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22 - Hidrologia_Tucci (Cap22)

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Capítulo 22
o MEIO AMBIENTE E OS RECURSOS HÍDRICOS
Antonio Benetti e Francisco Bidone
Introdução
A água é um bem que deve ser utilizado pelo homem para sua sobrevivência
mclhoria de suas condições econômicas, sociais e comunitárias. Além disso,
111\é também um meio onde habitam organismos que necessitam condições
11 IIi ILm tuis adequadas para a sobrevivência.
BS1C capítulo trata dos principais aspectos de qualidade e poluição dos
III \\l'OS hídricos. Nesse contexto, são abordados: a caracterização do
ltllilnntc aquático, seus múltiplos usos e os padrões de qualidade associados;
luunus como a ação antropogênica causa impactos sobre o meio, de que
111I1I1I''''l\ esses impactos são medidos e analisados, através do monitoramento e
II luíerprctação dos resultados; procedimentos de minimização dos impactos,
I"IVI~~ do tratamento adequado das fontes de poluição e do planejamento
I I 11li ulnl; aspectos político-administrativos de controle de poluição.
onteúdo desenvolvido é complementado com uma proposta de roteiro para
IIlhllrl\9l\o de um estudo de impacto ambiental.
('III'(lctcrlzação do ambiente aquático
uu é um mineral lfquido formado por dois átomos de hidrogênio e um
1110. Encontra-se polimerizada, com moléculas unidas por pontes de
IIltI'"U~1I10 [(120)n].
I Invldo à Sua capacidade de solubilização de gases e de erosão dos
IIIIW1IlIUIl, 11 ãgua não se encontra pura na natureza, e sim como uma
II "tllI~~(l uquosa de sais, gases e matéria orgânica. Praticamente todos os
I, 'III\IIIII~ químicos encontram-se dissolvidos de uma forma ou de outra em águas
IIIIIIIM, ldllllll que em baixas proporções.
1~J(I~IOlll, bnslcamcntc, dois grupos de elementos químicos na água. O
IlIlInndo consorvntívo, apresenta concentração estável ao longo do
I'IIPO lnolucm-sc O cloro c o sõdio, que apresentam grande
lt1alell p<lr ~III' Il1l1uOncln. sobre a pressão osrnõtica e
1'111111111111 Irmlu()I I't,ullllllndn 1111clnsRific09nO (to orgnnisrnos aquãtlcos em
" 111. Illlu,nll('hl II .!ll't'II'IIII·," ""111111111(10'1, UIII Rtl~\II,(I() ~I'IIP() de clementes,
I V,,!lVII,Il, 1I11111WIIIIIIHIIIIH.11111'11~''''1 vllr\~Vl\1 Iltl ItllllpO: ullLnO 1I(
850 Hidrologia
incluídos o nitrogênio e o fósforo, nutrientes essenciais ao metabolismo e
limitantes do desenvolvimento dos organismos aquáticos.
Entre os gases dissolvidos na água, os mais importantes são o oxigênio e
o gás carbônico. ° 02 possibilita a respiração dos organismos aquáticos,
enquanto que o CO2, na água, forma ácido carbônico que se dissocia em duas
etapas:
CO2 + H20
II
H2C03 = HCO) + H+
II
C03' + H+
I,
:1
A matéria orgânica presente na água incrementa o metabolismo no meio
aquático com reflexo em suas propriedades físicas e bioquímicas.
Existem muitos outros elementos que, mesmo a baixas concentrações,
apresentam influência nos organismos presentes no meio aquático. Entre eles
estão o silício, ferro, manganês, cobre, zinco, mercúrio, cádmio e chumbo.
As águas naturais classificam-se em água marinhas e continentais. A
primeira caracteriza-se pela presença de cloreto de s6dio e tem uma
composição iônica estável e quase uniforme, variando apenas a concentração
total de um local para outro. As águas continentais caracterizam-se pelo
bicarbonato de cálcio e são muito heterogêneas. São chamadas águas doces por
apresentarem uma concentração salina muito baixa. Em certos locais, como
estuários, há uma mescla de água doce com marinha, formando a chamada água
salobra.
Entre as águas continentais encontram-se os rios e lagos. Os rios, pela
declividade de seus leitos, apresentam um fluxo de água contínuo da nascente
até a foz. Em função das características de movimentação da água nos rios
(turbulência, quiescência, correntezas, baixas velocidades) estabelecem-se
comunidades aquáticas adaptadas àquele meio. Nos lagos, ao contrário, não há
um fluxo de água contínuo, uma vez que a água encontra-se em depressõc
fechadas. A circulação da água nos lagos provém, principalmente, da ação do
vento na sua superfície. As comunidades aquáticas estão relacionadas com o
fatores abi6ticos existentes.
22.3 Os usos múltiplos dos recursos hídrlcos
Dentre os recursos naturais, um dos qu
legítimos e correntes usos, é lndubltavclmcn:
fun91'10 dos pro~ro.'o. 600111111 Il IlIdllMlrllI
mais v ilrJ IId.., ••,
1111II 111\11111, cru
1I11'/lV IJII 1111u(\ 11 li
°Meio Ambiente e os Recursos Hídricos 851
humanidade, pode-se enumerar, entre outros, os seguintes usos múltiplos:
• abastecimento público;
• consumo industrial;
- matéria prima para a indústria;
• irrigação;
- recreação;
- dessedentação de animais;
• geração de energia elétrica;
- transporte;
- diluição de despejos, e
• preservação da flora e fauna (fonte proteíca).
Os quatro primeiro usos referidos exigem a retirada da água do
manancial, ao passo que nos demais não se observa tal necessidade. A diluição
de despejos, por outro lado, é prática que vem sendo abandonada, tendo em
vista as exigências atualmente vigentes na legislação ambiental no que se
refere à emissão de efluentes. Os usos apontados serão abordados
resumidamente a seguir, de acordo com suas particularidades.
22.3.1 Abastecimento público (doméstico)
Sem dúvida alguma é o uso mais nobre da água e se manifesta praticamente
em todas as atividades do homem: manutenção da vida (água para beber),
higiene pessoal e das habitações, combate a incêndios, entre outras.
Quando a água é consumida individualmente (pessoa ou família), em alguns
casos não sofre tratamento. Ainda assim, deve apresentar padrões mínimos de
higidez e palatabilidade, sem o que seu uso pode acarretar o aparecimento das
doenças de veiculação hídrica.
No caso de consumo coletivo, a regra é fornecer a comunidade um sistema
de abastecimento de água, que pressupõe a existência das seguintes unidades:
captação de água bruta (in naturai, adução, tratamento, reservacão e
distribuição.
Na fase de tratamento (misturação, floculação, decantação, filtração e
desinfecção), são removidas da água aquelas impurezas que podem comprometer,
Inda que indiretamente, a saúde humana. Destacam-se aqui os organismos
patogênicos, os metais pesados (tipo mercúrio, por exemplo) e algumas
aractcrfsticas físicas como cor C turbidez, que se não comprometem do ponto
de vista qufmico!blológico, podem tomar a água estéticarnente repulsiva e
cmpromctldn,
-01
111\ pCJ
\V"IH~I\l1t
xoopcionnl», o IrulliOlOrlto tlll como proposto, não condiciona a
1IIIpll'ln, t' 11 potuhllldudc ~6 pndc ~cr I\ICIII\Çlldll por processos
dll h 1111111Illl1 IIl,
852 Hidrologia
22.3.2 Consumo industrial/matéria prima para indústrias
Nesse caso a água é utilizada dentro das seguintes condições:
a) participando do processo, mas não entrando em contato com a matéria prima
(refrigeração e água para caldeira);
b) integrando-se ao produto fabricado (produtos alimentícios e indústrias de
bebidas);
c) entrando em contato com a matéria prima ou produto final. NesSII
condições, o grau de pureza é bastante alto, podendo exigir a retirada de
substâncias, tipo íons metálicos e sais minerais, que interfiram na qualidade
e composição do produto final;
d) como elemento importante e participativo nos serviços complementares ti
fábricas e indústrias (higiene de operários, limpeza de equipamentos, cnn
outros).
22.3.3 Irrtgaçâo/dessedentação de animais
Embora especial atenção deva ser dispensada aos aspectos biol6glc
tóxicos da água, a mesma é utilizada para a rega dos mais diversos tipos til
culturas (hortaliças, vegetais e frutos crus ou com casca). Há que se ndotlu
medidas preventivas para culturas irrigadas que utilizam água de procedêncln
duvidosa (cozimento, por exemplo).
No caso de dessentação de animais a qualidade da água deve ser avolhllh.
antes de distribuída para consumo. Pode ser necessário o tratamento anll.l8 110
consumo.
22.3.4Recreação
{(lIUII'
11111111
IIIOlilllldu HIlIiVl". ,I
o Meio Ambiente e os Recursos Hídricos 853
acidentes como o de Minamata, no Japão, onde significativa parcela da
população contaminou-se irreversivelmente pela ingestão de peixes _que 'haviam
acumulado mercúrio em seus tecidos, que também nesse tipo de uso deve haver
maior controle por parte das autoridades competentes. Felizmente, já se
dispõe no Brasil de legislação ambiental referente ao assunto (CONAMA, 1986).
22.3.5 Geração de energia elétrica
A energia hidráulica transformada em energia elétrica tem sido um dos
usos mais freqüentes dos recursos hídricos. As hidrelétricas utilizam
barragens para regularizar a vazão e criar o desnível necessário à produção
de energia. Essa barragem cria um lago a montante onde a profundidade aumenta
e a velocidade diminui. A qualidade da água represada pode produzir
estratificação térmica que interfere na geração de gases e na formação de
algas, produzindo a degradação das condições do lago e do escoamento a
jusante da barragem.
As termelétricas utilizam também grandes volumes de água, para geração
de vapor e controle térmico das instalações. Entretanto, para uso nesse caso,
existem condições qualitativas particulares que devem ser preenchidas pela
ügua, a fim de não haver comprometimento dos equipamentos (caso de
incrustações em tubulações, caldeiras e aparelhos. por exemplo). A descarga
da água utilizada nesse caso pode representar também no receptor final,
Impacto ambiental relevante, especialmente de ordem térmica.
2.3.6 Transporte
A comunicação via aquática, no transporte de cargas e pessoas,
principalmente pelo custo elevado e escassez do petróleo, fará com que, já a
urto prazo, seja dada mais ênfase à navegação.
No Brasil, a grande coleção de águas existentes coloca a comunicação via
nquãtica como um potencial meio alternativo econômico de transporte, embora
111 alguns casos haja a necessidade de implantação de obras (tipo eclusas)
purn o desenvolvimento do mesmo.
.7 Preservação de flora e fauna (fonte proteíca)
tipos ele usos da água observados anteriormente, deve
854 Hidrolol!l"
homem, sendo importante fonte proteíca.
Evidentemente, medidas mitigadoras de qualquer interferência importnun
no ciclo referido devem ser previstas na fase que antecede os usos múltlpl«
da água enfocados. Assim, assumem decisiva importância os Estudo
Relat6rios de Impacto Ambiental dos aproveitamentos dos recursos hídrícos 1111
seus múltiplos usos.
22.4 Aspectos de qualidade das águas associados aos usos
Por centenas de anos, apenas os sentidos da visão, sabor e olfato NUIII
determinantes na avaliação da qualidade da água. Com a evolução das t<klilt'lI
de detecção c medidas de poluentes, foram estabelecidos padrões de qUillldlld
para a água, isto é, a máxima concentração de elementos ou compostos '1'1
poderiam estar presentes na água, de modo a ser compatível com 11 .1111
utilização para determinadas finalidades. Assim, foram estabelecidos plldl nl
de qualidade de água para usos como abastecimento público e indu"h 1,,1
preservação da vida aquática, irrigação, recreação, agricultura, nave811~'nll
paisagismo. Esses padrões foram estabelecidos, usualmente a puuh 11
experimentos realizados em centros de pesquisa de países' desenvolvido/I.
No Brasil, o Conselho Nacional de Meio Ambiente - estabelece IlIlhl
classificação das águas do territ6rio nacional em doces., salobras C IlIdlllll
e, para cada uma, classes, segundo os usos predominantes. Existem L 1111'11
classes para águas doces, duas para salinas e duas para salobras.
Uma vez definidos os usos da água em um manancial, estará definkln li _"_I
classe e também a qualidade que a água desse manancial devera rcpl'~l"(11I111I
Por exemplo, considerando o caso de um rio (água doce) onde 11 11}11111
utilizada para abastecimento público, ap6s tratamento convencional <111 111!11i1
recreação e irrigação de hortaliças. Pela legislação brasileira (CONA1\1
1986) esse manancial é de classe 2 e deve obedecer, no mínimo, as
condições (entre outras):
- concentração de oxigênio dissolvido superior a 5,0 mg/l;
- coliformes fecais até 1000 organismos para cada 100 ml de nIlUJ"'1l1
- demanda bioquímica de oxigênio até 5,0 mg/l;
- mercúrio até 0,002 mg/l e
- cianetos até 0,2 mg/l CN.
o Meio Ambiente e os Recursos Hídricos 855
relação à preservação da vida aquática, poderão existir, em determinado
local, espécies adaptadas a um meio natural onde a concentração de um
elemento não lhe é t6xica, mas sim a organismos presentes em mananciais de
outras regiões, onde os padrões foram estabelecidos.
22.5 Poluição das águas
22.5.1 Fontes de poluição
A exploração da natureza pelo homem afeta toda a biosfera, alterando o
quilíbrio existente. Especificamente, em relação às águas, muitas são as
utividades que causam poluição. O termo poluição pode ser definido como
ilteração nas características físicas, químicas ou biol6gicas de águas
naturais decorrentes de atividades humanas. Apresenta-se, a seguir, algumas
fontes de poluição que têm assumido importância significativa nos dias
ntuais.
Esgotos sanitários
Compreendem as águas servidas, utilizadas para higiene pessoal, cocção
de alimentos e lavagem de utensílios. Originam-se em prédios residenciais,
merciais, administrativos, hospitalares e industriais.
Os esgotos sanitários apresentam uma composição praticamente uniforme,
qllO é constituída, primeiramente, por matéria orgânica biodegradável,
utlcrorganismos (bactérias, vírus, etc.), nutrientes (nitrogênio, f6sforo),
riteos, graxas e detergentes. Na tabela 22.1 são apresentadas as
curactcrísticas do esgoto sanitário de Porto Alegre, RS.
guas residuárias industriais
As águas residuárias industriais apresentam uma variação muito grande
11111to na sua composição como na vazão, refletindo seus processos de produção.
()riginam-se em três pontos (jã referidas anteriormente):
li) ~suas de processo: águas que têm contato com a matéria-prima do produto
processado:
11) ~UU8S de refrigeração: usadas para resfriamento e
rtguas suniutrins: cfluentc de banheiros c cozinhas.
A fI~pldl\ xpllllsilo industrial apõs fi 2R Guerra Mundial
16)(Itll! li bulxus cooccntrações, como
110BI\(lo. I) nllhnlRl1C'11IRrlldlCHlllvlIlI. Nn
856 Hidroloaln
tabela 22.2 apresenta-se a caracterização de águas residuãrias de alaun
ramos industriais.
Resíduos sólidos
Os resíduos sólidos são os rejeites originados de atividad
industriais, hospitalares e agricultura. A composição do lixo depende d/'
fatores como nível educacional, poder aquisitivo, hábitos e costumes li 11
população. A tabela 22.3 apresenta a composição do lixo de São Paulo.
Tabela 22.1. Caracterização do esgoto sanitário de Porto Alegre,RS.
(DMAE 1973, 1983).~i--------------~I------~I~----------~iMEDIDA UNIDADElcONCENTRAÇÃO
INORGÂNICAS
Nitrogênio total mg/l
I
37,14
Fósforo mg/l 12,13
ORGÂNICAS
DBO mg/l 284
DQO mg/l 442
Óleos e graxas mg/l 48
MBAS mg/l 2,52
BIOLÓGICAS
Coliformes totais NMP(lOOm1 5,6x107
Coliformes fecais NMP(lOOml 1,6xl07
METAIS
Cãdrnio MG/L
Chumbo mg/l
Cobre mg/l
Cromo nts/l
Inco nlu/I
FíSICAS
pH
Sólidos Seimentáveis
Sólidos totais
Sólidos Suspensos
Sólidos Dissolvidos
mg/l
mg/l
mg/l
mg/l
6,9
4,0
464,0
174,0
290,0
o Meio Ambiente e os Recursos Hídricos 857
Tabela 22.2. Caracterização de águas residuárias de alguns
ramos industriais
RAMOS INDUSTRIAL POLUENTES MAIS SIGNIFICATIVOS
Curtumes Material em suspensão, matéria orgânica,
sulfetos e cromo.
Têxtil Ãcidos e álcalis, cor, material em
suspensão, 6leos e graxas;
Óleos vegetais Matéria orgânica, nutrientes, material
suspensão, 6leos e graxas;
Matadouro/Frigorífico Material em suspensão, nutrientes, matéria
orgânica, cor e microrganismos;
Galvanoplastia Metais pesados, cianetos, acidez, material
em suspensão e dissolvido;
Siderurgia Acidez,metais pesados, fenéis, óleos e
graxas.
Tabela 22.3. Composição do lixo' de São Paulo, 1979 (Lima, 1987)
COMPONENTE % EM PESO
Matéria Orgânica putrecível 37,80
Papel e papelão 29,60
Metal ferroso S,4
Trapo, couro, borracha 2,20
Plástico fino e grosso 9,00
Vidro, terra e pedra 14,60
Madeira 0,80
Metal não-ferroso 0,10
Diversos 0,50
A decomposição do lixo produz um líquido altamente poluído e
ntaminado, o 0111111111<10 chorumc. Em caso de má disposição dos rejeitas, o
horurne IItingé 011 1II1111111101lll/lsubterrâneos e superficiais. Esse líquido contém
'tmOontrl\Çn() (lu 111111"11111url;\Allloo equivalente a 30 a 100 vezes o esgoto
unltnrlo, Id~1Il do lilhillll~IIIIIIHIIII)N pHtoSenieos o metais pesados.
858 Hidrologia
Águas de drenagem urbana
As águas pluviais têm um efeito de lavagem sobre o solo, conduzindo, ao
cursos de água, impurezas e detritos encontrados em ruas e pavimentos. O
primeiros quinze minutos, especialmente, são uma série fonte de poluição.
Na tabela 22.4 são apresentados valores médios da concentração da vazã
de drenagem pluvial de uma bacia urbana do centro de Porto Alegre, RS.
Tabela 22.4. Qualidade da água de drenagem pluvial em Porto Alegre
(Ide, 1984)
MEDIDA UNIDADE CONCENTRAÇÃO
pH - 7,2
S6lidos totais mg/l 1523
Sólidos Suspensos mg/l 1395
S6lidos Sedimentáveis mg/l 36,4
Fosfato mg/l 0,347
Amônia mg/l 1,0
DBO mg/l 31,8
DQO mg/l 176
Coliformes Fecais NMP/l00 mI l,5x107
Ferro rng/l 30,33
Zinco mg/l 0,77
Chumbo rng/l 0,19----
, I Fontes acidentais
As fontes acidentais abrangem as situações em que não há um de""I'I"
contínuo de poluentes no ambiente. Incluem-se aí, acidentes ocorridoa I1II
dep6sitos de produtos perigosos, derramamento de 6leo por vários pctroloh 11
e explosões de caráter radioativo como em Chernobyl. Apresentam um 1111111i I
catastr6fico para o ambiente, já que são lançados sem controle, em ~1'lIIldj
quantidade e de maneira concentrada. A recuperação do ambiento podo I/IVIII
muitos anos.
O transporte de material t6xico por navegação, rodovias c rCllllvln
também um exemplo típico de risco potencial ao melo ambiente.
Fontes atmosféricas
A queima de cornbustív
enxofre c nltrogõnlo, ond
nvcnldos !.llll 1\(.\I("j~c111i d
11111, fi
1111dllll "/III!
11'111111111I1 li!!
O Meio Ambiente e os Recursos Hídricos 859
solo/água sob a forma de chuvas ácidas. Há evidências de acidificação de
águas superficiais em decorrência desse fenômeno, com possibilidades de
solubilização de metais pesados presentes nos solos e sedimentos de lagos.
Outros efeitos decorrentes da poluição do ar pela emissão, por exemplo,
dos aeross6is, têm sido pesquisados. Decorrem dessas emissões as aberturas na
camada de ozônio e efeito estufa, este com implicações no regime hidrol6gico
das águas continentais e marinhas.
22.5.2 Aspectos físicos, químicos e biológicos da poluição
Várias características físicas, químicas e biológicas podem ser
consideradas importantes no meio aquático. A condição do meio ambiente
aquático é identificada por essas características, denominadas muitas vezes
de parâmetros ambientais ou de qualidade de água.
Temperatura
Pode ser considerada a característica mais importante do meio aquático.
A temperatura caracteriza grande parte dos outros parâmetros físicos da água
tais como a densidade, viscosidade, pressão de vapor e solubilidade dos gases
dissolvidos.
A temperatura influencia, por exemplo na operação das ETAs (estação de
tratamento de água), nas unidades de foculação/sedimentação, deposição de
lodos e estratificação térmica em reservatórios e diminuição da solubilidade
do oxigênio.
O efeito da temperatura sobre as características químicas da água,
decorre da influência que a mesma exerce sobre as reações químicas. A
velocidade da reação química duplica para cada 10°C de aumento da
temperatura, acelerando as reações que se relacionam com a atividade
. microbiana (reações bioquímicas). A temperatura é um dos fatores que governam
II existência e interdependência dos organismos e espécies aquáticas
(bactérias, peixes, algas e plantas aquáticas, entre outros). O seu efeito
não pode ser considerado isoladamente de outros fatores ambientais.
Oxigênio dissolvido
A quantldade de oxigênio dissolvido na água é um índice expressivo de
ua qualidade slInltr1dll, ÁSIIHS superficiais de boa qualidade devem estar
IItllradns de 0)(11401110, (JIIIII dljulI saturada pode ou não estar poluída, mas a
l\tllrtlçllC'l índh'IH'rt '1"11 lIhll ONIJ1 oonlr\mlnl\da por matéria oxidável.
A COII(·~llhl\l•.nfl d'l II.IU~IIII.t111111nlll COIII o numcnto du temperatura. Vüri n
\/(0 IIII(I~ 1111111li (I"C IlflUI 1'1111,11' Ilhll~nl'N 1llllllM du olol'cW II cl,l:l 1I1H/111:lOtlC'.
860
Hidrologia
para concentrações de cloreto da ordem de 20000 mg/l.
pH
o pH é o logaritmo negativo da concentração de íons hidrogênio expresso
em moles por litro:
1
pH = log-
[H+]
Seu valor varia de O a 14. Soluções com pH menor que 7 chamam-se ácidas:
soluções com pH maior que 7 chamam-se alcalinas. Quando o pH for igual a 7 11
água é denominada de neutra.
Esse parâmetro é importante para praticamente todas as áreas dll
engenharia sanitária:
- o nível de pH indica o tipo de água que exerce efeito corrosivo soln:
tubulações e equipamentos de sistemas de água e esgoto;
- influi na coagulação química e sedimentação em estações de tratamcntu
de água;
- os processos biol6gicos ou químicos de estações de tratamento (!
esgotos se desenvolvem de acordo com o nível desse parâmetro;
- pode-se identificar a toxidez de certos compostos (com metn
pesados), em relação à vida aquática, em particular os peixes,
• industrialmente, tem faixas apropriadas para utilização em cada flp"
de indústria.
(:hll'cto
1
'
11/ o.:
o Meio Ambiente e os Recursos Hídricos 861
- fabricação de açúcar: 20 mg/l;
- fabricação de papel: 75 mg/l;
- bebidas carbonatadas: 250 mg/l e
- limpeza de equipamentos de processamento de alimentos: 250 mg/l,
Óleos e graxas
Normalmente estão presentes nas águas como emulsão de despejos
industriais ou similares, embora a decomposição do pIancton ou de formas
superiores da vida aquática possam originã-lo, Geralmente, são insolúveis em
água, mas podem aparecer emulsionados por detergentes, álcalis ou outras
substâncias químicas. Quando lançados no mar ou outro corpo receptor,
bloqueiam a fonte de oxigênio, prejudicando o ambiente aquático que passa a
sofrer alterações em sua fauna, flora e demais características físicas,
químicas e. biológicas.
Detergentes
A denominação atual para os detergentes é surfactantes, que representa a
condensação de agente ativo em superflctes. São amplamente empregados nas
atividades domésticas e industriais. Constituídos por moléculas orgânicas com
propriedade de formar espuma muito estável e difícil de ser quebrada,
representam sérios problemas nas ETAs e ETEs (Estações de Tratamento de
Esgoto).
O tipo mais comum é o ABS (alquil-benzeno-sulfonado), detergente
sintético, resistente à ação biológica. Teve seu uso substituído nos países
avançados pelo LAS (alquil-sulfonado-linear), que é bio-degradãvel.
Pesticidas
Os pesticidas são utilizados principalmente na agricultura, sendo fonte
de poluição e toxidez à vida aquática. São elementos químicos empregados no
combate às pragas e podem ser classificados segundo seu uso biol6gico em
inseticidas, larvicidas, ovicidas, formicidas, bermicidas, carrapaticidas e
hcrbicidas, entre outros.
A poluição das águas pelos pesticidas pode ocorrer de forma direta e
indireta. Na primeira forma, pode-se enquadrar o combate às larvas, por
exemplo, quandc um Jarvicida é introduzido diretamente na água. A forma
indireta é ti mnls "~III\I: O pcsticida usado na agricultura atinge o solo e é
irrcg udo POIM ~1I11/i"d., ohuv u para os riachos, rios, lagoas e mares.
De 11111 Il\(ltllI UI~IIlI. Cll'l J)t;HloldllSínorgânicos são tóxicos às plantas, ao
homer» o IION IiUI'IIIN ~,. 11.'.III)I(hl~clorudo», nno blodcgrndltvols, sDo os rnui
IHll~illttll1lt,. IIII 11I1,1.11111I1111111111 (I~ tll'"I'II()r()/lf(,)fIi(~lIl1l NIlIH1I'1\ 11I11
862 Hidrologia
pouco persistentes (facilmente hidrolisáveis), permanecendo no solo e na água
no máximo por algumas semanas.
Substâncias tóxicas e carcinogênicas
Enquadram-se nessa classificação um significativo número de substâncias,
produtos ou radicais químicos que podem aparecer na água de origens diversas,
Enumera-se a seguir alguns desses elementos com seus respectivos efeitos,
- Arsênio: ingestão de 100 mg envenena seriamente o organismo, ti
carcinogênico;
- Bário: 550 a 600 mg são fatais ao homem. Causa bloqueio nervoso 011
aumento da pressão sangüínea por vasoconstrição;
- Cádmio: altamente t6xico, pode determinar a hipertensão arterial,
anemia, retardamento de crescimento e morte;
- Cromo: quando inspirado causa câncer. Na água, o cromo trivalcnt
parece não ter significado sanitário. O hexavalente, em concentraçõc
de até 11 mg/l, pode ser tolerado pelo homem por vários anos;
- Cianetos: até 4,7 mg por dia não são prejudiciais. Na água potável, u
limite aceitável não deve exceder 0,2 mg/l;
- Fluoretos: até 1,0 mg/l, protege os dentes. Entre 8-20 rng/l, causa 1\
fluorose dental e deformação dos ossos. Doses excessivas levam
morte em uma s6 dose;
• Chumbo: de efeito cumulativo, pode ser letal se ingerido por 01\11111
tempo. As águas naturais apresentam 0,01 mg/l ou menos d
elemento;
• Selênio: t6xico para homens e animais em concentrações acima de O,Il I
mg/l. Aumenta a incidência de cárie dentária e é carcinogênico
• Prata: efeito sistêrnico ocasional e alterações fisiol6lth'lI
(coloração azulada da pele e das mucosas).
22.6 Monitoramento de qualidade da água
Quando uma massa de poluentes é introduzida no ambiente aquãtlco, 1111111
série de compostos agirá para diminuir a sua concentração: uiSpt'l_III"
difusão, transformações químicas e microbiol6gicas. As substâncias podciu
transferidas: a) para atmosfera, na volatização b), para scdlmcntos, V
solução e subseqüente deposição da partícula e c) para mncroblotn, v
acumulação de produtos químicos no tecido dos organismos. Dcssn {'mllll', IIlIII
sempre um poluente lançado na água 6 nela detectado, podendo vlr.a 1\011I11111111
se nos sedimentos e material biol6gioo.
A implantação do uma rodo do 1I101I1Iorlllllt:lIlIO du 1IIIIIIldlldo tln áUllII I'lIeI
ter os scgutntce objotlvo/l:
O Meio Ambiente e os Recursos Hídricos 863
- avaliação da qualidade da água para determinar sua adequabilidade
para os usos propostos (ex.: abastecimento público, recreação,
irrigação);
- acompanhar a evolução da qualidade do manancial ao longo do tempo,
como reflexo do uso do solo da bacia e de medidas de controle da
poluição adotadas;
- avaliação do ambiente aquático como um todo, considerando, além da
água, sedimentos e material biol6gico.
Em função dos objetivos serão determinados a localização dos pontos de
amostragem, o material a ser coletado (água, sedimentos, material biol6gico),
parâmetros a serem analisados, período e freqüência de amostragem.
As amostras devem ser coletadas juntamente com informações hidrol6gicas
de vazão, nível de água e velocidades de modo a possibilitar a estimativa de
cargas, balanço de massas e entradas para modelos de qualidade de água.
Os pontos de coleta de água em uma rede de monitoramento são
estabelecidos principalmente para verificar o impacto que fontes de poluição
apresentam sobre a água, ou se sua qualidade é adequada ao uso pretendido.
Por isto, é normal a escolha de um ponto branco, isto é, um local que não
sofreu impacto de atividades humanas. Na figura 22.1 apresenta-se um exemplo
de locais de monitoramento de um rio em cuja área de drenagem encontram-se
diversos usos.
A amostra deve ser representativa da água que se está amostrando. Elas
poderão ser simples, compostas ou integradas. Amostras simples são utilizadas
quando a água apresenta uma composição constante ao longo da seção
transversal e do tempo. São coletados no meio da seção, a meia profundidade.
Quando houver uma variação acentuada das características da água na seção
transversal de um rio, utiliza-se amostragern integrada. Essa amostra é uma
mistura de coletas simples feitas da superfície ao fundo e ao longo da seção.
Amostras compostas são utilizadas quando houver variação na concentração de
poluentes ao longo do tempo, em uma mistura proporcional à razão de amostras
lrnples coletadas num mesmo ponto ao longo de um determinado período ( por
xernplo 24 horas).
Os métodos de amostragem poderão ser manuais ou automáticos. Este último
método utiliza equipamentos especialmente projetados, dispensando a presença
nstante de um operador para as coletas de amostras.
A coleta de amostras em lagos e reservat6rios dependerá muito das
ondlçõcs locais, urna vez que há muitas variações naturais devido a fenômenos
Iló ostratlflcuçllo It<I'Iil I011, llQ.iIo dos ventos e chuvas. Em poços. antes da
uolctn deve hnvor IHllllhulllmnto sllflclcnlc pura assegurar que a coleta seja
.t1pl'b~bntllllvlI ti,. tI IA 11 11 ."lltnIlAlltlli 1I1ll(1/llrn(lll.
Hxbtu 11111 IUII I VI\III di' 111I111111 I,mlr~ 1\ colet« ti
tllI~ '1IIIm~(J1I'ullll~ \'111 l'illlll~II't111 N'1UHl IlIllII VIII11 du I
I rt.lI\II:t,1\9
111 limei 11I1~1I\
864 Hidrologia
quirmcas e biol6gicas na água. Para retardar essas mudanças faz-se 1\
preservação das amostras. Os métodos de preservação utilizados são control
de pH, adição química, refrigeração e congelamento. Dessa forma é possível:
a) retardar a ação biol6gica; c) retardar a hidr6lise dos complexos e
compostos químicos; c) reduzir a volatilidade de constituintes e d) reduzh
efeitos de absorção na superfície do recipiente amostrador.
J
2
r:il / -ltJ :/ POPULA.ÇAO ESPARM.
)-. _ .. _ .. .-" RURAL
/ 181
CIDADE
- -----./ .-.. CB:l----"ZY 3 "--"'-'"
",.-,/ '\
5 ~-~-- I~~ \I b', (4®",,:RECREACÃO
I ~ t''''J'' ,,~j',~ ~ .•. .>
ÁREA 1----- _6
NDLlSTRiAL
'.
--.--
IRRIGAÇÃO
I
-~~ ---MAR ---- --" .•-- ---------
(1) Ponto branco
(2) Captação de água para abastecimento público
(3) Zona rural, nascentes
(4) Zona de recreação
(5) Captação de água para abastecimento industrial
(6) Ponto a jusante de lançamento industriul
(7) Captação de água para in"igllQl'Io
(8) Foz do rio
Flllurn '22, I, (l1~ de IlHlIllIllIWlltllll(1 .I!I/l (WIIIl.I'J/tI)
o Meio Ambiente e os Recursos Hídricos 865
Uma preservação completa não é possível e por isso existe ~m prazo
máximo de tempo em que a análise deve ser feita, variável em função da
determinação. Poderão ser desde 48 horas como DBO até 6 meses para metais
pesados. Entretanto, tanto menor o intervalo de tempo entre coleta e análise,
mais confiável será o resultado.
Além da água, o monitoramento poderá abranger sedimentos e material
biol6gico. Muitos poluentes agregam-se em partículas suspensas na água que
depositam-se no leito do rios. A coleta de sedimentos é feita com
equipamentos especiais, como as dragas de Ekman ou Peterson.
A avaliação da qualidade do ambiente aquático através de material
biol6gico é muito representativo das condições existentes. A avaliação poderá
ser feita pela coleta de amostras e análise de poluentes presentes nos
organismos, em laborat6rio (por exemplo, metais pesados). Outro método seria
expor um determinado organismo à água no trecho que se deseja examinar
observando o seu comportamento ao longo do tempo.
A avaliação do grau de poluição do ambiente pode ser feito através de
bioindicadores. Schafer (1985) analisou diversos métodos: sistemas de
sapr6bios, déficit de espécies, índice de diversidade, índice de similaridade
e índice do grau de autopurificação. Baseiam-se no fato de que a poluição
modifica a presença e a dorninância de organismos aquáticos em relação a umambiente não afetado pela poluição.
Em relação à água, a avaliação poderá ser feita pela composição dos
resultados obtidos com os padrões de qualidade estabelecidos para a classe em
que está enquadrado o manancial. Outro método que vem tendo aplicação
crescente é o da utilização de índices de qualidade da água. Apresenta a
vantagem de fácil entendimento para um público leigo, mas interessado em
conhecer o grau de poluição de mananciais utilizados na comunidade em que
vive. Muitos índices de qualidade da água têm sido desenvolvidos. Ele se
apresenta como um número graduado de O a 100, representativo da qualidade da
água amostrada. É obtido a partir dos parâmetros mais representativos para a
qualidade da água com seus respectivos pesos relativos. No desenvolvimento do
índice, os parâmetros e pesos foram estabelecidos a partir de consultas a
especialistas no assunto.
Um exemplo de índice de qualidade da água é o proposto pela National
anitation Foundation (NSF) dos Estados Unidos. Apresenta-se como uma
formulação geométrica do seguinte tipo:
n
lQA. ncW1II
I
uudo, 1C)j\ II hldlm 1111 IIIIJ\lIlhllll\ Iln I'UIIII. 11I11l1N(t dtl O 11 100; 11 11 11l11L1NtI (I
866 Hidrologia
parâmetros; qi = qualidade da água para o i parâmetro; wi = peso atribuído
para o parâmetro i.
Os parâmetros adotados são oxigênio dissolvido (% de saturação),
coliformes fecais, pH, DBO, nitratos, fosfatos, temperatura, turbidez
s6lidos totais.
22.7 Planejamento ambiental
22.7.1 Tratamento de águas residuárlas
Aspectos quantitativos e qualitativos dos esgotos
A reunião de várias formas de despejos constitui o que se convencionou
denominar esgoto sanitário. Esses despejos têm sua origem nas mais divcrsn
fontes, e podem ser agrupados em quatro grandes tópicos, quais sejam:
a) esgotos domésticos: efluentes de residências;
b) esgotos provenientes da área comercial: restaurantes, bares, hotéis;
c) esgotos provenientes da atividade industrial: provenientes dos mn
diversos tipos de indústrias, dentro de imensa faixa de variação, não sel'n"
abordados neste livro, que dará ênfase a esgotos domésticos, e
d) esgotos provenientes da atividade pública: apresentando caractcrístlon
domésticas, mas gerados em escolas, hospitais e em instituições de Cllrl(It'1
público.
o volume de esgotos gerados em uma comunidade depende do VOIIlIlI
produzido de água. Para fins de estudos de concepção e projetos t60n1001.
adota-se como parâmetro de projeto um volume de esgotos igual a 80% do volt", I
de água produzido para a comunidade em estudo. Incorpora-se a esse volnn
aquele gerado pelas infiltrações em rede, contribuições pluvln
parasitárias, vazões industriais, entre outras. Dependendo dos comprlmentu
de rede, pelos volumes adicionais referidos, o volume de esgotos podo /;IUIII'IIII
o volume de água produzido.
Qualitativamente, os esgotos domésticos são formados por cerca d
de água e 0,1% de impurezas físicas, químicas e biolõgicas. Dont
natureza física, pode-se referir as partículas insolúveis ou s6l1dM. t111
suspensão no meio líquido; nas de natureza química, enquadram
substâncias orgânicas (proteínas, gorduras, hidratos, fcnõls) O Inflrurllll'"
(nitrogênio, fósforo, enxofre, metais pesados.entre outros); 11111I" do 1I111H1'"
biológica, situam-se as bacrcrias, V(I1IS, lcvcdurns, vermes O prolO1,Ol11til
O Meio Ambiente e os Recursos Hídricos 867
Tratamento de esgotos
Os esgotos são tratados por duas razões fundamentais: proteção da saúde
pública e preservação do meio ambiente.
Explicam a primeira razão arrolada, a redução do índice de mortalidade
infantil e elevação da expectativa de vida, por exemplo, que somente podem
ser pretendidas pela correta disposição e tratamento de esgotos. A segunda
circunstância justifica-se pela ação deletéria que a matéria orgânica,
detergentes, defensivos agrícolas lançados nos corpos de água, exercem sobre
peixes e outros organismos aquáticos.
Assim é que o objetivo principal do tratamento dos esgotos, é a remoção
da água das impurezas físicas, químicas e biológicas, principalmente os
organismos patogênicos. O tratamento pode ser classificado em função das
impurezas a retirar e do grau de remoção desejada. Resultam, assim:
Tratamento preliminar: destinado à remoção de s6lidos grosseiros como trapos,
escovas de dentes, tocos de cigarro, excretas, areia e gordura;
Tratamento primário: destinado à remoção do material em suspensão, não
grosseiro, que flutue ou sedimente, mas que requer o emprego de equipamentos
com tempo de retenção maior que no tratamento preliminar, tipo decantadores
Ou flotadores, os quais produzem o lodo primário que deve ser tratado antes
de sua disposição;
Tratamento secundário: destinado à remoção de sólidos dissolvidos e finos
õlidos suspensos que não sedimentam. Esse material não pode ser removido por
) gravidade; há a necessidade de se fornecer condições favoráveis à
proliferação de microrganismos na massa líquida, de forma que essa blota,
ullmentando-se da matéria orgânica suspensa ou solúvel, transforme-a em sais
minerais e novos microrganismos. À massa biol6gica dá-se o nome de lodo
ecundário ou biológico, que pode ser separado do líquido ou mantido no
processo por um determinado período de tempo, após o qual é descartado. Dessa
forma, o tratamento secundário transforma a matéria solúvel do esgoto em
mntéria orgânica insolúvel (microrganismos). Os microrganismos mais
ruportantes do esgoto são as bactérias; assim, o tratamento biológico
l'onsiste em fornecer condições apropriadas ao desenvolvimento dessas
hnctérias, para que as mesmas utilizem o esgoto da forma mais adequada.
1)lIl1ndo a cncrg in nCOO$$~rill ãs bactérias é obtida através da oxidação da
unuérla orgfiJllon, coin /I IItlll1.IIÇIl:O do oxigênio na respiração, as mesmas são
"11M 1I01'6hl[\, Jli (11111111111 11' 11111'It~r111M não precisam do oxigênio para respirar,
I) ChllllllltlllN Ilum 1(lldll~,Plllldlllf'IIICl, QI1I11J(lu 11II bllol6dl\s tem 11 propriedade de
1111Ib,ur li 1l~1~/'Iilltl, 1i 1"ll"rll'" (ptHllltll'o. nerõhlua), e fcnMlltl1l
1111\(11011101\111(1\111\ 1111 _11/1 11iI11\11!:IH. IInll .IIII1N Il\(l\IlII\IIVI\~,
868 Hidrologia
Pode-se classificar, então, o tratamento biol6gico de esgotos em aer6bio
(com fornecimento de oxigênio ao sistema), anaer6bio (oxigênio ausente), e
facultativo, se no mesmo tratamento existirem regiões aer6bias e anaeróbias,
O lodo gerado pelo tratamento secundário precisa ser convenientemente
acondicionado. Em alguns casos, essa operação pode ser mais dispendiosa d
que o próprio tratamento.
Tratamento terciário ou avançado: é utilizado quando se deseja dar um
polimento final ao líquido tratado, removendo nutrientes (sais de nitrogênio
e f6sforo), organismos patogênicos e metais pesados. Embora com uso
consagrado em alguns países desenvolvidos, ainda é reduzido este tipo d
tratamento no Brasil, onde boa parcela da população ainda não usufrui ti"
qualquer tipo de saneamento.
22.7.2 Medidas preventivas de preservação dos recursos hídricos
A qualidade de água de mananciais que compõem uma bacia hidrogréflrn
está relacionada com o uso do solo na bacia e com o grau de controle sobre 1\
fontes de poluição.
O controle sobre as fontes de poluição se dá basicamente através til!
tratamento de águas residuãrias sanitárias e industriais. Existe tecnologlu
disponível e sua implantação depende da disponibilidade financeira pill'" 11
implantação das obras de engenharia. Entretanto, as alterações na qunlklm]
da água estão diretamente relacionadas com as alterações que ocorrem na !lllll'l
hidrográfica, como vegetação e solo. Assim, um programa de controle 1I
poluição das águas deve necessariamente, contemplar um planojl\lHlllll1I
territorial na bacia hidrográfica.
Analisando-se características como clima, cobertura vegetal, gonlll
topografia, drenagem, tipo de solo, pode-se chegar a um zoneamento IIdcqll
de usos do solo na bacia.Dessa maneira, seriam determinadas ~1'l~IUI li,
preservação de mananciais, reservas florestais, áreas agrícolas, dl/Htlll'
industriais, áreas de expansão urbana, enfim o uso do solo obcdceoilu 1\
características naturais da bacia hidrográfica. O planejamento tt'lIlltltlill
associado a outras medidas de caráter preventivo é um instrumento 0111111 I
de baixo custo para controle de poluição.
Outras medidas eficientes podem ser adotadas, basicamcnt
educação e acesso a informações. Entre elas estão o cmprcuo
adequadas de manejo do solo, o que diminuiria a Cl'osl'lo. '1'IIll\h~lltl
racionalização do uso de agrotéxicos c fcrti llzantos, 111'1101\(\011 ~'lIt 1111I
quantidade muito superior a necessidade. Pcsquísu doscnvolvhía IlO~ )1
Unidos avaliou que somente 0,1 % dos 11/.lI·otóxloOIlIllnçl\llo/I, 1I1111lH111' 11
para a qual foi utillzndo (YnUI1IlR t' WoIUhl\I1111 19HH).
A rl.llllill:t.II~1nIJ di) IIx\! d IInl 111111'11 ttldllldn !l11l'1I 1111111111
O Meio Ambiente e os Recursos Hídricos 869
recursos naturais e a poluição das águas, havendo ainda uma vantagem
econômica. Papéis, metais, plásticos são reaproveitáveis e um composto
orgânico útil pode ser obtido para aplicação agrícola. A disposição final de
resíduos deve ser feita em locais adequados, impermeáveis para evitar
contaminação de aqüíferos. O desconhecimento de características geolõgicas
pode conduzir, por exemplo, a localização de dep6sitos de produtos tévicos em
área de recarga de aqüíferos artesíanos, comprometendo-os por muitos anos.
Uma expansão urbanadesordenada poderá causar impermeabilização
progressiva do solo, resultando em aumentos do escoamento superficial e
transbordamentos de riachos e c6rregos urbanos. normalmente bastante
poluídos. Medidas preventivas como ordenar o crescimento urbano para áreas
menos críticas, execução de pavimentos, com materiais permeáveis, construção
de bacias de retenção, implantação de áreas e proteção são úteis para
prevenção desse problema.
Outro aspecto importante no planejamento territorial é a proteção das
áreas marginais aos cursos de água, normalmente sujeitas a inundações
peri6dicas. Essas áreas devem ser protegidas da ocupação urbana através do
zoneamento da mesma.
22.7.3 Aspectos político-administrativos do controle da poluição das águas
Algumas características específicas do homem têm causado grande impacto
sobre o meio ambiente. Entre elas, a necessidade de energia externa ao seu
metabolismo, para utilização na produção de bens, transporte e aquecimento de
ambientes.
O crescimento demo gráfico reflete-se numa maior necessidade de produção
de alimentos. com a incorporação de novas áreas agrícolas, Para o ambiente,
esta ação desenvolvida pelo homem tem-se traduzido numa ruptura do equilíbrio
ecol6gico, com a redução do índice de diversidade das comunidades, pela morte
de espécies e favorecimento de outras.
A partir da conscientização do homem de que o modelo de desenvolvimento
l6 aqui praticado tem causado grande devastação, há um esforço, atualmente,
no sentido da conservação, isto é, atitudes que evitem a degradação excessiva
Ic ccossisternas. A preocupação e interesse da sociedade brasileira com a
preservação do meio ambiente está refletida tanto na Constn.dção Federal
;omo nas constituições estaduais. Em todas, há itens específicos referentes
110 meio ambiento OUl geral o recursos hídricos em particular.
Os problcmns do pohllçn(') dos recursos hídricos não se limitam ao espaço
HNloo de um 1I1111i1, (pio (1\1 IIIt'NIlIO estado e país. Programas de controle da
l)olulçl'lo IlRt) IIUlh ('llpl~IIIM'. qUIIIHlo desenvolvidos num contexto regional, em
Ih'\\l (10 hll,,1 M 'ddIlIWI\lIt
'11\1(10 II~ &11_1'1111111111,1111111. ht(ldl~ll~ IlIllltl\(I,,~ I) IlXIN.hulil 11111 VIIf!tllln
870 Hidrologia
número de interesses na sua utilização, é natural a ocorrência de conflito
no uso da água. Esses conflitos apresentam-se tanto do ponto de vista
quantitativo como qualitativo. Assim, usuários da água para irrigação do
culturas entram em conflito com usuários para abastecimento público;
indústrias que utilizam um manancial para diluição de despejos têm conflit
com o órgão devsaneamento; empresa de energia elétrica entra em conflito com
orgão ambiental, pelo impacto devido à construção de uma hidrelétrica. Muit
outros exemplos poderiam ser citados.
Para administrar esses conflitos, toma-se importante a existência de UIlI
sistema de gerenciamento de recursos hídricos. Participam desse sistemu
entidades públicas, privadas e comunitárias com interesses no uso l'
preservação dos recursos hídricos. O sistema estabelece as metas de qualidade
da água e os critérios para utilização da água, atuando no sentido de m'
atingir os objetivos e administrar os conflitos. Em nível mundial, este WIII
sido o modelo adotado por vários países, com uma estrutura institucionnl
refletindo as condições geográficas e políticas pr6prias de cada um.
22.8 Sistematização para avaliação de Impactos ambientais
O conteúdo apresentado a seguir, é um cojunto de diretrizes que po<lrlll
ser utilizadas para o desenvolvimento de um Estudo de Impacto Ambloiunl
decorrente de obras de irrigação e drenagem.
Conforme postula a Resolução CONAMA n.00l/86, um projeto de slstcum di
irrigação e drenagem deve ser precedido de um ElA (Estudo de Iutptu 111
Ambiental), de forma que a sociedade em geral e não somente a pOPUIII~1111
atingida, possa ter noção exata da repercurssão ambiental que a obra (.I "1111
unidades constituintes irão causar (entenda-se o ambiental abrangondu II
meios físico, bi6tico e socioeconômico).
Lamentavelmente, o que se tem visto são vários volumes de J'clulffi III
que reproduzem um grande número de dados (aspectos quantitativos). 1'111
fornecer a interpretação qualitativa desses dados, que é a real CXI'~OII\IIVji
dos õrgãos ambientais fiscalizadores.
A' elaboração de um ElA poderia passar pelas seguintes ctapaa, 0011\ 111111
respectivas subetapas:
Etapa I -Diagn6stico ambiental;
I.l - Meio Físico
1.2 - Meio Biõtico
1.3 - Meio Socioeconômico c Cultural.
Etapa II - Prognóstico amblentnl (ovoluçl'(o do meio IUlIhlcnl
11.1 - 'Impactos amblonrnls IiOlll o oUlpJ'o~ndlllli.l1l1O
1I.2 - lmpuotos Ulllhllllltllhl OOIU () ()11l(lI'óondlllloHIIl
Btllpn U I • J)III no do iJolllt'ulo II11Ihlen I111
O Meio Ambiente e os Recursos Hídricos 871
IlI.1 - Programas referidos ao Meio Físico
IlL2 - Programas referidos ao Meio Bíõtíco
IlL3 - Programas referidos ao Meio Socioeconômico e' cultural.
Exemplo 22.1 - Considere um sistema de irrigação e drenagem destinado à
cultura do arroz, este tipo de sistema utiliza grande quantidade de água e
freqüentemente exige um barramento a montante no manancial para regularização
da vazão. A seguir é apresentado os t6picos básicos utilizados no
desenvolvimento do ElA de um projeto deste tipo que envolve o perímetro de
irrigação e a barragem de regularização.
Etapa I -Diagn6stico Ambienta!
LI - Meio Físico
Áreas direta e indiretamente afetadas -No exemplo em questão, a área
diretamente afetada pode ser definida como sendo aquela que ficará submetida
aos impactos primários (áreas submersa, irrigada/drenada, de preservação, de
empréstimo e bota-fora). Como área indiretamente afetada ou de influência,
pode ser caracterizada a bacia hidrográfica contribuinte para o lago da
barragem, mais a área de interesse de jusante, abrangendo a sistema de
irrigação e drenagem;
Aspectos climáticos - Compreenderá a análise de variáveis hidrolõgicas tais
como precipitação, evaporação, evapotranspiração, umidade relativa do ar e
temperatura, caracterizando por completo o micro, o meso e o macroclima da
região;
Recursos hídricos - Deverão ser levantados aspectos quantitativos e
qualitativos das águas superficiais e subterrâneas da área impactada,
mediante a avaliação dos parâmetros físicos, químicos e bacteriol6gicos das
mesmas. Análise dos plancton (fitoplanctone zooplanton) poderão ser
necessárias na análise conclusiva da qualidade dessas águas. Se a região for
agriculturãvel, serão indispensáveis análises de herbicidas e pesticidas
organocloradosjfosforados. Algumas coletas de dados são necessárias para
observar uma variação sazonal completa;
Geologia, geomorfología e hidrogeologia - Realizar levantamentos
llrccstratigrãficos, tcctônlcos, morfolõgicos e hidrogeo16gicos, visando
definir aspectos como potcnclal mineral, sismicidade natural, regiões e
unldudcs FlC(1IlWd\Jh1ijI111\n. dlnRmlcn morfológica natural c principais
liljllrfi.:lrol'·
l-tll{'\Ii'/1I11C .til Nuli A ItIJdnu 1IIIIil\(.1lll(l" Ilov,~rtl 1 III\OR 01I\ItI1 Ifklllllo~ c
872 Hídrologia
suas aptidões agrícolas definidas, com o auxílio de levantamento pedológico
completo da área agriculturável. É indispensável a caracterização dos uso
atuais do solo;
1.2 - Meio Biõtico
Vegetação - Avaliar qualitativamente e quantitativamente a vegetação da área
de estudo, definindo tipologia, diferentes habitats, composição florestal,
estágios sucessionais. Identificar áreas adequadas à produção de germoplasmn,
espécies ameaçadas de extinção, espécies vegetais de valor econômico,
científico ecológico e medicinal e macr6fitas aquáticas. Analisar fi
estruturas horizontal e vertical, a regeneração natural e a distribuiç
diamétrica das composições florestais;
Fauna - Deve ser verificada a ocorrência de artrépodos (aracnfd
crustáceos, insetos, miriápodos) e de moluscos de importância medicinal
agrícola na área diretamente afetada. Realizar o reconhecimento das espécie
de répteis e anfíbios, avifauna e mastofauna, coma identificação e descriçãn
generalizada dos habitantes das espécies mais comuns da região.
1.3 - Meio Socioeconôrnico e Cultural
Envolverá levantamentos relativos à estrutura populacional e BUli
atividades e relações com o meio ambiente da região, abordando a situlI~%1
demográfica, o processo hist6rico de ocupação regional, o quadro urbano, 1\
infra-estrutura regional, atividades econômicas, saúde pública, educnçün,
recreação e lazer, levantamentos arqueol6gico e paleontol6gico.
Etapa II - Progn6stico Ambiental
Compreenderá a análise da evolução dos meios físico, blÓlllllI,
socioeconômico e cultural, com a caracterização dos impactos posltlvo
negativos, sem e com o empreendimento. Dar-se-a ênfase IIOS LISpüOl1I
decorrentes do empreendimento.
Meio físico - a) clima: estabelecer a tendência da tcmpernturn, tio VIIIIIII
d'água na atmosfera, da precipitação, da evaporação c da cvnpotrtll1~Jlh'lll1Jl1I
(alterações do regime hidrológico);
b) recursos hfdricos: rclatlvnmcnt
rcscrvatõrio, n rclnção dn 111:"11 com o 1I~()
de UIiSOI'I.lIlIlWIIIU crn l)rt"~t'I1)I' dn ntnhu
IItr'lIvd/l til) II\(II/t,h)~ c!l1 .111111111\',\11,
o Meio Ambiente e os Recursos Hídricos 873
água, principalmente no que se refere a condições an6xidas, eutroficação e
estratificação térmica. Para jusante do barramento, ponderar a regularização
dos caudais necessários à irrigação e os seus efeitos (erosão, contenção
contra cheias, etc.), e a relação dos mesmos com eventuais obras existentes
(captações, por exemplo). No que se refere às águas subterrâneas, observar a
ocorrência de alimentação contínua com águas do reservatório e de novas
surgências para jusante da barragem, e as alterações prováveis de qualidade
em presença do lago;
c) geologia, geomorfologia e hidrogeologia: avaliar os riscos de sismos e o
aporte de sedimentos na área do lago, o eventual aumento ou perda de umidade
do solo na área irrigada/drenada, o comportamento dos aquíferos e os níveis
piezométricos resultantes.
d) recursos do solo: avaliar o impacto erosivo das obras, as alterações
decorrentes na fertilidade do solo, principalmente a possibilidade de
salinização do mesmo (pela perda de água por evaporação ou acúmulo de água
por falta de drenagem).
Meio Biótico - a) vegetação: avaliar a repercussão do desmatamento na área
irrigada/drenada e do desaparecimento de espécies por submersão na área do
lago. Verificar a mudança de ambiente na orla do lago e dos canais de
drenagem. A erosão e o deslizamento nas encostas são impactos sérios. Na área
do lago, é indispensável uma avaliação criteriosa da biomassa inundada, sem o
que não será possível estimar o grau de eutrofização e aquilatar o
agravamento qualitativo da água destinada à irrigação;
b) Fauna: com relação à avifauna, poderá representar um impacto negativo a
necessidade de migração temporária. A mastofauna poderá também ser
impactadas, com a morte de eventuais espécimes. Algumas espécies de
ictiofauna poderão apresentar dificuldades de reprodução, pela mudança de
regime do manancial; a jusante do barramento, a vazão regularizada poderá
intensificar a pesca predat6ria. Poderá ocorrer a morte de répteis por caça e
afogamento. O desequilfbrio populacional devido à migração, poderá favorecer
o surgimento de valores potenciais.
Meio socloeconômlco c cultural - Os impactos sobre o homem decorrerão da
transferência compnlsõrln da população afetada (lago e área de
IrrigaçUo/dl'oUllucm). Allllllllllr a desagregação das relações sociais e a
(!C~lIrtlc\lll\C;nodllM t'\l'lilllllloll oull,urais. A apreensão C insegurança, face a
IIICCltc.:7.U dll/1 fllll"'U 11111I111,.1\1111 ,lu vldn, sl'lo Impnctos rclcvnntcs 1\ avalinr,
ItIpllt'lO IIOhl1' I) 1'111111111111111 \'\1111111I1. hlRl6dco, 1)1I1~II~f~I\l·O. 1I1·"tlc()J~ltlc()
1"111)III11llh1I&1lI1 dli "111;\11 11· VI' A.'I IIIt'h,rclll 11I1 U\lIIIIIWnll,
874 Hidrologia
Etapa III - Plano de Controle Ambiental
IlU - Programas referidos ao Meio Físico
Clima - Medida importante como o plano de enchimento do lago pode ser
proposta neste item. É necessário prever-se a implernentação de estaçã
meteorol6gica na área de influência direta;
Recursos hídrleos - O monitoramento hidrol6gico da bacia hidrográfica
indispensável. Devem ser monitorados aspectos como estratificação térmic 11 ,
eutrofícação e desenvolvimento de plantas aquáticas na área do lago.
Implementar postos linimétricos para jusante, com previsão da vazão mínimn
nos períodos de estiagem. Prever análises qualitativas sistemáticas da ágllll
(superficiais e subterrâneas), e o controle dos níveis piezométricos;
Geologia, geomorfologia e hidrogeologia - Devem ser abordados aspectos COllHI
recomposição de áreas degradadas, controle sobre a evolução da erosllo,
transporte e sedimentação na bacia, e sobre atividades sísmicas da ãrca dl
influência;
Recursos do solo - Programar a recomposição do solo de áreas degradadns,
definir práticas conservacionistas nas terras utilizáveis para as atividnde
agro-silvo-pastoris, controlar o uso de agrot6xicos e a salinização do solo.
III.2 - Programas referidos ao meio biõtico
Vegetação - Propor controle da dinâmica das recuperações naturnl I
artificial, da dinâmica sucessional e do sistema de enriquecimento, O du
desenvolvimento de macréfitas aquáticas. É importante e preservação 111
faixas, para a manutenção do equilíbrio do ecossistema;
Fauna • Programar o salvamento da fauna terrestre e a observação da dlllnulltm
populacional desta e da avifauna. Prever o repovoamento da íctiotuunn, "
salvamento de répteis, e a observação da dinâmica populacional dos nlOlIllHI
Programar o controle integrado de vetores de doenças, e a fiscalíznção JlItI'" 11
eliminação da caça e pesca predat6rias.
IlI.3 - Programas referidos ao Meio Sociocconômico c Culturnl
O Meio Ambiente e os Recursos Hídricos 875
impactados. Proporcionar a permanência de marcos visuais e o resgate (se
possível e necessário) do patromônio arqueol6gico/paleontol6gico da região.
REFERÊNCIAS
1- CONAMA. 1986. Resolução CONAMA n.20 de 18 de junho de 1986.
Resolução do Conama - 1984/86. Brasflia: SEMA. 92p. p.72-79
2- DMAE. 1973. Aplicação da geração extendida e suas variações
no tratamento de esgotos sanitários da cidade de Porto Alegre.
Departamento Municipalde Água e Esgoto. Porto Alegre
3- DMAE. 1983. Tratamento de esgoto sanitário: lodos ativados
convencionais e precipitação qutmica: estudo em escala piloto.
Departamento Municipal de Água e Esgoto. Porto Alegre. 68 p.
4- IDE, C.N. 1984. Qualidade da drenagem pluvial urbana. Porto
Alegre: UFRGS - Curso de Pós-Graduação em Recursos Hídricos e
Saneamento. 137 p. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil.
5- LIMA, L.M.Q. 1987 Tratamento de lixo. São Paulo: Hemus.
6- SCHÂFER, A. 1985. Fundamentos de ecologia e biogeogrofia das águas
continentais. Porto Alegre: Editora da UFRGS. 532 p.
7- WHO. 1988. Assesment 01 Freshwater Quality. Genebra. 8Op.
8- WHO. 1978. Genis I Water: operational guide. Genebra, não paginado.
9- YOUNOS, T.M., WEIGMANN,D.I. 1988. Pesticides:acountinuingdilemma.
Journal Water Polluüon Control Federation, Washington, v.60, n.7,
p. 1199-205, Jul.

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