Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Universidade Federal Rural de Pernambuco Departamento de Zootecnia Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia Efeitos ambientais sobre os requisitos nutricionais de bovinos Trabalho apresentado como parte das exigências do Exame de Qualificação do Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia Professor Dr. Marcelo de Andrade Ferreira Doutoranda: Maria Luciana M. W. Neves Recife 2009 Índice Pág INTRODUÇÃO 3 EFEITOS DO AMBIENTE SOBRE A TERMORREGULAÇÃO DE BOVINOS 5 EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DE BOVINOS EM CONDIÇÕES DE ESTRESSE PELO CALOR 15 1. Consumo de Matéria Seca e energia 15 2. Consumo de água 22 3. Consumo de proteína 26 4. Consumo de gordura 28 5. Consumo de minerais 31 SUPLEMENTAÇÃO COM ADITIVOS 32 1. Cromo 32 2. Niacina 32 3. Leveduras 33 CONSIDERAÇÕES FINAIS 35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 36 3 INTRODUÇÃO Segundo a FAO (2008 apud IBGE, 2008) o Brasil é detentor do maior rebanho mundial de bovinos, com um efetivo de 199.752.014 cabeças em 2007, porém, quanto ao número de animais abatidos tido em número de cabeças, a posição ocupada pelo Brasil é a segunda, perdendo apenas para a China. Quanto a produção de leite, o Brasil é o sexto maior produtor mundial, atrás dos Estados Unidos, Índia, China, Rússia e Alemanha, com uma produtividade média de 1.237 litros/vaca/ano, estimado de 21.122.273 vacas ordenhadas (IBGE, 2008). O Censo Agropecuário (IBGE, 2007) demonstra um crescimento anual no efetivo bovino e produção de leite de 1970 a 2006 (Figura 1). Figura 1. Efetivo de bovinos e produção de leite - Brasil - 1970/2006 Mesmo contando com um rebanho dessa magnitude, o Brasil apresenta índices de produtividade considerados baixos, quando comparado a outros países. Esse fato está relacionado a fatores genéticos, à baixa eficiência reprodutiva e aspectos sanitários, nutricionais e adaptativos. Incrementos significativos na produtividade podem ser obtidos através da utilização de tecnologias disponíveis no país, com um manejo adequado, incluindo uma alimentação que atenda as exigências nutricionais e com a utilização de raças adaptadas ao ambiente (SOUSA et al., 2003). Observa-se que indivíduos poderão expressar intensidades variáveis de suas potencialidades genéticas, resultante das interações destes com a nutrição e o ambiente. Diversos estudos a respeito dos efeitos do estresse de calor sobre o crescimento e o ganho de peso de bovinos têm demonstrado que os animais com melhores características de adaptação a ambientes quentes são os que apresentam melhores 4 desempenhos em climas tropicais (SILVA, 2000). Desta forma, a seleção de touros e vacas de alta capacidade produtiva e reprodutiva em uma determinada região não irão apresentar a performance esperada quando em outro ambiente, o que pode ser explicado pela interação genótipo ambiente (SILVA, 2004). Segundo NÃÃS (1989), pesquisas demonstram que a eficiência do desempenho animal é resultado do funcionamento do seu sistema homeotérmico, e disfunções desse sistema provocam alterações significativas na eficiência da produção. O ambiente térmico tem uma forte relação sobre os animais de produção com a temperatura do ar exercendo o principal efeito, mas alterado pelos ventos, precipitação, umidade e radiação (NRC, 1981). Os bovinos têm a capacidade de manter a sua temperatura corporal relativamente constante por meios comportamentais e fisiológicos sob uma diversidade de ambientes térmicos variáveis (ROBERTSHAW, 2006). Contudo, para que a temperatura corporal permaneça constante, o ganho de calor tem que ser igual a perda (ROBERTSHAW, 2006). Hafez (1973) define adaptação biológica como uma série de mudanças morfológicas, anatômicas, fisiológicas, bioquímicas e comportamentais que conferem ao animal características capazes de promover o seu bem-estar, favorecendo sua sobrevivência no ambiente específico no qual se encontra. Um animal mantido em ambiente inadequado os diversos constituintes de meio, isolados ou combinados entre si, são fatores de estresse, que atuando sobre o organismo desencadeiam uma série de reações não específicas de adaptação, ativando mecanismos físicos e fisiológicos, na tentativa de restabelecer o equilíbrio orgânico (SILVA, 2004). Existe uma certa faixa de amplitude térmica dentro da qual os animais apresentam metabolismo mínimo, sem demonstrar qualquer sintoma de desconforto térmico. Essa zona recebe o nome de Zona de Termoneutralidade (SILVA, 2000). Nestas condições, os animais, quando sob uma dieta balanceada, têm a capacidade de expressar todo seu potencial produtivo. Quando o animal não consegue manter sua homeostase diante de estímulos indesejáveis do meio ele entrará em estresse, comprometendo seu bem-estar, saúde e desenvolvimento corporal (SILVA, 2004). Para evitar o estresse estes dispõem de mecanismos comportamentais e fisiológicos para regulação do metabolismo corporal. Esses mecanismos adaptativos implicam diretamente em mudanças na taxa metabólica, temperatura corporal, freqüências respiratória e cardíaca, alterações hormonais e 5 metabólicos sanguíneos; levando, geralmente, a perdas na produtividade (SILVA, 2004). Nestas condições, é essencial além da adoção de recursos arquitetônicos necessários à termorregulação, o fornecimento adequado de uma dieta balanceada que atenda as exigências dos animais em condições de estresse por calor. Assim sendo, será abordado, nesta revisão, as exigências nutricionais de bovinos em condições de estresse pelo calor, contemplando uma abordagem referente aos efeitos ambientais sobre a termorregulação de bovinos. EFEITOS DO AMBIENTE SOBRE A TERMORREGULAÇÃO DE BOVINOS Os animais vivem em equilíbrio dinâmico com o meio ambiente, sendo o seu desempenho condicionado às variações ocorridas ao longo do tempo. Desse modo, são sensíveis às mudanças de ambiente físico, e quando mudam as condições de manejo, ou quando são levados a um ambiente diferente do original, lançam mão de mecanismos de adaptação para manterem as funções fisiológicas em equilíbrio. As trocas de calor do animal com o ambiente ocorrem através de mecanismos de transferência de calor sensível que são a radiação, convecção e condução. A transferência de calor por condução depende fundamentalmente do contato direto entre as moléculas do corpo ou superfícies nela envolvida. Por outro lado, as trocas por convecção e radiação podem ser afetadas pela existência de uma capa protetora sobre a superfície cutânea e por um gradiente de temperatura entre a superfície do animal e o ambiente (SILVA, 2000). Em ambientes tropicais o diferencial de temperatura entre o ambiente e a superfície do corpo dos animais tende a ser pequeno e às vezes negativo (temperatura ambiente maior que a da superfície), nestas condições, para dissipar a energia térmica produzida pelo metabolismo e a recebida pelo meio externo, o organismo animal pode recorrer à evaporação ou estocar energia térmica, permitindo um certo aumento na temperatura corporal (SILVA, 2000). Maia et al. (2005a) observaram que com o aumento da temperatura do ar de 10 a 36 ° C, a transferência de calor sensível variou de 160 a -30 W/m2, enquanto que a perda de calor latente por evaporação cutânea aumentou de 30 para 350 W/m2. Segundo Maia et al. (2005b) a evaporação aumenta com a temperatura do ar de uma forma quase linear até 20°C, mas torna-se cada vez mais alto quando a temperatura do ar ultrapassa 25 ° C. 6 Dos mecanismos de perda evaporativa de calor a sudorese é mais importanteque a respiração arquejante, em bovinos (ROBERTSHAW, 2006). Estas espécies têm um mecanismo cutâneo de perda de calor por evaporação bem desenvolvido, suas glândulas sudoríparas, localizadas na superfície da pele, são apócrinas e controladas por fibras adrenérgicas (ROBERTSHAW, 2006). Maia et al. (2005a) estimaram que a perda de calor por esta via representou 20-30% quando temperaturas do ar variou de 10 a 20°C, mas com temperaturas do ar maiores que 30°C a evaporação cutânea tornou-se a principal via da perda de energia térmica, o que representou aproximadamente 85% do total da perda de calor, enquanto o resto é perdido por evaporação respiratória. Contudo, a intensidade das perdas por evaporação cutânea, em bovinos, irá variar com a temperatura e umidade relativa do ar. A Figura 2 apresenta um esquema dos processos de produção e perda de calor em diferentes temperaturas ambientais. Figura 2. Representação esquemática dos processos de produção e perda de calor em diferentes temperaturas ambientais. TCI = temperatura crítica inferior, TCS = temperatura crítica superior. Fonte: Adaptado de Silva (2000); Thompson (1973) e Hafez (1973) Os bovinos são capazes de manter sua temperatura interna relativamente estável, dentro de certos limites estabelecidos de temperatura ambiente. Na figura 2 esses limites são hi e hs, respectivamente. Sob temperaturas ambientes abaixo do limite hi o organismo não consegue um aporte de energia térmica suficiente para compensar as perdas e então ocorre uma queda na temperatura corporal, proporcional a temperatura ambiente. O limite de sobrevivência do organismo é atingido na temperatura mínima ai. Da mesma forma, à medida que a temperatura ambiente se eleva, atingido o limite 7 superior da homeotermia (hs), os mecanismos evaporativos de perda de calor não são mais eficientes, de modo que a soma da produção de calor metabólico com a fração de calor absorvida do meio passa a ser maior que a quantidade de calor eliminada pelas vias latente e sensível e, conseqüentemente, os animais passam a elevar a temperatura interna, ocorrendo aumento da temperatura corporal acima dos limites fisiológicos. Se a temperatura do ar atingir o limite máximo as, o animal perece (SILVA, 2000 e MORAIS et al., 2008). Na figura 2 observa-se que na zona de termoneutralidade (ZTN) os animais não ativam os mecanismos físicos e químicos de termorregulação. Nestas condições, o animal não sofre estresse pelo frio ou pelo calor e as funções fisiológicas são normais e a produção não sofre interferências. A zona de termoneutralidade é limitada pela temperatura crítica inferior (TCI) e pela temperatura crítica superior (TCS). Os limites de temperaturas ideais para conforto animal são bastante variáveis, não há valores rígidos para ZTN (PEREIRA, 2005). A Tabela 1 apresenta os dados encontrados na literatura quanto os limites críticos da ZTN. Quando a temperatura ambiente está abaixo da TCI o animal encontra-se em estresse pelo frio, e quando acima da TCS o organismo entra em estresse pelo calor (SILVA, 2000). Tabela 1. Temperaturas críticas inferior (TCI) e superior (TCS) para bovinos. Animais TCI TCS Fonte Maioria dos animais 13 18 McDowell (1974) Taurinos, adultos - 6 27 Silva (2000) Taurinos, bezerros 13 25 Silva (2000) Zebuínos 7 35 Silva (2000) Bovinos leiteiros 0 16 Pereira (2005) Zebuínos* 10 27 Pereira (2005) Mestiços 5 31 Pereira (2005) Vacas em lactação 5 25 Roenfeldt (1998) *Zebuínos podem suportar temperaturas críticas máxima de 35°C e mínima de 0°C De acordo com NRC (1996) os animais diferem grandemente em suas respostas frente ao ambiente e em sua habilidade para se adaptar fisiologicamente ao ambiente térmico. De um modo geral, existem diferenças genéticas para tolerância ao calor em bovinos, sendo a espécie Bos indicus mais tolerante que a Bos taurus por causa de 8 maior capacidade de sudação e a baixa atividade metabólica (BLACKSHAW e BLACKSHAW, 1994). As raças indianas, diferentemente das taurinas, possuem mecanismo de termorregulação mais eficiente e podem perder calor pela sudorese de forma mais efetiva, pois possuem maior número de glândulas sudoríparas ou maior volume de secreção, pêlos mais curtos e maior superfície em relação à massa corporal (PEREIRA et al., 2008). RODRÍGUEZ (2008) observou efeito significativo da temperatura do ar sobre a temperatura corporal. Sendo que cada 1°C de aumento na temperatura do ar proporcionou aumento de 0,23°C na temperatura vaginal. McDowell (1974) relata que a variação de 1°C na temperatura normal do corpo é suficiente para reduzir o desempenho da maioria dos animais domésticos. Além da temperatura do ar outros elementos influem na habilidade dos animais em dissipar calor como a radiação, umidade relativa do ar, velocidade do vento. Os efeitos desses fatores sobre a produção de leite foram descritos por Johnson e Vanjonack (1976). Johnson e Vanjonack (1976) observaram grande diferenças no declínio da produção de leite em vacas submetidas a temperatura elevada (32°C) sendo esta queda mais acentuada quando a umidade foi mais elevada (Tabela 2). A umidade elevada inibe as perdas evaporativas nas vacas, resultando em um aumento na temperatura corporal, para compensar a produção de calor o animal reduz o consumo de ração e, conseqüentemente, diminui a produção de leite (JOHNSON e VANJONACK, 1976). Estima-se que a produção de leite decresce aproximadamente de 1 Kg para cada grau centígrado de aumento da temperatura retal (PEREIRA et al., 2008). Tabela 2. Efeito da temperatura e umidade relativa do ar sobre a produção de leite*. Temperatura (°C) Umidade Relativa (%) Raças Holandesa Jersey Pardo Suíça 24 Baixa (38) 100 100 100 24 Alta (76) 96 99 99 34 Baixa (46) 63 68 84 34 Alta (80) 41 56 71 * Diferenças na produção de leite baseado na porcentagem da produção normal de leite a temperatura de 24°C e Umidade relativa de 38% Fonte: Johnson e Vanjonack (1976) 9 Segundo McDowell (1974) ventos de 1,3 a 1,9 m/s foram preconizados como ideais para a criação de animais domésticos. Entretanto Johnson e Vanjonack (1976) constataram que o efeito do vento só tem influência na produção de leite quando a temperatura está acima da zona termoneutra onde ventos de até 2 m/s foram benéficos (Tabela 3). Tabela 3. Efeito do vento sobre a produção de leite* em três diferentes temperaturas com umidade relativa de 60 a 70%. Vento (m/s) Temperatura do ar 10°C 26,7°C 35°C H J PS H J PS H J PS 0,18 100 100 100 85 100 100 63 79 83 2,24 100 100 100 95 100 100 79 94 90 4,02 100 100 100 95 100 100 79 94 90 Raças: H = Holandesa, J = Jersey, PS = Pardo suíça * % da produção de leite baseado na produção na temperatura de10°C Fonte: Johnson e Vanjonack (1976) Em relação à radiação estes pesquisadores constataram que mesmo dentro da faixa de temperatura da termoneutralidade (21,1°C) um aumento na radiação térmica proporcionou uma queda na produção de leite em vacas da raça Holandesa e Jersey, contudo, este aumento foi mais acentuado na temperatura de 26,7°C (Tabela 4). Tabela 4. Efeito da radiação térmica sobre a produção de leite em três diferentes temperaturas do ar. Nível de radiação (cal/cm2/min) Produção de leite - % Normal 7,2°C 21,1°C 26,7°C Holandesa Jersey Holandesa Jersey Holandesa Jersey 0,02 100 100 100 100 93 99 0,19 100 100 100 99 92 94 0,42 100 100 93 95 77 93 0,60 100 100 90 97 69 87 0,84 100 100 88 95 57 79 Fonte: Johnson e Vanjonack (1976) 10 Diante da importância da interação dos elementos climáticossobre os animais, índices de conforto térmico combinando dois ou mais desses elementos têm sido ultimamente utilizados para avaliar o impacto ambiental sobre os animais, pois podem descrever mais precisamente os efeitos do ambiente sobre a habilidade do animal em dissipar calor (West, 1999). Segundo Silva (2000) o índice mais utilizado é o índice de temperatura e umidade (ITU) originalmente desenvolvido por THON (1958) para conforto térmico em humano, sendo empregado para esta finalidade em 1959. Este índice tem sido obtido por diversas equações, dentre elas destacam-se: A equação de Buffington et al. (1981 apud TURCO et al., 2006), que leva em consideração a temperatura do termômetro de bulbo seco (Tbs) e a temperatura do ponto de orvalho (Tpo), ambas expressas em oC: ITU = Tbs + 0,36Tpo + 41,5 A equação de McDowell (1972 apud KADZERE, 2002), este índice é estimado em função da temperatura do ar e do bulbo úmido, ambas expressas em oC: ITU = 0,72 (Tbs + Tbu) + 40,6 Em função da temperatura e da umidade relativa do ar, encontram-se em equações propostas por: Buffington et al. (1982 apud TURCO et al., 2006): ITU = 0,8 Tbs + UR (Tbs – 14,3) / 100 + 46,3 onde: UR = Umidade relativa do ar, % Tbs = temperatura do ar (°C) Kelly e Bond (1971 apud AZEVEDO et al., 2005): ITU = Tbs – 0,55 (1-UR) (Ta – 58) Onde: Tbs = temperatura do ar (°F) UR = umidade relativa do ar em decimais. De acordo com Hahn (1985), um valor de ITU menor ou igual a 70 indica condição normal, não estressante; um valor entre 71 e 78 é crítico; entre 79 e 83, indica perigo; e acima de 83 situação de emergência. Entretanto, existem algumas divergências em relação a este índice. Segundo Rosemberg et al. (1983 apud PIRES et al., 2009) ITU entre 75 e 78 significa alerta para os produtores e providências são necessárias para 11 evitar perdas; entre 79 a 83 significa perigo principalmente para os rebanhos confinados e medidas de segurança devem ser empreendidas para evitar perdas desastrosas; e igual ou superior a 84 significa emergência e providências urgentes devem ser tomadas. Como pode ser observado, o valor do ITU considerado limite, entre situações de conforto e estresse, varia segundo os autores, mas existe unanimidade em considerar que ambiente com ITU acima de 72 é estressante para vacas de alta produção (VALTORTA e GALLARDO, 1996 apud PIRES et al., 2009). Entretanto, McDowell (1974), considera que em um ITU igual ou superior a 78, os bovinos de todas as idades apresentam graus mensuráveis de desconforto térmico. Devido os animais mestiços serem mais tolerantes ao calor, suportam limites mais elevados de ITU. Baseando-se na freqüência respiratória, Azevedo et al. (2005) estimaram valores críticos de ITU iguais a 79, 77 e 76 para vacas ½, ¾ e 7/8 Holandês x Gir, respectivamente. Hahn (1993 apud KLOSOWSKI et al., 2002) elaborou uma equação para estimar o declínio na produção de leite em função do ITU e do nível de produção: DPL = - 1,075 – 1,736*(NP) + 0,02474*(NP)*(ITU) Onde, DPL = declínio absoluto na produção de leite, kg/vaca/dia NP = nível normal de produção de leite, kg/vaca/dia ITU = valor médio diário do índice de temperatura e umidade A Figura 3 mostra o declínio na produção de leite em vacas de diferentes níveis de produção em função índices elevados de ITU encontrados na região de Maringá, Paraná, utilizando-se a referente equação descrita acima. 12 Figura 3. Valores médios de declínio na produção de leite (DPL) para os níveis de produção de 10, 15, 20, 25, 30 e 35 kg/dia/vaca, em função do índice temperatura e umidade (ITU). Fonte: Klosowski et al. (2002) Nota-se, na figura 4, no mês de dezembro que apresentou maior valor de ITU, as vacas com maior produção de leite (35 kg/dia) tiveram uma queda maior (12%) em sua produção em relação as que produziam em torno de 10 kg/dia (queda de 7,7%). Assim, fica claro que a intensidade da queda variou com o nível de produção e intensidade do estresse. Portanto, esta equação pode ser utilizada pelos técnicos para demonstrar aos produtores de leite o efeito da alta temperatura e umidade sobre a produção, de modo a incentivá-los a tomar medidas preventivas de manejo. Como foi constatado na Tabela 4, a radiação tem grande influência na produção. Animais submetidos a radiação solar direta absorvem maior quantidade de calor podendo comprometer a termorregulação e, conseqüentemente, afetar os aspectos produtivos (SOUZA JUNIOR et al., 2008). Segundo Silva (2000), devido a importância da radiação para os animais criados em campo aberto, foi desenvolvido o Índice de Temperatura Globo e Umidade (ITGU), proposto por Buffington et al. (1981), para vacas leiteiras criadas a pasto, sendo expresso pela equação: ITGU = Tgn + (0,36*Tpo) + 41,5; onde Tgn é a temperatura do globo negro (°C) e o Tpo é a temperatura do ponto de orvalho (°C). Sendo que os valores de ITGU até 74, de 74 a 79, de 79 a 84 e acima de 84 definem situação de conforto, de alerta, de perigo e de emergência, respectivamente (SOUZA et al., 2002). 13 Morais et al. (2008) observaram em vacas leiteiras mestiças com produção média de 13 kg/dia de leite criadas em ambiente estressante, para cada 1ºC de elevação da temperatura retal, ocorreu aumento de aproximadamente 6 mov/min na freqüência respiratória, porém, para cada unidade de diminuição no valor do ITGU, estimou-se que a freqüência respiratória poderia diminuir cerca de 1,4 mov/min. Verificou-se também que, a cada movimento respiratório a mais, a temperatura retal aumentou 0,022ºC, provavelmente em decorrência da energia gerada com o maior esforço muscular envolvido na elevação da freqüência respiratória. As variações na temperatura retal e freqüência respiratória podem ser utilizadas para avaliar os níveis de estresse em bovinos, a Tabela 5 apresenta estas relações. Tabela 5. Relação entre alterações da temperatura retal, da freqüência respiratória e níveis de estresse. FR (mov/min) TR (°C) Níveis de estresse 23 38,3 Não há estresse. 45 a 65 38,4 a 38,6 O estresse está sob controle; o apetite, a reprodução e a produção estão normais. 70 a 75 39,1 Início de estresse térmico; menor apetite, mas a reprodução e a produção estão estáveis. 90 40,1 Estresse acentuado; cai o apetite, a produção diminui, os sintomas de cio quase desaparecem; ocorre repetição de cios. 100 a 120 40,9 Estresse sério; grandes perdas na produção; a ingestão de alimentos diminui 50% e a fertilidade pode cair para 12%. > 120 > 41 Estresse mortal; as vacas expõem a língua e babam muito; não conseguem beber água nem se alimentarem. Fonte: Pires (2006) Os efeitos do estresse térmico são muitas vezes vistos na redução do desempenho reprodutivo, no ganho de peso diário de bovinos em crescimento e na produção de leite. O estresse pelo calor altera a homeostase dos bovinos, induzindo a reações de regulação na tentativa de manutenção no equilíbrio térmico, como redução do consumo de matéria 14 seca, redistribuição do fluxo sanguíneo e o aumento da perda de calor por evaporação. Como resultado, a função digestiva, a absorção e metabolismo de nutrientes, funções fisiológicas como a regulação do balanço ácido básico sanguíneo e a produção ficam alterados (SIMAS, 1998). 15 EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DE BOVINOS EM CONDIÇÕES DE ESTRESSE PELO CALOR 1. Consumo de Matéria Seca e energia Diversos fatores exercem influência sobre o consumo de matéria seca em animais de clima tropical como a alimentação que está relacionada a qualidade dos alimentos,tipo de alimentos oferecidos, nível de alimentação e formulação da ração; os fatores ambientais relacionados ao clima e o próprio animal (MAZUMDER, 2006). Segundo Silva (2000) além das trocas de calor com o ambiente, o organismo pode receber calor através dos processos metabólicos e mecânicos. Assim, animais mantidos em estresse de calor, utilizam mecanismos para diminuir a produção de calor gerado nos processos metabólicos, uma vez que quanto maior o calor produzido maior será o esforço para dissipar esse calor em excesso para o ambiente. Uma das alternativas para diminuir o calor gerado pelo metabolismo é a redução do consumo de alimentos (FERREIRA, 2005). A previsão do consumo de matéria seca bem como as exigências dos animais sob estresse térmico é uma condição prévia para um adequado balanceamento de rações de animais criados em climas tropicais. Em rebanhos leiteiros, o estresse térmico pode ocasionar declínio na produção de leite, sendo as vacas mais produtoras mais afetadas do que as de menor produção (KLOSOWSKI et al., 2002). Isto se dá porque as vacas mais produtoras têm uma maior taxa metabólica, ou seja, produzem mais calor interno, sendo mais sensíveis a ambientes com temperatura elevada, por outro lado, em ambientes mais frios estas seriam mais tolerantes que as vacas de menor produção. Considera-se que a maior influência do estresse pelo calor sobre a produção de leite é exercida via diminuição no consumo de matéria seca e consequentemente redução na ingestão de energia metabolizável (BACCARI JR., 2001). Segundo Turco et al. (2006) vacas com maiores níveis de produção necessitam de maior quantidade de alimentos, o que acarreta em maior atividade metabólica, produzindo grandes quantidades de calor, o que irá interferir no seu desempenho leiteiro. Esta afirmação pode ser melhor entendida de acordo com os valores da Tabela 6. 16 Tabela 6. Mudanças relativas nas exigências de mantença e matéria seca para vacas de 600 kg produzindo 27 kg de leite com 3,7% de gordura sob várias temperaturas ambientais. Requerimentos para produção de 27 kg de leite Esperadoc Temperatura (°C) Mantença (%)*1 CMS (kg)b CMS (kg) Leite (kg) Consumo de água (kg) - 20 + 51 21,3 20,4 20 51 - 15 + 33 20,2 20,0 23 55 - 10 + 26 19,8 19,8 25 58 - 5 + 18 19,3 19,3 27 63 0 + 10 18,8 18,8 27 64 5 + 3 18,4 18,4 27 67 10 0 18,2 18,2 27 67 15 0 18,2 18,2 27 67 20 0 18,2 18,2 27 68 25a + 4 18,4 17,7 25 74 30 + 11 18,9 16,9 23 79 35 + 20 19,4 16,7 18 120 40 + 32 20,2 10,2 12 106 *1Usando de 18 a 20 °C como referência para a base de 100% aValores para 25°C e temperatura elevada são para dias com no mínimo 6 horas ultrapassando esta temperatura mas não mais que 12 horas bRequerimentos estimados de consumo de matéria seca para mantença e 27 kg de leite cEstimativa de consumo de matéria seca, água e produção de leite sobre a escolha de água livre e alimentação ad libitum na razão de 60% de feno e silagem de milho e 40% de concentrado. Fonte: Adaptado do NRC (1981) De acordo com o NRC (1981) o consumo de matéria seca começa a diminuir e as exigências aumentam quando as temperaturas ambientais excedem 25°C. A uma temperatura de 25°C, por exemplo, as exigências de mantença de uma vaca de 600 kg produzindo 27 kg de leite com 3,7% de gordura, aumentam 4% a mais que o CMS em temperaturas de 10 a 20°C; se esta vaca consumisse 18,4 kg de matéria seca ela conseguiria manter a sua produção, entretanto, nestas condições, ela reduz o seu consumo para 17,7 kg de matéria seca não atendendo suas exigências de mantença, resultando na diminuição na produção de leite para 25 kg (Tabela 6). Segundo Baccari Jr. (2001) as exigências de manutenção de vacas em produção aumentam cerca de 30% se as temperaturas ambientes são elevadas de 26°C para 40°C 17 durante 6 horas por dia. O NRC (1981) relata que quando vacas leiteiras estão submetidas a temperaturas acima da zona de termoneutralidade, o decréscimo no consumo de matéria seca começa a ser observado, sendo mais acentuado em temperaturas acima de 30°C. Quando a temperatura ultrapassa 40°C o consumo não ultrapassa 60% do esperado (Figura 4). Figura 5. Efeito da temperatura sobre o consumo de alimento em vacas baseado na temperatura de 18 a 20°C Fonte: NRC (1981). Em bovinos de corte o consumo de matéria seca também diminui em função de temperaturas elevadas (Tabela 7). 18 Tabela 7. Consumo de alimentos em bovinos de corte sob diferentes ambientes térmicos. Temperatura ambiental Consumo relativo aos valores tabulados pelo NRC (1976) > 35°C Grande depressão no consumo, especialmente com alta umidade e/ou radiação solar e pouca amplitude de temperatura. Consumo total diminui 10 a 35% quando para mantença e produção, quando apenas mantença há redução de 5 a 20% A depressão no consumo é menor quando há disponibilidade de sombra ou sistemas de ventilação e dietas com baixa fibra 25 a 35°C O consumo diminui de 3 a 10% 15 a 25°C Valores pré-referidos no NRC (1976) 5 a 15°C Consumo é aumentado de 2 a 5% -5 a 5°C Consumo aumenta de 3 a 8% Rápido período de frio ou tempestade pode resultar em distúrbios digestivos em animais jovens -15 a -5°C Consumo aumenta de 5 a 10% < -15°C Consumo aumenta de 8 a 25% Consumo durante frio extremo (< -25°C) ou durante nevascas e tempestades pode ser temporariamente diminuído Consumo de dietas com altas forragens podem ser limitadas pelo volume Fonte: adaptado do NRC (1981) A queda no consumo de matéria seca também varia de acordo com a ordem de parição. Segundo o NRC (2001) vacas multíparas apresentam maior decréscimo no consumo de matéria seca (22%) quando comparadas com primíparas (7%) no mesmo estágio de lactação. Esse mesmo comitê ainda relata que quando o decréscimo no consumo de matéria seca ultrapassa 55% há um aumento entre 7 e 25% nos requerimentos de mantença. 19 Porém, Martello et al. (2004) observaram que níveis moderado de estresse (ITU de 75 a 76) não afetou o consumo de matéria seca, entretanto, não foi comparado a diferença no consumo entre as primíparas e multíparas, por outro lado, as vacas primíparas apresentaram freqüências respiratórias e temperaturas retais mais altas que as multíparas, nos horários mais quentes do dia. Para animais previamente adaptados ao ambiente térmico, o NRC (1981) recomenda subtrair ou adicionar 0,0007 Mcal/kg de peso metabólico (W0,75)/dia às exigências líquidas de mantença para cada °C acima ou abaixo de 20°C, respectivamente. Porém, apesar do NRC (2001) constatar o aumento nas exigências de animais sobre estresse, não apresentam uma equação que a represente, os mesmos alegam não haver dados suficientes para isto, entretanto recomendam adequar as práticas de manejo. Modificações na dieta para reduzir a produção de calor, melhorar a eficiência do uso de energia e atender as exigências do animal é de grande importância durante o tempo quente. Aconselha-se aumentar o nível energético da ração fazendo uso de alimentos que produzam menor calor metabólico. Um fator importante a ser considerado na redução do consumo é a relação volumoso X concentrado e a densidade energética da ração (FERREIRA, 2005). A produção de calor no corpo e sua temperatura são mais elevadas quando há um consumo predominante de forragens ou níveis elevados de proteína bruta no concentrado (BACCARI JR., 2001; FERREIRA, 2005). Em condições de estresse pelo calor observa-se maior redução no consumo de feno do que de concentrado (BACCARIJR., 2001). Segundo o NRC (1981) a redução no consumo é maior e mais rápida quanto maior for a proporção de forragem na dieta. Além do mais, o uso de forragens de baixa qualidade também pode ser uma fonte de produção de calor (ROBERTSHAW, 2006). Ou seja, quanto menos digestível for a dieta alimentar de um animal em estresse pelo calor, maior será a redução no consumo (BEED e COLLIER, 1986). Recomenda-se alimentar os animais com rações de baixa fibra durante o período quente. Vacas alimentadas com dietas baixas de fibra durante o tempo quente tiveram freqüência respiratória e temperatura retal mais baixa e uma maior produção de leite que aquelas alimentadas com quantidade maior de fibra na dieta (LEIGHTON e REPEL, 1956 apud WEST, 1999). 20 Pesquisas sugerem que dietas com baixa fibra e ricas em grãos podem reduzir a produção de calor metabólico e contribuir para uma produção mais baixa de calor no animal. Entretanto, dietas mais baixas em fibras e ricas em grãos devem ser balanceadas para que a fibra promova mastigação e ruminação adequada para manter o pH ruminal e a saúde do ruminante (WEST, 1999). O NRC (2001) preconiza o mínimo de 25% de FDN na dieta, sendo que 19% deve vir da forragem. Vale salientar que, na formulação de uma ração, também deve ser observado o valor dos carboidratos não fibrosos, o qual não deve exceder os 44% para este nível de fibra (NRC, 2001). Arnaud et al. (2005) avaliaram os efeitos da substituição do feno de capim-tifton e do farelo de milho pela palma forrageira e pelo farelo de soja sobre a ingestão de alimentos e parâmetros fisiológicos de vacas da raça Holandesa de terceira ordem de lactação, com peso médio de 540 kg, período de lactação em torno de 113 dias e produção média inicial de 20 kg leite/dia, em ambiente com ITU médio variando de 73,3 a 76,96. O tempo de ruminação decresceu linearmente à medida que o nível de inclusão de palma na dieta aumentou, esta diminuição no tempo de ruminação foi justificada pela diminuição da fonte de fibra fisicamente efetiva e aumento dos carboidratos não fibrosos, mas apesar desta diminuição na fibra, o tratamento com maior nível de palma manteve a fibra em detergente neutro (43,93%) superior ao valor mínimo recomendado pelo NRC (2001). O aumento na inclusão de palma na dieta diminuiu linearmente a TR do turno da tarde, porém, o decréscimo da TR, segundo a equação obtida, seria de apenas 0,00604ºC, para cada aumento de 1% no nível de palma. West et al. (1999) testando quatro níveis de fibra em detergente neutro (30,2; 33,8; 37,7 e 42,0%) em rações para vacas em lactação, submetidas ao frio ou calor, observaram que a digestibilidade da fibra em detergente neutro e o turnover ruminal das partículas da digesta foi aumentado com o maior conteúdo dietético de fibra em detergente neutro. Observou-se também que a ingestão de matéria seca diminuiu para todos os grupos de tratamento, mas o declínio foi mais rápido para as vacas que foram submetidas ao clima frio do que aquelas em clima quente. Segundo estes resultados, sugere-se que o consumo total de energia e as conseqüentes produção de calor metabólico podem ter maior influência no consumo de matéria seca do que o teor de fibra da dieta. Também foi sugerido que o consumo total de energia pode ter tido maior efeito na produção de leite que o teor de fibra alimentar durante o clima quente e úmido. 21 Por outro lado, Mader et al. (1999 apud MADER, 2003) trabalhando com novilhos de corte confinados e em condições de calor, observaram menor freqüência respiratória e temperatura corporal nos animais que consumiram alimento a vontade com 28% de volumoso do que aqueles que receberam com 6% de volumoso a vontade ou com restrição de 85 a 90%, enquanto os que tiveram restrição no seu consumo tiveram menor temperatura corporal em relação os que consumiram a vontade. Estes resultados indicam que a ingestão de energia metabolizável à vontade ao gado antes destes se expor ao excesso de calor ambiental, pode influenciar na sua capacidade de lidar com este desafio, e a restrição do consumo de energia metabolizável pode ser uma boa alternativa para diminuir a produção do calor interno podendo abaixar a temperatura corporal. Old e Garret (1987) observaram que os bovinos das raças Hereford e Charolês utilizaram mais eficientemente a energia metabolizável para ganho quando tiveram seu consumo restringido (15 ou 30% de restrinção) que aqueles alimentados ad libitum. A principal fonte de energia para os ruminantes são os ácidos graxos voláteis formados a partir da fermentação ruminal, representando 50 a 70% da energia digestível do alimento (KOZLOSKI, 2002). Atribui-se a redução na quantidade de ácido graxo voláteis produzido no rúmen à diminuição no consumo de alimentos (GENGLER et al., 1970). Entretanto esta redução na concentração de ácido graxo voláteis não é inteiramente resultado da diminuição do consumo alimentar, pois no trabalho de Kelly et al. (1967 apud BEED e COLLIER, 1986) apenas parte da concentração de ácido graxo voláteis foi restaurada quando obrigou bovinos em estresse térmico, através de cânula ruminal, a terem o mesmo consumo que animais em termoneutralidade. Outro fator importante é que dietas ricas em fibra proporcionam maior produção de acetato cujo seu metabolismo produz mais calor em relação ao do proprionato (WEST, 1999). Propõe-se que as dietas que contem concentrados suficientes para a produção elevada de proprionato fornecem NADPH suficiente para permitir a formação de gordura a partir do acetato, visto que dietas ricas em volumoso levam a uma maior produção de acetato e menor de proprionato fazendo com que maior parte do metabolismo do acetato siga um ciclo inútil produzindo calor (MACRAE, 1982 apud WEST, 1999). A digestibilidade dos nutrientes também é afetada pelas condições ambientais, em geral, em climas quentes a taxa de passagem da ingesta é mais lenta e o volume ruminal é maior, permitindo com que o alimento permaneça mais tempo sendo digerido. Estas alterações seriam vantajosas principalmente para animais que consomem mais 22 forragem, permitindo sua maior digestão; entretanto, parece que esta vantagem é compensada pelo baixo consumo, resultando em menos nutrientes totais livres, disponível ao animal em estresse térmico (BEED e COLLIER, 1986). Outra reação do animal frente ao calor é a vasodilatação periférica e aumento do fluxo de sangue para melhorar a evaporação e convecção para perda de calor, concomitantemente ocorre uma redução no fluxo de sangue aos sistemas de órgãos internos. Esta redistribuição sanguínea pode retardar a absorção dos nutrientes dos pré- estômagos e trato gastrointestinal. Porém, esta redução no fluxo de sangue para o trato digestivo durante o estresse térmico, pode ser devido aos efeitos direto da temperatura, ou uma combinação da temperatura e redução no consumo de alimento (BEED e COLLIER, 1986). Bernabucci et al. (1999) ao trabalharem com vacas em lactação avaliaram o efeito do ambiente térmico sobre o consumo, a digestibilidade e a taxa de passagem dos nutrientes. Os animais permaneceram nos primeiros 25 dias do experimento sob conforto térmico (ITU = 64) e nos últimos 40 dias em condições de estresse por calor (ITU = 84). A digestibilidade e a taxa de passagem foram mensuradas três vezes durante todo o experimento: a primeira vez quando os animais estavam sob conforto; a segunda no 3º dia após a exposição ao estresse e a terceira no 24º dia após a exposição. O consumo foi mensurado todos os dias. Os autores encontraram redução no consumo dos nutrientes e aumento no consumo de água. Quanto à digestibilidade, a mesma foi superiorquando os animais estavam no início da exposição ao estresse, não havendo diferença entre a primeira e a terceira mensuração; a taxa de passagem foi superior quando os animais estavam sob conforto térmico. Os autores sugerem ter havido uma adaptação do trato digestivo, o que foi demonstrado pelo comportamento observado na digestibilidade entre a segunda e a terceira medição. Embora a digestibilidade dos alimentos seja aumentada em um ambiente mais quente, a eficiência de utilização de energia é reduzida devido a maior exigência de mantença em animais sob estas condições, causado pelo aumento do metabolismo e da atividade corporal para diminuir o excesso de calor endógeno. Por exemplo, respiração acelerada pode aumentar o requerimento de mantença 7-25%, dependendo da intensidade (NRC, 1981). 2. Consumo de água 23 A água é um nutriente essencial à vida animal, sua ingestão tem grande influência sobre o consumo de alimentos, o qual é reduzido quando há escassez de água (BERCHIELLI et al., 2006). A água é necessária para a digestão de alimentos, absorção e eliminação da fração não digerida e produtos residuais, inclusive o calor (LANGHANS et al., 1995 apud BERCHIELLI et al., 2006). Além de nutriente essencial para os processos digestivos, a água promove o resfriamento do corpo e supri as necessidades aumentadas do organismo em conseqüência das perdas pelo suor e vias aéreas superiores durante o estresse pelo calor (BACCARI JR., 2001). O consumo de água por bovinos depende de vários fatores como estado fisiológico, nível de produção de leite, peso corporal, raça, espécie, consumo de matéria seca, além da composição da dieta, clima e qualidade da água (CAMPOS, 2006; NRC, 1981). O aumento no consumo de proteína e sais por vacas lactantes aumentam as exigências em água (NRC, 1981). Baccari Jr. (2001) ressalta que em condições termoneutras são necessários cerca de 4 litros de água para produzir 1 kg de leite e a ingestão de água aumenta com o aumento no consumo de matéria seca, mas sob estresse pelo calor a ingestão de água aumenta enquanto o consumo de alimentos diminui. De acordo com o NRC (1981) em temperaturas variando de 5 a 15 °C vacas leiteiras produzindo 27 kg de leite/dia consomem 67 kg de água por dia, e suas exigências começam a aumentar em temperaturas a partir de 20°C, tornando-se 120 kg/dia em temperaturas de 35 °C. Kramer (1993 apud CAMPOS, 2006) estimaram exigências mais elevadas de água (Tabela 8). De acordo com Muller (1989 apud LAGANÁ et al., 2005) as taxas de ingestão de água são as mais elevadas, nas horas mais quentes do dia, servindo como um mecanismo auxiliar de termorregulação. Tabela 8. Consumo diário de água pelo gado leiteiro (litros/cabeça), com 630 kg de peso vivo, por categoria, para diferentes níveis de produção e temperatura ambiente. Categoria animal Temperatura ambiente (°C) 0-5 10 21 32 Vaca seca 22,5 25,0 32,5 40,0 Final da lactação 32,5 35,0 47,5 55,0 Produzindo 20 litros/dia 60,0 63,0 80,0 100,0 24 Produzindo 30 litros/dia 100,0 102,5 130,0 170,0 Fonte: Kramer (1993 apud CAMPOS, 2006) Devido ao seu menor metabolismo, os bovinos de corte são menos exigentes de água que os de leite, a Tabela 9 apresenta a relação entre a temperatura ambiente e as exigências de água para bovinos de corte. Tabela 9. Exigências de água de bovinos de corte em diferentes temperaturas ambientais Temperatura Exigência de água > 35°C 15 kg de água/kg de consumo de MS 25 a 35°C 4 a 10 kg de água/kg de consumo de MS 15 a 25°C 3 a 5 kg de água/kg de consumo de MS, animais lactantes requer 10 a 50% mais de água -5 a 15°C 2 a 4 kg de água/kg de consumo de MS < -5 °C 2 a 3 kg de água/kg de consumo de MS, aumento de 50 a 100% ocorre quando ocorre um aumento da temperatura ambiente seguido por um período muito frio Fonte: NRC (1981) Segundo o NRC (2001), a perda de água por vacas em lactação representa 87% do leite produzido, mas mesmo depois de descontada a fração excretada na forma de leite, a exigência de água de vacas em lactação é muito maior do que de animais semelhantes, porém não lactantes. Este fato está relacionado com o aumento no metabolismo energético, decorrente da lactação (BERCHIELLI et al., 2006). Normalmente os animais preferem consumir água com temperatura entre 25 e 30°C, com tendência de diminuir o consumo quando sua temperatura está abaixo de 15°C (Campos, 2006). Além dos efeitos refrescantes no arquejar e suar, a água consumida pode ter um efeito refrescante direto no rúmen e retículo, deste modo, o oferecimento de água resfriada pode diminuir o consumo, mas esta pode esfriar internamente a vaca reduzindo suas necessidade para dissipar calor (WEST, 1999). 25 Entretanto, Ferreira (2005) alerta que a temperatura da água oferecida a bovinos deve ser mais alta que a fornecida para animais não-ruminantes, pois os microorganismos ruminais preferem água entre 15 e 25°C, temperaturas mais frias pode ocasionar diminuição da atividade microbiana ruminal, podendo comprometer a produção de ácidos graxos voláteis e, consequentemente, a produção de leite ou o crescimento dos animais (FERREIRA, 2005). A restrição de água diminui a produção de leite mais drasticamente do que qualquer outro fator nutricional (SIMAS, 1998). A água deve sempre ser de boa qualidade e oferecida à vontade (BACCARI JR., 2001). Alguns fatores podem influenciar na ingestão de água (SIMAS, 1998): Higiene bebedouros deve estar sempre limpo com água de boa qualidade. Localização colocar os bebedouros à sombra e perto das vacas, estas preferem permanecer na sombra que se deslocar para beber água em um lugar não sombreado, sendo uma vantagem adicional o não aquecimento da água por exposição direta ao sol. Segundo o NRC (1981) fontes de água próxima às vacas e o sombreamento proporcionam aumento no consumo. Capacidade volumétrica usar de tanques de capacidade volumétrica relativamente pequena, mas com suficiente capacidade linear e de rápido enchimento, permitindo freqüente renovação da água e consequentemente uma menor temperatura. A ingestão de água também pode ser influenciada pela composição do alimento utilizado. Alimentos com alto teor de umidade vão demandar menor ingestão de água (BERCHIELLI et al., 2006). Oliveira et al. (2007) relatam que alimentos ricos em água, como é o caso da palma forrageira, podem suprir parte das exigências dos animais, especialmente em regiões semi-áridas. Sendo assim, o uso de palma seria uma boa opção em locais onde a falta de água, tanto em quantidade como em qualidade, tem sido um fator limitante para a criação de bovinos leiteiros (LIMA et al., 2003). Arnaud et al. (2005) observaram diminuição no consumo de água com níveis elevados de palma, sendo de 136,4 litros quando não havia nenhuma palma na dieta, apenas feno e concentrado, e 35,9 litros quando foram incluídos 51,6% de palma. Carvalho et al. (2005) ao trabalharem com níveis crescentes de palma forrageira em substituição ao feno de tífton, encontraram redução no consumo de água via bebida 26 e aumento no consumo de água via palma, sem diferenças no consumo total (Tabela 10). Tabela 10. Consumo e exigência de água de vacas em lactação. Variáveis Níveis de substituição do feno (%) 0 12,5 25 37,5 50 Água ingerida (l/dia) 100,5 86,31 66,34 49,97 32,8 Água via palma (kg) - 20,06 37,74 55,22 72,25 Total de água consumida (kg) 100,5 106,4 104,1 105,2 105,0 Fonte: Adaptado de Carvalho et al. (2005) Como pôde ser observado, a água é um nutriente essencial aos animais emcondições de estresse por calor, servindo de meio para dissipação do calor interno e melhorando a ingestão e digestão dos alimentos, entretanto sua fonte deve ser limpa, fresca e sempre disponível e acessível para o animal. 3. Consumo de proteína A diminuição no consumo de matéria seca, durante o tempo quente, reduz consequentemente, a quantidade de nutrientes consumidos, inclusive a proteína bruta. Deste modo, frequentemente, é aumentada a densidade dietética de proteína para compensar o baixo consumo (WEST, 1999). No entanto, é importante a adoção de um critério quanto ao balanceamento protéico de dietas em vacas sob estresse térmico, não só devido ao efeito direto que a proteína tem sob o processo digestivo em ruminantes, mas também pelo fato da metabolização do excesso de proteína ter um custo energético (SIMAS, 1998). Hassan e Roussel (1975) constataram, em condições quentes, maior consumo de matéria seca e produção de leite nas vacas que receberam dietas com níveis mais elevados de proteína (20,8%) em comparação as que receberam dieta com 14,3% de proteína bruta, entretanto, segundo os autores, o aumento na produção de leite foi em resposta ao aumento no consumo. Por outro lado, Higginbotham et al. (1989) para testar o efeito da concentração de proteína e sua degradabilidade sobre a eficiência de lactação de vacas no meio da lactação em condições de estresse moderado a intenso, ofereceram as seguintes dietas: 27 alta proteína (18,4%) e alta degradabilidade, alta proteína (18,5%) e média degradabilidade, média proteína (16,1%) e alta degradabilidade, média proteína (16,1%) e média degradabilidade. A proteína de alta degradabilidade proporcionou um aumento de 15% no consumo de água, a produção de leite e a persistência foram inferiores para a dieta alta em proteína e alta degradabilidade em relação às demais, o consumo de matéria seca foi elevado em todos os tratamentos, mas menor nos animais submetidos a dietas com alta proteína que naqueles submetidos a dietas com média proteína. Foram observados também, níveis mais elevados de amônia ruminal e uréia no soro sanguíneo com a alta proteína na dieta. Pereira et al. (2007) avaliaram o efeito de níveis crescentes de concentrado (0,0; 24,0; 48,0; 72,0%) sobre as concentrações de uréia plasmática e urinária em bovinos 5/8 holandês-zebu com peso médio de 461 kg, o teor de proteína da dieta aumentou com os níveis crescentes de concentrado (8,02; 10,98; 13,94; 16,89, respectivamente). O aumento dos níveis de concentrado proporcionou aumento dos níveis de uréia plasmática e urinária, porém, não proporcionou perda de peso nos bovinos. Neste experimento, o ITU médio estava acima de 76 e a média máxima encontrada foi de 82 (LEITE et al., 2008). A presença do nitrogênio amoniacal no ambiente ruminal é fator essencial desde que esteja associada a uma fonte de energia adequada para poder ser utilizado para síntese de proteína microbiana. Porém, quando há um desequilíbrio entre o nitrogênio (seja ele proveniente da proteína, uréia ou amônia) e a energia no rúmen, o nitrogênio é absorvido e segue a corrente sanguínea aumentando a excreção dos compostos nitrogenados e uréia, que envolve custo energético, além de perda de nitrogênio. Segundo Tyrrel et al. (1970 apud SIMAS, 1998), a energia necessária para excreção de N via urina é por volta de 7,3 kcal/g de N. Assim, a energia necessária para formar uréia a partir do excesso de proteína mostra-se com a produção de calor (WEST, 1999). Outro fato que poderia piorar essa situação é que os compostos protéicos são oxidados incompletamente, e sua forma de excreção representa uma perda de energia do sistema (ROBERTSHAW, 2006). Diante destas referências pode-se concluir que em animais, principalmente sob condições de estresse pelo calor, não é suficiente apenas aumentar o nível de proteína na dieta para melhorar seu desempenho, pois somente este procedimento pode ocasionar prejuízos produtivos e econômicos. 28 Em ambiente quente, além da redução no consumo de energia, ocorre aumento nas exigências de mantença, de modo que se as exigências energéticas não forem supridas, a proteína da dieta irá ser desviada para satisfazer as exigências de energia do animal. Nestas condições, haverá um aumento nas exigências de energia, pois parte será necessária para converter a amônia em uréia. Assim, segundo West (1999), durante o tempo quente deve ser considerado o grau de estresse calórico assim como a qualidade da proteína administrada. A melhoria nas condições ambientais como sombreamento e resfriamento permitem que menor quantidade de proteína seja desviada para produção de energia e menos energia seja gasta na produção de uréia. Em condições de temperatura ambiente estressante, Arieli et al. (2004) concluiram que uma dieta contendo 15,3% de PB é suficiente para manter a produção de 35 kg de leite/d em vacas leiteiras expostas ao calor, desde que a refrigeração evaporativa forçada e a proporção matéria orgânica degradável no rúmen e proteína degradável no rúmen sejam adequadas. A quantidade bem como a proporção de proteína degradável no rúmen (PDR) para proteína não degradável no rúmen (PNDR) podem afetar o desempenho animal sob estresse térmico (SIMAS, 1998). As recomendações para a nutrição protéica são que a PDR não exceda 61% da proteína total da dieta e que a PNDR seja no máximo 100 g de N/d acima do recomendado pelo NRC (1989) (SIMAS, 1998), sendo que o máximo de proteína que uma dieta para vacas de alta produção deve conter é de 18% (SIMAS, 1998). Além disso, o fator qualidade de proteína (perfil de aminoácidos) pode ser um fator a se considerar. 4. Consumo de gordura A adição de gordura na dieta de vacas em lactação é uma prática comum, devido a maior densidade energética e baixo incremento calórico. Durante o tempo quente a suplementação com gordura tem sido defendida, e muitas vezes aumenta a produção de leite de vacas após o pico de produção quando a ingestão de energia não deve ser limitante (DRACKLEY et al., 2003). Conforme Simas (1998), a utilização de gordura como fonte de alívio ao estresse térmico se baseia na sua maior densidade energética o que propicia, numa situação de menor consumo de matéria seca, a manutenção do consumo energético. Outra característica importante da utilização de gordura por ruminantes é o fato destas não sofrer fermentação ruminal não havendo geração de calor 29 associado com esse processo, além disso, sob o ponto de vista de metabolismo pós absortivo o custo energético (produção de calor) para utilização de gordura é inferior (SIMAS, 1998). A conversão de gordura dietética à gordura corporal é altamente eficiente quando comparado com a conversão do acetato para ácidos graxos (BALDWIN et al., 1980 apud WEST, 1999). Porém, segundo o NRC (2001) em muitas situações, o total de gordura na dieta não pode exceder 6 a 7% do consumo de matéria seca. Níveis mais elevados de gordura pode não ser tolerado pelos microorganismo ruminais. Estudos têm sido conduzidos para avaliar a hipótese que a gordura suplementar diminui a produção de calor pelo animal além de permitir maior consumo de energia. Knapp e Grummer (1991) compararam o efeito de dietas isoproteicas (17% PB) sem gordura (1.64 Mcal NEl/kg de matéria seca) e com suplementação de 5% de gordura (1.83 Mcal NEl/kg de matéria seca) para vacas Holandesas multíparas com 50 a 100 dias pós-parto e produzindo 31 a 45kg/d de leite, em diferentes ambientes térmicos (condição termoneutra com temperatura de 20,5°C com 38% de umidade relativa por 24h/d; estresse térmico com temperaturas de 31,8°C com 56% deumidade relativa por 14 h/d e 25,9°C com 56% de umidade relativa por 10 h/d). Foi constatado que o consumo de matéria seca, produção de leite e percentagem de proteína no leite não diferiu entre as dietas; o estresse calórico causou aumento na freqüência respiratória e temperatura retal, diminuiu o consumo de matéria seca e produção de leite, mas não afetou a percentagem de gordura no leite, porém apenas a percentagem de gordura no leite foi maior com a suplementação. Os resultados sugerem que a suplementação de gordura aumenta a performance da lactação em ambos ambientes. Em outro experimento conduzido por Drackley et al. (2003), que avaliaram a resposta de vacas primíparas e multíparas no meio da lactação durante o clima quente ao aumento da densidade energética pela suplementação de gordura ou concentrado. Ao grupo controle foi fornecido 40% de concentrado, 35% de silagem de alfafa e 25% de silagem de milho (CO), no segundo os animais receberam a dieta do controle com suplementação de 3% de gordura (SG); e no outro forneceu-se 60% de concentrado (alto concentrado), 15% de silagem de alfafa e 25% de silagem de milho (AC); todas as dietas foram isoproteicas, as dietas SG e AC foram isoenergéticas (1,60 Mcal de energia líquida para lactação (ELl por kg de MS) e a dieta CO com menor teor energético (1,52 Mcal/kg). Observou-se que consumo de matéria seca foi maior quando as vacas foram alimentadas com CO que com SG, a produção de leite foi aumentada pela alta energia 30 da dieta mas o teor de gordura diminuiu, a freqüência respiratória e temperatura retal foram maior para a vaca alimentada com CO que com SG. Nestes resultados, constatou- se que em ambiente com temperatura elevada a adição de gordura tem pequena vantagem em relação ao concentrado. A inclusão de lipídeos insolúveis no rúmen pode ser uma boa alternativa para animais em estresse por calor, pois, segundo Vilela et al. (2002) além de aumentar a densidade calórica da dieta sem comprometimento da degradação da fibra, possibilita maior ingestão e melhor eficiência de utilização da energia. Beed e Collier (1986) relataram que técnicas nutricionais como formação de sabões de cálcio de gordura ou gordura revestida com proteína tratada com formaldeído reduziram eficazmente o efeito tóxico da gordura na fermentação ruminal, aumentando a eficiência e a produção do leite com a adição de lipídios protegidos em 20 a 30% no consumo de energia metabolizável. Vilela et al. (2002) observaram que a adição de 700 g/vaca/dia de gordura protegida com sabões de cálcio fornecida a vacas (peso médio de 523 kg) no terço inicial da lactação mantidas em pastagem, proporcionou aumento na produção de leite, . Jaeger e Oliveira (2007), trabalhando com bovinos de corte, machos inteiros de diferentes grupos genéticos (Nelore, Canchim x Nelore (F1), Limousin x Nelore (F1) e Aberdeen-Angus x Nelore (F1)), com idade de 14 meses e peso vivo de 333 kg, constataram que a adição de 5% de gordura protegida à dieta aumentou a digestibilidade do extrato etéreo e proporcionou os melhores desempenhos (Tabela 11). Tabela 11. Valores médios ajustados do consumo de matéria seca (CMS), de proteína bruta (CPB), ganho de peso diário (GPD) e conversão alimentar (CA) dos animais, em função das dietas. Dieta CMS (%PV) CMS (g/kg0,75) CPB (kg/d) GPD (kg/d) CA (kg MS/kg ganho) Sem gordura protegida 2,60a 117,69a 1,10a 1,379b 8,39a Com grodura protegida 2,43b 109,90b 1,13a 1,474a 7,08b Coeficiente de variação (%) 10,51 10,41 8,16 15,93 16,47 Médias seguidas de uma mesma letra na coluna não diferem entre si em nível de 1% de probabilidade pelo teste F. 31 Apesar das vantagens constatadas com o uso de gordura protegida na dieta de ruminantes, não foi encontrado na literatura consultada comparações na sua aplicação em animais sob estresse pelo calor. Deste modo, estudos com animais em condições de estresse por calor devem ser conduzidos com diferentes níveis de gordura protegida na dieta. 5. Consumo de minerais O aumento da evaporação da água nas vias respiratórias devido à maior freqüência respiratória, implica na alteração do balanço ácido-básico sanguíneo que por sua vez tem importante impacto na conservação de macrominerais pelo animal (SIMAS, 1998). Com o aumento da freqüência respiratória, a expiração de CO2 excede a sua formação causando uma diminuição na pressão parcial de CO2 no sangue, consequentemente ocorre a diminuição da concentração de ácido carbônico no sangue resultando numa alcalose respiratória. Em conseqüência dessas alterações, o pH do sangue e da urina se elevam na tentativa de proporcionar equilíbrio da relação entre HCO3 e CO2 e da relação entre ácido carbônico e HCO3, para manutenção do pH sanguíneo, a vaca excreta íons HCO3 na urina, além disso, a alcalose sanguínea também causa uma diminuição na excreção dos íons H. Entretanto, para que haja excreção do ânion HCO3, um cátion deve ser excretado, sendo o sódio (Na) encontrado em maior concentração na urina de animais sob condições de estresse térmico, indicando que a demanda por esse mineral é aumentada devido a excreção renal (SIMAS, 1998). Outro cátion que tem sua demanda aumentada em condições de estresse térmico é o potássio (K), devido a sua eliminação com o suor (SIMAS, 1998). Segundo Beede e Shearer (1991 apud BACCARI JR., 2001), nas horas de mais pico de calor, vacas sob radiação solar direta eliminaram 5 vezes mais K pelo suor que suas companheiras na sombra, ademais, durante o estresse pelo calor as vacas aumentaram a excreção de Na pela urina, na tentativa de conservar K nos rins. Experimentos demonstraram que a suplementação adicional de K e Na, sob estresse térmico, aumentou a produção de leite de 3 a 9% e de 7 a 18%, respectivamente (SANCHEZ et al., 1994). Schneider et al. (1986) observaram aumento no consumo de matéria seca e produção de leite com a adição de Na ou K na dieta de vacas da raça Holandesa. Os 32 mesmos relataram que vacas em estresse calórico podem aumentar a produção de leite devido ao consumo de bicarbonato de sódio ou cloreto de sódio, porém, nesse caso, esse aumento pode ser causado principalmente pela presença do sódio. E que devido o conteúdo de K no leite ser maior do que qualquer outro mineral, menor quantidade de K na dieta pode limitar a produção. 33 SUPLEMENTAÇÃO COM ADITIVOS Diante dos prejuízos que o ambiente quente pode causar na produção animal, diversos pesquisadores têm procurado fazer uso de substâncias que melhore o metabolismo e desempenho animal em condições de estresse. Serão relatados algumas dos produtos utilizados na pecuária bovina e seus efeitos sobre a homeostase e produção animal. 1. Cromo De acordo com Berchielli et al. (2006) existem poucas informações sobre os efeitos do cromo dietético no metabolismo, saúde e desempenho animal. Sabe-se que a principal função deste mineral é potencializar a ação da insulina por meio de sua presença no composto GTF (fator tolerante a glicose), este composto facilita a interação da insulina com receptores localizados nas superfícies das células, melhorando a sensibilidade à insulina e aumentando a resposta à sua ação em tecidos periféricos (McDOWELL, 1999 apud BERCHIELLI et al., 2006). An-Qiang et al. (2009) avaliaram o efeito de níveis crescentes de picolinato de cromo (0; 3,6; 7,2 e 10,8 mg de cromo/cabeça/dia) na dieta de vacas multíparas da raça Holandesa (15-22 dias pós-parto) em condições de estresse (ITU = 79,61). A adição de cromo não alterou as temperaturas retais e freqüências respiratórias, mas proporcionouaumento no consumo de matéria seca e na produção de leite sem afetar sua composição. Resultados semelhantes foram obtidos por Al-Saiady et al. (2004), com o uso de quelato de cromo na dieta de vacas da raça Holandesa (ITU = 78.6). 2. Niacina O ácido nicotínico (niacina ou vitamina B3) é sintetizada em todos os seres vivos, esta vitamina compõe as coenzimas nicotinamida adenosina dinucleotídeo (NAD) e nicotinamida adenosina dinucleotídeo fosfato (NADP), importantes no metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídeos (BERCHIELLI et al., 2006). Nos ruminantes, é necessária para a desintoxicação hepática da amônia, proveniente do sangue portal, formando uréia, e no metabolismo hepático das cetonas em cetoses. 34 De acordo com Altschul (1994 apud COSTANZO et al., 1997) concentrações terapêuticas de niacina podem causar vasodilatação periférica e interna. Como a temperatura corporal é dependente das taxas de ganho e perda de calor sendo essas taxas afetadas por gradientes térmicos entre o animal e o meio, o uso de niacina pode alterar o processo de perda de calor e afetar a temperatura corporal de modo a diminuir os efeitos do estresse por calor nos animais (SIMAS, 1998). Para testar a hipótese, Costanzo et al. (1997) avaliaram o efeito da suplementação de niacina sobre as respostas de termorregulação de vacas da raça Holandesa em condições de verão. Os resultados indicaram que sob estresse moderado e severo, a suplementação com niacina não teve efeito sobre a temperatura retal, nem aumentou significativamente a produção de leite, mas diminuiu a temperatura da pele. Berchielli et al. (2006) relatam que embora haja alguns conflitos, os resultados de pesquisas realizadas para avaliar os efeitos da suplementação de niacina em dietas de ruminantes, têm apontado inúmeras respostas como o aumento na síntese de proteína microbiana; aumento do número de protozoários no rúmen; efeito benéfico sobre o consumo de alimento e produção de leite em vacas leiteiras submetidas a estresse pelo calor; correção da depressão na proteína do leite, induzida pela adição de gordura dietética; aumento na produção de leite e na proteína do leite; redução na concentração de -hidroxibutirato em vacas com cetose e reversão de cetose subclínica e clínica. Apesar de diversos resultados indicar o potencial da suplementação com niacina, poucos são os trabalhos direcionados para avaliar o seu efeito na produção de bovinos em condições de estresse por calor. 3. Leveduras As leveduras têm sido usadas como aditivos para vacas de leite sob o princípio que podem aumentar a tolerância das vacas a altas temperaturas. As principais espécies a partir da qual essas culturas foram derivadas são cepas de Aspergillus oryzae e Saccharomyces cerevisiae. Esperava-se que se as leveduras tivessem um efeito de “estimular” a fermentação ruminal, ocorreria um aumento no calor produzido por fermentação, resultando num aumento da temperatura corporal (SIMAS, 1998). Porém, diversos estudos relatam que animais suplementados com A. oryzae tiveram a temperatura retal e a freqüência respiratória diminuída, apesar da magnitude do efeito ser variável (HUBER et al., 1994). 35 Shwartz et al. (2009) observaram que a suplementação de cultura de fungo na dieta de vacas multíparas da raça Holandesa, não impediu os efeitos negativos do estresse pelo calor, apesar de ter proporcionado menor temperatura retal. Higginbotham et al. (1994) avaliaram os efeitos da adição de uma combinação do extrato de Aspergillus oryzue com uma cultura de Saccharomyces cerevisiae sobre a produção e composição do leite, temperatura retal e parâmetros ruminais em vacas da raça Holandesa no início da lactação. Não foram detectadas diferenças na produção de leite e percentagens de proteína e gordura do leite, e nos parâmetros ruminais avaliados (% de ácidos graxos voláteis, pH e quantidade de amônia ruminal); entretanto a percentagem de lactose no leite foi menor para o grupo que recebeu a suplementação com as culturas. Um resultado interessante encontrado foi o da temperatura retal cujas médias diferiram significativamente, porém, quando foram analisadas separadamente por semana, a vacas que receberam suplementação na dieta tiveram temperaturas menor nas 7 das 17 determinações semanais avaliadas, sendo esta diferença mais evidente no mês em que a temperatura ambiental média máxima foram de 37,5°C. Este resultado pode indicar que os efeitos benéficos das leveduras podem ser mais acentuados em períodos quentes. Shaver e Garrett (1997) observaram que em 8 dos 11 rebanhos avaliados a produção de leite teve respostas positivas à suplementação com culturas de Saccharomyces Cerevisiae. Em uma revisão, Huber et al. (1994) mostraram que existem variações nos resultados nas respostas das variáveis fisiológicas e produção de leite, quanto a suplementação de leveduras, e concluíram que os efeitos das leveduras ainda estão para ser determinados. Higginbotham et al. (1994) recomendam a realização de mais pesquisas para avaliar os efeitos da suplementação de culturas de Saccharomyces cerevisiae e/ou Aspergillus oryzue em diversos regimes alimentar. Faz-se necessário também, avaliar esses efeitos em condições ambientais estressantes. 36 CONSIDERAÇÕES FINAIS Existe uma variação na intensidade de resposta dos animais frente aos estímulos estressores do ambiente térmico. Animais submetidos ao estresse pelo calor apresentam desempenhos inferiores à sua capacidade produtiva. Conhecer as exigências dos animais em seu ambiente de criação é de grande importância para maximizar a produção, principalmente em ambientes com temperatura, umidade e radiação elevada. O uso de aditivos pode proporcionar uma melhor produção animal, em ambientes quentes, contudo os resultados dos trabalhos têm sido variados necessitando de mais pesquisas direcionadas aos efeitos destes aditivos na produção de animais criados em ambientes quentes. Além da manipulação dos alimentos para animais criados em ambiente quentes, faz-se necessário a adoção de recursos arquitetônicos que reduzam a intensidade de estresse ambiental. A disponibilidade de água em quantidade e qualidade é essencial para bovinos criados em ambientes quente. O uso de alimentos com alta umidade, como o caso da palma, é uma excelente opção, principalmente para regiões com escassez de água. Porém, deve-se respeitar o teor mínimo de FDN exigido pelos bovinos. 37 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AL-SAIADY, M. Y.; AL-SHAIKH, M. A.; AL-MUFARREJ, S. I.; AL-SHOWEIMI, T. A.; MOGAWER, H. H.; DIRRAR, A. Effect of chelated chromium supplementation on lactation performance and blood parameters of Holstein cows under heat stress. Animal Feed Science and Technology, v. 117, p. 223–233, 2004. AN-QIANG, L.; ZHI-SHENG, W.; AN-GUO, Z. Effect of Chromium Picolinate Supplementation on Early Lactation Performance, Rectal Temperatures, Respiration Rates and Plasma Biochemical Response of Holstein Cows under Heat Stress. Pakistan Journal of Nutrition, v. 8, n. 7, p. 940-945, 2009. ARIELI, A.; ADIN, G.; BRUCKENTAL, I. The effect of protein intake on performance of cows in hot environmental temperatures. Journal of Dairy Science, v. 87, p. 620–629, 2004. ARNAUD, B. L.; VÉRAS, A. S. C.; FERREIRA, M. A.; SILVA, F. M.; OLIVEIRA, V.; BRASIL, L. H. A.; AZEVEDO, M. Efeitos da substituição do feno de capim- tifton e do farelo de milho pela palma forrageira e pelo farelo de soja sobre a ingestão de alimentos e parâmetros fisiológicos. Acta Scientiarum. Animal Sciences, v. 27, n. 4, p. 475-482, 2005. AZEVEDO, M.; PIRES, M. F. A.; SATURNINO, H. M.; LANA,A. M. Q; SAMPAIO, I. B. M.; MONTEIRO, J. B. N.; MORATO, L. E. Estimativa de níveis críticos superiores do índice de temperatura e umidade para vacas leiteiras ½, ¾ e 7/8 Holandês-Zebu em lactação. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 34, n. 6, p.2000- 2008, 2005. BACCARI JR., F. Manejo ambiental da vaca leiteira em climas quentes. Londrina: Ed. UEL, 2001. 142p. BEED, D. K.; COLLIER, R. J. Potential nutritional strategies for intensively managed cattle during thermal stress. Journal of Animal Science, v. 62, p. 543−554, 1986. BERCHIELLI, T. T.; PIRES, A. V.; OLIVEIRA, S. G. Nutrição de ruminantes. Jaboticabal: FUNEP, 2006. 583p. BERNABUCCI, U.; BANI, P.; RONCHI, B.; LACETERA, N.; NARDONE, A. Influence of short- and long-term exposure to a hot environment on rumen passage rate and diet digestibility by friesian heifers. Journal of Dairy Science, v. 82, p. 967–973, 1999. BLACKSHAW, J. K.; BLACKSHAW, A. W. Heat stress in cattle and the effect of shade on production and behaviour: A review. Australian Journal of Experimental Agriculture, v. 34, n. 2, p. 285−295, 1994. CAMPOS, A. T. Importância da água para bovinos de leite. Instrução técnica para o produtor de leite, Embrapa gado de leite, março, 2006. disponível em: <http://www.cileite.com.br/tecnicas/arquivos/31Instrucao.pdf>. Acesso em 23/08/2009. 38 CARVALHO, M. C.; FERREIRA, M. A.; CAVALCANTI, C. V. A.; VÉRAS, A. S. C.; SILVA, F. M.; AZEVEDO, M. Substituição do feno de capim tifton (Cynodon spp. cv 85) por palma forrageira (Opuntia fícus indica Mill) e comportamento ingestivo de vacas da raça holandesa. Acta Scientiarum. Animal Sciences, v. 27, n. 4, p. 505-512, 2005. COSTANZO, A.; SPAIN, J. N.; SPIERS, D. E. Supplementation of nicotinic acid for lactating Holstein cows under heat stress conditions. Journal of Dairy Science, v. 80, n. 6, p.1200–1206, 1997. DRACKLEY, J. K.; CICELA, T. M.; LACOUNT, D. W. Responses of primiparous and multiparous Holstein cows to additional energy from fat or concentrate during summer. Journal of Dairy Science, v. 86, p.1306–1314, 2003. FERREIRA, R. A. Maior produção com melhor ambiente para aves, suínos e bovinos. Viçosa, MG: Aprenda Fácil, 2005. 371p. GENGLER, W. R.; MARTZ, F. A.; JOHNSON, H. D.; KRAUSE, G. F.; HAHN, L. Effect of Temperature on Food and Water Intake and Rumen Fermentation. Journal of Dairy Science, v. 53, n. 4, p. 434-437, 1970. HAFEZ, E. S. E. Adaptación de los animales domésticos. Barcelona: Labor, S. A., 1973. 563p. HAHN, G. L. Manegement and housing of farm animals in hot environments. In: YOURSEF, M. K. Stress physiology in livestock. v. 2. Ungulates. Boca Raton: CRC Press, Inc., 1985. p.151-174. HASSAN, A.; ROUSSEL, J. D. Effect of protein concentration in the diet on blood composition and productivity of lactating Holstein cows under thermal stress. The Journal of Agricultural Science, Cambridge, v. 85, p. 409−415, 1975. HIGGINBOTHAM, G. E.; TORABI, M.; HUBER, J. T. Influence of dietary protein concentration and degradability on performance of lactating cows ouring hot environmental temperatures. Journal of Dairy Science, v. 72, n. 10, p. 2554- 2564, 1989. HIGGINBOTHAM, G. E.; COLLAR, C. A.; ASELTINE, M. S.; BATH, D. L. Effect of yeast culture and Aspergihs oryzae extract on milk yield in a commercial dairy herd. Journal of Dairy Science, v. 77, p. 343-348, 1994. HUBER, J. T.; HIGGINBOTHAM, G.; GOMEZ-ALARCON, R. A.; TAYLOR, R. B.; CHEN, K. H.; CHAN, S. C.; WU, Z. Heat stress interactions with protein, supplemental fat, and fungal cultures. Journal of Dairy Science, v. 77, n. 7, p. 2080-2090, 1994. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Censo agropecuário 2006 resultados preliminares. Rio de Janeiro: IBGE, 2007. 146 p. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Produção da pecuária municipal 2007. v. 35. Rio de Janeiro: IBGE, 2008. 62 p. 39 JAEGER, S. M. P. L.; OLIVEIRA, R. L. Uso de gordura protegida sobre o desempenho e a digestibilidade para diferentes grupos genéticos de bovinos em confinamento. Magistra, v. 19, n. 2, p. 135-142, 2007. JOHNSON, H. D.; VANJONACK, W. J. Effects of Environmental and Other Stressors on Blood Hormone Patterns in Lactating Animals. Journal of Dairy Science, v. 59, n. 9, p. 1603-1617, 1976. KADZERE, C. T.; MURPHY, M.R.; SILANIKOVE, N.; MALTZ, E. Heat stress in lactating dairy cows: a review. Livestock Production Science, v. 77, p. 59–91, 2002. KLOSOWSKI, E. S.; CAMPOS, A. T.; CAMPOS, A. T.; GASPARINO, E. Estimativa do declínio na produção de leite, em período de verão, para Maringá-PR. Revista Brasileira de Agrometeorologia, v. 10, n. 2, p. 283-288, 2002. KNAPP, D. M.; GRUMMER, R. R. Response of lactating dairy cows to fat supplementation during heat stress. Journal of Dairy Science, v. 74, p.2573- 2579, 1991. KOZLOSKI, G. V. Bioquímica dos ruminantes. Santa Maria: UFSM, 2002. 140p. LAGANÁ, C.; BARBOSA JUNIOR, A. M.; MÉLO, D. L. M. F.; RANGEL, J. H. A. Respostas comportamentais de vacas holandesas de alta produção criadas em ambientes quentes, mediante ao sistema de resfriamento adiabático evaporativo. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, v.6, n.2, p. 67-76, 2005. LEITE, A. M.; AZEVEDO, M.; FERREIRA, M. A.; NEVES, M. L. M. W.; VÉRAS, A. S. C.; COSTA, L. A. B. Reações fisiológicas de bubalinos recebendo dietas com diferentes proporções de volumoso e concentrado. CONGRESSO NORDESTINO DE PRODUÇÃO ANIMAL, 5. Aracaju, SE. 2008. CD-ROM. LIMA, R. M. B.; FERREIRA, M. A.; BRASIL, L. H. A.; ARAÚJO, P. R. B.; VÉRAS, A. S. C.; SANTOS, D. C.; CRUZ, M. A. O. M.; MELO, A. A. S.; OLIVEIRA, T. N.; SOUZA, I. S. Substituição do milho por palma forrageira: comportamento ingestivo de vacas mestiças em lactação. Acta Scientiarum. Animal Sciences, v. 25, n. 2, p. 347-353, 2003. MADER, T. L. Environmental stress in confined beef cattle. Journal of Animal Science, v. 81, p. 110-119, 2003. ( Supplemento 2). MAIA, A. S. C. SILVA, R. G. LOUREIRO, C. M. B. Sensible and latent heat loss from the body surface of Holstein cows in a tropical environment International. Journal of Biometeorology, v. 50, n. 1, p. 17-22, 2005a. MAIA, A. S. C.; SILVA, R. G.; LOUREIRO, C. M. B. Respiratory heat loss of Holstein cows in a tropical environment. International Journal of Biometeorology, v. 49, n. 5, p. 332-336, 2005b. MARTELLO, L. S., SAVASTANO JÚNIOR, H.; SILVA, S. L.; TITTO, E. A. L. Respostas fisiológicas e produtivas de vacas holandesas em lactação submetidas a 40 diferentes ambientes. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 33, n. 1, p. 181-191, 2004. MAZUMDER, A. R.; KUMAGAI, H. Analyses of factors affecting dry matter intake of lactating dairy cows. Animal Science Journal, v. 77, p. 53–62, 2006. McDOWELL, R. E. Bases biológicas de la producción animal en zonas tropicales. Zaragoza: Acribia, 1974. 692p. MORAIS, D. A. E. F.; MAIA, A. S. C.; SILVA, R. G. VASCONCELOS, A. M.; LIMA, P. O.; GUILHERMINO, M. M. Variação anual de hormônios tireoideanos e características termorreguladoras de vacas leiteiras em ambiente quente1. Revista Brasileira de Zootecnia, v.37, n.3, p.538-545, 2008. NÃÃS, I. A. Princípios de conforto térmico na produção animal. São Paulo: Editora Ícone. 1989. 183p. NRC - NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Effect of environment on nutrient requirements of domestic animals. Washington, D. C.: National Academy Press, 1981. 152 P. NRC - NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirements of beef cattle. 7.ed. Washington, D.C. 1996. 242p. NRC - NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirements of dairy cattle. 6.ed. Washington, D.C. 2001. 381 p. OLD, C. A.; GARRETT, W. N. Effects of energy intake on energetic efficiency and body composition of beef steers differing in size at maturity. Journal of Animal Science, v. 65, n.
Compartilhar