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Metodologia Científica Luís Paulo Neves Adaptada por Gisele Guimarães e Revisada por Ana Cristina das Neves, Cláudia Fiorillo e Gisele Guimarães (junho/2012) É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Metodologia Científica, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina. A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis- ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail. Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação. Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple- mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal. A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar! Unisa Digital APRESENTAÇÃO INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 5 1 DEFINIÇÃO ................................................................................................................................................. 7 1.1 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................. 8 1.2 Atividades Propostas................................................................................................................................................. 9 2 O CONHECIMENTO............................................................................................................................. 11 2.1 Resumo do Capítulo ................................................................................................................................................12 2.2 Atividades Propostas...............................................................................................................................................12 3 CIÊNCIA E PESQUISA ........................................................................................................................ 13 3.1 Resumo do Capítulo ................................................................................................................................................16 3.2 Atividades Propostas...............................................................................................................................................16 4 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ................................................................................................. 17 4.1 Fases da Pesquisa .....................................................................................................................................................18 4.2 Coleta de Dados ........................................................................................................................................................18 4.3 Resumo do Capítulo ................................................................................................................................................18 4.4 Atividades Propostas...............................................................................................................................................19 5 ANTEPROJETO E PROJETO DE PESQUISA ......................................................................... 21 5.1 Partes do Projeto de Pesquisa ..............................................................................................................................22 5.2 Resumo do Capítulo ................................................................................................................................................25 5.3 Atividades Propostas...............................................................................................................................................25 6 NOÇÕES DE TEXTUALIDADE ....................................................................................................... 27 6.1 Resumo do Capítulo ................................................................................................................................................29 6.2 Atividades Propostas...............................................................................................................................................29 7 PRODUÇÃO DO TRABALHO MONOGRÁFICO ................................................................. 31 7.1 Determinação do Tema-Problema do Trabalho ............................................................................................31 7.2 Levantamento Bibliográfico .................................................................................................................................32 7.3 Leitura e Documentação .......................................................................................................................................33 7.4 A Construção Lógica do Trabalho Dissertativo ..............................................................................................33 7.5 A Redação do Trabalho...........................................................................................................................................34 7.6 Resumo do Capítulo ................................................................................................................................................35 7.7 Atividades Propostas...............................................................................................................................................35 8 TRABALHOS MONOGRÁFICOS: CONCEITUAÇÃO, ELEMENTOS E ESTRUTURA.......... 37 8.1 Conceituação dos Trabalhos Monográficos ....................................................................................................37 8.2 Elementos e Estrutura dos Trabalhos Monográficos ...................................................................................38 8.3 Regras de Apresentação ........................................................................................................................................46 8.4 Resumo do Capítulo ................................................................................................................................................49 8.5 Atividades Propostas...............................................................................................................................................50 SUMÁRIO 9 ELEMENTOS DE APOIO AO TEXTO .......................................................................................... 51 9.1 Citações ........................................................................................................................................................................51 9.2 Resumo do Capítulo ................................................................................................................................................53 9.3 Atividades Propostas...............................................................................................................................................53 10 NORMAS PARA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - ABNT .................................... 55 10.1 Elementos Essenciais ............................................................................................................................................55 10.2 Elementos Complementares.............................................................................................................................55 10.3 Localização ...............................................................................................................................................................56 10.4 Modelos de Referências.......................................................................................................................................56 10.5 Resumo do Capítulo .............................................................................................................................................59 10.6 Atividades Propostas ............................................................................................................................................60 11 OUTROS TRABALHOS: CONCEITUAÇÃO E ESTRUTURA ....................................... 61 11.1 Resenha .....................................................................................................................................................................61 11.2 Resumo ......................................................................................................................................................................62 11.3 Relatórios ..................................................................................................................................................................64 11.4 Artigos Científicos .................................................................................................................................................66 11.5 Comunicação Científica .......................................................................................................................................67 11.6 Painel ..........................................................................................................................................................................67 11.7 Resumo do Capítulo .............................................................................................................................................68 11.8 Atividades Propostas ............................................................................................................................................68 RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 69 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 75 APÊNDICE ..................................................................................................................................................... 77 ANEXO ............................................................................................................................................................. 79 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 5 Este manual pretende oferecer-lhe subsídios para os diversos aspectos e elementos característi- cos do trabalho acadêmico e científico. Contém conteúdos referentes à fundamentação e aplicação da Metodologia Científica, bem como os que descrevem a normalização e padronização para referência e apresentação dos trabalhos acadêmicos. Como se trata de um curso de Educação a Distância, o critério para seleção e apresentação dos conteúdos foi o de possibilitar a você a consulta, a pesquisa e o aprofundamento de forma independente. Nesse sentido, buscou-se uma linguagem adequada e uma estrutura que facilitasse o uso e a assimilação desses conteúdos. Ao final, oferecemos a você a relação da referência consultada e outras que podem ajudá-lo(a) a aprofundar seus estudos. Esta é uma disciplina que tem por objetivo oferecer instrumentos para o trabalho de estudo e pes- quisa. Nesse sentido, é de fundamental importância, pois é por meio dessas ferramentas que podemos empenhar-nos na construção do conhecimento e na sua divulgação e partilha para os demais interessa- dos. O fundamental em uma disciplina como essa é a compreensão dos diversos instrumentos que pro- piciam o trabalho de pesquisa e o entendimento dos mecanismos de referência das produções acadê- micas decorrentes dessa pesquisa. Assim, torna-se fácil a consulta e a utilização deste manual, que está organizado em 11 capítulos. Em outras palavras, não se pede para decorar esses conteúdos, mas para compreendê-los e saber consultá-los, para bem utilizá-los. Dessa forma, para que haja compreensão, abordaremos no capítulo 1 a definição de Metodologia Científica; faremos uma análise do Conhecimento, da Ciência e da Pesquisa Científica. Promoveremos uma análise do Anteprojeto e do Projeto de Pesquisa; da Produção do Trabalho Monográfico; e de Ele- mentos que estruturam os trabalhos científicos. Posteriormente, discutiremos os elementos de apoio ao texto e as normas para Referências Bibliográficas. Certos de que esse objetivo tenha sido atingido com a apresentação deste material, desejamos bom trabalho, empenho e muito estudo. De um bom profissional, espera-se que tenha bom domínio das suas ferramentas de trabalho. É o propósito deste manual. Será um prazer acompanhá-lo(a) ao longo desse caminho. Prof. Ms. Luís Paulo Neves INTRODUÇÃO Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 7 1 DEFINIÇÃO Caro(a) aluno(a), Neste capítulo iniciaremos as reflexões sobre a Metodologia Científica. Mas, afinal, o que é Meto- dologia Científica? A palavra ‘metodologia’ vem de método: o estudo e a pesquisa acerca dos métodos para as diferentes formas de trabalho científico; no caso, o aprendizado dos diversos métodos e possi- bilidades para bem conduzir a pesquisa e alcançar os resultados pretendidos. E método, o que é? Trata-se de uma palavra grega que, etimologicamente, pode ser assim di- vidida: a) meta = através de; b) hodos = caminho, vias. Em outras palavras, método quer significar ca- minho através do qual é possível atingir um dado objetivo, um termo, um determinado fim, proposto de antemão. A essa definição devemos, ainda, acrescentar que método se contrapõe ao acaso e à sorte, pois possui uma ordem manifesta num conjunto de re- gras que são explícitas, como também são explíci- tas as razões pelas quais tais regras são adotadas. Essas regras ou normas oferecem garantias de faci- lidade, rapidez, eficácia. Não é apenas um caminho, mas um caminho que pode abrir outros que me- lhor possibilitem alcançar os objetivos buscados ou mesmo objetivos não propostos. Nesse sentido, você já percebeu que sempre se utiliza de métodos nas mais variadas atividades do seu dia a dia e isso porque há meios, modos, caminhos para se chegar a um dado lugar, para se preparar um café, para tratar de um assunto delica- do e mesmo para se divertir. Ocorre que nem sem- pre nos perguntamos se essa forma de proceder, nessas e em outras atividades, é a melhor. A menos que algo dê errado ou que tenhamos um objetivo muito específico, não paramos para avaliar como fazemos o que fazemos. Daí a importância da Metodologia Científica, que pretende apresentar e discutir o como fazer, porque, ao fazermos uma pesquisa e construirmos conhecimento, todos seguimos modos, caminhos consagrados pela experiência daqueles que nos antecederam. São métodos que já mostraram seu valor, sua fecundidade na resolução de problemas. Além disso, a crítica e a avaliação sempre estão pre- sentes, por isso muitos métodos e procedimentos foram abandonados e substituídos por outros me- lhores. Por exemplo, até pouco tempo, era comum a extração de dentes. Hoje, esse procedimento só é utilizado em último caso. Tudo o que for possí- vel fazer para recuperar um dente é feito, antes de adotar um procedimento mais radical. O mesmo poderíamos dizer de outras áreas de conhecimen- to. Em outras palavras, trata-se do aprendizado das diversas formas de se fazer uma pesquisa,alcançar os resultados buscados e publicá-los, torná-los co- nhecidos, pois só assim serão válidos. Aqui entramos em outro ponto: o que signifi- ca dizer que a metodologia é científica? Também, neste momento, o leitor pode se adiantar e dizer que é por se tratar de fazer ciência. Em sentido ge- ral, podemos dizer que sim, porém há muitas for- mas de produção de conhecimento que cabem nesse qualificativo de ciência. Não é a mesma coisa uma pesquisa na área de Medicina, na área de As- tronomia e na de Literatura. São métodos muito di- ferentes. Além disso, trata-se de Metodologia Cien- tífica, ou seja, dos instrumentos que irão embasar a prática dessas e de outras áreas de conhecimento. AtençãoAtenção A Metodologia Científica estuda os cami- nhos para a busca do conhecimento. Luís Paulo Neves Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 8 E então prezado(a) aluno(a), o que propria- mente significa científico no caso da Metodologia? Segundo Umberto Eco (1999), um estudo é científico quando atende a alguns quesitos. Em pri- meiro lugar, deve tratar de um objeto reconhecível e definido de tal maneira que possa ser reconhe- cido por outros. Claro que não se trata apenas de algo físico. Quando falamos de números matemá- ticos, termos de Economia – como a inflação – e de questões morais, não se trata de objetos palpáveis, mas perfeitamente reconhecíveis por qualquer pessoa. Porém – permitimo-nos a utilizar o próprio exemplo de Umberto Eco (1999) –, se nos propu- sermos a estudar centauros, devemos torná-los identificáveis. Uma possibilidade é dizer em qual li- teratura mitológica estaremos nos baseando (nes- se caso, a grega) ou, então, levantaremos a hipóte- se de que tal criatura exista num mundo possível, deixando bem claros essa condição hipotética e os limites que ela impõe. Agora, se pretendemos afir- mar que centauros existem, teremos de apresentar provas cabíveis dessa tese. Se queremos defender: fósseis, fotografias, hábitos, como, por exemplo, onde e em que momento eles costumam beber água etc., deveremos apresentar todos os dados necessários para que nosso objeto de pesquisa possa ser identificado por outros pesquisadores. Percebe-se, então, que a última alternativa não é cientificamente válida para centauros. Um segundo quesito implica dizer do obje- to de estudo algo que ainda não foi dito ou rever sob uma ótica diferente o que já se disse. Também é cientificamente válida, e muito útil, uma compila- ção das opiniões e afirmações já ditas acerca de um dado objeto de estudo. É claro que, durante o curso de graduação, não se espera que o aluno diga algo absolutamen- te original. Mesmo porque ele está aprendendo a estudar com mais eficiência e a fazer pesquisa. Espera-se dele que demonstre o aprendizado das habilidades requeridas para sua área de estudos. Nesse sentido, não há problema em não produzir algo que seja diferente do que já foi dito. Aos pou- cos, e isso deve acontecer já na graduação, o aluno irá se interessar por uma dada área de pesquisa e irá começar a produzir um conhecimento próprio. Começará, dessa forma, a estar apto para oferecer uma contribuição original. Um terceiro quesito apresentado por Eco (1999) afirma que a pesquisa deve ser útil aos de- mais, e o será se os trabalhos científicos posteriores sobre o mesmo tema tiverem de levá-lo em conta. Por fim, como quarto quesito, a pesquisa deve for- necer elementos para a verificação e a contestação das hipóteses apresentadas, ou seja, devo proce- der de forma a permitir que outros continuem a pesquisa, para contestá-la ou confirmá-la. Com isso, esclarecemos o que significa quali- ficar um método de científico. Trata-se de caminhos rigorosos, sistematizados, ordenados, com o intui- to de atingir determinados fins que dizem respeito à nossa busca por conhecimentos válidos. Deve-se, além do rigor, tornar o objeto de estudo reconhe- cível e passível de verificação pelos demais. Nesse sentido, são contrários à postura científica conhe- cimentos fechados, reservados a uns poucos ditos iniciados, e saberes obscuros que não possam ser divulgados, partilhados e questionados. 1.1 Resumo do Capítulo Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos a definição de Metodologia Científica. Vimos que a Me- todologia vem de Método (caminho através do qual é possível atingir um dado objetivo, um termo, um determinado fim, proposto de antemão). Vimos que a Metodologia Científica estuda os caminhos para a busca do conhecimento e o que a caracteriza: deve tratar de um objeto reconhecível e definido de tal maneira que possa ser reconhecido por outros; dizer do objeto de estudo algo que ainda não foi dito ou rever sob uma ótica diferente o que já se disse, ou fazer uma compilação das opiniões e afirmações já Metodologia Científica Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 9 ditas acerca de um dado objeto de estudo; a pesquisa deve ser útil aos demais; e, por fim, a pesquisa deve fornecer elementos para a verificação e a contestação das hipóteses apresentadas, verificando assim o que significa qualificar um método de científico. Muito bem, agora que finalizamos o capítulo, vamos verificar se você compreendeu bem o conteú- do, realize as atividades propostas. 1.2 Atividades Propostas 1. O que caracteriza um estudo científico? 2. O que significa qualificar um método de científico? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 11 Prezado(a) aluno(a), essa palavra já apareceu diversas vezes neste texto: métodos são caminhos buscados para alcançar conhecimentos de forma objetiva, eficaz e eficiente. Mas, e o conhecimento, como podemos defini-lo? A palavra ‘conhecimento’ é bastante conhe- cida, mas, como outras palavras familiares, nem sempre temos dela uma noção mais apropriada, não é mesmo? Tentemos, então, aprofundá-la. Como os demais animais, o ser humano sabe coisas. Ao longo de sua experiência de vida, vai ad- quirindo uma série de saberes que utiliza em seu dia a dia, com o intuito de garantir sua sobrevivên- cia e resolver as pequenas tarefas necessárias para o seu viver. Todo ser humano tem, então, saberes, fruto da sua capacidade para conhecer. Um lavrador ad- quiriu conhecimentos que o capacitam a cultivar a terra. Da mesma forma, uma mãe aprendeu como cuidar de uma criança, de maneira a garantir-lhe o crescimento. Percebe-se, então, que conhecimento está estreitamente relacionado com a vida, com a ga- rantia das condições para a existência, seja nos seus aspectos materiais, seja em outras questões que dizem respeito ao bem-estar. Por exemplo, também se aprende com a experiência a se rela- cionar com os demais, qualquer que seja o nível do relacionamento. Logo, podemos afirmar que o conhecimento se dá quando vamos além das ex- periências vividas e pensamos sobre elas, relacio- namos umas com as outras e delas extraímos in- formações relevantes para nossa vida, saberes de que necessitamos para viver melhor. Sendo assim, todos aprendemos a buscar conhecimentos e a utilizá-los conforme deles necessitamos. A própria busca de conhecimentos nos torna mais aptos para conhecer e para melhor utilizá-los. É preciso destacar que esse processo de co- nhecimento pode se dar de forma espontânea, como acontece em nossa vida diária, ou de forma mais organizada, como alguém que aprende um ofício. Mas se, além disso, esse conhecimento for buscado de forma mais sistematizada, com méto- dos específicos e mais eficientes, com rigor cada vez maior, então temos um tipo de conhecimento que denominamos científico. O conhecimento en- sinado pelas diferentes graduações é uma forma de conhecimento científico, com métodos e práti- cas próprias, com o intuito de atingir os objetivos específicos de uma dada área de conhecimento. Caro(a) aluno(a), até aqui falamosde conhe- cimento em geral e de conhecimento científico. É costume denominar senso comum a isso que aqui foi chamado conhecimento geral, ou seja, essa busca de conhecimento inerente a todo ser hu- mano, com o objetivo de organizar e garantir sua subsistência. O senso comum é um tipo de conhecimen- to que resulta do uso espontâneo da razão, mas que também é fruto dos sentidos, da memória, do hábito, dos desejos, da imaginação, das crenças e das tradições. Como interpretação do mundo, ele nos orienta na busca do sentido da existência, ao mesmo tempo em que nos dá condições de operar sobre ele. DicionárioDicionário Conhecimento: ato ou efeito de conhecer. Ex- periência. Ideia. Instrução. Saber. O CONHECIMENTO2 Luís Paulo Neves Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 12 Mesmo sendo racional, nem sempre o senso comum faz uso refletido da razão. Por se tratar de um conjunto de concepções fragmentadas, muitas vezes incoerentes, condiciona a aceitação mecâni- ca e passiva de valores não questionados e se im- põe sem críticas ao grupo social. Às vezes, se torna fonte de preconceitos, quando desconsidera opi- niões divergentes, porém não deve ser visto como algo desqualificado de valor. É um erro sobre-esti- mar o conhecimento científico em detrimento do chamado senso comum. Qualquer pessoa que vai a uma feira fazer compras possui conhecimentos e habilidades que a capacitam para analisar e sele- cionar os produtos, bem como para fazer contas e escolher o que vai levar e o que vai deixar de com- prar. Ocorre que o conhecimento científico busca métodos e sistematicidade que superem dificul- dades e preconceitos na busca de conhecimentos objetivamente válidos. Nem sempre no dia a dia fa- zemos isso. Ao contrário, na maioria das vezes, o co- nhecimento cotidiano se dá de forma espontânea, sem o rigor e o controle que se busca na produ- ção de conhecimentos científicos. Pode-se afirmar, então, que o conhecimento científico vai além do senso comum e o acomoda às suas investigações. DicionárioDicionário Razão: fonte do raciocínio. Capacidade para de- cidir, para formar juízo ou para agir de acordo com um pensamento. Saiba maisSaiba mais O conhecimento científico surgiu da ne- cessidade e do desejo de prover explica- ções sistemáticas que pudessem ser exa- minadas por meio de provas empíricas. 2.1 Resumo do Capítulo Estudamos neste capítulo sobre o conhecimento. Aprendemos que todo ser humano tem saberes, fruto da sua capacidade para conhecer. Foi destacado também que o processo de conhecimento pode se dar de forma espontânea, como acontece em nossa vida diária; de forma mais organizada, como alguém que aprende um ofício; ou, se o conhecimento for buscado de forma mais sistematizada, com métodos específicos e mais eficientes, com rigor cada vez maior, então temos um tipo de conhecimento que de- nominamos científico. Por fim, fizemos considerações sobre o conhecimento em geral e o conhecimento científico. Agora que discutimos sobre o conhecimento, resolva as atividades propostas. 2.2 Atividades Propostas 1. Conceitue o senso comum e o conhecimento científico. 2. Qual a diferença entre o senso comum e o conhecimento científico? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 13 Prezado(a) aluno(a), hoje o que se conhece com o trabalho das diferentes ciências é fruto dos esforços de vários pensadores ao longo da história da humanidade. Se lançarmos um olhar para o pas- sado, veremos que, na Antiguidade, os seres huma- nos eram marcados pelas diferentes experiências religiosas. Não que isso não ocorra agora, mas era uma experiência que extrapolava o âmbito das ne- cessidades subjetivas, determinando as formas de relação e organização social. Isso ainda acontece hoje, mas de um modo menos marcante, dada a pluralidade cultural em que vivemos. No passado, as religiões determinavam a for- ma como eram compreendidos os fenômenos da vida. Nesse sentido, eram oferecidas explicações para o porquê dos acontecimentos e, até mesmo, acerca da origem do ser humano e do próprio uni- verso. Em seguida, o ser humano, por uma série de motivos que não cabe aqui discutir, passou a fundamentar-se mais na sua capacidade racional de compreensão do que nas suas crenças, num primeiro momento, conciliando conhecimentos racionais e aqueles oriundos de suas crenças reli- giosas e, depois, pautando-se cada vez mais pelas respostas que conseguia obter apenas pelo uso de suas faculdades racionais. Mesmo assim, as primei- ras respostas que conseguiu elaborar eram ainda muito pautadas pelas questões de origem religio- sa. Só depois foi restringindo-se em questões e problemas que traziam a característica de serem investigados empiricamente. Dessa forma, se, no início, buscava-se a es- sência do ser humano, depois essa questão passou a ser vista como metafísica, ou seja, especulações que não encontram seu fundamento na experiên- cia sensível, no que nossos órgãos dos sentidos po- dem comprovar empiricamente. Esse é o paradig- ma que ainda hoje fundamenta a prática científica. Auguste Comte, grande pensador do século XIX, ao discutir essas questões, propôs uma curio- sa interpretação do desenvolvimento da raciona- lidade humana. Pode parecer um tanto simplista, mas muito influenciou o modo de ver de várias ge- rações de entusiastas da Ciência e ainda o faz até hoje. Para fundamentar seu pensamento, Comte (MORA, 2000) propõe que se pode entender a his- tória da humanidade como dividida em três está- gios ou estados: o estado religioso, o metafísico e o positivo. Comte os compara às fases pelas quais passa o ser humano. Na primeira fase da nossa vida, somos marcados pela religião, acreditamos em Deus e pautamos nossa conduta por aquilo que nos ensina a doutrina religiosa. Na adolescência e juventude, passamos a acreditar em formas ocultas e/ou de energias, essências do mundo e forças me- tafísicas que interfeririam na realidade das coisas. Por fim, na idade adulta, passamos a crer apenas naquilo que vemos e tocamos e já não estamos tão dispostos a prestar nossa adesão a qualquer dou- trina que se coloque como verdadeira; precisamos avaliar sua relevância. DicionárioDicionário Ciência: conhecimento; Sistema de adquirir conhecimento baseado no método científico; Conjunto organizado de conhecimentos relati- vos à determinada área do saber. Saiba maisSaiba mais A Ciência busca conhecer, compreender e analisar o mundo, por meio de um con- junto de procedimentos sistemáticos. CIÊNCIA E PESQUISA3 Luís Paulo Neves Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 14 Da mesma forma, a humanidade passou também por essas três fases. No estado religioso, predominaram instituições e formas de organiza- ção e explicação religiosas. Em seguida, a huma- nidade passou para o estado metafísico, em que as explicações religiosas foram substituídas por explicações racionais, que se propunham buscar a essência das coisas, baseando-se em forças e/ou elementos invisíveis que responderiam pela ordem de tudo que existe. Por fim, a humanidade teria atingido um estado maior de maturidade e entra- do na fase do estado positivo. Positivo pode ser en- tendido como o que não admite dúvidas, o que se baseia em fatos e na experiência, algo afirmativo, decisivo, certo, real. Com isso, a humanidade teria atingido o ponto mais alto de sua capacidade de conhecer, por ter chegado ao desenvolvimento do conhecimento científico que o século XIX conhe- ceu. Todas as outras especulações religiosas e filo- sóficas, Comte as viu como um estágio anterior de desenvolvimento, uma fase necessária para que a humanidade pudesse crescer na sua busca por co- nhecimento. Concordando ou não com Comte, essa visão predominou na história do conhecimento e deu origem à distinçãoentre ciências humanas e ciên- cias naturais, sendo estas dotadas de maior objeti- vidade e validade. Isso já foi bastante questionado e discutido, mas sua influência, às vezes, ainda se faz notar. No caso do Brasil, apenas por curiosidade, a influência do positivismo de Comte foi tão grande no final do século XIX, cujos adeptos participaram intensamente da Proclamação da República, que o lema positivista foi estampado na bandeira brasi- leira: Ordem e Progresso. Algo fundamental na Ciência é a Pesquisa. Algo que costuma passar despercebido é que atri- buímos demasiada confiança ao que as ciências são capazes de nos ensinar, a tal ponto que extra- polamos o que os métodos científicos podem nos oferecer quanto a certezas e garantias. Mas, como assim? Não há garantias ou confiabilidade no que o conhecimento científico pode produzir? Bem, a questão é mais complexa. O que acontece é que se atribui à Ciência algo que não lhe cabe. Pesquisa, todos fazemos sempre que temos um problema para resolver, seja uma pesquisa de preço, entender os porquês de determinada situa- ção, os sintomas de uma doença, o fim de um re- lacionamento e por que o arroz saiu grudado, ou seja, do mais banal ao mais importante. Trata-se daquela investigação que empreendemos em bus- ca de uma resposta, de uma compreensão que nos traga luz, conforto, controle... Enfim, nos possibilite tomar decisões de forma mais segura. Depois de termos abandonado as respostas religiosas e filosóficas de explicação do mundo, agarramo-nos à Ciência como a única capaz de nos ajudar a resolver nossos problemas de saúde, de relacionamento, de organização social, de relação com a natureza etc. Fizemos isso de tal modo que deixamos a verdade religiosa, mas, em seu lugar, colocamos a verdade científica e o fizemos de for- ma tão dogmática que passamos a nos apoiar reli- giosamente no conhecimento científico. Resultado disso é aquela famosa pergunta: isso é científico? Se a resposta for afirmativa, então nos tranquiliza- mos, ficamos confiantes e seguros. Isso corresponde ao que é a Ciência? Ou será que corresponde mais ao modelo de colocar alguém num programa de televisão, ou numa re- vista, para opinar “cientificamente” sobre alguma coisa, como se fosse um sacerdote transmitindo a verdade de um deus? Parece-nos que a Ciência não é bem isso! A Ciência tem um método rigoroso e siste- mático que lhe garante confiabilidade, pois é algo que pode ser controlado, repetido, questionado, revisado e, se não houver contradições, confirma- do. Mas dúvidas são o que não falta nas discussões da ciência. Dogmas não fazem parte do método científico. Tanto é assim que constantemente esta- mos revendo o que já sabemos. Se o conhecimento científico fosse dogmático, não seria mais preciso fazer pesquisas. É preciso, então, rever o conceito de verdade na Ciência. Quando se encontra uma verdade na Ciência, isso significa que uma dada concepção de mundo, ou seja, uma teoria, foi confirmada empiricamente, mas isso não significa que essa teoria provou que o mundo seja “assim ou assado”. Não podemos saber como as coisas são exatamente, só podemos discu- ti-las a partir dos parâmetros de nossa capacidade racional. Quando uma teoria científica é testada e Metodologia Científica Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 15 comprovada empiricamente, significa que, se as coisas não forem exatamente daquele jeito, devem ser de uma forma muito próxima, uma vez que os experimentos deram certo. Bom, se o conceito de verdade da Ciência não pode ser entendido de forma absoluta, se os testes empíricos não provam que o mundo seja de uma dada maneira, o que se propõe, então, com o tra- balho científico? A Ciência, de fato, não pretende provar que as coisas são da forma como cientifica- mente afirmamos. Se fosse assim, encerraríamos as pesquisas e não reveríamos constantemente o que já sabemos em busca de modelos teóricos melho- res. Muito do que já foi chamado Ciência, hoje, não é assim considerado. Além disso, muitos procedi- mentos adotados no passado foram abandonados por outros melhores. Devemos, então, ser muito mais modestos quanto à nossa capacidade para conhecer. Temos muito mais dúvidas que certezas. Porém, apesar desses limites, muito pode ser feito e o fazemos. O objetivo da Ciência é melhorar a posição em que nos encontramos no mundo em que vivemos. Para isso, buscamos meios eficazes para tentar controlar os acontecimentos e prevê- -los, e disso retirar proveito em favor do nosso con- forto e melhor sobrevivência. Dessa forma, as teo- rias e leis científicas, se não provam que o mundo tem essa ou aquela estrutura, permitem que se fa- çam explicações e previsões – ainda que com toda a provisoriedade que lhes é inerente. Muito bem! Mas o que se pretende dizer com todo esse discurso? Pretende-se ressaltar, valorizar, destacar o valor das pesquisas científicas. Esse é o sentido de todo este texto e do trabalho desta dis- ciplina. Em uma graduação, não se formam profis- sionais apenas para reproduzir um conhecimento que é repassado mecanicamente. Deve-se formar, também, o pesquisador, aquele que deve questio- nar sua própria prática e os conhecimentos adqui- ridos em busca de outros melhores e mais eficazes. Nesse sentido, a pesquisa é fundamental! Logo, esta disciplina não visa apenas a ensinar meros instrumentos a serem repetidos pelos graduan- dos. Muito mais que isso, visa a formar aqueles que continuarão a produzir conhecimento em sua área específica de atuação. Esse é todo o sentido, essa é a beleza do que fazemos! Lamentável é conside- rar esses e outros conhecimentos como mais uma obrigação a cumprir em busca de um diploma. O que fazer com um diploma num mundo em que se exige conhecimento? Antes, conhecimentos devem ser vistos como instrumentos eficazes para resolver problemas, au- mentar nossa capacidade de conhecer e melhorar nossa condição de vida, para ajudar pessoas a te- rem qualidade de vida, para nos ajudar a ter uma melhor relação com os demais seres vivos e com o planeta. Sendo assim, ainda mais lamentável é o intuito de cumprir uma obrigação escolar, a atitude de apenas copiar um trabalho feito por outra pes- soa. Além da falsidade ideológica, engana-se a si mesmo, por não se ter o domínio de um saber que lhe será exigido a todo o momento. Apesar de esse discurso soar moralizante, seu objetivo é despertar para o prazer da descoberta, da construção de conhecimento, para a aquisição daquilo que nunca será tirado: o saber. As pesquisas surgem do desejo de encontrar resposta para uma ques- tão, proporcionando ao pesquisador a aquisição de um novo conhecimento. CuriosidadeCuriosidade Luís Paulo Neves Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 16 3.1 Resumo do Capítulo Prezado(a) aluno(a), vamos sintetizar o que acabamos de aprender? Vimos neste capítulo que o trabalho das diferentes ciências é fruto dos esforços de vários pensadores ao longo da história da humani- dade. Passamos brevemente pela época na qual as religiões determinavam a forma como eram abarcados os fenômenos da vida e, em seguida, vimos como o ser humano passou a fundamentar na sua capacidade racional de compreensão. Vimos também que, ao discutir essas questões, Auguste Comte, grande pensa- dor do século XIX, propôs uma interpretação do desenvolvimento da racionalidade humana. Ponderamos também neste capítulo sobre a Pesquisa, fundamental na Ciência. Pesquisa, todos fazemos sempre que temos um problema para resolver, contudo focamos o estudo na Pesquisa Científica, com métodos que situam e fundamentam a importância da produção do conhecimento. Feitas essas considerações, passemos à parte prática, à descrição dos métodos que propiciam atin- gir os objetivos buscados nas diferentes áreas do conhecimento.Mas, antes disso, vamos avaliar a sua aprendizagem, resolva as questões propostas. 3.2 Atividades Propostas 1. De acordo com o texto, quais foram as três fases percorridas pela história da Ciência? 2. Com base no conhecimento construído acerca de Método Científico e Ciência, responda: o que é necessário para que a pesquisa seja definida como científica? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 17 Prezado(a) aluno(a), a pesquisa classifica-se em: Preliminar, Teórica, Aplicada ou de Campo. Ve- jamos as características de cada uma delas: Pesquisa Preliminar Toda pesquisa tem como ponto de parti- da o conhecimento e a identificação dos elementos que compõem a problemáti- ca a ser esclarecida; Mas todo pesquisador encontra dificul- dades na formulação de hipóteses de trabalho; Por isso a necessidade de uma pesquisa preliminar como ponto de partida para a definição do problema, das hipóteses e do roteiro da pesquisa; É preciso, ainda, conhecer a disponibili- dade de recursos: tempo, recursos finan- ceiros, acessibilidade às informações, re- cursos técnicos e tecnológicos. Pesquisa Teórica O objetivo é desenvolver novas teorias, novos modelos, ou estabelecer novas hi- póteses de trabalho; Não tem por objetivo uma utilidade prá- tica dos resultados, mas o enriquecimen- to do conhecimento científico; O embasamento teórico é fundamen- tal para o desenvolvimento de qualquer tipo de pesquisa; O trabalho de Darwin, acerca da origem das espécies, é um bom exemplo de pes- quisa teórica que contribuiu para a evo- lução de novas ideias. Pesquisa Aplicada A maioria das pesquisas é feita a partir de objetivos que visam à sua utilização prática, por causa da gama de interesses que envolve – principalmente interesses econômicos; Vale-se das contribuições de teorias e leis já existentes; É definida como aplicada por seu objeti- vo ser mais imediatista, pela pressa, por exemplo, do retorno dos recursos aplica- dos; Por exemplo: tão importante quanto o conforto que um carro oferece é o núme- ro de quilômetros que ele percorre com um litro de combustível. Pesquisa de Campo Tem como base observar os fatos tal como ocorrem; É necessária uma pesquisa preliminar de outros trabalhos e publicações para que se possa acrescentar algo ao que já se co- nhece; Saiba maisSaiba mais A realização de uma pesquisa bibliográ- fica é fundamental em qualquer tipo de pesquisa, para conhecer e analisar as principais contribuições teóricas sobre determinado tema ou assunto. CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA4 Luís Paulo Neves Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 18 Por exemplo: para conhecer os efeitos da distribuição de renda sobre a crimi- nalidade, é preciso conhecer os dados e estabelecer uma correlação entre as va- riáveis. 4.1 Fases da Pesquisa Antes de iniciar qualquer pesquisa, é ne- cessário conhecer o estágio em que se encontra o assunto a ser trabalhado; É através da pesquisa bibliográfica que se pode obter tais informações; Como não é possível trabalhar com todo o universo a ser estudado, é necessário determinar cientificamente a amostra a partir da qual serão tiradas as conclusões; Definida a amostra, cabe ao pesquisador estabelecer os critérios da coleta e do re- gistro das informações, com o objetivo de dirimir as devidas conclusões. 4.2 Coleta de Dados Tendo em vista a pesquisa a ser realizada, as informações podem ser obtidas de va- riadas formas, segundo o critério ideal a ser estabelecido pelo pesquisador; Exemplos: entrevista, questionário, for- mulário. Contudo, é preciso estar atento aos limites, implicações e dificuldades que cada estratégia apresenta; Por isso, antes de aplicar qualquer forma de coleta de dados, é preciso estudo, pla- nejamento, questionamento e prepara- ção adequada. 4.3 Resumo do Capítulo Prezado(a) aluno(a), estudamos neste capítulo a classificação da pesquisa. Vamos retomar? Pesqui- sa Preliminar: ponto de partida para a definição do problema, das hipóteses e do roteiro da pesquisa; Pesquisa Teórica: o objetivo é desenvolver novas teorias, novos modelos, ou estabelecer novas hipóte- ses de trabalho, visa ao enriquecimento científico; Pesquisa Aplicada: objetivo imediatista – a maioria das pesquisas é feita a partir de objetivos que visam à sua utilização prática, por causa da gama de inte- resses que envolvem; e Pesquisa de Campo: tem como base observar os fatos tal como ocorrem. Vimos também sobre as fases da pesquisa (conhecer o estágio em que se encontra o assunto a ser pesquisado, delimitar a amostra e estabelecer os critérios da coleta), e, por fim, vimos formas de coleta de dados. Muito bem, agora que conhecemos a classificação da Pesquisa, suas fases e como coletar os dados da pesquisa, responda às questões propostas para avaliar a sua aprendizagem. Metodologia Científica Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 19 4.4 Atividades Propostas 1. Reúna as informações dadas anteriormente a respeito da pesquisa e responda: qual é o ponto de partida da pesquisa? 2. Quais são as fases da pesquisa? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 21 Caro(a) aluno(a), não é possível pesquisar sem antes projetar, ou seja, o que transforma uma investigação em ciência é exatamente o seu caráter de planejamento, orientação, reflexão e sistemati- zação considerando uma base teórica. Para comu- nicar os passos de uma pesquisa a ser percorrida, realiza-se um trabalho de planejamento em duas etapas: o Anteprojeto e o Projeto de Pesquisa. Vejamos as definições dessas etapas e como esses trabalhos se estruturam. Anteprojeto de Pesquisa Um anteprojeto de pesquisa se caracteriza como uma elaboração prévia de um projeto a ser desenvolvido. Trata-se de um texto que possui ca- ráter provisório, que assim se caracteriza por per- mitir alterações no seu processo de reelaboração. Sua importância se deve a que nem sempre é fácil determinar com bastante clareza, logo de início, o que e como se pretende investigar. O anteprojeto é redigido após um conheci- mento prévio do assunto, adquirido por meio de leituras com base em uma bibliografia selecionada. Essa atividade de elaboração do anteprojeto cola- bora para o exercício do caminho da investigação: reflexão, delimitação e tomada de decisão. Para sua elaboração, um anteprojeto deve apresentar alguns dos elementos básicos de um projeto de pesquisa, quais sejam: introdução com síntese do referencial teórico – embasada na literatura; formulação do problema; objetivos; hipóteses – quando houver. Projeto de Pesquisa E o projeto? O projeto de pesquisa é mais aprofundado que o Anteprojeto. A importância do projeto de pesquisa está em evitar imprevistos e garantir a objetividade necessária. Para tanto, é preciso explicitar os passos a serem seguidos e o que se pretende alcançar com tal pesquisa. Um projeto de pesquisa tem as seguintes funções: define e planeja para o orientando o ca- minho a ser seguido, as etapas e estraté- gias; DicionárioDicionário Projeto: planejamento empreendido para se criar algo. Ante: exprime a noção de anterioridade. AtençãoAtenção O anteprojeto serve como uma primeira versão das ações da pesquisa e constitui ponto de partida para a discussão entre o professor orientador da pesquisa e o alu- no. Saiba maisSaiba mais Projeto de pesquisa é o documento que planeja todas as ações a serem desenvol- vidas ao longo do processo de pesquisa. ANTEPROJETO E PROJETO DE PESQUISA5 Luís Paulo Neves Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 22 facilita a discussão do projeto em semi- nários; facilita o trabalho de orientação: possibi- lidades, perspectivas,desvios; subsidia discussão e avaliação da pes- quisa; base para solicitação de recursos finan- ceiros; base para avaliação e seleção em progra- mas de pós-graduação. 5.1 Partes do Projeto de Pesquisa É preciso esclarecer que a ordem de apresen- tação dos elementos, exposta a seguir, pode variar segundo as diferentes áreas de estudo e mesmo instituições. Por exemplo, há modelos de projetos que não inserem a formulação do problema na in- trodução – como o faz a proposta aqui apresentada. Nada disso apresenta maior dificuldade. O impor- tante é que esses diversos elementos, necessários para a compreensão da pesquisa a ser empreendi- da, estejam bem delimitados e explicitados. Título Indica e sintetiza o conteúdo a ser traba- lhado; Pode ser: • geral: indica de forma genérica o teor do trabalho; • técnico: é como um subtítulo que es- pecifica a temática. Introdução Tem a função de introduzir o leitor no assun- to. Deve explicitar os pressupostos teóricos, des- crevendo o que é conhecido sobre o tema e quais as questões já respondidas por outras pesquisas. O referencial teórico tem, ainda, a função de fornecer subsídios para a problematização do tema. Deve- -se esclarecer que o conhecimento acumulado não é suficiente para a solução do problema em foco. É o momento da caracterização e delimita- ção do tema e do problema. Diante de um tema mais geral, é necessário realizar escolhas, fazer um recorte e selecionar um aspecto, um dado da ques- tão, para realizar o estudo de aprofundamento: é o problema da pesquisa. Trata-se da pergunta a ser respondida, da razão de ser do trabalho. Após a indicação dos pressupostos teóricos, a definição e delimitação do tema e a formulação do problema de pesquisa, este deverá ser enuncia- do de forma interrogativa. A pergunta deve ser cla- ra e objetiva, indicando os aspectos e/ou variáveis a serem trabalhados. Nesse sentido, em relação ao tema e ao pro- blema, é preciso estar atento aos seguintes aspec- tos: caracterização, de maneira mais desdo- brada, do conteúdo da problemática a pesquisar; definição dos vários aspectos da dificul- dade a ser estudada; esclarecimento dos limites da pesquisa e do raciocínio demonstrativo (delimita- ção do tema e do problema); dar-se conta de que, quanto mais abran- gente for, menor a profundidade; ter gosto pelo assunto a ser desenvolvi- do é fundamental, mas também não es- quecer as condições para executá-lo em termos de tempo, acesso a informações e recursos; pode-se inserir apresentação que indi- que a gênese do problema (como o au- tor chegou a ele), como também a expli- citação dos motivos mais relevantes que conduziram a essa abordagem; Metodologia Científica Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 23 pode-se fazer contraposição com traba- lhos que já versaram sobre o mesmo pro- blema. Justificativa Trata-se do porquê, da importância de se rea- lizar a pesquisa. Deve abranger os seguintes aspec- tos: razão da escolha; relevância do estudo; significação social; contribuição para o crescimento e aper- feiçoamento da área; ressaltar a importância da pesquisa num contexto mais amplo; o contexto também pode justificar pes- quisa que contenha abrangência mais restrita. Exemplo: de professor que tra- balha com comunidades no sertão do Nordeste. Formulação de hipóteses São formuladas, principalmente, para proje- tos de pesquisa das Ciências Naturais e da Saúde. As hipóteses são formulações de soluções provi- sórias a respeito de determinado problema em es- tudo. Portanto, são formulações que serão confir- madas ou não, considerando a pesquisa feita. A hipótese deve ser enunciada de forma cla- ra, indicando a relação entre as variáveis que deram origem ao problema de pesquisa. Deve, também, ser formulada com fundamento em conhecimento teórico e raciocínio lógico, sendo, por isso, denomi- nada hipótese científica. Faz-se necessário atentar para o fato de que existem hipóteses de partida (as iniciais) e de chegada (finais) e cuidar para que, na tentativa de demonstrar as hipóteses, o trabalho não fique tendencioso. Em suma, ter em conta que: hipóteses são proposições provisórias para a solução do problema; é em função das hipóteses estabelecidas que se estrutura todo o caminho a ser percorrido; a hipótese poderá não se confirmar no decorrer da pesquisa, daí a importância da perseverança do cientista na busca da verdade; pode haver hipótese geral (ideia central que se propõe demonstrar) e hipóteses particulares (complementares); não confundir hipótese geral com pres- suposto, que é uma evidência prévia (o que já está demonstrado como ponto de partida). Objetivos Os objetivos devem ser centrados na busca de respostas para as questões relevantes, identifi- cadas no problema de pesquisa e que ainda não fo- ram respondidas por outras pesquisas. Devem ser bem definidos, claros e realistas, mantendo coe- rência com o problema que deu origem ao projeto. Os objetivos podem ser: gerais: indicar propósitos mais gerais, relacionando a importância do trabalho com o desenvolvimento do conhecimen- to em geral; específicos: no âmbito da ideia e dos ob- jetivos gerais, ressaltar as ideias específi- cas a serem desenvolvidas. Nesse senti- do, a amplitude dos objetivos gerais tem sua delimitação definida, indicando sua profundidade. Definem, ainda, as etapas que devem ser cumpridas para alcançar o objetivo geral, as ações que devem ser desenvolvidas. DicionárioDicionário Hipótese: suposição que se faz sobre algo. Luís Paulo Neves Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 24 Procedimentos Metodológicos Deve-se apresentar o tipo de pesquisa quan- to à natureza, aos objetivos, aos procedimentos e ao(s) objeto(s). Nesse último caso, explicitar se a pesquisa confirma-se como de campo, bibliográ- fica ou laboratorial. Também, deve-se informar a respeito dos métodos de procedimento, de abor- dagem e as técnicas utilizadas. É preciso apresentar quais procedimentos serão empregados na busca das respostas às inda- gações formuladas. Para tanto, conforme os tipos de pesquisa, deve-se apresentar uma definição da amostra e quais técnicas serão utilizadas na coleta de dados (entrevista, observação, formulário, con- sulta a arquivos e outros). De forma esquemática, não esquecer que: trata-se do como, com que, onde, quan- do e quanto; método é o caminho a ser percorrido para atingir os objetivos propostos; existem métodos gerais, aplicados a todo tipo de pesquisa, e específicos, de cada área de trabalho; em coerência com o tema, os objetivos, o problema e a hipótese, será definido o tipo de pesquisa: teórica, empírica, histó- rica etc.; não se de deve confundir método, que é os procedimentos mais amplos de racio- cínio, com técnicas, que são procedimen- tos mais restritos, que operacionalizam o método com auxílio de instrumentos adequados. Exemplo: pesquisa de cam- po e entrevista com questionário. Referências Textos fundamentais em que se aborda a problemática em questão; As referências do projeto serão enrique- cidas durante a pesquisa. Plano de Trabalho O projeto deve apresentar um plano de tra- balho contendo, de forma sucinta e objetiva, as principais etapas (atividades) a serem desenvol- vidas durante sua execução em função do tempo (mês, semana). Deve, também, compatibilizar as etapas com a metodologia a ser aplicada no desen- volvimento do projeto. Orçamento Este item estará presente nos projetos que pleiteiam financiamento para sua realização, de- vendo prever: gastos com pessoal, material de con- sumo, material permanente, entre outros. Observações São incluídos anexos e apêndices, se for o caso; O projeto pode ser alterado no decor- rer da pesquisa, como consequência do aprofundamento, desde que devida- mente justificado; Não confundir projeto de pesquisa com plano de trabalho da monografia – um não tem necessariamente de espelhar o outro. Metodologia Científica Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 25 5.2 Resumo do Capítulo Caro(a) aluno(a), estudamos neste capítulo sobre o planejamento, orientação, reflexão e sistemati- zação dos passos de uma pesquisa, com o Anteprojeto e o Projeto de Pesquisa. Vimos que o Anteprojeto de Pesquisa caracteriza-se como uma elaboração prévia de um projeto a ser desenvolvido e quais são seus elementos básicos. Conhecemos a importância do Projeto de pesquisa, suas funções e suas partes: Título; Introdução; Justificativa; Formulação de Hipóteses; Objetivos; Procedimentos Metodológicos; Re- ferências; Plano de Trabalho; e Orçamento. Agora que conhecemos as formas de comunicar os passos de uma pesquisa a ser percorrida, com o Anteprojeto e o Projeto de Pesquisa, vamos verificar se você compreendeu o que estudamos até aqui; resolva os exercícios propostos. 5.3 Atividades Propostas 1. Quais são as funções do projeto de pesquisa? 2. O que é um anteprojeto de pesquisa? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 27 Caro(a) aluno(a), ‘texto’ é uma palavra bas- tante conhecida. Seu sentido etimológico é muito interessante: vem de tessitura, de tecido. Como os fios entrelaçados que compõem um tecido, assim é o texto: um entrelaçamento de ideias, sentimentos, repertórios culturais, contextos e intencionalida- des; uma tessitura tal que produz muitos e variados significados. Nesse sentido, a palavra ‘texto’ é mais abrangente do que um documento escrito ou oral. Entendido dessa forma, toda tessitura que transmi- te um significado é um texto para quem o sabe ler. Um sinal de trânsito, um som, um aviso na parede, um gesto, um olhar, um silêncio... Depen- dendo do contexto, todos esses sinais podem ser um texto para alguém. Mas se não se puder enten- der os sinais, então não haverá texto. Logo, o texto está no entrelaçamento entre os sinais e o meu re- pertório, que pode me capacitar ou mesmo atrapa- lhar na compreensão dos sentidos dos textos que estão à minha volta. Vejamos o problema das bulas dos medica- mentos, escritas para quem tem conhecimento médico-farmacêutico: a maioria das pessoas não consegue entender a linguagem em que são es- critas. Assim, leitura é aqui entendida como meio de conhecimento e de iniciação ao pensamento, como produção textual, porque só é possível pen- sar o que se conhece. Ler um texto é repensá-lo e repensar é pensar. Todos fazemos isso muitas vezes com os textos do nosso cotidiano. Mas, no campo da pesquisa científica, somos treinados para ler com muito mais rigor, precisão e eficácia os textos que fazem parte da nossa área de atuação. A leitura científica é uma leitura aprofun- dada que implica análise, explicação, explicitação, comentário e interpretação de ideias. Tais concei- tos são definidos e ilustrados a seguir; vamos co- nhecê-los? Análise É a decomposição dos vários níveis de pen- samento que constituam sentido. Analisar é exami- nar parte por parte de um todo. A análise se opõe à síntese, que supõe a conjugação do que estava separado. A compreensão das partes constituintes de um texto é o primeiro passo rumo à desmonta- gem dos seus vários planos expressivos e dos di- versos elementos que o compõem. Ao analisar um problema financeiro, uma conta de telefone muito alta, por exemplo, decom- pomos todas as possibilidades e elementos impli- cados nessa situação, com o intuito de saber como agir para que o valor dessa despesa seja compatí- vel com o orçamento de que se dispõe. Explicação É enunciar o que há num texto: desdobrar, mostrar o que está exposto, pressuposto, impli- cado, subentendido, suas articulações, os termos- -chave. Envolve momentos de explicitação, que é a revelação, o desvendamento do conhecimento, traduzir o que no texto está apresentado de forma simbólica ou implícita. AtençãoAtenção Para ler um texto é preciso saber: a língua, a linguagem e ter conhecimentos que capacitem para tanto. NOÇÕES DE TEXTUALIDADE6 Luís Paulo Neves Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 28 Quando um professor solicita a um aluno, ou a um grupo de alunos, que dê uma aula sobre determinado assunto, está pedindo que faça uma explicação, que diga tudo o que está enunciado, implicado, implícito no tema a ser abordado. Para fazer esse trabalho de explicação e ex- plicitação de determinado tema ou problema, é preciso um bom trabalho de análise que propicie uma adequada compreensão, para que seja capaz de fazer uma exposição. Em outras palavras, não se pode falar ou escrever sobre o que não se sabe. Interpretação É a busca da síntese ou da reintegração das partes no todo. A interpretação encontra-se inti- mamente vinculada ao ponto de vista, que varia segundo variam os interesses e os contextos for- mativos, culturais, geográficos etc. Com isso, um determinado texto pode produzir uma multiplici- dade de interpretações. Para dar um exemplo cultural, considere como são interpretados os diferentes papéis so- ciais ocupados por mulheres, segundo as diferen- tes culturas e até no interior de uma mesma cul- tura, como a nossa. Como no caso do aborto, que é tratado como um problema de mulher. Nem no campo jurídico, nas leis, aparece a responsabilida- de do homem que contribuiu para a situação de gravidez. Está acompanhando? Vamos para o último conceito. Comentário É um diálogo com o texto, procurando situá- -lo em relação ao autor e à sua obra ou contribui- ção. No comentário, são introduzidos acréscimos exteriores ao texto, buscando estabelecer juízos de valor acerca da sua produção. Para dar um exemplo muito simples, consi- dere os comentários de ambas as torcidas acerca de um lance de futebol, que nem precisa ser mui- to polêmico. Como se percebe, o comentário está intrinsecamente relacionado à interpretação, ao ponto de vista de quem o profere. Observações Ao serem considerados todos esses procedi- mentos na leitura de um texto, na análise de um fato, de uma situação profissional etc., esta produ- zirá o(s) sentido(s) em nome do(s) qual(is) tudo isso é realizado. A produção de sentido não encerra o texto. Pelo contrário, deixa em aberto suas possi- bilidades. Prezado(a) aluno(a), todos esses procedi- mentos fazem parte do trabalho científico. Ora são requisitados um ou outro, separadamente, ora to- dos são exigidos por alguma atividade complexa, como é o caso da monografia. Numa monografia, há momentos que explicamos e explicitamos, em outros interpretamos o sentido de algo e fazemos comentários, avaliando aquilo acerca de que esta- mos discorrendo. AtençãoAtenção Todas essas habilidades necessitam ser desenvolvidas ao longo da formação pro- fissional. Metodologia Científica Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 29 6.1 Resumo do Capítulo Prezado(a) aluno(a), após conhecermos o sentido da palavra ‘texto’, estudamos neste capítulo pro- cedimentos para a leitura. Assim, vimos que Análise é a decomposição dos vários níveis de pensamen- to que constituem sentido; Explicação é enunciar o que há num texto: desdobrar, mostrar o que está exposto, pressuposto, implicado, subentendido, suas articulações, os termos-chave; Interpretação é a busca da síntese ou da reintegração das partes no todo; e Comentário é um diálogo com o texto, procu- rando situá-lo em relação ao autor e à sua obra ou contribuição. Vamos agora avaliar se você compreendeu os conceitos elencados. Antes de passar para o capítulo seguinte, resolva as duas atividadespropostas. 6.2 Atividades Propostas 1. Um texto é somente um documento escrito? Explique. 2. Com base na leitura feita do capítulo, defina: a. Análise; b. Explicação; c. Interpretação; d. Comentário. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 31 Prezado(a) aluno(a), para a realização de trabalho monográfico é preciso percorrer alguns passos, vejamos: AtençãoAtenção A produção do trabalho monográfico corresponde à fase de elaboração da pesquisa, baseada nos conhecimentos científicos da área de conhecimento, nos parâmetros de cientificidade e nas orien- tações da estrutura do trabalho. DicionárioDicionário Delimitar: indicar a abrangência do estudo. Em primeiro lugar, é preciso delimitar com precisão o tema: não é o mesmo tratar da liberdade em geral e da liberdade psicológica ou política. Tra- ta-se da perspectiva do tema. Para trabalhos com finalidade didática, deve-se escolher temas já abor- dados por outros, para que haja obras a respeito nas quais pesquisar. A delimitação do tema é a maior dificulda- de apresentada pelos estudantes. A tentação é fa- zer uma tese panorâmica e dizer muita coisa. Por exemplo, a Literatura hoje; a literatura brasileira do pós-guerra aos anos 1960. Umberto Eco (1999) discute bem essa questão e apresenta algumas in- dicações acerca de como superar essa dificuldade: tese panorâmica não pode fazer análises críticas que soam como presunção. Tais análises supõem muito trabalho e deli- mitação; com a tese panorâmica, o pesquisador expõe-se a muitas contestações, como omissões de temas e autores; se for bem preciso, o pesquisador terá um material bem conhecido e ignorado pelos examinadores: torna-se um exper- to nesse assunto; monografia pode ser, também, a abor- dagem de um tema e não apenas de um autor. Nesse caso, analisam-se alguns au- tores do ponto de pista de um tema es- pecífico. Por exemplo: o mundo às aves- sas nos poetas carolíngios; tratar de um tema especificamente mo- nográfico não significa fazer algo aborre- cido, é preciso ter em conta o panorama em que está inserido e estudá-lo; mas o panorama é pano de fundo, não se pode confundir as relações: uma coisa é 7.1 Determinação do Tema-Problema do Trabalho PRODUÇÃO DO TRABALHO MONOGRÁFICO7 Luís Paulo Neves Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 32 pintar o retrato de um cavalheiro sobre o fundo de um campo e outra coisa é pin- tar campos e regatos; alteram-se técni- cas, focos, perspectivas; quanto mais se restringe, melhor e com mais segurança se trabalha. A perspectiva através da qual se aborda um tema é completada com o problema: qual ques- tão vai ser discutida ou para a qual serão buscadas soluções. A colocação do problema em relação ao tema desencadeia formulação da hipótese geral a ser comprovada e, de acordo com a perspectiva adotada, especifica o método a ser utilizado. Quan- do o autor define por uma solução a ser demons- trada no curso do trabalho, pode-se, então, falar de tese a ser demonstrada pelo raciocínio. O trabalho deve: demonstrar uma única ideia; defender uma única tese; assumir uma única posição frente ao pro- blema específico: é o seu ponto de vista, sua tese. Normalmente, uma atividade de pesquisa perpassa três fases de amadurecimento, que são concomitantes nas várias etapas do trabalho: 1. momento da intuição, da descoberta, da formulação de hipóteses; 2. momento da pesquisa: confrontar primeiras intuições; cotejar com outras posições; rever posições iniciais; 3. momento de amadurecimento da pri- meira posição: abandonam-se algumas ideias; acrescentam-se outras; reformulam-se alguns problemas; domínio de uma posição definitiva. 7.2 Levantamento Bibliográfico Trata-se da pesquisa em busca da documen- tação existente sobre o assunto. Coloca-se em ação uma série de procedimentos para localização e busca metódica de documentos que possam inte- ressar ao tema discutido, que dependem da natu- reza do tema a ser estudado. São feitas consultas em: catálogos; boletins especializados; enciclopédias e dicionários especializa- dos; monografias e tratados sobre o assunto; textos didáticos; periódicos impressos e on-line; bases de dados. Metodologia Científica Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 33 7.3 Leitura e Documentação Plano Provisório do Trabalho É um roteiro do trabalho a ser realizado, uma primeira estruturação, baseada em ideias gerais que se tem do tema: é uma ideia diretriz (linhas gerais, colunas mestras), sem a qual o trabalho se perde numa superficialidade; são ideias percebidas intuitivamente pelo aluno, fruto da sugestão do próprio problema e de estudos anteriores; trata-se de um roteiro provisório, pois o plano definitivo só será estabelecido no final da pesquisa. Leitura Realizar uma primeira triagem, para ver o que realmente será lido e é interessante para a pesquisa; Para tanto: recorrer a resenhas das obras; opinião de especialistas; tomar contato com a obra: sumário, prefácio, introdução, passagens do texto; Critérios para a leitura: atualidade: dos textos mais recen- tes para os mais antigos – as obras recentes retomam contribuições do passado, vindo a dispensar algumas leituras. Porém, os clássicos são indis- pensáveis; generalidade: das obras mais gerais (enciclopédias, dicionários, tratados) para as monografias especializadas e artigos científicos; Não é uma mera leitura analítica de toda obra, nem reconstituir o raciocínio analí- tico do autor; Será feita tendo em vista o aproveita- mento direto apenas dos elementos que sirvam para a pesquisa; Às vezes, é necessária a leitura de todo o texto, mesmo assim não se deve perder a ideia mestra que direciona o trabalho. Documentação Tomar nota de todos os elementos que serão utilizados na elaboração do traba- lho; Usar citação livre (indireta) e textual (di- reta), indicando a fonte; Documentar as ideias pessoais que fo- rem surgindo durante a leitura – para não se perderem; Elaborar fichas, arquivos de documen- tação ou outra forma de anotação das ideias que irão compor o trabalho. 7.4 A Construção Lógica do Trabalho Dissertativo Coordenação inteligente das ideias, con- forme as exigências de sistematização; Pode ocorrer reformulação do roteiro provisório; A ordem lógica do trabalho dissertati- vo pode não coincidir com a ordem da descoberta: não se pode perder de vista a finalidade de comunicar ao leitor, que Luís Paulo Neves Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 34 não precisa passar por todos os percalços vividos pelo pesquisador durante sua ati- vidade de pesquisa; Deve formar uma unidade, com sentido intrínseco, autônomo, para que o leitor – que não participou da pesquisa – possa apreendê-la; Portanto, as partes do trabalho – parágra- fos, capítulos etc. – devem ter sequência lógica rigorosa; Não basta que proposições tenham sen- tido em si mesmas, é necessário que o sentido esteja logicamente inserido no contexto do discurso e da redação; Daí as três partes da estrutura formal do trabalho: introdução, desenvolvimento e conclusão. 7.5 A Redação do Trabalho A Linguagem do Texto Ter estilo sóbrio e preciso. Adjetivos su- pérfluos, rodeios e repetições ou explica- ções inúteis devem ser evitados; Também deve ser evitada a forma exces- sivamente compacta, que pode prejudi- car a compreensão do texto; O que importa é a clareza, mais que ou- tras características estilísticas; Usar a terceira pessoa do singular; Usar terminologia técnica, na medida do necessário; Evitarpomposidade pretensiosa, verba- lismo vazio, fórmulas feitas e linguagem sentimental; Não cabem linguagem comum, expres- sões corriqueiras e gírias. Infelizmente, é comum deparar com o uso de expres- sões e fórmulas da oralidade em traba- lhos que requerem fórmulas próprias da linguagem escrita e formal; Quanto ao estilo, depende da natureza do raciocínio e das áreas do saber. Os Parágrafos Parte do texto que tem por finalidade ex- pressar as etapas do raciocínio; Sequência, tamanho e complexidade de- pendem da natureza do raciocínio; Reproduz a estrutura do texto: apresenta uma introdução, um corpo e uma con- clusão; Como determina a articulação do texto, tendo em vista a construção lógica do trabalho, são iniciados por conjunções que indicam as formas de passar de uma etapa lógica à outra, isto é, os conectivos, que devem ser muito bem trabalhados. Metodologia Científica Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 35 7.6 Resumo do Capítulo Prezado(a) aluno(a), vimos neste capítulo que para a realização de trabalho monográfico é preciso percorrer alguns passos: determinação do tema-problema do trabalho; levantamento bibliográfico so- bre o assunto; leitura e documentação, com o Plano provisório do trabalho e a leitura, fazendo triagem e partindo de critérios; além disso, é preciso também dar importância à construção lógica e à redação do trabalho dissertativo. Caro(a) aluno(a), vimos os passos a serem percorridos para a produção do trabalho monográfico, vamos agora avaliar se você os compreendeu? Resolva as questões a seguir. 7.7 Atividades Propostas 1. Qual a importância da leitura na produção do trabalho monográfico e como fazê-la? 2. Quais são os critérios para se realizar a leitura na produção do trabalho monográfico? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 37 Prezado(a) aluno(a), neste capítulo conhe- ceremos a conceituação dos trabalhos monográfi- cos, os elementos que o constituem e qual estrutu- ra apresenta. Vejamos. DicionárioDicionário Conceituar: formar conceito acerca de. Julgar. 8.1 Conceituação dos Trabalhos Monográficos O trabalho monográfico é um documento escrito que visa à aferição do trabalho escolar em uma ou mais disciplinas, solicitado e orientado por professor(es) de uma ou mais disciplinas. Segundo o grau de complexidade envolvido, tais trabalhos são classificados como: Trabalho de Conclusão de Curso (TCC): resultado de um estudo visando à con- clusão de um curso de graduação; Monografia: resultado de um estudo vi- sando à obtenção do título de Especialis- ta; Dissertação: documento escrito visan- do à obtenção do título de Mestre, que representa o resultado de um trabalho experimental, de tema único, com o ob- jetivo de reunir, analisar e interpretar in- formações ou a exposição de um estudo científico retrospectivo (trabalho de revi- são de literatura). Deve evidenciar o co- nhecimento de literatura existente sobre o assunto e a capacidade de sistematiza- ção do candidato; Tese: documento escrito visando à ob- tenção do título de Doutor, que repre- senta um estudo científico de tema úni- co, bem delimitado e original. Deve ser elaborado com base em investigação ori- ginal, constituindo real contribuição para a especialidade em questão. Saiba maisSaiba mais Segundo a Associação Brasileira de Nor- mas Técnicas (ABNT, 2005), um trabalho acadêmico consiste em um “documento que representa o resultado de um estu- do, devendo expressar conhecimento do assunto escolhido, que deve ser obri- gatoriamente emanado da disciplina, módulo, estudo independente, curso, programa e outros ministrados. Deve ser feito sob a coordenação de um orienta- dor.” TRABALHOS MONOGRÁFICOS: CONCEITUAÇÃO, ELEMENTOS E ESTRUTURA 8 Luís Paulo Neves Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 38 8.2 Elementos e Estrutura dos Trabalhos Monográficos Para compor a apresentação e redação dos trabalhos monográficos, há uma série de elemen- tos já consagrados pela prática acadêmica. Existem elementos que são obrigatórios e outros que po- dem constar conforme o desenvolvimento do tra- balho. O quadro a seguir apresenta todos os itens que compõem o trabalho acadêmico, inclusive, na ordem em que devem ser apresentados. Quadro 1 - Itens que compõe o trabalho acadêmico. ESTRUTURA ELEMENTO OPÇÃO PARTE EXTERNA PRÉ-TEXTUAIS Capa Obrigatório PARTE INTERNA PRÉ-TEXTUAIS Folha de rosto Obrigatório Ficha catalográfica Obrigatória Errata Opcional Folha de aprovação Obrigatório Dedicatória(s) Opcional Agradecimentos Opcional Epígrafe Opcional Resumo na língua vernácula Obrigatório Resumo em língua estrangeira Obrigatório Lista de ilustrações Opcional Lista de tabelas Opcional Lista de abreviaturas e siglas Opcional Lista de símbolos Opcional Sumário Obrigatório TEXTUAIS Introdução Obrigatório Desenvolvimento Obrigatório Conclusão Obrigatório PÓS- TEXTUAIS Referências Obrigatório Glossário Opcional Apêndice(s) Opcional Anexo(s) Opcional Índice(s) Opcional Metodologia Científica Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 39 Espaçamentos e Margens Padrões 3 CM 3 CM Papel branco ou reciclato, formato A4 (21 cm x 29,7 cm); Fonte tamanho 12; Margens esquerda e superior de 3 cm; direita e inferior de 2 cm; Entrelinhas 1,5. 2 CM 2 CM Luís Paulo Neves Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 40 Elementos Pré-Textuais Capa A capa é um elemento obrigatório e deve conter as informações seguintes, nesta ordem: a. nome da instituição (centralizado no es- paço superior da página); b. título e subtítulo do trabalho (centraliza- do e um pouco acima do centro da pá- gina); c. nome do autor (centralizado abaixo do título do trabalho); d. local (centralizado no canto inferior da página, acima do ano); e. ano de entrega do trabalho ( centraliza- do no canto inferior da página, abaixo do local); f. número de volumes e especificação do volume em questão. O nome do autor significa que ele é o respon- sável intelectual pelo trabalho. Por isso, não se jus- tifica colocar o nome da instituição nessa posição em trabalhos, cuja responsabilidade intelectual e direitos autorais não pertencem a ela. Metodologia Científica Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 41 Lombada (opcional) Lombada é a parte que reúne as margens in- ternas do lado esquerdo, mantendo-as juntas quer por cola, costura ou grampos, formando um cader- no. Ela constitui um elemento opcional, pois, quan- do as folhas se reúnem por espiral ou em número bastante reduzido, por exemplo, a junção delas não forma lombada. A lombada de trabalhos acadêmicos deve trazer o nome do autor, ou dos autores, e o título; a de livros, além disso, precisa apresentar a logo- marca da editora; a de periódicos deve conter os elementos alfanuméricos que permitem identificar o volume, o fascículo e a data de publicação. Folha de rosto É a primeira página após a capa e é a única fo- lha do trabalho com informações no verso. A folha de rosto é elemento obrigatório e precisa conter as informações que seguem abaixo, nesta ordem (cf. Anexo A): a. nome do autor, pois é o responsável in- telectual pelo trabalho; b. título principal do trabalho, acompa- nhado de subtítulo, se houver, que defi- na claramente o conteúdo do trabalho, constituindo um resumo de, no máximo, 12 vocábulos, como sugere a Coordena- ção de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) (apud DOMIN- GOS, 1999), devendo o subtítulo ser in- troduzido, após o título, por dois pontos; c. número do volume, havendo mais de um; d. natureza do trabalho (tese, TCC e outros) e sua finalidade, isto é, motivo que de- terminou sua elaboração, entre outros, por exemplo,
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