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Resumo de contratos

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1 DIREITO CIVIL III (CONTRATOS) – RESUMO
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS
* CONCEITO: o contrato é a mais comum e importante fonte de obrigação. Tem natureza jurídica de negócio jurídico bilateral ou plurilateral, uma vez que, seu aperfeiçoamento depende de duas ou mais manifestações de vontade.
Pode ser definido, segundo Beviláqua, como o acordo de vontades para o fim de adquirir, resguardar, modificar ou extinguir direitos. Sempre, pois, que um negócio jurídico resultar de um mútuo consenso, de um encontro de duas vontades, estaremos diante de um contrato.
* NATUREZA JURÍDICA DOS CONTRATOS: 
Os contratos têm natureza jurídica de negócio jurídico bilateral. 
- DISTINÇÃO ENTRE NEGÓCIO JURÍDICO BILATERAL E UNILATERAL: 
Negócio jurídico é a declaração da vontade privada destinada a produzir efeitos que o agente pretende e o direito reconhece, quais sejam, a constituição, modificação ou extinção de relações jurídicas. 
Dentre as possíveis classificações os negócios jurídicos dividem-se em unilaterais e bilaterais. A diferença substancial entre eles reside no fato de que aqueles se aperfeiçoam pela manifestação de uma única vontade, ao passo que estes decorrem de acordo de mais de uma vontade, e tem no contrato o seu símbolo. (Exemplo de negócio jurídico unilateral: testamento, promessa de recompensa, renúncia à herança, etc; Negócio jurídicos bilaterais: contratos em geral).
* REQUISITOS DE VALIDADE DO CONTRATO: 
O contrato, como qualquer outro negócio jurídico, sendo uma de suas espécies, igualmente exige para a sua existência legal o concurso de alguns elementos fundamentais, que constituem condições de sua validade. Os requisitos são de duas espécies: de ordem geral ou de ordem especial.
Os de ordem geral são aqueles comuns a todos os atos e negócios jurídicos, como a capacidade do agente, o objeto lícito, possível, determinado ou determinável, e a forma prescrita ou não defesa em lei (art. 104 CC).
Os requisitos de ordem especial são aqueles peculiares das relações contratuais que é o consentimento recíproco ou acordo de vontades. O consentimento deve ser livre e espontâneo, sob pena de ter a sua validade afetada pelos vícios ou defeitos do negócio jurídico: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude.
* PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO CONTRATUAL: 
O direito contratual rege-se por diversos princípios dentre os quais, os mais importantes são: autonomia da vontade, da função social do contrato, da obrigatoriedade das cláusulas contratuais, da relatividade dos efeitos do contrato, da revisão ou onerosidade excessiva, e da boa-fé objetiva.
PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE: esse princípio está designado no início da redação do art. 421 do CC. 
Consiste na prerrogativa conferida aos particulares de criarem relações jurídicas desde que se submetam às regras impostas pela lei e que seus fins coincidam com o interesse geral ou não o contradigam. Essa liberdade abrange o direito de contratar se quiserem, com quem quiserem e sobre o que quiserem, ou seja, o direito de contratar e de não contratar, de escolher a pessoa com quem fazê-lo e de estabelecer o conteúdo do contrato. Têm as partes a faculdade de celebrar ou não contratos, sem qualquer interferência do Estado. O princípio da autonomia da vontade serve de fundamento para a celebração dos contratos atípicos.
PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO: tem previsão também no art. 421 do CC, e é oriundo do princípio da socialidade, que norteou o Código Civil de 2002.
A concepção social do contrato apresenta-se, modernamente, como um dos pilares da teoria contratual. A função social do contrato serve precipuamente para limitar a autonomia da vontade quando tal autonomia esteja em confronto com o interesse social e este deva prevalecer, ainda que essa limitação possa atingir a própria liberdade de não contratar.
A função social dos contratos nada mais é do que a ideia de que um contrato não pode atender apenas o interesse das partes, deve atender a um interesse maior da coletividade. É por isso que o Estado interfere em algumas situações, limitando a liberdade de contratar, adequando os contratos aos interesses das partes e aos valores sociais.
PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DAS CLÁUSULAS CONTRATUAIS: esse princípio representa a força vinculante do contrato. Pelo principio da autonomia da vontade, ninguém é obrigado a contratar, entretanto, os que o fizerem, sendo o contrato válido e eficaz, devem cumpri-lo, não podendo se forrarem às suas consequências, a não ser com a anuência do outro contraente.
Esse princípio tem por fundamento a necessidade de segurança nos negócios jurídicos, e a intangibilidade ou imutabilidade dos contratos, decorrente da convicção de que o acordo de vontades faz lei entre as partes (pacta sunt servanda).
Esse princípio consagra a ideia de que o contrato, uma vez celebrado observando os preceitos legais, torna-se obrigatório entre as partes, que dele não podem desistir, salvo nas hipóteses previstas em lei. Dessa forma, o contrato vincula as partes criando entre elas um espécie de lei privada, livremente constituída por eles, dando origem a expressão latina “pacta sunt servanda”, ou seja, o contrato faz lei entre as partes.
PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS EFEITOS DO CONTRATO: funda-se na ideia de que os efeitos do contrato só se produzem em relação às partes, àqueles que manifestaram a sua vontade, vinculando-os ao seu conteúdo, não afetando terceiros nem seu patrimônio.
Esse princípio tem algumas exceções, como a estipulação em favor de terceiro, e a promessa de fato de terceiro.
PRINCÍPIO DA REVISÃO OU ONEROSIDADE EXCESSIVA: também tida por cláusula “rebus sic stantibus”. Essa teoria constitui exceção ao princípio da obrigatoriedade contratual e traz a ideia de que a impossibilidade da prestação decorrente do caso fortuito ou força maior não é a única forma de uma das partes se liberar do liame contratual.
Encontra amparo legal no art. 478 do CC que traz a chamada resolução do contrato por onerosidade excessiva, que se dá quando a prestação de uma das partes torna-se excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimento extraordinário e imprevisível, o que dá a possibilidade de pedir a resolução do contrato.
PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA: esse princípio exige que as partes se comportem de forma correta não só durante as tratativas, como também durante a formação e o cumprimento do contrato. Guarda relação com o princípio de direito segundo o qual ninguém pode beneficiar-se da própria torpeza.
A probidade mencionada no art. 422 do CC, nada mais é senão um dos aspectos objetivos do princípio da boa-fé, podendo ser entendida como a honestidade de proceder ou a maneira criteriosa de cumprir todos os deveres, que são atribuídos ou cometidos à pessoa.
OBS: boa-fé objetiva é agir positivo, regra de conduta, de comportamento. Boa-fé subjetiva é agir negativo e denota um estado psicológico (exemplo: omitir). 
- CONCEITOS CORRELATOS À BOA-FÉ OBJETIVA: 
Venire contra factum próprio: protege uma parte contra aquela que pretende exercer uma posição jurídica em contradição com o comportamento assumido anteriormente.
Supressio: um direito não exercido durante determinado lapso de tempo não poderá mais sê-lo, por contrariar a boa-fé.
Surrectio: é a outra face da supressio. Acarreta o nascimento de um direito em razão da continuada prática de certos atos.
Tu quoque: proíbe que uma pessoa faça contra outra o que não faria contra si mesmo, consistindo em aplicação do mesmo princípio inspirador do exceptio non adimpleti contractus.
Duty to mitigate the loss: dispõe que o princípio da boa-fé objetiva deve levar o credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo.
* INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS: 
As regras básicas de interpretação do contrato encontram-se nos arts. 112, 113 e 114 do CC. Pelo que dispõe o art. 112 maiS vale a intenção das partes do que a literalidade do contrato. O art. 113 reforça a incidênciado princípio da confiança na relação contratual.
DA FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
A formação dos contratos passa por três momentos: negociações preliminares, proposta e aceitação.
* NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES: o contrato resulta de duas manifestações de vontade: a proposta e a aceitação. Na maior parte dos casos a oferte é antecedida de uma fase, às vezes prolongada, de negociações preliminares caracterizada por sondagens, conversações, estudos e debates, também denominada fase das tratativas. Nessa, como as partes ainda não manifestaram a sua vontade, não há uma vinculação ao negócio, assim, qualquer delas pode afastar-se, simplesmente alegando desinteresse, sem responder perdas e danos.
Embora as negociações preliminares não gerem, por si mesmas, obrigações para qualquer dos participantes, elas fazem surgir, entretanto, deveres jurídicos para os contraentes, decorrentes da incidência do princípio da boa-fé, sendo os principais os deveres de lealdade, correção, de informação, de proteção, de cuidado e de sigilo. A violação desses deveres durante o transcurso das negociações, é que gera a responsabilidade do contraente. Essa responsabilidade ocorre, pois não no campo da culpa contratual, mas da aquiliana, somente no caso de um deles induzir no outro a crença de que o contrato será celebrado, levando-o a despesas ou a não contratar com terceiro etc. e depois recuar causando-lhe dano. Essa responsabilidade tem, porém, caráter excepcional.
* PROPOSTA: trata-se de um negócio jurídico unilateral, constituindo elemento da formação contratual. Pode-se dizer então, que proposta, oferta, policitação ou oblação, é uma declaração receptícia da vontade, dirigida por uma pessoa a outra, por força da qual a primeira manifesta sua intenção de se considerar vinculada , se a outra parte aceitar.
A proposta deve conter todos os elementos essenciais do negócio proposto, como preço, quantidade, tempo de entrega, forma de pagamento, etc. Deve também ser séria e consciente, pois vincula o proponente (art. 427 CC).
A oferta é um negócio jurídico receptício, pois a sua eficácia depende da declaração do oblato. Não tem, entretanto, força absoluta, gerando desde logo direitos e obrigações.
- A FORÇA VINCULANTE DA OFERTA (ART. 427 CC): a obrigatoriedade da proposta consiste no ônus, imposto ao proponente, de mantê-la por certo tempo a partir de sua efetivação e de responder por suas consequências, por acarretar no oblato uma fundada expectativa da realização do negócio.
OBS: a morte intercorrente do proponente não a desfaz, que se insere como elemento passivo da herança. A proposta se transmite aos herdeiros como qualquer outra obrigação.
- PROPOSTA NÃO OBRIGATÓRIA : as exceções à força vinculante da oferta encontram-se na segunda parte do art. 427 do CC.
A oferta não obriga o proponente, em primeiro lugar, se contiver cláusula expressa a respeito. É quando o próprio proponente declara que não é definitiva e se reserva o direito de retirá-la. Não advirá nenhuma consequência para o proponente se optar por revogá-la, visto que estará usando uma faculdade que a si mesmo reservou.
Em segundo lugar, a proposta não obriga o proponente em razão da natureza do negócio. É o caso, por exemplo, das chamadas propostas abertas ao público, que se consideram limitadas ao estoque existente e encontram-se reguladas no art. 429 do CC.
Por último, a oferta não vincula o proponente em razão das circunstâncias do caso, mencionadas no art. 428 do mesmo diploma, que declara que a proposta deixa de ser obrigatória:
I – Se feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita: quando o solicitado responde que irá estudar a proposta feita por seu interlocutor, poderá este retirá-la. Se o oblato não responde logo, dando pronta aceitação, caduca a proposta, liberando o proponente.
Presente é aquele que conversa diretamente com o policitante, ainda que os interlocutores estejam em lugares distintos. Enfim, a proposta é feita entre presentes quando há possibilidade de simultaneidade na conversa do proponente e do oblato. É o chamado tempo real, que pode se dar não só pela conversa, mas também pelo telefone, Messenger, etc.
II – Se feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente: uma pessoa não é considerada ausente para esse fim por estar distante do outro contraente, mas sim devido a inexistência de contado direto. 
III – Se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado: se foi fixado prazo para a resposta, estará liberado, não prevalecendo a proposta feita.
IV – Se antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente: a lei permite ao proponente a faculdade de retratar-se, ainda que não haja feito ressalva nesse sentido. Todavia, para que se desobrigue, e não se sujeite às perdas e danos, é necessário que a retratação do agente chegue ao conhecimento do aceitante antes da proposta ou simultaneamente com ela.
* ACEITAÇÃO: 
Aceitação ou oblação é a concordância com os termos da proposta. É a manifestação de vontade imprescindível para que se repute concluído o contrato, ou ainda, consiste na formulação da vontade concordante do oblato, feita dentro do prazo e envolvendo adesão integral à proposta recebida.
Para produzir o efeito de aperfeiçoar o contrato a aceitação deve conter os seguintes requisitos (art. 431 CC): deve ser feita dentro do prazo estipulado, bem como corresponder a uma adesão integral aos termos da proposta, sem que hajam adições, restrições, ou modificações, do contrário, importarão em nova proposta.
A aceitação pode ser expressa ou tácita. A primeira decorre de declaração do aceitante, manifestando a sua anuência; a segunda, de sua conduta, reveladora do consentimento (art. 432 CC).
HIPÓTESES DE PERDA DA FORÇA VINCULANTE DA ACEITAÇÃO: 
Nessas hipóteses a manifestação de vontade do aceitante deixa de ter força vinculante:
- Se a aceitação, embora expedida a tempo, por motivos imprevistos, chegar tarde ao conhecimento do proponente (art. 430, primeira parte, CC).
- Se antes da aceitação, ou com ela, chegar ao proponente a retratação do aceitante (art. 433 CC).
* MOMENTO DA CONCLUSÃO DO CONTRATO: 
CONTRATO ENTRE PRESENTES: 
 Nesse o contrato for celebrado entre presentes, a proposta poderá estipular ou não prazo para a aceitação. Se o policitante não estabelecer nenhum prazo, esta deverá ser manifestada imediatamente, sob pena de a oferta perder a força vinculativa. Se, no entanto, a policitação estipulou prazo, a aceitação opera-se dentro dele, sob pena de desvincular-se o proponente. 
No contrato entre presentes, as partes estarão vinculadas na mesma ocasião em que o oblato aceitar a proposta. Nesse momento caracterizou-se o acordo recíproco de vontades e, a partir dele, o contrato começará a produzir efeitos jurídicos.
CONTRATO ENTRE AUSENTES: 
 Contrato celebrado entre ausentes é aquele em que não há possibilidade de comunicação simultânea entre os contraentes, não havendo a comunicação em tempo real. É feito através de meios de comunicação como o e-mail, telegrama, a correspondência, o fax, ou ainda o uso de mensageiro.
Há divergência doutrinária a respeito do momento em que a convenção se reputa concluída, havendo quatro teorias versando sobre tal assunto. 
- TEORIA DA COGNIÇÃO: Para a teoria da cognição ou informação, o momento do aperfeiçoamento do contrato celebrado entre ausentes é o da chegada da resposta ao conhecimento do policitante, que se inteira de seu teor. Tem o inconveniente de deixar ao arbítrio do proponente abrir a correspondência e tomar conhecimento da resposta positiva. Para essa teoria, não basta que a correspondência chegue a ser entregue, o aperfeiçoamento só se dará quando o policitante abri-la e tomar conhecimento da resposta.
- TEORIA DA AGNIÇÃO NA MODALIDADE DECLARAÇÃO: para esta o instante da conclusão coincide com o da redação da correspondência epistolar, ou melhor,entende que o aceitante se vincula à partir do momento em que, internamente, resolve aceitar a proposta. Não é a teoria adotada, pois seria inviável adentrar a esfera subjetiva do aceitante para saber qual o momento exato em que este resolveu aceitar a proposta.
- TEORIA DA AGNIÇÃO NA MODALIDADE EXPEDIÇÃO: para ela não basta a redação da reposta, sendo necessário que tenha sido expedida, isto é, saído do alcance e controle do oblato. A teoria da expedição entende que o aceitante se vincula no momento em que a aceitação ultrapassa sua esfera interna, ou seja, no momento em que a aceitação é expedida, exteriorizada, enviada, obviamente, dentro do prazo. Essa é a teoria adotada como regra pelo ordenamento civil brasileiro.
- TEORIA DA AGNIÇÃO NA MODALIDAED RECEPÇÃO: essa teoria exige que além da redação e da expedição da resposta, para que o contrato entre ausentes se consolide, é necessário que o a resposta tenha sido entregue ao destinatário.
	Conforme art. 434 do CC, nosso sistema adotou como regra a teoria da expedição, porém traz algumas exceções em seus incisos. O inciso I trata da retratação do proponente, que desiste da proposta antes que o aceitante dela tome conhecimento. O II adota como exceção, as teorias da recepção ou da cognição, sendo divergente na doutrina qual das duas teorias foi a adotada pelo dispositivo. Por fim o inciso III enuncia que a proposta perde seu caráter vinculativo quando a resposta não chegar no prazo combinado.
* LUGAR DA CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: o art. 435 do CC estabelece que reputar-se-á celebrado o contrato no local em que foi feita a proposta.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
* CONTRATOS UNILATERAIS, BILATERAIS E PLURILATERAIS: unilaterais são os contratos que criam obrigações unicamente para uma das partes, como a doação pura, por exemplo. 
Bilaterais são os contratos que geram obrigações para ambos os contratantes, como a compra e venda, a locação, o contrato de transporte, etc. Essas obrigações são recíprocas, sendo por isso denominados sinalagmáticos.
Plurilaterais são contratos que tem mais de duas partes. A sua principal característica consiste no fato de que, mediante a sua realização, as partes perseguem um fim comum.
OBS: divergência doutrinária emana quando o tema é doação com encargo. Parte entende que é unilateral porque embora haja contraprestação ela não é equivalente. Outra corrente entende ser bilateral porque embora não seja equivalente, a existência de uma contraprestação é suficiente para classificar a doação com encargo como bilateral. 
*CONTRATOS GRATUÍTOS OU ONEROSOS: quanto às vantagens patrimoniais que podem produzir, os contratos classificam-se em gratuitos e onerosos.
Gratuitos ou benéficos são aqueles em que apenas uma das partes aufere benefício ou vantagem, como sucede na doação pura, no comodato, no reconhecimento de filho, etc.
Nos contratos onerosos ambos os contraentes obtêm proveito, ao qual, porém, corresponde um sacrifício. São dessa espécie quanto impõem ônus e, ao mesmo tempo, acarretam vantagens a ambas as partes, ou seja, sacrifícios e benefícios recíprocos. Como por exemplo, a compra e venda.
OBS: a mesma divergência existe quando a doação com encargo, entretanto, tem prevalecido o entendimento de que trata-se de um contrato oneroso.
* CONTRATO COMUTATIVO OU ALEATÓRIO: comutativos são os de prestações certas e determinadas. As partes podem antever as vantagens e os sacrifícios, que geralmente se equivalem, decorrentes de sua celebração, porque não envolvem nenhum risco. Contrato comutativo é, pois, o oneroso e bilateral, em que cada contraente, além de receber do outro prestação relativamente equivalente à sua, pode verificar, de imediato, essa equivalência.
Contrato aleatório é o bilateral e oneroso em que pelo menos um dos contraentes não pode antever a vantagem que receberá, em troca da prestação fornecida. Caracteriza-se, ao contrário do comutativo, pela incerteza, para as duas partes, sobre as vantagens e sacrifícios que dele podem advir. São aqueles que embora a parte tenha cumprido a prestação, nem sempre poderá exigir a contraprestação, tal como se sucede, nos contratos de loteria, aposta, seguro, etc.
* CONTRATO SOLENE E NÃO SOLENE: solenes são os contratos que devem obedecer à forma prescrita em lei para se aperfeiçoar. Quando a forma é exigida como condição de validade do negócio, este é solene. Não observada, o contrato é nulo. Exemplo: art. 108 CC
Contratos não solenes são os de forma livre. Basta o consentimento para a sua formação. Como a lei não reclama nenhuma formalidade para o seu aperfeiçoamento, podem ser celebrados por qualquer forma, ou seja, por escrito particular ou verbalmente. Exemplo: art. 107 CC.
* CONTRATOS CONSENSUAIS E REAIS: contratos consensuais são aqueles que se formam unicamente pelo acordo de vontades, independentemente da entrega da coisa a da observância de determinada forma. O contrato consensual é regra, sendo exceções, os contratos reais.
Contratos reais são os que exigem, para se aperfeiçoar, além do consentimento, a entrega da coisa que lhe serve de objeto, com os de depósito, comodato, o mútuo, por exemplo. Esses contratos não se formam sem a tradição da coisa.
* CONTRATOS NOMINADOS E INOMINADOS: os contratos nominados ou típicos são aqueles que estão previstos em lei, possuindo designação própria. 
Contratos inominados ou atípicos são, pois, os que não tem denominação própria. Sua previsão legal está no art. 425 do CC, que estabelece que é lícito às partes estipular contratos atípicos. Advém do princípio da autonomia contratual.
DA ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO (ART. 436 A 438 CC)
O princípio da relatividade dos efeitos do contrato se funda na ideia de que os efeitos do contrato só se produzem em relação às partes, àqueles que manifestaram a sua vontade, vinculando-os ao seu conteúdo, não afetando terceiros nem seu patrimônio.
A estipulação em favor de terceiro constitui exceção ao princípio da relatividade dos efeitos do contrato, haja vista, que um contrato celebrado entre indivíduos, gerará efeitos para terceiro estranho à relação contratual celebrado.
Dá-se a estipulação de terceiros quando no contrato celebrado entre duas pessoas, denominadas, estipulante e promitente, convenciona-se que a vantagem resultante do ajuste reverterá em benefício de terceira alheia à formação do vínculo contratual. Nela haverão três personagens: o estipulante, o promitente, e o beneficiário.
A obrigação assumida pelo promitente pode, assim, ser exigida tanto pelo estipulante como pelo beneficiário, que assume, na execução do contrato, as vezes do credor
DA PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO (ART. 439 CC)
A promessa de fato de terceiro constitui outra exceção ao princípio da relatividade dos efeitos do contrato. 
Nela, o único vinculado é o que promete, assumindo a obrigação de fazer que, não sendo executada, resolve-se em perdas e danos. Isto porque ninguém pode vincular terceiro a uma obrigação. As obrigações tem como fonte somente a própria manifestação da vontade do devedor, a lei ou eventual ato ilícito praticado.
Nessa modalidade de exceção ao princípio da relatividade contratual, o terceiro, caso consista com a promessa, assume as obrigações do contrato. À princípio, obriga apenas quem promete. Entretanto, se o terceiro tomar conhecimento e consentir com o fato prometido, a obrigação passa a ser dele, que passa a compor a relação contratual na qualidade de devedor. Se a promessa operou-se por escrito, o consentimento do promitente também deve se dar por escrito.
Exemplo: a professora Carla promete que levará Ivete Sangalo para tocar na formatura da turma. É um contrato entre a professora e a turma mas que tem por objeto uma obrigação a ser cumprida por terceiro, que somente se tornará parte desse contrato caso consinta com a promessa.
DOS VÍCIOS REDIBITÓRIOS (ART. 441 CC)
		* CONCEITO: vícios redibitórios são defeitos ocultas em coisa recebida em virtude de contrato comutativo, que a tornam imprópria ao uso a que se destina,ou lhe diminuam o valor. Ou ainda, vícios redibitórios são aqueles defeitos ocultos da coisa, imperceptíveis no momento da celebração do contrato, causados em decorrência de fato anterior a celebração do contrato.
Caso o alienante não saiba do vício, estando de boa-fé, com a sua manifestação, ele responderá somente pelo vício redibitório. Caso ele soubesse da existência do defeito, responderá pelo vício redibitório, bem como por perdas e danos. Se o alienante é comunicado da existência do vício não mais poderá reclamá-lo porque aí ele deixou de ser oculto, assumindo o risco o adquirente. 
		* REQUISITOS: para que se configure o vícios redibitório são necessários os seguintes requisitos: o defeito deve ser oculto, não aparente; deve ter se dado por causa anterior a celebração do contrato; e deve consistir em perda ou deterioração do bem.
* AÇÕES EDILÍCIAS (ART. 442 CC): são as ações que o adquirente pode se valer para reclamar o vício redibitório em face do alienante. 
Ações edilícias é gênero que possui duas espécies: REDIBITÓRIA e ESTIMATÓRIA (ESTIMATIVA QUANTI MINORIS). Elas são usadas conforme a perda do adquirente.
Quando o defeito gera diminuição parcial do bem, nessa hipótese o adquirente pode optar pela devolução do bem com a restituição do valor pago, voltando as partes ao status quo ante, através da ação redibitória. Ou então, pode optar por ficar com a coisa, exigindo, porém, um abatimento no preço proporcional a diminuição funcional da coisa (ação estimatória). 
Em caso de perda total a ação cabível será sempre a redibitória por razões lógicas, afinal, não se pode reclamar por uma diminuição do bem quando ele se perde totalmente.
* PRAZOS DECADENCIAS: os prazos para o ajuizamento das ações edilícias são decadenciais: trinta dias, se relativas a bem móvel, e um ano, se relativas a imóvel, contados nos dois casos, da tradição. Se o adquirente já estava na posse do bem, o prazo contasse da alienação, reduzido à metade (art. 445 CC). Podem os contratantes, no entanto, ampliar convencionalmente o referido prazo.
Dispõe, a propósito, o § 1º do art. 445 do CC que, em se tratando de vício que só puder ser conhecido mais tarde, ou seja, se o vício for de difícil constatação, a contagem se inicia no momento em que o adquirente dele tiver ciência, com prazo máximo de cento e oitenta dias em se tratando de bens imóveis, e de um ano, para os imóveis. Já no caso de venda de animais, previsto no § 2º do dispositivo, os prazos serão os estabelecidos por lei especial, mas, enquanto esta não houver, reger-se-ão pelos usos locais, e, se estes não existirem, pelo disposto no § 1º.
> OBS: a entrega de coisa diversa da contratada não configura vício redibitório, mas inadimplemento contratual, respondendo o devedor por perdas e danos (art. 389 CC).
		
EVICÇÃO
* CONCEITO: é a perda do bem por decisão judicial transitada em julgado ou por ato administrativo, que atribui o atribui a outrem por causa jurídica preexistente ao contrato. Não é defeito, é perda do bem. 
Todo alienante é obrigado não só a entregar ao adquirente a coisa alienada, como também a garantir-lhe o uso e o gozo. Dá-se a evicção quando o adquirente vem a perder total ou parcialmente, a coisa por sentença fundada em motivo jurídico anterior.
Trata-se de cláusula de garantia que opera de pleno direito, não necessitando, pois, de estipulação expressa.
Inexiste, em regra, responsabilidade pela evicção nos contratos gratuitos (art. 552 CC), salvo se se tratar de doação com encargo.
* REQUISITOS: assim, são requisitos caracterizadores da evicção: a perda do bem por sentença judicial; a causa deve ser anterior ao negócio celebrado; a perda deve ser total ou parcial. 
* EXTENSÃO DA GARANTIA: só se excluirá a responsabilidade do adquirente pela evicção se houver cláusula expressa, não se admitindo cláusula tácita de não garantia. Podem as partes, por essa forma, reforçar ou diminuir a garantia, e até mesmo excluí-la, como consta do art. 448 do CC.
Não obstante a cláusula de exclusão de garantia, se a evicção se der, tem direito o evicto a recobrar o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu (art. 449 CC). A cláusula de irresponsabilidade, por si só, exclui apenas a obrigação do alienante de indenizar as demais verbas, mencionadas ou não no art. 459 do CC, mas não a de restituir o preço recebido. 
Assim, convencionada a cláusula de exclusão da garantia, tendo o adquirente ciência de que existe ação de reivindicação em andamento, versando sobre a coisa adquirida, perde o evicto integralmente, o que desembolsou, sem direito a qualquer ressarcimento, verificada a perda por decisão judicial. Se o adquirente, todavia, não é informado da reivindicatória e ocorre a evicção, assiste-lhe o direito de recobrar o preço que havia pago com a aquisição da coisa evicta. Se não houvesse pelo menos a restituição do preço, locupletar-se-ia o alienante à custa do evicto. Por fim: excluída a garantia, se o adquirente, posto que informado, não assume expressamente o risco da evicção, pode ele perdida a coisa, reaver do alienante o que por esta havia pago
* DENUNCIAÇÃO DA LIDE; AÇÃO AUTÔNOMA DE EVICÇÃO: para o direito processual só há uma chance de reclamar a evicção que é a denunciação da lide. Aos poucos, no entanto, outra corrente foi-se formando, sustentando a admissibilidade da ação autônoma, como indenização pela prática de verdadeiro ilícito, fundada no princípio que veda o enriquecimento sem causa. Esta corrente, embora não tenha previsão legal, acabou prevalecendo no STJ.
* VERBAS DEVIDAS: as verbas devidas na hipótese de evicção estão especificadas no art. 450 do CC.
OBS: conforme art. 448 as partes podem reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção.
CONTRATO PRELIMINAR
* CONCEITO: contrato preliminar, ou ainda, contrato-promessa, é aquele que tem por objeto a celebração de um contrato definitivo. Tem, portanto, um único objeto. A peculiaridade de tal instrumento jurídico é justamente esta: as partes já definiram os termos essenciais da operação econômica que tencionam realizar (suponhamos, a venda de um imóvel por um certo preço), mas não querem passar de imediato a atuá-la juridicamente, não querem concluir, desde já, o contato produtor dos efeitos jurídicos-econômicos próprios da operação; preferem remeter a produção de tais efeitos para um momento subsequente, mas, ao mesmo tempo, desejam a certeza de que estes efeitos se produzirão no tempo oportuno, e por isso não aceitam deixar o futuro cumprimento da operação à boa vontade, ao sentido ético, à correção recíproca, fazendo-a, ao invés, desde logo matéria de um vínculo jurídico. Estipulam, então, um contrato preliminar, do qual nasce precisamente a obrigação de concluir, no futuro, o contrato definitivo, e, com isso, de realizar efetivamente a operação econômica prosseguida.
Os requisitos para a sua validade são os mesmos exigidos para o contrato definitivo. É preciso assim, que o objeto do contrato seja lícito, possível, determinado ou determinável. Que além da capacidade genérica para a vida civil (art. 104, I), os contraentes tenham aptidão para validamente alienar. O requisito formal é disciplinado no art. 462 CC, que não exige que o contrato preliminar seja pactuado com os mesmos requisitos formais exigidos para o contrato definitivo a ser celebrado.
* ASPECTOS RELEVANTES: as principais peculiaridades no tocante ao contrato preliminar são as seguintes:
- O contrato preliminar já é contrato (não é a mesma coisa que negociação preliminar. Preenche todos os requisitos do contrato, com exceção da forma).
- Já vincula as partes (preenchidos os requisitos contratuais com exceção da forma, já surte efeitos).
- Visa realizar no futuro um contrato definitivo (é o objetivo principal do contrato preliminar).
- Regra: irretratável (porém, admite exceção, com estipulação de cláusula em contrário).
- Não solene (ainda que o contrato definitivo seja solene).
- Exemplo típico: promessade compra e venda
OBS: conforme art. 462 do CC, não é exigido que o contrato preliminar seja celebrado com observância da mesma forma para o contrato definitivo a ser celebrado. Mesmo que o contrato definitivo deva ser celebrado por escritura pública, o preliminar pode ser lavrado em instrumento particular.
EXTINÇÃO DOS CONTRATOS	
* MODO NORMAL DE EXTINÇÃO: os contratos, como os negócios jurídicos em geral, tem também um ciclo vital: nasce do acordo de vontades, produzem os efeitos que lhe são próprios e extinguem-se. A extinção dá-se, em regra, pela execução, seja instantânea, diferida, ou continuada. O cumprimento da prestação libera o devedor e satisfaz o credor. Este é o meio normal de extinção do contrato.
Inobstante a forma natural de obrigação de um contrato seja através de seu cumprimento na forma combinada pelas partes, há três hipóteses de extinção não natural do contrato, cada uma com aplicabilidade distintas (aplica-se tanto no contrato definitivo quanto no preliminar), e são elas a resilição, a resolução, e a rescisão.
RESOLUÇÃO: a extinção do contrato mediante resolução tem como causa a inexecução ou incumprimento por um dos contratantes. Resolução, segundo Orlando Gomes, é um remédio concedido à parte para romper o vínculo contratual mediante ação judicial. O inadimplemento pode ser voluntário (culposo), ou não (involuntário). (DEF DA AULA: não basea-se na vontade das partes, mas num inadimplemento acarretado por um motivo previsto em lei, ou ainda, um inadimplemento autorizado, que ensejará a extinção do pacto);
- RESOLUÇÃO POR INEXECUÇÃO VOLUNTÁRIA: a resolução por inexecução voluntária decorre de comportamento culposo de um dos contratantes, com prejuízo ao outro. Produz efeitos ex tunc, extinguindo o que foi executado e obrigado a restituições recíprocas, sujeitando ainda o inadimplente ao pagamento de perdas e danos e da cláusula penal convencionada.
a) EXCEÇÃO DO CONTRATO NÃO CUMPRIDO (ART. 476 CC): os contratos bilaterais ou sinalagmáticos geram obrigações para ambos os contratantes, envolvendo prestações recíprocas atreladas umas às outras. O art. 476 do CC permite que qualquer dos contraentes pode, ao ser demandado pelo outro, utilize-se de uma defesa denominada exceptio non adimplemti contractus ou exceção do contrato não cumprido, para recusar a sua prestação, ao fundamento de que o demandante não cumpriu a que lhe competia. Aquele que não satisfez a própria obrigação não pode exigir o implemento da do outro. Se o fizer, o último oporá, em defesa, a referida exceção, fundada na equidade.
b) GARANTIA DE EXECUÇÃO DA OBRIGAÇÃO A PRAZO (ART. 477 CC): essa hipótese de resolução por inexecução voluntária do contrato está prevista no art. 477 do CC. Procura-se acautelar os interesses do que deve pagar em primeiro lugar, protegendo-o contra alterações da situação patrimonial do outro contratante. Autoriza-se, por exemplo, o vendedor a não entregar a mercadoria vendida, se algum fato superveniente à celebração do contrato acarretar diminuição considerável no patrimônio do comprador, capaz de tornar duvidoso o posterior adimplemento de sua parte na avença, podendo aquele, neste caso, reclamar o preço de imediato ou exigir garantia suficiente.
- RESOLUÇÃO POR INEXECUÇÃO INVOLUNTÁRIA: a resolução pode também decorrer de fato não imputável às partes, denominados caso fortuito ou força maior, que impossibilitam o cumprimento da obrigação. A inexecução involuntária caracteriza-se pela impossibilidade superveniente de cumprimento do contrato.
O inadimplente não fica, no caso de inexecução involuntária, responsável pelo pagamento de perdas e danos, salvo se expressamente se obrigou a ressarcir os prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, ou estiver em mora (art. 393 e 399 CC). A resolução opera-se de pleno direito.
- RESOLUÇÃO POR ONEROSIDADE EXCESSIVA: embora o princípio pacta sunt servanda ou da intangibilidade do contrato seja fundamental para a segurança nos negócios e fundamental a qualquer organização social, os negócios jurídicos podem sofrer as consequências de modificações posteriores das circunstâncias, com quebra insuportável da equivalência.
A teoria da imprevisão – cláusula rebuc sic stantibus - (478 a 480 do CC) aplica-se sempre que um fato imprevisível recai sob as circunstancias de um contrato de forma a prejudicar uma das partes, e assim, o prejudicado pode resolver o contrato. Somente se aplica nos contratos de execução diferida e continuada, nunca nos de execução imediata. Ressalte-se que são requisitos indispensáveis a resolução do contrato por onerosidade excessiva: a vigência de um contrato de execução diferida ou de trato sucessivo, a ocorrência de fato extraordinário e imprevisível, a considerável alteração da situação de fato existente no momento da execução, em confronto com a que existia por ocasião da celebração, nexo causal entre o evento superveniente e a consequente excessiva onerosidade.
O contraente que estiver em mora quando dos fatos extraordinários não pode invocar, em defesa, a onerosidade excessiva, pois assim, responde pelos riscos supervenientes (art. 399 CC).
OBS: presentes os pressupostos exigidos pelo art. 478 do CC, a parte lesada pode pleitear a resolução do contrato. Permite, todavia, o art. 479 do CC, que a parte contrária possa, considerando que lhe é mais vantajoso manter o contrato, restabelecendo o seu equilíbrio econômico, oferecer-se para modificar equitativamente as suas condições. Permite-se, portanto, dar solução diversa ao problema da onerosidade excessiva, por iniciativa uma das partes, inibindo a resolução do contrato.
RESILIÇÃO: a resilição não deriva de inadimplemento contratual, mas unicamente da manifestação de vontade das partes, que pode ser bilateral ou unilateral. Resilir significa voltar atrás. A resilição bilateral denomina-se denomina-se distrato, que é o acordo de vontades que tem por fim extinguir um contrato anteriormente celebrado. A unilateral pode ocorrer somente em determinados contratos, pois a regra é a impossibilidade de um contraente romper o vínculo contratual por sua exclusiva vontade.
- DISTRATO: qualquer contrato pode cessar pelo distrato. É necessário, todavia, que os efeitos não estejam exauridos, uma vez que o cumprimento é a via normal da extinção. O mecanismo do distrato é o que está presente na celebração do contrato: a mesma vontade, que tem o poder de criar, atua na direção oposta, para dissolver o vínculo e devolver a liberdade àqueles que se encontravam compromissados. 
O art. 472 estabelece que o distrato deve obedecer a mesma forma do contrato a ser desfeito quando este tiver forma especial, mas não quando esta for livre.
- RESILIÇÃO UNILATERAL (RENÚNCIA, REVOGAÇÃO, RENÚNCIA E RESGATE): a resilição não deriva de inadimplemento contratual, mas unicamente da manifestação de vontade. O fundamento para a sua efetivação seria assim a vontade pressumida. Outras vezes, o contrato se baseia na confiança e só perdura enquanto esta existir entre as partes. Por último, os próprios sujeitos reservam-se o direito de arrependimento.
A resilição é o meio próprio para dissolver os contratos por tempo indeterminado. Se não fosse assegurado o poder de resilir, seria impossível ao contratante libertar-se do vínculo se o outro não concordasse.
RESCISÃO: é a pior forma de extinção do contrato. Trata-se de um inadimplemento com culpa que causa dano a parte contrária. É aquela forma de extinção do contrato em que há inadimplemento culposo e causa de dano ao outro contratante. O contrato pode ser nulo ou anulável. Enseja o pagamento de perdas e danos.
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SÍNTESE: Essas causas de extinção do contrato podem ser classificadas em três grupos: 1 – Rescisão contratual (inexistência, nulidade, anulabilidade), 2 – Resolução contratual (Fortuito ou força maior, teoria da imprevisão, cláusula resolutiva), 3 – Resilição contratual (distrato e resolução unilateral). A diferença entre elas é a causa que leva aextinção do contrato, se houve um vício na formação, haverá uma rescisão, se a causa é um descumprimento do contrato com ou sem culpa, dá-se a resolução, mas se a causa da extinção é manifestação da vontade das partes, seja bilateral ou unilateralmente, da-se uma resilição. 
		
DOS CONTRATOS EM ESPÉCIE
CONTRATO DE COMPRA E VENDA (ART. 481 E S.S DO CC) 
CONCEITO: denomina-se contrato de compra e venda o contrato bilateral pelo qual uma das partes (vendedor) se obriga a transferir o domínio de uma coisa à outra (comprador), mediante a contraprestação de certo preço em dinheiro. O contrato de compra e venda pode ter por objeto bens de todas as naturezas: corpóreos (móveis e imóveis), bem como os incorpóreos (para a alienação desses utiliza-se tecnicamente o termo cessão. Exemplo: cessão de créditos, cessão de direitos hereditários).
		O contrato de compra e venda tem caráter obrigacional. Por ele, os contratantes apenas obrigam-se reciprocamente. Mas a transferência do domínio depende de outro ato: a tradição, para os móveis (arts. 1226 e 1267 CC), e o registro para os imóveis (art. 1227 e 1245 CC).
		* NATUREZA JURÍDICA (CLASSIFICAÇÃO): a compra e venda é o mais importante dos contratos e a origem de quase todo o direito das obrigações. Na sua caracterização jurídica, pode ser classificado como: contrato bilateral, oneroso, comutativo ou aleatório, solene ou não solene, típico e consensual.
		* ELEMENTOS DA COMPRA E VENDA: o contrato de compra e venda, pela sua própria natureza, exige como elementos integrantes, a coisa, o preço e o consentimento. Esses são elementos específicos do contrato de compra e venda, devendo-se ter vista, ainda, os elementos comuns dos negócios jurídicos, como os requisitos de existência e validade.
CONSENTIMENTO: é a manifestação volitiva expressa pelo indivíduo de celebrar o contrato em apreço.
		O consentimento pressupõe a capacidade das partes para vender e comprar e deve ser livre e espontâneo, sob pena de anulabilidade (por exemplo, se houver vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude contra credores), bem como deve recair sobre os outros dois elementos: a coisa e o preço.
		Não basta a capacidade genérica para os atos da vida civil. Para vender exige-se também a específica para alienar, pois o cumprimento da obrigação de entregar a coisa pressupõe poder de disposição do vendedor. No tocante ao comprador, basta a capacidade de obrigar-se.
PREÇO: é o segundo elemento essencial da compra e venda. Sem a sua fixação, a venda é nula. É determinado, em regra, pelo livre debate entre os contraentes, conforme as leis do mercado. Mas se não for desde logo determinado deve ser ao menos determinável, mediante critérios objetivos estabelecidos pelos próprios contraentes. 
		São várias as formas de determinação do preço que podem ser escolhidas pelos contraentes: o preço do custo, o preço em vigor no dia da expedição, a melhor oferta, o preço do costume, etc. O que não se admite é a indeterminação absoluta do preço, ou deixá-lo ao arbítrio de uma das partes.
		O art. 485 do CC permite que a fixação do preço seja deixada a arbítrio de terceiro designado pelos contraentes. O terceiro age como mandatários destes, não se exigindo capacidade especial. Não é ele propriamente um avaliador da coisa, mas um árbitro escolhido pelos interessados.
		O art. 486 permite a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa, em certo e determinado lugar.
		O art. 487 do CC permite que o preço possa ser fixado em função de índices ou parâmetros, desde que suscetíveis de objetiva determinação. Índices são os indicadores de cálculo da variação de preços e valores de determinados conjuntos de bens. Parâmetros são referencias que servem de indicativos de custo de vida ou de inflação. (Exemplo: o contrato de compra e venda de derivados do petróleo pode ter como parâmetro a variação do preço do petróleo no mercado nacional).
		O art. 488 permite a fixação do preço com a sujeição das partes ao preço corrente nas vendas habituais do vendedor, se não houver tabelamento oficial. Trata o aludido dispositivo de hipótese de determinabilidade do preço da coisa, a partir de comportamentos habituais dos contraentes. Se houver tabelamento oficial, afastada fica a manifestação da vontade.
		O preço deve ser pago em dinheiro, como prescreve o art. 481, in fine, do CC ou redutível a dinheiro, entendendo-se como tal o pagamento efetuado por meio de título de crédito. Se for pago mediante entrega de algum objeto, teremos contrato de troca ou permuta; se mediante prestação de serviços, o contrato será inominado. Quando o pagamento é estipulado parte em dinheiro e parte em outra espécie, a configuração do contrato como compra e venda ou como troca é definida pela predominância de uma ou de outra porcentagem.
		O preço deve ser sério e real, correspondente ao valor da coisa, e não vil ou fictício. A venda de um apartamento por R$ 1,00 constitui, na verdade, doação. Não se exige, contudo, exata correspondência entre o valor real e o preço pago, pois muitas pessoas preferem negociar o bem por preço abaixo do valor real para vendê-lo rapidamente.
COISA: a coisa é o objeto da prestação do vendedor, ou ainda, qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial (art. 3º, § 1º, CDC). A coisa, objeto do contrato de compra e venda, deve atender a determinados requisitos, quais sejam, os de existência, individualização e disponibilidade.
		É nula a venda de coisa inexistente. São suscetíveis de venda as coisas atuais e futuras, corpóreas e incorpóreas. (Exemplo: venda do bezerro da vaca prenhe). A venda de coisas incorpóreas, como o crédito e o direito à sucessão aberta, por exemplo, é denominada cessão.
		O objeto da compra e venda há de ser determinado, ou suscetível de determinação no momento da execução, pois o contrato gera um obrigação de dar, consistente em entregar, devendo incidir, pois, sobre coisa individualizada. Admite-se a venda de coisa incerta, indicada ao menos pelo gênero e quantidade (art. 243 CC), que será determinada pela escolha, bem como venda alternativa, cuja indeterminação cessa com a concentração (art. 252 CC).
		A coisa deve encontrar-se disponível, isto é, não estar fora do comércio. Consideram-se nesta situação as coisas insuscetíveis de apropriação e as legalmente inalienáveis, sejam estas indisponíveis por força de lei ou devido a cláusula de inalienabilidade colocada em doação ou testamento. São igualmente inalienáveis os valores e direitos da personalidade, bem como os órgãos do corpo humano.
EFEITOS DA COMPRA E VENDA: os principais efeitos da compra e venda são: gerar obrigações recíprocas para os contratantes: para o vendedor, a de transferir o domínio de certa coisa, e para o comprador, a de pagar-lhe certo preço em dinheiro (art. 481 CC); e acarretar a responsabilidade do vendedor pelos vícios redibitórios e pela evicção.
		A compra e venda não é contrato translativo, pois o vendedor apenas promete transferir a posse e a propriedade ao adquirente. O contrato gera obrigações, mas não produz o efeito de transferir a propriedade. O vendedor não transfere e, sim, promete transferir.
* LIMITAÇÕES À COMPRA E VENDA: algumas pessoas sofrem limitações, decorrentes da falta de legitimação, em razão de determinadas circunstâncias ou da situação em que se encontram, que não se confundem com incapacidade.
- VENDA DE ASCEDENTE A DESCENDENTE (ART. 496 CC): a lei não distingue entre bens móveis e imóveis, nem proíbe a venda feita por descendente e ascendente. O legislador, ao dispor que os ascendentes não podem vender aos descendentes, referiu-se a todos os descendentes, indistintamente (filho, neto, bisneto, etc) e ao só aos descendentes que estiverem na condição de herdeiros. É possível, portanto, conforme preleciona o art.496, e válida, a compra e venda feita de ascendente a descente com o consentimento expresso dos demais descendentes, bem como, do cônjuge do alienante. Assim, no caso de venda ao neto, todos os filhos vivos, incluindoo pai ou a mãe do comprador, seus tios e os demais netos do vendedor devem anuir.
		A finalidade da proibição é evitar simulações fraudulentas: doações inoficiosas disfarçadas de compra e venda, por exemplo.
		Questão controvertida diz respeito a compra e venda sem o consentimento do descendente que ainda não era legitimado ate o momento (como por exemplo, o filho que veio a ser descoberto posteriormente em razão de ação de reconhecimento de paternidade). Parece razoável entender-se que, em casos como esse, e naqueles em que os filhos já reivindicam o reconhecimento da paternidade, se deve reconhecer a sua legitimidade para pleitear a anulação da venda realizada sem a sua anuência.
		Somente será dispensável o consentimento do cônjuge se o regime de bens for a da separação obrigatória. A anuência para a venda deve ser expressa. Mas o art. 496 é omisso no tocante à forma. Aplica-se, então, a regra do art. 220 do CC.
		A venda realizada com inobservância do disposto no art. 496 do CC é anulável, estando legitimados para a ação anulatória os descendentes preteridos. Legitimados para arguir a anulabilidade de venda são os demais descendentes e o cônjuge do devedor. Embora não mencionado expressamente, o companheiro, por equiparado ao cônjuge, também goza de legitimidade, por conta do expresso no art. 1725 do CC.
		Ainda que somente um dos interessados tenha tomado a iniciativa da ação, a anulabilidade do contrato o invalida por inteiro e não apenas em face do seu autor. Não tendo o Código indicado prazo para que a demanda seja proposta, aplica-se a regra geral do art. 179 do CC, sendo de dois anos o prazo a contar da data da conclusão do ato. Esse prazo é decadencial.
- VENDA ENTRE CÔNJUGES (ART. 499 CC) : um cônjuge, qualquer que seja o regime de bens do casamento, exceto no da separação absoluta, só estará legitimado a alienar, hipotecar ou gravar de ônus reais os bens imóveis depois de obter a autorização do outro, ou o suprimento judicial de seu consentimento.
		Pelo que depreende o art. 499, nada mais impede, portanto, que o cônjuge aliene ao outro bens que estejam sob sua titularidade exclusiva, fora da comunhão. Na realidade, no regime da comunhão universal, tal venda mostra-se inócua, pois, alem do que já foi dito, o numerário utilizado na compra sairia do patrimônio comum. Mas nos demais regimes o sistema não impõe proibição. Inadmissível, todavia, a doação entre cônjuges, casados no regime da separação legal ou obrigatória, por desvirtuar as suas características e finalidades.
* VENDAS ESPECIAIS:
VENDA MEDIANTE AMOSTRA (ART. 484 CC): amostra é o mesmo que paradigma. Constitui reprodução integral da coisa vendida, com suas qualidades e características, apresentada em tamanho normal ou reduzido. Se a mercadoria entregue não for em tudo igual à amostra, caracteriza-se o inadimplemento contratual, devendo o comprador protestar imediatamente, sob pena de o seu silêncio ser interpretado como tendo havido correta e definitiva entrega.
VENDA AD CORPUS E AD MENSURAM (ART. 500 CC): essa regra aplica-se somente à compra e venda de imóveis.
		Venda ad mensuram, é aquela em que o preço é estipulado com base nas dimensões do imóvel (por exemplo: tal preço por alqueire). A venda é ad mensuram, pois, quando se determina o preço de cada unidade, de cada alqueire, de cada hectare ou metro quadrado. Se se verifica, em posterior medição, que a área não corresponde às dimensões dadas, tem o comprador o direito de exigir a sua complementação. Somente se esta não for possível, por não ter o vendedor área remanescente contígua, é que se abre para aquele a opção de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço. Não pode ser pleiteada a resolução da avença, ou abatimento no preço, se puder ser feita complementação. Inexistente essa possibilidade, abre-se então a alternativa para o comprado: ajuizar a ação redibitória ou a estimatória.
		Se em vez de faltar houver excesso de área, e o vendedor provar que tinha motivos para ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, completar o valor correspondente ao preço ou devolver o excesso, sob pena de caracterizar-se o enriquecimento sem causa (art. 500, § 2º, CC). Neste caso, o direito de escolha das duas alternativas legais não cabe ao vendedor, mas é um direito potestativo do comprador complementar o preço correspondente ao excesso, ou devolver a parte que excedeu do imóvel.
		Na venda ad corpus, o imóvel é adquirido como um todo, como corpo certo e determinado (por exemplo: Chácara Palmeiras), caracterizado por suas confrontações, não tendo nenhuma influência na fixação do preço as suas dimensões. Presume-se que o comprador adquiriu a área pelo conjunto que lhe foi mostrado e não em atenção à área declarada.
		Não exige a lei, para que uma venda se caracteriza como ad corpus que o contrato o diga expressamente. O juiz, para decidir sobre usa natureza, se ad mensuram ou ad corpus, deve apurar a real intenção das partes, consultando o contrato.
		O § 1º do art. 500 diz que presume-se meramente enunciativas as dimensões dadas quando a diferença não exceder de um vigésimo da área total enunciada. Um vigésimo corresponde a 5% da extensão total. Diferença tão pequena não justifica o litígio, salvo se foi convencionado o contrário.
		Na venda ad corpus, compreensiva de corpo certo e individualizado, presume-se que o comprador teve uma visão geral do imóvel e a intenção de adquirir precisamente o que se continha dentro de suas divisas. A referência à metragem ou extensão é meramente acidental. O preço é global, pago pelo todo vistoriado.
* CLÁUSULAS ESPECIAIS DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA: o Código Civil de 2002 disciplinou em subseções autônomas, a retrovenda, a venda a contento ou a sujeita a prova, a preempção ou preferência, a venda com reserva de domínio e a venda sobre documentos.
RETROVENDA (ART. 505 CC) : constitui um pacto adjeto do contrato de compra e venda, pelo qual o vendedor reserva-se o direito de reaver o imóvel que está sendo alienado, em certo prazo, restituindo o preço, mais as despesas feitas pelo comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias. Deve ser feita através de cláusula expressa.
		A retrovenda pode ser estipulada com um prazo máximo de três anos. As partes podem estipular prazo menor, se não for colocado prazo vale a regra de três anos, se o prazo for colocado além do limite legal, não será nula, nem anulável a cláusula, porem, somente gerará efeitos por três anos da celebração do contrato. Fixado pelas partes ou presumido pela lei, o prazo é sempre decadencial e, por isso, insuscetível de suspensão ou interrupção. 
VENDA A CONTENTO OU A SUJEITA PROVA (ART. 509 CC): a venda a contento do comprador constitui pacto adjeto a contratos de compra e venda relativos, em geral, a gêneros alimentícios, bebidas finas e roupas sob medida. A compra e venda não se aperfeiçoa enquanto não houver a manifestação de agrado do potencial comprador. 
		 Assim, pode-se afirmar que a venda a contente é uma estipulação que favorece o comprador, subordinando o aperfeiçoamento do negócio à sua opinião pessoal e gosto. Não está em jogo a qualidade ou utilidade objetiva da coisa.
PREEMPÇÃO OU PREFERÊNCIA (ART. 513 CC): é o pacto adjeto à compra e venda, pelo qual o comprador de uma coisa, móvel ou imóvel, se obriga a oferecê-la ao vendedor, na hipótese de pretender futuramente vendê-la ou dá-la em pagamento, para que este use do seu direito atribuído ao vendedor de se substituir ao terceiro nos mesmos termos e condições em que este iria adquirir a coisa.
		A preempção distingue-se da retrovenda. Nesta, o vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la, independente da vontade do comprador, não se podendo falar em preferência por inexistir terceiro ou estranho com quem se dispute a primazia.
		A preferência do condômino na aquisição de parte indivisa (art. 504 CC)e a do inquilino, quanto ao imóvel locado posto à venda, são exemplos de preferência ou prelação legal. Os arts. 513 a 520 do CC, ora em estudo, tratam, porém, da preferência convencional, resultante do acordo de vontades.
		O prazo para o exercício da preempção pode ser convencionado por lapso não excedente a cento e oitenta dias, se a coisa for móvel, ou a dois anos, se imóvel (art. 513, pu, CC).
		O pacto de preferência depende da existência de cláusula expressa, não se admitindo preferência tácita.
VENDA COM RESERVA DE DOMÍNIO (ART. 521 CC): a venda com reserva de domínio constitui modalidade especial de venda de coisa móvel, em que o vendedor tem a própria coisa vendida como garantia do recebimento do preço. Só a posse é transferida ao adquirente. A propriedade permanece com o alienante e só passa àquele após o recebimento integral do preço,
		O comprador, enquanto pendente o pagamento das prestações, é mero possuidor a título precário. Pode, no entanto, desfrutar da coisa, como lhe aprouver, bem como praticar todos os atos necessários à conservação de seus direitos, valendo-se, se necessário, dos interditos possessórios para a sua defesa contra as turbações de terceiros ou do próprio vendedor. Pode, inclusive, vender ou ceder a terceiro o direito expectativo, com efeitos de assunção de dívida (art. 299 CC), com o consentimento expresso do credor.
VENDA SOBRE DOCUMENTOS (ART. 529 CC): tem por finalidade dar maior agilidade aos negócios mercantis que envolvam venda de mercadorias e, por sua natureza, pode ter por objeto apenas bens móveis. 
		Nela, o vendedor, entregando os documentos, libera-se da obrigação e tem direito ao preço; e o comprador, na posse justificada de tal documento, pode exigir do transportador ou depositário.

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