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Resistência de Materiais II Professora: Cristiane Arantes Aula 3 TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO Iremos ver nessa aula sobre transformação das componentes de tensão associadas a um determinado sistema de coordenadas com uma orientação diferente. Uma vez definidas as equações de transformação necessárias, poderemos obter a tensão normal máxima e a tensão de cisalhamento máxima em um ponto e determinar a orientação dos elementos sobre os quais elas agem . Iniciaremos pela transformação de tensão no plano, uma vez que essa condição é muito comum na prática da engenharia. Aula 3 TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO O estado geral de tensão em um ponto é caracterizado por seis componentes independentes da tensão normal e de cisalhamento que agem nas faces de um elemento de material localizado no ponto. Figura 1: Tensor de tensões Aula 3 TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO O estado geral de tensão no plano em um ponto é, portanto, representado por uma combinação de duas componentes de tensão normal, σx e σy , e uma componente de tensão de cisalhamento, τxy que agem nas quatro faces do elemento. O estado plano de tensão em um ponto é representado exclusivamente por três componentes que agem sobre um elemento que tenha uma orientação especifica neste ponto. Figura 2: Estado plano de tensões Aula 3 TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO O estado de tensão for definido pelas componentes σx e σy e τxy orientadas ao longo dos eixos x, y. As componentes σx’ e σy’ e τx’y’ orientadas ao longo dos eixos, x', y' de modo que representem o mesmo estado de tensão no ponto. Aula 3 TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO 0 estado plano de tensão em um ponto na superfície da fuselagem do avião é representado no elemento orientado om o mostra a Figura abaixo. Represente o estado de tensão no ponto em um elemento orientado a 30° no sentido horário em relação à posição mostrada. 0 elemento é secionado pela reta a-a na Figura 9.4a, o segmento inferior removido e, considerando que o plano secionado (inclinado) tem área ΔA, os planos horizontal e vertical têm as áreas mostradas na Figura 3 (b). O diagrama de corpo livre do segmento é mostrado na Figura 3 (c). Aplicando as equações de equilíbrio de força nas direções x' e y' para evitar uma solução simultânea para as duas incógnitas σx’ e τx’y’ temos: Figura 3 (a) Aula 3 TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO Figura 3 (b) Figura 3 (c) Aula 3 TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO Aula 3 TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO Agora, temos de repetir o procedimento para obter a tensão no plano perpendicular b-b. O corte do elemento na Figura 3 (a) ao longo de b- b resulta em um segmento cujos lados têm as áreas mostradas na Figura 3 (e). Se orientarmos o eixo + x' para fora, perpendicularmente à face secionada, o diagrama de corpo livre associado será o mostrado na Figura 3 (f). Assim, teremos: Figura 3 (a) Aula 3 TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO Figura 3 (e) Figura 3 (f) Aula 3 TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO Por essa análise podemos concluir que o estado de tensão no ponto pode ser representado escolhendo um elemento orientado como mostra a Figura 3 (a) ou escolhendo um elemento orientado como mostra a Figura 3 (d). Em outras palavras, os estados de tensão são equivalentes. Figura 3 (d) Aula 3 CONVENÇÃO DE SINAL Uma componente de tensão normal ou de cisalhamento é positiva contanto que aja na direção positiva da coordenada na face positiva do elemento ou na direção negativa da coordenada na face negativa do elemento, Figura 4(a). Por exemplo, σx é positiva, porque age para a direita na face vertical direita e para a esquerda (direção-x) na face vertical esquerda. A Figura 4 (a) mostra a tensão de cisalhamento agindo na direção positiva em todas as quatro faces do elemento. Na face direita, τxy age para cima (direção +y); na face inferior, τxy age para a esquerda (direção -x) e assim por diante. Figura 4: Convenção de sinal Aula 3 CONVENÇÃO DE SINAL Figura 4: Convenção de sinal Tensão normal positiva age para fora de todas as faces e a tensão de cisalhamento positiva age para cima na face direita do elemento Definir um eixo x’ positivo dirigido para fora, perpendicular ou normal ao plano, e um eixo y’ associado dirigido ao longo do plano, de acordo coma figura 4 (b). O Ângulo Ѳ é medido do eixo x positivo para o eixo x’ positivo. Ele é positivo desde que siga a curvatura dos dedos da mão direita, isto é, no sentido anti-horário, como mostra a figura 4 (b). Aula 3 CONVENÇÃO DE SINAL Figura 5: Componentes das tensões Considerando que a área secionada é ΔA, as áreas das faces horizontal e vertical do segmento são ΔA sen Ѳ e ΔA cos Ѳ, respectivamente. Aplicando as equações de equilíbrio de força para determinar as componentes da tensão normal e de cisalhamento desconhecidas, σx’ e τx’y’. Diagrama de corpo livre Aula 3 CONVENÇÃO DE SINAL Figura 5: Componentes das tensões Aula 3 CONVENÇÃO DE SINAL Figura 5: Componentes das tensões Aula 3 CONVENÇÃO DE SINAL Para aplicar as equações de transformação de tensão, basta entrar com os valores conhecidos de σx’ e σy’ e τx’y’ e Ѳ de acordo com a convenção de sinal definida. Se o cálculo de σx’ e σy’ e τx’y’ produzir quantidades positivas essas tensões agirão na direção positiva dos eixos x' e y' . Figura 6: Componentes das tensões Aula 3 EXEMPLO O estado plano de tensão em um ponto é representado pelo elemento mostrado na Figura 7 (a). Determine o estado de tensão no ponto em outro elemento orientado a 30° no sentido horário em relação à posição mostrada. Figura 7: Exemplo 9.2 - Hibbeler Aula 3 EXEMPLO Plano CD: Para obter as componentes de tensão no plano CD, Figura 7(b), o eixo x' positivo é dirigido para fora perpendicularmente a CD, e o eixo y’ associado é dirigido ao longo de CD. O ângulo medido de x até o eixo x' é Ѳ = -30° (em sentido horário). Figura 7: Exemplo 9.2 - Hibbeler Aula 3 EXEMPLO Plano BC: De modo semelhante, as componentes de tensão que agem na face BC, Figura 7(c), são obtidas usando Ѳ = 60° (em sentido horário). Figura 7: Exemplo 9.2 - Hibbeler Aula 3 EXEMPLO Aqui, τx’y’ foi calculada duas vezes, como confirmação. O sinal negativo para σx’ indica que essa tensão age na direção de x' negativo, Figura 7(c). Os resultados são mostrados no elemento na Figura 7(d). Figura 7: Exemplo 9.2 - Hibbeler Aula 3: Tensões principais e tensão de cisalhamento máxima no plano Aula 3: Tensões principais e tensão de cisalhamento máxima no plano Aula 3: Tensões principais e tensão de cisalhamento máxima no plano Dependendo do sinal escolhido, esse resultado dá a tensão normal máxima ou minínima no plano que age em um ponto, onde σ1 ≥ σ2 . Esse conjunto particular de valores é denominado tensões principais no plano, e os planos correspondentes sobre os quais agem são denominados planos principais de tensão. Nenhuma tensão de cisalhamento ocorre nos planos principais. Aula 3: Tensões principais e tensão de cisalhamento máxima no plano Figura 8: Tensão de cisalhamento máxima - Hibbeler Aula 3: Tensões principais e tensão de cisalhamento máxima no plano Os planos para tensão de cisalhamento máxima podem ser determinados orientando um elemento a 45° em relação à posição de um elemento que define os planos da tensão principal. Tensão normal nos planos onde ocorre a tensão de cisalhamento máxima. Aula 3: Tensões principais e tensão de cisalhamento máxima no plano • As tensões principais representam a tensão normal máxima e a tensão mínima no ponto; • Quando o estado de tensão é representado pelas tensões principais, nenhuma tensão de cisalhamento ocorre sobre o elemento; • O estado de tensão no ponto também podeser representado como a tensão de cisalhamento máxima no plano. Nesse caso, uma tensão normal média também age no elemento; • O elemento que representa a tensão de cisalhamento máxima no plano com as tensões normais médias associadas está orientado a 45° em relação ao elemento que representa as tensões principais. Aula 3 EXEMPLO Quando a carga de torção T é aplicada à barra na Figura 9 (a), ela produz um estado de tensão de cisalhamento puro no material. Determine (a) a tensão de cisalhamento máxima no plano e a tensão normal média associada e (b) as tensões principais. Figura 9: Exemplo 9.3 - Hibbeler Convenção de sinal: Tensão de cisalhamento máxima no plano Aula 3 EXEMPLO Foi constatado por métodos experimentais que materiais dúcteis falharão devido a tensão de cisalhamento. O resultado é que, se for aplicado um torque a uma barra feita de aço doce, a tensão de cisalhamento máxima no plano provocará a ruptura da barra. Figura 9: Exemplo 9.3 - Hibbeler Tensão principal Aula 3 EXEMPLO Figura 9: Exemplo 9.3 - Hibbeler Se agora aplicarmos a Equação com Ѳp2= 45°, então: Assim, σ2 = -τ age em Ѳp2 = 45° como mostra a Figura 9 (b), e σ1 = τ age na outra face, Ѳp1 = 135°. OBSERVAÇÃO: Materiais frágeis falham por conta da tensão normal. É por isso que, quando um material frágil, como o ferro fundido, é submetido à torção, falha sob tração à inclinação de 45°. Aula 3 EXEMPLO Quando a carga axial P é aplicada à barra na Figura 10 a, produz uma tensão de tração no material. Determine (a) as tensões principais e (b) a tensão de cisalhamento máxima no plano e a tensão normal média associada. Figura 10: Exemplo 9.4 - Hibbeler Convenção de sinal: Tensão de cisalhamento máxima no plano Aula 3 EXEMPLO Figura 10: Exemplo 9.4 - Hibbeler Convenção de sinal: Aula 3 EXEMPLO Por observação, o elemento orientado como mostra a Figura 10 a ilustra uma condição de tensão principal visto que nenhuma tensão de cisalhamento age nesse elemento. Isso também pode ser mostrado por substituição direta dos valores acima nas equações. Assim, Figura 10: Exemplo 9.4 - Hibbeler Tensão principal OBSERVAÇÃO: Se a barra for feita de material dúctil como aço doce, então a tensão de cisalhamento provocará a ruptura da barra quando esta for submetida à tração.
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