidas como 
respostas quantitativas ao aumento da maxila. Essas ideias permitem um maior entendimento da 
ação dos aparelhos ortopédicos no crescimento mandibular (CUNHA, 2015). 
Nessa unidade estudamos a ortodontia desde os seus conceitos básicos, 
passando pelo desenvolvimento do organismo e suas funções até ter uma breve 
noção que os profissionais devem atuar de forma interdisciplinar e 
multidisciplinarmente. Podemos dizer que existe essa operação em conjunto? Um 
único profissional é capaz de cuidar das etiologias que podem surgir durante o 
desenvolvimento do indivíduo? 
Na ortodontia sempre dividimos a responsabilidade com vários profissionais e 
consequentemente várias especialidades, principalmente com a fonoaudiologia, 
porque o ser humano é um organismo complexo e depende de todos os 
conhecimentos disponíveis para se alcançar um diagnóstico correto seguido deum prognóstico favorável. 
 
Para aprender mais sobre a introdução a ortodontia, leia: JANSON, G.; GARIB, D. G; 
PINZAN, A.; HENRIQUES, J. F. C. Introdução a ortodontia ( Abeno). eBook Kindle. 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
31 
• Se você quer aprender mais sobre o que foi abordado nessa unidade, além de 
sanar algumas curiosidades, indica-se: VOZ E CANTO. Erupção dos dentes na 
ordem cronológica e seu desenvolvimento ao longo da vida 2016. Disponível em: 
. Acesso em: 29 nov. 2018. 
 
• Continuando sobre a erupção dentária, caso tenha curiosidade em aprender 
mais sobre os estágios de Nolla, segue o link: ODONTO DICAS - BSB. Estágios de 
Nolla - vídeo extra em comemoração aos primeiros 100 inscritos | odonto dicas 
2017. Disponível em: . 
Acesso em: 29 nov. 2018. 
 
• Se sua intenção for visualizar o sistema estomatognático em ação segue o link: 
ALEJANDRA MALDONADO. Sistema estomatognático 1 - 2018. Disponível em: 
. Acesso em: 29 nov. 2018. 
 
• Caso você tenha curiosidade em saber como os aparelhos ortodônticos são 
confeccionados, acesse o link: ETELVINA NEVES. Placa hawley - 2012. Disponível 
em: 
 . Acesso em: 29 nov. 2018. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Nessa primeira unidade introduzimos a ortodontia e ortopedia funcional dos maxilares, 
bem como o desenvolvimento de toda a área de cabeça e pescoço. Aprendemos sobre os tipos de 
ortodontia e seus momentos de atuação, bem como os tipos de aparelhos ortodônticos, mesmo 
que superficialmente. Também foi possível conhecer o sistema estomatognático e suas funções. 
Aprendemos sobre o desenvolvimento da oclusão desde a formação dentária até a dentição 
permanente, quando ocorre o amadurecimento do sistema estomatognático. E ainda foi possível 
aprender sobre o desenvolvimento e o crescimento craniano, conhecendo todo o processo 
fisiológico do desenvolvimento ósseo. 
Esse conhecimento básico se faz necessário para que os profissionais se relacionem e 
consigam alcançar um diagnóstico e, consequentemente, um prognóstico favorável na resolução 
das etiologias dos maxilares. Logo, o paciente se beneficiaria do conhecimento adquirido pelos 
profissionais e, consequentemente, o indivíduo tornaria a sua vida normalmente. 
Todo o profissional que lida com a oclusão dentária, seja ele dentista clínico, ortodontista, 
protesista, odontopediatra, fonoaudiólogo e de áreas afins deve, além de dominar suas 
especialidades, conhecer o sistema estomatognático, a oclusão e seu desenvolvimento. 
Também é essencial saber muito mais, que iremos aprender logo mais, pois torna-se 
muito importante entender um pouco do que o colega de outra área também sabe e, assim, ambos 
poderem trabalhar de forma interdisciplinar para o bem do paciente, o indivíduo maior 
interessado em tudo isso. 
 
WWW.UNINGA.BR 
32 
02U N I D A D E ENSINO A 
DISTÂNCIA 
DISCIPLINA: 
ORTODONTIA 
ETIOLOGIA, CLASSIFICAÇÃO, 
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA MÁ 
OCLUSÃO 
PROF. ME. DIOGO MARQUES SAPATA 
 
WWW.UNINGA.BR 
33 
SUMÁRIO DA UNIDADE 
INTRODUÇÃO 
...............................................................................................................................................
.............34 1. ETIOLOGIA DAS MÁS OCLUSÕES 
.......................................................................................................................35 
1.1 FATORES EXTRÍNSECOS DA MÁ OCLUSÃO 
......................................................................................................35 
1.1.1 HEREDITARIEDADE 
..........................................................................................................................................35 
1.1.1.1 INFLUÊNCIA RACIAL HEREDITÁRIA 
..............................................................................................................35 1.1.1.2 TIPO 
FACIAL HEREDITÁRIO 
..........................................................................................................................35 1.1.1.3 
INFLUÊNCIA HEREDITÁRIA NO PADRÃO DO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO 
...........................36 
1.2. MOLÉSTIAS OU DEFORMIDADES CONGÊNITAS 
............................................................................................36 
1.2.1. FISSURAS LABIAIS E PALATAIS 
.....................................................................................................................36 1.2.2. 
PARALISIA CEREBRAL 
...................................................................................................................................36 
1.2.3. TORCICOLO 
...............................................................................................................................................
......36 1.2.4. DISOSTOSE CLEIDOCRANIANA 
....................................................................................................................36 1.2.5 SÍFILIS 
CONGÊNITA 
........................................................................................................................................37 
1.2.6. FEBRES EXANTEMATOSAS 
...........................................................................................................................37 1.2.7. 
MEIO AMBIENTE 
.............................................................................................................................................3
7 
1.2.7.1 INFLUÊNCIA PRÉ-NATAL 
..............................................................................................................................37 1.2.7.2 
INFLUÊNCIA PÓS-NATAL 
.............................................................................................................................37 
 
WWW.UNINGA.BR 
34 
1.2.8 AMBIENTE METABÓLICO E ENFERMIDADES PREDISPONENTES 
............................................................37 1.2.9. DEFICIÊNCIA NUTRICIONAL 
.........................................................................................................................37 1.2.10. 
HÁBITOS E PRESSÕES ANORMAIS 
............................................................................................................38 1.2.11. POSTURA 
...............................................................................................................................................
.........38 1.2.12. ACIDENTES E 
TRAUMATISMOS................................................................................................................. ..3
8 1.2.13. FATORES INTRÍNSECOS DA MÁ OCLUSÃO 
................................................................................................38 1.2.14. ANOMALIAS DE 
NÚMERO ................................................................................................................ ...........38 
1.2.14.1 SUPRANUMERÁRIOS 
..................................................................................................................................38 
1.2.14.2 AUSÊNCIA OU AGENESIAS 
........................................................................................................................39 
1.2.15. ANOMALIA DE TAMANHO 
............................................................................................................................39 1.2.16 
ANOMALIAS DE FORMA 
................................................................................................................................39 1.2.17 
FRÊNULO LABIAL NORMAL 
.......................................................................................................................... 40 1.2.18 
PERDA PRECOCE 
...........................................................................................................................................41 
1.3 RETENÇÃO PROLONGADA DE DENTES DECÍDUOS 
........................................................................................411.4 ERUPÇÃO TARDIA DE DENTES 
PERMANENTES ............................................................................................41 
1.4.1 VIA DE ERUPÇÃO ANORMAL 
...........................................................................................................................41 1.4.2 
ANQUILOSE 
...............................................................................................................................................
......42 1.4.3 CÁRIE DENTAL 
...............................................................................................................................................
..43 1.4.4 RESTAURAÇÕES INADEQUADAS 
...................................................................................................................43 
 
WWW.UNINGA.BR 
35 
2. HÁBITOS ORAIS DELETÉRIOS 
............................................................................................................................43 
2.1 ALEITAMENTO MATERNO 
..................................................................................................................................43 2.2 
ALEITAMENTO ARTIFICIAL 
.............................................................................................................................. 44 2.3 
HÁBITOS 
...............................................................................................................................................
............ 44 2.4 HÁBITOS ANORMAIS 
........................................................................................................................................ 44 
 
WWW.UNINGA.BR 
36 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
37 
INTRODUÇÃO 
A etiologia é o estudo das causas das doenças. Má oclusão são irregularidades dentárias 
que impedem os dentes de se encaixarem corretamente. 
Compreender e classificar as más oclusões é um passo muito importante para o 
odontólogo, para o ortodontista e, também, para os profissionais envolvidos com a oclusão, como 
o fonoaudiólogo, odontopediatra, entre outros. Logo, conhecer as más oclusões é fundamental 
para se pensar em uma prevenção ou, então, em casos mais avançados, pensar em um diagnóstico 
assertivo, seguido de uma interceptação eficaz e, enfim, chegar a um prognóstico favorável, 
função que os profissionais envolvidos de forma multidisciplinar podem exercer. 
Existem muitas más oclusões possíveis, sendo elas consequências de uma deficiência no 
desenvolvimento do sistema estomatognático. Podemos considerar os hábitos deletérios um 
agente facilitador desse quadro, como, por exemplo, a sucção não nutritiva, como a chupeta, o 
dedo ou, então, podemos incluir a interposição lingual. Ainda podemos considerar o tempo de 
amamentação materna ou se o paciente é um respirador bucal e assim por diante. Esses hábitos 
serão abordados mais a frente, eles dificultam o desenvolvimento dos maxilares. 
Muitos autores estudaram as más oclusões e favoreceram os estudos, a evolução e a 
prática clínica na ortodontia (GRABER, 1996; MOYES, 1991; PROFFIT, 1995). 
O objetivo dessa unidade será explorar a etiologia das más oclusões e suas classificações 
além de explanar os conceitos de oclusão normal e anormal. Também serão demonstrados os 
dispositivos utilizados para a prevenção e tratamento dessas más oclusões. 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
38 
1. ETIOLOGIA DAS MÁS OCLUSÕES 
A etiologia das más oclusões é um tema complexo em razão dos inúmeros fatores 
envolvidos e as muitas combinações possíveis entre esses fatores, ou seja, as más oclusões 
apresentam uma etiologia multifatorial, o que dificulta o diagnóstico e o plano de tratamento. A 
grande adaptabilidade do organismo faz com que o mesmo fator etiológico cause diferentes 
efeitos em indivíduos diferentes e em idades diferentes (PROFFIT, 1995). 
1.1 Fatores Extrínsecos da Má Oclusão 
São fatores que atuam a distância, muitas vezes durante a formação do indivíduo, sendo, 
portanto, difíceis de serem controlados pelo ortodontista (VELLINI, 2002). 
 
1.1.1 Hereditariedade 
Um dos principais fatores etiológicos das más oclusões. O padrão do crescimento e 
desenvolvimento, a morfologia, o tamanho e o número de dentes são fatores que podem sofrer 
influência da hereditariedade e que podem causar má oclusão. 
1.1.1.1 Influência racial hereditária 
Em populações raciais homogêneas quase não são encontradas más oclusões, mas em 
populações heterogêneas é possível encontrá-las. Isso se deve a intensa miscigenação racial nas 
populações urbanas modernas, gerando uma alta prevalência de más oclusões e uma grande 
variedade de problemas ortodônticos (CUNHA, 2015). 
1.1.1.2 Tipo facial hereditário 
O tipo facial é o mais influenciado pela herança, sendo um fator etiológico importante. 
Existem, basicamente, três tipos faciais: 
• Braquifaciais: “face curta”, a largura facial é maior do que a altura. 
• Dolicofacial: “face comprida”, a altura facial é maior do que a largura. 
• Mesofaciais: “face equilibrada”, características intermediárias entre braqui e 
dolicofacial. 
 
Cada face possui uma forma de arco específico, bem como sua musculatura, logo, 
interferindo diretamente nos efeitos do tratamento ortodôntico. De certa forma, cada face pode 
apresentar íntima relação com uma má oclusão, por exemplo, o braqui pode apresentar uma 
sobremordida profunda e o dolicofacial pode apresentar uma mordida aberta. Já o mesiofacial 
não possui tendências de más oclusões específicas. 
 
WWW.UNINGA.BR 
ENSINO A DISTÂNCIA 
39 
1.1.1.3 Influência hereditária no padrão do crescimento e 
desenvolvimento 
Há uma grande influência hereditária sobre o padrão morfológico facial final. 
Geralmente, o indivíduo possui histórico familiar sobre determinada má oclusão, portanto a 
avaliação desse histórico deve ser levada em conta. 
Fatores ambientais também fazem parte do desenvolvimento e podem piorar ou melhorar 
as condições da oclusão. 
1.2. Moléstias ou Deformidades Congênitas 
As deformidades congênitas constituem um dos fatores etiológicos pré-natais das 
másoclusões e se caracterizam por apresentar forte relação genética. Atuam desde a formação 
intrauterina até o nascimento, apresentando manifestações clínicas ou tardias. 
1.2.1. Fissuras labiais e palatais 
As fissuras se caracterizam pela falta de fusão entre os processos palatinos e/ou dos 
segmentos que formam os lábios superiores (SPINA, 1972). Muitas complicações são 
encontradas relacionadas ao desenvolvimento do sistema estomatognático e suas funções, bem 
como graves problemas esqueléticos, funcionais, psicológicos e estéticos, com desajuste total do 
arco dental, periodontites, ausência de dentes no local da fissura, perdas precoces de dentes 
permanentes, mordidas cruzadas etc. 
 Como consequência, esses pacientes necessitam de cuidados multidisciplinares durante 
todo o crescimento e desenvolvimento (VELLINI, 2002). 
1.2.2. Paralisia cerebral 
Uma lesão craniana levando à falta de coordenação muscular pode causar distúrbios na 
função muscular ao mastigar, deglutir, respirar e falar (VELLINI, 2002). 
1.2.3. Torcicolo 
É a atrofia do músculo esternocleidomastóideo que pode causar assimetrias faciais 
decorrentes de alterações no desenvolvimento mandibular, inclusive desvio de linha média 
dentária (VELLINI, 2002). 
1.2.4. Disostose cleidocraniana 
Doença congênita, frequentemente hereditária, pode estar ligada a alterações na cavidade 
bucal. Se trata de um atraso no desenvolvimento dos ossos do crânio e da região da clavícula da 
criança, retrusão maxilar, protrusão mandibular, presença de dentes supranumerários, atraso na 
erupção dos dentes permanentes e retenção prolongada dos dentes decíduos. Raízes dos 
permanentes se apresentam curtas e finas

Mais conteúdos dessa disciplina