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Efeitos ambientais sobre os requisitos nutricionais de bovinos

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Universidade Federal Rural de Pernambuco 
Departamento de Zootecnia 
Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia 
 
 
 
 
 
Efeitos ambientais sobre os requisitos 
nutricionais de bovinos 
 
 
Trabalho apresentado como parte 
das exigências do Exame de 
Qualificação do Programa de 
Doutorado Integrado em Zootecnia 
 
 
 
Professor Dr. Marcelo de Andrade Ferreira 
 
Doutoranda: Maria Luciana M. W. Neves 
 
 
Recife 
2009 
Índice 
 Pág 
INTRODUÇÃO 3 
EFEITOS DO AMBIENTE SOBRE A TERMORREGULAÇÃO DE 
BOVINOS 
5 
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DE BOVINOS EM CONDIÇÕES DE 
ESTRESSE PELO CALOR 
15 
1. Consumo de Matéria Seca e energia 15 
2. Consumo de água 22 
3. Consumo de proteína 26 
4. Consumo de gordura 28 
5. Consumo de minerais 31 
SUPLEMENTAÇÃO COM ADITIVOS 32 
1. Cromo 32 
2. Niacina 32 
3. Leveduras 33 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 35 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 36 
 
 3
INTRODUÇÃO 
 
Segundo a FAO (2008 apud IBGE, 2008) o Brasil é detentor do maior rebanho 
mundial de bovinos, com um efetivo de 199.752.014 cabeças em 2007, porém, quanto 
ao número de animais abatidos tido em número de cabeças, a posição ocupada pelo 
Brasil é a segunda, perdendo apenas para a China. Quanto a produção de leite, o Brasil é 
o sexto maior produtor mundial, atrás dos Estados Unidos, Índia, China, Rússia e 
Alemanha, com uma produtividade média de 1.237 litros/vaca/ano, estimado de 
21.122.273 vacas ordenhadas (IBGE, 2008). O Censo Agropecuário (IBGE, 2007) 
demonstra um crescimento anual no efetivo bovino e produção de leite de 1970 a 2006 
(Figura 1). 
 
Figura 1. Efetivo de bovinos e produção de leite - Brasil - 1970/2006 
 
Mesmo contando com um rebanho dessa magnitude, o Brasil apresenta índices de 
produtividade considerados baixos, quando comparado a outros países. Esse fato está 
relacionado a fatores genéticos, à baixa eficiência reprodutiva e aspectos sanitários, 
nutricionais e adaptativos. Incrementos significativos na produtividade podem ser 
obtidos através da utilização de tecnologias disponíveis no país, com um manejo 
adequado, incluindo uma alimentação que atenda as exigências nutricionais e com a 
utilização de raças adaptadas ao ambiente (SOUSA et al., 2003). 
Observa-se que indivíduos poderão expressar intensidades variáveis de suas 
potencialidades genéticas, resultante das interações destes com a nutrição e o ambiente. 
Diversos estudos a respeito dos efeitos do estresse de calor sobre o crescimento e o 
ganho de peso de bovinos têm demonstrado que os animais com melhores 
características de adaptação a ambientes quentes são os que apresentam melhores 
 4
desempenhos em climas tropicais (SILVA, 2000). Desta forma, a seleção de touros e 
vacas de alta capacidade produtiva e reprodutiva em uma determinada região não irão 
apresentar a performance esperada quando em outro ambiente, o que pode ser explicado 
pela interação genótipo ambiente (SILVA, 2004). 
Segundo NÃÃS (1989), pesquisas demonstram que a eficiência do desempenho 
animal é resultado do funcionamento do seu sistema homeotérmico, e disfunções desse 
sistema provocam alterações significativas na eficiência da produção. 
O ambiente térmico tem uma forte relação sobre os animais de produção com a 
temperatura do ar exercendo o principal efeito, mas alterado pelos ventos, precipitação, 
umidade e radiação (NRC, 1981). Os bovinos têm a capacidade de manter a sua 
temperatura corporal relativamente constante por meios comportamentais e fisiológicos 
sob uma diversidade de ambientes térmicos variáveis (ROBERTSHAW, 2006). 
Contudo, para que a temperatura corporal permaneça constante, o ganho de calor tem 
que ser igual a perda (ROBERTSHAW, 2006). 
Hafez (1973) define adaptação biológica como uma série de mudanças 
morfológicas, anatômicas, fisiológicas, bioquímicas e comportamentais que conferem 
ao animal características capazes de promover o seu bem-estar, favorecendo sua 
sobrevivência no ambiente específico no qual se encontra. 
Um animal mantido em ambiente inadequado os diversos constituintes de meio, 
isolados ou combinados entre si, são fatores de estresse, que atuando sobre o organismo 
desencadeiam uma série de reações não específicas de adaptação, ativando mecanismos 
físicos e fisiológicos, na tentativa de restabelecer o equilíbrio orgânico (SILVA, 2004). 
Existe uma certa faixa de amplitude térmica dentro da qual os animais apresentam 
metabolismo mínimo, sem demonstrar qualquer sintoma de desconforto térmico. Essa 
zona recebe o nome de Zona de Termoneutralidade (SILVA, 2000). Nestas condições, 
os animais, quando sob uma dieta balanceada, têm a capacidade de expressar todo seu 
potencial produtivo. 
Quando o animal não consegue manter sua homeostase diante de estímulos 
indesejáveis do meio ele entrará em estresse, comprometendo seu bem-estar, saúde e 
desenvolvimento corporal (SILVA, 2004). Para evitar o estresse estes dispõem de 
mecanismos comportamentais e fisiológicos para regulação do metabolismo corporal. 
Esses mecanismos adaptativos implicam diretamente em mudanças na taxa metabólica, 
temperatura corporal, freqüências respiratória e cardíaca, alterações hormonais e 
 5
metabólicos sanguíneos; levando, geralmente, a perdas na produtividade (SILVA, 
2004). 
Nestas condições, é essencial além da adoção de recursos arquitetônicos 
necessários à termorregulação, o fornecimento adequado de uma dieta balanceada que 
atenda as exigências dos animais em condições de estresse por calor. Assim sendo, será 
abordado, nesta revisão, as exigências nutricionais de bovinos em condições de estresse 
pelo calor, contemplando uma abordagem referente aos efeitos ambientais sobre a 
termorregulação de bovinos. 
 
EFEITOS DO AMBIENTE SOBRE A TERMORREGULAÇÃO DE BOVINOS 
 
Os animais vivem em equilíbrio dinâmico com o meio ambiente, sendo o seu 
desempenho condicionado às variações ocorridas ao longo do tempo. Desse modo, são 
sensíveis às mudanças de ambiente físico, e quando mudam as condições de manejo, ou 
quando são levados a um ambiente diferente do original, lançam mão de mecanismos de 
adaptação para manterem as funções fisiológicas em equilíbrio. 
As trocas de calor do animal com o ambiente ocorrem através de mecanismos de 
transferência de calor sensível que são a radiação, convecção e condução. A 
transferência de calor por condução depende fundamentalmente do contato direto entre 
as moléculas do corpo ou superfícies nela envolvida. Por outro lado, as trocas por 
convecção e radiação podem ser afetadas pela existência de uma capa protetora sobre a 
superfície cutânea e por um gradiente de temperatura entre a superfície do animal e o 
ambiente (SILVA, 2000). 
Em ambientes tropicais o diferencial de temperatura entre o ambiente e a 
superfície do corpo dos animais tende a ser pequeno e às vezes negativo (temperatura 
ambiente maior que a da superfície), nestas condições, para dissipar a energia térmica 
produzida pelo metabolismo e a recebida pelo meio externo, o organismo animal pode 
recorrer à evaporação ou estocar energia térmica, permitindo um certo aumento na 
temperatura corporal (SILVA, 2000). Maia et al. (2005a) observaram que com o 
aumento da temperatura do ar de 10 a 36 ° C, a transferência de calor sensível variou de 
160 a -30 W/m2, enquanto que a perda de calor latente por evaporação cutânea 
aumentou de 30 para 350 W/m2. Segundo Maia et al. (2005b) a evaporação aumenta 
com a temperatura do ar de uma forma quase linear até 20°C, mas torna-se cada vez 
mais alto quando a temperatura do ar ultrapassa 25 ° C. 
 6
Dos mecanismos de perda evaporativa de calor a sudorese é mais importanteque a 
respiração arquejante, em bovinos (ROBERTSHAW, 2006). Estas espécies têm um 
mecanismo cutâneo de perda de calor por evaporação bem desenvolvido, suas glândulas 
sudoríparas, localizadas na superfície da pele, são apócrinas e controladas por fibras 
adrenérgicas (ROBERTSHAW, 2006). Maia et al. (2005a) estimaram que a perda de 
calor por esta via representou 20-30% quando temperaturas do ar variou de 10 a 20°C, 
mas com temperaturas do ar maiores que 30°C a evaporação cutânea tornou-se a 
principal via da perda de energia térmica, o que representou aproximadamente 85% do 
total da perda de calor, enquanto o resto é perdido por evaporação respiratória. Contudo, 
a intensidade das perdas por evaporação cutânea, em bovinos, irá variar com a 
temperatura e umidade relativa do ar. 
A Figura 2 apresenta um esquema dos processos de produção e perda de calor em 
diferentes temperaturas ambientais. 
 
 
Figura 2. Representação esquemática dos processos de produção e perda de calor em 
diferentes temperaturas ambientais. TCI = temperatura crítica inferior, TCS = 
temperatura crítica superior. 
Fonte: Adaptado de Silva (2000); Thompson (1973) e Hafez (1973) 
 
Os bovinos são capazes de manter sua temperatura interna relativamente estável, 
dentro de certos limites estabelecidos de temperatura ambiente. Na figura 2 esses limites 
são hi e hs, respectivamente. Sob temperaturas ambientes abaixo do limite hi o 
organismo não consegue um aporte de energia térmica suficiente para compensar as 
perdas e então ocorre uma queda na temperatura corporal, proporcional a temperatura 
ambiente. O limite de sobrevivência do organismo é atingido na temperatura mínima ai. 
Da mesma forma, à medida que a temperatura ambiente se eleva, atingido o limite 
 7
superior da homeotermia (hs), os mecanismos evaporativos de perda de calor não são 
mais eficientes, de modo que a soma da produção de calor metabólico com a fração de 
calor absorvida do meio passa a ser maior que a quantidade de calor eliminada pelas 
vias latente e sensível e, conseqüentemente, os animais passam a elevar a temperatura 
interna, ocorrendo aumento da temperatura corporal acima dos limites fisiológicos. Se a 
temperatura do ar atingir o limite máximo as, o animal perece (SILVA, 2000 e MORAIS 
et al., 2008). 
Na figura 2 observa-se que na zona de termoneutralidade (ZTN) os animais não 
ativam os mecanismos físicos e químicos de termorregulação. Nestas condições, o 
animal não sofre estresse pelo frio ou pelo calor e as funções fisiológicas são normais e 
a produção não sofre interferências. 
A zona de termoneutralidade é limitada pela temperatura crítica inferior (TCI) e 
pela temperatura crítica superior (TCS). Os limites de temperaturas ideais para conforto 
animal são bastante variáveis, não há valores rígidos para ZTN (PEREIRA, 2005). A 
Tabela 1 apresenta os dados encontrados na literatura quanto os limites críticos da ZTN. 
Quando a temperatura ambiente está abaixo da TCI o animal encontra-se em estresse 
pelo frio, e quando acima da TCS o organismo entra em estresse pelo calor (SILVA, 
2000). 
 
Tabela 1. Temperaturas críticas inferior (TCI) e superior (TCS) para bovinos. 
Animais TCI TCS Fonte 
Maioria dos animais 13 18 McDowell (1974) 
Taurinos, adultos - 6 27 Silva (2000) 
Taurinos, bezerros 13 25 Silva (2000) 
Zebuínos 7 35 Silva (2000) 
Bovinos leiteiros 0 16 Pereira (2005) 
Zebuínos* 10 27 Pereira (2005) 
Mestiços 5 31 Pereira (2005) 
Vacas em lactação 5 25 Roenfeldt (1998) 
*Zebuínos podem suportar temperaturas críticas máxima de 35°C e mínima de 0°C 
De acordo com NRC (1996) os animais diferem grandemente em suas respostas 
frente ao ambiente e em sua habilidade para se adaptar fisiologicamente ao ambiente 
térmico. De um modo geral, existem diferenças genéticas para tolerância ao calor em 
bovinos, sendo a espécie Bos indicus mais tolerante que a Bos taurus por causa de 
 8
maior capacidade de sudação e a baixa atividade metabólica (BLACKSHAW e 
BLACKSHAW, 1994). As raças indianas, diferentemente das taurinas, possuem 
mecanismo de termorregulação mais eficiente e podem perder calor pela sudorese de 
forma mais efetiva, pois possuem maior número de glândulas sudoríparas ou maior 
volume de secreção, pêlos mais curtos e maior superfície em relação à massa corporal 
(PEREIRA et al., 2008). 
RODRÍGUEZ (2008) observou efeito significativo da temperatura do ar sobre a 
temperatura corporal. Sendo que cada 1°C de aumento na temperatura do ar 
proporcionou aumento de 0,23°C na temperatura vaginal. McDowell (1974) relata que a 
variação de 1°C na temperatura normal do corpo é suficiente para reduzir o desempenho 
da maioria dos animais domésticos. 
Além da temperatura do ar outros elementos influem na habilidade dos animais 
em dissipar calor como a radiação, umidade relativa do ar, velocidade do vento. Os 
efeitos desses fatores sobre a produção de leite foram descritos por Johnson e 
Vanjonack (1976). 
Johnson e Vanjonack (1976) observaram grande diferenças no declínio da 
produção de leite em vacas submetidas a temperatura elevada (32°C) sendo esta queda 
mais acentuada quando a umidade foi mais elevada (Tabela 2). A umidade elevada inibe 
as perdas evaporativas nas vacas, resultando em um aumento na temperatura corporal, 
para compensar a produção de calor o animal reduz o consumo de ração e, 
conseqüentemente, diminui a produção de leite (JOHNSON e VANJONACK, 1976). 
Estima-se que a produção de leite decresce aproximadamente de 1 Kg para cada grau 
centígrado de aumento da temperatura retal (PEREIRA et al., 2008). 
 
 
Tabela 2. Efeito da temperatura e umidade relativa do ar sobre a produção de leite*. 
Temperatura 
(°C) 
Umidade 
Relativa (%) 
Raças 
Holandesa Jersey Pardo Suíça 
24 Baixa (38) 100 100 100 
24 Alta (76) 96 99 99 
34 Baixa (46) 63 68 84 
34 Alta (80) 41 56 71 
* Diferenças na produção de leite baseado na porcentagem da produção normal de leite a temperatura de 
24°C e Umidade relativa de 38% 
Fonte: Johnson e Vanjonack (1976) 
 
 9
Segundo McDowell (1974) ventos de 1,3 a 1,9 m/s foram preconizados como 
ideais para a criação de animais domésticos. Entretanto Johnson e Vanjonack (1976) 
constataram que o efeito do vento só tem influência na produção de leite quando a 
temperatura está acima da zona termoneutra onde ventos de até 2 m/s foram benéficos 
(Tabela 3). 
 
Tabela 3. Efeito do vento sobre a produção de leite* em três diferentes temperaturas 
com umidade relativa de 60 a 70%. 
Vento (m/s) 
Temperatura do ar 
10°C 26,7°C 35°C 
H J PS H J PS H J PS 
0,18 100 100 100 85 100 100 63 79 83 
2,24 100 100 100 95 100 100 79 94 90 
4,02 100 100 100 95 100 100 79 94 90 
Raças: H = Holandesa, J = Jersey, PS = Pardo suíça 
* % da produção de leite baseado na produção na temperatura de10°C 
Fonte: Johnson e Vanjonack (1976) 
 
Em relação à radiação estes pesquisadores constataram que mesmo dentro da faixa 
de temperatura da termoneutralidade (21,1°C) um aumento na radiação térmica 
proporcionou uma queda na produção de leite em vacas da raça Holandesa e Jersey, 
contudo, este aumento foi mais acentuado na temperatura de 26,7°C (Tabela 4). 
 
Tabela 4. Efeito da radiação térmica sobre a produção de leite em três diferentes 
temperaturas do ar. 
Nível de 
radiação 
(cal/cm2/min) 
Produção de leite - % Normal 
7,2°C 21,1°C 26,7°C 
Holandesa Jersey Holandesa Jersey Holandesa Jersey 
0,02 100 100 100 100 93 99 
0,19 100 100 100 99 92 94 
0,42 100 100 93 95 77 93 
0,60 100 100 90 97 69 87 
0,84 100 100 88 95 57 79 
Fonte: Johnson e Vanjonack (1976) 
 
 10
Diante da importância da interação dos elementos climáticossobre os animais, 
índices de conforto térmico combinando dois ou mais desses elementos têm sido 
ultimamente utilizados para avaliar o impacto ambiental sobre os animais, pois podem 
descrever mais precisamente os efeitos do ambiente sobre a habilidade do animal em 
dissipar calor (West, 1999). 
Segundo Silva (2000) o índice mais utilizado é o índice de temperatura e umidade 
(ITU) originalmente desenvolvido por THON (1958) para conforto térmico em humano, 
sendo empregado para esta finalidade em 1959. Este índice tem sido obtido por diversas 
equações, dentre elas destacam-se: 
A equação de Buffington et al. (1981 apud TURCO et al., 2006), que leva em 
consideração a temperatura do termômetro de bulbo seco (Tbs) e a temperatura do 
ponto de orvalho (Tpo), ambas expressas em oC: 
 ITU = Tbs + 0,36Tpo + 41,5 
A equação de McDowell (1972 apud KADZERE, 2002), este índice é estimado 
em função da temperatura do ar e do bulbo úmido, ambas expressas em oC: 
 ITU = 0,72 (Tbs + Tbu) + 40,6 
Em função da temperatura e da umidade relativa do ar, encontram-se em equações 
propostas por: 
Buffington et al. (1982 apud TURCO et al., 2006): 
 ITU = 0,8 Tbs + UR (Tbs – 14,3) / 100 + 46,3 
onde: 
UR = Umidade relativa do ar, % 
Tbs = temperatura do ar (°C) 
Kelly e Bond (1971 apud AZEVEDO et al., 2005): 
 ITU = Tbs – 0,55 (1-UR) (Ta – 58) 
Onde: 
Tbs = temperatura do ar (°F) 
UR = umidade relativa do ar em decimais. 
 
De acordo com Hahn (1985), um valor de ITU menor ou igual a 70 indica 
condição normal, não estressante; um valor entre 71 e 78 é crítico; entre 79 e 83, indica 
perigo; e acima de 83 situação de emergência. Entretanto, existem algumas divergências 
em relação a este índice. Segundo Rosemberg et al. (1983 apud PIRES et al., 2009) ITU 
entre 75 e 78 significa alerta para os produtores e providências são necessárias para 
 11
evitar perdas; entre 79 a 83 significa perigo principalmente para os rebanhos confinados 
e medidas de segurança devem ser empreendidas para evitar perdas desastrosas; e igual 
ou superior a 84 significa emergência e providências urgentes devem ser tomadas. 
Como pode ser observado, o valor do ITU considerado limite, entre situações de 
conforto e estresse, varia segundo os autores, mas existe unanimidade em considerar 
que ambiente com ITU acima de 72 é estressante para vacas de alta produção 
(VALTORTA e GALLARDO, 1996 apud PIRES et al., 2009). Entretanto, McDowell 
(1974), considera que em um ITU igual ou superior a 78, os bovinos de todas as idades 
apresentam graus mensuráveis de desconforto térmico. 
Devido os animais mestiços serem mais tolerantes ao calor, suportam limites mais 
elevados de ITU. Baseando-se na freqüência respiratória, Azevedo et al. (2005) 
estimaram valores críticos de ITU iguais a 79, 77 e 76 para vacas ½, ¾ e 7/8 Holandês x 
Gir, respectivamente. 
Hahn (1993 apud KLOSOWSKI et al., 2002) elaborou uma equação para estimar 
o declínio na produção de leite em função do ITU e do nível de produção: 
 DPL = - 1,075 – 1,736*(NP) + 0,02474*(NP)*(ITU) 
Onde, 
 DPL = declínio absoluto na produção de leite, kg/vaca/dia 
 NP = nível normal de produção de leite, kg/vaca/dia 
 ITU = valor médio diário do índice de temperatura e umidade 
 
A Figura 3 mostra o declínio na produção de leite em vacas de diferentes níveis de 
produção em função índices elevados de ITU encontrados na região de Maringá, Paraná, 
utilizando-se a referente equação descrita acima. 
 12
 
Figura 3. Valores médios de declínio na produção de leite (DPL) para os níveis de 
produção de 10, 15, 20, 25, 30 e 35 kg/dia/vaca, em função do índice temperatura e 
umidade (ITU). 
Fonte: Klosowski et al. (2002) 
 
Nota-se, na figura 4, no mês de dezembro que apresentou maior valor de ITU, as 
vacas com maior produção de leite (35 kg/dia) tiveram uma queda maior (12%) em sua 
produção em relação as que produziam em torno de 10 kg/dia (queda de 7,7%). Assim, 
fica claro que a intensidade da queda variou com o nível de produção e intensidade do 
estresse. Portanto, esta equação pode ser utilizada pelos técnicos para demonstrar aos 
produtores de leite o efeito da alta temperatura e umidade sobre a produção, de modo a 
incentivá-los a tomar medidas preventivas de manejo. 
Como foi constatado na Tabela 4, a radiação tem grande influência na produção. 
Animais submetidos a radiação solar direta absorvem maior quantidade de calor 
podendo comprometer a termorregulação e, conseqüentemente, afetar os aspectos 
produtivos (SOUZA JUNIOR et al., 2008). 
Segundo Silva (2000), devido a importância da radiação para os animais criados 
em campo aberto, foi desenvolvido o Índice de Temperatura Globo e Umidade (ITGU), 
proposto por Buffington et al. (1981), para vacas leiteiras criadas a pasto, sendo 
expresso pela equação: ITGU = Tgn + (0,36*Tpo) + 41,5; onde Tgn é a temperatura do 
globo negro (°C) e o Tpo é a temperatura do ponto de orvalho (°C). 
Sendo que os valores de ITGU até 74, de 74 a 79, de 79 a 84 e acima de 84 
definem situação de conforto, de alerta, de perigo e de emergência, respectivamente 
(SOUZA et al., 2002). 
 13
Morais et al. (2008) observaram em vacas leiteiras mestiças com produção média 
de 13 kg/dia de leite criadas em ambiente estressante, para cada 1ºC de elevação da 
temperatura retal, ocorreu aumento de aproximadamente 6 mov/min na freqüência 
respiratória, porém, para cada unidade de diminuição no valor do ITGU, estimou-se que 
a freqüência respiratória poderia diminuir cerca de 1,4 mov/min. Verificou-se também 
que, a cada movimento respiratório a mais, a temperatura retal aumentou 0,022ºC, 
provavelmente em decorrência da energia gerada com o maior esforço muscular 
envolvido na elevação da freqüência respiratória. 
As variações na temperatura retal e freqüência respiratória podem ser utilizadas 
para avaliar os níveis de estresse em bovinos, a Tabela 5 apresenta estas relações. 
 
Tabela 5. Relação entre alterações da temperatura retal, da freqüência respiratória e 
níveis de estresse. 
FR (mov/min) TR (°C) Níveis de estresse 
23 38,3 Não há estresse. 
45 a 65 38,4 a 38,6 
O estresse está sob controle; o apetite, a reprodução e 
a produção estão normais. 
70 a 75 39,1 
Início de estresse térmico; menor apetite, mas a 
reprodução e a produção estão estáveis. 
90 40,1 
Estresse acentuado; cai o apetite, a produção diminui, 
os sintomas de cio quase desaparecem; ocorre 
repetição de cios. 
100 a 120 40,9 
Estresse sério; grandes perdas na produção; a ingestão 
de alimentos diminui 50% e a fertilidade pode cair 
para 12%. 
> 120 > 41 
Estresse mortal; as vacas expõem a língua e babam 
muito; não conseguem beber água nem se 
alimentarem. 
Fonte: Pires (2006) 
 
Os efeitos do estresse térmico são muitas vezes vistos na redução do desempenho 
reprodutivo, no ganho de peso diário de bovinos em crescimento e na produção de leite. 
O estresse pelo calor altera a homeostase dos bovinos, induzindo a reações de regulação 
na tentativa de manutenção no equilíbrio térmico, como redução do consumo de matéria 
 14
seca, redistribuição do fluxo sanguíneo e o aumento da perda de calor por evaporação. 
Como resultado, a função digestiva, a absorção e metabolismo de nutrientes, funções 
fisiológicas como a regulação do balanço ácido básico sanguíneo e a produção ficam 
alterados (SIMAS, 1998). 
 15
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DE BOVINOS EM CONDIÇÕES DE 
ESTRESSE PELO CALOR 
 
1. Consumo de Matéria Seca e energia 
 
Diversos fatores exercem influência sobre o consumo de matéria seca em animais 
de clima tropical como a alimentação que está relacionada a qualidade dos alimentos,tipo de alimentos oferecidos, nível de alimentação e formulação da ração; os fatores 
ambientais relacionados ao clima e o próprio animal (MAZUMDER, 2006). 
Segundo Silva (2000) além das trocas de calor com o ambiente, o organismo pode 
receber calor através dos processos metabólicos e mecânicos. Assim, animais mantidos 
em estresse de calor, utilizam mecanismos para diminuir a produção de calor gerado nos 
processos metabólicos, uma vez que quanto maior o calor produzido maior será o 
esforço para dissipar esse calor em excesso para o ambiente. Uma das alternativas para 
diminuir o calor gerado pelo metabolismo é a redução do consumo de alimentos 
(FERREIRA, 2005). A previsão do consumo de matéria seca bem como as exigências 
dos animais sob estresse térmico é uma condição prévia para um adequado 
balanceamento de rações de animais criados em climas tropicais. 
Em rebanhos leiteiros, o estresse térmico pode ocasionar declínio na produção de 
leite, sendo as vacas mais produtoras mais afetadas do que as de menor produção 
(KLOSOWSKI et al., 2002). Isto se dá porque as vacas mais produtoras têm uma maior 
taxa metabólica, ou seja, produzem mais calor interno, sendo mais sensíveis a ambientes 
com temperatura elevada, por outro lado, em ambientes mais frios estas seriam mais 
tolerantes que as vacas de menor produção. 
Considera-se que a maior influência do estresse pelo calor sobre a produção de 
leite é exercida via diminuição no consumo de matéria seca e consequentemente 
redução na ingestão de energia metabolizável (BACCARI JR., 2001). Segundo Turco et 
al. (2006) vacas com maiores níveis de produção necessitam de maior quantidade de 
alimentos, o que acarreta em maior atividade metabólica, produzindo grandes 
quantidades de calor, o que irá interferir no seu desempenho leiteiro. Esta afirmação 
pode ser melhor entendida de acordo com os valores da Tabela 6. 
 
 16
Tabela 6. Mudanças relativas nas exigências de mantença e matéria seca para vacas de 
600 kg produzindo 27 kg de leite com 3,7% de gordura sob várias temperaturas 
ambientais. 
Requerimentos para produção de 27 kg de 
leite 
Esperadoc 
Temperatura 
(°C) 
Mantença 
(%)*1 
CMS (kg)b CMS (kg) Leite (kg) Consumo de 
água (kg) 
- 20 + 51 21,3 20,4 20 51 
- 15 + 33 20,2 20,0 23 55 
- 10 + 26 19,8 19,8 25 58 
- 5 + 18 19,3 19,3 27 63 
0 + 10 18,8 18,8 27 64 
5 + 3 18,4 18,4 27 67 
10 0 18,2 18,2 27 67 
15 0 18,2 18,2 27 67 
20 0 18,2 18,2 27 68 
25a + 4 18,4 17,7 25 74 
30 + 11 18,9 16,9 23 79 
35 + 20 19,4 16,7 18 120 
40 + 32 20,2 10,2 12 106 
*1Usando de 18 a 20 °C como referência para a base de 100% 
aValores para 25°C e temperatura elevada são para dias com no mínimo 6 horas ultrapassando esta 
temperatura mas não mais que 12 horas 
bRequerimentos estimados de consumo de matéria seca para mantença e 27 kg de leite 
cEstimativa de consumo de matéria seca, água e produção de leite sobre a escolha de água livre e 
alimentação ad libitum na razão de 60% de feno e silagem de milho e 40% de concentrado. 
Fonte: Adaptado do NRC (1981) 
De acordo com o NRC (1981) o consumo de matéria seca começa a diminuir e as 
exigências aumentam quando as temperaturas ambientais excedem 25°C. A uma 
temperatura de 25°C, por exemplo, as exigências de mantença de uma vaca de 600 kg 
produzindo 27 kg de leite com 3,7% de gordura, aumentam 4% a mais que o CMS em 
temperaturas de 10 a 20°C; se esta vaca consumisse 18,4 kg de matéria seca ela 
conseguiria manter a sua produção, entretanto, nestas condições, ela reduz o seu 
consumo para 17,7 kg de matéria seca não atendendo suas exigências de mantença, 
resultando na diminuição na produção de leite para 25 kg (Tabela 6). 
Segundo Baccari Jr. (2001) as exigências de manutenção de vacas em produção 
aumentam cerca de 30% se as temperaturas ambientes são elevadas de 26°C para 40°C 
 17
durante 6 horas por dia. O NRC (1981) relata que quando vacas leiteiras estão 
submetidas a temperaturas acima da zona de termoneutralidade, o decréscimo no 
consumo de matéria seca começa a ser observado, sendo mais acentuado em 
temperaturas acima de 30°C. Quando a temperatura ultrapassa 40°C o consumo não 
ultrapassa 60% do esperado (Figura 4). 
 
 
 
Figura 5. Efeito da temperatura sobre o consumo de 
alimento em vacas baseado na temperatura de 18 a 20°C 
Fonte: NRC (1981). 
 
 
Em bovinos de corte o consumo de matéria seca também diminui em função de 
temperaturas elevadas (Tabela 7). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 18
 
Tabela 7. Consumo de alimentos em bovinos de corte sob diferentes ambientes 
térmicos. 
Temperatura ambiental Consumo relativo aos valores tabulados pelo NRC (1976) 
> 35°C Grande depressão no consumo, especialmente com alta 
umidade e/ou radiação solar e pouca amplitude de 
temperatura. 
Consumo total diminui 10 a 35% quando para mantença e 
produção, quando apenas mantença há redução de 5 a 
20% 
A depressão no consumo é menor quando há 
disponibilidade de sombra ou sistemas de ventilação e 
dietas com baixa fibra 
25 a 35°C O consumo diminui de 3 a 10% 
15 a 25°C Valores pré-referidos no NRC (1976) 
5 a 15°C Consumo é aumentado de 2 a 5% 
-5 a 5°C Consumo aumenta de 3 a 8% 
Rápido período de frio ou tempestade pode resultar em 
distúrbios digestivos em animais jovens 
-15 a -5°C Consumo aumenta de 5 a 10% 
< -15°C Consumo aumenta de 8 a 25% 
Consumo durante frio extremo (< -25°C) ou durante 
nevascas e tempestades pode ser temporariamente 
diminuído 
Consumo de dietas com altas forragens podem ser 
limitadas pelo volume 
Fonte: adaptado do NRC (1981) 
 
A queda no consumo de matéria seca também varia de acordo com a ordem de 
parição. Segundo o NRC (2001) vacas multíparas apresentam maior decréscimo no 
consumo de matéria seca (22%) quando comparadas com primíparas (7%) no mesmo 
estágio de lactação. Esse mesmo comitê ainda relata que quando o decréscimo no 
consumo de matéria seca ultrapassa 55% há um aumento entre 7 e 25% nos 
requerimentos de mantença. 
 19
Porém, Martello et al. (2004) observaram que níveis moderado de estresse (ITU 
de 75 a 76) não afetou o consumo de matéria seca, entretanto, não foi comparado a 
diferença no consumo entre as primíparas e multíparas, por outro lado, as vacas 
primíparas apresentaram freqüências respiratórias e temperaturas retais mais altas que as 
multíparas, nos horários mais quentes do dia. 
Para animais previamente adaptados ao ambiente térmico, o NRC (1981) 
recomenda subtrair ou adicionar 0,0007 Mcal/kg de peso metabólico (W0,75)/dia às 
exigências líquidas de mantença para cada °C acima ou abaixo de 20°C, 
respectivamente. 
Porém, apesar do NRC (2001) constatar o aumento nas exigências de animais 
sobre estresse, não apresentam uma equação que a represente, os mesmos alegam não 
haver dados suficientes para isto, entretanto recomendam adequar as práticas de manejo. 
Modificações na dieta para reduzir a produção de calor, melhorar a eficiência do 
uso de energia e atender as exigências do animal é de grande importância durante o 
tempo quente. Aconselha-se aumentar o nível energético da ração fazendo uso de 
alimentos que produzam menor calor metabólico. Um fator importante a ser 
considerado na redução do consumo é a relação volumoso X concentrado e a densidade 
energética da ração (FERREIRA, 2005). 
A produção de calor no corpo e sua temperatura são mais elevadas quando há um 
consumo predominante de forragens ou níveis elevados de proteína bruta no 
concentrado (BACCARI JR., 2001; FERREIRA, 2005). Em condições de estresse pelo 
calor observa-se maior redução no consumo de feno do que de concentrado (BACCARIJR., 2001). 
Segundo o NRC (1981) a redução no consumo é maior e mais rápida quanto 
maior for a proporção de forragem na dieta. Além do mais, o uso de forragens de baixa 
qualidade também pode ser uma fonte de produção de calor (ROBERTSHAW, 2006). 
Ou seja, quanto menos digestível for a dieta alimentar de um animal em estresse pelo 
calor, maior será a redução no consumo (BEED e COLLIER, 1986). Recomenda-se 
alimentar os animais com rações de baixa fibra durante o período quente. 
Vacas alimentadas com dietas baixas de fibra durante o tempo quente tiveram 
freqüência respiratória e temperatura retal mais baixa e uma maior produção de leite que 
aquelas alimentadas com quantidade maior de fibra na dieta (LEIGHTON e REPEL, 
1956 apud WEST, 1999). 
 20
Pesquisas sugerem que dietas com baixa fibra e ricas em grãos podem reduzir a 
produção de calor metabólico e contribuir para uma produção mais baixa de calor no 
animal. Entretanto, dietas mais baixas em fibras e ricas em grãos devem ser balanceadas 
para que a fibra promova mastigação e ruminação adequada para manter o pH ruminal e 
a saúde do ruminante (WEST, 1999). O NRC (2001) preconiza o mínimo de 25% de 
FDN na dieta, sendo que 19% deve vir da forragem. Vale salientar que, na formulação 
de uma ração, também deve ser observado o valor dos carboidratos não fibrosos, o qual 
não deve exceder os 44% para este nível de fibra (NRC, 2001). 
Arnaud et al. (2005) avaliaram os efeitos da substituição do feno de capim-tifton e 
do farelo de milho pela palma forrageira e pelo farelo de soja sobre a ingestão de 
alimentos e parâmetros fisiológicos de vacas da raça Holandesa de terceira ordem de 
lactação, com peso médio de 540 kg, período de lactação em torno de 113 dias e 
produção média inicial de 20 kg leite/dia, em ambiente com ITU médio variando de 
73,3 a 76,96. O tempo de ruminação decresceu linearmente à medida que o nível de 
inclusão de palma na dieta aumentou, esta diminuição no tempo de ruminação foi 
justificada pela diminuição da fonte de fibra fisicamente efetiva e aumento dos 
carboidratos não fibrosos, mas apesar desta diminuição na fibra, o tratamento com 
maior nível de palma manteve a fibra em detergente neutro (43,93%) superior ao valor 
mínimo recomendado pelo NRC (2001). O aumento na inclusão de palma na dieta 
diminuiu linearmente a TR do turno da tarde, porém, o decréscimo da TR, segundo a 
equação obtida, seria de apenas 0,00604ºC, para cada aumento de 1% no nível de 
palma. 
West et al. (1999) testando quatro níveis de fibra em detergente neutro (30,2; 
33,8; 37,7 e 42,0%) em rações para vacas em lactação, submetidas ao frio ou calor, 
observaram que a digestibilidade da fibra em detergente neutro e o turnover ruminal das 
partículas da digesta foi aumentado com o maior conteúdo dietético de fibra em 
detergente neutro. Observou-se também que a ingestão de matéria seca diminuiu para 
todos os grupos de tratamento, mas o declínio foi mais rápido para as vacas que foram 
submetidas ao clima frio do que aquelas em clima quente. Segundo estes resultados, 
sugere-se que o consumo total de energia e as conseqüentes produção de calor 
metabólico podem ter maior influência no consumo de matéria seca do que o teor de 
fibra da dieta. Também foi sugerido que o consumo total de energia pode ter tido maior 
efeito na produção de leite que o teor de fibra alimentar durante o clima quente e úmido. 
 21
Por outro lado, Mader et al. (1999 apud MADER, 2003) trabalhando com 
novilhos de corte confinados e em condições de calor, observaram menor freqüência 
respiratória e temperatura corporal nos animais que consumiram alimento a vontade 
com 28% de volumoso do que aqueles que receberam com 6% de volumoso a vontade 
ou com restrição de 85 a 90%, enquanto os que tiveram restrição no seu consumo 
tiveram menor temperatura corporal em relação os que consumiram a vontade. Estes 
resultados indicam que a ingestão de energia metabolizável à vontade ao gado antes 
destes se expor ao excesso de calor ambiental, pode influenciar na sua capacidade de 
lidar com este desafio, e a restrição do consumo de energia metabolizável pode ser uma 
boa alternativa para diminuir a produção do calor interno podendo abaixar a temperatura 
corporal. Old e Garret (1987) observaram que os bovinos das raças Hereford e Charolês 
utilizaram mais eficientemente a energia metabolizável para ganho quando tiveram seu 
consumo restringido (15 ou 30% de restrinção) que aqueles alimentados ad libitum. 
A principal fonte de energia para os ruminantes são os ácidos graxos voláteis 
formados a partir da fermentação ruminal, representando 50 a 70% da energia digestível 
do alimento (KOZLOSKI, 2002). Atribui-se a redução na quantidade de ácido graxo 
voláteis produzido no rúmen à diminuição no consumo de alimentos (GENGLER et al., 
1970). Entretanto esta redução na concentração de ácido graxo voláteis não é 
inteiramente resultado da diminuição do consumo alimentar, pois no trabalho de Kelly 
et al. (1967 apud BEED e COLLIER, 1986) apenas parte da concentração de ácido 
graxo voláteis foi restaurada quando obrigou bovinos em estresse térmico, através de 
cânula ruminal, a terem o mesmo consumo que animais em termoneutralidade. 
Outro fator importante é que dietas ricas em fibra proporcionam maior produção 
de acetato cujo seu metabolismo produz mais calor em relação ao do proprionato 
(WEST, 1999). Propõe-se que as dietas que contem concentrados suficientes para a 
produção elevada de proprionato fornecem NADPH suficiente para permitir a formação 
de gordura a partir do acetato, visto que dietas ricas em volumoso levam a uma maior 
produção de acetato e menor de proprionato fazendo com que maior parte do 
metabolismo do acetato siga um ciclo inútil produzindo calor (MACRAE, 1982 apud 
WEST, 1999). 
A digestibilidade dos nutrientes também é afetada pelas condições ambientais, 
em geral, em climas quentes a taxa de passagem da ingesta é mais lenta e o volume 
ruminal é maior, permitindo com que o alimento permaneça mais tempo sendo digerido. 
Estas alterações seriam vantajosas principalmente para animais que consomem mais 
 22
forragem, permitindo sua maior digestão; entretanto, parece que esta vantagem é 
compensada pelo baixo consumo, resultando em menos nutrientes totais livres, 
disponível ao animal em estresse térmico (BEED e COLLIER, 1986). 
Outra reação do animal frente ao calor é a vasodilatação periférica e aumento do 
fluxo de sangue para melhorar a evaporação e convecção para perda de calor, 
concomitantemente ocorre uma redução no fluxo de sangue aos sistemas de órgãos 
internos. Esta redistribuição sanguínea pode retardar a absorção dos nutrientes dos pré-
estômagos e trato gastrointestinal. Porém, esta redução no fluxo de sangue para o trato 
digestivo durante o estresse térmico, pode ser devido aos efeitos direto da temperatura, 
ou uma combinação da temperatura e redução no consumo de alimento (BEED e 
COLLIER, 1986). 
Bernabucci et al. (1999) ao trabalharem com vacas em lactação avaliaram o 
efeito do ambiente térmico sobre o consumo, a digestibilidade e a taxa de passagem dos 
nutrientes. Os animais permaneceram nos primeiros 25 dias do experimento sob 
conforto térmico (ITU = 64) e nos últimos 40 dias em condições de estresse por calor 
(ITU = 84). A digestibilidade e a taxa de passagem foram mensuradas três vezes durante 
todo o experimento: a primeira vez quando os animais estavam sob conforto; a segunda 
no 3º dia após a exposição ao estresse e a terceira no 24º dia após a exposição. O 
consumo foi mensurado todos os dias. Os autores encontraram redução no consumo dos 
nutrientes e aumento no consumo de água. Quanto à digestibilidade, a mesma foi 
superiorquando os animais estavam no início da exposição ao estresse, não havendo 
diferença entre a primeira e a terceira mensuração; a taxa de passagem foi superior 
quando os animais estavam sob conforto térmico. Os autores sugerem ter havido uma 
adaptação do trato digestivo, o que foi demonstrado pelo comportamento observado na 
digestibilidade entre a segunda e a terceira medição. 
Embora a digestibilidade dos alimentos seja aumentada em um ambiente mais 
quente, a eficiência de utilização de energia é reduzida devido a maior exigência de 
mantença em animais sob estas condições, causado pelo aumento do metabolismo e da 
atividade corporal para diminuir o excesso de calor endógeno. Por exemplo, respiração 
acelerada pode aumentar o requerimento de mantença 7-25%, dependendo da 
intensidade (NRC, 1981). 
 
2. Consumo de água 
 
 23
A água é um nutriente essencial à vida animal, sua ingestão tem grande influência 
sobre o consumo de alimentos, o qual é reduzido quando há escassez de água 
(BERCHIELLI et al., 2006). 
A água é necessária para a digestão de alimentos, absorção e eliminação da fração 
não digerida e produtos residuais, inclusive o calor (LANGHANS et al., 1995 apud 
BERCHIELLI et al., 2006). Além de nutriente essencial para os processos digestivos, a 
água promove o resfriamento do corpo e supri as necessidades aumentadas do 
organismo em conseqüência das perdas pelo suor e vias aéreas superiores durante o 
estresse pelo calor (BACCARI JR., 2001). 
O consumo de água por bovinos depende de vários fatores como estado 
fisiológico, nível de produção de leite, peso corporal, raça, espécie, consumo de matéria 
seca, além da composição da dieta, clima e qualidade da água (CAMPOS, 2006; NRC, 
1981). O aumento no consumo de proteína e sais por vacas lactantes aumentam as 
exigências em água (NRC, 1981). Baccari Jr. (2001) ressalta que em condições 
termoneutras são necessários cerca de 4 litros de água para produzir 1 kg de leite e a 
ingestão de água aumenta com o aumento no consumo de matéria seca, mas sob estresse 
pelo calor a ingestão de água aumenta enquanto o consumo de alimentos diminui. 
De acordo com o NRC (1981) em temperaturas variando de 5 a 15 °C vacas 
leiteiras produzindo 27 kg de leite/dia consomem 67 kg de água por dia, e suas 
exigências começam a aumentar em temperaturas a partir de 20°C, tornando-se 120 
kg/dia em temperaturas de 35 °C. Kramer (1993 apud CAMPOS, 2006) estimaram 
exigências mais elevadas de água (Tabela 8). De acordo com Muller (1989 apud 
LAGANÁ et al., 2005) as taxas de ingestão de água são as mais elevadas, nas horas 
mais quentes do dia, servindo como um mecanismo auxiliar de termorregulação. 
 
Tabela 8. Consumo diário de água pelo gado leiteiro (litros/cabeça), com 630 kg de 
peso vivo, por categoria, para diferentes níveis de produção e temperatura ambiente. 
Categoria 
animal 
Temperatura ambiente (°C) 
0-5 10 21 32 
Vaca seca 22,5 25,0 32,5 40,0 
Final da 
lactação 
32,5 35,0 47,5 55,0 
Produzindo 20 
litros/dia 
60,0 63,0 80,0 100,0 
 24
Produzindo 30 
litros/dia 
100,0 102,5 130,0 170,0 
Fonte: Kramer (1993 apud CAMPOS, 2006) 
Devido ao seu menor metabolismo, os bovinos de corte são menos exigentes de 
água que os de leite, a Tabela 9 apresenta a relação entre a temperatura ambiente e as 
exigências de água para bovinos de corte. 
 
Tabela 9. Exigências de água de bovinos de corte em diferentes temperaturas 
ambientais 
Temperatura Exigência de água 
> 35°C 15 kg de água/kg de consumo de MS 
25 a 35°C 4 a 10 kg de água/kg de consumo de MS 
15 a 25°C 3 a 5 kg de água/kg de consumo de MS, 
animais lactantes requer 10 a 50% mais de 
água 
-5 a 15°C 2 a 4 kg de água/kg de consumo de MS 
< -5 °C 2 a 3 kg de água/kg de consumo de MS, 
aumento de 50 a 100% ocorre quando 
ocorre um aumento da temperatura 
ambiente seguido por um período muito 
frio 
Fonte: NRC (1981) 
 
Segundo o NRC (2001), a perda de água por vacas em lactação representa 87% do 
leite produzido, mas mesmo depois de descontada a fração excretada na forma de leite, 
a exigência de água de vacas em lactação é muito maior do que de animais semelhantes, 
porém não lactantes. Este fato está relacionado com o aumento no metabolismo 
energético, decorrente da lactação (BERCHIELLI et al., 2006). 
Normalmente os animais preferem consumir água com temperatura entre 25 e 
30°C, com tendência de diminuir o consumo quando sua temperatura está abaixo de 
15°C (Campos, 2006). Além dos efeitos refrescantes no arquejar e suar, a água 
consumida pode ter um efeito refrescante direto no rúmen e retículo, deste modo, o 
oferecimento de água resfriada pode diminuir o consumo, mas esta pode esfriar 
internamente a vaca reduzindo suas necessidade para dissipar calor (WEST, 1999). 
 25
Entretanto, Ferreira (2005) alerta que a temperatura da água oferecida a bovinos deve 
ser mais alta que a fornecida para animais não-ruminantes, pois os microorganismos 
ruminais preferem água entre 15 e 25°C, temperaturas mais frias pode ocasionar 
diminuição da atividade microbiana ruminal, podendo comprometer a produção de 
ácidos graxos voláteis e, consequentemente, a produção de leite ou o crescimento dos 
animais (FERREIRA, 2005). 
A restrição de água diminui a produção de leite mais drasticamente do que 
qualquer outro fator nutricional (SIMAS, 1998). A água deve sempre ser de boa 
qualidade e oferecida à vontade (BACCARI JR., 2001). Alguns fatores podem 
influenciar na ingestão de água (SIMAS, 1998): 
 Higiene  bebedouros deve estar sempre limpo com água de boa 
qualidade. 
 Localização  colocar os bebedouros à sombra e perto das vacas, estas 
preferem permanecer na sombra que se deslocar para beber água em um 
lugar não sombreado, sendo uma vantagem adicional o não aquecimento 
da água por exposição direta ao sol. Segundo o NRC (1981) fontes de água 
próxima às vacas e o sombreamento proporcionam aumento no consumo. 
 Capacidade volumétrica  usar de tanques de capacidade volumétrica 
relativamente pequena, mas com suficiente capacidade linear e de rápido 
enchimento, permitindo freqüente renovação da água e consequentemente 
uma menor temperatura. 
A ingestão de água também pode ser influenciada pela composição do alimento 
utilizado. Alimentos com alto teor de umidade vão demandar menor ingestão de água 
(BERCHIELLI et al., 2006). Oliveira et al. (2007) relatam que alimentos ricos em água, 
como é o caso da palma forrageira, podem suprir parte das exigências dos animais, 
especialmente em regiões semi-áridas. Sendo assim, o uso de palma seria uma boa 
opção em locais onde a falta de água, tanto em quantidade como em qualidade, tem sido 
um fator limitante para a criação de bovinos leiteiros (LIMA et al., 2003). Arnaud et al. 
(2005) observaram diminuição no consumo de água com níveis elevados de palma, 
sendo de 136,4 litros quando não havia nenhuma palma na dieta, apenas feno e 
concentrado, e 35,9 litros quando foram incluídos 51,6% de palma. 
Carvalho et al. (2005) ao trabalharem com níveis crescentes de palma forrageira 
em substituição ao feno de tífton, encontraram redução no consumo de água via bebida 
 26
e aumento no consumo de água via palma, sem diferenças no consumo total (Tabela 
10). 
 
Tabela 10. Consumo e exigência de água de vacas em lactação. 
Variáveis 
Níveis de substituição do feno (%) 
0 12,5 25 37,5 50 
Água ingerida (l/dia) 100,5 86,31 66,34 49,97 32,8 
Água via palma (kg) - 20,06 37,74 55,22 72,25 
Total de água consumida (kg) 100,5 106,4 104,1 105,2 105,0 
Fonte: Adaptado de Carvalho et al. (2005) 
 
Como pôde ser observado, a água é um nutriente essencial aos animais emcondições de estresse por calor, servindo de meio para dissipação do calor interno e 
melhorando a ingestão e digestão dos alimentos, entretanto sua fonte deve ser limpa, 
fresca e sempre disponível e acessível para o animal. 
 
3. Consumo de proteína 
 
A diminuição no consumo de matéria seca, durante o tempo quente, reduz 
consequentemente, a quantidade de nutrientes consumidos, inclusive a proteína bruta. 
Deste modo, frequentemente, é aumentada a densidade dietética de proteína para 
compensar o baixo consumo (WEST, 1999). No entanto, é importante a adoção de um 
critério quanto ao balanceamento protéico de dietas em vacas sob estresse térmico, não 
só devido ao efeito direto que a proteína tem sob o processo digestivo em ruminantes, 
mas também pelo fato da metabolização do excesso de proteína ter um custo energético 
(SIMAS, 1998). 
Hassan e Roussel (1975) constataram, em condições quentes, maior consumo de 
matéria seca e produção de leite nas vacas que receberam dietas com níveis mais 
elevados de proteína (20,8%) em comparação as que receberam dieta com 14,3% de 
proteína bruta, entretanto, segundo os autores, o aumento na produção de leite foi em 
resposta ao aumento no consumo. 
Por outro lado, Higginbotham et al. (1989) para testar o efeito da concentração de 
proteína e sua degradabilidade sobre a eficiência de lactação de vacas no meio da 
lactação em condições de estresse moderado a intenso, ofereceram as seguintes dietas: 
 27
alta proteína (18,4%) e alta degradabilidade, alta proteína (18,5%) e média 
degradabilidade, média proteína (16,1%) e alta degradabilidade, média proteína (16,1%) 
e média degradabilidade. A proteína de alta degradabilidade proporcionou um aumento 
de 15% no consumo de água, a produção de leite e a persistência foram inferiores para a 
dieta alta em proteína e alta degradabilidade em relação às demais, o consumo de 
matéria seca foi elevado em todos os tratamentos, mas menor nos animais submetidos a 
dietas com alta proteína que naqueles submetidos a dietas com média proteína. Foram 
observados também, níveis mais elevados de amônia ruminal e uréia no soro sanguíneo 
com a alta proteína na dieta. 
Pereira et al. (2007) avaliaram o efeito de níveis crescentes de concentrado (0,0; 
24,0; 48,0; 72,0%) sobre as concentrações de uréia plasmática e urinária em bovinos 5/8 
holandês-zebu com peso médio de 461 kg, o teor de proteína da dieta aumentou com os 
níveis crescentes de concentrado (8,02; 10,98; 13,94; 16,89, respectivamente). O 
aumento dos níveis de concentrado proporcionou aumento dos níveis de uréia 
plasmática e urinária, porém, não proporcionou perda de peso nos bovinos. Neste 
experimento, o ITU médio estava acima de 76 e a média máxima encontrada foi de 82 
(LEITE et al., 2008). 
A presença do nitrogênio amoniacal no ambiente ruminal é fator essencial desde 
que esteja associada a uma fonte de energia adequada para poder ser utilizado para 
síntese de proteína microbiana. Porém, quando há um desequilíbrio entre o nitrogênio 
(seja ele proveniente da proteína, uréia ou amônia) e a energia no rúmen, o nitrogênio é 
absorvido e segue a corrente sanguínea aumentando a excreção dos compostos 
nitrogenados e uréia, que envolve custo energético, além de perda de nitrogênio. 
Segundo Tyrrel et al. (1970 apud SIMAS, 1998), a energia necessária para excreção de 
N via urina é por volta de 7,3 kcal/g de N. Assim, a energia necessária para formar uréia 
a partir do excesso de proteína mostra-se com a produção de calor (WEST, 1999). Outro 
fato que poderia piorar essa situação é que os compostos protéicos são oxidados 
incompletamente, e sua forma de excreção representa uma perda de energia do sistema 
(ROBERTSHAW, 2006). 
Diante destas referências pode-se concluir que em animais, principalmente sob 
condições de estresse pelo calor, não é suficiente apenas aumentar o nível de proteína na 
dieta para melhorar seu desempenho, pois somente este procedimento pode ocasionar 
prejuízos produtivos e econômicos. 
 28
Em ambiente quente, além da redução no consumo de energia, ocorre aumento 
nas exigências de mantença, de modo que se as exigências energéticas não forem 
supridas, a proteína da dieta irá ser desviada para satisfazer as exigências de energia do 
animal. Nestas condições, haverá um aumento nas exigências de energia, pois parte será 
necessária para converter a amônia em uréia. Assim, segundo West (1999), durante o 
tempo quente deve ser considerado o grau de estresse calórico assim como a qualidade 
da proteína administrada. A melhoria nas condições ambientais como sombreamento e 
resfriamento permitem que menor quantidade de proteína seja desviada para produção 
de energia e menos energia seja gasta na produção de uréia. 
Em condições de temperatura ambiente estressante, Arieli et al. (2004) concluiram 
que uma dieta contendo 15,3% de PB é suficiente para manter a produção de 35 kg de 
leite/d em vacas leiteiras expostas ao calor, desde que a refrigeração evaporativa forçada 
e a proporção matéria orgânica degradável no rúmen e proteína degradável no rúmen 
sejam adequadas. 
A quantidade bem como a proporção de proteína degradável no rúmen (PDR) para 
proteína não degradável no rúmen (PNDR) podem afetar o desempenho animal sob 
estresse térmico (SIMAS, 1998). As recomendações para a nutrição protéica são que a 
PDR não exceda 61% da proteína total da dieta e que a PNDR seja no máximo 100 g de 
N/d acima do recomendado pelo NRC (1989) (SIMAS, 1998), sendo que o máximo de 
proteína que uma dieta para vacas de alta produção deve conter é de 18% (SIMAS, 
1998). Além disso, o fator qualidade de proteína (perfil de aminoácidos) pode ser um 
fator a se considerar. 
 
4. Consumo de gordura 
 
A adição de gordura na dieta de vacas em lactação é uma prática comum, devido a 
maior densidade energética e baixo incremento calórico. Durante o tempo quente a 
suplementação com gordura tem sido defendida, e muitas vezes aumenta a produção de 
leite de vacas após o pico de produção quando a ingestão de energia não deve ser 
limitante (DRACKLEY et al., 2003). Conforme Simas (1998), a utilização de gordura 
como fonte de alívio ao estresse térmico se baseia na sua maior densidade energética o 
que propicia, numa situação de menor consumo de matéria seca, a manutenção do 
consumo energético. Outra característica importante da utilização de gordura por 
ruminantes é o fato destas não sofrer fermentação ruminal não havendo geração de calor 
 29
associado com esse processo, além disso, sob o ponto de vista de metabolismo pós 
absortivo o custo energético (produção de calor) para utilização de gordura é inferior 
(SIMAS, 1998). 
A conversão de gordura dietética à gordura corporal é altamente eficiente quando 
comparado com a conversão do acetato para ácidos graxos (BALDWIN et al., 1980 
apud WEST, 1999). Porém, segundo o NRC (2001) em muitas situações, o total de 
gordura na dieta não pode exceder 6 a 7% do consumo de matéria seca. Níveis mais 
elevados de gordura pode não ser tolerado pelos microorganismo ruminais. 
Estudos têm sido conduzidos para avaliar a hipótese que a gordura suplementar 
diminui a produção de calor pelo animal além de permitir maior consumo de energia. 
Knapp e Grummer (1991) compararam o efeito de dietas isoproteicas (17% PB) 
sem gordura (1.64 Mcal NEl/kg de matéria seca) e com suplementação de 5% de 
gordura (1.83 Mcal NEl/kg de matéria seca) para vacas Holandesas multíparas com 50 a 
100 dias pós-parto e produzindo 31 a 45kg/d de leite, em diferentes ambientes térmicos 
(condição termoneutra com temperatura de 20,5°C com 38% de umidade relativa por 
24h/d; estresse térmico com temperaturas de 31,8°C com 56% deumidade relativa por 
14 h/d e 25,9°C com 56% de umidade relativa por 10 h/d). Foi constatado que o 
consumo de matéria seca, produção de leite e percentagem de proteína no leite não 
diferiu entre as dietas; o estresse calórico causou aumento na freqüência respiratória e 
temperatura retal, diminuiu o consumo de matéria seca e produção de leite, mas não 
afetou a percentagem de gordura no leite, porém apenas a percentagem de gordura no 
leite foi maior com a suplementação. Os resultados sugerem que a suplementação de 
gordura aumenta a performance da lactação em ambos ambientes. 
Em outro experimento conduzido por Drackley et al. (2003), que avaliaram a 
resposta de vacas primíparas e multíparas no meio da lactação durante o clima quente ao 
aumento da densidade energética pela suplementação de gordura ou concentrado. Ao 
grupo controle foi fornecido 40% de concentrado, 35% de silagem de alfafa e 25% de 
silagem de milho (CO), no segundo os animais receberam a dieta do controle com 
suplementação de 3% de gordura (SG); e no outro forneceu-se 60% de concentrado 
(alto concentrado), 15% de silagem de alfafa e 25% de silagem de milho (AC); todas as 
dietas foram isoproteicas, as dietas SG e AC foram isoenergéticas (1,60 Mcal de energia 
líquida para lactação (ELl por kg de MS) e a dieta CO com menor teor energético (1,52 
Mcal/kg). Observou-se que consumo de matéria seca foi maior quando as vacas foram 
alimentadas com CO que com SG, a produção de leite foi aumentada pela alta energia 
 30
da dieta mas o teor de gordura diminuiu, a freqüência respiratória e temperatura retal 
foram maior para a vaca alimentada com CO que com SG. Nestes resultados, constatou-
se que em ambiente com temperatura elevada a adição de gordura tem pequena 
vantagem em relação ao concentrado. 
 
A inclusão de lipídeos insolúveis no rúmen pode ser uma boa alternativa para 
animais em estresse por calor, pois, segundo Vilela et al. (2002) além de aumentar a 
densidade calórica da dieta sem comprometimento da degradação da fibra, possibilita 
maior ingestão e melhor eficiência de utilização da energia. 
Beed e Collier (1986) relataram que técnicas nutricionais como formação de 
sabões de cálcio de gordura ou gordura revestida com proteína tratada com formaldeído 
reduziram eficazmente o efeito tóxico da gordura na fermentação ruminal, aumentando 
a eficiência e a produção do leite com a adição de lipídios protegidos em 20 a 30% no 
consumo de energia metabolizável. 
Vilela et al. (2002) observaram que a adição de 700 g/vaca/dia de gordura 
protegida com sabões de cálcio fornecida a vacas (peso médio de 523 kg) no terço 
inicial da lactação mantidas em pastagem, proporcionou aumento na produção de leite, . 
Jaeger e Oliveira (2007), trabalhando com bovinos de corte, machos inteiros de 
diferentes grupos genéticos (Nelore, Canchim x Nelore (F1), Limousin x Nelore (F1) e 
Aberdeen-Angus x Nelore (F1)), com idade de 14 meses e peso vivo de 333 kg, 
constataram que a adição de 5% de gordura protegida à dieta aumentou a digestibilidade 
do extrato etéreo e proporcionou os melhores desempenhos (Tabela 11). 
 
Tabela 11. Valores médios ajustados do consumo de matéria seca (CMS), de proteína 
bruta (CPB), ganho de peso diário (GPD) e conversão alimentar (CA) dos animais, em 
função das dietas. 
Dieta 
CMS 
(%PV) 
CMS 
(g/kg0,75) 
CPB 
(kg/d) 
GPD 
(kg/d) 
CA 
(kg MS/kg ganho) 
Sem gordura protegida 2,60a 117,69a 1,10a 1,379b 8,39a 
Com grodura protegida 2,43b 109,90b 1,13a 1,474a 7,08b 
Coeficiente de variação 
(%) 
10,51 10,41 8,16 15,93 16,47 
Médias seguidas de uma mesma letra na coluna não diferem entre si em nível de 1% de probabilidade 
pelo teste F. 
 31
 
Apesar das vantagens constatadas com o uso de gordura protegida na dieta de 
ruminantes, não foi encontrado na literatura consultada comparações na sua aplicação 
em animais sob estresse pelo calor. Deste modo, estudos com animais em condições de 
estresse por calor devem ser conduzidos com diferentes níveis de gordura protegida na 
dieta. 
5. Consumo de minerais 
 
O aumento da evaporação da água nas vias respiratórias devido à maior 
freqüência respiratória, implica na alteração do balanço ácido-básico sanguíneo que por 
sua vez tem importante impacto na conservação de macrominerais pelo animal (SIMAS, 
1998). 
Com o aumento da freqüência respiratória, a expiração de CO2 excede a sua 
formação causando uma diminuição na pressão parcial de CO2 no sangue, 
consequentemente ocorre a diminuição da concentração de ácido carbônico no sangue 
resultando numa alcalose respiratória. Em conseqüência dessas alterações, o pH do 
sangue e da urina se elevam na tentativa de proporcionar equilíbrio da relação entre 
HCO3 e CO2 e da relação entre ácido carbônico e HCO3, para manutenção do pH 
sanguíneo, a vaca excreta íons HCO3 na urina, além disso, a alcalose sanguínea também 
causa uma diminuição na excreção dos íons H. Entretanto, para que haja excreção do 
ânion HCO3, um cátion deve ser excretado, sendo o sódio (Na) encontrado em maior 
concentração na urina de animais sob condições de estresse térmico, indicando que a 
demanda por esse mineral é aumentada devido a excreção renal (SIMAS, 1998). 
Outro cátion que tem sua demanda aumentada em condições de estresse térmico é 
o potássio (K), devido a sua eliminação com o suor (SIMAS, 1998). Segundo Beede e 
Shearer (1991 apud BACCARI JR., 2001), nas horas de mais pico de calor, vacas sob 
radiação solar direta eliminaram 5 vezes mais K pelo suor que suas companheiras na 
sombra, ademais, durante o estresse pelo calor as vacas aumentaram a excreção de Na 
pela urina, na tentativa de conservar K nos rins. 
Experimentos demonstraram que a suplementação adicional de K e Na, sob 
estresse térmico, aumentou a produção de leite de 3 a 9% e de 7 a 18%, respectivamente 
(SANCHEZ et al., 1994). 
Schneider et al. (1986) observaram aumento no consumo de matéria seca e 
produção de leite com a adição de Na ou K na dieta de vacas da raça Holandesa. Os 
 32
mesmos relataram que vacas em estresse calórico podem aumentar a produção de leite 
devido ao consumo de bicarbonato de sódio ou cloreto de sódio, porém, nesse caso, esse 
aumento pode ser causado principalmente pela presença do sódio. E que devido o 
conteúdo de K no leite ser maior do que qualquer outro mineral, menor quantidade de K 
na dieta pode limitar a produção. 
 33
SUPLEMENTAÇÃO COM ADITIVOS 
 
Diante dos prejuízos que o ambiente quente pode causar na produção animal, 
diversos pesquisadores têm procurado fazer uso de substâncias que melhore o 
metabolismo e desempenho animal em condições de estresse. Serão relatados algumas 
dos produtos utilizados na pecuária bovina e seus efeitos sobre a homeostase e produção 
animal. 
 
1. Cromo 
 
De acordo com Berchielli et al. (2006) existem poucas informações sobre os 
efeitos do cromo dietético no metabolismo, saúde e desempenho animal. Sabe-se que a 
principal função deste mineral é potencializar a ação da insulina por meio de sua 
presença no composto GTF (fator tolerante a glicose), este composto facilita a interação 
da insulina com receptores localizados nas superfícies das células, melhorando a 
sensibilidade à insulina e aumentando a resposta à sua ação em tecidos periféricos 
(McDOWELL, 1999 apud BERCHIELLI et al., 2006). 
An-Qiang et al. (2009) avaliaram o efeito de níveis crescentes de picolinato de 
cromo (0; 3,6; 7,2 e 10,8 mg de cromo/cabeça/dia) na dieta de vacas multíparas da raça 
Holandesa (15-22 dias pós-parto) em condições de estresse (ITU = 79,61). A adição de 
cromo não alterou as temperaturas retais e freqüências respiratórias, mas proporcionouaumento no consumo de matéria seca e na produção de leite sem afetar sua composição. 
Resultados semelhantes foram obtidos por Al-Saiady et al. (2004), com o uso de quelato 
de cromo na dieta de vacas da raça Holandesa (ITU = 78.6). 
 
2. Niacina 
 
O ácido nicotínico (niacina ou vitamina B3) é sintetizada em todos os seres vivos, 
esta vitamina compõe as coenzimas nicotinamida adenosina dinucleotídeo (NAD) e 
nicotinamida adenosina dinucleotídeo fosfato (NADP), importantes no metabolismo de 
carboidratos, proteínas e lipídeos (BERCHIELLI et al., 2006). Nos ruminantes, é 
necessária para a desintoxicação hepática da amônia, proveniente do sangue portal, 
formando uréia, e no metabolismo hepático das cetonas em cetoses. 
 34
De acordo com Altschul (1994 apud COSTANZO et al., 1997) concentrações 
terapêuticas de niacina podem causar vasodilatação periférica e interna. Como a 
temperatura corporal é dependente das taxas de ganho e perda de calor sendo essas taxas 
afetadas por gradientes térmicos entre o animal e o meio, o uso de niacina pode alterar o 
processo de perda de calor e afetar a temperatura corporal de modo a diminuir os efeitos 
do estresse por calor nos animais (SIMAS, 1998). 
Para testar a hipótese, Costanzo et al. (1997) avaliaram o efeito da suplementação 
de niacina sobre as respostas de termorregulação de vacas da raça Holandesa em 
condições de verão. Os resultados indicaram que sob estresse moderado e severo, a 
suplementação com niacina não teve efeito sobre a temperatura retal, nem aumentou 
significativamente a produção de leite, mas diminuiu a temperatura da pele. 
Berchielli et al. (2006) relatam que embora haja alguns conflitos, os resultados de 
pesquisas realizadas para avaliar os efeitos da suplementação de niacina em dietas de 
ruminantes, têm apontado inúmeras respostas como o aumento na síntese de proteína 
microbiana; aumento do número de protozoários no rúmen; efeito benéfico sobre o 
consumo de alimento e produção de leite em vacas leiteiras submetidas a estresse pelo 
calor; correção da depressão na proteína do leite, induzida pela adição de gordura 
dietética; aumento na produção de leite e na proteína do leite; redução na concentração 
de -hidroxibutirato em vacas com cetose e reversão de cetose subclínica e clínica. 
Apesar de diversos resultados indicar o potencial da suplementação com niacina, 
poucos são os trabalhos direcionados para avaliar o seu efeito na produção de bovinos 
em condições de estresse por calor. 
 
3. Leveduras 
 
As leveduras têm sido usadas como aditivos para vacas de leite sob o princípio 
que podem aumentar a tolerância das vacas a altas temperaturas. As principais espécies 
a partir da qual essas culturas foram derivadas são cepas de Aspergillus oryzae e 
Saccharomyces cerevisiae. Esperava-se que se as leveduras tivessem um efeito de 
“estimular” a fermentação ruminal, ocorreria um aumento no calor produzido por 
fermentação, resultando num aumento da temperatura corporal (SIMAS, 1998). Porém, 
diversos estudos relatam que animais suplementados com A. oryzae tiveram a 
temperatura retal e a freqüência respiratória diminuída, apesar da magnitude do efeito 
ser variável (HUBER et al., 1994). 
 35
Shwartz et al. (2009) observaram que a suplementação de cultura de fungo na 
dieta de vacas multíparas da raça Holandesa, não impediu os efeitos negativos do 
estresse pelo calor, apesar de ter proporcionado menor temperatura retal. 
Higginbotham et al. (1994) avaliaram os efeitos da adição de uma combinação do 
extrato de Aspergillus oryzue com uma cultura de Saccharomyces cerevisiae sobre a 
produção e composição do leite, temperatura retal e parâmetros ruminais em vacas da 
raça Holandesa no início da lactação. Não foram detectadas diferenças na produção de 
leite e percentagens de proteína e gordura do leite, e nos parâmetros ruminais avaliados 
(% de ácidos graxos voláteis, pH e quantidade de amônia ruminal); entretanto a 
percentagem de lactose no leite foi menor para o grupo que recebeu a suplementação 
com as culturas. Um resultado interessante encontrado foi o da temperatura retal cujas 
médias diferiram significativamente, porém, quando foram analisadas separadamente 
por semana, a vacas que receberam suplementação na dieta tiveram temperaturas menor 
nas 7 das 17 determinações semanais avaliadas, sendo esta diferença mais evidente no 
mês em que a temperatura ambiental média máxima foram de 37,5°C. Este resultado 
pode indicar que os efeitos benéficos das leveduras podem ser mais acentuados em 
períodos quentes. 
Shaver e Garrett (1997) observaram que em 8 dos 11 rebanhos avaliados a 
produção de leite teve respostas positivas à suplementação com culturas de 
Saccharomyces Cerevisiae. 
Em uma revisão, Huber et al. (1994) mostraram que existem variações nos 
resultados nas respostas das variáveis fisiológicas e produção de leite, quanto a 
suplementação de leveduras, e concluíram que os efeitos das leveduras ainda estão para 
ser determinados. Higginbotham et al. (1994) recomendam a realização de mais 
pesquisas para avaliar os efeitos da suplementação de culturas de Saccharomyces 
cerevisiae e/ou Aspergillus oryzue em diversos regimes alimentar. Faz-se necessário 
também, avaliar esses efeitos em condições ambientais estressantes. 
 36
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Existe uma variação na intensidade de resposta dos animais frente aos estímulos 
estressores do ambiente térmico. 
Animais submetidos ao estresse pelo calor apresentam desempenhos inferiores à 
sua capacidade produtiva. 
Conhecer as exigências dos animais em seu ambiente de criação é de grande 
importância para maximizar a produção, principalmente em ambientes com 
temperatura, umidade e radiação elevada. 
O uso de aditivos pode proporcionar uma melhor produção animal, em ambientes 
quentes, contudo os resultados dos trabalhos têm sido variados necessitando de mais 
pesquisas direcionadas aos efeitos destes aditivos na produção de animais criados em 
ambientes quentes. 
Além da manipulação dos alimentos para animais criados em ambiente quentes, 
faz-se necessário a adoção de recursos arquitetônicos que reduzam a intensidade de 
estresse ambiental. 
A disponibilidade de água em quantidade e qualidade é essencial para bovinos 
criados em ambientes quente. 
O uso de alimentos com alta umidade, como o caso da palma, é uma excelente 
opção, principalmente para regiões com escassez de água. Porém, deve-se respeitar o 
teor mínimo de FDN exigido pelos bovinos. 
 37
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