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Extensionista rural, agente de transformação no campo e 
nas comunidades pesqueiras 
 
6 de dezembro é dia do extensionista rural, profissional que tem como desafio levar as famílias rurais e pesqueiras ao encontro do 
conhecimento e da tecnologia. Foto: Aires Mariga 
 
Produção de alimentos com tecnologia e sustentabilidade, famílias rurais e pesqueiras com mais 
qualidade de vida e maior renda, novas gerações permanecendo na propriedade rural e assumindo o 
empreendimento familiar por opção. Há anos essas transformações vêm acontecendo no campo e no 
litoral brasileiro em grande parte devido à atuação de um profissional que o meio urbano ainda conhece 
pouco: o extensionista rural. Essa profissão começou a ser oficialmente exercida no Brasil em 1948 com 
a criação da empresa de extensão rural de Minas Gerais, e tem data comemorativa no mesmo dia de 
fundação da instituição mineira: 6 de dezembro. 
A extensão rural brasileira está organizada por entidades estaduais, vinculadas aos governos de formas 
distintas. Em Santa Catarina, a Epagri é o órgão oficial de extensão rural e pesqueira desde 1956, 
vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural. Em seu quadro 
de funcionários a Empresa conta com 502 extensionistas rurais atuando em 100% dos municípios. Para 
exercer a profissão, o profissional deve ter formação nas áreas agrárias. 
Passados mais de 70 anos que a profissão é exercida no país, o extensionista e gerente estadual de 
extensão rural e pesqueira da Epagri, Darlan Rodrigo Marchesi, pontua mudanças no papel desse 
profissional. “Hoje nossa atuação vai além de difundir técnicas. Ela é mais abrangente, construtiva e 
integrada. Nosso trabalho deve ser para a busca permanente da melhoria da qualidade de vida das 
pessoas e do desenvolvimento pleno dos agricultores bem como toda a sociedade, visto que os avanços 
que implicam a produção de alimentos também têm impacto nos consumidores, que estão 
principalmente no meio urbano”, diz ele. Em Santa Catarina, o público atendido pelos extensionistas 
inclui pescadores, agricultores e povos tradicionais 
Darlan conceitua a extensão rural como um processo de educação não formal que leva as famílias dos 
agricultores, pescadores e povos tradicionais ao encontro do conhecimento e da tecnologia. “Nesse 
encontro busca-se o desenvolvimento tanto das famílias como dos territórios onde elas vivem, e das 
organizações em que participam”, acrescenta. Para que isso aconteça, o extensionista tem como 
ferramentas de trabalho o que chamamos de métodos de extensão, que são visitas técnicas e atividades 
coletivas de capacitação como: oficinas, cursos, dias de campo, reuniões com demonstrações de método, 
palestras, excursões, entre outros, seguindo sempre o planejamento para aquele município ou região. 
O gerente da Epagri ilustra esse “encontro” da extensão rural com o público beneficiário: em 2020, 
mesmo com a crise de saúde pública que se estabeleceu, a Epagri, respeitando os protocolos de combate 
a Covid-19, até o momento alcançou, sem repetição, mais de 100.267 famílias de agricultores, 
pescadores e povos tradicionais. 
Para entender melhor como é efetivamente o trabalho desse profissional, trazemos a experiência de 
dois funcionários da Epagri que tomaram a decisão de ser extensionista rural ainda na adolescência: 
Diego Adílio da Silva, da cidade de Criciúma, no Sul Catarinense, e Aline Siminski Bellicanta, de Seara, 
no Oeste de SC, ambos engenheiros-agrônomos. 
 
Retorno dos jovens ao campo 
 
A decisão de Aline em seguir a carreira de extensionista partiu da vivência que ela tinha em casa com o 
pai, que exerceu essa profissão na Epagri no município de Concórdia. “Percebia que a extensão rural 
fazia a diferença nas comunidades do interior, na vida das famílias”, diz a agrônoma, que tem 43 anos e 
atua nessa área desde que se formou, há 19 anos. Em 2008 ingressou na Epagri no município de 
Ipumirim, onde ficou até 2011, quando assumiu a vaga no escritório local de Seara. 
Aline afirma que os extensionistas são bem aceitos pelas comunidades porque o interesse desses 
profissionais não é comercial, “mas sim que família se aproprie de novos conhecimentos, cresça na 
atividade, tenha uma aprendizagem contínua e também nos ensine nesse processo, que é rico em 
trocas”, diz. 
 
Para Aline, o foco do trabalho do extensão rural não é apenas a produção, mas a qualidade de vida da família 
 
Ao assumir um trabalho, ela explica que a visão do extensionista tem que ser do todo. “O objetivo de 
uma visita, por exemplo, pode ser para prestar assistência técnica em uma lavoura específica. Mas ao 
chegar lá, quero saber se a família está bem, se os filhos estão na escola, se contam com horta caseira. O 
foco não é apenas a produção, mas a qualidade de vida daquele grupo em um sentido amplo e o como 
eu posso, com meu conhecimento, facilitar isso”. 
Segundo a extensionista, essa atitude é transformadora na vida da família e do profissional que a atente. 
Um dos resultados do seu trabalho que ela cita com orgulho é a agregação de valor da produção agrícola 
na legalização de agroindústrias. “Isso tem provocado um êxodo urbano, ou seja, os jovens que saíram 
para trabalhar nas grandes indústrias locais estão retornando ao campo para assumir o 
empreendimento da família”. Seara é o município catarinense com o mais número de agroindústrias 
familiares: até novembro de 2020 eram 41 unidades. 
 
Qualidade de vida e relações de amizade 
 
Outro impacto da atuação da extensão rural que a Aline cita é a apropriação, pelos agricultores, de 
sistemas produtivos mais sustentáveis e menos onerosos preconizados pela Epagri, como o Sistema 
Plantio Direto de Hortaliças (SPDH) e a produção de leite à base de pasto. No caso da produção 
leiteria, o maior exemplo do município é da família Ortolan, que teve resultados nos primeiros meses: 
o trabalho diminuiu, o custo de produção foi reduzido e a rentabilidade com a atividade foi 10 vezes 
superior. 
 
“Uma mudança numa prática agrícola refletiu diretamente na qualidade de vida de toda a família, que 
hoje segue de modelo para outras, pois na propriedade foi instalada uma unidade de referência técnica 
da Epagri e hoje apresentar excelentes índices técnicos e econômicos”, diz Aline,“Esse sistema usa 
pastagens perenes e apresenta menor dependência de insumos externos e uso moderado de ração ou 
silagem”, explica. 
 
Aline relata que a família tem uma gratidão muito grande pela atuação da extensão rural porque 
abrandou muito o trabalho, que era pesado para eles. “Esse resultado a gente não consegue contabilizar, 
porque é um ganho real de qualidade de vida dessas famílias”. E essa gratidão é demonstrada na relação 
que se estabelece entre as famílias e os extensionistas. “Nossa relação é profissional, mas nem por isso 
é fria. E isso se expressa em pequenos gestos, como a foto do neta do agricultor que eu recebi pelo 
WhatsApp esses dias, logo após o nascimento”, diz ela emocionada. Segunda Darlan, a marca na 
extensão é exatamente esta: aproximação do extensionista com as famílias. 
 
Empoderamento das famílias 
 
O jovem extensionista Diego, de 32 anos, também se inspirou em exemplo próximo para decidir a 
carreira a seguir: a esposa de seu pai trabalhava na casa de um extensionista da Epagri, em 
Florianópolis, e aos 12 anos aquele universo o encantou. Ele ingressou na Epagri em 2014, sete anos 
depois de se formar. Na Empresa ele atuou nos escritórios de São João do Sul e Meleiro, e desde o ano 
passado está na Gerência Regional de Criciúma, onde lidera o projeto de fruticultura no Sul do Estado. 
 
“Para mim o trabalho do extensionista é fazer com que as famílias melhorem de vida, questionem antes 
de qualquer intervenção na propriedade e a partir do conhecimento constituído adquiram a consciência 
da sua capacidade de fazer mudanças que gerem impacto em toda a comunidade e também no meio 
ambiente. Sou realizado no que faço, parece que estou nisso há 20 anos”, diz ele. ParaDiego, é 
fundamental que ao atuar nos municípios, o extensionista consiga ter uma visão ampla do espaço onde 
atua, da realidade local, da cultura daquele grupo, para entender suas práticas e decidir qual a melhor 
abordagem para motivar as famílias a seguirem as orientações da extensão rural. 
 
“Não vendemos produtos, mas sim desenvolvemos o aprendizado de conhecimentos. É um trabalho de 
formiguinha, de perseverança, até que haja a apropriação de competências para o desenvolvimento da 
família e da sociedade em que participa. Mas quando isso acontece, o resultado chega rápido na 
vizinhança e as boas práticas são aceitas e implantadas nas demais propriedades com mais facilidade”, 
diz ele. 
 
Um exemplo foi da família Silveira de Sena, de São João do Sul, composta por seu José e o jovem casal 
Elizete (filha) e Adercide (genro), que não tinham uma gestão financeira adequada da produção leiteira, 
bem como subestimava a genética do rebanho, da raça Jersey. “Com pequenas mudanças, conseguimos 
elevar a produtividade de 25 litros diários em alguns animais, em pico de lactação, para 40 litros/dia, 
com diminuição dos custos de produção e dimensionamento da nutrição. Quando levamos a proposta 
de trabalho, eles desconfiavam dos resultados e isso até gerou uma aposta entre a gente. Em 12 meses 
atingimos essa produtividade e Elizete pagou a aposta, que foi beijar uma das vacas”, se diverte o 
extensionista. 
 
Ele ainda cita a humanização da atividade pela família Silveira de Sena a partir da adoção 
da homeopatia animal, o que fez a propriedade se tornar referência e receber visitas de pessoas até 
de fora do Brasil. “Muito mais do que elevar a renda, o impacto dessas mudanças na família pode ser 
visto no empoderamento de todos os membros. Hoje eles possuem um entendimento técnico da 
atividade e quem os conheceu acanhados se impressionam com a desenvoltura ao repassar os 
conhecimentos adquiridos a todos que os procuram”, relata Diego. 
 
Facilitador de políticas públicas 
 
Outra estratégia de trabalho que o gerente Darlan cita na atividade da extensão rural é a viabilização do 
acesso às políticas públicas, ou seja, programas e ações dos governos Federal, Estadual e Municipal para 
a melhoria da atividade produtiva. Para Diego, o extensionista é um braço da Secretaria de Estado da 
Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural (SAR). “Traduzimos para o produtor as burocracias 
necessárias para a legalização dos empreendimentos, para acesso ao crédito, entre outros benefícios, 
para que todos façam uso do que é de direito”, explica. 
Mas o trabalho da extensão rural também impacta essas políticas, como foi o caso da portaria da SAR 
006/2020 que estabelece o vazio sanitário para a cultura do maracujá em Santa Catarina, uma 
medida fundamental para manutenção da sanidade dos pomares com garantia de alta produtividade. 
Em 2016, a virose do endurecimento do fruto foi detectada nos pomares do Sul de Santa Catarina, 
principal região produtora do Estado. Uma ação rápida da Epagri, em conjunto com os outros atores 
dessa cadeia produtiva, resultou no convívio com a doença, sem perda de qualidade das frutas. 
 
Para tanto, estabeleceu-se a necessidade de observação de recomendações técnicas que visam 
preservar todos os pomares da região, como é o caso do vazio sanitário, medida que proíbe a existência 
de lavouras comerciais de maracujá de 1 e 31 de julho de cada ano. Diego fez parte da equipe 
responsável por essa medida, de grande impacto na região, que faz de Santa Catarina ser reconhecida 
por produzir o melhor maracujá do Brasil, título relacionado às características da fruta, como 
tamanho, formato e preenchimento de polpa. 
 
Novos métodos de trabalho sem perder a humanização 
 
Como em toda profissão, os métodos de trabalho da extensão rural são dinâmicos e se aprimoram 
constantemente para atender às demandas da atualidade. Darlan pontua isso ao relatar como o mundo 
digital foi incorporado no trabalho do extensionista durante a pandemia de Covid-19, “sem nunca 
perder a aproximação do profissional com as famílias, que é uma marca dessa profissão”, reforça ele. 
Os profissionais da Epagri se adaptaram a essa nova realidade e a Empresa já ofertou esse ano mais de 
589 capacitações on-line, envolvendo 36.892 participantes, pois a produção de alimentos não parou 
durante pandemia. Mas os pioneiros nesse processo foram Diego e o colega Ricardo Sant’Anna Martins, 
extensionista rural do município de Maracajá. Em abril, duas semanas após o Governo do Estado 
decretar isolamento social por conta do Covid-19, ambos ofertaram um curso por videochamada 
sobre o manejo da cultura da pitaia, que superou a expectativa de público. “O extensionista tem que 
se reinventar, se desafiar, ter criatividade, não ficar na mesmice, e isso ficou ainda mais claro em 2020”, 
acrescenta Diego. 
 
Acompanhe a seguir um vídeo comemorativo que mostra a história da extensão rural nos três estados do Sul. 
 
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