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Dignidade da pessoa humana - Sarlet - Fichamento

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Curso: Bacharelado em Direito
Professora: Danyele Bandeira 
Aluno: Edwar de Alencar Castelo Branco Turma: 3°A
FICHAMENTO
Tema: A dignidade da pessoa humana como princípio e valor fundamental e estruturante da constituição brasileira de 1988.
	Autor:
	SARLET, Ingo Wolfgang. 
	Título e subtítulo da obra:
	Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituição Federal de 1988. 
	Edição:
	9. ed. rev. atual.
	Local de publicação:
	Porto Alegre
	Editora:
	Livraria do Advogado Editora
	Data da publicação:
	2011
	Estrutura da obra:
	Contém 4 capítulos, antecedidos por “Considerações preliminares” e sucedidos por “Considerações finais”
	Número páginas:
	192 pp
Publicada originalmente em 2001, a obra é prefaciada por Paulo Bonavides e apresentada por Clèmerson Merlin Clève.
As considerações preliminares (pp 29-31) são utilizadas para o autor situar o cerne da obra: a indissociabilidade entre dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais, bem como os problemas conceituais daí decorrentes, como se pode ver no trecho a seguir transcrito:
É precisamente sobre as relações entre a dignidade da pessoa humana e os direitos fundamentais que pretendemos tecer algumas considerações, destacando pelo menos parte das inúmeras facetas e problemas que este casamento feliz – mas nem por isso imune a crises e tensões – desafia a todos os que se ocupam de seu estudo.
Em Conteúdo e significado da noção de dignidade (da pessoa) humana (pp 33-73), o autor dispende dois esforços: o primeiro (pp 33-49) historicizar a dignidade da pessoa no âmbito do pensamento ocidental; o segundo (p 49-73), situar a questão da dignidade da pessoa em termos jurídico-constitucionais.
No primeiro aspecto – o histórico – o autor mostra como a noção de dignidade da pessoa variou filosoficamente ao longo do tempo, sendo vista como um valor intrínseco ao ser humano, conforme a concepção cristã; como uma qualidade inerente e distintiva do ser humano, conforme o estoicismo; como autodeterminação, conforme a Escolástica de Santo Tomáz de Aquino; como outorga de Deus, segundo Giovanni Pico Dela Mirandola; como liberdade de opção, conforme Samuel Pufendorf; como autonomia da vontade (autodeterminação), conforme Immanuel Kant; como cidadania, conforme Hegel e, finalmente, como um aspecto histórico-cultural da humanidade, conforme, entre outros, Peter Haberle. 
No segundo aspecto – o jurídico-constitucional – o autor procura pontuar os modos como a doutrina enxerga o núcleo da noção de dignidade, do que decorre a proposição da dignidade como fator limitante do Estado, sendo inerente ao homem (lato sensu, aí incluídos o meio ambiente e os eco-sistemas) e caracterizada por ser intangível, irrenunciável, inalienável e independente de seu reconhecimento pelo Direito. O autor diz tratar-se, a dignidade da pessoa humana, de uma categoria axiológica aberta, o que a torna um conceito em permanente processo de construção e desenvolvimento. Apesar disso, fecha o capítulo propondo uma definição:
Temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e distintiva reconhecida em cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e co-responsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos, mediante o devido respeito aos demais seres que integram a rede da vida.
O segundo capítulo, Dignidade da pessoa humana como norma (valor, princípio e regra) fundamental na ordem jurídico-constitucional brasileira (pp 75-90) é igualmente dividido em duas partes.
Na primeira parte (pp 75-80), o autor toma – à luz do direito comparado – alguns exemplos do constitucionalismo europeu (notadamente o alemão, o português e o espanhol) e sul americano (especialmente o brasileiro e o paraguaio) para mostrar como, a partir do final da segunda guerra mundial, a dignidade da pessoa humana é trazida para o interior dos sistemas jurídicos e alçada a uma condição de grande importância. Relativamente ao constitucionalismo brasileiro, especificamente, o autor mostra como “o nosso Constituinte de 1988 [...] reconheceu categoricamente que é o Estado que existe em função da pessoa humana” (p. 80), do que decorreria, inclusive topograficamente, um reposicionamento da temática em estudo no âmbito da CF/88: no título dos princípios fundamentais a dignidade da pessoa humana é consagrada “como um dos fundamentos do nosso Estado democrático (e social) de Direito (art. 1°, inc. III, da CF)” (pp.79-80).
A segunda parte do capítulo – que curiosamente é o mais breve do ensaio – é dedicada a mostrar como, pela primeira vez na história do constitucionalismo brasileiro, a dignidade da pessoa humana saiu do rol de direitos e garantias fundamentais para ser guindada à condição de princípio jurídico-constitucional fundamental. A partir daí, amparado em doutrinadores tais como Alexy, o autor procura mostrar “que o dispositivo (o texto) não se confunde com a norma (ou normas) nele contida, nem com as posições jurídicas (direitos) por esta outorgadas”, do que decorre que o positivado no artigo 1º, inciso III da CF/88 contém não apenas mais de uma norma, mas a alçada desta norma à condição de princípio e regra (valor) fundamental, o que a torna também “fundamento de posições jurídico-subjetivas” (p. 83) que definem direitos e garantias mas também deveres fundamentais. Em síntese, esta seção do segundo capítulo é utilizada para demonstrar que, como princípio e valor fundamental, a dignidade da pessoa humana constitui “valor fonte que anima e justifica a própria existência de um ordenamento jurídico”. (p. 85)
 
O terceiro capítulo, intitulado Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais: alguns pontos de contato, encontra-se subdividido em quatro partes e constitui-se como a maior parte da obra.
O autor procura demonstrar que a constituição brasileira de 1988 é uma “constituição da pessoa humana” (p. 92), o que faz com que a dignidade paire, na CF/88, como medida e parâmetro para a positivação de direitos e garantias fundamentais. Como forma de demonstrar a efetividade desta premissa o autor passa, então, a colacionar diversos julgados dos tribunais, não apenas dos superiores, mas também citando alguns exemplos de decisões do tribunal gaúcho. Nestas decisões, as quais incidiam sobre diferentes ramos do direitos mas todas diziam respeito a direitos fundamentais, restou demonstrado “o imperativo segundo o qual em favor da dignidade não deve haver dúvida” (p. 100). À luz deste postulado o autor encerra a sessão afirmando que “dignidade e direitos fundamentais atuam, no centro do discurso jurídico constitucional, como um DNA, como um código genético, em cuja unifixidade mínima, convivem, de forma indissociável, os momentos sistemático e heurístico de qualquer ordem jurídica”.
Em seguida, o autor dedica-se a mostrar que a unifixidade mínima entre direitos fundamentais e dignidade, “em cada direito fundamental se faz presente um conteúdo ou, pelo menos, alguma projeção da dignidade da pessoa” (p. 101). Isto, entretanto, não significa que “ter dignidade equivale apenas a ter direitos” (p. 102). Para o autor a dignidade, enquanto princípio, norma e valor, obriga, sob a égide do silogismo in dubio pro dignitate o Estado, os indivíduos e, bem como, a sociedade. Deste princípio, segundo o autor, “decorrem, simultaneamente, obrigações de respeito e consideração (isto é, de sua não violação) mas também um dever de promoção e proteção” (p. 118). Ao pensar a relação entre dignidade e direitos fundamentais, não devemos ter em mente apenas “os direitos de defesa (ou direitos negativos), mas também os direitos a prestações fáticase jurídicas (direitos positivos)”. Disto se depreende, conclusivamente, que a dignidade não implica apenas direitos fundamentais, mas também deveres fundamentais.
Em seguida, analisando a relação entre dignidade e direitos fundamentais in concreto, o autor aponta a dignidade como uma lex generalis, na medida em que “sendo suficiente o recurso a determinado direito fundamental, inexiste, em princípio, razão para invocar-se autonomamente a dignidade da pessoa humana” (p. 123). Entretanto, o autor assevera que não se pode tomar a dignidade, no sentido técnico-jurídico, como meramente subsidiária. Segundo o autor, a dignidade deve ser sempre tomada como “uma substancial fundamentalidade” (p. 124) em face dos demais direitos fundamentais.
Na última sessão do capítulo o autor procura mostrar o papel do estado e, bem como, da comunidade e de organismos para-estatais, no compromisso com a promoção da dignidade da pessoa humana. Mostra como, em relação ao Estado, “o princípio da dignidade da pessoa humana não apenas impõe um dever de abstenção (respeito), mas também condutas positivas tendentes a efetivar e proteger a dignidade dos indivíduos” (p. 132). Mas o princípio não vincula apenas o estado, “mas também a ordem comunitária e, portanto, todas as entidades privadas e os particulares (...). O princípio da dignidade da pessoa humana vincula também no âmbito das relações entre os particulares” (p. 133). 
No quinto e último capítulo o autor procura mostrar a dignidade da pessoa humana como princípio limitador à restrição dos direitos fundamentais. Inicia fazendo referência ao fato, doutrinariamente pacificado, de que não existe direito absoluto, mas existe, como herança da doutrina jurídica alemã, “o limite dos limites”, o qual restringe a atividade limitadora no âmbito dos direitos fundamentais.
Em seguida, firma posição no sentido de que o princípio da dignidade da pessoa humana e o núcleo essencial dos direitos fundamentais, na CF/88, não são a mesma coisa. E enumera os motivos pelos quais defende essa tese: nem todos os direitos fundamentais apresentam um conteúdo em dignidade, mesmo possuindo um núcleo essencial (exemplifica com o art. 60, § 4°, IV, da CF/88); Não havendo esta identidade/igualdade entre direitos fundamentais e dignidade da pessoa, “nem toda violação de um direito fundamental corresponde, ao mesmo tempo e necessariamente, a uma violação da dignidade da pessoa humana” (p. 144).
À luz desta tese, o autor apresenta a dignidade da pessoa humana como algo com dupla função: “é parte – ainda que variável – integrante do conteúdo dos direitos fundamentais”, mas, ao mesmo tempo, é fator limitador do abuso de direitos.
Em seguida, retornando à questão da inexistência de direito absoluto, o autor indaga sobre se a dignidade é um direito absoluto. Não responde conclusivamente, mas, retornando à questão da dupla função da dignidade – direito e dever, acaba por aceitar uma tênue relativização.
Nas considerações finais o autor retoma brevemente cada uma das teses levantadas e anuncia o desejo de manter a obra em aberto, sem conclusões terminativas. Algo, aliás, que se percebe efetivado quando se observa as profundas mudanças pelas quais o texto original, de 2001, sofreu na última década e meia.

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