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BIBLIOGRAFIA COLE, Emily. A Gramática da Arquitetura. Lisboa: Livros e Livros. 2002. CHILVERS, Ian. Dicionário Oxford de Arte. São Paulo: Martins Fontes. 2001. GOMBRICH E. H. A História da Arte. Livros Técnicos e Científicos Editora S. A. - LTC. Rio de Janeiro. 1999. JANSON, H. W., História Geral da Arte. O mundo antigo e a Idade Média. Martins Fontes. São Paulo 1993. LASSUS, Jean, Cristandade Clássica e Bizantina. O mundo da Arte. Livraria José Olympio Editora/ Editora Expressão e Cultura. Rio de Janeiro. 1966. HAUSER, Arnold. História Social da Literatura e da Arte. São Paulo, Mestre Jou, 1982. BENEVOLO, Leonardo. A História da Cidade. São Paulo, Perspectiva, 1999. NUTTGENS, Patrick. The Story of Architecture. Londres, Phaidon, 1997. RUSSEL, Bertrand. História do Pensamento Ocidental: A Aventura das Idéias dos Pré-Socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro, Ediouro, 2001. SEIDLER, Harry. The Grand Tour. Londres, Taschen, 2002. SUTTON, Ian. História da Arquitetura no Ocidente. Lisboa, Verbo, 1999. VILLALBA, Antonio Castro. Historia de la Construcción Arquitectónica. Barcelona, UPC, 1995. Arquitetura Paleocristã e Bizantina Imperatriz Teodora (Mosaico, San Vitale, Ravena 546 - 548). Arquitetura Paleocristã e Bizantina Desde o fim do século III d.C. Roma deixa de ser capital única do império. Durante a migração dos povos bárbaros, o Oriente grego não sofreu uma depressão cultural como o Ocidente. O comércio, pelo contrário, florescia e até mais vigorosamente do que antes. Bizâncio ocupava uma região estratégica para o comércio com o Oriente, dominando o estreito de Bósforo, na entrada para o Mar Negro. Nova Catacumba (Via Latina, Roma , séc. IV) Grinaldas, pássaros e decoração circundam cenas dos Evangelhos e da vida diária. Os nichos laterais são os loculi, ou sepulturas, e no arcosolium, ao fundo, está um sarcófago sob um arco escavado na rocha. Os primeiros séculos da era Cristã, denominado período Bizantino, compreendem a fase em que o império romano se divide em dois, oriental e ocidental, e estão se construindo as bases do modo de produção e da cultura feudal. É, pois, a fase de transição do período clássico para o medieval, em que se desenvolvem os valores da cristandade, em convívio com a arte pagã dos templos e edificações romanas. Arquitetura Paleocristã e Bizantina As Catacumbas Nova Catacumba (Via Latina, Roma , séc. IV) O cristianismo nasce em um mundo em que a religião, o império e o patriotismo estavam estreitamente ligados. Templos eram construídos para adoração de Augustus e Roma. Vênus, a mãe de César, era a deusa da família... Em cada lugar ou época, outros deuses substituíam- na nesse papel: Apolo, Júpiter, Hércules, etc. A cidade era dominada pelos símbolos da adoração a César. Em Roma, o Capitólio dominava o fórum, que dominava os templos e suas estátuas dos deuses e imperadores deificados: os ídolos. O teatro era uma cerimônia dionisíaca, os jogos tinham valor de oferecer sacrifício aos deuses. Cada oficial do Exército era ligado aos deuses por juramentos; cada funcionário imperial era uma espécie de sacerdote. Um cristão teria de ficar necessariamente excluído da vida pública... Arquitetura Paleocristã e Bizantina As Catacumbas Cripta dos Papas (Catacumba de S. Calixto, Roma , séc. II) Arquitetura Paleocristã e Bizantina As Catacumbas Cubículo de Fractio Panis (Catacumba de Priscila, Roma , séc. II) Orans (Pintura sobre reboco. 68 x 203 cm. Arcosolium de um coemeterium Maius. Roma , séc. III) Mulher erguendo os braços em súplica e oração, num cenário que sugere um Paraíso Terrestre. Arquitetura Paleocristã e Bizantina As Catacumbas Até o século III, a crença numa segunda vinda de Cristo era um dos dogmas fundamentais da fé cristã. O Apocalipse de São João narrava o dia terrível em que o Senhor julgaria os vivos e os mortos. Provavelmente, por isso os cristãos não cremavam os corpos, como os romanos. As primeiras manifestações da arte cristã se dão nas catacumbas e sarcófagos. Detalhe de um sarcófago (Mármore; Santa Maria Antiqua , Roma. 270) Ressurreição de Lázaro (Pintura sobre reboco; 81 x 111 cm; Catacumba de São Pedro e São Marcellinus , Roma. Séc. III) O sarcófago é um esquife de luxo. Muitas vezes, era adornado com relevos em mármore com temas cristãos e pagãos, como em Roma e desde os etruscos e gregos. Arquitetura Paleocristã e Bizantina As Catacumbas Arquitetura Paleocristã e Bizantina O Bom Pastor O Bom Pastor (Pintura sobre reboco; 78 cm; teto da catacumba de Priscilla , Roma. Séc. III) Cena Pastoral (Pintura sobre reboco; 50 x 91 cm; Catacumba de Domitilla , Roma. Séc. III) A princípio de forma muito simples, artesanal e, puramente, simbólica, âncoras, peixes, cestos cheios de pão e videiras. Freqüentemente, os motivos tradicionais – cupidos, as estações e animais – se misturavam a temas cristãos. O Bom Pastor, tomado da arte pagã, era cercado pelo rebanho tocando uma flauta. Arquitetura Paleocristã e Bizantina O Bom Pastor Igreja Ocidental em Behyo (Síria , séc. V) A nova religião, pelas diferenças de culto e a velocidade com que os romanos se convertem a ela, passa a exigir uma elevada demanda por edifícios capazes de abrigar multidões de fiéis. As basílicas são lugares de reunião bastante versáteis. Nelas se fazia júris, treinamentos militares, comércios e outras atividades, todas elas presididas pela imagem do Imperador, entronizada como divina, e este uso variado é uma experiência inestimável. Os lugares de culto não podiam adotar por modelo os antigos templos, uma vez que sua função era inteiramente diferente. O interior do templo era, usualmente, apenas um pequeno sacrário para abrigar a estátua de um deus. As procissões e os desfiles tinham lugar do lado de fora. A igreja, pelo contrário, tinha que reservar espaço para toda a congregação que se reunia a fim de assistir ao serviço religioso, quando o padre recitava a missa no altar-mor ou proferia seu sermão. Assim, aconteceu que as igrejas não usaram os templos pagãos como seus modelos, mas adotaram o tipo de amplos salões de reunião que, em tempos clássicos, eram conhecidos pelo nome de "basílica", o que significa aproximadamente "pórtico real". Arquitetura Paleocristã e Bizantina Basílica de São Pedro (Roma, séc. IV) São Pedro (Roma , séc. IV) Erigida por Constantino e seu filho, era uma basíllica com uma nave, quatro colaterais e um transepto. Arquitetura Paleocristã e Bizantina Basílicas e Santuários Santa Maria delle Grazie (Grado , séc. V) A abside da Igreja tem o seu banco circulara (synthronon) preservado para o clero e o trono do bispo. O altar não costumava ficar na abside. O “bema” é uma tribuna semicircular, usada na liturgia síria pelo clero, durante a primeira parte da missa, para leituras e pregações. Arquitetura Paleocristã e Bizantina O Mausoléu de Santa Constanza (Roma. Séc. IV) O cristianismo deve sua propagação a São Paulo (65 d.C); Sto. Ambrósio (340-397), São Jerônimo (354-430) e Sto. Agostinho (340- 397). Se as comunidades cristãs floresceram era por que tinham a oferecer vida espiritual e esperança. Eram compostas, inicialmente, de pessoas comuns – comerciantes judeus e sírios, e pagãos atraídos pela novidade religiosa; escravos e artesãos e mulheres foram os primeiros a se converter. Mais tarde, e muito lentamente, surgiram as primeiras conversões entre as classes mais abastadas e intelectualizadas. No princípio, não havia meios para a construção de uma arte cristã. Talvez, com a herança dos preconceitos judaicos, essa necessidade não fosse sentida. Entretanto,com a adesão das classes mais abastadas e intelectualizadas era necessário adaptar a nova fé a um mundo em que a arte era oficial, imperial e pagã. A conversão de Constantino em 313, o 13º apóstolo, marcou a divisão do império em ocidente, de língua latina, e oriente, grega. Esta divisão seria definitivamente selada no século XI com a divisão da igreja católica, romana e ortodoxa. Arquitetura Paleocristã e Bizantina O Mausoléu de Santa Constanza (Roma. Séc. IV) Santa Constanza (Interior, Roma , séc. IV) Santa Constanza (Planta, Roma , séc. IV) O Mausoléu de Santa Constanza, uma das filhas de Constantino, tornou-se uma Igreja. As abóbadas e as absides deste monumento circular são decoradas com mosaicos. Arquitetura Paleocristã e Bizantina O Mausoléu de Galla Placidia (Ravena. Séc. IV) Galla Placídia (Exterior, Ravena , séc. IV) No século IV, Constantino transfere a capital do império de Roma para Bizâncio, que toma o nome de Constantinopla. No fim do século, Teodósio divide definitivamente o império nas duas metades ocidental e oriental, tendo como capitais Ravena e ConstantinopIa. Ravena é uma cidade romana secundária, entre os pântanos costeiros da Romagna. Augusto manda construir, a cerca de três quilômetros da cidade, no ponto mais profundo da laguna, o porto militar de Classe; assim a cidade, defendida por terra, fica ligada por mar a todo o mundo mediterrânico, e por isso Honório a escolhe, em 402 d.C., para nova capital do Império do Ocidente; toma-se depois a capital do reino ostrogodo e das provincias bizantinas na Itália, e neste período - dos séculos IV ao VI - alcança seu desenvolvimento máximo. Os palácios imperiais e reais desapareceram, mas permanecem as igrejas - Santo Apolinário em Classe, Santo Apolinário Novo, São Vital, os dois batistérios - que formam o grupo mais importante de monumentos do final da Antiguidade na Itália: os exteriores são simples, mas os interiores são revestidos com esplêndidas decorações de mármore e com mosaicos: os acabamentos Arquitetura Paleocristã e Bizantina O Mausoléu de Galla Placidia (Ravena. Séc. IV) Galla Placídia (Interior, Ravena , séc. IV) A decoração em mosaico do mausoléu em forma de cruz, continua sem interrupção sobre toda a superfície superior. As divisões arquitetônicas são indicadas pelas orlas de mosaicos compondo grinaldas e motivos geométricos. Dedicado a São Lourenço, continha os sarcófagos de Honório, Galla Placídia e seu marido Constâncio III. A parte inferior das paredes é revestida de mármore cinzento. O Bom Pastor (Galla Placídia. Mosaico, Ravena , séc. IV) Arquitetura Paleocristã e Bizantina O Mausoléu de Galla Placidia (Ravena. Séc. IV) Arquitetura Paleocristã e Bizantina Santo Apollinare in Classe (Ravena. 533 - 549) Abside e Altar-mor (S. Apollinare Nuovo, Ravena, 490) Arquitetura Paleocristã e Bizantina Santo Apollinare Nuovo (Ravena, séc. V e VI) O papa Gregório Magno, que viveu no final do século VI, lembrou àqueles que eram contra qualquer pintura que muitos membros da Igreja não sabiam ler nem escrever, e que, para ensiná-Ias, essas imagens eram tão úteis quanto os desenhos de um livro ilustrado para crianças. Disse ele: "A pintura pode fazer pelos analfabetos o que a escrita faz pelos que sabem ler." Foi de uma importância imensa para a história da arte que uma tão poderosa autoridade tenha acudido em favor da pintura. Sua sentença seria repetida sempre que as pessoas atacavam o uso de imagens nas igrejas. Mas é óbvio que o tipo de arte assim admitida era de um gênero algo restrito. Para que o propósito expresso por Gregório fosse atendido, a história tinha que ser contada da maneira mais clara e simples possível, e tudo o que pudesse desviar a atenção dessa finalidade principal e sagrada deveria ser omitido. No começo, os artistas ainda usaram os métodos narrativos desenvolvidos pela arte romana, mas gradualmente passaram a concentrar-se cada vez mais no estritamente essencial. A Procissão dos Mártires (Mosaico. S. Apollinare Nuovo, Ravena, 490) Arquitetura Paleocristã e Bizantina Santo Apollinare Nuovo (Ravena, séc. V e VI) Arquitetura Paleocristã e Bizantina Santo Apollinare Nuovo (Ravena, séc. V e VI) O Milagre dos Pães e Peixes (S. Apollinare Nuovo, Ravena, 490) Arquitetura Paleocristã e Bizantina Santo Apollinare Nuovo (Ravena, séc. V e VI) Arquitetura Paleocristã e Bizantina São Vitale (Ravena. 546 - 548) Sobre o octógono exterior é erigido o octógono central que circunda a cúpula. Do lado direito a nave lateral é interrompida pelo teto perpendicular do presbitério. A janela de arcada tríplice está acima da abside, cercada por suas complexas e simétricas capelas dependentes. Não há embelezamento externo, sendo as paredes de tijolos separadas apenas por ligeiros contrafortes. Vista Externa (S. Vitale, Ravena, 546 - 548) Arquitetura Paleocristã e Bizantina São Vitale (Ravena, 546 - 548) Vista Aérea e Planta Baixa (S. Vitale, Ravena, 546 - 548) Arquitetura Paleocristã e Bizantina São Vitale (Ravena. 546 - 548) Arquitetura Paleocristã e Bizantina São Vitale (Ravena. 546 - 548) Arquitetura Paleocristã e Bizantina São Vitale (Ravena. 546 - 548) Interior: Cúpula e Capitel (S. Vitale, Ravena, 546 - 548) A imperatriz Teodora e sua Comitiva (Mosaico. S. Vitale, Ravena, 546 - 548) A maneira como as figuras estão plantadas, em rigorosa vista frontal, pode até lembrar- nos certos desenhos infantis. No entanto, o artista devia estar muito familiarizado com a arte grega. Sabia perfeitamente como envolver um manto em torno do corpo, de modo que as principais articulações permanecessem visíveis por baixo das pregas. Sabia como misturar pedras de diferentes tons no seu mosaico para reproduzir as cores da carne ou da rocha. Arquitetura Paleocristã e Bizantina São Vitale (Ravena. 546 - 548) Bizâncio já é uma das cidades coloniais gregas mais importantes e mais ricas, favorecida pela sua posição geográfica excepcional, sobre um promontório que domina o Estreito do Bósforo, entre o Mar Negro e o Mediterrâneo. Constantinopla permanece a capital do Império do Oriente até o século XV. Os cruzados que saqueiam a cidade em 1204 quedam maravilhados diante de uma metrópole maior e mais rica do que qualquer outra na Europa. Os turcos conquistaram-na em 1435; Constantinopla se torna sua capital, Istambul, e ainda hoje é uma das cidades mais importantes do mundo Oriental. Arquitetura Paleocristã e Bizantina Constantinopla (séc. IV) Constantino a transforma entre 326 e 330 d.C. divide-a em 14 regiões, como Roma, e constrói novos muros circundantes, quadruplicando a superfície anterior. Em 414 d.C., Teodósio aumenta-a ainda mais, construindo outros muros mais acima; assim, Constantinopla alcança uma extensão de cerca de 1.400 hectares (mais ou menos igual à de Roma dentro dus muros Aurelianos) e uma população de cerca de meio milhão de habita. Os muros de Teodósio assinalam o limite definitivo da cidade até os tempos modernos. Ao contrário, em seu interior, continuam as transformações: Constantino dispõe no núcleo antigo a acrópole, o palácio imperial e o hipódromo (como o Capitólio, o Palatino e o Circo Máximo em Roma) e abre um Foro entre a cidade velha e a nova. Teodósio constrói um novo Foro maior no centro do povoado, e aumenta o porto. Ao redor de seus monumentos a cidade cresceu, ao que se sabe, com a mesma densidade e a mesma desordem de Roma. Uma lei de 476 d.C. estabelece que todas as novas ruas tenham pelo menos 3,50 metros de largura; poucas estradas - duas ao longo das margens e uma sobre o dorso do promontório, ramificada emY - são mais importantes e mais largas. A água chega através de vários aquedutos - na maioria subterrâneos, prevendo-se um assalto do inimigo - e é armazenada em vastas cisternas, descobertas ou subterrâneas. Arquitetura Paleocristã e Bizantina Constantinopla (séc. IV) Arquitetura Paleocristã e Bizantina Hagia Sophia (Antêmio de Trales e Isidoro de Mileto. Constantinopla, 532 - 537) Justiniano, depois do incêndio de 532 d.C., realiza a grande igreja imperial de Santa Sofia, sintetizando novamente as experiências artísticas de todo o mundo mediterrânico. O sistema das coberturas em arco e dos acabamentos com materiais preciosos: mármores, mosaicos de vidro, alfaias de metal – alcança um novo equilíbrio, diferente do antigo e que vai durar, daí por diante, em todo o Oriente: daí começa o novo ciclo da arquitetura bizantina, árabe, persa. Arquitetura Paleocristã e Bizantina Hagia Sophia (Antêmio de Trales e Isidoro de Mileto. Constantinopla, 532 - 537) Arquitetura Paleocristã e Bizantina Hagia Sophia (Antêmio de Trales e Isidoro de Mileto. Constantinopla, 532 - 537) Os relevos decorativos são, em geral, aplanados e estilizados, a decoração dos capitéis reduz-se a um entrançado que adere a uma superfície envolvente, e o acabamento das paredes é feito, de preferência, com embutidos ou mosaicos. Um edifício como Santa Sofia apresenta-se como um organismo auto-suficiente, e o ponderado equilíbrio dos espaços interiores completa-se e termina antes de atingir as paredes periféricas, sem se repercutir, de modo algum, no espaço exterior. O invólucro exterior é uma espécie de avesso modesto e utilitário, onde ficam à vista as estruturas de suporte da construção expulsas da composição interna, e que está presente no espaço urbanístico como um obstáculo independente, ou que, à distância, domina, com a sua silhueta delicada, o perfil da cidade, sem funcionar como elemento nodal e determinante do tecido citadino. Arquitetura Paleocristã e Bizantina Hagia Sophia (Antêmio de Trales e Isidoro de Mileto. Constantinopla, 532 - 537) Arquitetura Paleocristã e Bizantina Hagia Sophia (Antêmio de Trales e Isidoro de Mileto. Constantinopla, 532 - 537) Arquitetura Paleocristã e Bizantina Hagia Sophia (Antêmio de Trales e Isidoro de Mileto. Constantinopla, 532 - 537) Reaparece, assim, a descontinuidade entre os grandes edifícios áulicos e os locais da vida quotidiana, peculiar das antigas cidades orientais, e deixa de se preocupar encontrar um padrão entre iniciativas públicas e privadas, que é o motivo central da tradição urbanística greco- romana. O dualismo sobre o qual se baseia a arquitetura bizantina está certamente relacionado com o contraste entre imanência e transcendência, entre mundo sensível e mundo inteligível, tão vivo na cultura oriental. Arquitetura Paleocristã e Bizantina Hagia Sophia (Antêmio de Trales e Isidoro de Mileto. Constantinopla, 532 - 537) Arquitetura Paleocristã e Bizantina A Cúpula Santa Fosca: vista interior da cúpula (séc. XI) Domo com Pendentes Arquitetura Paleocristã e Bizantina A Cúpula Arquitetura Paleocristã e Bizantina A Cúpula Os sistemas de transição são insuficientes se a diferença planimétrica for muito grande, como no caso de cúpulas sobre base octogonal de excessiva grandeza e, principalmente, de cúpulas sobre base quadrada. O problema pode ser parcialmente resolvido por meio das chamadas «trompas», isto é, colocando a cada canto do envasamento um arco unido por abóbada cônica; passa-se, assim, do polígono de base para um outro com o dobro dos lados, após o que se pode passar para o círculo, utilizando um dos sistemas anteriores. Só se consegue resolver o problema completamente com a invenção dos pendentes esféricos. O pendente deriva teórica, e talvez também historicamente, da abóbada de arestas, já difundida em todo o território romano e utilizada por vezes como elemento central para composições cruciformes, como no túmulo de Galla Placídia, em Ravena. Arquitetura Paleocristã e Bizantina São Marcos (Veneza – sécXI) A parede passa a ser considerada como simples superfície cromática, e é esta condição que permite libertar o mecanismo geométrico do edifício das referências plásticas que o rodeiam. Os mosaicos têm uma função fundamental, indispensável ao equilíbrio de todo o organismo, porque enquanto outros expedientes tendem a fazer perder consistência e solidez aos diversos elementos de suporte, os mosaicos substituem aqui uma qualidade cromática que é objeto imediato das percepções sensíveis, funcionando assim como suporte de todos os outros valores. Arquitetura Paleocristã e Bizantina Nossa Senhora entronizada com o menino (Têmpera sobre madeira, 81,5cm x 49 cm; Galeria Nacional de Arte; Washington, 1280) Se observarmos um retábulo bizantino da Santa Virgem, talvez nos pareça muito distante das realizações da arte grega. No entanto, a maneira como as pregas do manto se desdobram em torno do corpo e irradiam em volta dos cotovelos e joelhos, o modo de modelar a face e as mãos acentuando as sombras, e até mesmo a amplidão circular do próprio trono da Virgem, teriam sido impossíveis sem as conquistas da pintura grega e helenística. Apesar de uma certa rigidez, a arte bizantina manteve- se, portanto, mais próxima da natureza do que a arte do Ocidente em períodos posteriores. Por outro lado, a ênfase sobre a tradição e a necessidade de respeitar certos métodos permitidos de representar o Cristo ou a Virgem tornaram difícil aos artistas bizantinos desenvolverem seus dotes pessoais. Mas esse conservantismo desenvolveu-se gradualmente, e é um erro imaginar que os artistas do período não tinham qualquer idéia criativa. Foram eles, de fato, que transformaram as simples ilustrações da arte cristã primitiva nos grandes ciclos de esplêndidas e solenes imagens que dominam o interior das igrejas bizantinas. Ao observar os mosaicos feitos por esses artistas gregos nos Bálcãs e na Itália, durante a Idade Média, vemos que o Império Oriental tinha logrado, de fato, ressuscitar algo da grandeza e majestade da antiga arte do Oriente, usando-a para glorificar o Cristo e Seu poder. Arquitetura Paleocristã e Bizantina Monreale (Sicília, 1190) Cristo, soberano do Universo, a Virgem, o Menino e Santos (1190) A figura dá-nos uma idéia de como essa arte podia ser impressionante. Mostra a abside da catedral de Monreale, na Sicília, decorada por artífices bizantinos pouco antes de 1190. Os artistas mantiveram-se próximos da sua tradição bizantina nativa. Os fiéis reunidos na catedral ver-se- iam face a face com a majestosa figura do Cristo, representado como o Senhor do Universo, Sua mão direita erguida no gesto de abençoar. Por baixo está a Virgem, entronizada como imperatriz, ladeada por dois arcanjos e solene fila de Santos. Imagens como essas, olhando-nos do alto de refulgentes paredes douradas, pareciam ser símbolos tão perfeitos da Verdade Sagrada, que nem havia necessidade, aparentemente, de nos desviarmos delas. Por isso continuaram dominando em todos os países governados pela Igreja Oriental. As imagens sacras ou "ícones" dos russos ainda refletem essas grandes criações dos artistas bizantinos. Iconoclasta Bizantino apagando com cal uma imagem de Cristo (Museu Histórico de Moscou, 900) Arquitetura Paleocristã e Bizantina A Iconoclastia Catedral de São Basílio (Praça Vermelha. Moscou, 1550 - 60) Arquitetura Paleocristã e Bizantina São Basílio (Moscou – séc. XVI)
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