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2021.2 Universidade do Estado do Rio de Janeiro Licenciatura em Geografia Geografia Agrária AD2 – Atividade a distância 2 O comércio de Feira Orgânica Sara Duarte de Andrade Araujo Matricula 20112140287 Pólo Campo Grande 2021.2 1. Introdução O presente trabalho tem como objetivo apresentar os aspectos relacionados a comercialização de produtos orgânicos de origem vegetal certificados e a construção de poder entre os diversos atores pertencentes ao universo das feiras orgânicas, especificamente da cidade de Niterói, tendo como base da pesquisa a Associação de Agricultores Biológicos do Estado do Rio de Janeiro (ABIO). O objetivo dessa pesquisa também é contribuir para a expansão do movimento orgânico regional. Para o levantamento das informações pertinentes ao estudo foram realizadas pesquisas a partir de consultas bibliográficas sobre o tema agroecologia, feiras orgânicas e desenvolvimento sustentáveis, bem como foi analisada a própria experiência pessoal de ir à feira para adquirir alguns alimentos orgânicos. 2. Objetivo Geral da Projeto Investigado O esforço da população em introduzir hábitos saudáveis em suas vidas tem estimulado cada vez mais o consumo de alimentos orgânicos. Por conta disso, este trabalho tem como intuito caracterizar os aspectos relacionados a comercialização dos produtos orgânicos coordenado pela ABIO em diversos locais do Estado do Rio de Janeiro, especificamente, no Campo de São Bento, localizado no município de. A missão da ABIO é contribuir para o fortalecimento da agricultura orgânica de base agroecológica, mediante a prestação de serviços aos agricultores, produtores e extrativistas. Sendo assim, dentro desta pesquisa iremos expor a importância e a participação da ABIO nesse estudo e os desdobramentos da atividade exercida pela Associação. 3. Descrição e Análise da Projeto/Ação/Atividade Este projeto baseia-se na atividade de comercialização de alimentos orgânicos certificados em feiras orgânicas em Niterói e em outros bairros da cidade do Rio de Janeiro. Em 1984, um pequeno grupo de agricultores se reuniu na cidade de Nova Friburgo, na região Serrana do Estado do Rio de Janeiro, para implantar uma das primeiras feiras de produtos orgânicos do Brasil, conhecida como a Feirinha da Saúde. 2021.2 Um ano após a implementação dessa feira, foi fundada a ABIO que tem por objetivo estimular a produção orgânica de base agroecológica e a implantação de sistemas agroflorestais, bem como, apoiar e estimular o desenvolvimento sustentável, em particular para o fortalecimento da agricultura familiar, da pequena produção e do extrativismo sustentável orgânico, com base nos princípios da agroecologia, contribuindo para a satisfação das necessidades alimentares e para a segurança alimentar e nutricional da população. Além disso, a ABIO tem por objetivo colaborar para a proteção dos ecossistemas e conservação da biodiversidade e dos recursos hídricos e do solo, e para a minimização das alterações climáticas globais. A ABIO é uma associação civil com direitos econômicos e sem fins lucrativos que atua em todo principalmente no Estado do Rio de Janeiro e orienta suas atividades para o desenvolvimento sustentável fundamentado na agricultura orgânica, familiar, nas empresas de pequeno porte e nos princípios da agroecologia. A ABIO ampara seus colaboradores e garante a certificação dos produtos dos agricultores e produtores associados através do uso do Selo do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica, além de oferecer apoio à comercialização, priorizando e criando meios para aproximar produtores e consumidores, incorporando nessa relação os princípios da economia solidária e do comércio justo, preferencialmente nas feiras orgânicas e nos mercados institucionais. A ABIO participa de diversos fóruns, nos quais dá continuidade a luta que motivou a sua criação, em prol da agricultura familiar, da pequena produção e da expansão da agroecologia e da agricultura orgânica. A busca por qualidade de vida e por uma alimentação mais saudável tem levado uma considerável parcela da população brasileira a consumir produtos orgânicos, conforme atestam Teixeira e Garcia (2013). Ao comprar um produto na feira orgânica, o consumidor tem confiança de que irá consumir um produto produzido segundo princípios sustentáveis, de proteção ao meio ambiente, e que nesses alimentos não foram utilizados fertilizantes sintéticos solúveis, agrotóxicos ou transgênicos e que seu cultivo foi baseado na responsabilidade com o solo, a água e dos demais recursos naturais. A disseminação das feiras de produtos orgânicos na cidade de Niterói e nos demais bairros e cidades do Rio de Janeiro foi acompanhada pela institucionalização de uma série de regras de conduta entre produtores, órgãos fiscalizadores e consumidores que passaram a garantir a legitimidade desses produtos. Para Saminéz et al (2008, p. 3), a avaliação da 2021.2 conformidade orgânica é o procedimento que inspeciona, avalia, garante e informa se um produto ou processo está adequado às exigências específicas da produção orgânica. A ABIO partiu de uma iniciativa que visa dar visibilidade ao trabalho de fortalecimento da agricultura familiar sustentável e saudável e vem se desenvolvendo há mais de 20 anos. O projeto promove práticas sustentáveis, o consumo consciente e a produção orgânica e agroecológica. Em 2007, a ABIO realizou um Seminário Interno para buscar soluções para as dificuldades de escoamento dos produtos de seus Associados, daí surgiu a ideia que a ABIO deveria retomar às suas origens, reunindo esforços na venda direta, principalmente em feiras e em mercados institucionais. No final de 2009, a ABIO encontrou na SEDES – Secretaria Especial de Desenvolvimento Econômico Solidário, da Prefeitura do Município do Rio de Janeiro, a parceira que possibilitou a concretização do projeto de criação do Circuito Carioca de Feiras Orgânicas, proposto pela Associação. Atualmente a ABIO coordena 13 feiras orgânicas na cidade do Rio de Janeiro, inclusive no Campo de São Bento localizado em Niterói, que acontece todos os sábados pela manhã e conta com a participação de 41 grupos de comercialização solidária, envolvendo o trabalho de mais de 200 famílias de produtores orgânicos. Outras centenas de produtores associados participam de feiras em suas regiões de origem e também abastecem a capital com entregas domiciliares. Nesse projeto, a ABIO também contou com a ajuda de outros parceiros valiosos, como EMBRAPA/AGROBIOLOGIA, a PESAGRO-RIO, a EMATER-RIO, o SEBRAE e várias Prefeituras do interior do Estado. 2021.2 https://abiorj.org/galeria/ As Feiras Orgânicas coordenadas pela ABIO são empreendimentos da Economia Solidária, que permitem a expansão e o fortalecimento da agroecologia e da agricultura orgânica e tornando o alimento orgânico acessível ao alcance da população. Segundo Fiora Serafini, gerente da feira orgânica na Tijuca, anualmente, R$ 2 milhões são transferidos da cidade para o campo, por meio do Circuito Carioca de Feiras Orgânicas, com apoio da ABIO , em parceira com a SEDES (Secretaria Especial de Desenvolvimento Econômico Solidário) da Prefeitura do Rio. https://abiorj.org/galeria/ https://abiorj.org/galeria/ https://abiorj.org/galeria/ 2021.2 Prover a produção de alimentos sem riscos para a saúde humana e com o menor impacto possível nos recursos naturais é um dos grandes desafios dessa atividade, pois, além da produçãoser realizada com respeito ao meio ambiente mostra-se necessário que os produtores também possam agregar renda e melhorar a sua qualidade de vida (ALTEMANN; OLTRAMARI, 2004). Os agricultores de produtos orgânicos precisam gerar renda para suas famílias e essa renda esta atrelada com as vendas diretas em feiras e espaços comuns a população, pois assim, comercializam produtos orgânicos e ao mesmo tempo melhoram a renda dos pequenos produtores agrícolas, contribuindo para uma lógica mercadológica mais sustentável. A produção de alimentos orgânicos ou agroecológicos no Brasil aumenta a cada dia e que tem uma funcionalidade diversificada, conforme expõe Paulo André Niederle e Luciano Almeida, vejamos: Trata se, na realidade, de uma vasta gama de canais de comercialização que englobam desde pequenas redes varejistas atraídas pela ampliação da demanda por produtos orgânicos até circuitos locais ancorados em um processo de revalorização do vínculo direto entre produtores e consumidores (caso emblemático das feiras de produtos agroecológicos), envolvendo ainda a presença crescente do Estado como demandante de alimentos a partir de políticas como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). (NIEDERLE, 30 Paulo André; ALMEIDA, Luciano. Agroecologia: práticas, mercados e políticas para uma nova agricultura, p.28, 2013). 4. Discussão dos Resultados Nos dias de hoje, com o avanço de meios de comunicação está cada vez mais fácil verificar não só o efeito das nossas ações humanas no meio ambiente próximos a nós, mas também em todo o planeta. É possível perceber como cada dia caminhamos mais para uma crise ambiental, por isso a escolha por alimentos orgânicos, por serem produzidos de forma sustável, são uma boa opção para mitigar essa crise, pois seus benefícios vão além de uma produção não agressiva ou alimentos mais saudáveis, uma vez que a produção de alimentos orgânicos é uma forma de valorização ao pequeno produtor local. No entanto, o consumo de produtos orgânicos ainda é feito de forma isolada e restrita devido ao seu alto preço, além de ainda não serem produtos disponíveis 2021.2 em todos lugares, já que sua produção é mais dispendiosa e demorada, o que resulta em uma produção bem menor se comparada a agricultura tradicional. A produção orgânica resulta em produto diferenciado, que traz nele todo o cuidado com o seu cultivo, desde a fertilidade e nutrição do solo, a diversidade das culturas e o respeito socioambiental. Com o crescimento do mercado orgânico no Brasil é necessário cada vez mais assegurar a “autenticidade” do produto orgânico, pois a certificação dos alimentos orgânicos, como consta na figura abaixo, é uma forma de assegurar ao consumidor que o produto foi produzido dentro de um processo orgânico, sem a utilização de agrotóxicos, respeitando o ambiente e o homem. . Desde a década de 1980, o movimento agroecológico e a quantidade de feiras da agricultura familiar com alimentos orgânicos e agroecológicos crescendo por todo o país e se tornando cada vez mais acessível a população que se preocupa com a qualidade e procedência dos alimentos. Para os produtores, a propriedade rural (sítio, chácara ou fazenda) deve ser considerada um organismo agrícola, de forma que sua principal preocupação é com sua saúde de forma geral e com a utilização de água de boa qualidade na irrigação das lavouras e na higienização dos produtos. Costabeber e Caporal (2003) apontam que as dimensões básicas da sustentabilidade são elementos importantes para a identificação dos passos que venham a auxiliar o processo de construção de estilos de agricultura sustentável sob o enfoque agroecológico, conforme trecho abaixo: A agroecologia nutrir-se de outros campos de conhecimento, assim como de saberes e experiências dos próprios agricultores, o que proporciona o estabelecimento de marcos conceituais, metodológicos e estratégicos com maior capacidade para orientar não apenas o desenho e manejo de agroecossistemas sustentáveis, mas também processos de desenvolvimento rural sustentável. (COSTABEBER; CAPORAL, 2003, p. 08, citados por BARBOSA, 2007) . 2021.2 Dessa forma, ao adquirir produtos orgânicos, o consumidor passa a contribuir para o fortalecimento e a viabilidade da agricultura familiar, bem como, para a preservação do meio ambiente, uma vez que se trata de uma produção mais limpa e sustentável. Ao mesmo tempo, ao instituir projetos voltados para essa atividade, as Associações, como a ABIO, fortalecem a economia local e dão incentivo aos pequenos produtores, que além de respeitarem os princípios básicos da agricultura sustentável, não utilizam agrotóxicos e outros produtos químicos, que fazem tão mal à saúde humana e ao meio ambiente. 5. Referências Bibliográficas: CAVALLET, Bruna Valencio. Produtos Orgânicos: aspectos gerais da sua comercialização em Chapecó (SC). Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Agronomia da Universidade Federal da Fronteira Sul, Santa Catarina, 2015, disponível em https://rd.uffs.edu.br/bitstream/prefix/1533/1/CAVALLET.pdf, acessado em 10/11/2021. KAMYAMA, Araci. Produto orgânico: vamos falar sobre comercialização? / Araci Kamyama. - Rio de Janeiro: Sociedade Nacional de Agricultura, 2017, disponível em https://ciorganicos.com.br/wp-content/uploads/2017/10/Vamos-a-falar-estudo-de- caso-final_web.pdf, acessado em 10/11/2021. NASCIMENTO, Gabriel Gomes do. As feiras agroecológicas como estratégia para o consumo sustentável: uma análise das experiências no município de Niterói. Monografia final apresentada como requisito para a obtenção do certificado de conclusão do Curso de Bacharelado em Geografia pela Universidade Federal Fluminense, Niterói 2017, disponível em https://app.uff.br/riuff/bitstream/1/10557/1/TCC%20Gabriel%20Gomes%20do%20Nas cimento.pdf, acessado em 10/11/2021. https://agroecologia.org.br/2021/04/14/a-importancia-das-feiras-organicas-e- agroecologicas-em-todo-o-brasil/ http://www.espacodoagricultor.rj.gov.br/pdf/organica.pdf https://rd.uffs.edu.br/bitstream/prefix/1533/1/CAVALLET.pdf https://ciorganicos.com.br/wp-content/uploads/2017/10/Vamos-a-falar-estudo-de-caso-final_web.pdf https://ciorganicos.com.br/wp-content/uploads/2017/10/Vamos-a-falar-estudo-de-caso-final_web.pdf https://app.uff.br/riuff/bitstream/1/10557/1/TCC%20Gabriel%20Gomes%20do%20Nascimento.pdf https://app.uff.br/riuff/bitstream/1/10557/1/TCC%20Gabriel%20Gomes%20do%20Nascimento.pdf https://agroecologia.org.br/2021/04/14/a-importancia-das-feiras-organicas-e-agroecologicas-em-todo-o-brasil/ https://agroecologia.org.br/2021/04/14/a-importancia-das-feiras-organicas-e-agroecologicas-em-todo-o-brasil/ http://www.espacodoagricultor.rj.gov.br/pdf/organica.pdf