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Obrigações do Empresário: Inscrição no Registro

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4. As obrigações do empresário
4.1. A inscrição no registro da empresa
A referência às obrigações do empresário não está relacionada àquelas de natureza contratual contraídas no âmbito da atividade empresarial, mas a própria condição de ser empresário e, nesse sentido, se identifica três obrigações fundamentais.
A primeira obrigação descrita no art.967 CC é a inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis: “É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade”, pouco importando se a atividade vai ser praticada individualmente ou pela constituição de uma sociedade empresária.
Qual é a finalidade do registro? Para responder a essa pergunta é possível buscar alguns paradigmas ou outras situações concretas no sistema: a pessoa, ao nascer, faz o seu registro no Cartório de Registro Civil; o imóvel tem a sua inscrição no Registro de Imóveis; o automóvel tem o registro no Cartório de Registro de Veículos Automotores. Por quê? Porque, face à sua relevância, o registro serve para dar publicidade de alguma coisa. E por que é preciso dar publicidade a quem pratica atividade empresarial? Porque a atividade empresarial, considerando que não há simultaneidade nas relações contratuais, é uma atividade que basicamente envolve operações de crédito, ou seja, a noção de que alguém faz algo inicialmente para outra pessoa e efetivamente ficará na expectativa de uma contraprestação futura.
Na medida em que a prática da atividade empresarial envolve a produção e/ou circulação de bens ou serviços através de relações de crédito, essa idéia de publicidade passa a ser fundamental para identificar e criar um mínimo de identidade às pessoas que concedem crédito a desconhecidos. É óbvio que aqui não há a garantia de que todo mundo que pratica a atividade empresarial está devidamente inscrito no Registro de Empresas, da mesma forma que não existe a garantia de que todo o imóvel está inscrito no Registro de Imóveis e de que a pessoa que nasceu, que compra, vende, vai ao supermercado, tem lá a sua certidão de nascimento, mas é um primeiro requisito.
Inclusive se poderia questionar esse preceito do art.967 CC pela falta de sanção expressa pela falta de adimplemento, qualificando-o como carente de coercibilidade. Não, a sanção a esse preceito é indireta e está esculpida no sistema, porque aquele que não tiver a inscrição regular no Registro de Empresa não vai poder ter acesso a financiamentos públicos, não vai poder gozar dos benefícios da lei, por exemplo, com relação à recuperação judicial, não poderá provavelmente gozar dos benefícios de tributação simplificada, entre outros.
Então, a idéia da inscrição no Registro de Empresa passa necessariamente por uma percepção de que essa publicidade é um elemento necessário para proteger ou dar acesso à sociedade às informações de quem pratica a atividade empresarial.
O art.968 dá os requisitos dessa inscrição. Para fazer a inscrição, há que se informar no requerimento alguns dados específicos, como nome e domicílio, capital será utilizado na prática da atividade, o objeto e a sede onde será praticada a empresa.
Essa sanção, que é indireta, alcança tanto a pessoa natural quanto a chamada pessoa jurídica. Com essa consideração, é possível dizer que a pessoa jurídica, além de ter essas sanções indiretas - não poder obter financiamentos públicos, não poder gozar do benefício da recuperação judicial, não poder pedir a falência de ninguém, porque, para pedir a falência, enquanto credor-empresário, precisa mostrar a regularidade de inscrição -, ainda tem a inscrição como um requisito para a sua personificação, ou melhor explicando, para a sua autonomia em relação aos seus sócios.
A inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis, materializado nas Juntas Comerciais faz parte da competência registral desse órgão que identifica três atos relacionados à sua atividade. O primeiro deles é a matrícula. A matrícula de quem? Dos agentes auxiliares da atividade empresarial. Quais são? O leiloeiro, o tradutor juramentado, todos eles, para estarem regulares, precisam de uma matrícula na Junta Comercial. Isso é feito mediante um registro. O segundo é a inscrição da atividade e o arquivamento dos atos constitutivos das sociedades empresárias ou das suas alterações estatutárias ou contratuais, que concederá ao requerente um NIRE – número de inscrição no registro de empresa, por fim, a autenticação dos livros da atividade empresarial que também deve ser feita na Junta Comercial.
A Junta Comercial é uma autarquia vinculada à Secretaria da Indústria e Comércio de cada um dos Estados da Federação. O que ainda representa um atraso no controle da atividade vez que não há uma base unificada de dados, cada Estado tem a sua Junta Comercial. Conseqüentemente, se for constituída uma sociedade em um determinado Estado da Federação e uma sociedade semelhante em outro local, é possível ter, inclusive, a identidade de nomes, e isso só vai se solucionar no futuro caso exista um confronto, prestigiando-se, então, o princípio da anterioridade. 
4.2. A escrituração regular de suas atividades
A segunda obrigação pela condição de empresário ou sociedade empresária é a escrituração regular de suas atividades. Isso está na primeira parte do art.1.179 CC, que estabelece que: “O empresário e a sociedade empresária” – aqui o elemento singular ou coletivo – “são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva [...]”. 
Quando se fala em escrituração regular - e aqui é possível utilizar como exemplo o livro diário, que é obrigatório -, resta demonstrada a obrigatoriedade do controle, pelo registro, das atividades do dia. A compra de uma mercadoria vem acompanhada por um documento fiscal, uma nota. Esse documento é o documento respectivo que comprovará a exatidão do registro. Se houve um pagamento e a pessoa que recebeu não forneceu o recibo, é possível fazer o registro? Não posso, pois não há um documento comprobatório do fato. O eventual registro dependeria do testemunho de alguém comprovando o pagamento, o que é um critério subjetivo nada interessante.
Dai que todo lançamento contábil precisa de um documento comprobatório da veracidade do ato descrito. Essa é uma primeira referência fundamental. O que tem isso de importante? É que, se os livros do empresário ou da sociedade empresária forem analisados, dentro de uma idéia de escrituração regular, se terá condições de, a partir deles, conhecer determinados atos praticados pela sociedade, as características desses atos e saber se efetivamente houve algum elemento que possa ser qualificado como irregular.
Diz o art.1.179 que se deve escriturar, mas não diz o que acontece se não houver a escriturarção. A falta da escrituração tem inúmeros efeitos. Mas antes disso vale mencionar que o § 2º do art.1.179 diz que: “É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art.970”, ou seja, fica afastado da obrigação o pequeno empresário, que terá uma forma de escrituração própria.
A Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, que trata de simplificar a tributação para os pequenos, qualifica o pequeno empresário e efetivamente afasta essa exigibilidade. O demais são obrigados a respeitar essa regra.
Mas quais são os problemas que podem gerar a falta de escrituração regular? Um primeiro problema é de natureza processual. Por que um problema de natureza processual? Conforme dispõe o art. 1.191 do Código Civil: “O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando necessária para resolver questões relativas à sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência”.
Na sequência, o art. 1.192 determina que: “Recusada a apresentação dos livros, nos casos do artigo antecedente, serão apreendidos judicialmente e, conforme estabelece o seu § 1º,ter-se-á como verdadeiro o alegado pela parte contrária para se provar pelos livros”. Ou seja, os livros fazem prova contrária.
O Código de Processo Civil também trata desse tema no art. 378, estabelecendo que: “Os livros comerciais provam contra o seu autor. É lícito ao comerciante, todavia, demonstrar, por todos os meios permitidos em direito, que os lançamentos não correspondem à verdade dos fatos”. 
O que significa que os livros provam contra o seu autor? Para ilustrar a resposta se utilizará um exemplo: faça de conta que João escreveu um livro, a editora contratou a publicação, porém não prestou contas. É possível que João ingresse com uma ação judicial com a seguinte afirmação: “Olha, o livreiro vendeu um milhão de exemplares e só está dizendo que vendeu cem. Eu quero que ele exiba os livros para demonstrar a quantidade que vendeu, porque ele terá que registrar”. Se o livro está mal escriturado ou não escriturado por algo que aconteceu no passado, por exemplo, se o último registro da atividade dele, embora pratique atividade regularmente, é de seis meses atrás, o que efetivamente isso representa? Que, na medida em que a falta de escrituração faz prova contra ele, se presumirão verdadeiros os fatos alegados contra o editor que não apresentou seus livros corretamente.
Além do disposto no art.378 do CPC, o art. 381 do mesmo diploma legal também trata do tema: “o juiz pode ordenar, a requerimento da parte, a exibição integral dos livros comerciais e dos documentos do arquivo”, bem como o art. 382: “O juiz pode, de ofício,” - para embasar o seu livre convencimento – “ordenar à parte a exibição parcial dos livros e documentos, extraindo-se deles a suma que interessar ao litígio, bem como reproduções autenticadas”. Ou seja, se tem aqui a possibilidade de que o juiz, de ofício, mesmo sem o requerimento da outra parte, obrigue a exibição de parte dos livros exatamente para fazer prova a favor ou contra, caso esteja mal escriturado. 
Mas também se pode ter problema na seara penal, especificamente no caso de crime falimentar (Lei nº 11.101, de 2005 - LF). O art.178 da LF diz que a omissão dos documentos contábeis obrigatórios é crime na medida em que o empresário ou a empresa “deixar de elaborar, escriturar ou autenticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder a recuperação judicial ou homologar o plano de recuperação extrajudicial, dos documentos de escrituração contábil obrigatórios. Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave”. 
Também se tem a possibilidade de problemas no âmbito tributário. A falta de escrituração regular permite ao agentes fazendários fazerem o lançamento que entederem devido por arbitramento, normalmente com uma boa margem de segurança, e, consequentemente, se o valor for absurdo, quem vai ter que provar que o valor não é devido será o contribuinte na medida em que ele não tem os seus registros em dia.
Na seara cível, não poderá o empresário requerer o benefício da recuperação judicial, porque, para isso, preciso apresentar a contabilidade em ordem. Nesse sentido dispõe o art. 51, inc. I da Lei nº 11.101, de 2005, o seguinte: “as demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de[...]”. Para a construção dessas demonstrações é preciso da escrituração regular das atividades do empresário. Se não tiver a escrituração regular, não é possível fazer os balanços nem os balancetes.
E como se faz essa escrituração? Diz o art.1.183 CC: “A escrituração será feita em idioma e moeda corrente nacionais e em forma contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes para as margens”. Ou seja, um registro após o outro, de acordo com a ordem cronológica dos acontecimentos. 
Que livros se deve ter? O livro diário é obrigatório, ele efetivamente registra essa movimentação do dia-a-dia. O art.1.180 refere que ele é indispensável, não obstante sejam obrigatórios todos os demais de acordo com a legislação aplicável à natureza da atividade.
4.3. O levantamento das demonstrações contábeis
A terceira obrigação é o levantamento das demonstrações contábeis. Essa exigência está determinada na segunda parte do art.1.179 CC e envolve basicamente o balanço patrimonial e o resultado econômico. Essa é uma obrigação anual. Anualmente, vai ter que se levantar o balanço patrimonial e o demonstrativo do resultado do exercício, ou seja, o resultado econômico, o que envolverá um quadro comparativo sobre os bens, direitos e obrigações da atividade empresarial ao término do exercício fiscal, o que normalmente coincide com o final do ano, além da definição do resultado econômico pela realização de uma conta envolvendo no plano da soma a receita operacional e financeira e no plano da subtração, a despesa operacional e financeira, fornecendo o resultado da atividade.
Verifica-se com essa exigência uma vertente fiscal, porque isso está relacionado à declaração do Imposto de Renda; uma vertente processual, porque, como visto, é necessário para que a pessoa possa pedir a recuperação judicial a apresentação dos balanços dos últimos três exercícios; além de uma societária, o que significa que os administradores terão que prestar contas aos sócios pelo menos uma vez por ano
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