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Caso Clínico Osteoporose Mulher de 65 anos, veio em consulta de rotina com médico generalista, negando sintomas. Durante avaliação, dos seus antecedentes, revela ser hipertensa há 10 anos, controlada com o uso de losartana 100mg/dia, menopausa há 25 anos, negando terapia de reposição hormonal, além de negar fraturas prévias, uso de corticoide, tabagismo e etilismo. Menciona que sua mãe apresentou fratura de quadril aos 75 anos após queda da própria altura. Ao exame físico: altura 160 cm (1cm a menos do que relatava), peso de 63,5kg e IMC: 24,8 kg/m². Qual a hipótese diagnóstica? Osteoporose. Quais as possíveis causas? Menopausa precoce - redução dos níveis de estrôgenio que contribui para a diminuição da densidade óssea Idade avançada - com o envelhecimento, a taxa de reabsorção óssea supera a formação óssea Histórico familiar de fratura de quadril - sugere predisposição genética para osteoporose Ausência de terapia de reposição hormonal - a paciente não faz uso; geralmente é recomendado como uma medida preventiva para a perda óssea em mulheres pós-menopáusicas (janela de 10 anos para começar); Faça uma investigação diagnóstica baseada em suas hipóteses. Densitometria óssea (DXA) - PADRÃO OURO. Medirá a densidade mineral óssea e ajudará a classificar a paciente como osteoporótica, osteopenica ou com densidade óssea normal. Laboratoriais: Cálcio sérico: avaliar os níveis de cálcio no sangue - alterados em osteoporose avançada. 1. Fósforo: ajuda a investigar desequilíbrios no metabolismo ósseo. 2. Vitamina D (25-hidroxivitamina D): contribui para a osteoporose, pois ela é essencial para absorção de cálcio no intestino. 3. PTH (Paratormônio): níveis elevados podem estar associados à perda óssea. (Paratormônio TIRA o cálcio do osso do seu Antônio) 4. Densidade de fosfatase alcalina óssea: avaliar a atividade osteoclástica (reabsorção óssea) e turnover ósseo. 5. O que se espera encontrar nos exames solicitados? Densitometria óssea (DXA) - densidade mineral óssea abaixo do normal (com osteoporose ou osteopenia) Cálcio sérico: pode estar normal, mas se tiver alterado, pesquisar causas. Vitamina D: pode haver deficiência; Paratormônio: podem estar elevados, especialmente em osteoporose secundária. Elabore um plano de tratamento. Tratamento farmacológico: Bifosfonatos (alendronato, risedronato): São medicamentos que inibem a reabsorção óssea, ajudando a prevenir fraturas em pacientes osteoporóticos. Denosumabe: Um anticorpo monoclonal que inibe a atividade dos osteoclastos, que são responsáveis pela reabsorção óssea. Terapia com vitamina D e cálcio: A reposição de cálcio e vitamina D é fundamental, especialmente em pacientes com deficiência. Raloxifeno ou terapia hormonal: Embora a paciente não tenha utilizado TRH, o uso de raloxifeno ou terapia hormonal pode ser uma opção para melhorar a saúde óssea em mulheres pós-menopáusicas, se houver indicação e sem contraindicações. Mudanças no estilo de vida: Exercícios físicos: Atividades como caminhada, musculação ou exercícios de fortalecimento ósseo podem ajudar a melhorar a densidade óssea. Adequação da alimentação: Aumentar a ingestão de cálcio (laticínios, vegetais verde-escuros) e vitamina D (exposição solar, peixes gordurosos). Prevenção de quedas: Avaliar o ambiente da paciente para reduzir o risco de quedas e fraturas (por exemplo, instalação de barras de apoio no banheiro, uso de calçados adequados). Acompanhamento regular: Monitoramento da densidade óssea com DEXA a cada 1-2 anos, conforme recomendação médica. Reavaliação dos níveis de vitamina D, cálcio e PTH regularmente. Definição Consiste em uma desordem sistêmica do esqueleto Caracterizada por BAIXA MASSA ÓSSEA E DETERIORAÇÃO DA MICROARQUITETURA DO TECIDO ÓSSEO Aumento da fragilidade óssea e maior risco de fraturas Primária (idiopática) - 95% em mu-1. lheres e 70-80% em homens. 2. Secundária - 5% em mulheres e 20% em homens. Classificação Por: Bianca Cajé Epidemiologia Fisiopatologia Osteoporose Pior desfecho é o risco de fraturas Mulheres caucasianas Fratura de fêmur proximal (quadril) - alta morbidade - mairoia das mortes ocorre após 6 meses da fratura Fraturas vertebrais (2/3 são assintomáticas) 1 fratura vertebral aumenta 4x a possibilidade a uma nova fratura + aumento da mortalidade nos próximos 5 anos. Fraturas de rádio distal são as mais comuns nas mulheres perimenopausas Sítios mais frequentes de fraturas clínicas: antebraço distal, úmero e costelas Menopausa precoce inflamatória intestinal, cirrose biliar primária, doença celíaca, pancreatite, etilismo (>3 doses/dia), desnutrição; 5. Renais: insuficiência renal, acidose tubular renal; 6. Pulmonares: doença pulmonar obstrutiva crônica 7. Neurológicas: epilepsia, esclerose múltipla, doença de Parkinson, doenças musculares, AVC, lesão muscular, polineurite crônica; 8. Genéticas: doença do armazenamento do glicogênio, hemocromatose, homocistinúria, porfiria, fibrose cística, hipofosfatemia, doença de Gaucher, osteogênese imperfeita, Ehlers-Danlos, Marfan, pseudoglioma; 9. Medicamentos: glicocorticoides (> ou igual a 5mg/dia de prednisona ou equivalente por > ou igual a 3 meses), fenitoína, carbamazepina, heparina, agonistas do hormônio liberador de gonadotrofinas, lítio, inibidores da aromatase, alumínio em antiácidos, quimioterápicos oncológicos, depomedroxiprogesterona, inibidores da bomba H2, uso de tamoxifeno na pré-menopausa, tiazolidinedionas, excesso de hormônio tireoidiano, medicamentos para HIV; 10. Perda óssea pós-transplante: cardíaco, hepático, etc; Causas secundárias Endócrinas: síndrome de cushing, hipertireoidismo, hipogonadismo, hiperparatireoidismo, hipercalciúria, hiperprolactinemia, pan-hipopituitarismo, diabetes, gravidez, amenorreia induzida pelo exercício. 1. Hematológicas: mieloma múltiplo, leucemia, linfoma, mastocitose sistêmica, talassemias, outras gamopatias monocloonais; 2. Reumatológicas: artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, espondiloartropatias, doenças inflamatórias sistêmicas e outras que também provocam restrição de movimento; 3. Gastrointestinais: bypass gástrico, gastrectomia, doença4. Indicações de DXAQuadro clínico Osteoporose Doença silenciosa Fraturas, geralmente ocorre na região do rádio distal, nas vértebras, no fêmur e no úmero As fraturas vertebrais são a manifestação clínica mais comum da osteoporose 2/3 das fraturas vertebrais é assintomática - ACHADO RADIOGRÁFICO Reduções de altura > 2cm no último ano ou > 4cm em relação à juventude falam a favor da fratura vertebral Quando presente, a dor da fratura vertebral pode ser leve ou intensa, restrita ao sítio da fratura ou com irradiação para o abdome. Fraturas de quadril são comuns na osteoporose e decorrem de quedas (localizadas em colo ou em região transtrocantérica - mais comum em idosos). Fratura de rádio distal, no terço distal do antebraço também são comuns, causadas por queda sobre a mão (fratura de Colles) História clínica - geralmente paciente apresenta fatores de risco para perda de massa óssea e achados que possam ser sugestivos de causas secundárias de osteoporose Idosos: risco aumentado de quedas, como dificuldade de quilíbrio ou marcha, hipotensão ortostática, fraqueza nos membros inferiores, baixa acuidade visual, defícit de audição e comprometimento cognitivo. Mulheres >= 65 anos; Mulheres pós-menopausa = 70 anos Homens(DXA) - densidade óssea inferior ou igual a -2,5 desvios-padrão em relação à massa óssea do jovem adulto (T-score) 1. Presença de uma fratura considerada de baixo impacto periférica ou vertebral. 2. O grau de comprometimento da massa óssea, segundo a OMS, podem ser aplicados em mulheres na pós-menopausa e em homens com idade > 50 anos. Em mulheres na pré-menopausa e em homens jovens, utiliza-se o Z-score, que compara a densidade óssea com um indivíduo da mesma idade e sexo. Diagnóstico de “baixa massa óssea” para a idade quando o Z-score é 20ng/ml: população saudável até os 60 anos de idade 30-60ng/ml: GRUPOS DE RISCO Entre 10-20ng/ml: níveis baixos, risco de OP e fraturas 100ng/mL: risco de toxicidade e hipercalemia Vitamina D Hipovitaminose D Dosagem indicada porém não existem evidências para manutenção de valores acima de 30ng/ml -- Indivíduos com pele negra -- Obesidade -- Indivíduos que não se expoe ao sol ou que tenham contraindicação a exposição solar AS INDICAÇÕES PARA ESTES ACIMA, HOJE, É DE NÍVEIS DE VIT. D ENTRE 30-60ng/mL. Suplementação Deficiência: 20ng/mL -- Uso de calcitriol reservado para: IRC, osteomalácia e má absorção extrema. Bifosfonatos Osteoporose Farmacológico Mecanismo de ação: -- são análogos sintéticos do pirofosfato inorgânico -- ligam-se aos cristais de hidroxiapatita -- inibem a reabsorção óssea (pelo menos 6 meses de uso) As medicações utilizadas para prevenção e/ou tratamento da osteoporose podem ser classificadas como: Antirreabsortivas (bifosfonatos “carro chefe” - alendronato, risedronato, ibandronato e ácido zoledrônico; denosumabe, raloxifeno, estrogênio) - INIBEM O PROCESSO DE REABSORÇÃO ÓSSEA PELOS OSTEOCLASTOS 1. Anabólicas (teriparatida, abaloparatida e romosozumabe) - ESTIMULA A PRODUÇÃO DE OSSO NOVO PELOS OSTEOBLASTOS 2. TRH Terapia de reposição hormonal Na deficiência do estrogênio - células T ativadas vão aumentar produção de RANK-L. Na deficiência do estrogênio - redução do “mecano- sensor” dos osteócitos - ocorre aumento do RANK-L pelos osteócitos e também aumenta produção de esclerostina - que inibe via WNT Indicações: -- Tratamento da osteoporose pós-menopausa, especialmente com sintomas climatérios -- Iniciar antes dos 60 anos de idade, com menos de 10 anos pós-menopausa -- A TRH previne fraturas vertebrais, de quadril e outras -- A descontinuação da TRH leva a perda de massa óssea e aumento de risco de fraturas -- Avaliar risco x benefício TOMAR COM ÁGUA E NÃO DEITAR/COMER POR 30 MINUTOS (60 MINUTOS PARA IBANDRONATO) CONTRAINDICAÇÃO: -- Hipocalcemia -- Hipersensibilidade -- Distúrbios esofágicos (acalásia, estenose esofágica, varizes esofágicas, esôfago de Barrett) EFEITOS ADVERSOS: -- Náuseas -- Epigastralgia -- Esofagite 10% -- Úlceras gástricas BIFOSFONATO: ÁCIDO ZOLEDRÔNICO -- Reação de fase aguda: artralgia, febre, cefaleia, mialgia, dor óssea -- Injeção 1x por ano -- Melhora em 3-4 dias -- Hidratação e pré medicação com paracetamol Aumento de IL-6 e TNF Alfa ocorre dor no corpo do paciente Denosumabe Osteoporose Anticorpo monoclonal humano anti-RANK-L Dose: 60mg SC 6/6 meses Reduz a diferenciação, a atividade e a sobrevida dos osteoclastos por inibir a ligação RANK-RANKL É um inibidor potente da reabsorção óssea Alto custo, só tem no particular Indicação: paciente com ClCr