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<p>Bioética e Biossegurança: Aspectos Éticos</p><p>e Legais</p><p>Bioética e</p><p>Biossegurança</p><p>Diretor Executivo</p><p>DAVID LIRA STEPHEN BARROS</p><p>Gerente Editorial</p><p>ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS</p><p>Projeto Gráfico</p><p>TIAGO DA ROCHA</p><p>Autoria</p><p>PAULO HERALDO COSTA DO VALLE</p><p>AUTORIA</p><p>Paulo Heraldo Costa do Valle</p><p>Olá. Sou graduado em Fisioterapia, com mestrado e doutorado</p><p>em Fisiologia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), e uma</p><p>experiência técnica, profissional e acadêmica na área de Saúde há mais</p><p>de 25 anos.</p><p>Trabalhei em várias instituições como a Universidade de Cruz Alta</p><p>(UNICRUZ), Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande</p><p>do Sul (UNIJUI), Universidade Cidade de São Paulo (UNICID), Universidade</p><p>Gama Filho (UGF), Universidade Ibirapuera (UNIb), Universidade Nove de</p><p>Julho (UNINOVE) e Kroton Educacional.</p><p>Ainda, trabalhei como consultor ad hoc do MEC para autorização,</p><p>reconhecimento e renovação de cursos de graduação durante dez anos</p><p>e fui membro da Comissão Assessora do Curso de Fisioterapia do Exame</p><p>Nacional de Desempenho do Estudante (Enade).</p><p>Também fui membro da Comissão de Qualificação de Cursos</p><p>e da Comissão de Educação do Conselho Federal de Fisioterapia e</p><p>Terapia Ocupacional (COFFITO) e membro da Comissão de Sindicância</p><p>do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (CREFITO).</p><p>Fui vice-presidente da Associação Brasileira de Ensino em Fisioterapia e</p><p>presidente da Associação Brasileira de Ensino em Fisioterapia. Além da</p><p>Telesapiens, já produzi conteúdos para a Kroton Educacional, Editora</p><p>Guanabara Koogam, 5G Educacional, Uninter, Delinea, Must, Campanha</p><p>Nacional de Escolas da Comunidade e DPContent.</p><p>Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha experiência</p><p>de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso, trabalho</p><p>junto com a Editora Telesapiens compondo o seu elenco de autores</p><p>independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de</p><p>muito estudo e trabalho.</p><p>Conte comigo!</p><p>ICONOGRÁFICOS</p><p>Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez</p><p>que:</p><p>OBJETIVO:</p><p>para o início do</p><p>desenvolvimento</p><p>de uma nova</p><p>competência;</p><p>DEFINIÇÃO:</p><p>houver necessidade</p><p>de apresentar um</p><p>novo conceito;</p><p>NOTA:</p><p>quando necessárias</p><p>observações ou</p><p>complementações</p><p>para o seu</p><p>conhecimento;</p><p>IMPORTANTE:</p><p>as observações</p><p>escritas tiveram que</p><p>ser priorizadas para</p><p>você;</p><p>EXPLICANDO</p><p>MELHOR:</p><p>algo precisa ser</p><p>melhor explicado ou</p><p>detalhado;</p><p>VOCÊ SABIA?</p><p>curiosidades e</p><p>indagações lúdicas</p><p>sobre o tema em</p><p>estudo, se forem</p><p>necessárias;</p><p>SAIBA MAIS:</p><p>textos, referências</p><p>bibliográficas</p><p>e links para</p><p>aprofundamento do</p><p>seu conhecimento;</p><p>REFLITA:</p><p>se houver a</p><p>necessidade de</p><p>chamar a atenção</p><p>sobre algo a ser</p><p>refletido ou discutido;</p><p>ACESSE:</p><p>se for preciso acessar</p><p>um ou mais sites</p><p>para fazer download,</p><p>assistir vídeos, ler</p><p>textos, ouvir podcast;</p><p>RESUMINDO:</p><p>quando for preciso</p><p>fazer um resumo</p><p>acumulativo das</p><p>últimas abordagens;</p><p>ATIVIDADES:</p><p>quando alguma</p><p>atividade de</p><p>autoaprendizagem</p><p>for aplicada;</p><p>TESTANDO:</p><p>quando uma</p><p>competência for</p><p>concluída e questões</p><p>forem explicadas;</p><p>SUMÁRIO</p><p>Bioética: Introdução, Histórico e Conceitos..................................... 12</p><p>Introdução à Bioética .................................................................................................................... 12</p><p>Princípios da Bioética ................................................................................................................... 17</p><p>Beneficência .................................................................................................................... 18</p><p>Não Maleficência .......................................................................................................... 18</p><p>Autonomia ......................................................................................................................... 18</p><p>Justiça ou Equidade .................................................................................................. 20</p><p>Temas da Bioética .......................................................................................................................... 20</p><p>Biossegurança: Histórico, Conceito e Legislação .........................23</p><p>Histórico da Biossegurança .....................................................................................................23</p><p>Conceito sobre a Biossegurança .........................................................................................26</p><p>Legislação sobre Biossegurança .........................................................................................27</p><p>Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CNTBio) ..................................29</p><p>Principais Classes de Riscos Ocupacionais ................................................................. 31</p><p>Código de Ética do Profissional de Saúde ........................................ 33</p><p>Objetivo de Criação dos Conselhos Profissionais ...................................................33</p><p>Funções dos Conselhos da Área da Saúde ................................................................ 36</p><p>Situação Atual dos Conselhos de Classe ......................................................................37</p><p>Profissões da Área da Saúde Regulamentadas ....................................................... 39</p><p>Código de Ética Profissional ................................................................................................... 39</p><p>Organização Mundial da Saúde (OMS) ............................................................................ 41</p><p>Organização Pan-Americana da Saúde ..........................................................................42</p><p>Biossegurança em Laboratórios ...........................................................44</p><p>Normas de Biossegurança para os laboratórios ......................................................44</p><p>Programa de Segurança ........................................................................................................... 46</p><p>Avaliação e Representação de Riscos Ambientais ............................................... 48</p><p>Mapa de Riscos ............................................................................................................................... 49</p><p>Serviço Especializado de Engenharia de Segurança e em Medicina do</p><p>Trabalho ..................................................................................................................................................52</p><p>Etapas para a Elaboração do Mapa de Riscos ..........................................................52</p><p>9</p><p>UNIDADE</p><p>02</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>10</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Olá, estudante! Gostaria de convidar você a continuar este processo</p><p>de conhecimento e aprendizagem. Tenho certeza de que será muito</p><p>enriquecedor e repleto de desafios e estímulos para o seu o crescimento.</p><p>Você é o nosso convidado especial para continuar esta viagem por meio</p><p>do conhecimento. Durante esta trajetória, você irá se deparar com trilhas</p><p>muito interessantes e desafiadoras em todo este percurso. Podemos</p><p>continuar?</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>11</p><p>OBJETIVOS</p><p>Olá! Seja muito bem-vindo à Unidade 2 – Bioética e Biossegurança:</p><p>aspectos éticos e legais. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento</p><p>das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de</p><p>estudos:</p><p>1. Definir Bioética e compreender sua história e importância nos dias</p><p>de hoje.</p><p>2. Entender a Biossegurança e sua fundamentação conceitual,</p><p>compreendendo sua história e legislação.</p><p>3. Discernir sobre a ética aplicada ao profissional de Saúde, à luz do</p><p>código de ética do conselho de classe e da legislação em vigor.</p><p>4. Compreender a importância da Biossegurança em laboratórios.</p><p>Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao</p><p>conhecimento? Ao trabalho!</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>12</p><p>Bioética: Introdução, Histórico e</p><p>Conceitos</p><p>OBJETIVO:</p><p>Neste capítulo, veremos diversos conteúdos fundamentais</p><p>com relação à introdução,</p><p>um relatório contendo todos os</p><p>riscos presentes, junto com o mapa de riscos, e, posteriormente, obter a</p><p>aprovação pela CIPA.</p><p>O mapa de riscos precisa estar fixado em um local de fácil</p><p>visualização para todas os indivíduos que passam no local.</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>54</p><p>RESUMINDO:</p><p>E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo</p><p>tudo? Agora, só para termos certeza de que você realmente</p><p>entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir</p><p>tudo o que foi abordado. Diante disso, estudamos a</p><p>Biossegurança em laboratórios por meio da investigação</p><p>das normas de Biossegurança para os laboratórios, o</p><p>programa de segurança, avaliação e representação de</p><p>riscos ambientais, o mapa de riscos, o serviço especializado</p><p>de Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho e</p><p>as etapas para a elaboração do mapa de riscos. Para tanto,</p><p>aprendemos o que são os mapas de riscos, bem como</p><p>que a função primordial desses instrumentos envolve a</p><p>conscientização dos funcionários, por meio visual e de</p><p>maneira didática, sobre quais são os perigos existentes</p><p>no laboratório. Esses instrumentos visam diminuir e/ou</p><p>evitar acidentes, bem como proteger a saúde e o bem-</p><p>estar de todas as pessoas, já que, por meio do mapa, são</p><p>apresentados os riscos presentes no ambiente e o grau de</p><p>cada um. Também aprendemos como um mapa de risco</p><p>deve ser elaborado.</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>55</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P. Segurança do Trabalho: guia</p><p>prático e didático. São Paulo: Érica, 2014</p><p>HIRATA, M. H.; HIRATA, R. D. C.; MANCINI FILHO, J. Manual de</p><p>Biossegurança. 2. ed. Barueri: Manole, 2012.</p><p>SALIBA, T. M. Saúde e Segurança do Trabalho. São Paulo: LTR,</p><p>2008.</p><p>VALLE, P. H. C. do. Bioética e Biossegurança. Londrina: Editora e</p><p>Distribuidora Educacional, 2016.</p><p>VEATCH, RM. Bioética. São Paulo: Pearson, 2014.</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>_Hlk19948976</p><p>_Hlk19906033</p><p>_Hlk19907215</p><p>_Hlk19907167</p><p>_Hlk19906923</p><p>_Hlk19909632</p><p>_Hlk19874697</p><p>_Hlk19874725</p><p>_Hlk19874741</p><p>Bioética: Introdução, Histórico e Conceitos</p><p>Introdução à Bioética</p><p>Princípios da Bioética</p><p>Beneficência</p><p>Não Maleficência</p><p>Autonomia</p><p>Justiça ou Equidade</p><p>Temas da Bioética</p><p>Biossegurança: Histórico, Conceito e Legislação</p><p>Histórico da Biossegurança</p><p>Conceito sobre a Biossegurança</p><p>Legislação sobre Biossegurança</p><p>Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CNTBio)</p><p>Principais Classes de Riscos Ocupacionais</p><p>Código de Ética do Profissional de Saúde</p><p>Objetivo de Criação dos Conselhos Profissionais</p><p>Funções dos Conselhos da Área da Saúde</p><p>Situação Atual dos Conselhos de Classe</p><p>Profissões da Área da Saúde Regulamentadas</p><p>Código de Ética Profissional</p><p>Organização Mundial da Saúde (OMS)</p><p>Organização Pan-Americana da Saúde</p><p>Biossegurança em Laboratórios</p><p>Normas de Biossegurança para os laboratórios</p><p>Programa de Segurança</p><p>Avaliação e Representação de Riscos Ambientais</p><p>Mapa de Riscos</p><p>Serviço Especializado de Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho</p><p>Etapas para a Elaboração do Mapa de Riscos</p><p>histórico e conceitos muito</p><p>importantes que estão relacionados à Bioética. E então?</p><p>Motivado para desenvolver esta competência? Então</p><p>vamos lá. Força que vem muito assunto bom por aí!.</p><p>Introdução à Bioética</p><p>No ano de 1927, Fritz Jahr publicou um artigo científico em um</p><p>periódico alemão no qual foi utilizado pela primeira vez o termo “Bioética”.</p><p>Para ele, esse termo estava relacionado ao reconhecimento de obrigações</p><p>éticas, não apenas em relação ao ser humano, mas também para com</p><p>todos os seres vivos.</p><p>Quanto à sua criação na língua inglesa, foi atribuído a André</p><p>Hellergers, no ano de 1971, como uma forma para estabelecer uma área</p><p>de atuação relacionada com a reprodução humana, quando foi criado o</p><p>Instituto Kennedy de Ética.</p><p>A Bioética surgiu na segunda metade do século XX, sendo que a</p><p>sua existência decorreu das evoluções presentes no campo da Medicina</p><p>e das ciências, pois, à medida que essas áreas do saber cresceram, uma</p><p>maior atenção passou a ser destinada para as modificações envolvendo a</p><p>vida humana e a promoção do conforto humano. Além disso, as pesquisas</p><p>que faziam uso de cobaias vivas, sendo humanas ou não humanas,</p><p>tornaram-se mais frequentes.</p><p>A Segunda Guerra Mundial foi o período do qual decorreram</p><p>impactos importantes no campo da Medicina. Contudo, os métodos</p><p>empregados para a efetuação dessas descobertas não eram corretos,</p><p>tendo em vista que geravam prejuízos e danos importantes para a vida</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>13</p><p>humana, já que, em alguns casos, resultavam até na morte daqueles que</p><p>eram submetidos aos procedimentos.</p><p>Figura 1 – Joses Mengele</p><p>Fonte: Wikimedia Commons.</p><p>Um dos principais médicos a realizar experimentos e diversas</p><p>atrocidades durante a Segunda Guerra Mundial era Josef Mengele, que</p><p>ficou conhecido como o “Anjo da Morte” por ter sido bastante sádico e cruel</p><p>em seus procedimentos. Assim, gêmeos, anões e deficientes físicos eram</p><p>utilizados como cobaias na realização de certos experimentos. Apesar</p><p>da crueldade e da falta de humanidade perante os estudos efetuados,</p><p>destaca-se que muitas contribuições foram geradas para a ciência a partir</p><p>dos experimentos realizados.</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>14</p><p>Contudo, o fato de a ciência ter avançado em decorrência das</p><p>descobertas feitas por Mengele não implica dizer que isso torna as</p><p>suas ações menos reprováveis ou abomináveis, mas ressalta o quanto é</p><p>importante que se estabeleça maneiras de efetuar estudos que gerem</p><p>descobertas científicas, mas que também demonstrem preocupação</p><p>quanto ao atendimento, observância e cumprimento dos direitos</p><p>humanos e das condições mínimas de vida digna necessárias para os</p><p>seres humanos.</p><p>Assim, em decorrência das atrocidades praticadas nesse período</p><p>e que foram vivenciadas nos campos de concentração nazistas, foi</p><p>estabelecida a Bioética, com a intenção de problematizar as pesquisas</p><p>científicas e as técnicas médicas visando destinar e estabelecer proteção</p><p>à vida em seus diversos aspectos, seja a vida humana ou dos animais.</p><p>A Bioética é uma palavra de origem grega em que “bios” significa</p><p>vida e “ethos” significa ética.</p><p>DEFINIÇÃO:</p><p>A Bioética é definida como o estudo transdisciplinar das</p><p>Ciências Biológicas e da Saúde, da Ética e do Direito, tendo</p><p>como principal finalidade investigar todas as situações em</p><p>que estão envolvidas a vida humana, animal ou vegetal.</p><p>Nessa perspectiva, a Bioética pode ser compreendida como o</p><p>campo da Filosofia que se baseia na fundamentação ética do tratamento</p><p>da vida, nas suas consequências e nos aspectos que se relacionam com</p><p>ela. Assim, a Bioética é marcada pela interdisciplinaridade. Dessa forma, a</p><p>Bioética se relaciona tanto com a Filosofia quanto com o Direito e com as</p><p>Ciências Humanas, tendo em vista que busca fornecer respostas acerca</p><p>da justa manipulação e do tratamento adequado para a vida dos seres.</p><p>Diante desse contexto, as preocupações e o foco da Bioética se</p><p>destinam às diversas formas da vida humana, pois ela envolve diversas</p><p>possibilidades, incluindo o avanço da Medicina e da ciência presentes no</p><p>século XX.</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>15</p><p>O avanço de outra área da ciência digna de destaque e que se</p><p>relaciona de forma direta com a ética faz menção à Engenharia Genética,</p><p>sendo que esse campo foi capaz de proporcionar importantes debates,</p><p>já que, por meio dele, grandes possibilidades de interferência humana</p><p>científica passaram a existir e a serem registradas.</p><p>Diante desse contexto, a discussão de temáticas como a eutanásia</p><p>e a clonagem se tornou mais frequente e séria, pois as experiências nos</p><p>laboratórios passaram por uma expansão importante. Outra temática que</p><p>merece atenção são aquelas relativas à eutanásia e ao aborto, já que,</p><p>por meio delas, debates de grande relevância e de caráter interdisciplinar</p><p>surgiram envolvendo áreas como o Direito, a Medicina e a religião. Assim,</p><p>tais assuntos acabam destacando a presença de algumas divergências a</p><p>depender da ótica sob a qual seja estudado e discutido.</p><p>Figura 2 – Ascensão do vegetarianismo</p><p>Fonte: Pixabay.</p><p>Com o passar dos anos, novas e interessantes temáticas também</p><p>passaram a ganhar força. Uma prova disso é que, por volta das décadas</p><p>de 1980 e 1990, as questões envolvendo o vegetarianismo e o veganismo</p><p>se tornaram mais conhecidas e uma maior atenção passou a ser dada</p><p>para os animais. Diante dessa perspectiva, a Bioética também passou a</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>16</p><p>abranger os estudos vinculados ao direito dos animais, ultrapassando as</p><p>questões acerca do consumo de carne e abordando também a utilização</p><p>dos animais em testes de cosméticos e no âmbito da ciência, como os</p><p>experimentos presentes nos laboratórios.</p><p>Assim, a importância da Bioética fica ainda mais clara à medida que</p><p>a sociedade é tão marcada por um caráter científico, pois é necessária a</p><p>presença de amparo teórico que seja capaz de solucionar determinados</p><p>problemas. Além disso, a Bioética também é utilizada com a intenção de</p><p>que seja fornecido o devido aparato intelectual, sendo fundamental para</p><p>que discussões justas possam ser propagadas sobre determinado tema.</p><p>Como se relaciona com a Filosofia, é correta a afirmação de que</p><p>nem sempre a Bioética chegará a propor respostas e soluções para as</p><p>questões levantadas em suas pautas de discussão, mas que é válida para</p><p>que ocorra o debate sobre temáticas importantes e aprofundadas acerca</p><p>da vida e dos fatos que podem afetá-la.</p><p>A ampliação da Bioética no mundo não ocorreu de forma</p><p>homogênea, sendo observada inicialmente nos Estados Unidos e na</p><p>Europa. Já no Brasil, a ampliação ocorreu apenas na década de 1990, por</p><p>meio da proposta que reuniu as várias áreas do conhecimento em volta</p><p>da ética em saúde.</p><p>Atualmente, a América Latina e, principalmente, o Brasil, tem</p><p>grande contribuição para a composição do pensamento bioético mundial,</p><p>apresentando diversas publicações na área.</p><p>A Bioética está envolvida especificamente com a abordagem</p><p>dos conflitos morais e éticos na saúde. Desse modo, o Relatório</p><p>Belmont, publicado no ano de 1978, foi editado por meio da Comissão</p><p>Nacional para a Proteção de Pessoas Humanas na Pesquisa Biomédica</p><p>e Comportamental, sendo conceituado como o primeiro a organizar a</p><p>utilização sistemática de princípios.</p><p>Diversos são os autores que destinam a atenção e decidem trabalhar</p><p>nessa área do saber, assim, na atualidade, dentre os autores de maior</p><p>importância, merecem destaque o filósofo Tom L. Beauchamp e o filósofo</p><p>James F. Childress, sendo que, em conjunto, eles escreveram o livro</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>17</p><p>“Princípios de ética biomédica”, o qual apresenta os princípios bioéticos</p><p>tidos como básicos e que têm como inspiração as questões relativas</p><p>aos sistemas éticos de filósofos, sendo que, nesse campo, destacam-se</p><p>autores como Kant e Mill.</p><p>Além desses atores, também é digno de destaque Peter Singer, um</p><p>filósofo importante que atuava na Universidade de Princeton. Dentre as</p><p>suas obras</p><p>principais, merece destaque a denominada “Ética prática”, a</p><p>qual é incumbida de problematizar questões vinculadas ao campo da ética,</p><p>levando em consideração a capacidade delas de causar interferências</p><p>para a vida humana. Também é responsável por efetuar análise acerca de</p><p>questões polêmicas, como aquelas que envolvem o aborto e a eutanásia.</p><p>Esse autor também destinou atenção à proteção dos direitos dos animais,</p><p>e a obra foi denominada Libertação animal.</p><p>Princípios da Bioética</p><p>Os princípios da Bioética são divididos atualmente em quatro itens</p><p>e estão relacionados às discussões, decisões, procedimentos e ações,</p><p>como apontado na Figura 3.</p><p>Figura 3 – Princípios da Bioética</p><p>Fonte: Elaborada pelo autor (2022).</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>18</p><p>Beneficência</p><p>O princípio da beneficência apresenta uma relação quanto à busca</p><p>por uma excelência profissional. Você pode observar essa busca, por</p><p>exemplo, por meio do juramento de Hipócrates: “usarei o tratamento para</p><p>ajudar os doentes, de acordo com minha habilidade e julgamento e nunca</p><p>o utilizarei para prejudicá-los”.</p><p>O juramento de Hipócrates abrange todas as profissões da área da</p><p>Saúde, ou seja, é obrigação de todo profissional da Saúde sempre fazer</p><p>o bem para todos os pacientes, utilizando todos os seus conhecimentos</p><p>e habilidades, devendo sempre maximizar os benefícios e minimizar os</p><p>riscos e procurando alcançar o melhor tratamento e prevenção para todas</p><p>as doenças, por meio de um equilíbrio físico e emocional.</p><p>Não Maleficência</p><p>Este princípio é considerado o mais controverso dos quatro</p><p>princípios, tendo como pressuposto que é dever de todo profissional da</p><p>saúde não fazer qualquer mal a outro indivíduo, não causando danos ou</p><p>colocando-o em risco. O fato de não se pensar em fazer o mal, por si só, já</p><p>é um ato de bondade para o outro. Você está convidado para refletir nesse</p><p>momento, uma vez que muitas das intervenções tanto diagnósticas como</p><p>terapêuticas que estão presentes na saúde, em muitos casos, acabam</p><p>apresentando um certo risco.</p><p>A maior justificativa em todos esses casos está relacionada aos</p><p>casos em que existe uma certa expectativa quanto ao benefício esperado</p><p>em função dessa avaliação ou exame ser maior que a possibilidade de</p><p>risco, justificando, portanto, a sua ação.</p><p>Autonomia</p><p>Neste princípio, está envolvido o poder de decisão que o indivíduo</p><p>tem com relação a si próprio e que cada ser humano deve ter a sua</p><p>liberdade resguardada e garantida.</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>19</p><p>Em função desse princípio, o ser humano que é adulto e tem plena</p><p>consciência terá sempre o direito de decidir o que pode ser realizado ou</p><p>não no seu próprio corpo.</p><p>Existem duas condições que podem ser consideradas fundamentais</p><p>para que o indivíduo possa exercer sua autonomia: ter sempre a capacidade</p><p>de agir de forma intencional, compreendendo e tendo as condições</p><p>necessárias para decidir dentre todas as alternativas apresentadas, como</p><p>também a liberdade de decisão para todo e qualquer procedimento.</p><p>Este princípio, na prática, obriga que todo profissional da Saúde</p><p>deva apresentar para todos os seus pacientes as informações necessárias</p><p>para que eles consigam entender todos os seus problemas, garantindo</p><p>que, em função dessas informações, tenham condições para tomar as</p><p>suas decisões.</p><p>Na área da Saúde, existe um documento denominado “consentimento</p><p>informado”, o qual significa a representação dessa interação entre o</p><p>profissional e o paciente, que, após a leitura e a explicação completa</p><p>sobre os procedimentos, deve assinar confirmando o seu consentimento,</p><p>o que significa a sua decisão voluntária de submissão para todos os</p><p>procedimentos que forem necessários.</p><p>Figura 4 – Poder de decisão do paciente</p><p>Fonte: Freepik.</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>20</p><p>Justiça ou Equidade</p><p>Neste princípio, está envolvida a organização de todos os deveres</p><p>e benefícios sociais de uma forma coerente e apropriada para todos os</p><p>indivíduos que fazem parte de uma determinada sociedade, devendo</p><p>ser garantindo para cada um o seu direito. É fundamental evidenciar que</p><p>a equidade é diferente da igualdade. A igualdade é aplicada quando</p><p>queremos nos referir a situações iguais, idênticas ou equivalentes</p><p>para todos os indivíduos e para todas as situações. Já a equidade está</p><p>diretamente ligada ao julgamento imparcial, com retidão e justiça.</p><p>SAIBA MAIS:</p><p>Para se aprofundar um pouco mais na origem da Bioética,</p><p>faça a leitura do artigo Bioética: origens e complexidade”,</p><p>do Professor Doutor em Ciências Médicas José Roberto</p><p>Goldim, disponível aqui.</p><p>A Bioética, ao ser aplicada para o setor público, deve proteger a</p><p>vida e a integridade de todos os indivíduos, evitando, portanto, qualquer</p><p>forma de discriminação, marginalização ou a segregação social, o que</p><p>significa que todos os indivíduos devem ter os mesmos direitos. Porém,</p><p>infelizmente, no dia a dia das pessoas, esse princípio muitas vezes não é</p><p>respeitado, sendo observado, por exemplo, pacientes que ficam meses</p><p>em uma fila de espera para serem atendidos em uma consulta ou, ainda,</p><p>para uma intervenção cirúrgica.</p><p>Temas da Bioética</p><p>Aprendemos que assuntos polêmicos são abordados e discutidos</p><p>pelo campo da ética, assim, tendo em mente esse entendimento,</p><p>passaremos a apresentar algumas das suas principais característica,</p><p>destacando a importância da Bioética nesses campos.</p><p>A relação médico e paciente, bem como cientista e cobaia, envolve</p><p>os princípios da Bioética, tendo em vista que tanto o médico quanto o</p><p>cientista ocupam uma posição de autoridade nesse cenário, enquanto os</p><p>pacientes e a cobaia são, de certa forma, hipossuficientes nessa relação.</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>https://www.ufrgs.br/bioetica/complex.pdf</p><p>21</p><p>Já quanto ao aborto, a discussão gira em torno da sua permissividade</p><p>no campo da legalidade, sendo que em alguns países a prática é tida</p><p>como legal pelo ordenamento jurídico; em outros, é proibida; e, em alguns,</p><p>são apresentadas condições e hipóteses para a sua permissão. Também é</p><p>campo de debate para aqueles que apoiam e permitem ou intencionam</p><p>permitir o aborto até quantas semanas a gestação pode ser interrompida</p><p>sem que sofrimento seja causado ao feto e para que o sofrimento da mãe</p><p>seja evitado.</p><p>Nessa perspectiva, Singer, que é um dos principais autores da</p><p>Bioética, atualmente entende que o aborto deve ser feito até a 12ª semana</p><p>de gestação, pois, até então, o feto não tem atividade cerebral e, portanto,</p><p>não é senciente. Assim, não sofrerá em decorrência da prática do aborto.</p><p>Desse modo, como as questões relativas ao aborto são debatidas,</p><p>aquelas que envolvem o uso das células-tronco embrionárias também</p><p>o são, tendo em vista o quanto elas são importantes para o avanço de</p><p>certas áreas da ciência, como aquelas que envolvem o tratamento de</p><p>doenças de caráter degenerativo. Diante disso, a utilização dessas aulas</p><p>pode estar relacionada ao princípio da utilidade na Bioética.</p><p>Outro tema bastante conhecido e polêmico para a Bioética e</p><p>que também se destaca em seu caráter interdisciplinar faz menção à</p><p>eutanásia e ao suicídio assistido. A eutanásia envolve a prática de encerrar</p><p>a vida de quem está sofrendo ou de quem não tem chances de recuperar</p><p>uma vida digna. Mas no suicídio assistido, a própria pessoa que está em</p><p>sofrimento busca e opta por uma morte digna para que o sofrimento que</p><p>está enfrentando seja cessado.</p><p>A eutanásia também é foco de debate no campo do direito animal,</p><p>tendo em vista que é prática com a intenção de diminuir o sofrimento de</p><p>animais doentes ou que tenham sofrido acidentes e que, em decorrência</p><p>disso, não possam recuperar uma vida considerada digna.</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>22</p><p>RESUMINDO:</p><p>Ao longo do presente capítulo, aprendemos alguns dos</p><p>principais aspectos acerca da Bioética. Assim, aprendemos</p><p>que a Bioética é o ramo do saber que tem como intenção a</p><p>fundamentação ética do tratamento da vida em seus mais</p><p>variados aspectos. Além disso, a Bioética</p><p>é marcada por</p><p>sua interdisciplinaridade, já que também se relaciona com</p><p>áreas como o Direito, a Medicina e as Ciências Humanas,</p><p>dentre outras. Estudamos que os princípios relativos à</p><p>Bioética são: o princípio da não maleficência, o princípio</p><p>da beneficência, o princípio da autonomia e o princípio da</p><p>justiça, tendo sido abordadas as principais características</p><p>acerca de cada um deles. Também discutimos algumas</p><p>das temáticas de maior relevância e que estão vinculadas</p><p>à Bioética, como: o aborto, assuntos que envolvam médico</p><p>e paciente, cientista e cobaia, utilização das células-tronco</p><p>embrionárias, eutanásia e suicídio assistido, dentre outros.</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>23</p><p>Biossegurança: Histórico, Conceito e</p><p>Legislação</p><p>OBJETIVO:</p><p>Neste capítulo, veremos o histórico da Biossegurança,</p><p>seu conceito e legislação. Além disso, vamos conhecer</p><p>a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança e as</p><p>principais classes de riscos ocupacionais. E aí? Motivado</p><p>para desenvolver esta competência? Força! Você consegue!</p><p>Temos muito conteúdo legal pela frente.</p><p>Histórico da Biossegurança</p><p>No período de 1940 a 1950, diversos cientistas realizavam pesquisas</p><p>com infecções humanas por meio de vírus e bactérias obtidos nos locais</p><p>de trabalho pela exposição direta ou indireta a um agente infeccioso.</p><p>Figura 5 – Biossegurança</p><p>Fonte: Freepik.</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>24</p><p>Na década de 1940, nos Estados Unidos, o governo</p><p>começou um programa no Forte Detrick cujo objetivo</p><p>era se prepara para uma possível guerra biológica. Eles</p><p>estavam bastante preocupados com a possibilidade da</p><p>Alemanha nazista utilizar foguetes como um veículo para</p><p>uma guerra biológica durante a Segunda Guerra Mundial</p><p>(HIRATA; HIRATA; MANCINI FILHO, 2012).</p><p>Por esse motivo, foi construído, no Forte Detrick, o primeiro local</p><p>para o estabelecimento de um espaço de segurança destinado ao</p><p>trabalho com os agentes biológicos.</p><p>Nessa perspectiva, o conceito de Biossegurança começou a ser</p><p>construído de forma mais marcante e forte por volta de 1970, época em</p><p>que houve o surgimento da Engenharia Genética. O procedimento tido</p><p>como pioneiro nesse campo envolveu a transferência e a expressão do</p><p>gene da insulina para a bactéria Escherichia coli.</p><p>Por meio dessa experiência, uma forte comoção foi criada no âmbito</p><p>da comunidade mundial de ciência, tendo como resultado a Conferência de</p><p>Asilomar, que ocorreu em 1974, na Califórnia. Por meio dessa conferência,</p><p>foram estabelecidas as primeiras normas de Biossegurança do Instituto</p><p>Nacional de Saúde dos Estados Unidos da América, tendo como intenção</p><p>emitir um alerta quanto às questões envolvendo a tecnologia de DNA</p><p>recombinante.</p><p>A partir desse momento, outros países passaram a entender a</p><p>imprescindibilidade de normas dessa natureza, sendo esse o “pontapé”</p><p>inicial para o estabelecimento de legislações e regulamentações das</p><p>atividades acerca da Engenharia Genética e que envolvam esse campo</p><p>de forma direta ou indireta.</p><p>Já por volta de década de 1980, a Organização Mundial de Saúde</p><p>(OMS) conceituou a Biossegurança como práticas relativas à prevenção</p><p>para o trabalho em laboratório com agentes patogênicos, demonstrando</p><p>também a preocupação com a determinação dos riscos de caráter</p><p>químicos, físicos, biológicos, radioativos e ergonômicos. Posteriormente,</p><p>foram incluídos os assuntos envolvendo a presença da ética na pesquisa,</p><p>Meio Ambiente, animais e processos relativos à tecnologia de DNA</p><p>recombinante no âmbito da Biossegurança.</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>25</p><p>No Brasil, esse campo só foi implementando e dotado de uma</p><p>maior estabilização em 1970 e 1980, em decorrência do registro de uma</p><p>quantidade expressiva de relatos graves envolvendo infecções presentes</p><p>nos laboratórios e de uma maior preocupação com questões como a</p><p>manipulação de animais, plantas e microrganismos, além do impacto que</p><p>esses podem promover ao homem e ao Meio Ambiente como um todo.</p><p>Em decorrência dos avanços presentes nesse campo do saber, em</p><p>1995, foi criada a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, que é</p><p>incumbida de estabelecer normas relativas às atividades que envolvem</p><p>a construção, o cultivo, a liberação, o consumo, o armazenamento, a</p><p>comercialização e o descarte relacionados a esse campo, visando ainda</p><p>promover a minimização dos riscos vinculados à Biossegurança. Essa</p><p>comissão apresenta vínculo com o Ministério da Ciência e Tecnologia,</p><p>sendo composta de membros com caráter titular e suplente, que</p><p>pertençam e visam atender às áreas humana, animal, vegetal e ambiental.</p><p>Diante do exposto, tendo como intenção educar e promover uma</p><p>conscientização acerca da temática que gira em torno da Biossegurança,</p><p>os membros que são selecionados pela CTNBio são incumbidos de visitar</p><p>as instituições públicas e privadas uma ou duas vezes ao ano. Durante</p><p>essas visitas, são efetuados seminários e discussões com as equipes que</p><p>compõem as instituições e apresentação dos artigos atuais envolvendo a</p><p>Biossegurança.</p><p>Por sua vez, em fevereiro de 2002, foi criada a Comissão de</p><p>Biossegurança em Saúde (CBS), integrante e parte do Ministério da Saúde.</p><p>Essa comissão tem como objetivo principal a definição de estratégias</p><p>voltadas para a atuação, a avaliação e o acompanhamento das ações</p><p>relativas à Biossegurança. Na tentativa de alcançar essa finalidade,</p><p>busca alcançar o melhor entendimento entre o Ministério da Saúde e as</p><p>instituições que demonstram interesse e preocupação quanto à temática</p><p>em questão, ou seja, a Biossegurança.</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>26</p><p>Conceito sobre a Biossegurança</p><p>A Biossegurança é definida como a execução de várias ações que</p><p>estão voltadas para a prevenção e proteção dos indivíduos, devido aos</p><p>riscos gerados em função dos agentes químicos e físicos, à redução dos</p><p>riscos envolvidos com as atividades de pesquisa, ensino, desenvolvimento</p><p>tecnológico e à realização dos serviços, tendo em vista a saúde do</p><p>homem, dos animais, a preservação do Meio Ambiente e a qualidade dos</p><p>resultados.</p><p>Uma das principais funções da Biossegurança é a geração</p><p>de um ambiente biológico seguro para os indivíduos e os</p><p>profissionais que estão envolvidos com uma determinada</p><p>situação (HIRATA; HIRATA; MANCINI FILHO, 2012).</p><p>Esse é um tema fundamental já que os profissionais da Saúde em</p><p>alguma situação podem estar expostos a esses agentes biológicos, por</p><p>isso, é imprescindível que o ambiente de trabalho seja seguro e com a</p><p>devida proteção, para que esses profissionais não adquiram vários tipos</p><p>de enfermidades (contaminação física, química ou biológica), assim como</p><p>também evitar os acidentes de trabalho.</p><p>Diante desse contexto, a Biossegurança exerce um papel de</p><p>extrema relevância quando o assunto é promover a saúde, levando em</p><p>consideração o fato de envolver o controle das infecções para que ocorra</p><p>a proteção dos trabalhadores, pacientes e Meio Ambiente como um todo,</p><p>com a intenção de que sejam reduzidos os prejuízos e os danos relativos</p><p>aos riscos envolvendo a saúde.</p><p>Uma particularidade do Brasil quanto à definição de Biossegurança</p><p>faz menção ao fato de que, além da conceituação do aspecto geral</p><p>relativo a esse termo, também há o conceito vinculado à ideia de</p><p>Biossegurança legal, sendo que esse conceito faz menção à manipulação</p><p>dos organismos que são geneticamente modificados e as células-tronco.</p><p>Outro aspecto importante quanto ao conceito de Biossegurança faz</p><p>menção aos princípios que estão presentes nessa área, que envolvem:</p><p>• Análise de riscos.</p><p>• Uso de equipamentos de segurança.</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>27</p><p>• Técnicas e práticas de laboratório.</p><p>• Estrutura física dos ambientes de trabalho.</p><p>• Descarte apropriado de resíduos.</p><p>• Gestão administrativa dos locais de trabalho em Saúde.</p><p>Legislação sobre Biossegurança</p><p>O ano de 1984 é considerado o ano do surgimento da Biossegurança.</p><p>Porém, foi somente no ano de 1995 que a Lei da Biossegurança foi</p><p>sancionada no Brasil.</p><p>A seguir, veremos algumas</p><p>datas muito importantes e que estão</p><p>relacionadas à Biossegurança no Brasil.</p><p>Em 1984, foi realizado o I Workshop de Biossegurança em</p><p>Laboratórios e, em 1986, foi realizada a primeira avaliação sobre os riscos</p><p>em laboratório pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ).</p><p>As pesquisas com Biossegurança na década de 1990 começaram</p><p>a ser voltadas para a tecnologia com o Ácido Desoxirribonucleico (DNA)</p><p>recombinante, o qual ficou conhecido como o primeiro projeto de ações</p><p>envolvidas com a Biossegurança por meio do Ministério da Saúde junto</p><p>com o núcleo de Biossegurança.</p><p>No Brasil, a primeira legislação a dispor sobre a Biossegurança</p><p>foi implementada por meio da Resolução nº 1, do Conselho Nacional</p><p>de Saúde, sendo datada de 1988, as quais foram aprovadas como</p><p>pertencentes ao campo da pesquisa e da saúde. Contudo, apenas em</p><p>1995 essa resolução foi formatada em lei, por meio da Lei nº 8.974, de 05</p><p>de janeiro de 1995, e do Decreto-Lei nº 1.752, 20 de dezembro de 1995.</p><p>Em 1992, uma conferência de extrema relevância para o campo da</p><p>Biossegurança foi realizada no Rio de Janeiro, denominada de Conferência</p><p>das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que contou</p><p>com a participação de 178 países reunidos com a intenção de debater</p><p>medidas acerca da degradação ambiental. Por meio dessa conferência,</p><p>foi firmado e estabelecido o Protocolo de Cartagena de Biossegurança,</p><p>que só entrou em vigor em 2003. Tal protocolo é fundamental, já que é</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>28</p><p>um acordo internacional dotado da intenção de estabelecer normas e</p><p>diretrizes acerca da movimentação de Organismos Vivos Modificados.</p><p>No dia 05 de janeiro de 1995, foi promulgada a Lei nº</p><p>8.974/1995, denominada de Lei Brasileira da Biossegurança.</p><p>Ela trouxe as especificações para o trabalho com DNA no</p><p>Brasil, incluindo a pesquisa, a produção e a comercialização</p><p>de organismos geneticamente modificados (OGMs), como</p><p>objetivo de cuidar da saúde do homem, dos animais e do</p><p>Meio Ambiente (HIRATA; HIRATA; MANCINI FILHO, 2012).</p><p>No dia 20 de dezembro de 1995, por meio do Decreto</p><p>nº 1.752, de 20 de dezembro de 2005, foi formalizada a</p><p>proposta para a criação da Comissão Técnica Nacional de</p><p>Biossegurança (CTNBio), definindo as suas habilidades no</p><p>âmbito do Ministério da Ciência e Tecnologia.</p><p>O ano de 1996 ficou conhecido como um marco histórico em que</p><p>foi divulgado um manual com o esclarecimento sobre o manuseio de</p><p>sangue, líquidos e fluidos corporais e a influência de um controle por meio</p><p>dos padrões universais e precauções relacionadas à rota da transmissão.</p><p>No ano de 1999, foi constituída a Associação Nacional de</p><p>Biossegurança (ANBio). Nesse ano, também houve o I Congresso</p><p>Brasileiro de Biossegurança, composto de um grupo de cientistas voltados</p><p>para a difusão de todos os avanços tecnológicos modernos e com os</p><p>seus mecanismos de controle que são primordiais para a incorporação</p><p>tecnológica e a preservação da biodiversidade.</p><p>Essa associação reúne profissionais de diversos setores, como:</p><p>biólogos, biomédicos, engenheiros agrônomos, engenheiros de</p><p>alimentos, farmacêuticos, químicos, médicos, enfermeiros, nutricionistas,</p><p>fisioterapeutas, arquitetos, advogados, dentre outros.</p><p>Já no ano 2000, houve a introdução da disciplina de Biossegurança</p><p>nos currículos universitários na grande maioria dos cursos da área da</p><p>Saúde.</p><p>Por sua vez, uma mudança importante foi implementada em 2005,</p><p>tendo em vista que, nesse ano, a Lei nº 8.974/1995 foi revogada pela Lei</p><p>nº 11.105, de 24 de março de 2005, tendo essa sido a responsável por</p><p>instituir as normas de segurança e de métodos de fiscalização que fazem</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>29</p><p>menção às atividades relativas aos OGMs e àquelas que derivam delas,</p><p>tendo em vista a promoção da proteção adequada para a saúde humana,</p><p>animal, vegetal e do Meio Ambiente.</p><p>Por meio dessa legislação de 2005, foi criado o Conselho Nacional</p><p>de Biossegurança (CNBS) e imposta a criação da Comissão Interna</p><p>de Biossegurança (CIBio) relativa às entidades de ensino, incluindo</p><p>aquelas que fazem menção à pesquisa científica e ao desenvolvimento</p><p>tecnológico e pertencentes à produção industrial que fazem uso das</p><p>técnicas de Engenharia Genética ou das pesquisas cabíveis aos OGMs.</p><p>Além disso, a Lei nº 11.101/2005 também foi a incumbida de reestruturar a</p><p>CTNBio e apresentar disposições importantes acerca da Política Nacional</p><p>de Biossegurança (PNB).</p><p>Nessa perspectiva, passou ao CNBS a responsabilidade pela</p><p>Política Nacional de Biossegurança, sendo também o Conselho Nacional</p><p>de Biossegurança o incumbido de estabelecer diretrizes e dotado do</p><p>poder de decisão de última instância, abordando ainda as decisões sobre</p><p>a conveniência e as oportunidades relativas aos OGMs.</p><p>Comissão Técnica Nacional de</p><p>Biossegurança (CNTBio)</p><p>Por meio da aprovação da Lei nº 11.105, de 25 de março de 2005,</p><p>foi revogada a Lei nº 8.974, de 5 de janeiro de 1995. Assim, foi criada a</p><p>Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CNTBio), cujo mandato do</p><p>presidente é de dois anos, podendo ser renovado por igual período, e</p><p>designado pelo Ministro da Ciência e Tecnologia.</p><p>A finalidade foi garantir uma assistência técnico-consultiva e o</p><p>assessoramento para o governo Federal com a proposta de desenvolver</p><p>a formulação, a atualização e a implementação da Política Nacional de</p><p>Biossegurança associada aos Organismos Geneticamente Modificados</p><p>(OGMS).</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>30</p><p>Figura 6 – Diferenças entre os conselhos e comissões de Biosseguranças</p><p>Fonte: Elaborada pelo autor (2022).</p><p>Um fator importante e que merece destaque é a diferença</p><p>estabelecida entre CTBNBio, CNBS e a CIBio. Nessa perspectiva, a</p><p>CTNBio é formada por especialistas pertencentes a diversas áreas que</p><p>a biotecnologia engloba. Assim, essa comissão é incumbida do controle</p><p>de pesquisas que são realizadas a partir de organismos geneticamente</p><p>modificados, avaliando a segurança e os riscos de tais OGMs.</p><p>Já o CNBS, que é o Conselho Nacional de Biossegurança, é a</p><p>comissão responsável pela avaliação da CTNBio, cabendo a ele julgar se</p><p>a OGM é interessante economicamente e favorável ao país.</p><p>Por fim, a CIBio é a Comissão Interna de Biossegurança, sendo a</p><p>comissão que deve ser criada por qualquer entidade com a intenção de</p><p>utilizar métodos de Engenharia Genética. Assim, a cabe a essa comissão</p><p>a responsabilidade de elaborar e de divulgar as normas, assim como</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>31</p><p>tomar decisões quanto a assuntos específicos que façam menção a</p><p>instituições de procedimentos de segurança e levando em consideração</p><p>as disposições relativas às normas da CTNBio.</p><p>Principais Classes de Riscos Ocupacionais</p><p>Assim, antes que se fale nas principais classes de risco, é</p><p>necessário que haja a compreensão daquilo que é risco e do que pode</p><p>ser enquadrado como pertencente a essa definição. Portanto, o risco pode</p><p>ser compreendido como uma condição de natureza biológica, química ou</p><p>física que represente uma espécie de dano ao trabalhador, ao paciente</p><p>ou ao Meio Ambiente.</p><p>Como estamos falando da Biossegurança, também é importante</p><p>destacar que devem ser levados em consideração aqueles riscos</p><p>de caráter biológico, tendo em vista que os maiores fatores de risco</p><p>ocupacional são partes importantes das normas pertencentes ao campo</p><p>da Biossegurança, sendo que elas irão abordar questões relativas aos</p><p>procedimentos de armazenamento, esterilização e proteção, seja essa de</p><p>caráter individual ou coletivo.</p><p>Os principais riscos ocupacionais são: físicos, químicos, biológicos,</p><p>ergonômicos e de acidentes.</p><p>Figura 7 – Principais classes de riscos ocupacionais</p><p>Fonte: Elaborada pelo autor (2019).</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>32</p><p>• Físicos: ruídos, vibrações, radiações ionizantes e não ionizantes,</p><p>temperaturas extremas e umidade.</p><p>• Químicos: poeira, fumo, neblinas, névoas, gases e vapores,</p><p>explosivos inflamáveis, corrosivos, irritantes, tóxicos e</p><p>cancerígenos.</p><p>•</p><p>Biológicos: vírus, bactérias, protozoários, parasitas, insetos e</p><p>organismos geneticamente modificados.</p><p>• Ergonômicos: esforço físico ou cargas excessivas, produtividade</p><p>ou ritmo de trabalho excessivo, postura inadequada e jornada de</p><p>trabalho prolongada.</p><p>• Acidentes: arranjo físico e iluminação adequada, equipamentos</p><p>inadequados, defeituosos ou sem proteção, sobrecarga de</p><p>eletricidade, incêndio ou explosão e armazenamento de material</p><p>inadequado.</p><p>RESUMINDO:</p><p>Ao longo do presente capítulo, pudemos aprender alguns</p><p>dos principais conceitos relativos à Biossegurança, sendo</p><p>que ela pode ser compreendida como o conjunto de</p><p>normas, técnicas e equipamentos que têm como intenção</p><p>prevenir a exposição dos profissionais pertencentes ao</p><p>âmbito da saúde, laboratórios e do Meio Ambiente, seja de</p><p>aspectos químicos ou biológicos. Também aprendemos</p><p>que os princípios da Biossegurança envolvem a análise</p><p>de riscos, o uso de equipamentos de segurança, técnicas</p><p>e práticas de laboratórios, a estrutura física dos ambientes</p><p>de trabalho, o descarte apropriado de resíduos e a gestão</p><p>administrativa dos locais de trabalho em saúde. Além disso,</p><p>estudamos quais são os conselhos e as comissões relativas</p><p>à Biossegurança presentes no Brasil, bem como quais são</p><p>as principais legislações acerca dessa temática presente no</p><p>ordenamento jurídico brasileiro.</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>33</p><p>Código de Ética do Profissional de Saúde</p><p>OBJETIVO:</p><p>Neste capítulo, veremos como foram criados os conselhos</p><p>profissionais da Saúde, bem como suas respectivas funções.</p><p>Ainda, conheceremos a atual situação dos conselhos de</p><p>classe, as profissões da área da Saúde regulamentadas, o</p><p>código de de ética profissional, a Organização Mundial da</p><p>Saúde (OMS) e, por último, a Organização Pan-Americana</p><p>da Saúde. E então? Motivado para desenvolver mais esta</p><p>competência? Continue assim. Logo, colherá excelentes</p><p>resultados!.</p><p>Objetivo de Criação dos Conselhos</p><p>Profissionais</p><p>O propósito da criação de todos os conselhos profissionais da</p><p>Saúde foi regularizar, regulamentar e fiscalizar todos os profissionais</p><p>que trabalham na área da Saúde, além da representação política das</p><p>classes, operando junto com o Poder Legislativo, ministérios, secretarias</p><p>e conselhos de Saúde, somados ao empenho de todas as instâncias.</p><p>Figura 8 – Conselhos da área da Saúde</p><p>Fonte: Freepik.</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>34</p><p>As corporações de ofício surgiram durante a Idade Média com a</p><p>intenção de regulamentar as profissões e o processo produtivo artesanal</p><p>presentes nas cidades nessa época. Desse modo, era atribuído uma</p><p>espécie de controle da técnica de produção das mercadorias com a</p><p>intenção de que determinados objetivos garantissem a qualidade dos</p><p>produtos e dos serviços que estivessem sendo oferecidos.</p><p>No Mediterrâneo e no Extremo Oriente, também consta a presença</p><p>de corporações dotadas dessa natureza. Como prova disso, existem as</p><p>determinações presentes no Código de Hamurabi.</p><p>No Brasil, as corporações profissionais começaram a surgir por volta</p><p>de 1930, tendo como intenção atender aos interesses e às necessidades</p><p>dos setores relacionados aos profissionais liberais e organizados e visavam</p><p>ao atendimento das necessidades vinculadas à classe média.</p><p>Assim, durante a ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas,</p><p>diversos direitos e progressos foram obtidos no campo do Direito</p><p>Trabalhista. Durante esse período, buscou-se a construção de um Estado</p><p>Nacional a partir do estímulo da criação de corporações. Isso promoveu</p><p>o fortalecimento das carreiras no âmbito do serviço público, que, dessa</p><p>forma, ficaram marcadas como corporações estatizadas.</p><p>Diante desse cenário, a partir da década de 1950, os conselhos</p><p>profissionais ganharam um destaque ainda mais especial, tendo em</p><p>vista que foi nesse momento que o processo de regulamentação das</p><p>profissões no Brasil ficou mais concreto. Assim, tornou-se imprescindível</p><p>que fosse determinada a forma de disciplinar, normalizar e fiscalizar a</p><p>atividade profissional de determinadas categorias.</p><p>Os avanços presentes no campo das corporações profissionais são</p><p>vistos de forma marcante no Brasil, tendo em vista que já existem mais de 30</p><p>conselhos profissionais, englobando cerca de 50 profissões. É importante</p><p>destacar que nem toda profissão tem um conselho, dessa forma, ainda</p><p>que a profissão seja regulamentada por lei, a criação do seu conselho</p><p>não é obrigatória e ela pode existir e ser legal independentemente da</p><p>existência da corporação relativa à sua profissão.</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>35</p><p>Detalha-se ainda que determinados conselhos ressaltam a</p><p>necessidade do atendimento de alguns critérios. Portanto, existem</p><p>corporações que indicam a necessidade de um curso superior específico,</p><p>enquanto outras não ressaltam essa necessidade.</p><p>Alguns exemplos de conselho profissionais bastante conhecidos</p><p>envolvem profissões como: Enfermagem, Medicina, advogados,</p><p>contadores, nutricionistas, engenheiros, arquitetos, economistas, dentre</p><p>outras.</p><p>Nessa perspectiva, destaca-se as seguintes profissões e os seus</p><p>respectivos conselhos:</p><p>• Administradores – Conselho Federal de Administração (CFA) e</p><p>Conselhos Regionais (CRA).</p><p>• Arquitetos e urbanistas – Conselho de Arquitetura e Urbanismo do</p><p>Brasil (CAU/BR) e Conselhos Regionais (CAU/UF).</p><p>• Enfermeiros e obstetrizes: Conselho Federal de Enfermagem</p><p>(Cofen) e Conselhos Regionais (Coren).</p><p>• Advogados – Ordem dos Advogados do Brasil Nacional (OAB) e</p><p>Ordem dos Advogados do Brasil Seccional (OAB do respectivo</p><p>estado de atuação).</p><p>• Bibliotecários – Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB) e</p><p>Conselhos Regionais (CRB).</p><p>Desse modo, salienta-se que o conselho de classe profissional</p><p>pode ser compreendido como a organização formada por meio dos</p><p>trabalhadores pertencentes a uma determinada profissão. Além</p><p>de representar a classe, também é responsável por representar e</p><p>regulamentar a atividade profissional, apresentando os limites da atuação</p><p>e fiscalização do exercício da profissão, assim como a orientação e o</p><p>registro dos profissionais.</p><p>Seguindo o exemplo mencionado acima, os profissionais do campo</p><p>da advocacia efetuam o seu registro na Ordem dos Advogados do Brasil</p><p>(OAB), enquanto os enfermeiros e técnicos de Enfermagem recorrem ao</p><p>Conselho Regional de Enfermagem (Coren) com essa intenção.</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>36</p><p>Em outras palavras, os conselhos de classe são as instituições</p><p>formadas por profissionais pertencentes à cada profissão, sendo que a</p><p>diretoria será eleita pelos associados que representarão os interesses da</p><p>classe em questão. Diante dessa perspectiva, os conselhos profissionais</p><p>são dotados de natureza jurídica de autarquias especiais. Por isso, têm</p><p>autonomia regulatória e financeira e, dentre as suas funções principais,</p><p>estão os atos relativos ao registro, fiscalização e disciplina das profissões</p><p>regulamentadas.</p><p>Assim, cada conselho profissional tem o seu Conselho Federal,</p><p>com sede em Brasília ou no Rio de Janeiro, no caso dos conselhos mais</p><p>tradicionais e antigos, havendo ainda os conselhos regionais, que são</p><p>localizados nos estados aos quais pertencem.</p><p>Quanto à legislação atrelada a esses conselhos, verifica-se que há</p><p>uma lei destinada para a fiscalização de cada uma dessas profissões. Esse</p><p>processo depende de delegação feita pela União e, consequentemente,</p><p>todos dependem de supervisão contábil e financeira do Tribunal de Contas,</p><p>levando em consideração o disposto no artigo 71, II, da Constituição da</p><p>República Federativa do Brasil de 1988.</p><p>Funções dos Conselhos da Área da Saúde</p><p>Está a cargo dos Conselhos Profissionais a fiscalização do exercício</p><p>profissional, sendo destinado às instituições de natureza jurídica e</p><p>federativa, que têm independência administrativa e financeira sustentadas</p><p>pelas colaborações de cada profissional inscrito e habilitado para o</p><p>exercício profissional.</p><p>Os conselhos devem fiscalizar o exercício profissional,</p><p>desempenhando,</p><p>em juízo e fora dele, os interesses gerais e individuais</p><p>dos profissionais e garantindo uma boa execução de todos os serviços</p><p>prestados à sociedade.</p><p>Nos regimes democráticos no mundo, os conselhos profissionais</p><p>devem contribuir para o desenvolvimento dos mecanismos de controle</p><p>social e para a democratização das políticas públicas, precisando estar</p><p>em concordância com o projeto ético-político profissional a um projeto</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>37</p><p>social maior e devendo ser um agente fundamental na construção e</p><p>consolidação de uma sociedade mais democrática.</p><p>A partir da década de 1980, os conselhos estão mais relacionados</p><p>às diferentes lutas da sociedade, com uma grande atuação na construção</p><p>coletiva dos espaços democráticos de defesa das políticas públicas,</p><p>colaborando para a institucionalização de princípios democráticos da</p><p>Constituição Federal de 1988.</p><p>Os conselhos profissionais da Saúde têm dado preferência para</p><p>as ações envolvidas na qualificação de profissionais e trabalhadores,</p><p>procurando atingir melhores condições de trabalho, democratização</p><p>dos vínculos profissionais, atuação nos espaços de controle social,</p><p>universalização das políticas sociais, confirmação do direito ao atendimento</p><p>humanizado nos serviços públicos e incentivo à participação popular, em</p><p>união com os diversos segmentos da sociedade.</p><p>Situação Atual dos Conselhos de Classe</p><p>Os conselhos de classe atualmente têm um papel primordial</p><p>com relação à constituição de um pacto baseado na ética e nos direitos</p><p>humanos, procurando atingir a justiça social e a democracia.</p><p>Qualquer sociedade só pode evoluir por meio de sua habilidade de</p><p>rediscutir todas as suas regras, valores e códigos de conduta de maneira</p><p>plural e estruturada, permitindo as verificações entre o presente e o</p><p>passado com o objetivo de planejar o futuro.</p><p>Todas as profissões da saúde têm um decreto-lei presente em todas</p><p>as suas especificidades, o qual é válido para todo o território nacional e</p><p>específico para os portadores de diplomas expedidos por curso superior</p><p>reconhecido pelo Ministério da Educação.</p><p>Todos os decretos têm várias resoluções, as quais têm o papel de</p><p>explicar, regulamentar e determinar os padrões e conceitos quanto à</p><p>atuação, às técnicas e às proibições para cada área, além das leis que são</p><p>as responsáveis pela regulamentação de todas as profissões.</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>38</p><p>No Quadro 1, será abordada a regulamentação por meio da lei e do</p><p>decreto de todas as profissões da área da Saúde de nível superior e os</p><p>seus respectivos documentos.</p><p>Quadro 1 – Profissões da área da Saúde</p><p>PROFISSÃO LEI/DECRETOS CRIAÇÃO/REGULAMENTAÇÃO</p><p>Biologia e</p><p>Biomedicina</p><p>Lei nº 6.684/1979</p><p>Criação dos conselhos federais</p><p>e dos conselhos regionais de</p><p>Biologia e Biomedicina.</p><p>Educação Física Lei nº 9.696/1998</p><p>Regulamentação da profissão de</p><p>Educação Física.</p><p>Enfermagem Lei nº 2.604/1955</p><p>Regulamentação do exercício</p><p>profissional da Enfermagem.</p><p>Farmácia</p><p>Decreto nº</p><p>20.931/1932</p><p>Regulamentação do exercício</p><p>profissional do farmacêutico.</p><p>Fisioterapia e</p><p>Terapia Ocupacional</p><p>Decreto nº</p><p>938/1975</p><p>Criação do conselho Federal</p><p>e dos conselhos regionais de</p><p>Fisioterapia.</p><p>Fonoaudiologia Lei nº 6.965/1981</p><p>Regulamentação do exercício</p><p>profissional da Fonoaudiologia.</p><p>Medicina</p><p>Decreto nº</p><p>7.995/1945</p><p>Regulamentação do exercício</p><p>profissional da Medicina.</p><p>Medicina Veterinária</p><p>Decreto nº</p><p>20.931/1932</p><p>Regulamentação do exercício</p><p>profissional da Medicina</p><p>Veterinária.</p><p>Nutrição Lei nº 6.583/1978</p><p>Criação dos conselhos Federal e</p><p>regionais.</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor (2019).</p><p>Destaca-se, ainda, que algumas vantagens podem estar atreladas</p><p>ao pertencimento a um Conselho Profissional de Classe e fazer menção</p><p>ao caráter específico desses conselhos, pois partirão de parcerias</p><p>construídas entre os conselhos e a instituição em questão. Por exemplo,</p><p>existem conselhos que fornecem descontos em determinadas lojas e</p><p>serviços para aqueles que estão vinculados a eles e em dia com suas</p><p>funções e pagamento como associados.</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>39</p><p>Profissões da Área da Saúde</p><p>Regulamentadas</p><p>Atualmente, no Brasil, existem mais de vinte profissões da área</p><p>da Saúde que são regularizadas, sendo algumas de formação de nível</p><p>técnico, por exemplo, técnico em Radiologia, Enfermagem, auxiliar de</p><p>enfermagem, análises clínicas, prótese dentária, saúde bucal, auxiliar de</p><p>saúde bucal, dentre outras.</p><p>Código de Ética Profissional</p><p>O código de ética profissional é um documento que apresenta</p><p>várias diretrizes, tendo o objetivo de auxiliar todos os indivíduos quanto às</p><p>suas atitudes e condutas morais aceitas pela sociedade.</p><p>Figura 9 – Código de ética</p><p>Fonte: Freepik.</p><p>Nessa perspectiva, o código de ética e conduta é elaborado para</p><p>que sejam determinados padrões e normas de comportamento que</p><p>tenham como base princípios morais e éticos.</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>40</p><p>Diante disso e considerando a existência de códigos específicos para</p><p>cada profissão, o Código de Ética Médico é o responsável por determinar</p><p>quais são os princípios relativos à prática profissional e por normatizar as</p><p>relações entre médico, pacientes e familiares com outros médicos ou</p><p>pessoas que estejam vinculadas a instituições de saúde. Dessa forma,</p><p>nesses códigos, também serão apresentadas normas quanto ao sigilo e à</p><p>responsabilidade profissional.</p><p>Também é por meio desses códigos que são abordadas algumas</p><p>questões de caráter específico quanto ao exercício da Medicina. Assim,</p><p>serão regulados assuntos acerca da postura dos profissionais quando</p><p>estiverem diante de situações como doações e transplantes de órgãos,</p><p>manipulação genética, eutanásia e situações clínicas terminais, dentre</p><p>outras.</p><p>Portanto, entende-se o quanto esse código é de extrema importância</p><p>para a regulamentação de profissões vinculadas ao âmbito da saúde,</p><p>sendo essa uma preocupação que se torna ainda mais marcante quando</p><p>se pensa nos avanços técnico-científicos que acompanham a Medicina.</p><p>Por isso, destaca-se a necessidade de atualização desse documento</p><p>perante as novas necessidades e interesses do campo, bem como dos</p><p>profissionais em geral que dependem dele, tanto na cura de doenças</p><p>quanto em determinadas investigações realizadas no campo laboratorial</p><p>e experimental.</p><p>Cada uma das profissões da área da Saúde tem o seu próprio</p><p>código de ética com o objetivo de auxiliar a execução de cada uma</p><p>das profissões. Esse código de ética é escrito em decorrência das lutas,</p><p>interesses e ambições da sociedade beneficiada por todos os serviços</p><p>oferecidos pelos profissionais.</p><p>Os conceitos de éticas deontológicos determinados pelos</p><p>conselhos estão diretamente envolvidos com as leis e as normas legais</p><p>do país. Portanto, ainda que o profissional seja absolvido pelo próprio</p><p>conselho, pode ser caracterizado por ferir a lei em função de não estar</p><p>apenas realizando um descumprimento ético, mas também do dano</p><p>causado às vítimas envolvidas com essas atitudes não éticas.</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>41</p><p>A maior parte dos profissionais da área da Saúde deve estar voltada</p><p>para a promoção, reabilitação da saúde, prevenção, recuperação e</p><p>autonomia, de acordo com todos os preceitos éticos e legais existentes.</p><p>Os profissionais são componentes da equipe de saúde e devem ter</p><p>como objetivo a satisfação das demandas de saúde da sociedade e dos</p><p>princípios das políticas públicas de saúde e ambientais que permitem a</p><p>universalidade de acesso a todos os serviços de Saúde.</p><p>Organização Mundial da Saúde (OMS)</p><p>Na Cidade de Nova Iorque, no dia 07 de abril de 1948, foi criada</p><p>a Organização Mundial da Saúde, que é subordinada à Organização das</p><p>Nações Unidas, com sede em Genebra, na Suíça.</p><p>Figura 10 – Símbolo da OMS</p><p>Fonte: Pixabay.</p><p>O objetivo fundamental da organização é desenvolver ao máximo</p><p>possível a saúde em todos os povos. A saúde é caracterizada como um</p><p>estado de completo bem-estar físico, mental e social, não compreendendo</p><p>somente</p><p>a ausência de uma doença ou enfermidade.</p><p>A Organização Mundial da Saúde (OMS) é a agência pertencente à</p><p>Organização das Nações Unidas (ONU), que é especializada nas questões</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>42</p><p>médicas e de saúde, sendo o maior responsável pela definição da agenda</p><p>internacional dessa temática.</p><p>Nessa perspectiva, cabe à OMS a função de aconselhar os países</p><p>quando o assunto for questões que envolvam a saúde. Além disso, é a</p><p>responsável pela adoção das medidas ou das ações que tenham como</p><p>base os seus estudos. Assim, essa organização se preocupa com a</p><p>elaboração dos estudos e das estatísticas sobre a situação da saúde no</p><p>âmbito internacional.</p><p>Em um momento pandêmico como o vivido na atualidade e que</p><p>decorreu da covid-19, vimos o quanto o papel da OMS foi imprescindível</p><p>na implementação da calma para o cenário mundial e para o fornecimento</p><p>da explicação e do esclarecimento de algumas das questões principais</p><p>acerca do novo vírus e da maneira por meio da qual os profissionais de</p><p>Saúde e a população como um todo deviam se comportar para que</p><p>pudessem lidar com o vírus causador da covid-19 da melhor forma</p><p>possível.</p><p>Organização Pan-Americana da Saúde</p><p>No ano de 1902, foi criada a Organização Pan-Americana da Saúde</p><p>(OPAS), que é uma organização internacional especializada em saúde</p><p>e considerada a agência internacional de saúde mais antiga em todo o</p><p>mundo.</p><p>O propósito dessa agência é melhorar condições de saúde dos</p><p>países que fazem parte das Américas. A Organização Pan-Americana da</p><p>Saúde faz parte da Organização das Nações Unidas (ONU) e, atualmente,</p><p>existem escritórios em mais de 27 países e oito centros científicos.</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>43</p><p>RESUMINDO:</p><p>Ao longo deste capítulo, pudemos aprender acerca do</p><p>conselho de classes, destacando o que são esses conselhos</p><p>e qual é a sua importância. Além disso, aprendemos quais</p><p>são as funções relativas aos conselhos de classe da saúde</p><p>e a sua situação no cenário atual. Desse modo, foram</p><p>apresentados e discutidos alguns exemplos de conselhos</p><p>profissionais presentes no Brasil, bem como as vantagens</p><p>que podem estar relacionadas às pessoas associadas aos</p><p>conselhos e que efetuam o pagamento e o cumprimento</p><p>de suas obrigações de forma correta. Também vimos</p><p>o que são os códigos de ética e a importância deles –</p><p>tanto em seu caráter geral quanto no que se refere ao</p><p>âmbito da saúde – e como os profissionais dessa área se</p><p>relacionam com essa temática. Por fim, entendemos o que</p><p>é a Organização Mundial de Saúde e a Organização Pan-</p><p>Americana da Saúde.</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>44</p><p>Biossegurança em Laboratórios</p><p>OBJETIVO:</p><p>Neste capítulo, vamos entender as normas de</p><p>Biossegurança para os laboratórios, conhecer o programa</p><p>de segurança, a avaliação e a representação de riscos</p><p>ambientais, o mapa de riscos, o serviço especializado de</p><p>Engenharia de Segurança em Medicina do Trabalho e as</p><p>etapas para elaboração dos mapas de riscos. E aí? Motivado</p><p>para desenvolver esta competência? Vamos caprichar!</p><p>Agora, falta pouco, e ao final deste capítulo, você ficará</p><p>feliz por ter conseguido aprender tantas coisas importantes</p><p>acerca de nossa sociedade..</p><p>Normas de Biossegurança para os</p><p>laboratórios</p><p>As normas de Biossegurança nos laboratórios são essenciais para</p><p>prevenirem e reduzirem os riscos de os profissionais desenvolverem</p><p>doenças devido à exposição aos vários agentes que estão presentes</p><p>nesses locais.</p><p>Figura 11 – Biossegurança nos laboratórios</p><p>Fonte: Pixabay.</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>45</p><p>Em todas as circunstâncias nas quais há risco, podem ocorrer</p><p>acidentes. Em alguns casos, eles não são reversíveis, ocasionando</p><p>afastamento temporário, definitivo ou até a morte do colaborador.</p><p>Existe uma série de processos que devem ser empregados</p><p>nos laboratórios com a principal finalidade de diminuição</p><p>da exposição de todos os indivíduos a esses riscos. Esses</p><p>processes ocorrem por meio da: limpeza de materiais e</p><p>dos locais de trabalho; manipulação correta de todos</p><p>os equipamentos; manipulação correta das substâncias</p><p>químicas; manipulação correta dos materiais biológicos e</p><p>radioativos; e utilização adequada de todos os aparelhos</p><p>de proteção coletiva e individual (HIRATA; HIRATA;</p><p>MANCINI FILHO, 2012).</p><p>No Quadro 2, você verá algumas orientações fundamentais para o</p><p>planejamento e a organização de todas as atividades realizadas dentro de</p><p>um laboratório.</p><p>Quadro 2 – Orientações para o planejamento e a organização das atividades</p><p>ATIVIDADES ORIENTAÇÕES</p><p>Manuseio de</p><p>equipamentos</p><p>e instrumen-</p><p>tos</p><p>Verificar a disponibilidade e o funcionamento do equipamento,</p><p>agendar data e horário do uso dos equipamentos, deixar</p><p>disponível o protocolo de uso e limpeza dos equipamentos,</p><p>deixar disponível o manual do equipamento e o nome do</p><p>responsável para solucionar dúvidas quanto ao funcionamento</p><p>e nas emergências.</p><p>Manuseio</p><p>de vidraria</p><p>e outros</p><p>materiais</p><p>Verificar o estado de limpeza, a presença de trincas ou</p><p>rachaduras, a resistência térmica, a resistência química</p><p>e a compatibilidade com solventes e outros reagentes.</p><p>Observar a necessidade de tratamento prévio (esterilização,</p><p>descontaminação química ou biológica).</p><p>Preparo de</p><p>reagentes e</p><p>soluções</p><p>Preparar antecipadamente as quantidades necessárias,</p><p>observando as condições de armazenamento, estabilidade</p><p>e o prazo de validade. Observar se o reagente/solução</p><p>deve ser preparado apenas no momento do uso. Seguir os</p><p>procedimentos adequados de manuseio e armazenamento</p><p>dos produtos químicos, observando a compatibilidade entre</p><p>eles.</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>46</p><p>Condições de</p><p>segurança do</p><p>local</p><p>Observar a necessidade de utilização dos equipamentos de</p><p>proteção coletiva (capela de segurança química e cabine</p><p>de segurança biológica) e dos equipamentos de proteção</p><p>individual (óculos de segurança, máscaras, aventais, luvas,</p><p>dentre outros).</p><p>Sinalização</p><p>das áreas de</p><p>trabalho</p><p>Devem ser observados os sinais universais de indicação</p><p>de risco (químico, biológico e físico). Todas as atividades de</p><p>alto risco só podem ser realizadas em área restrita e bem</p><p>sinalizada. A sinalização dos materiais de combate ao incêndio</p><p>(extintores e hidrantes), saídas de emergência e rotas de fuga</p><p>para emergências devem estar indicadas.</p><p>Tempo de</p><p>execução da</p><p>atividade</p><p>Se o procedimento for bem planejado e todos os materiais</p><p>estiverem disponíveis, é possível determinar o tempo</p><p>necessário para a realização da atividade. É fundamental</p><p>lembrar que, nesses casos em que as atividades são</p><p>realizadas sem planejamento e por um período muito longo,</p><p>haverá predisposição a acidentes, que podem levar a danos</p><p>irreparáveis para a saúde dos indivíduos.</p><p>Procedimen-</p><p>tos operacio-</p><p>nais</p><p>Elaborar ou ter sempre disponível os procedimentos</p><p>necessários para a realização das atividades laboratoriais.</p><p>Os protocolos já determinados vão auxiliar na otimização</p><p>do trabalho, reduzindo o tempo utilizado para as atividades</p><p>laboratoriais, assim como o risco de acidentes.</p><p>Práticas</p><p>seguras</p><p>Todas essas recomendações devem ser conhecidas e</p><p>seguidas com a finalidade de redução da exposição aos riscos</p><p>ambientais.</p><p>Registro de</p><p>atividades</p><p>Todos os reagentes, materiais e equipamentos bem como os</p><p>resultados e as análises devem ser registrados garantindo o</p><p>armazenamento de todas as informações.</p><p>Fonte: Hirata, Hirata e Mancini Filho (2012).</p><p>Programa de Segurança</p><p>Todo laboratório deve ter um programa de segurança com o</p><p>objetivo de reduzir os riscos ambientais e prevenir acidentes, além de</p><p>um treinamento em contexto de emergência e a realização de todas as</p><p>normas de segurança em vigor.</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>47</p><p>Figura 12 – Uso de roupa apropriada no ambiente do laboratório</p><p>Fonte: Freepik.</p><p>É imprescindível que todo colaborador saiba quais são as condições</p><p>mínimas para um programa de segurança. Dentre eles, estão:</p><p>• Quantidade disponível e utilização adequada dos equipamentos</p><p>de proteção coletiva e individual.</p><p>• Realização regular dos programas</p><p>de treinamento.</p><p>• Os equipamentos de combate a incêndio precisam estar</p><p>disponíveis em todos os locais.</p><p>• Sinalização das áreas de risco e rotas de fuga.</p><p>• Manutenção de um sistema de geração de energia elétrica de</p><p>emergência.</p><p>• Elaboração e realização de um programa de prevenção de riscos</p><p>ambientais.</p><p>• Sistema de registros para todos os testes de segurança</p><p>desenvolvidos quanto ao desempenho dos equipamentos.</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>48</p><p>Avaliação e Representação de Riscos</p><p>Ambientais</p><p>A avaliação é desenvolvida com o propósito de diminuir os riscos</p><p>de manipulação dos materiais e a proteção para todos os indivíduos e</p><p>o Meio Ambiente. Todas essas informações estão fundamentadas em</p><p>função da periculosidade e/ou patogenicidade do agente. Por meio dessa</p><p>avaliação, é possível verificar o nível de Biossegurança que é necessário</p><p>para combater esses agentes.</p><p>Essa avaliação dos riscos ambientais pode ser desenvolvida pela</p><p>produção de um mapa de risco ambiental, o qual permite fazer um</p><p>diagnóstico da condição de segurança e saúde ocupacional no laboratório.</p><p>Figura 13 – Exemplo de mapa de risco</p><p>Fonte: Wikimedia Commons.</p><p>A confecção do mapa de risco ambiental deve ser executada por</p><p>meio dos membros da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes</p><p>(CIPA), estando fundamentada na Norma Regulamentadora nº 5 (NR 5).</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>49</p><p>SAIBA MAIS:</p><p>Para que você consiga entender com detalhes todas as</p><p>funções dessa comissão dentro de um laboratório, leia</p><p>na íntegra a Norma Regulamentadora nº 5 (NR 5), que</p><p>é específica para a Comissão Interna de Prevenção de</p><p>Acidentes (CIPA), clicando aqui.</p><p>Mapa de Riscos</p><p>O mapa de riscos deve ser elaborado por meio da utilização da</p><p>planta baixa do local. Todos os riscos precisam ser representados por</p><p>meio de cores e círculos padronizados, conforme você pode observar no</p><p>Quadro 3.</p><p>Quadro 3 – Descrição das cores utilizadas para delimitar riscos em um laboratório</p><p>COR UTILIZAÇÃO</p><p>Branca</p><p>Delimitar áreas isoladamente ou combinadas com a</p><p>cor preta.</p><p>Amarela Indicar “Atenção” ou “Cuidado”.</p><p>Alaranjada</p><p>Identificar partes móveis de máquinas e</p><p>equipamentos.</p><p>Vermelha</p><p>Indicar equipamentos e os aparelhos de proteção e</p><p>combate ao incêndio, além das rotas de fuga e da</p><p>saída de emergência.</p><p>Púrpura</p><p>Indicar os perigos provenientes de radiações</p><p>eletromagnéticas penetrantes e de partículas</p><p>nucleares.</p><p>Verde</p><p>Indicar dispositivos de segurança como chuveiros de</p><p>emergência, lava-olhos, caixas de primeiros socorros</p><p>e caixas com materiais para situações de emergência</p><p>(máscaras contra gases).</p><p>Azul Indicar equipamentos fora de uso.</p><p>Preta Indicar coletores de esgoto ou lixo.</p><p>Fonte: Hirata, Hirata e Filho (2012)</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr5.htm</p><p>50</p><p>Classificação dos principais riscos ocupacionais</p><p>Conforme Hirata, Hirata e Mancini Filho (2012), a classificação dos</p><p>principais riscos ocupacionais ocorre por meio das seguintes formas:</p><p>Figura 14 – Classificação dos riscos</p><p>Fonte: Elaborada pelo autor (2022).</p><p>• Físicos – ruído, vibração, radiações ionizantes e não ionizantes,</p><p>temperaturas extremas e umidade.</p><p>• Químicos – poeiras, fumo, neblinas e névoas; gases e vapores,</p><p>explosivos, inflamáveis, corrosivos, irritantes, tóxicos, cancerígenos.</p><p>• Biológicos – vírus, bactérias, protozoários, parasitas, insetos e</p><p>organismos geneticamente modificados.</p><p>• Ergonômicos – esforços físicos ou carga de peso excessiva,</p><p>produtividade ou ritmo de trabalho excessivo, postura inadequada,</p><p>jornada de trabalho prolongada, monotonia e repetitividade.</p><p>• Ergonômicos – esforços físicos ou carga de peso excessivos,</p><p>produtividade ou ritmo de trabalho excessivo, postura inadequada,</p><p>jornada de trabalho prolongada, monotonia e repetitividade.</p><p>• Acidentes – arranjo físico e iluminação adequada, equipamentos</p><p>inadequados, defeituosos ou sem proteção, sobrecarga de</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>51</p><p>eletricidade, risco de incêndio ou explosão, armazenamento de</p><p>materiais inadequados.</p><p>Salienta-se que cada um desses riscos pode estar associado a uma</p><p>cor. Assim, a cor verde é utilizada para os riscos físicos, enquanto a cor</p><p>vermelha faz menção aos riscos químicos. Por outro lado, o marrom é</p><p>relativo aos riscos biológicos, o amarelo tende a ser vinculado aos riscos</p><p>ergonômicos e o azul é relativo aos riscos de acidentes. As informações</p><p>acerca das cores adotadas devem estar presentes em uma legenda no</p><p>mapa de risco, deixando claro o que está presente nesse campo e as</p><p>informações que ele deseja transmitir.</p><p>Diante do exposto, esse mapa consiste em uma representação</p><p>gráfica em que é apresentado o layout do laboratório e indicando quais</p><p>são os tipos e os graus de riscos presentes nesse ambiente. Nesse sentido,</p><p>a função primordial do mapa de risco se relaciona à conscientização e à</p><p>promoção da informação para os funcionários sobre os perigos presentes</p><p>no laboratório, sendo que, nesse mapa, as informações são passadas de</p><p>forma visual e didática.</p><p>Outra função importante e que está vinculada à relevância do mapa</p><p>de riscos se refere ao fato de que, por meio do mapa, é possível que</p><p>acidentes sejam evitados ou tenham as suas consequências minimizadas.</p><p>Portanto, é capaz de promover uma maior proteção à saúde e promoção</p><p>do bem-estar para todas as pessoas, considerando que as informações</p><p>gerais sobres os perigos e os riscos já terão sido apresentadas e estarão</p><p>concentradas em um mesmo espaço.</p><p>Assim, é por meio desse mapa de risco que os funcionários e</p><p>aqueles que fazem uso do laboratório, ou que apenas o visitam, tomam</p><p>conhecimento acerca daquilo a que estão sendo expostos e, a partir</p><p>dessas informações, podem tomar as devidas precauções quanto aos</p><p>danos que podem ser promovidos a sua saúde.</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>52</p><p>Serviço Especializado de Engenharia de</p><p>Segurança e em Medicina do Trabalho</p><p>Ao elaborar o mapa de riscos, é necessário que exista um suporte</p><p>por parte do Serviço Especializado de Engenharia de Segurança e em</p><p>Medicina do Trabalho (SESMT), de acordo com a Norma Regulamentadora</p><p>nº 4 (NR 4).</p><p>SAIBA MAIS:</p><p>Para saber mais, leia na íntegra a Norma Regulamentadora</p><p>nº 4 (NR 4), que apresenta todas as informações sobre o</p><p>Serviço Especializado de Engenharia de Segurança e em</p><p>Medicina do Trabalho (SESMT), disponível aqui.</p><p>Etapas para a Elaboração do Mapa de</p><p>Riscos</p><p>As etapas utilizadas para a confecção do mapa de riscos são:</p><p>• Conhecer todos os processos e procedimentos do laboratório.</p><p>• Identificar todos os riscos ambientes presentes no local.</p><p>• Determinar as medidas de controle existentes e a sua eficácia.</p><p>• Verificar a existência de levantamentos ambientais anteriores</p><p>pertencentes ao mesmo local.</p><p>• Elaborar o mapa de riscos na planta baixa com a identificação de</p><p>todos os tipos de riscos.</p><p>A elaboração do mapa de riscos pode ser realizada por meio de</p><p>seis etapas.</p><p>1ª etapa</p><p>É fundamental avaliar os quatro elementos: elemento humano</p><p>(pessoal do laboratório), processo (todas as atividades desenvolvidas) e</p><p>material (instrumentos e materiais utilizados) e o ambiente (laboratório).</p><p>Bioética e Biossegurança</p><p>http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr4.htm</p><p>53</p><p>2ª etapa</p><p>Devem ser avaliados todos os riscos presentes de acordo com o</p><p>quadro 3 e analisados os efeitos e os danos à saúde.</p><p>3ª etapa</p><p>Devem ser definidas quais serão as medidas preventivas de proteção</p><p>coletiva e individual e a estruturação das atividades no laboratório.</p><p>4ª etapa</p><p>É essencial que sejam levantados quais são os indicadores de</p><p>saúde por meio das informações registradas, como: acidentes de trabalho</p><p>mais comuns, doenças ocupacionais identificadas, faltas e/ou ausência</p><p>ao trabalho.</p><p>5ª etapa</p><p>Devem ser verificados todos os levantamentos ambientais</p><p>realizados anteriormente. Durante esta avaliação, devem ser realizadas</p><p>toda as medições e o registro de todos os riscos ambientais.</p><p>6ª etapa</p><p>Nesta etapa, deve ser preparado</p>