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Aula III-Carboidratos e Lipídios

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OS NUTRIENTES
Os princípios nutritivos e suas finalidades nutricionais
Prof. Daniel Lambertucci
 Qualidade da água de bebida
A água distribuída aos animais deve ser potável, ou seja:
Dever ser pura sob os aspectos FÍSICOS, QUÍMICOS e MICROBIOLÓGICOS.
Deve ser agradável ao gosto, límpida e não desprender odor.
A temperatura aconselhável varia entre 5 e 18º
Os Carboidratos na Alimentação Animal
Os carboidratos estão presentes em maior quantidade nos vegetais através da celulose.
Nos animais, constituem +/- 1 % do corpo animal (tecidos dotados de grande atividade, como cérebro e tecidos nervosos)
Contudo, os vegetais se constituem da fonte básica da alimentação dos animais.
Portanto, os animais dependem dos vegetais para subsistirem, já que não são capazes, como aqueles, de formarem seus tecidos orgânicos a partir de sais minerais , água e energia solar. 
FUNÇÕES
Pela sua participação dominante na composição dos alimentos de origem vegetal, os carboidratos vêm a se constituir na principal fonte de energia do animal. 
Na medida em que as necessidades energéticas são satisfeitas, os carboidratos excedentes a essas necessidades são transformados ou em glicogênio ou em gordura pelo organismo animal. 
Glicogênio corresponde à única forma de reserva glicídica dos animais (presente nos músculo e fígado).
DIGESTÃO E ABSORÇÃO
As substâncias orgânicas, para serem efetivamente utilizadas pelo organismo animal, tem que ser degradadas a componentes mais simples.
Isso é obtido através do processo da digestão e, subsequentemente, da absorção.
Para se apreciar esses processos fisiológicos, faz-se considerar em separado monogástricos e poligástricos. 
Monogástricos
Dentre os hidratos de carbono típicos da alimentação dos monogástricos o amido é o de maior importância (amilose e amilopectina)
AMILOSE (10 a 20% do total), caracteriza-se por ser um polímero de glucose.
AMILOPECTINA (80 a 90% do total), sendo também um polímero de glucose.
Destino da Glucose
Em monogástricos a glucose, uma vez absorvida, pode tomar os seguintes destinos:
a) Pode ser oxidada a CO2 e H2O, produzindo ENERGIA;
b) Pode ser convertida a GLICOGÊNIO, no fígado e músculos, armazenada como reserva imediata de energia.
c) Pode ser convertida em GORDURA (tecido adiposo);
d) Pode fornecer esqueleto carbônico para a síntese de aminoácidos não essenciais. 
Ruminantes
Na digestão dos alimentos pelos ruminantes consideraremos, a celulose, a qual, por sua vez, é encontrada nos alimentos volumosos (base da alimentação dos animais com estômago múltiplo).
Os animais não segregam a celulase, enzima que degrada a celulose. Contudo, a população microbiana do rúmen (bactérias e protozoários) é capaz de fazê-lo.
A celulose, a exemplo do amido, é um polímero de glucose.
Destino da Glucose
Imediatamente, a glucose é fermentada a ácido pirúvico e dai aos chamados Ácidos Graxos Voláteis (AGV):
ÁCIDO ACÉTICO, 
ÁCIDO PROPIÔNICO e 
ÁCIDO BUTÍRICO
que então se constituem nos produtos finais da digestão microbiana, e sob essa forma, são absorvidos diretamente na parede ruminal, entrando na corrente sanguínea. 
Exemplo: ESQUEMA, pg. 36 - Peixoto 
São ainda produzidos, como material de excreção, CO2 e CH4 (metano).
Eventualmente são encontrados ao fim do processo fermentativo do rúmen, ácido lático, ácido isobutírico, ácido metilbutírico e ácido valérico, mas todos em pequenas concentrações.
O amido, no rúmen, é degradado pelas enzimas microbianas até as suas unidades de glucose, resultando finalmente em AGV. 
Influência da alimentação nas proporções de AGV
Existe uma proporcionalidade entre os ácidos graxos voláteis produzidos.
Em geral predomina o ácido acético, seguido do propiônico o do butírico.
Mas a relação entre ácido acético e propiônico pode ser modificada, ou mesmo invertida, ao mudar-se o hábito alimentar do ruminante pelo fornecimento de alimentos concentrados, rico em amido.
Dieta
Ac. Acético
Ac. Propiônico
Ac. Butírico
Volumosa
75 %
17 %
8 %
Concentrada
57 %
32 %
11 %
A fermentação do amido apresenta maior quantidade de ÁCIDO PROPIÔNICO
É transformado no fígado em glucose.
Os outros dois passam pelo fígado, intactos, e vão à circulação periférica onde tomam outras rotas de metabolização.
Finalmente, cabe ressaltar que os AGV, uma vez absorvidos, vão servir como fonte de energia.
Os lipídios na alimentação animal
Os lipídios são substâncias orgânicas, encontradas nos tecidos animais e vegetais, que se caracterizam por serem insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos tais como: éter, benzeno e clorofórmio.
Os lipídios, de uma maneira simplificada, podem ser classificados em:
Lipídios simples
	a) gorduras neutras ou verdadeiras (triglicerídios)
	b) ceras 
2.	Lipídios complexos (fosfolipídios)
3.	Lipídios derivados
	a) ácidos graxos livres
	b) glicerol
	c) esteróis 
Funções gerais das gorduras:
1. Os lipídios são fontes imediatas de energia para o animal.
	- Neste particular elas são 2,25 mais energéticas que os carboidratos e as proteínas.
2. Os lipídios são fontes formadoras de gordura.
3. Veículos de vitaminas Lipossolúveis
4. Ácidos Graxos Essenciais => não sintetizados pelo animal
Neste sentido 2 grandes tipos de gordura são formados:
1. GORDURA DE RESERVA
 Constituída especialmente pelo tecido adiposo (subcutâneo).
a) Nesta forma, esta gordura acumulada pode ser fonte de energia (reversão em energia) a que o organismo animal recorre em períodos de penúria alimentar, ou então, desempenhar outras funções. 
b) Ação termorreguladora
 Contribuindo para a manutenção da temperatura corporal dos animais homeotérmicos, atuando como uma camada isolante.
c) Ou ainda exercendo uma função mecânica protetora dos órgãos.
2. GORDURA ESTRUTURAL
a) É aquela localizada entre os órgãos, chamada de gordura de suporte ou sustentação
 
b) É a gordura celular, isto é, aquela normalmente encontrada no meio citoplasmático.
Contrariamente à gordura do tecido adiposo, dificilmente o organismo animal lança mão da gordura estrutural para atender suas necessidades energéticas.
Relação dos lipídios com as vitaminas
c) As gorduras funcionam como veículos de determinadas vitaminas solúveis somente em gordura, as chamadas vitaminas lipossolúveis.
Assim elas influem no aproveitamento dessas vitaminas no processo de absorção, de transporte através do sangue e nos locais de reserva dessas vitaminas.
Em outras palavras, qualquer problema, por exemplo, com absorção das gorduras resulta numa queda de absorção desse grupo de vitaminas.
Os lipídios indispensáveis
Existem ácidos graxos que o organismo animal não pode sintetizar, que são indispensáveis ao mesmo e que devem, portanto, estar contidos nos alimentos.
d) São os chamados Ácidos Graxos Essenciais (AGE) que são:
 LINOLÉICO, LINOLÊNICO e ARAQUIDÔNICO
Considerações importantes
Mais recentemente demonstrou-se que o que é verdadeiramente essencial é o ácido linoléico; os outros dois podem ser sintetizados pelo organismo animal a partir daquele.
Porém quando falta linoléico na dieta, o linolênico e o araquidônico têm que estar contidos no alimento. 
Outras considerações
Aparentemente há diferenças entre espécies quanto às exigências dietéticas desses ácidos orgânicos.
Sob um ponto de vista prático há poucas possibilidades de ocorrência de problemas, isto é, os alimentos normalmente usados nas rações ou as próprias pastagens são ricas em AGE, especialmente linoléico e linolênico.
Somente naqueles casos em que se combina um alimento concentrado extremamente rico em amido (e portanto pobre em gordura) como a mandioca, por exemplo; e um suplemento protéico obtido por eficiente processo de extração por solvente, como o farelo de soja,
 
é que pode se esperar a ocorrência de deficiência, e assim mesmo, não a curto prazo já que o animal pode armazenar ácido linoléico em quantidades apreciáveis.
Digestão e absorção das gorduras
Monogástricos:
As gorduras, para que possam ser absorvidas, têm que ser degradadas a componentes mais simples.
1. Teoria de Verzar: entendia que as gorduras eram totalmente hidrolisadas a glicerol e ácidos graxos e desta maneira absorvidas (teoria hidrolítica).
2. Teoria de Frazer: (teoria da divisão em partículas) admitia a ocorrência de hidrólise, mas esposava o ponto de vista que mercê da ação emulsificante dos sais biliares, as gotas de gordura que chegavam ao intestino se subdividiam em gotículas extremamente diminutas de modo que parte delas atravessa intacta a mucosa intestinal através de pequenos poros
 
Os seguintes fatores vieram a ensejar o surgimento de uma nova teoria
Descobriu-se que a lipase pancreática, enzima que ataca os triglicerídios, hidrolisa a gordura, rompendo a sua estrutura (esquema, pg. 40). Isso significa, pois, que a atuação enzimática resulta em dois ácidos graxos livres e um monoglicerídio.
Estudos revelam que no interior da célula do tecido intestinal ocorre reesterificação dos ácidos graxos ao glicerol recompondo assim, os triglicerídios na forma pela qual as gorduras entram na corrente sanguínea ou linfática passando assim a cumprir o seu destino no metabolismo animal. 
	Em resumo, o processo da digestão e absorção ocorre obedecendo a seguinte seqüência:
A rigor, não ocorre sobre as gorduras nenhuma ação degradadora na boca e estômago.
Assim, pode-se dizer, em termos gerais, que o intestino é o local de demolição e absorção dos triglicerídios 
Ruminantes:
 
Nos ruminantes ocorre hidrólise parcial no rúmen, promovida pelas lipases e esterases microbianas.
O glicerol liberado é fermentado a ácido propiônico.
Os ácidos graxos livres e os triglicerídios inatacados são levados ao intestino onde prossegue a ação digestiva de maneira muito semelhante a que ocorre em não ruminantes (monogástricos). 
Digestão e absorção das gorduras
Monogástricos (estado dinâmico das gorduras)
 Ao alimentarmos os suínos em fase de terminação com grão de soja (com cerca de 18% de óleo), ocorrerá formação de gordura mole; mas se o substituirmos por um alimento rico em amido, ao se transformar em gordura, dará lugar, a uma gordura firme.
Ruminantes (hidrogenação das gorduras no rúmen)
 Muito pouco pode-se modificar o tipo de gordura formada em seu corpo, a partir de gordura alimentar.
 
Outros aspectos práticos das gorduras
Elas se caracterizam por conferir aos alimentos uma maior apetecibilidade e uma maior aceitação pelos animais por tornarem esses alimentos menos secos.
Também no preparo de rações prensadas, as gorduras desempenham um papel: além de funcionarem como agregantes, facilitam o trabalho das prensas, diminuindo o atrito.

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