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AULA 2 - DIREITO PORTUGUÊS NA COLÔNIA BRASIL
* DISPONÍVEL NA BIBLIOTECA VIRTUAL DOS PROFESSORES DA ESTÁCIO DE SÁ. * Adaptado
Conteúdos:O Direito e a Organização Judiciária nas Capitanias Hereditárias e no Governo Geral – Séc. XVI e XVII. O Direito no Brasil durante o reinado espanhol – As Ordenações Filipinas. O Direito nas Minas Geraes - Séc. XVIII.
Objetivos Específicos: Analisar, sob a perspectiva política, sócio-econômica e cultural, a legislação e a estrutura judicial utilizada no Brasil, a partir da fase inicial do seu processo de colonização.
*PESQUISAR: Evolução histórica da estrutura judiciária brasileira, disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_05/evol_historica.htm
1. O DIREITO E A ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA NAS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS E NO GOVERNO GERAL – SÉC. XVI E XVII
ANTECEDENTES: JUSTIÇA PORTUGUESA
	Nas origens do Reino Português, a administração da Justiça era função do rei. Em muitos documentos e leis da época, a Justiça era considerada a primeira responsabilidade do rei. Como na Idade Média a corte real era ambulante, o rei trazia consigo juízes que o auxiliavam na função judicante. Esses juízes recebiam o nome de ouvidores do cível e ouvidores do crime, conforme a matéria de especialização que julgavam, e passaram a compor o que se denominou de Casa da Justiça da Corte.
	Para apreciar as causas cíveis e criminais, as matrizes normativas utilizadas pelos ouvidores eram: a) Lex Romana Wisigothorum – direito comum dos povos germânicos; b) Privilégios – direitos assegurados aos nobres pelos reis; c) Forais – leis particulares locais, asseguradas pelos reis. 
	Com a expansão do reino pela reconquista do território da península Ibérica aos mouros, e a uniformização das normas legais, consolidadas nas Ordenações do Reino (Afonsinas, Manuelinas e Filipinas), foram surgindo outras figuras para exercerem a função judicante e aplicarem as diversas formas normativas: 
	a) juízes da terra (ou juízes ordinários) – eleitos pela comunidade, não sendo letrados, que apreciavam as causas em que se aplicavam os forais, isto é: o direito local, e cuja jurisdição era simbolizada pelo bastão vermelho que empunhavam (dois por cidade); 
	b) juízes de fora� (figura criada em 1352) – nomeados pelo rei dentre bacharéis letrados (juristas oriundos da universidade), com a finalidade de ser o suporte do rei nas localidades, garantindo a aplicação das ordenações gerais do Reino; 
	c) juízes de órfãos – com a função de serem guardiões dos órfãos e das heranças, solucionando as questões sucessórias a eles ligados; 
	d) provedores – colocados acima dos juízes de órfãos, para o cuidado geral dos órfãos, instituições de caridade (hospitais e irmandades) e legitimação de testamentos (feitos, naquela época, verbalmente, o que gerava muitos problemas); 
	e) corregedores – nomeados pelo rei, com função primordialmente investigatória e recursal, inspecionando, em visitas às cidades e vilas que integravam sua comarca, como se dava a administração da Justiça, julgando as causas em que os próprios juízes estivessem implicados; 
	f) desembargadores - magistrados do segundo nível do sistema da Justiça - que apreciavam as apelações e os recursos de suplicação (para obter a clemência real). Recebiam tal nome porque despachavam ("desembargavam") diretamente com o rei as petições formuladas pelos particulares em questões de graça e de justiça, preparando e executando as decisões régias. Aos poucos, os reis foram lhes conferindo autoridade para tomar, em seu nome, as decisões sobre tais matérias, passando a constituir o Desembargo do Paço�. 
	Quando a Casa de Justiça da Corte passou a constituir um tribunal de apelação com a denominação de Casa da Suplicação de Lisboa�, foi formada por duas Mesas: uma do Cível e outra do Crime, sendo esta última, chamada de Desembargo do Paço� - julgava as apelações nas causas criminais em que a pena aplicada fosse a de morte e para as quais se postulava a clemência régia. Posteriormente, foi criado a Meza da Consciência e Ordens�, para a resolução dos casos jurídicos e administrativos referentes às ordens militar-religiosas, que tinham foro privilegiado (Ordens de Cristo, de Avis e de Santiago), ao longo do tempo, sua competência foi ampliada, passando a julgar, também, as causas eclesiásticas envolvendo os clérigos do Reino. 
	A Casa da Suplicação tornou-se a Corte Suprema para Portugal e para as Colônias, com a instituição dos Tribunais de Relação como cortes de segundo grau (foram sendo criadas as Relações do Porto, para Portugal, da Bahia, para o Brasil, e de Goa, para a Índia). Assim, a Casa da Suplicação passou a ser o intérprete máximo do direito português, constituindo suas decisões assentos que deveriam ser acolhidos pelos níveis inferiores.
	As Relações eram os tribunais ordinários de apelação ou recurso, de modo geral. Abaixo das Relações havia os Ouvidores-Gerais, e abaixo destes os juízes Ordinário ou Juízes de fora, conforme o caso.
	As instâncias recursais variavam conforme o valor da causa, podendo haver apelação direta para a Relação se o valor da causa ultrapassasse o que o Corregedor ou o Provedor pudessem decidir como instância última. Essa é a origem do instituto da alçada como limite valorativo para revisão de determinada decisão.
O DIREITO E A ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA NAS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS
Quando o rei de Portugal deliberou a colonização do Brasil, em 1530, foi Martim Afonso de Souza incumbido de fazê-lo. Veio ele munido de poderes extraordinários. Esses poderes conferiam-lhe alçada para julgar no cível e no crime, até a pena de morte. Só caberia recurso se o réu fosse fidalgo. Para auxiliar a sua administração, podia nomear tabeliães e oficiais de justiça. Com a fundação da vila e a constituição da Câmara, o julgamento em primeiro grau ficou por conta dos juízes ordinários e de vintena, conservando a Martins Afonso a decisão, em grau de recurso.
Foi na vigência das Ordenações Manuelinas que o Brasil foi dividido em Capitanias Hereditárias e entregues a um administrador - capitão donatário. Recebiam estes; entre os seus direitos, documentos chamados de Forais. Estes conferiam o direito de nomeação de juízes ordinários e ouvidores, nada mais que uma forma indireta de administração da justiça. Esta primeira e precária estrutura não era de todo arbitrária na medida em que os Forais estabeleciam limites aos donatários e se prendiam inteiramente à aplicação do direito material consignado nas ordenações. 
O DIREITO E A ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA NO GOVERNO GERAL E NO BRASIL REINO
No Governo Geral
	O estabelecimento do Governo Geral foi o passo seguinte ao regime das Capitanias. Vários motivos levaram o rei de Portugal, D. João III, a instituir o sistema. Dentre eles: a) fiscalizar as capitanias; b) combater os piratas franceses e ingleses; c) apoiar a cultura da cana-de-açúcar, que se mostrava lucrativa; d) centralização do governo, tendência que começava a dominar toda a Europa.
	Tomé de Souza foi nomeado, por três anos, para o cargo de governador do Brasil. Instalou-se na Bahia por motivo da reintegração à Coroa daquela capitania, devido a morte do donatário, vítima dos índios de Itaparica. Traz com ele um Regimento considerado, nas palavras de Sergio Buarque de Holanda, “verdadeira carta magna do Brasil e sua primeira Constituição, tendente à unificação jurisdicional, já com os elementos aptos para uma colonização progressiva”�. Segundo consta textualmente da Carta Régia de 07 de janeiro de 1549 o governo central deveria dar favor e ajuda às povoações, ministrar-lhes justiça e prover nas coisas que cumprissem ao serviço de Sua Alteza, aos negócios da Real Fazenda e ao bem das partes. 
	Para auxiliar o governador-geral, de conformidade com as Ordenações Filipinas, vieram alguns funcionários reais: a) o ouvidor-mor (ou ouvidor-geral), encarregado da Justiça; b) o provedor-mor (ou provedor-geral), encarregado dos impostos que os colonos deveriam pagar à Coroa e responsável pela administração do tesouro real; c) o capital-mor da costa(ou capitão geral), que devia defender o litoral. 
	Assim, o primeiro nível (grau) da Justiça na Colônia era formado pelo: a) Ouvidor-Geral (ou Ouvidor-Mor). No começo ele se situa no topo hierárquico da administração, porém, em pouco tempo, acaba submetido ao Governo Geral, passando a funcionar como auxiliar. Porém, ainda assim é dentro do sistema adotado para a Justiça o mais alto cargo, conservando importantes atribuições - o maior destaque era a de inibir e limitar a jurisdição dos donatários; b) Corregedores - autoridade magistrada que tem a função de fiscalizar todos os juizados de sua jurisdição ordenando todas as medidas necessárias para o bom andamento da justiça; c) Ouvidores de Comarca; d) Provedores; e) Juízes de Vintena (as instâncias inferiores da Justiça começavam pelo "juiz de vintena") - responsável pela administração das pequenas localidades mais afastadas com população entre vinte e cinqüenta habitantes e que não constituíam um município; f) Juízes de Fora; g) Juízes Ordinários; h) Juízes de Órfãos; i) Almotacés - que julgavam as causas relativas a obras e construções; j) Alcaides; l) Vereadores. Na Bahia, surgiu a figura dos juízes do povo, eleitos pela população local e que perdurou de 1644 até 1713. 
	O segundo nível da Justiça na Colônia era o Tribunal de Relação: que julgava os recursos ou embargos. Seus membros denominavam-se desembargadores e suas decisões, acórdãos. O primeiro tribunal desse gênero, instalado no Brasil – Relação da Bahia -, data de 1609. A Relação do Rio de Janeiro foi fundada em 1751, como Tribunal de Apelação.� Havendo quem afirme que eles deram origem aos Tribunais de Justiça dos Estados.
	No último nível da Justiça estava: a) a Casa de Suplicação – Tribunal Supremo de uniformização da interpretação do Direito Português que estava localizada em Lisboa: b) o Desembargo do Paço - encarregado de apreciar matérias sobre liberdade (graça, indulto, perdão, comutação de pena), sobre adoção, legitimação e emancipação, sobre reintegração de posse e sobre censura de livros. Originariamente fazia parte da Casa da Suplicação com vistas a despachar as matérias reservadas ao rei. Tornando-se corte autônoma em 1521; c) a Mesa de Consciência e Ordem - grau único que tratava do provimento de benefícios, da administração de comendas e dos negócios relativos a interditos, cativos, ausentes e defuntos e de consciência do rei.
	O principal objetivo das legislações portuguesas na colônia Brasil era favorecer sempre a Metrópole, como bem comenta Antonio Carlos Wolkmer: 
“a experiência político-jurídica colonial reforçou uma realidade que se repetia constantemente na história do Brasil: a dissociação entre a elite governante e a imensa massa da população. O governo português ultramar evidenciava pouca atenção na aplicação da legislação no interior do vasto espaço territorial, pois seu interesse maior era criar regras para assegurar o pagamento dos impostos e tributos aduaneiros, bem como estabelecer um ordenamento penal rigoroso para precaver-se de ameaças diretas à sua dominação”.�
* No Brasil Reino
	Com a vinda da família imperial para a colônia Brasil em 1808, até a outorga da primeira Constituição Imperial de 1824 houve um grande fortalecimento e desenvolvimento dos aparelhos judiciário e policial, visto que as atribuições destes estavam entregues aos cuidados de autoridades que evidenciavam um caráter repressivo e inquisitorial da atividade jurisdicional. A primeira providência tomada foi no sentido de uma Justiça Militar que deveria cuidar, inclusive, de questões relativas às armadas e armadores. Esta foi providenciada através da instalação do Conselho Supremo Militar e de Justiça, constituído por dois conselhos relativamente independentes: o militar e o de justiça.
	Quanto aos tribunais superiores, fundiram-se os dois principais tribunais portugueses: ao invés de um Desembargo do Paço e uma Meza da Consciência foi instituído a Meza do Desembargo do Paço e da Consciência e Ordem.� Ainda em 1808, foi criado o cargo de Intendente Geral de Polícia com jurisdição sobre juízes criminais que a ele poderiam recorrer, porque detinha o poder de prender e soltar presos para investigações.
	Outra implantação importante, tomada por herança, pelas mãos D. João, foi a criação, por Alvará de 1808, do cargo de juiz conservador da nação britânica, escolhido “pelos súditos ingleses residentes no local da jurisdição, aprovada a escolha pelo embaixador ou ministro da Grã- Bretanha”, privilégio ratificado pelo Tratado de Comércio e Navegação de 1810.� Ainda que sujeitos ao direito material luso, garantia aos ingleses uma parcialidade, ou até mesmo uma imunidade travestida que jamais obedeceu ao princípio de reciprocidade que é basilar do Direito Internacional, afinal, a Inglaterra nunca deu a contrapartida de em suas terras instalar uma Corte que atendesse de forma especial aos portugueses que lá residissem. 
	Importante notar que as modificações nos regimentos e formação de algumas casas de justiça quando da chegada da família real objetivaram somente deixá-las mais enxutas (afinal o período era de dificuldades), mas jamais mudaram a face da organização original. As alterações foram ajustes e não rupturas. 
	Quanto à Casa de Suplicação de Lisboa, a esta altura já não era mais presidida pelo rei e sim por um regedor. Porém, ainda fortemente impregnada de representatividade absolutista e, por isso, carregando consigo importância, a solução encontrada foi transformar por alvará de 10 de maio de 1808, em Casa de Suplicação no Brasil. Para tanto, elevou-se a hierarquia da Relação do Rio de Janeiro, que deixa de existir. Caso contrário, teríamos dois tribunais com funções sobrepostas. 
O DIREITO NO BRASIL DURANTE O REINADO ESPANHOL – AS ORDENAÇÕES FILIPINAS
O Brasil esteve sob o domínio espanhol, quando se constituiu a denominada União Ibérica, que perdurou de 1580 a 1640. Durante este período a colônia foi dividida em dois “Estados”. O Estado do Brasil compreendendo as capitanias desde o Rio Grande do Norte até São Vicente e o Estado do Maranhão, composto pelas capitanias que iam do Ceará até o Pará.
As Ordenações Filipinas resultaram da reforma das Ordenações Manuelinas, pois as novas ordenações precisavam representar a expressão coordenada do direito vigente. Ficou pronta ainda no tempo de Filipe I, que a sancionou em 1595, mas só foi observada definitivamente, após a sua impressão em 1603, quando reinava Filipe II.
Estas Ordenações apresentam a mesma estrutura e organização de matérias que já se verificara nas Ordenações anteriores, conservando-se também o critério nestas estabelecido a respeito do preenchimento de lacunas. Não é original em muitos temas, falta-lhe clareza e possui freqüentes contradições, que resultam muitas vezes do excessivo apego ao texto manuelino: a falta de cuidado em suprimir alguns preceitos revogados ou caídos em desuso. Filipe II foi o rei que mais se utilizou da Ordenação.
As Ordenações Filipinas, embora muito alteradas, constituíram a base do direito português até a promulgação dos sucessivos códigos do século XIX, sendo que algumas disposições tiveram vigência no Brasil até o advento do Código Civil de 1916.
O terrível Livro V das Ordenações Filipinas continha penas terríveis. A pena de morte era praticamente, utilizada para a maioria dos crimes, e estava subdividida em morte natural (enforcamento e posterior sepultamento), a morte natural cruel (conforme a imaginação do executor), a morte natural pelo fogo (queima do réu vivo em fogueira pública), morte natural para sempre (enforcamento, ficando o cadáver dependurado até que apodrecesse). 
	Na prática, somente os plebeus estavam sujeitos a essas penas, pois os nobres delas eram excluídos.
	Como exemplo maior em nossa historiografia da aplicação da pena de morte atroz, veja-se a sentença de Tiradentes, que depois de enforcado, teve a cabeça cortada para ser pregada em um poste e o corpo cortado em quatro quartos.
	Tinha por objetivo a maior intimidação possível da população, não havendocuidado ou atenção para qualquer proporção entre o crime que se cometia, e a pena a que estaria submetido o agente.
Para consulta ao texto das Ordenações transcritas integralmente, em edição fac-simile, ver:http://www.ci.uc.pt/ihti/proj/filipinas/ordenacoes.htm
O DIREITO NAS MINAS GERAES - SÉC. XVIII.
A Legislação especial para as Minas Geraes.
	A descoberta do ouro no Brasil não ocorreu, ao menos de todo, por acaso. Há muito os colonos, principalmente os de São Paulo, organizavam Bandeiras com o objetivo principal de capturar índios para vender com escravos e, secundariamente, procurar metais preciosos. Mas estas bandeiras estavam em declínio.
	Ao mesmo tempo, o século XVIII significou para Portugal o início da independência para com a Inglaterra e o aumento da crise econômica com a perda de grande parte de seu império ultramarino e a queda dos preços do açúcar por causa da concorrência. Os preços na Europa estavam elevados, as minas na América espanhola se esgotavam ou reduziam sua produção. Encontrar metais preciosos seria a única maneira de salvar Portugal ou, pelo menos, assim a Coroa Portuguesa imaginaria.
	Só no final do século encontraram jazidas importantes e provocaram uma grande mudança na colônia e na metrópole. O aumento populacional na região das minas esvaziava outros pontos da colônia e outros tantos da metrópole a ponto de Portugal ter que tomar medidas restritivas à emigração de portugueses. O grande afluxo de pessoas gerava uma falência permanente no setor de produção de alimentos e, como Portugal não conseguiria ter alimentos suficientes para si e para a região mineradora da colônia, fazia “vistas grossas” a afronta ao Pacto Colonial que possibilitava o comércio interno na colônia.
	À medida que as jazidas foram sendo encontradas em maior número e a produção aurífera aumentava o governo metropolitano interessava-se, cada vez mais, em controlar esta atividade. Por isso há toda uma legislação específica para este setor no período, dentre outros podemos citar o Código Mineiro de 1603 e 1618 e o Regimento de 1702.
	O Código Mineiro estabelecia que todos os súditos, do rei, poderiam extrair, livremente, o ouro, desde que reservassem para a Real Fazenda a quinta parte do produto. Autorizava a criação de Casas de Fundição para onde deveria ser levado todo metal extraído para ser fundido em barras e depois de deduzida a parte do imposto. Demarcava as terras chamadas “minerais”. Criava o cargo de provedor específico para a região aurífera, ele seria o responsável pela fiscalização das jazidas e a cobrança do quinto (O Regimento de 1618 ampliou os poderes deste provedor no tocante à cobrança de impostos).
	O Regimento de 1702 é considerado o regimento mais importante porque alterou substancialmente os códigos anteriores e traçou as linhas básicas do sistema que persistiu até o fim do período colonial. Foi, por este documento, que a metrópole criou na região das Minas uma administração subordinada diretamente a Coroa portuguesa e completamente desligada do Governo Geral da colônia.
	O regimento criou, então, um governo especial para as zonas auríferas: a Intendência das Minas que estava vinculada somente a Lisboa. As atribuições desta Intendência eram amplas: cobranças de impostos e, juridicamente, funcionava como o Tribunal de primeira e última instância nas questões relativas às suas atribuições.
	Outras modificações, efetuada pelo Regimento, foi a substituição do Provedor, criado pelo Código Mineiro, por um Superintendente, com atribuições jurídicas mais extensas. Ele seria um homem conhecedor da legislação para defender os interesses da Metrópole, ou seja, ele não precisava conhecer rigorosamente nada de mineração, ele só precisava ser eficiente no sistema de cobrança do quinto.
	O sistema de arrecadação de impostos era o que mais importava para a metrópole, assim, a Coroa sempre buscava meios de aperfeiçoar-se com o objetivo de não perder, de maneira alguma, os lucros advindos com a mineração, não importando o quão oneroso poderia ser para a população.
	Como o ouro em pó, não quitado (que não havia pagado imposto) circulava ainda que ilegalmente pela colônia. Portugal resolver tomar medidas de policiamento. Em 1700 foram nomeados por Decreto Régio os Provedores e os Escrivães que seriam responsáveis pela fiscalização do pagamento dos quintos e, para tentar evitar a circulação de ouro ilegal foram criados centros de inspeção policiado, colocados nas saídas das regiões mineiras, estes eram chamados “Registros”.
	Um Regimento de 1702 reforçava essas medidas, além de estabelecer que o pagamento dos quintos, também, poderia ser eitos nos próprios Registros durante transações comerciais.
	Este sistema de arrecadação perdurou até 1710 quando houve uma tentativa de se cobrar o imposto sobre o número de escravos em exercício efetivo nas minas, essa forma de arrecadação durou muito pouco, várias foram as revoltas que proporcionou.
	Em 1713, a Junta da Fazenda, de Vila Rica, propôs que se substituísse o quinto por uma quantia anual fixa, era o chamado “Sistema de Fintas”, mas a Coroa, em 1735, criou um sistema mais eficientes e mais cruel ainda do ponto de vista dos colonos: a TAXA DE CAPITAÇÃO DOS ESCRAVOS e o CENSO DAS INDÚSTRIAS que reunia a idéia do sistema de 1710 – cobrança per capita de escravos utilizados – incluindo escravos não utilizados na mineração e cobrado de pessoas livres que mineravam e todos da região das minas, da mesma maneira.
	Em 1751, a Coroa voltou atrás, novamente. Abolindo o sistema de 1735 fazendo implantar o sistema de quotas anuais, entretanto, haveria um mínimo a ser pago, muito alto e, portanto, muito difícil de cumprir, o que levaria à DERRAMA que existia há muito e pode ser definida como: Imposto cobrado pela Coroa Portuguesa às Capitanias do Brasil e arrecado entre os seus habitantes, no Século XVIII. A Capitania de Minas Gerais deveria pagar, anualmente, o Imposto do Quinto do ouro extraído, num total de cem arrobas, o mais importante dos tributos recolhidos pela Monarquia Portuguesa. Com a progressiva decadência na arrecadação, cada habitante teria que entrar com uma cota para completar o total exigido. Essa cobrança, em arrobas de ouro, extorsiva e excessiva, é o que se chama de Derrama, determinada com freqüência quanto a arrecadação normal do quinto não dava para cobrir o montante do Imposto, a Derrama, em 1789, na Capitania de Minas Gerais, tem sido mencionada como a origem da chamada “Conjuração Mineira”.
� - Os juízes de fora e os corregedores foram instrumentos diretos de intervenção régia nas autonomias locais. Eram letrados nomeados pelo rei para exercerem uma jurisdição que competia com a dos juízes ordinários, leigos e eleitos pelas Câmaras. Os juízes de fora portavam uma vara (bastão) branca em público. Vale lembrar que na sociedade daquela época todos deviam vestir-se com roupas que os distinguissem ou identificassem por estamento, ou profissão, ou grupo social (as leis regulavam esta apresentação pública), Segundo LOPES, José Reinaldo de Lima. O direito na história: lições introdutórias. 2. ed. São Paulo: Max Limonard, 2002, p. 260.
� - tenha como competência apreciar questões cíveis relativas à liberdade do indivíduo, tais como graça, perdão, indulto, privilégios etc., segundo CASTRO, Flávia Lages. Op. cit. p. 275.
� - O Supremo Tribunal do Reino chamou-se, até ao século XIV, Cúria do Rei, Tribunal da Corte ou Tribunal da Casa do Rei, e acompanhava o monarca nas suas deslocações. Esta é a explicação dada na página da Torre do Tombo, o maior arquivo de Portugal. Nas Ordenações Afonsinas o tribunal supremo de Portugal ainda é designado por Casa da Justiça da Corte. Mais tarde, sob a influência do direito romano passou a designar-se por Casa da Suplicação. Foi sendo progressivamente estruturado atendendo às matérias, nomeadamente cível e crime.
� - O Desembargo do Paço é o grande órgão da administração da justiça: um Conselho de Justiça, que administra todos os outros tribunais, nomeia juízes, corregedores edesembargadores. É o órgão superior do sistema judicial.
� - Responsáveis pela apreciação dos recursos dos demais juízes ( CASTRO, Flávia Lages. op. cit.).
� - HOLANDA, Sérgio Buarque (dir.). Da Época Colonial: do descobrimento à expansão territorial. In: História Geral da Civilização Brasileira. Tomo I, vol. 1, 3. ed. São Paulo: Difel, 1968.
� - MALUF, Sahid. Direito Constitucional. 9 ed. São Paulo: Sugestões Literárias, 1977.
� - WOLKMER, Antonio Carlos. História do Direito no Brasil. 2. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2000, p. 49.
� - CASTRO, Flávia Lages de. op. cit. p.334.
�- CASTRO, Flávia Lages de. op. cit. p.339.

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