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METODOLOGIA CIENTÍFICA AULA 5 – PLANEJAMENTO E TIPOS DE TRABALHO CIENTÍFICO VOCÊ SABE POR ONDE COMEÇAR UM TRABALHO ACADÊMICO? A primeira fase de qualquer trabalho de pesquisa é a definição do que será estudado. Se o tema da pesquisa não for estabelecido pelo professor, você terá liberdade para fazê-lo. Porém, você deve ter cautela ao escolher o assunto que pretende investigar, porque essa flexibilidade pode te colocar em uma enrascada. Pensamos logo em escolher um tema de nosso interesse pelo nosso gosto, não é mesmo? Algo sobre o qual queremos saber mais e achamos atraente. Mas isso pode não ser nada produtivo. Ao escolher um tema, devemos levar em consideração, por exemplo, se há uma bibliografia considerável sobre o assunto, se esta é fácil de ser encontrado se estamos seguros para desenvolver os argumentos etc. Não podemos escolher algo sobre o qual não conseguiremos falar, não é verdade? Isso, sem dúvida, comprometerá o desenvolvimento do trabalho. ANTES DE INICIAR UMA PESQUISA VOCÊ DEVERÁ SEGUIR OS SEGUINTES PASSOS: 1 – ESCOLHA DO TEMA – O que vou pesquisar? A inspiração para o tema pode vir de um aspecto ou uma área de interesse de um assunto que se deseja provar ou desenvolver. A vivência diária, as questões polêmicas, reflexão, leituras, debates, discussões também nos servem como fontes de assuntos. 2 – ORIGINALIDADE – Precisam ser original? Originalidade não é pré-requisito. Você pode pesquisar um tema mesmo que este não seja inédito. 3 – REVISÃO DE LITERATURA – Se o tema não é inédito, quem já pesquisou algo semelhante? É importante saber quem já pesquisou o assunto escolhido e que contribuição deu para o seu desenvolvimento/conclusão. Para isso, procure trabalhos semelhantes ou idênticos e pesquise publicações na área. Depois liste os argumentos e veja quais textos você poderá utilizar para apoiar suas ideias. Essa revisão da literatura o ajudará até mesmo a organizar a estrutura do trabalho. 4 – JUSTIFICATIVA – Por que estudar esse tema? Que vantagens e benefícios a pesquisa proporcionará? Qual a importância profissional e cultura da pesquisa? As respostas dessas questões são as razões que o levarão a estudar o tema escolhido. 5 – FORMULAÇÃO DO PROBLEMA – Levantamento das questões norteadoras. Que questões estou disposto a responder? Deve- se definir claramente o problema, apresentá-lo no formato de perguntas e delimitá-lo em termos de tempo e espaço. 6 – DETERMINAÇÃO DE OBJETIVOS – O que pretendo alcançar com a pesquisa? É importante formular um único objetivo geral que apresente o propósito da pesquisa. Os objetivos específicos representam a divisão do objetivo geral em outros menores. EXEMPLO: Tema: Liderança autoritária e a motivação. Problematização: Como a liderança autoritária pode comprometer a motivação dos funcionários da Empresa XYZ? Objetivo Geral: Investigar como o estilo de liderança autoritária compromete a motivação dos funcionários na Empresa XYZ. Objetivos Específicos: Definir o conceito de liderança autoritária; Descrever alguns exemplos de liderança autoritária na Empresa XYZ; Definir o conceito de motivação; Analisar a relação entre liderança e motivação nas organizações. Você percebeu que os objetivos específicos desdobram o objetivo geral da pesquisa? Que estão inseridos nesse contexto maior? Você observou também que o objetivo geral expressa exatamente o que se pretende provar a partir da problematização do tema? Por meio da pesquisa e da dedicação você delimitará você delimitará facilmente tanto o objetivo geral quanto os específicos. PLANEJAR E PESQUISAR SÃO O LEMA Seguindo os passos que acabamos de analisar fica fácil perceber como é importante fazer um planejamento do trabalho, não é mesmo? Então, antes de iniciar qualquer trabalho acadêmico, dedique-se ao planejamento, procure traçar o caminho mais eficiente para ficar claro o que se pede com ele. Esse planejamento o ajudará a encontrar um tema interessante e sem obstáculos que comprometam a sua pesquisa. Assim, você caminhará com mais segurança ao realizar o trabalho, aumentando inclusive as chances de terminá-lo no prazo sem passar apertos, já que tem uma boa ideia de quanto tempo precisará dedicar a cada fase da pesquisa. O planejamento ainda contribui para a escolha de um tema que pode levar seu trabalho a ter uma aplicação prática. PROBLEMATIZAR Depois de escolhido o tema, deve-se pensar no problema a ser estudado. Sabemos que o mais comum ao ouvirmos a palavra problema é pensarmos em obstáculo, contratempo, situação difícil, conflito, não é? Mas, no nosso caso, o problema é científico e significa assunto controverso, isto é, refletir sobre um assunto que ainda não foi satisfatoriamente respondido, em qualquer campo de conhecimento. Este problema, então, faz de um tema um objeto de pesquisas científicas ou discussões acadêmicas, em qualquer domínio do conhecimento. A clareza na formulação do problema científico refletirá na formulação dos objetivos e, consequentemente, no sucesso de sua pesquisa. POR QUE ELABORAR PROBLEMAS CIENTÍFICOS? Problematizar consiste em formular questões sobre o tema, ou seja, apresentar um questionamento que envolve o tema da pesquisa. É preciso esclarecer, portanto, que não se trata de uma simples pergunta, mas de um enunciado construído pela observação e investigação a partir de leituras aprofundadas sobre o tema escolhido. Essa tarefa envolve habilidades do pesquisador, o domínio do assunto, bem como a bibliografia disponível. Veja estes três exemplos: PROBLEMAS DE ENGENHARIA Como fazer algo de maneira eficiente. Veja dois exemplos: “Como fazer para melhorar os transportes urbanos?” e “Como aumentar a produtividade no trabalho!” PROBLEMAS DE VALOR Aqueles que indagam se algo é bom ou mau, desejável ou indesejável, certo ou errado, melhor ou pior, se algo deve ou não ser feito. Veja dois exemplos: “Os pais devem dar palmadas nos filhos?” e “Qual a melhor técnica para a propaganda?”. PROBLEMA CIENTÍFICO Um problema é considerado de natureza científica quando envolve variáveis que podem ser tidas como testáveis, podem ser observadas e manipuladas. O termo variável é o dos mais empregados na linguagem dos pesquisadores. Seu objetivo é o de conferir maior precisão aos enunciados científicos, sejam hipóteses, teorias, leis, princípios ou generalizações. O conceito de variável refere-se a tudo aquilo que pode assumir diferentes valores ou diferentes aspectos, segundo os casos particulares ou as circunstâncias. Veja um exemplo: “Em que medida a escolaridade determina a preferência político-partidária?” Acima temos duas variáveis relacionando-se, escolaridade (variável 1) e preferência político-partidária (variável 2). AS VARIÁVEIS PODEM SER DE TRÊS TIPOS INDEPENDENTE: Variável que influencia, determina ou afeta outra variável, dando a condição ou a causa para certo resultado, efeito ou conseqüência. Exemplo: “Se dermos uma pancada no joelho dobrado de um indivíduo, sua perna esticará”. DEPENDENTE: Consiste nos valores a serem explicados ou descobertos, em virtude de serem influenciados, determinados ou afetados pela variável independente. Exemplo: “Se dermos uma pancada no joelho dobrado de um indivíduo, sua perna esticará”. INTERVENIENTE: É aquela que em uma sequência causal se coloca entre a variável independente e a dependente, tendo como função ampliar, diminuir ou anular a influência de uma sobre a outra. Exemplo: “A liderança autoritária influencia na motivação dos colaboradores”. Cada problema científico formulado conta com duas variáveis. EXEMPLO 1: a) “Os alunos de Administração são mais conservadores do que os de Ciência Sociais”. A variável relacionada ao Curso é independente em relação à variável relacionada ao Conservadorismo. Por isso, é mais importante. Conservadorismo,por sua vez, é uma variável dependente da primeira (Curso). Sendo, assim, menos importante. b) “A classe social da mãe influencia no tempo de amamentação dos filhos”. A variável relacionada à Classe social é independente em relação à variável relacionada ao Tempo de amamentação. Por isso, é mais importante. Tempo de amamentação, por sua vez, é uma variável dependente da primeira (classe social). Sendo, assim, menos importante. EXEMPLO 2: a) “É lícito fazer experiência com seres humanos?” R: Problema científico. b) “O que pode ser feito para melhorar a distribuição de renda?” R: Problema de engenharia. c) “Qual a melhor técnica psicoterápica?” R: Problema de valor. d) “Em que medida a escolaridade determina a preferência político partidária? R: Problema científico. A pesquisa científica não pode dar respostas a questões de engenharia ou de valor porque tais dados não são passíveis de verificação. Nesse sentido, o problema deve ser claro e preciso, ou seja, não deve ser formulado de maneira vaga e os termos usados devem ser adequados. O problema deve ser delimitado a uma dimensão viável, o que significa dizer que a delimitação do problema deve estar relacionada aos meios disponíveis para investigação. DOS PROBLEMAS ÀS HIPÓTESES Ao seguirmos a ordem das razões, podemos afirmar que a formulação de uma hipótese de pesquisa decorre da problematização. As hipóteses são as possíveis respostas encontradas para o problema formulado. A problematização requer possibilidades de respostas, que compõem alternativas que devem ser consideradas e examinadas. EXEMPLO DE HIPÓTESE Tema: mortalidade infantil. Problematização: em que medida o fenômeno da mortalidade infantil está relacionado à desnutrição da crianças? Você percebeu que o pesquisador ao constatar a relação entre as variáveis (mortalidade infantil e desnutrição) formulou uma hipótese? RELATÓRIO O Relatório é a parte final de uma pesquisa. Seu objetivo consiste em dar ao leitor o resultado completo do estudo, apresentando fatos, dados, procedimentos utilizados, resultados obtidos, chegando a certas conclusões e recomendações. O relatório está estruturado em: COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA OU PAPER Segundo a ABNT (1989), paper é um pequeno artigo científico elaborado sobre determinado tema ou resultados de um projeto de pesquisa. É utilizado nas comunicações em congressos e reuniões científicas, sujeitos à sua aceitação por julgamento. A finalidade de um paper é formar um problema, estudá-lo, adequar hipóteses, cotejar dados, prover uma metodologia própria e, finalmente, concluir ou eventualmente recomendar. Por ser bastante técnico, o paper pode conter fórmulas, gráficos, citações e pés de página, anexos, adendos e referências. A última coisa que se destaca neste tipo de trabalho é a opinião do autor. Por isso, em um paper, o julgamento de quem o escreveu é velado e tem a aparência imparcial e distante, não deixando transparecer tão claramente as crenças e as preferências do escritor. Conforme Carmo - Neto (1996), os dados de um paper são geralmente experimentais, mensuráveis objetivamente. Mesmos os mais intuitivos ou hipotéticos sempre imprimem certo aspecto científico e quase sempre são formados a partir de uma metodologia própria para aquele fim. SEMINÁRIO É um procedimento didático que consiste em levar o aluno a pesquisar a respeito de um tema, a fim de apresentá-lo e discuti-lo cientificamente. Poderá funcionar com um só grupo ou dividir-se em subgrupos, dedicando cada um deles ao estudo de aspectos particulares de um mesmo tema ou temas diferentes de uma disciplina. Cada integrante terá uma tarefa individualizada. Neste caso, a exposição poderá ficar a cargo de um representante do grupo ou poderá haver a apresentação de cada integrante individualmente. Para a dinâmica desta atividade em grupo, sugerimos que o trabalho seja organizado com os seguintes participante: Coordenador – é representado pelo professor. É ele que propõe os temas, indica a bibliografia inicial, estabelece a agenda de trabalho e fixa a duração das apresentações. Organizador – é representado por um integrante do grupo. Este ficará responsável pelas reuniões, coordenará as etapas da pesquisa e poderá designar tarefas para todos os componentes do grupo. Relator – será o componente responsável pela exposição dos resultados dos estudos do grupo, porém não é o único a falar em sala de aula. Secretário – será representado pelo integrante designado pelo professor para anotar as conclusões finais, após os debates. Comentadores – são os escolhidos pelo professor para o aprofundamento crítico do tema. Devem estudar com antecedência o tema a ser apresentado com o intuito de fazer críticas adequadas à exposição, antes da discussão e por ocasião do debate com os demais participantes. Debatedores – são todos os alunos da classe. Participam fazendo perguntas, pedindo esclarecimentos, colocando objeções, reforçando argumentos ou dando alguma contribuição. ANTEPROJETO DE PESQUISA Trata-se de um documento temático que apresenta de maneira concisa o conteúdo de um projeto de pesquisa. É um estudo preparatório, esboço ou conjunto dos estudos preliminares, que irá constituir, depois das necessárias alterações, as diretrizes básicas do projeto definitivo. Um anteprojeto de pesquisa dividi-se em: PROJETO DE PESQUISA O projeto de pesquisa apresenta os pontos principais que revelam a definição de um problema, a revisão sucinta da bibliografia e a metodologia. Assim, a primeira parte apresenta a introdução, o objetivo, a justificativa, as questões norteadoras ou hipóteses do estudo. Já a segunda parte contempla a metodologia, indicando o tipo de pesquisa que será desenvolvida e os instrumentos a serem utilizados. Um anteprojeto de pesquisa dividi-se em: ARTIGO CIENTÍFICO É um pequeno estudo que trata de uma questão científica e destina-se a publicações em revistas ou periódicos. Difere-se da monografia pela sua reduzida dimensão e conteúdo. O artigo também deve ser estruturado em três partes (NBR 6022): elementos pré- textuais; textuais e pós-textuais. Estrutura de um artigo científico: MANOGRAFIA A monografia, no sentido etimológico, significa “dissertação a respeito de um assunto único”, pois monos significa “um só” r grafia significa “escrever”. A monografia é um trabalho científico que se caracteriza pela especificação, ou seja, a redução da abordagem a um só assunto, a um só problemas. Portanto, monografia é um trabalho com tratamento escrito de um tema específico que resulte de interpretação científica com a finalidade de apresentar uma contribuição relevante ou original à ciência. Subtipos de monografia: TCC – Significa “Trabalho de Conclusão de Curso”. Trata-se de um documento que representa o resultado de um estudo, devendo expressar conhecimento do assunto escolhido e elaborado sob a coordenação de um orientador. DISSERTAÇÃO – É um tipo de trabalho apresentado no final do curso de pós-graduação stricto sensu, visando obter o título de mestre. Este tipo de trabalho acadêmico requer defesa pública. Como estudo teórico, de natureza reflexiva, a dissertação requer sistematização, ordenação e interpretação dos dados. TESE – Também é um tipo trabalho apresentado no final do curso de pós-graduação stricto sensu e confere ao seu escritor o título de doutor. ATIVIDADE PROPOSTA 1. Parte final de uma pesquisa. Seu objetivo consiste em dar ao leitor o resultado completo do estudo. R: Relatório. 2. Tipo de trabalho que tem 3 subtipos. R: Monografia. 3. Muitas pessoas estão envolvidas na elaboração deste trabalho. R: Seminário. 4. Estudo preparatório, esboço ou conjunto dos estudos preliminares, que irão construir as diretrizes básicas do projeto definitivo. R: Anteprojeto. 5. Pontos principaisque revelam a definição de um problema, a revisão sucinta da bibliografia e a metodologia. R: Pesquisa.
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