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Resumo de Personalidade (material didático)

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Faculdade Estácio FAP
Psicologia: Personalidade
Priscilla Lima Machado
201301094048 Turma: 2001
1º Período - Direito
Psicologia Aplicada ao Direito
Prof.ª: Sandra Brandão
1- Personalidade
A personalidade é a forma característica e individual de pensar, sentir e agir.
2- Perspectivas históricas sobre a personalidade
Duas perspectivas foram significativas e influenciaram pesquisas atuais, a psicanalítica de Freud e a abordagem humanista.
2.1- A Perspectiva Psicanalítica
Freud foi uma das maiores influências na história da psicologia. Desde muito cedo se mostrava independente, brilhante e dedicado. Fez escola de medicina e depois montou sua clínica particular, se especializando em transtornos psicológicos. Deparou-se com casos que não sabia explicar porque ocorriam, foi desde então que começou uma busca por conhecimentos e evoluir no decorrer de seus tratamentos com os pacientes e análise a si próprio. Assim surge a teoria psicanalítica de Freud, a primeira teoria abrangente da personalidade.
Explorando o Conceito de Inconsciente
Freud então “descobriu” o inconsciente, a partir de terapias com seus pacientes, viu ser possível que transtornos neurológicos fossem causados de forma psicológica. Ele deixava seus pacientes relaxarem e contarem tudo que lhe viessem a mente, e fazia a associação livre voltando ao passado e o levando ao inconsciente do paciente, recuperando e libertando lembranças dolorosas. Denominou essa teoria de técnica de psicanálise.
Sigmund comparou nossa mente com um iceberg, onde o consciente seria a parte visível e o inconsciente a maior parte submersa, com pensamentos, desejos, sentimentos e lembranças daquilo que nem estamos cientes, mas mesmo assim exercem influência sobre nós, mesmo não percebendo. Ele acreditava que nada era acidental, e podia evidenciar o inconsciente através de sonhos, atitudes, piadas, etc. Através da análise dos sonhos, podiam-se aliviar as tensões de uma pessoa, revelando a natureza dos conflitos.
Estrutura da Personalidade
Para Freud a personalidade era resultado de conflitos entre nossos impulsos biológicos agressivos e a busca do prazer contra as restrições sociais. Esses conflitos são centrados entre: id, ego e superego.
O id é a energia psíquica inconsciente, querendo satisfazer os impulsos básicos para sobreviver, reproduzir e atacar. Ele opera sobre o princípio do prazer, se não for limitado pela realidade, ele irá buscar a satisfação imediata, sem se preocupar com consequências.
O ego, como um princípio da realidade, procuram satisfazer o id de forma maneirada. Nele contem nossos julgamentos, pensamentos e memórias parcialmente conscientes.
Já o superego representa os ideais, luta pela perfeição, julgando ações e produzindo orgulho ou culpa. 
O ego tenta balancear o superego e o id. É quem executa a personalidade.
Desenvolvimento da Personalidade
Para Sigmund, a personalidade se forma durante os primeiros anos de vida. As crianças passam por uma fase psicossexual, quando o id busca o prazer que fica concentrado em áreas chamadas erógenas do corpo.
Durante a fase fálica, onde se tem as zonas erógenas concentradas nos genitais, os meninos desenvolvem desejos sexuais inconscientes pela mãe e ciúmes e ódio pelo pai, mas se sentem culpados e têm medo pela punição. Esse conjunto de sentimentos foi chamado de complexo de Édipo pelo psicanalista.
O superego das crianças ganha forças pela identificação, à medida que incorporam muitos valores advindos dos pais. 
O comportamento desadaptado do adulto seria resultado de conflitos não resolvidos durante essas fases iniciais da psicossexualidade. E esse conflito podem gerar bloqueios ou fixações das energias buscadoras de prazer naquela fase.
Mecanismos de Defesa
Na nossa vida social devemos controlar nossos impulsos, mas as vezes o resultado desses conflitos entre o superego e o id é uma angústia desfocada. O ego atua com mecanismos de defesa que tendem a reduzir o redirecionar essa angústia.
Para Freud o recalcamento é a base de todos os outros mecanismos de defesa, por meio dele não nos lembramos do desejo que sentíamos na infância pelo genitor do outro sexo. Ele expulsa da consciência os sentimentos que causam a angústia.
Também sentimos ansiedade por meio da regressão. Como nos primeiros dias de escola de uma criança, ela regride ao conforto oral de chupar o dedo.
Na formação reativa o ego inconscientemente faz os impulsos inaceitáveis parecer o oposto do que são. Como a timidez tornar-se adorável.
A projeção tende a disfarçar o sentimento próprio, atribuindo-o a outra pessoa, dando exemplo pelo ditado “o ladrão acha que todo mundo é ladrão”. 
Pelo mecanismo de racionalização geramos inconscientemente explicações para encobertar os verdadeiros motivos pra nós mesmos.
O deslocamento ocorre quando desviamos os impulsos de uma pessoa para outra ou para um objeto, por exemplo, quando descontamos nossa raiva em alguém psicologicamente mais aceitável do que aquele que despertou os sentimentos.
Todos esses mecanismos agem de forma indireta e inconscientemente contra a angústia. 
Avaliando o Inconsciente
São necessários meios para avaliar as características da personalidade. Para a teoria de Freud seria necessário um tipo de raios X psicológicos para revelar nossos impulsos e conflitos ocultos. 
Os testes projetivos fornecem um estímulo ambíguo e de acordo com o que as pessoas veem nele, seria supostamente uma projeção de seus interesses e conflitos. Henry Murray introduziu o Teste de Apercepção Temática (TAT), onde as pessoas viam quadros com imagens ambíguas e por essas imagens criavam histórias, é como se projetassem seus próprios objetivos.
Existem também outros tipos de testes com essas mesmas finalidades. O mais utilizado e conhecido é do suíço Hermann Rorschach, teste Rorschach das manchas de tinta, que supõe que o que vemos em dez borrões reflete nossos sentimentos e conflitos internos.
Quanto a eficácia desses testes é uma questão que causa ainda muitos debates.
2.2- A Perspectiva Humanista
Em 1960, alguns psicólogos discordaram do negativismo de Freud e foram buscar conhecimento sobre como pessoas “saudáveis” almejam autodeterminação e auto-realização.
Abraham Maslow e a Pessoa Auto-Realizada
Segundo Maslow sempre estamos em busca de algo, satisfazendo as nossas necessidades, vamos à busca da auto-realização, realizar o nosso potencial.
Ele baseou seu estudo em pessoas que levavam uma vida rica e produtiva e pareciam notáveis, como Abraham Lincoln. E elas tinham características em comum, eram pessoas seguras, tinham interesses centrados em problemas, e não nelas, concentravam suas energias em determinadas tarefas, e muitas passaram por grandes experiências pessoais ou espirituais. Enfim, tinham qualidades adultas maduras. Maslow observou que pessoas propensas a serem auto-realizadas são as simpáticas, solícitas, afetuosas, entre outras qualidades.
Carl Rogers e a Perspectiva Centrada na Pessoa
Para Rogers as pessoas têm tendências ao crescimento e realização, se contarem com um ambiente favorável a isso, com autenticidade, aceitação e empatia. Elas precisam ter autenticidade e serem francas com seus sentimentos. A aceitação, com a consideração positiva incondicional, poder ser espontâneo, sem receio de ser julgado por outras pessoas. E compartilhando nossos sentimentos e refletindo nossos significados, com a empatia. 
Essas três condições poderiam ser usadas em muitos tipos de relações, como pai e filho, líder e grupo, etc. 
Para Maslow e Rogers a característica central da personalidade é o autoconceito, sendo positivo vemos o mundo mais positivamente. Se não estivermos satisfeitos nos sentimos infelizes.
Avaliando o Eu
Os psicólogos humanistas utilizavam questionários para que a pessoa descrevesse o seu eu ideal e o seu eu real, quanto mais próximo fossem, seu autoconceito seria mais positivo. Mas alguns eram contra esses questionários.
3- Pesquisa Contemporânea Sobre a Personalidade
Atualmente os pesquisadores estão mais interessados nas análises de personalidade e seus impactos nocomportamento, na interação entre a pessoa e o ambiente, e em outros aspectos.
3.1- A Perspectiva do Traço
Gordon Allport, estudante de psicologia, certa vez se encontrou com Freud, que se utilizava de motivos ocultos para explicar a personalidade, esse encontro levou Allport a uma linha profunda de pensamento, e a fazer o que Freud não fez: descrever a personalidade com traços fundamentais, comportamentos e motivos de cada pessoa (como a curiosidade que o fez encontrar Freud). Existiram diversas formas de classificar as personalidades e tipos físicos.
Explorando os traços
“Classificar as pessoas como tendo um ou outro tipo distinto de personalidade não capta plenamente a individualidade delas”. São incontáveis as variações de traços de personalidade de uma pessoa.
- Análise fatorial: geralmente pessoas que se descrevem como sociáveis, também dizem que gostam de agitação, pregar peças nos outros e outras características, esse conjunto de comportamentos são relacionados e refletem um traço, nesse exemplo é denominado extroversão. Essa técnica para identificar esse conjunto é chamada análise fatorial.
Acredita-se também que nossa biologia influencia na nossa personalidade. Nossos genes dizem muito sobre o comportamento, temperamento e personalidade.
Avaliando os Traços
As técnicas para se avaliar os traços traçam o perfil dos padrões de comportamento de uma pessoa, os psicólogos podem avaliar vários traços ao mesmo tempo, através de inventários de personalidade, questionários mais longos, onde as pessoas respondem a itens relacionados a sentimentos e comportamentos. 
O mais utilizado é o Inventário Multifásico de Personalidade de Minnesota (MMPI). Os itens desse teste foram obtidos empiricamente e avalia as tendências “anormais” da personalidade.
Inicialmente o teste era composto de declarações do tipo “falso” ou “verdadeiro”. Ele foi revisado e criado o MPPI-2 para o perfil de uma população com várias escalas de validade, incluindo uma que aponta quando a pessoa está fingindo. E pode ser feito através de um computador.
Os testes de personalidade de auto-relato são os mais utilizados, porém para o psicólogo David Funder pessoas que tem observado você com frequência podem oferecer informações mais fidedignas.
Os Cinco Grandes Fatores
Atualmente os pesquisadores do traço acreditam que um conjunto de fatores levemente ampliado, os Cinco Grandes, propõe um resultado mais preciso. As pessoas descrevem outras dentre eles: a estabilidade emocional, extroversão, abertura, cordialidade e conscienciosidade. É o tópico de pesquisa mais utilizado atualmente.
- Até que ponto esses traços são estáveis? Na vida adulta eles são mais estáveis, tendendo a instabilidade emocional, abertura e extroversão, diminuindo um pouco com o término da faculdade, e aumentando a cordialidade e conscienciosidade. 
- Até que ponto são herdados? Varia com as pessoas estudadas, mas fica em torno de 50%.
- Até que ponto se aplicam a outras culturas? Descrevem a personalidade razoavelmente bem em várias culturas.
- Os Cinco Grandes traços predizem outros atributos pessoais? Sim. Como exemplo: as pessoas que são muito conscienciosas tendem a ser pessoas matutinas.
3.2- A Perspectiva Social-Cognitiva
Proposta por Albert Bandura, está relacionada com a interação das pessoas com as situações vivenciadas. Comportamo-nos conforme o meio de condicionamento e observação de outras pessoas. Diferente do behaviorismo, não é só o ambiente que nos modela, mas a interação entre nós e o ambiente.
Influências Recíprocas: o modo de interagir com o meio foi denominado como determinismo recíproco por Bandura. “o comportamento, os fatores internos e as influências ambientais operam como determinantes que se interligam”. 
Meios de interação entre indivíduos e ambiente:
- Pessoas diferentes escolhem ambientes diferentes: como por exemplo a escola que você frequenta, tipo de literatura que você lê, fazem parte do ambiente que você escolheu e afeta seu comportamento.
- Nossa personalidade molda a maneira como interpretamos os eventos e reagimos a eles: por exemplo, as pessoas ansiosas, lidam com eventos ameaçadores, por isso elas enxergam o mundo como ameaçador e reagem de acordo com isso.
- Nossa personalidade ajuda a criar situações às quais nós reagimos: o modo e que tratamos uma pessoa vai refletir o modo como ela nos tratará de volta.
Nós somos influenciados e influenciamos os ambientes em que vivemos.
Controle Pessoal
O controle pessoal é a forma que vamos lidar com o ambiente, se sendo controlados por ele, ou controlando-o. São duas formas de se estudar o efeito de controle pessoal.
Lócus de Controle: Julian Rotter diz que existem pessoas que possuem um lócus de controle externo que pressupõe que forças externas determinam seu destino. E também existem aquelas que agem de acordo com um lócus de controle interno e consideram que controlam sua própria vida. As pessoas internas tem mais facilidade em diversos fatores, como escola, independência, saúde, se sentem menos deprimidos, entre outros.
O autocontrole influi em sucesso social, porém ele é variável e precisa ser exercitado.
Desamparo Aprendido versus Controle Pessoal: o desamparo aprendido é quando um indivíduo se sente controlado externamente, acostumava-se com o desamparo, pois mesmo em uma situação em que ele pode ter um controle, se sente impotente para lidar com ela. Podendo também ser aplicado com animais.
É importante que todas as pessoas lidem com ambientes em que possam criar um senso de controle e eficácia pessoal e prosperem.
Por isso nota-se uma diferença entre as pessoas que viveram em sociedades democráticas e autoritárias. 
Otimismo: as pessoas que são negativas em relação ao otimismo-pessimismo tendem a ter um baixo desempenho em suas atividades, diferente das pessoas otimistas, que são bem sucedidas em várias áreas, na realização profissional e até mesmo na saúde.
Mas não só o pensamento positivo é necessário, pois na realidade, quando nos deparamos com possíveis futuros fracassos, devemos ser realistas, e temos uma ansiedade que funciona como um combustível para um esforço energético a fim de evita-los.
O otimismo excessivo pode ser prejudicial, pois o indivíduo pode subestimar riscos e criar falsas expectativas. 
Segundo Justin Kruger e David Dunning, pessoas que tem menos conhecimento relacionado a um certo assunto acreditam estar mais hábeis do que outros mais preparados. Essas pessoas sofrem de uma superioridade ilusória.
Avaliando o Comportamento em Situações
Os pesquisadores da perspectiva social-cognitiva estudam sobre os efeitos de diversas situações no comportamento humano. Esse estudo mostra que a melhor forma de prever o comportamento de um indivíduo não é por meio de testes ou entrevistas, e sim observando os padrões de comportamento diante de determinadas situações.
Avaliando a Perspectiva Social-Cognitiva
As críticas têm como base que é uma teoria tão centrada na relação entre as situações e os comportamentos, que deixam de lado as emoções humanas, a personalidade e como cada um reagirá diferente em cada situação.
3.3- Explorando o Eu (Self)
Desde William James até os dias atuais o eu tem sido um dos objetos de estudo mais pesquisado na psicologia.
A visão que cada pessoa tem de seu eu influencia positiva ou negativamente em suas realizações. Influencia-nos para traçarmos objetivos e nos possibilita energia para seguirmos tais objetivos.
O efeito holofote segundo Thomas Gilovich mostra que as pessoas se sentem mais observadas e avaliadas do que realmente são.
Também nossas lembranças são melhores assimiladas quando as informações são relacionadas a nós mesmos.
Auto-Estima
É muito importante a forma como nos relacionamos com nós mesmos, podendo ser benéfico ou maléfico. 
Os Benefícios da Auto-Estima: As pessoas que tem auto-estima alta são menos propensas a situações infelizes. São mais dispostas para enfrentar as atividades mais difíceis. Em contraposição, as pessoas de auto-estima baixa sentem mais dificuldade de ver a si mesmos de uma forma positiva, e geralmentesão inclinadas para a infelicidade.
Segundo Roy Baumeister e colegas, a auto-estima reflete a forma em que as pessoas conseguiram lidar com as diversas situações e desafios, se positiva ou negativamente. “Talvez sentir-se bem resulte de sair-se bem”.
Ela influencia em como aceitamos ou criticamos os outros. Uma pessoa, que tem uma imagem negativa de si, costuma também depreciar e criticar as outras.
Cultura e Auto-Estima: Para Jennifer Crocker e Brenda Major pessoas em minorias étnicas, portadoras de deficiência e mulheres, ao contrário do que se pensa, podem possuir uma auto-estima um pouco mais elevada do que a maioria, por fatores como valorização das coisas nas quais se destacam, atribuem seus problemas ao preconceito e se comparam com pessoas pertencentes ao seu grupo.
Egoísmo Tendencioso: a maioria de nós temos uma boa visão de nós mesmos, mesmo os que apresentam baixa auto-estima estão a meio caminho de melhorarem. Myers e Brown citam o egoísmo tendencioso, como uma “prontidão para perceber nós mesmos de modo favorável” Tais são as descobertas:
- As pessoas aceitam mais responsabilidade por boas ações do que por más, e por sucessos do que por fracassos. Por exemplo: quando um estudante recebe notas boas, ele credita a seu próprio mérito, seu esforço, mas quando ele tira notas baixas, ele critica a prova ou ao professor.
- A maioria das pessoas se julga melhor do que a média.
Nós sempre nos colocamos em destaque, temos uma alta confiança em nossos julgamentos e crenças, buscamos informações para nos favorecer, entre outros fatores que apontam para esse egoísmo tendencioso. 
Porém o orgulho excessivo é prejudicial, e gera diversos conflitos, dos mais simples aos mais intensos. Como o “orgulho ariano” no período nazista, gerando várias atrocidades.
As pessoas muito confiantes e cheias de orgulho quando vêem sua auto-estima ameaçada podem reagir mais violentamente, se tornando pessoas perigosas. 
Mas ainda existem pessoas que depreciam a si mesmas, por três motivos:
- as críticas podem ser baseadas em seus eus passados.
- pode ser uma espécie de estratégia para evocar afagos tranquilizadores.
- por outras vezes comentários autodepreciativos podem nos preparar para possíveis fracassos.
Todos nós algumas vezes nos sentimos inferiores, quanto mais nos sentimos assim, mais infelizes somos. Mas também até um certo ponto nossas ilusões posivitas podem nos fazer bem. É preciso um equilíbrio entre os dois.

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