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Títulos de Crédito (Resumo basico)

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- Títulos de Crédito (Resumão)
Conceito: “Título de crédito é o documento necessário para o exercício do direito, literal e autônomo, nele mencionado” - Cesare Vivante
Suas principais características são:
 - Cartularidade: O título de crédito é um documento, ou seja, deverá ser escrito, gravado em um meio material (normalmente papel), não se admitindo a existência de título de crédito que não esteja escrito, documentado em meio físico. Somente com a posse e apresentação do documento que o direito nele prescrito poderá ser efetivamente exigido. Tem o direito quem tem o papel (cártula)
 - Autonomia: A autonomia dos títulos de credito verifica-se em função de que cada obrigação a eles relacionada não guarda relação de dependência com as demais. Assim, aquele que adquire o titulo de credito passa a ser titular autônomo do direito ali mencionado, sem que exista qualquer interligação com os adquirentes anteriores.
 - Literalidade: A literalidade significa que somente é considerado aquilo que no título está expresso, ou seja, não se levam em conta os atos gravados em outro documento que não no próprio título. Portanto, só vale o que no título está escrito, sendo o direito incorporado ao título de crédito literal.
Natureza Jurídica - título executivo (art. 585 CPC)
A existência de um título de crédito dá direito à ajuizar ação de execução contra o devedor sem a necessidade de passar pelo processo de conhecimento.
- Classificação
Quanto ao modelo
Livre: Não há padronização quanto à sua forma (ex.: nota promissória)
Vinculado: Há padronização quanto à forma do título (ex.: cheque)
Quanto à estrutura
Ordem de Pagamento: Há a presença de 3 (três) figuras intervenientes, quais sejam: o sacador (aquele que emite o título), o beneficiário/tomador (aquele que receberá o crédito) e o sacado (aquele que irá efetivamente cumprir a obrigação)
Promessa de Pagamento: Há a presença de 2 (duas) figuras intervenientes, quais sejam: o sacador (aquele que emite o título) e o beneficiário/tomador (aquele que receberá o crédito). Nessa modalidade, o pagamento será efetuado pelo próprio devedor, motivo pelo qual não há a figura do sacado.
Quanto à emissão
Causais: dependem de uma causa específica para sua emissão. Não podem ser emitidas sem motivo. Ex. Duplicata.
IMPORTANTE: A duplicata é o ÚNICO título de crédito causal existente no brasil (direito) sua emissão depende de uma compra / venda mercantil com nota fiscal. ** Emissão de duplicata sem causa é CRIME (“nota fria”)**.
Não Causais: Não depende de causa específica para serem emitidos. Todos os demais títulos de crédito, além da duplicada, são títulos não causais.
Quanto à circulação
Nominativos: Consta o nome do beneficiário no título. Estes títulos são transferidos à terceiro por meio de endosso (transferência de titularidade de um título de crédito).
Portador: Não consta o nome do beneficiário no título, portanto, este pertence ao seu portador. De acordo com a legislação tributária brasileira, só é permitida a emissão de títulos de crédito ao portador até o valor de R$ 99,99 (acima deste valor, deverá, obrigatoriamente, ser nominativo).
- Requisitos Gerais
Agente Capaz: As partes envolvidas na emissão de um título de crédito devem ser capazes para os atos da vida civil, ou seja, serem maiores de 18 anos (maioridade civil). Os menores de 18 anos poderão figurar na emissão de um título de crédito representado pelos pais, tutores, apenas mediante autorização judicial.
Títulos de crédito podem ser emitidos por procurador devidamente constituído. Cabe ressaltar que a responsabilidade recai inteiramente sobre o representado (aquele que efetivamente emite o título), havendo responsabilidade do procurador apenas se ele extrapolar os poderes que lhe foram conferidos.
Emissão Lícita: A emissão de um título de crédito é lícita sempre que livre de vícios.
Os vícios que podem atingir um título de crédito são os mesmos que atingem os atos jurídicos em geral (erro, dolo, coação, lesão, estado de perigo, fraude contra credores e simulação).
Forma Prescrita em Lei: A lei descreve, especificamente para cada título de credito, características próprias que lhes são Entretanto, vou destacar aqui, alguns, requisitos gerais, que são aplicáveis a qualquer título de crédito, são eles:
Data de Emissão, todo título de crédito deve conter a data de sua emissão; 
Indicação precisa dos direitos conferidos, não deve haver dúvida quanto aos direitos conferidos pelo título de crédito. Assim, é válido um título de crédito contendo rasura, erro gramatical e etc., desde que isso não gere dúvida quanto aos direitos conferidos pelo mesmo;
Assinatura, trata-se de qualquer sinal gráfico, emitido do próprio punho daquele que emite o título ou assinatura por chancela eletrônica, ou ainda assinatura eletrônica.
 - Tipos de TC
Títulos de crédito próprios: Aqueles que possuem as três características fundamentais (Cartularidade, autonomia e literalidade). São eles:
Cheque
Letra de Câmbio
Nota Promissória
Duplicata
Títulos de crédito impróprios: Não possuem as três características, porém, cumprem a função de título de crédito (ex.: título de crédito eletrônico – não possui a cartularidade)
- Endosso
Endosso é a transferência de titularidade de um título de crédito. Ou seja, é o ato jurídico pelo qual o credor transfere a titularidade do crédito para terceira pessoa. O endosso caracteriza-se por uma assinatura no verso do título e poderá ser em branco quando não indicar o beneficiário e poderá em preto quando indicar o beneficiário.
Deve ser o endosso realizado através da simples assinatura no verso ou anverso do título (conforme art. 903 CC). Porém, se lei especial dispor de forma diversa, valerá esta lei. EX. com relação aos cheques, a lei específica determina o endosso apenas no verso.
Os tipos de endosso são:
Endosso em branco: Não identifica o novo beneficiário.
Endosso em preto (endosso nominativo): Identifica o novo beneficiário (pode ser emitido em branco e completado na apresentação). Legislação nacional determina que o endosso de títulos acima de R$ 99,99 deve, obrigatoriamente, ser nominativo.
As partes envolvidas são:
a)Endossante: Aquele que endossa o título. (Repassa, entrega, ou sei lá o nome que quiser dar)
b)Endossatário: Aquele que recebe o título endossado
Efeitos do endosso:
1° principio = Transferência da titularidade, e com isso os direitos ligados ao Titulo.
2° principio = Vincular o endossante ao pagamento do título
Existe também o endosso impróprio que é aquele que não transfere a titularidade do título de crédito. Divide-se nas seguintes espécies:
A)- Endosso Caução: Transferência do título como garantia de cumprimento de uma obrigação (Ex.: Tenho duplicatas que vencerão daqui a 40 dias. Entrego-as como garantia para um empréstimo no banco X. Se eu não resgatar o empréstimo, o banco executará os títulos. Se eu pagar, o banco as devolverá.)
** Cabe a ressalva que, tecnicamente, o cheque não pode ser utilizado como caução, pois trata-se de uma ordem de pagamento à vista. Porém, a prática do mercado é outra...
B)- Endosso Mandato: Transferência de apenas alguns direitos relacionados ao título (não transfere a titularidade). Deverá ser escrito no verso do título os direitos transferidos (ex.: transferência de um título à terceiro apenas para que este receba o pagamento em seu lugar.) (Ex2. Titulo que foi endossado em favor de banco para que este possa efetuar o trabalho de cobrança e possível protesto do mesmo, mas o direito do Titulo pertence ao Endossante)
Existe também o endosso póstumo/posterior que é aquele feito após a data de vencimento do título. Produz os mesmos efeitos do endosso regular.
A cadeia de endossos é permitida pela legislação civil. Aquele que paga o título não é obrigado a conferir a autenticidade do endosso, apenas sua existência.
O direito civil possui o instituto da cessão civil de direitos, que é semelhante aoendosso (instituto de direito cambiário). As principais diferenças entre estas figuras são:
	Endosso (D. Cambiário)
	Cessão Civil (D. Civil)
	Tranferência da titularidade
	Sucessão de direitos (assunção de todas as obrigações do titular anterior)
	Procedimento informal (basta uma assinatura no verso ou anverso)
	Procedimento formal, efetuado por meio de contrato.
	Não é necessário notificar o credor sobre a transferência (princípio da cartularidade – quem tem a cártula tem o direito)
	É necessário notificar os credores/devedores sobre a realização da cessão civil
- Aval
O aval trata-se de uma garantia pessoal, que consiste no comparecimento de terceira pessoa que se responsabiliza pelo cumprimento da obrigação, juntamente do devedor principal.
As garantias podem ser pessoais e reais. O aval se trata de uma garantia pessoal. A garantia real é aquela em que o devedor oferece um bem ao credor como garantia do cumprimento da obrigação (ex.: alienação fiduciária em garantia).
O aval é executado por meio de simples assinatura no verso ou anverso do título. Se diferencia do endosso à medida que o assinante no aval será terceira pessoa, enquanto que no endosso, a assinatura é do titular que transfere o título. Por este motivo, o aval se presume com a mera constatação de assinatura de terceiro no título.
Pessoas casadas precisam de anuência do seu cônjuge para dar aval (outorga uxória – autorização mulher; outorga marital – autorização homem).
IMPORTANTE: A RESPONSABILIDADE DO AVALISTA AO PAGAMENTO DO TÍTULO É SOLIDÁRIA À DO DEVEDOR, O QUE O TORNA TAMBÉM DEVEDOR PRINCIPAL DO TÍTULO
Por este motivo, o avalista é devedor do título da mesma maneira que o devedor principal e dele pode ser exigido o pagamento sem que o devedor principal tenha sido cobrado (diferentemente da responsabilidade subsidiária).
O direito civil possui o instituto da fiança, que é semelhante ao aval (instituto de direito cambiário). As principais diferenças entre estas figuras são:
	Aval (D. Cambiário)
	Fiança (D. Civil)
	Responsabilidade Solidária
	Responsabilidade Subsidiária
	Aplicável apenas a títulos de crédito
	Aplicável a qualquer instrumento de direito civil (inclusive títulos de crédito)
	Corresponde obrigatoriamente à obrigação total (aval parcial é nulo)
	Pode ser parcial
	Não pode incluir benefício de ordem (determinar a ordem de cobrança da dívida)
	Pode incluir benefício de ordem de cobrança de divida.
	O avalista que se torna insolvente não pode ser substituído
	O fiador que se torna “insolvente” pode ser substituído
	A obrigação não pode ser dividida por vários avalistas (se houver mais de um, todos são responsáveis pela dívida toda)
	A obrigação pode ser dividida entre vários fiadores (divisão em partes iguais)
	Não é possível exonerar o avalista (dispensar o avalista após o aval ter sido dado)
	É possível exonerar o fiador
- Protesto
O protesto é a formalização e publicidade da mora. Deve ser realizado no cartório da cidade correspondente ao título protestado.
O protesto será obrigatório apenas se credor deseja cobrar o pagamento do título dos coobrigados. Para atingir apenas o devedor principal, é possível ajuizar ação de execução sem realização de protesto.
Devedor principal: PROTESTO FACULTATIVO – Aquele que emite o título **IMPORTANTE – Avalista é considerado devedor principal também, pois sua responsabilidade é solidária. 
Coobrigado: PROTESTO NECESSÁRIO (OBRIGATÓRIO) – Aquele que se obriga ao pagamento do título subsidiariamente ao devedor principal (ex.: endossante) **IMOPRTANTE – O avalista do avalista será coobrigado, pois sua obrigação não é solidária à do devedor principal 
Os tipos de protesto são:
a)- Por falta de pagamento
b)- Por falta de aceite
c)- Por falta de devolução (devedor recebe o título para aceite e o retêm indevidamente)
Ação Cambial
A ação cambial, no direito brasileiro, é uma ação executiva típica, que objetiva a cobrança de título cambiário (cheque, nota promissória, letra de câmbio, duplicata etc).
O portador tem o direito de acionar todos os obrigados e coobrigados, sem estar adstrito a observar a ordem em que eles se obrigaram. Todos os que se obrigarem na letra a ela se vinculam diretamente, pois suas obrigações são autônomas, umas em relação às outras. O portador pode eleger apenas um obrigado, ou então um coobrigado para contra ele dirigir a ação, ou pode promovê-la contra todos, citando-os solidariamente. O art. 47 da Lei  Uniforme (“LUG”) dispõe sobre o conhecido princípio cambiário de que “os sacadores, aceitantes, endossantes ou avalistas de uma letra são todos solidariamente responsáveis para com o portador. O portador tem o direito de acionar todas essas pessoas individualmente, sem estar adstrito a observar a ordem por que elas se obrigaram”.
Esse direito se transfere do portador a qualquer dos signatários quando tenha pago a letra, assumindo este a posição de portador. Por outro lado, a lei deixa claro que “a ação intentada contra um dos coobrigados não impede acionar os outros, mesmo os posteriores àquele que foi acionado em primeiro lugar”.
OBJETO DA AÇÃO CAMBIÁRIA
            Em primeiro lugar, com a ação cambiária se pretende obter a importância da letra, que constitui o crédito nela incorporado. Em segundo, os juros e despesas de protesto, se tiver sido tirado.
O art. 5º da LUG permite ao sacador estipular na letra o pagamento de juros, mas apenas nas letras com vencimento à vista ou a tempo certo de vista, fluindo a partir da data do título. Nas demais letras, a dia certo ou a tempo certo de data, a cláusula reputa-se não escrita. Assim dispõe a lei porque nas primeiras não é possível contar os juros por dentro, previamente, como ocorre nas segundas. O art. 48, 2º, da LUG dispõe, todavia, que o portador pode reclamar daquele contra quem exerce seu direito de ação, “os juros à taxa de 6% desde a data do vencimento”. Essa disposição legal vem excluir o princípio da vigência de juros legais desde a data do protesto por falta de pagamento. Pela Lei Uniforme, os juros moratórios passam a viger desde a data do vencimento independente de protesto.
            Essa taxa de 6% ao ano, expressamente fixada pela Lei Uniforme, pode ser substituída pela taxa legal em vigor no território de qualquer dos países signatários da Convenção. O Governo brasileiro usou dessa ressalva, muito embora a taxa legal vigente no Brasil seja também de 6% ao ano.
            Em suma, a pessoa que pagar a letra pode reclamar dos seus garantes a soma integral que pagou, os juros da dita soma, calculados à taxa de 6% ao ano desde a data do vencimento, e as despesas que tiver tido com o protesto.
LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA
Sendo a ação cambial uma espécie de ação executória, terá legitimidade passiva para propô-la aquelas pessoas descritas no art. 567 do Código de Processo Civil, o qual traz além do credor, portador do título executivo, as figuras do Ministério Público, do espólio, herdeiros ou sucessores, do cessionário e do sub-rogado.
No pólo passivo, por sua vez, figuram o devedor reconhecido no título executivo, o espólio, os herdeiros e sucessores do devedor, o novo devedor, o fiador judicial e o responsável tributário, conforme o disposto no art. 568, do CPC.
Quanto aos devedores, no estudo da ação cambial é indispensável fazer a distinção entre devedores solventes e insolventes, pois para cada espécie de devedor há uma ação executória específica, conforme poderá ser verificado adiante.
FORMAS DE AÇÃO CAMBIAL
A ação cambial pode ser de duas formas, dependendo de contra quem será movida e da causa de sua propositura:
a) ação direta: é estabelecida contra o devedor principal (sacado, na letra de câmbio e duplicata; emitente, na nota promissória e no cheque) e seus avalistas, sendo nesta hipótese o protesto do título facultativo, pois independe deste para iniciar o exercício de seu direito de ação. É necessário que seja visível a verificação do não pagamento, bem como a sua nãoefetuação na data prevista.
O avalista e o credor poderão ser cobrados em conjunto ou individualmente. Ao avalista a situação equiparada ao devedor principal, possibilita que a ação seja movida inicialmente contra ele, antes do devedor. Mas a ele cabe, depois de pagar a importância devida, agir em regresso contra o aceitante, e caso este não satisfaça, poderá se voltar aos obrigados anteriores.
 b) ação indireta ou ação regressiva: aquela que é movida pelo portador atual contra os obrigado anteriores, como no caso do endossante que paga ao endossatário. Ela hoje se consubstancia na ação de regresso, havendo obrigatoriedade da existência de protesto, sob pena de perda do seu direito de regresso.
Não satisfeito o credor na totalidade da dívida pelo devedor principal e pelo avalista, será permitido iniciar ação de regresso contra os obrigados regressivos.

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