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ORTOPEDIA Conferência 17 – 02/10/14 DOENÇA DE LEGG CALVE PERTHES Dor de crescimento: não tem sintoma mecânico, não há claudicação. Necrose avascular autolimitada da epífise proximal do fêmur (só dá no fêmur) em crianças, de etiologia desconhecida. É autolimitada, diferente das outras causas de necrose. EPIDEMIOLOGIA 2 a 12 anos (mais comum de 4-8 anos). 5x mais comum no sexo masculino. Bilateral em até 10% dos casos. Mais comum nos últimos filhos, em brancos, orientais e em população de baixa renda, o que levou alguns pesquisadores a pensarem em algum fator nutricional, mas nada foi comprovado. ETIOLOGIA Desconhecida. Alguns pesquisadores pesquisam algumas causas, sem nenhum comprovação: inflamatória, traumática, alteração de coagulação e alterações vasculares. QUADRO CLÍNICO**** Fundamental! Claudicação, dor em quadril/coxa/joelho, atrofia muscular na coxa (em casos avançados por desuso), discrepância de membro (encurtamento em fases mais avançadas) e limitação funcional (rotação interna, abdução dos quadris). As pessoas têm tendência em associar com um trauma, mas não é. ESTÁGIOS Necrose – mais branco no rx. Fragmentação- se parte como se fosse uma fx, mas não é; início da reabsorção do tecido necrótico e substituição por tecido novo. Reossificação – tira o osso isquêmico e substitui por um novo; pode durar até 5 anos; é um processo longo e dinâmico (as fases se intermeiam). Sequela – tratamos a doença para evitar essa fase. A necrose vai curar, mas pode haver deformidade definitiva na cabeça do fêmur e a criança vai ter artrose no futuro. O que promove a cura é o retorno da epífise necrosada e uma epífise revascularizada. Há reossificação da epífise, é um processo que dura até 2 anos, de curso longo. Quanto maior o grau de necrose, pior o prognóstico. CLASSIFICAÇÃO Caterral I: 0-25% da extensão da epífise II: 25-50% III: 50-75% IV: 75-100% Dá uma ideia de px – quanto maior, pior. Salter Thompson não precisa saber* A <50% B > 50% Quando a necrose é manifestada por “fratura” subcondral (linha de radioluscência, é a linha de necrose que aparece ao raio X) for maior ou abaixo de 50%, mas essa linha não aparece sempre. HERRING* - além de dar prognóstico, orienta o tratamento (UpToDate!) A: sem alteração do pilar lateral (a altura está mantida), bom prognóstico. B: perda da altura em 50%, intermediário. C: mais de 50% de perda (desapareceu o pilar lateral), pior prognóstico. Como fazemos para medir? Através do lado normal. *Isquemia começa pelo comprometimento do pilar lateral, então é o mais importante para ser avaliado. SINAIS DE CABEÇA EM RISCO Sinais radiográficos, onde temos uma epífise femoral em risco para deformidade. Subluxação lateral (principal sinal radiográfico) – pior de todos. Sinal de Gage Calcificação lateral Horizontalização da fise Cistos subcondrais DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Sinovite transitória, condrolise, displasia de Meyer, displasia epifisária múltipla, artrite infecciosa, artrite reumática e tumores. É obrigatório, em uma criança que claudica, fazer uma radiografia dos quadris em AP ou incidência de rã (Lauenstein). Habitualmente o quadro cínico já faz o dx. TRATAMENTO Princípios**** Evitar a deformidade da cabeça do fêmur. Manter o quadril centrado – o actebáulo é redondo; se tiver subluxação, a cabeça do fêmur vai se achatar. Preservar a mobilidade articular Conservador X cirúrgico -Opção inicial para tratamento conservador. -Cirurgia quando indicada, para pacientes acima de 8 anos. - Os resultados são semelhantes a longo prazo. Tratamento conservador Gesso ingino-maleolar em abdução + rotação interna (Broom Stick) mantém o quadril centrado e preserva a mobilidade. Durante fase de necrose e fragmentação (6-8 meses) – intercala um mês e meio com gesso e duas semanas de descanso. Geralmente usa de 3 a 5 gessos. Tem que ir fazendo RX sequencial para acompanhar em que fase está. Tratamento cirúrgico Não e melhor a longo prazo que a opção incruenta. Cirurgias de cobertura acetabular ou ovalizar a cabeça do fêmur, nenhuma cirurgia reestabelece a vascularização, tem que esperar as fases do mesmo jeito. São cirurgias de contensão. Osteotomia do fêmur: encaixar melhor a cabeça dentro da cavidade. Crianças acima de 8 anos, que evoluem mal no tratamento conservador, que permanecem subluxados. PROGNÓSTICO Abaixo de 6 anos, grau de comprometimento menor - Hering A, cabeça esférica no final do tratamento – não terá problemas no futuro COMPLICAÇÕES Artrose coxo-femoral precoce, desencadeada por deformidade. Perna mais curta. A RNM é capaz de fazer o dx antes do aparecimento da necrose no RX.
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