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Reservas estratégicas de forragem - Guilherme Ferreira da Costa Lima

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Série
Circuito de Tecnologias Adaptadas
para a Agricultura Familiar
1. RESERRESERRESERRESERRESERVVVVVAS ESAS ESAS ESAS ESAS ESTRATRATRATRATRATÉGICTÉGICTÉGICTÉGICTÉGICASASASASAS
DE FDE FDE FDE FDE FORRAORRAORRAORRAORRAGEMGEMGEMGEMGEM
Uma alternativa para melhorar aUma alternativa para melhorar aUma alternativa para melhorar aUma alternativa para melhorar aUma alternativa para melhorar a
convivência dos rebanhos familiaresconvivência dos rebanhos familiaresconvivência dos rebanhos familiaresconvivência dos rebanhos familiaresconvivência dos rebanhos familiares
com a secacom a secacom a secacom a secacom a seca
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GOVERNADORA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
WILMA MARIA DE FARIA
SECRETÁRIO DA AGRICULTURA, DA PECUÁRIA E DA PESCA
LAÍRE ROSADO FILHO
DIRETORIA EXECUTIVA DA EMPARN
DIRETOR PRESIDENTE
ROBSON DE MACÊDO VIEIRA
DIRETOR DE PESQUISA & DESENVOLVIMENTO
MARCONE CÉSAR MENDONÇA DAS CHAGAS
DIRETOR DE OPERAÇÕES ADM. E FINANCEIRAS
AMADEU VENÂNCIO DANTAS FILHO
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EMPARN
Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte S.A.
Série
Circuito de Tecnologias Adaptadas
para a Agricultura Familiar
1. RESERRESERRESERRESERRESERVVVVVAS ESAS ESAS ESAS ESAS ESTRATRATRATRATRATÉGICTÉGICTÉGICTÉGICTÉGICASASASASAS
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Uma alternativa para melhorar aUma alternativa para melhorar aUma alternativa para melhorar aUma alternativa para melhorar aUma alternativa para melhorar a
convivência dos rebanhos familiaresconvivência dos rebanhos familiaresconvivência dos rebanhos familiaresconvivência dos rebanhos familiaresconvivência dos rebanhos familiares
com a secacom a secacom a secacom a secacom a seca
Natal, RN
2006
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SÉRIE CIRCUITO DE TECNOLOGIAS ADAPTADAS
PARA A AGRICULTURA FAMILIAR
1. RESERVAS ESTRATÉGICAS DE FORRAGEM
EXEMPLARES DESTA PUBLICAÇÃO PODEM SER ADQUIRIDOS
SETOR DE DIFUSÃO E PROFISSIONALIZAÇÃO DA EMPARN
AV. JAGUARARI, 2192 - LAGOA NOVA
59062-500 - NATAL-RN
AUTOR
GUILHERME FERREIRA DA COSTA LIMA
Pesquisador Embrapa/EMPARN
E-mail: guilhermeemparn@rn.gov.br
REVISÃO
MARIA DE FÁTIMA PINTO BARRETO
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
LUCIANA RIU UBACH
Difusão de Serviços Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN; Biblioteca Central Zila Mamede
Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte.
 Reservas estratégicas de forragem: uma alternativa para melhorar a
convivência dos rebanhos familiares com a seca / EMPARN. – Natal, RN,
2006.
 83 p. : il. – ( Série Circuito de Tecnologias para a Agricultura Familiar ; v.1)
 1. Forragem. 2. Ensilagem. 3. Fenação. 3. Agricultura familiar. I. Título.
RN/UF/BCZM CDU 636.085
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO................................................ 6
1. INTRODUÇÃO................................................... 8
2. CAATINGA......................................................... 12
3. PALMA ADENSADA............................................ 16
4. CAPIM BUFFEL................................................... 20
5. CAPIM ELEFANTE............................................... 21
6. CAPIM DE VAZANTE.......................................... 25
7. SORGO.............................................................. 27
8. MELANCIA FORRAGEIRA................................... 30
9. CANA-DE-AÇÚCAR............................................. 32
10. MANDIOCA....................................................... 35
11. LEUCENA........................................................... 37
12. FLOR-DE-SEDA................................................... 40
13. GUANDU........................................................... 41
14. MANIÇOBA....................................................... 44
15. GLIRICÍDIA......................................................... 46
16. FENAÇÃO.......................................................... 48
17. SECADOR SOLAR............................................... 57
18. ENSILAGEM....................................................... 62
 SILO TRINCHEIRA........................................ 65
 SILO CINCHO.............................................. 66
 SILO SUPERFÍCIE.......................................... 69
19. XIQUEXIQUE..................................................... 75
20. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................. 80
21. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................... 81
8
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .III Circuito de Tecnologias Adaptadas para a Agricultura Familiar
. . . . Semeando oportunidades para o negócio rural
O tema “Recursos Forrageiros Estratégicos” é hoje
reconhecido como uma marca registrada da EMPARN em função
das inúmeras ações desenvolvidas pela Empresa nos últimos
anos, nas áreas de pesquisa, desenvolvimento e capacitação.
Nos últimos 12 anos, a EMPARN, em parceria com a
EMATER-RN e diversas outras instituições, realizou anualmente
grandes encontros de difusão de práticas de ensilagem e fenação,
envolvendo a participação de milhares de produtores rurais,
extensionistas, técnicos, estudantes, lideranças comunitárias e
políticas. Esses encontros foram iniciados como atividades (dias
de campo) de sensibilização de produtores, quanto à necessidade
de armazenar alimentos para o período seco e procuraram
estreitar os laços entre a pesquisa e a extensão rural, com eventos
práticos e diretos, do tipo “aprender fazendo”, com ênfase na
capacitação de extensionistas e instrutores multiplicadores.
Atualmente, além de uma expansão geográfica no Estado,
passando a ser realizado em oito microrregiões, o evento evoluiu
para um “Circuito de Tecnologias Apropriadas para a Agricultura
Familiar”, englobando além da segurança alimentar dos rebanhos,
outras atividades como apicultura, ave caipira, bancos de
sementes, produção higiênica do leite, caprino e ovinocultura.
Merece destaque na composição dos resultados aqui
apresentados, a participação da FINEP – Financiadora de Estudos
e Projetos, no apoio financeiro para o desenvolvimento de projeto
estruturante na área de produção e conservação de forragens e
do MDS – Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome e MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário nos
APRESENTAÇÃO
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .III Circuito de Tecnologias Adaptadas para a Agricultura Familiar
programas desenvolvidos pela EMPARN na transferência dessas
tecnologias para áreas de assentamento e agricultores familiares
em geral.
Robson de Macedo VieiraRobson de Macedo VieiraRobson de Macedo VieiraRobson de Macedo VieiraRobson de Macedo Vieira
Diretor Presidente
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .III Circuito de Tecnologias Adaptadas para a Agricultura Familiar
. . . . Semeando oportunidades para o negócio rural
Quando se procura discutir alternativas para melhorar a
lucratividade de sistemas de produção pecuários para a agricultura
familiar no semi-árido, alguns aspectos têm importância
fundamental: a garantia de mercado para os produtos, uma
escala de produção maior e mais regular, a limitação da área das
propriedades e a baixa capacidade de suporte dos pastos nativos.
A pecuária representa uma das mais importantes atividades
para os agricultores familiares do semi-árido brasileiro. Em função
de sua maior resistência à seca quando comparada às
explorações agrícolas, ela tem se constituído num dos principais
fatores para a garantia da segurança alimentar das famílias rurais
e geração de emprego e renda na região. No entanto, devido à
grande variação na oferta de forragensnos períodos de chuva e
de seca e a limitada área dos estabelecimentos rurais, o
desempenho produtivo dos rebanhos é baixo, principalmente em
função da redução de alimentos no período seco.
A pecuária tem condições de representar o eixo principal
dos sistemas de produção familiar no semi-árido, desde que se
estruture um suporte alimentar que garanta reservas para o
período seco e dessa forma permita aos criadores manejarem
rebanhos maiores, mesmo em pequenas propriedades, gerando
uma escala de produção que assegure renda e lucros capazes
de melhorar a qualidade de vida no campo.
Para se definir o tamanho da reserva de alimentos
necessária para garantir um bom desempenho dos animais
durante todo o ano, um simples cálculo é suficiente para indicar
a quantidade de forragem a ser produzida ou colhida nos pastos
nativos. O produtor precisa saber o tamanho de seu rebanho, a
média de consumo desses animais por dia e qual é o período de
INTRODUÇÃO
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .III Circuito de Tecnologias Adaptadas para a Agricultura Familiar
seca na sua região. Com essas informações fica fácil para
qualquer técnico calcular quantas toneladas de forragem verde,
silagem ou feno, serão necessárias para atender os
requerimentos nutricionais dos rebanhos, principalmente na
época seca.
Quando se considera, a título de exemplo, as necessidades
de forragem para um rebanho de 25 vacas leiteiras no semi-
árido (sem incluir as crias) com um período de seca de seis meses
e consumo médio, por vaca, de 10kg de matéria seca (MS)/dia,
verifica-se a necessidade de produção de 45 toneladas (t.) de MS
de forragens armazenadas ( > 200 t. de forragem verde).
25 V25 V25 V25 V25 Vacas leitacas leitacas leitacas leitacas leiteireireireireiras x 1as x 1as x 1as x 1as x 10 k0 k0 k0 k0 kg MS/dia x 1g MS/dia x 1g MS/dia x 1g MS/dia x 1g MS/dia x 180 dias (680 dias (680 dias (680 dias (680 dias (6
meses) = 45 t.MSmeses) = 45 t.MSmeses) = 45 t.MSmeses) = 45 t.MSmeses) = 45 t.MS
O plantio e manejo adequado de forrageiras como a palma,
o capim elefante, o sorgo, os capins d’água, a mandioca, os
capins buffel e urocloa, a melancia forrageira, a cana, a leucena
e outras leguminosas, associados a práticas de ensilagem,
fenação e utilização de resíduos da agroindústria, representam
uma sólida base para a implantação de sistemas de produção
pecuários para agricultores familiares no semi-árido.
Esse documento faz parte do “III Circuito de Tecnologias
Adaptadas para a Agricultura Familiar” e procurará discutir a
estruturação de “Reservas Forrageiras Estratégicas” adequadas
para esses sistemas agropecuários, ou seja, quais são as
forrageiras nativas e cultivadas adaptadas ao ambiente semi-
árido, suas técnicas de cultivo e manejo, rendimento médio e
formas de utilização, além de práticas simplif icadas de
armazenamento.
Embora tradicionalmente as técnicas de conservação de
forrageiras nativas e exóticas se resumam aos processos de
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .III Circuito de Tecnologias Adaptadas para a Agricultura Familiar
. . . . Semeando oportunidades para o negócio rural
fenação e ensilagem, pretende-se aqui ampliar a discussão sobre
as alternativas forrageiras com potencial para o armazenamento
e utilização no período seco do semi-árido nordestino. Dessa
forma, serão consideradas também, as espécies com potencial
para “armazenamento verde”, ou na forma natural, como
aquelas já mencionadas acima.
Esta apostila deverá ser utilizada como uma ferramenta de
trabalho conjuntamente pelos criadores e técnicos da pesquisa
e extensão. Como o evento do III Circuito será realizado em oito
regiões do Rio Grande do Norte, em cada local serão realizadas
reuniões com participação de um instrutor da pesquisa,
extensionistas e técnicos da EMATER e SEBRAE-RN e cerca de 35 a
40 produtores, selecionados previamente com base num perfil
de liderança, experiência na atividade, espírito empreendedor e
multiplicador de conhecimentos.
No presente documento encontram-se listadas as
tecnologias disponíveis para as diversas forrageiras adaptadas ao
semi-árido, as práticas de manejo e as formas mais simples de
armazenamento, apontadas pela Embrapa, Empresas estaduais
de pesquisa e universidades. Caberá aos grupos reunidos em cada
região selecionar as espécies de uso comum em cada local,
discutir as experiências práticas dos criadores de sucesso ou
insucesso na produção e utilização dessas culturas e trabalhar
conjuntamente exemplos de cálculos de suportes forrageiros
envolvendo a utilização de espécies nativas e cultivadas e práticas
de armazenamento.
No Nordeste, segundo dados do IBGE (1996), 67,5% dos
estabelecimentos apresentam área inferior a 10 hectares (ha).
Com a baixa capacidade de suporte dos pastos nativos e a
pequena área dos estabelecimentos rurais e das pastagens
cultivadas, são limitadas as alternativas para o desenvolvimento
de uma pecuária com uma escala de produção sustentável para
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .III Circuito de Tecnologias Adaptadas para a Agricultura Familiar
a agricultura familiar fora da produção intensiva de forragens e
da utilização de práticas de armazenamento.
Alguns autores apontam como um dos motivos para os
fracassos das tentativas de modernização dos agricultores
familiares, a tendência dos programas governamentais utilizarem
modelos excessivamente dependentes de fatores externos às
propriedades, em vez de priorizarem o incremento da
produtividade de todos os fatores de produção já existentes.
Levando em consideração esses aspectos e a baixa capacidade
de investimento desses produtores, além da alta participação do
item alimentação na composição dos custos de produção das
explorações pecuárias, a discussão sobre a formação de “reservas
forrageiras estratégicas” priorizará a busca pela autonomia na
produção de alimentos na própria fazenda.
Observa-se que a problemática da adoção de práticas de
armazenamento de forragens no Nordeste, além das questões
estruturais de crédito, disponibilidade de máquinas, pequena
participação das cooperativas e prefeituras e limitações no
processo de assistência técnica, carrega em sua essência um
gargalo cultural de resistência aos riscos e as novas tecnologias,
que só encontra solução no processo educativo e de
conscientização dos produtores.
A proposta de trabalho a ser conduzida durante o III Circuito
procurará fortalecer o fluxo de informações da pesquisa para a
extensão e assistência técnica e desta para os produtores e no
sentido inverso procurando levantar no campo as reais demandas
de temas de pesquisa de interesse dos produtores.
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .III Circuito de Tecnologias Adaptadas para a Agricultura Familiar
. . . . Semeando oportunidades para o negócio rural
Sejam as caatingas
ralas ou densas, arbustivas
ou arbóreas, altas ou
baixas, a disponibilidade de
forragem para os
ruminantes no período seco
é bastante reduzida.
Outro problema no
manejo da vegetação de caatinga como suporte forrageiro dos
rebanhos no semi-árido é que em geral esse tipo de vegetação
apresenta alta densidade de arbustos e árvores, que dificultam
muitas operações de manejo animal, as folhas dessas plantas
caem cedo e o estrato herbáceo é muito pobre em gramíneas.
Fica claro que mesmo possuindo um grande número de
espécies nativas, particularmente leguminosas de alto valor
forrageiro, a grande diferença na oferta de forragem das
caatingas, entre o período chuvoso e o período seco, acaba sendo
responsável por desempenhos animais bastante modestos.
Diversos trabalhos tendo como base alimentar a vegetação decaatinga nos estados do Ceará, Paraíba e Pernambuco
encontraram taxas de lotação de 5 a 15 ha/animal/ano e ganhos
de peso de 5 a 49 kg/ha/ano, em sistemas explorando caatingas
nativas e manipuladas.
TTTTTaxaxaxaxaxa de loa de loa de loa de loa de lotttttação – ação – ação – ação – ação – É a relação entre o número de animais
ou de unidades animais (UA) e a área de pastagem nativa ou
cultivada por eles ocupada durante um período de tempo.
CAATINGA
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .III Circuito de Tecnologias Adaptadas para a Agricultura Familiar
Capacidade de suporte – Capacidade de suporte – Capacidade de suporte – Capacidade de suporte – Capacidade de suporte – É a máxima taxa de lotação
que proporciona um determinado nível de desempenho animal,
aplicada por determinado período de tempo sem causar a
degradação do ecossistema.
UUUUUnidade animal - Unidade animal - Unidade animal - Unidade animal - Unidade animal - UA = 450kA = 450kA = 450kA = 450kA = 450kg de peso vivg de peso vivg de peso vivg de peso vivg de peso vivo (PV)o (PV)o (PV)o (PV)o (PV)
Tabela de categorias animais correspondentes a unidades
animais (UA) para cálculo da taxa de lotação em pastagens:
1 T1 T1 T1 T1 Tourourourourouro - 1o - 1o - 1o - 1o - 1,5 U,5 U,5 U,5 U,5 UA / 1 vA / 1 vA / 1 vA / 1 vA / 1 vaca - 1 Uaca - 1 Uaca - 1 Uaca - 1 Uaca - 1 UA / NA / NA / NA / NA / Nooooovilhas 0 a 1 ano -vilhas 0 a 1 ano -vilhas 0 a 1 ano -vilhas 0 a 1 ano -vilhas 0 a 1 ano -
0,5 UA0,5 UA0,5 UA0,5 UA0,5 UA
NNNNNooooovilhas 1 a 2 anos - 0,7vilhas 1 a 2 anos - 0,7vilhas 1 a 2 anos - 0,7vilhas 1 a 2 anos - 0,7vilhas 1 a 2 anos - 0,75 U5 U5 U5 U5 UA/ NA/ NA/ NA/ NA/ Nooooovilhas 2 a 3 anos -vilhas 2 a 3 anos -vilhas 2 a 3 anos -vilhas 2 a 3 anos -vilhas 2 a 3 anos -
1 UA1 UA1 UA1 UA1 UA
Algumas experiências desenvolvidas no Ceará pela
Embrapa/Caprinos conseguiram aumentar a oferta de forragem
de alguns tipos de vegetação de caatinga aplicando práticas de
manipulação como o RALEAMENTORALEAMENTORALEAMENTORALEAMENTORALEAMENTO, REBAIXAMENTOREBAIXAMENTOREBAIXAMENTOREBAIXAMENTOREBAIXAMENTO e
ENRIQUECIMENTOENRIQUECIMENTOENRIQUECIMENTOENRIQUECIMENTOENRIQUECIMENTO da caatinga.
Raleamento – Raleamento – Raleamento – Raleamento – Raleamento – O raleamento da vegetação da caatinga
consiste no controle de arbustos e árvores não forrageiras, com
o objetivo de diminuir o sombreamento promovido por essas
espécies para obter-se aumento da produção do estrato herbáceo
ou pasto rasteiro. A intensidade do raleamento depende das
condições topográficas do terreno e das características da
vegetação. Áreas de caatinga raleada deverão ter um
sombreamento por árvores e arbustos em cerca de 40% da área,
correspondendo a, no máximo, cerca de 400 árvores de porte
médio por hectare. Reduções abaixo deste valor poderão não
resultar em aumentos relevantes da produtividade do estrato
herbáceo.
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. . . . Semeando oportunidades para o negócio rural
Rebaixamento – Rebaixamento – Rebaixamento – Rebaixamento – Rebaixamento – Consiste no corte manual de arbustos
e árvores forrageiros, com o objetivo de aumentar a oferta da
forragem dessas plantas e melhorar sua qualidade. Com a redução
do sombreamento pelas copas de árvores e arbustos resultante
do rebaixamento, observa-se um aumento da produção da
forragem rasteira (ervas). O corte raso (0,5m do solo) dessas
plantas deverá ocorrer durante a estação seca, poupando-se
somente as árvores cuja folhagem só é consumida, quando seca
no chão. Deverão ser rebaixadas as espécies de reconhecido valor
forrageiro, tais como o sabiá, o mororó, a jurema-preta, quebra-
faca, feijão bravo, e outros arbustos forrageiros. Na estação das
chuvas subseqüente, as rebrotas dos arbustos e árvores ficarão
numa altura de fácil acesso aos animais, principalmente para
caprinos e ovinos.
Enriquecimento – Enriquecimento – Enriquecimento – Enriquecimento – Enriquecimento – Consiste no plantio de capins e
leguminosas para enriquecer o pasto rasteiro das caatingas. De
preferência, o plantio deve ser feito sem modificar muito a
vegetação da caatinga, para preservar as espécies nativas
principalmente as leguminosas forrageiras. Por outro lado, não
se faz necessário desmatar a caatinga, sendo necessário, tão
somente, o seu raleamento.
A aplicação do método inicia-se na estação seca com o
raleamento da vegetação lenhosa, preservando-se 150 a 200
árvores por hectare, o que corresponderá a uma cobertura de 15
a 20%. O plantio das forrageiras deverá ser feito no período das
chuvas. Com o objetivo de cobrir parcialmente os custos, no
primeiro ano pode-se associar o plantio da forrageira com o
cultivo de uma cultura de subsistência (milho, sorgo, feijão,
mandioca, etc). Capinas e roços deverão ser efetuados sempre
que necessários. Como o fósforo tende a ser o nutriente de maior
deficiência na maioria dos solos da caatinga, recomenda-se
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .III Circuito de Tecnologias Adaptadas para a Agricultura Familiar
promover uma adubação fosfatada, na base de 100kg/ha de
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(500kg de superfosfato simples). O enriquecimento deverá
ser feito pela introdução de gramíneas, tais como cultivares de
capim-buffel, capim-corrente (urocloa) e gramão “Aridus”, e
leguminosas como a cunhã e erva-de-ovelha que têm sido
consideradas as melhores opções.
Mesmo utilizando práticas de manipulação das caatingas,
pesquisas realizadas no Ceará apontam para uma capacidade de
suporte para pequenos ruminantes de 1,0ha/cabeça (cab.)/ano
na caatinga rebaixada e de 0,5 a 1,0 ha/cab./ano, quando a
caatinga é raleada e enriquecida.
Dessa forma, as unidades de vegetação de caatinga no
semi-árido, apresentam, como característica comum, uma
concentração da produção de forragem num período chuvoso
de 3 a 5 meses (fevereiro a junho), quando normalmente o
estrato herbáceo apresenta alta qualidade forrageira, mas com
uma produção que praticamente desaparece com a chegada do
período seco. Os arbustos e árvores da caatinga embora
apresentem baixa produção de forragem, têm grande adaptação
ao ambiente semi-árido, quando em um curto período de cerca
de 15 dias após as primeiras chuvas, se transformam de arbustos
cinzentos secos, sem nenhuma folha, em uma explosão de
brotos, que saciam a fome dos rebanhos castigados pelo longo
período de seca.
É importante que técnicos e criadores tenham em mente
que a vegetação de caatinga é um patrimônio da natureza que
precisa ser preservado e utilizado de forma racional visando o
equilíbrio ambiental. Entre outros produtos que podem ser
retirados das caatingas destacam-se as estacas ou moirões,
essências medicinais e alimentícias que podem ser utilizadas de
forma conjunta em sistemas denominados de agro-silvo-pastoris.
Ou seja, numa mesma área podem ser exploradas culturas
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. . . . Semeando oportunidades para o negócio rural
agrícolas, florestais e ainda criações de ruminantes, abelhas e
aves. Manejos inadequados dessa vegetação seja através do
desmatamento desordenado, seja pelo sobrepastejo animal, têm
sido responsáveis por várias áreas em processo de desertificação.
A pequena produção pecuária familiar do semi-árido tem,
nas caatingas e pastos nativos, seu principal suporte forrageiro.
Dessa forma, resta a esses produtores como opção de manejo,
utilizar esses pastos até o limite de sua capacidade, com rotações
de cercados, enriquecimento do estrato herbáceo com os capinsbuffel e urocloa e selecionar uma forma de armazenamento de
forragens para garantir o alimento dos rebanhos no período seco.
Essas alternativas não se limitam às práticas de fenação e
ensilagem e podem incluir o cultivo da palma forrageira, manejo
de cactos nativos, plantio de capins d’água, melancia forrageira,
uso de resíduos agroindustriais, cana-de-açúcar, capineiras
irrigadas, bancos de proteína, entre outras.
A seguir serão listadas as informações para a produção,
manejo e armazenamento de cada espécie forrageira indicada
para os sistemas pecuários familiares no semi-árido, assim como
as práticas de conservação das forragens para utilização no
período seco.
É a palma plantada
utilizando-se os
espaçamentos, entre fileiras
e raquetes, menores que os
normalmente usados pelos
agricultores, ou seja, numa
mesma área pode-se plantar
PALMA FORRAGEIRA ADENSADA
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .III Circuito de Tecnologias Adaptadas para a Agricultura Familiar
quantidade maior de raquetes. As informações a seguir são
originárias de pesquisas desenvolvidas no IPA – Empresa
Pernambucana de Pesquisa Agropecuária.
Como fazer o cultivo adensadoComo fazer o cultivo adensadoComo fazer o cultivo adensadoComo fazer o cultivo adensadoComo fazer o cultivo adensado
Escolher, preferencialmente, solos leves (argilo-arenosos)
evitando áreas com pedras, pois dificultam as limpas e aumentam
as despesas, evitar também áreas sujeitas a encharcamento, pois
provocam apodrecimento e morte das raquetes.
PlantioPlantioPlantioPlantioPlantio
Efetuar o plantio dois meses antes do início da estação
chuvosa, escolhendo entre os seguintes tipos de espaçamento:
− 1 metro entre as fileiras da palma e 50cm entre as raquetes
(20.000 plantas/ha), ou
− 1 metro entre as fileiras da palma e 25cm entre as raquetes
(40.000 plantas/ha).
AdubaçãoAdubaçãoAdubaçãoAdubaçãoAdubação
Fazer adubação no início das chuvas; se possível efetuar
adubação orgânica com 20t. de estrume de curral por hectare/
ano. A adubação química é recomendada nas seguintes
quantidades:
Com análise de soloCom análise de soloCom análise de soloCom análise de soloCom análise de solo
·Nitrogênio: 100kg/ha, correspondendo a 227kg de uréia ou
500kg de sulfato de amônio;
·Fósforo, potássio e calcário: de acordo com a recomendação a
partir da análise de solo.
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. . . . Semeando oportunidades para o negócio rural
Sem análise de soloSem análise de soloSem análise de soloSem análise de soloSem análise de solo
Não sendo possível realizar a análise de solo, recomenda-se
proceder a adubação com 500kg por hectare da fórmula 20-10-
20. Repetir a adubação sempre após cada colheita.
Tratos culturais - Efetuar capinas com enxada e/ou roço como
forma de manter a palma sempre limpa e em condições de
assegurar a produção desejada.
ColheitaColheitaColheitaColheitaColheita
A primeira colheita deve acontecer dois anos após o plantio
e as seguintes de dois em dois anos após a última.
Em publicação recente do IPA foram divulgados resultados
sobre o uso de herbicidas em palmais de Carurau-PE. Os
herbicidas de pré-emergência Tebuthiuron, Ametryne em uso
exclusivo ou aplicado junto com Simazine e o Diuron aplicado
isoladamente ou com Trifluralina, nas dosagens recomendadas
pelos fabricantes, foram eficientes no controle de plantas
daninhas, sem causarem efeitos adversos no número médio de
brotações por planta e não deixaram resíduos no solo e na planta.
IMPORIMPORIMPORIMPORIMPORTTTTTANTE: Se o crANTE: Se o crANTE: Se o crANTE: Se o crANTE: Se o criador necessitiador necessitiador necessitiador necessitiador necessitar de um hectar de um hectar de um hectar de um hectar de um hectararararareeeee
de palma por ano parde palma por ano parde palma por ano parde palma por ano parde palma por ano para alimenta alimenta alimenta alimenta alimentar o rar o rar o rar o rar o rebanho, é necessárebanho, é necessárebanho, é necessárebanho, é necessárebanho, é necessárioioioioio
cultivcultivcultivcultivcultivar dois hectar dois hectar dois hectar dois hectar dois hectararararares, pois a cada ano fes, pois a cada ano fes, pois a cada ano fes, pois a cada ano fes, pois a cada ano fararararará a colheitá a colheitá a colheitá a colheitá a colheita dea dea dea dea de
um hectum hectum hectum hectum hectararararare.e.e.e.e.
A produção obtida em 1 hectare de palma em cultivo
adensado em regiões onde a palma se desenvolve bem é de
aproximadamente, 200 a 250t. a cada 2 anos, que permite
alimentar, no período de seca, 30 vacas durante 180 dias com
um consumo diário de 50kg de palma por vaca.
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“1 hect“1 hect“1 hect“1 hect“1 hectararararare de palma adensada alimente de palma adensada alimente de palma adensada alimente de palma adensada alimente de palma adensada alimenta 30 va 30 va 30 va 30 va 30 vacas poracas poracas poracas poracas por
1111180 dias”80 dias”80 dias”80 dias”80 dias”
O IPA aponta ainda as seguintes estimativas para custos de
implantação de um hectare de palma, que variam de acordo
com os espaçamentos utilizados: R$ 1.530,00 (2,0 x 1,0m), R$
2.010,00 (1,0 x 0,5m) e R$ 2.715,00 (1,0 x 0,25m).
No Rio Grande do Norte, apenas certas áreas da região
Litoral Agreste e as serras apresentam uma boa adaptação para
o cultivo da palma. Nas
regiões do Sertão Central e
Seridó, em função da baixa
umidade relativa do ar, altas
temperaturas, baixa altitude,
comumente as palmas
murcham no período seco
pela excessiva perda de
água.
Forneça palma junto com outras forragensForneça palma junto com outras forragensForneça palma junto com outras forragensForneça palma junto com outras forragensForneça palma junto com outras forragens
Apesar da palma ser
uma excelente forrageira,
ela é pobre em fibras e
proteínas e necessita ser
fornecida aos animais junto
com outros alimentos como
palhadas de culturas, pastos
secos, capins de corte, feno,
silagem, torta de algodão e
de soja, para enriquecimento protéico e para evitar a ocorrência
de diarréia.
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. . . . Semeando oportunidades para o negócio rural
Alguns autores
estimam a existência de
mais de 400.000ha de
capim buffel no semi-árido,
mas ressaltam que essa área
poderia ser superior a 35
milhões de hectares. A
importância dos capins
buffel e urocloa no semi-
árido é destacada por trabalhos da Embrapa/Semi-árido, que em
latossolos com 3ppm de fósforo em Petrolina obteve rendimentos
de matéria seca da ordem de 3,1 a 4,4t./ha, capacidade de suporte
variando de 0,9 a 1,3cab./ha e ganhos de peso de 129 a 158 kg/
ha/ano. Outros trabalhos na mesma área obtiveram rendimentos
de feno de buffel da ordem de 4t. de MS/ha em solos com 1 a
3,5ppm de fósforo e de 7 a 9t., com adubações fosfatadas.
A Fazenda Colonial no semi-árido de Minas Gerais, conta
com quase 10 mil ha de capim buffel das variedades aridus, biloela
e grass, tendo obtido taxas de lotação de 1,0 a 2,0UA/ha e ganhos
de peso entre 100 e 130 kg/PV/ha.
Em relação ao plantio do capim buffel, ele adapta-se melhor
em solos leves e profundos, podendo também se desenvolver
satisfatoriamente em solos argilosos, desde que não sofram
encharcamento. O plantio é realizado normalmente por
sementes, podendo ser manual e mecânico. Pesquisador da
EMPARN adaptou uma plantadeira e colhetadeira de sementes,
que facilitam sobremaneira essas duas operações.A semeadura pode ser feita em covas, sulcos ou a lanço,
quando realizada no período chuvoso. Também poderá ser
CAPIM BUFFEL
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realizada no f inal do
período seco, desde que em
covas abertas, com pouca
ou mesmo nenhuma
cobertura de solo. No
plantio em covas adotar o
espaçamento 1,0 x 0,5m,
em se tratando de sulcos a
distância entre eles pode
variar de 0,5 a 1,0m.
Geralmente gastam-se 10 a
15kg de sementes por
hectare. As sementes
devem ser plantadas pelo
menos seis meses após
colhidas, em função da
dormência que apresentam,
sendo normalmente
colhidas em um ano para
plantio no próximo.
O capim elefante
pode ser considerado uma
das forrageiras mais
importantes na produção de
volumosos para a pecuária
da região nordestina. Pelo
seu alto potencial produtivo,
CAPIM ELEFANTE
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. . . . Semeando oportunidades para o negócio rural
é uma das poucas forrageiras cultivadas pelos criadores nas áreas
úmidas de aluvião existentes. Paralelamente a esse potencial de
produção, as capineiras de capim elefante são em geral,
extremamente mal manejadas no Nordeste. Como os criadores
mantêm os rebanhos em regime de pasto no período chuvoso,
as áreas de capineiras são praticamente abandonadas sem
manejo (cortes, adubações e limpas), muitas vezes sofrendo
apenas um corte próximo ao término das chuvas, para obtenção
de uma única rebrota.
Pesquisas realizadas pela EMPARN, com várias cultivares
oriundas da Embrapa/Gado de Leite, identificaram materiais de
capim elefante com potencial de produção de até 50t. de matéria
verde (MV) e 10 t.MS/ha/corte, a cada 60 dias, ou seja, com
potencial de produção de 300 t.MV/ha/ano e 60t. MS/ha/ano,
em condições de irrigação e adubação.
Com um bom planejamento, em um período de chuvas
de seis meses, os criadores poderiam realizar até três cortes nas
capineiras (com intervalos de 45 a 60 dias), com potencial de
produção de 20 a 40t de matéria verde por corte, de uma
forrageira com bom valor nutritivo e armazená-la para uso no
período da seca (feno triturado ou silagem).
35 t35 t35 t35 t35 toneladas (média) x 3 coroneladas (média) x 3 coroneladas (média) x 3 coroneladas (média) x 3 coroneladas (média) x 3 cortttttes = 1es = 1es = 1es = 1es = 105 t05 t05 t05 t05 toneladas deoneladas deoneladas deoneladas deoneladas de
matmatmatmatmatéréréréréria via via via via verererererde/hectde/hectde/hectde/hectde/hectararararareeeee
1111105 t05 t05 t05 t05 toneladas de matoneladas de matoneladas de matoneladas de matoneladas de matéréréréréria via via via via verererererde x 20% de matde x 20% de matde x 20% de matde x 20% de matde x 20% de matéréréréréria secaia secaia secaia secaia seca
= 2= 2= 2= 2= 21 t1 t1 t1 t1 toneladas de matoneladas de matoneladas de matoneladas de matoneladas de matéréréréréria seca/hectia seca/hectia seca/hectia seca/hectia seca/hectararararareeeee
Em um sistema irrigado onde o produtor pode obter seis
cortes por ano com intervalo de 60 dias/corte, pode-se então
obter o dobro do rendimento acima, ou seja, 210t. de MV por
hectare e 42t. de matéria seca.
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Existe um grande número de variedades de capim elefante
(Napier, Mercker, Cameroon, Roxo de Botucatu, Venezuela, entre
outras) sendo utilizadas no Nordeste e sempre existe a
preocupação dos criadores em elegerem a melhor. Algumas
pesquisas da EMBRAPA têm mostrado que esses materiais não
apresentam grandes variações no potencial de produção e na
qualidade forrageira quando bem manejadas. Dessa forma, não
há porque os criadores se preocuparem com o nome da
variedade e sim em manejá-la corretamente, principalmente não
cortando o capim muito velho (acima de dois metros).
Entre alguns aspectos de manejo de plantio, corte,
rendimento e valor protéico do capim elefante para corte e
silagem, destacam-se os seguintes:
−Mudas: Plantas com três a quatro meses de idade;
− Plantio: Mudas inteiras deitadas em sulco com profundidade
de 30cm e cobertas com 15cm de terra (mudas colocadas nas
posições de ponta e pés invertidos);
− Espaçamento: 50 a 80cm entre linhas;
−Quantidade de mudas: 3 a 4 t/ha;
−Melhor época de corte para silagem: 1,8 a 2,0m de altura (8 a
12 semanas);
− Proteína bruta: 8 a 9%;
− Rendimento médio: 20 a 40 t. MV/corte;
− Corte em relação ao solo: Rente ao solo.
Além disso, a capineira deve ser adubada de acordo com a
recomendação da análise de solo. Caso a análise não tenha sido
feita, a capineira pode ser adubada com cerca de 100kg de P2O5
(500kg superfosfato simples) por ha na época de plantio
(fundação), 50 a 100 kg N/ha/ano (250 a 500kg de sulfato de
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. . . . Semeando oportunidades para o negócio rural
amônio) e 60 kg/ha de K2O (100kg de cloreto de potássio) como
adubações de cobertura. Essas adubações devem ser divididas
pelo número de cortes realizados por ano e aplicadas após cada
corte, à lanço na superfície do terreno, na época das chuvas ou
nas áreas irrigadas. Todo o esterco de curral deve ser transportado
para a capineira e distribuído uniformemente sobre toda a área
do capim recém-cortado, independente da época do ano (como
as plantas estão praticamente sem folhas não há problema de
queima). A quantidade de esterco a ser aplicada depende da sua
disponibilidade na propriedade. Aplicações de 20t. por hectare
por ano são comumente recomendadas.
Considerando-se que 70 a 80% da produção das capineiras
ocorre no período das águas e que o valor nutritivo destas diminui
à medida que elas se desenvolvem, recomenda-se a ensilagem
dessa forragem como uma prática de manejo viável.Para a
ensilagem, o capim elefante deve ser colhido em torno dos 60
dias de crescimento e/ou altura inferior a 1,8m. Deve ser picado,
utilizando-se máquinas ensiladeiras, em partículas com tamanho
médio de 2 a 3cm, e depositado no silo. Se possível, esse capim
depois de colhido, deverá permanecer um período de 6 a 12 horas
no campo para sofrer murcha, visto que o teor de água dessa
forrageira é muito alto (80 a 85%). Uma alternativa para diminuir
os efeitos da umidade na ensilagem do capim elefante é a
utilização de aditivos como as manivas e raspas de mandioca, a
polpa cítrica, ou alimentos ricos em açúcares como os grãos de
cereais e o melaço. Esses produtos devem ser adicionados ao
capim na hora ou imediatamente após a distribuição de uma
camada de capim no silo, isso é importante para que esses fiquem
bem misturados e estimulem a fermentação. Cada camada de
forragem disposta no silo deve ser compactada rigorosamente
ao fim do processo de ensilagem. Antes do fechamento do silo,
todo o ar contido no seu interior deverá ser retirado e este coberto,
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vedado utilizando-se lona plástica, e cercado para que animais
não invadam o local e o danifiquem.
Os capins d’água ou
capins de vazante são
culturas predominantes nos
açudes da região do Seridó
e constituem verdadeiros
“silos verdes” para as
propriedades. A seguir são
apresentadas informações
de publicação realizada por
pesquisadores franceses no Seridó, com apoio da SUDENE.
Existem muitos tipos de capins cultivados nas bordas ou
dentrodos açudes à medida que eles vão secando no período
estiagem, sendo os mais comuns o capim andrequicé, o
quicezinho, o mandante (cacho roxo) e o capim de planta. Eles
se diferenciam dos outros tipos de capins pela possibilidade de
serem plantados dentro d’água.
PrPrPrPrProduçãooduçãooduçãooduçãoodução
Essas variedades são precoces e permitem um primeiro corte
após 50-60 dias (ou mais cedo se for necessário) e têm bom
rendimento com produções de 20 a 40t. MV/ha e possibilitam de
um a três cortes, dependendo da extensão do período seco.
Período e local de plantioPeríodo e local de plantioPeríodo e local de plantioPeríodo e local de plantioPeríodo e local de plantio
O plantio dos capins de vazante deve ser feito no início do
rebaixamento da água do açude. O plantio deve ser contínuo,
CAPINS DE VAZANTE
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. . . . Semeando oportunidades para o negócio rural
por faixas sucessivas a cada 2 a 3 semanas. O plantio pode ser
feito por intermédio de mudas na margem úmida, fora da água
ou dentro d’água com uma lâmina entre 1 a 2 palmos. As mudas
são plantas já crescidas (ou pedaços dela) e o plantio se faz a
partir dos nós dos caules. É importante se manter uma pequena
reserva dos capins o ano todo para não perder a semente.
Formas de plantio:Formas de plantio:Formas de plantio:Formas de plantio:Formas de plantio:
− Plantio “espalhado” Plantio “espalhado” Plantio “espalhado” Plantio “espalhado” Plantio “espalhado” – Cortar uma área de capim já crescido
e espalhar os caules inteiros na superfície da água (lâmina
d’água de aproximadamente 30 cm e pisotear, de preferência
nas partes mais grossas. Cada nó em contato com a lama se
enraizará e formará uma touceira de capim. Essa é uma forma
de plantio mais rápido (4 homens/hora para 1.000m2), sendo
necessário 1m2 de plantas “semente” para plantar 10m2.
− Plantio de espequePlantio de espequePlantio de espequePlantio de espequePlantio de espeque – É um tipo de plantio mais trabalhoso
que no entanto permite uma densidade de plantio mais elevada
e um rendimento muito superior. As plantas sementes são
apanhadas por feixes de três e enfiadas diretamente na lama.
Plantas compridas (2m) devem ser cortadas em 3 ou 4 pedaços
para economizar mudas. Esse tipo de plantio é indicado para
solos mais duros onde se usa o espeque (pedaço de madeira)
para furar o solo e permitir a fixação da muda. A densidade de
plantio deve ser alta (até 0,10 x 0,10m) porque a planta não se
alastra, necessitando-se de um dia e meio de trabalho para
plantar 1.000m2.
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Como em muitas
áreas do semi-árido
nordestino o milho é uma
cultura de risco, o sorgo se
apresenta como um ótimo
substituto para a produção
de silagem ou ração verde
e o valor nutritivo da
silagem de sorgo equivale a
cerca de 85 a 90% da de
milho.
O sorgo apresenta
três tipos com características
distintas: o sorgo forrageiro, o misto (ou de dupla aptidão) e o
granífero.
Sorgos do tipo granífero - são plantas de porte baixo (1,0 a
1,6m), com panículas bem desenvolvidas, grãos grandes, ciclo
mais curto que os outros tipos e ponto de ensilagem entre 100 a
110 dias.
SorSorSorSorSorgos do tipo fgos do tipo fgos do tipo fgos do tipo fgos do tipo forororororrrrrragagagagageireireireireirooooo - são plantas de porte mais
alto (2,0 a 4,0m), vigorosas, com grande capacidade de produção
de massa, colmos suculentos e em geral um pouco mais tardios,
atingindo o ponto de silagem em torno de 120 dias. A produção
de massa verde é alta, variando de 20 a 40 t.MV/ha e tem boa
rebrota, que pode representar de 30 a 50% do primeiro corte,
dependendo da disponibilidade de água, da temperatura, da
fertilidade do solo e adubação, entre outros fatores.
SORGO
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. . . . Semeando oportunidades para o negócio rural
Sorgo misto ou de dupla aptidãoSorgo misto ou de dupla aptidãoSorgo misto ou de dupla aptidãoSorgo misto ou de dupla aptidãoSorgo misto ou de dupla aptidão - são plantas de porte
médio, com altura variando de 2,0 a 2,3m. A produção de massa
verde também é alta, com boa produção de grãos. Os sorgos de
dupla aptidão são indicados para ensilagem pois além da alta
produção de forragem, enriquecem a silagem devido a maior
participação de grãos que os sorgos forrageiros.
A EMPARN, em parceria com a Embrapa/Milho e Sorgo
lançou recentemente uma variedade de sorgo de dupla aptidão
denominada BRS – Ponta Negra, que apresenta como pontos
de destaque, rendimentos de matéria verde de 40 a 60t e de MS
de 12 a 15t./ha/corte e rendimento de grãos em sequeiro superior
a 3t. e com irrigação acima de 5t.
Entre algumas sugestões para a cultura racional de sorgo
para silagem, são listadas as seguintes:
− PrPrPrPrPreparepareparepareparo do solo, calago do solo, calago do solo, calago do solo, calago do solo, calagem, adubaçãoem, adubaçãoem, adubaçãoem, adubaçãoem, adubação;
− Época de plantioÉpoca de plantioÉpoca de plantioÉpoca de plantioÉpoca de plantio – no inicio do período chuvoso;
− EspaçamentEspaçamentEspaçamentEspaçamentEspaçamentooooo – para o sorgo do tipo misto, é recomendável
0,80m entre fileiras e uma densidade em torno de 12 a 15 plantas
por metro linear nos plantios em sulco. Em covas, obedecer
0,80 m entre fileiras com 2 a 3 plantas por cova. Necessidade
de 10kg de semente, com 90% de germinação para o plantio
de 1ha. Para o sorgo forrageiro, a densidade de plantio não
deve ultrapassar 10 plantas por metro linear, no mesmo
espaçamento daquele do sorgo misto. Requerimento de 8kg
de sementes, com 90% de germinação para o plantio de 1ha.;
profundidade da semeadura de no máximo 3cm.
− TTTTTrrrrratatatatatos culturos culturos culturos culturos culturaisaisaisaisais – o controle químico das plantas invasoras
requer a pulverização em pré-emergência, logo após o plantio.
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O herbicida recomendado
para a cultura é à base de
atrazine, utilizando-se de
2 a 3 litros/ha do produto
diluído em água,
dependendo do tipo de
solo. Pode-se também
usar o cultivador nas
entre linhas da cultura,
tanto o de tração animal como usando o trator. O emprego
manual da enxada é mais utilizado em pequenas áreas de
cultivo;
−−−−− ContrContrContrContrControle de prole de prole de prole de prole de pragagagagagasasasasas – Lagarta elasmo (ataca o colo da planta
em período seco), lagarta rosca (corta as plantas novas junto
ao solo) e lagarta do cartucho (alimenta-se de folhas novas,
desde o período de broto à formação da panícula). É
recomendado para controle a aplicação de produtos organo
fosforados. Para as duas primeiras, é indicado também tratar
as sementes com inseticida à base de Carbaril;
− ColheitaColheitaColheitaColheitaColheita – pode ser
manual ou mecânica e
deve ocorrer no estádio
de grão pastoso ou
farináceo semi-duro,
onde acontece o ponto
de equilíbrio entre valor
nutricional e rendimento.
O retardo da colheita
pode aumentar o risco de acamamento, ataque de pássaros e
a redução na capacidade de rebrota das plantas.
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. . . . Semeando oportunidades para o negócio rural
A melancia forrageira,
também conhecida como
melancia do mato, melancia de
cavaloou melancia de porco é
originária da África e se adaptou
muito bem às condições
climáticas das regiões secas do
Nordeste do Brasil. As informações sobre essa espécie forrageira
são resultado de trabalho da Embrapa/Semi-árido.
VariedadesVariedadesVariedadesVariedadesVariedades
Existem espalhadas por todo o Nordeste brasileiro,
melancias que são chamadas pela população de nativas que
apresentam formas alongadas ou arredondadas e tamanhos
variáveis. Geralmente possuem a casca lisa e dura, de coloração
creme e polpa branca, podendo algumas delas apresentar a casca
rajada.
Composição químicaComposição químicaComposição químicaComposição químicaComposição química
A análise dos frutos da melancia forrageira realizada na
Embrapa/Semi-árido, revelou ser ela um alimento com uma
composição geral muito boa, com cerca de 10% de MS e 9,5%
de proteína bruta (PB). As sementes de melancia forrageira não
apresentam período de dormência, podendo, quando necessário,
serem plantadas imediatamente após a colheita.
De uma maneira geral, a melancia forrageira, como as
melancias comerciais, apresentam melhor produtividade em solos
leves com boa fer tilidade, podendo, também, crescer
satisfatoriamente em solos argilosos que apresentem boa
MELANCIA FORRAGEIRA
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drenagem, não produzindo bem em solos encharcados e salinos.
Métodos de plantioMétodos de plantioMétodos de plantioMétodos de plantioMétodos de plantio
O plantio da melancia forrageira pode ser realizado em
cultivos simples, ou em consórcio com outras culturas. Em ambos
os casos podem ser recomendados espaçamentos de 3,0 x 2,0m
e 3,0 x 3,0m entre linhas e covas, respectivamente, colocando-
se de três a quatro sementes por cova, com um consumo médio
de 1,0kg de sementes por hectare.
Manejo e tratos culturaisManejo e tratos culturaisManejo e tratos culturaisManejo e tratos culturaisManejo e tratos culturais
Como qualquer outra cultura, necessita ser capinada uma
ou duas vezes durante o seu ciclo produtivo, que é em torno de
90 dias.
PrPrPrPrProdutividadeodutividadeodutividadeodutividadeodutividade
Com base em dados obtidos por produtores do sertão
pernambucano, com precipitações na faixa de 200 a 600mm,
sua produtividade pode variar de 10 a 60t. por hectare, com
muitos frutos alcançando 10 a 15kg cada.
Conservação e estocagem dos frutosConservação e estocagem dos frutosConservação e estocagem dos frutosConservação e estocagem dos frutosConservação e estocagem dos frutos
A estocagem pode ser feita em galpões ventilados e secos
com as frutas dispostas em camadas. Porém, deve-se ter muito
cuidado com os estragos provocados por ratos, que geralmente
habitam os galpões. Uma opção intermediária de preservação
dos frutos é a estocagem debaixo de arvores próximas ou no
meio do próprio plantio.
Capacidade de suporteCapacidade de suporteCapacidade de suporteCapacidade de suporteCapacidade de suporte
De uma maneira geral, a melancia forrageira não deve ser
fornecida aos animais como fonte única de alimento. Isto porque,
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. . . . Semeando oportunidades para o negócio rural
sendo ela constituída de, aproximadamente, 90% de água, as
animais não conseguem atingir o consumo diário de matéria
seca que necessitam. O fornecimento de melancia deve
representar até 30% do consumo diário de MS de bovinos, ficando
a parte restante da alimentação fornecida por outras forrageiras
que apresentem uma maior concentração de matéria seca.
Trabalhos conduzidos
no Centro Nacional de
Pesquisa de Gado de Leite
da Embrapa e em
propriedades particulares
têm demonstrado que a
cana-de-açúcar associada à
uréia é um valioso recurso
forrageiro para
alimentação, tanto dos bovinos mantidos a pasto durante o
período seco do ano, como daqueles em confinamento. A seguir
são apresentadas algumas informações sobre o manejo da
cultura publicadas por pesquisadores desse Centro.
O grande interesse no uso da cana-de-açúcar se deve às
seguintes características:
− Alta produção - atinge rendimentos de até 120t/ha;
− Cultura perene, fácil implantação e manejo, exigindo poucos
tratos culturais, com cortes a cada 12 meses;
− Disponibilidade e qualidade constantes durante a estação seca;
− Boa fonte de energia para as animais;
− Baixo custo de produção.
CANA-DE-AÇÚCAR
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Escolha das variedades de cana-de-açúcarEscolha das variedades de cana-de-açúcarEscolha das variedades de cana-de-açúcarEscolha das variedades de cana-de-açúcarEscolha das variedades de cana-de-açúcar
Usar variedades produtivas, ricas em açúcar, adaptadas às
condições locais de solo e clima. Para assegurar a oferta de
forragem de boa qualidade - rica em açúcar - recomenda-se
plantar pelo menos duas variedades, sendo uma de ciclo precoce
e uma de ciclo médio-tardio.
EnrEnrEnrEnrEnriqiqiqiqiqueça a cana com urueça a cana com urueça a cana com urueça a cana com urueça a cana com uréia+enxéia+enxéia+enxéia+enxéia+enxofrofrofrofrofreeeee
A cana-de-açúcar é um alimento pobre em proteína,
contendo de 2 a 3% de PB na matéria seca. Esta deficiência
pode ser corrigida com a incorporação de uma fonte de
nitrogênio, como a uréia, que possui 45% de nitrogênio, tem
menor custo e pode ser facilmente encontrada no mercado.
A cana-de-açúcar é deficiente em enxofre, sendo
necessário a inclusão de uma fonte de enxofre como o sulfato
de amônio ou sulfato de cálcio (gesso agrícola), que adicionados
na mistura cana + uréia proporcionam acréscimos de 15 a 20%
nos ganhos de peso de animais em crescimento.
PrPrPrPrPreparepareparepareparo da miso da miso da miso da miso da misturturturturtura ura ura ura ura uréia+féia+féia+féia+féia+fontontontontonte de enxe de enxe de enxe de enxe de enxofrofrofrofrofreeeee
− Fonte de enxofre: sulfato de amônio
−Misturar 9 partes de uréia + 1 parte de sulfato de amônio.
− Exemplo: 1 saco de uréia de 50kg + 5,5kg de sulfato de amônio
− Fonte de enxofre: sulfato de cálcio (gesso agrícola)
−Misturar 8 partes de uréia + 2 partes de sulfato de cálcio.
− Exemplo: 1 saco de uréia de 50kg + 12,5kg de sulfato de cálcio
− Numa superfície limpa e seca (área cimentada), fazer a mistura
da seguinte maneira:
− Despejar a saco de uréia fazendo um monte;
− Colocar a fonte de enxofre sobre o monte de uréia; misturar
bem com a auxílio de uma enxada;
− Ensacar e guardar em local seco, fora do alcance dos animais.
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. . . . Semeando oportunidades para o negócio rural
FFFFFororororornecimentnecimentnecimentnecimentnecimento de cana+uro de cana+uro de cana+uro de cana+uro de cana+uréia aos animaiséia aos animaiséia aos animaiséia aos animaiséia aos animais
Colher a cana, eliminando as folhas secas, e picá-la
integralmente (caule e folhas). Durante os primeiros sete dias de
fornecimento - período de adapperíodo de adapperíodo de adapperíodo de adapperíodo de adaptttttaçãoaçãoaçãoaçãoação - o nível de uréia+fonte
de enxofre na cana é de 0,5% (para 100kg de cana, usar 500g
da mistura uréia+fonte de enxofre e 4 litros de água). Do oitavo
dia em diante - período de rperíodo de rperíodo de rperíodo de rperíodo de roooootinatinatinatinatina - o nível de uréia+fonte de
enxofre é de 1% (para 100kg de cana,usar 1kg de uréia+fonte
de enxofre e 4 litros de água).
Dissolver a mistura uréia+fontede enxofre na água e, com
um regador plástico, distribuir uniformemente sobre a cana
picada. Misturar bem com o auxílio de uma pá ou garfo antes
de fornecer aos animais.
RRRRRecomendações gecomendações gecomendações gecomendações gecomendações gerererererais parais parais parais parais para o uso da cana + ura o uso da cana + ura o uso da cana + ura o uso da cana + ura o uso da cana + uréiaéiaéiaéiaéia
− Não estocar a cana cortada, mesmo mantida à sombra, por
mais de dois a três dias;
− Picar a cana no ato do fornecimento aos animais;
− Usar a mistura uréia+fonte de enxofre nas dosagens
recomendadas e observar o período de adaptação;
−Misturar bem a cana com a mistura uréia + fonte de enxofre;
− Não fornecer cana + uréia à vontade a animais em jejum;
−Manter mistura mineral de boa qualidade à disposição dos
animais, pois a cana-de-açúcar é deficiente em alguns minerais,
principalmente fósforo, enxofre, zinco e manganês;
− Permitir livre acesso dos animais à água;
− Utilizar cochos bem dimensionados. Cochos descobertos devem
ser perfurados, para o escoamento das águas de chuva;
− Jogar fora as sobras do dia anterior;
O fornecimento, no período de seca, de cana-de-açúcar
enriquecida com a mistura uréia+fonte de enxofre aos bovinos
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(leite e corte) pode ser feita a pasto ou em confinamento, com
ou sem suplementação concentrada, dependendo do
interesse e conveniência de cada produtor.
A mandioca é uma
planta forrageira de grande
importância para a pecuária
leiteira. Trabalhos de
pesquisa desenvolvidos pela
Embrapa/Mandioca e
Fruticultura destacam a
riqueza dessa planta, tanto
da raiz como fonte de
energia para ruminantes, como na sua parte aérea. As manivas
chegam a apresentar teores de PB de 16 a 18%, enquanto que só
as folhas chegam a atingir acima de 25%. E muitas vezes esses
recursos são desperdiçados em vez de armazenados para
utilização no período seco. Em termos de produção, dependendo
das condições climáticas, da fertilidade do solo e da cultivar
plantada, podem ser obtidos de 10 a 35 toneladas de raízes e de
8 a 30 toneladas de parte aérea por hectare.
Em relação aos problemas de intoxicação dos animais
causados pela utilização da mandioca deve-se tomar algumas
precauções. Quando se tratar de mandioca mansa, pode-se
fornecê-la fresca aos animais sem nenhum problema. Quando
se tratar de mandioca brava deve-se quebrar ou picar as raízes e
a parte aérea e espalhar bem ao ar livre por 24 horas. Isto basta
para eliminar grande parte do princípio tóxico da planta, tornando-
MANDIOCA
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. . . . Semeando oportunidades para o negócio rural
a inofensiva para os animais. A fenação e a ensilagem também
são formas de evitar as intoxicações.
Raízes desidratadas ao solRaízes desidratadas ao solRaízes desidratadas ao solRaízes desidratadas ao solRaízes desidratadas ao sol
− Para desidratar as raízes ao sol é preciso seguir os seguintes
passos:
− Colher e lavar as raízes eliminando as que tiverem coloração
escura;
− Picar em pedaços de mais ou menos 5cm de comprimento
por 1,5cm de largura;
− Espalhar sobre terreiro cimentado em camadas de 8 a 10kg/m2
e deixar ao sol;
− Passar o rodo revirando o material para promover uma secagem
uniforme;
− Verificar se o material está seco (14% de umidade). Um método
prático é tomar um pedaço da raiz e riscar no piso como se
fosse giz; se deixar risco é porque está seco;
− Ensacar e empilhar os sacos em armazém colocando sobre
estrado de madeira, podendo posteriormente transformar em
farelo.
PPPPPararararar ttttte aére aére aére aére aérea desidrea desidrea desidrea desidrea desidratatatatatada ao solada ao solada ao solada ao solada ao sol
Para a secagem da parte aérea (manivas e folhas) o
processo é o mesmo, devendo-se tomar alguns cuidados como
evitar as perdas de folhas no manuseio, que são as partes mais
ricas, deixar de fora a haste principal cortando a uma altura de
40cm do solo, diminuir o tamanho da picagem para 2 a 3cm.
EnsilagEnsilagEnsilagEnsilagEnsilagem da parem da parem da parem da parem da parttttte aére aére aére aére aérea da mandiocaea da mandiocaea da mandiocaea da mandiocaea da mandioca
A parte aérea da mandioca é um aditivo que melhora a
qualidade da silagem, principalmente para gado de leite. A
inclusão de 25% de parte aérea da mandioca na ensilagem do
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capim elefante melhora a qualidade da silagem. Esse capim
quando muito novo apresenta alta umidade o que não é bom
para ensilagem. Neste caso tanto a adição da parte aérea verde
como de 5% de farelo seco de manivas e folhas, distribuídos no
silo a medida em que se for colocando camadas de 20cm do
material, melhora o valor nutritivo e a qualidade da silagem de
capim elefante.
A leucena é uma
leguminosa arbustivo/
arbórea perene, originária
da América Central
excelente para a
alimentação de bovinos,
caprinos e ovinos. É uma
das forrageiras mais
promissoras para o semi-
árido, principalmente pela capacidade de rebrota, mesmo durante
a época seca, pela ótima adaptação às condições de solo e clima
do Nordeste e pela excelente aceitação pelos ruminantes. As
informações sobre o cultivo e manejo da leucena foram reunidas
por intermédio de comunicado técnico da Embrapa/Semi-árido.
Apresenta boa produtividade, podendo variar, dependendo
do ano, de dois até oito toneladas de matéria seca comestível e
até 750kg de sementes/ha/ano. Análises das folhas e ramos finos
da leucena mostram teores médios de PB superiores a 20% .
Entre outras vantagens da leucena são apontadas a sua
resistência à seca, diferentes formas de utilização para pastejo,
LEUCENA
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feno, verde no cocho ou como aditivo enriquecedor de silagens,
podendo ser colhida de três a cinco vezes ao ano, em regime de
sequeiro.
A leucena pode ser cultivada em todo o semi-árido, mas é
uma planta exigente e deve ser cultivada em solos mais ricos,
como os aluviões, evitando-se os solos ácidos, pobres em fósforo
e sujeitos a encharcamento.
Para o plantio recomenda-se o preparo das mudas três
meses antes do início das chuvas (novembro-dezembro), para
se plantar mudas fortes com mais de 0,5m de altura, nos meses
de fevereiro e março. Essas mudas mais fortes resistem melhor
ao ataque de formigas que costumam atacar a leguminosa. Pode-
se fazer o plantio direto com sementes na cova no início das
chuvas, mas os cuidados com as plantinhas novas terão que ser
redobrados.
Normalmente as sementes apresentam dormência, que
acarreta baixa percentagem de nascimento. Recomenda-se antes
do plantio fazer um tratamento térmico, que consiste em colocar
as sementes em água quente (80ºC). Antes da água ferver desliga-
se o fogo, deixando-se as sementes mergulhadas por cinco
minutos. Retira-se em seguida as sementes da água e espalha-se
em piso limpo para secar para plantio no dia seguinte.
Os espaçamentos de plantio mais recomendados, seja com
mudas ou sementes são: 
− Para pastejo (2,0 x 0,5m e 2,0 x 1,0m)
− Para feno ou verde no cocho (1,0 x 0,5m).
Esses áreas de leucena são chamadas de “Bancos deBancos deBancos deBancos deBancos de
PrPrPrPrProoooottttteínaeínaeínaeínaeína” e devem ser plantadas próximas aos pastos de
gramíneasou capins. Para o manejo sob pastejo, pode-se colocar
os animais no banco de prbanco de prbanco de prbanco de prbanco de prooooottttteínaseínaseínaseínaseínas cerca de duas horas por dia
ou uma vez por semana. A idéia é que essa forragem funcione
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como um suplemento protéico para os animais, devendo o
pastejo ser rotativo quando as plantas atingirem 1,5m de altura
aproximadamente.
Deve-se evitar o plantio da leucena consorciada na mesma
área com gramíneas porque o manejo torna-se difícil. Em função
da leucena ser muito apreciada pelos animais (principalmente
caprinos) eles deixam de comer a gramínea, que cresce demais
e roem até o caule da leucena, podendo matar muitas plantas.
No manejo sob corte para fornecimento verde ou para
preparo de feno, recomenda-se cortar as plantas entre 20 e 50cm
do solo. Esses cortes promoverão rebrotas vigorosas de uma
forragem de alta qualidade. A leucena pode ser ofertada
diretamente para os animais inteira ou triturada ou ainda triturada
misturada com capim elefante ou sorgo.
Não se recomenda a utilização da leucena de forma
exclusiva pois ela contém um aminoácido de nome mimosina,
que pode provocar pequenas intoxicações com queda de pelos
e salivação. Caso esses sintomas se manifestem, deve-se
suspender a oferta da leucena e passar a utilizar outros alimentos.
Essas intoxicações são raras e normalmente só ocorrem em casos
de uso exclusivo.
Feno triturado e feno de folíolosFeno triturado e feno de folíolosFeno triturado e feno de folíolosFeno triturado e feno de folíolosFeno triturado e feno de folíolos
Para se fazer o feno triturado de leucena deve-se escolher
ramos finos com muitas folhas, com diâmetro inferior a de um
lápis, passar na picadeira e espalhar em terreiro cimentado para
secar. No caso de feno de folíolos puros, recomenda-se o corte
de ramos inteiros que deverão ser armazenados à sombra em
algum galpão e após três a quatro dias bater para promover a
queda dos folíolos, juntar e colocar em saco.
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. . . . Semeando oportunidades para o negócio rural
A flor-de-seda faz
parte da família
Asclepiadaceae, sendo
originária da Índia e África
Tropical e provavelmente foi
introduzida no Brasil como
planta ornamental. A
espécie encontra-se
disseminada em todo o
semi-árido sempre destacando-se na paisagem seca dos sertões,
por permanecer verde mesmo nos períodos mais críticos. No
Nordeste brasileiro é conhecida vulgarmente como algodão-de-
seda, ciúme, ciumenta, flor-de-cera, hortência e seda.
A EMPARN avaliou o rendimento dessa forrageira cultivada
em diferentes espaçamentos em solos de aluvião e obteve
rendimentos da ordem de 1 tonelada MS/ha/corte aos 70 dias,
com 20 a 22% de PB e teores de MS de 10 a 12%, nos
espaçamentos de 1,0 x 0,5m e 1,0 x 1,0m, com apenas 150mm
de precipitação. Cortes posteriores realizados com
desenvolvimento de cerca de 135 dias possibilitaram rendimentos
de 3 t.MS/ha/corte e potencial para efetivação de três cortes
por ano (9 t MS/ha ).
Entre outras características positivas da flor-de-seda como
forrageira para a produção de feno no semi-árido, incluem-se:
− Permanência das folhas, mesmo durante os períodos mais
críticos de estresse hídrico;
− Rebrota vigorosa em resposta aos cortes, mesmo nos períodos
de seca e sem o registro de qualquer precipitação;
FLOR-DE-SEDA
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .III Circuito de Tecnologias Adaptadas para a Agricultura Familiar
− Grande disponibilidade de sementes sem qualquer dormência
e excelente germinação, que facilita a produção de mudas ou
o plantio direto;
− Tolerância na utilização em solos salinos;
− Embora não palatável quando verde, o feno da flor-de-seda
apresenta alta digestibilidade e consumo da matéria seca.
Alguns autores afirmam que as folhas secas dessa espécie
podem ser usadas na alimentação de caprinos, sem exceder 0,5
kg/dia ou misturadas a fenos de outras forrageiras, em até 50%
do consumido.
Estudos realizados em Minas Gerais com a utilização da
flor-de-seda na alimentação de caprinos, com até 60% de
participação na dieta, por um período de 40 dias consecutivos
concluiu que o consumo na forma de feno por caprinos adultos
não produziu qualquer problema para a saúde dos animais.
O guandu é uma
leguminosa encontrada
com freqüência em todo o
Brasil, tendo sido introduzida
pelos escravos procedentes
da África, tornando-se
largamente distribuída no
país, onde assumiu
importância como fonte de alimento humano, forragem e
também como cultura para adubação verde. Os dados
apresentados sobre o guandu foram organizados por
pesquisadores da Embrapa/Gado de Corte.
GUANDU
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. . . . Semeando oportunidades para o negócio rural
O guandu situa-se entre as mais importantes culturas de
leguminosas, porque é capaz de produzir colheitas elevadas de
sementes ricas em proteína, mesmo em solos de baixa fertilidade
estando adaptada a altas temperaturas e a condições de seca.
A produção de grãos depende da variedade e do sistema
de cultivo, e varia de 500 a 1.500kg/ha, apresentando teores de
18 a 32% de proteína de boa qualidade. A forragem produzida
pelo guandu apresenta 14 a 22% de PB, dependendo da
quantidade de folhas, vagens e hastes existentes no momento
da colheita.
É cultivado sob condições de precipitação que vão de 500
até 1.500mm por ano. A planta prefere solos bem drenados e
profundos, mas pode vegetar em solos argilosos pesados. É nos
solos vermelhos (bem drenados), no entanto, que forma o maior
número de nódulos róseos nas raízes, que são muito importantes
na fixação de nitrogênio. O guandu cresce em solos com pH de
5 a 8, mas apresenta o melhor desempenho em solos
aproximadamente neutros. Embora sejam obtidas colheitas de
forragem razoáveis em solos ácidos (2 a 4 tMS/ha), mediante a
correção da acidez e adubação, esta produção pode ser elevada
para até 14 t.MS/ha ano.
O guandu deve ser semeado no período
chuvoso sendo utilizado em diferentes espaçamentos de acordo
com a forma de manejo da leguminosa. Para formação de
bancos de proteína, emprega-se espaçamento de 2 a 3m entre
linhas, com 6 sementes/ m linear. Neste espaçamento são
empregados 4,5kg sementes/ha. No entanto, podem ser
adotados plantios mais densos, em que se emprega 1,5m entre
linhas e 6 sementes/m linear, usando-se 8 a 10kg de sementes/
ha. Nos plantios densos, há dificuldade de circulação dos animais
dentro da legumineira quando o pastejo for direto, prestando-se
mais para esquemas em que se adota o corte e fornecimento da
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forragem em cochos. Embora o guandu seja capaz de
desenvolver-se sem capinas, torna-se necessário uma capina
entre 4 e 8 semanas após o plantio, devido ao seu
desenvolvimento inicial lento.
A produção de matéria seca pode atingir 14 t/ha ano,
quando a planta é colhida no estágio de maturação das vagens.
Isto, no entanto, depende da variedade empregada, da fertilidade
do solo, do espaçamento empregado e do manejo da cultura.
As plantas são colhidas a 90cm de altura para uso como forragem,
a cada oito semanas, durante o verão e outono. Na alimentação
animal, o guandu oferece diversas opções, podendo ser utilizado
como forragem verde, feno,em pastagem consorciada no pastejo
direto e como componente na produção de silagem.
O guandu forrageiro Taipeiro, recomendado pela EMBRAPA/
Semi-árido apresenta, sob condições naturais de chuva,
produtividades de até cinco toneladas de MS e sob condições
favoráveis até oito toneladas. Análises realizadas pelos laboratórios
da EMBRAPA reforçam as opiniões quanto ao potencial forrageiro
dessa variedade, indicando teores de PB nas folhas de 22% e de
12% nos caules finos, assim como uma digestibilidade da MS de
55%.
Uma das limitações do guandu, comparado com outras
forrageiras arbustivas perenes como a leucena, é o seu ciclo de
apenas 1 a 2 anos, necessitando então de replantio.
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. . . . Semeando oportunidades para o negócio rural
A maniçoba é uma
planta nativa da caatinga, da
família Euphorbiaceae
encontrada nas diversas
áreas do semi-árido do
Nordeste. A Embrapa/Semi-
árido desenvolveu diversas
pesquisas com essa planta
que originaram as
informações abaixo listadas.
Feno de maniçobaFeno de maniçobaFeno de maniçobaFeno de maniçobaFeno de maniçoba
A técnica de fenação, quando empregada
em plantas nativas da caatinga como a maniçoba, permite
produzir excelente reserva forrageira para alimentar os animais
no período seco. Essa prática reduz o emagrecimento e a
mortalidade de animais e, muitas vezes, promove bons ganhos
de peso, mesmo nos períodos mais secos do ano.
A maniçoba é uma planta nativa da caatinga que rebrota
rapidamente após as primeiras chuvas, florando, frutificando e
perdendo as folhas logo em seguida.
Quando cultivada, permite um a dois cortes no curto
período chuvoso, com produtividade de quatro a cinco toneladas
de matéria seca por hectare.
TTTTToooooxicidadexicidadexicidadexicidadexicidade
A maniçoba, como todas as plantas do gênero Manihot,
apresenta níveis variáveis de ácido cianídrico que podem provocar
intoxicação e até morte, quando ingerida em grandes quantidades
MANIÇOBA
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .III Circuito de Tecnologias Adaptadas para a Agricultura Familiar
por animais fracos ou mal nutridos. Por outro lado, quando esta
mesma planta é exposta para secar (fenação), o efeito tóxico
desaparece, mesmo para consumos de feno em grande
quantidade e por muito tempo.
FenaçãoFenaçãoFenaçãoFenaçãoFenação
Após o corte, a planta deve ser triturada em máquina
forrageira, espalhada em finas camadas no terreiro a revirada,
duas ou três vezes ao dia, para secar uniformemente. O material
deve estar fenado em dois a três dias, estando pronto para ser
armazenado para utilização nos períodos de maior necessidade.
ArmazenamentoArmazenamentoArmazenamentoArmazenamentoArmazenamento
O feno de maniçoba deve ser armazenado em sacos, ou
mesmo a granel, em ambiente livre de umidade.
Valor nutritivoValor nutritivoValor nutritivoValor nutritivoValor nutritivo
A maniçoba, tanto verde quanto fenada, é uma forragem
de alta palatabilidade, sendo preferida entre as plantas forrageiras
da caatinga. O seu valor nutritivo também é dos mais altos entre
as plantas nativas (proteína bruta 20% e digestibilidade superior
a 60%). Com estes valores ela pode até substituir parcial ou
totalmente os concentrados na ração de engorda de bovinos,
caprinos e ovinos ou para moderada produção de leite nessas
espécies animais. Num experimento com novilhos efetuado pela
Embrapa Semi-árido, os bovinos que consumiram feno de buffel
mais feno de maniçoba apresentaram ganhos de peso superiores
a 700g/cabeça/dia.
Entre algumas limitações para uma divulgação mais ampla
do cultivo da maniçoba listam-se a baixa disponibilidade de
sementes associada a problemas de germinação e dormência,
além do baixo enraizamento das estacas utilizadas para a
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. . . . Semeando oportunidades para o negócio rural
propagação vegetativa. Também a perda de folhas no período
seco, revela a necessidade de manejo da forrageira com cortes
durante o período das chuvas.
Esta leguminosa é
muito conhecida como
árvore das cercas vivas,
especialmente para as
fazendas de gado, onde
tem sido plantada com
espaçamento entre estacas
de dois metros. Produz
lenha de excelente
qualidade e cresce bem em vários tipos de solo e clima, ainda
que solos com altos teores de argila ou pouca retenção de
umidade limitem seu crescimento. Resiste bem ao fogo. As
informações sobre o cultivo e manejo da gliricídia foram
disponibilizadas pela Embrapa/Agrobiologia.
É uma leguminosa arbórea de porte médio, nativa no México,
América Central e Norte da América do Sul, com crescimento
rápido e enraizamento profundo, o que lhe confere resistência à
seca. A exemplo da leucena, é considerada como espécie de
múltiplo uso, prestando-se, basicamente, para os mesmos
propósitos: forragem, reflorestamento, cerca viva e adubação
verde, entre outros.
A gliricídia desenvolve-se melhor em condições quentes e
úmidas, tendo seu crescimento limitado por baixas temperaturas.
Entretanto tolera períodos de seca, tendo queda de folhas.
GLIRICÍDIA
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É uma árvore de tamanho mediano, entre 10-15m de altura
e troncos com 40cm ou menos de diâmetro
Uma vantagem da gliricídia é o seu estabelecimento, tendo
em vista que, além da possibilidade do plantio por mudas ou
diretamente por sementes, pode também ser propagada por
estaquia, além de ser menos sensível ao ataque de formigas
cortadeiras que a leucena.
Entre os múltiplos usos agrosilvopastoris que podem ser
apontados para a gliricídia, destacam-se o consórcio com a palma,
milho e feijão, a formação de cercas vivas forrageiras e bancos
de proteína como fonte alimentar para ruminantes em pastejo.
Registram-se na literatura teores de PB de até 22% nas folhas.
Quando as plantas atingem aproximadamente um metro
e meio de altura, devem ter a ponta do ramo principal cortada
para estimular o crescimento dos ramos laterais, que
posteriormente serão utilizados com estaca. Deve-se, inicialmente
deixar no máximo quatro estacas por planta, fazendo-se o
desbaste das demais, assim como dos brotos laterais, que ocorrem
nos ramos laterais das estacas. Quando as estacas apresentarem
pelo menos 5cm de diâmetro e 2,5m de comprimento estarão
prontas para serem usadas como moirão vivo. O tempo
necessário, desde a semeadura até a produção da estaca no
tamanho ideal para ser usada como moirão vivo, depende das
condições de crescimento da muda, da fertilidade do solo,
temperatura e disponibilidade de água durante o crescimento
das plantas no campo, mas deverá estar entre dois e três anos.
Embora as áreas onde a gliricídia tem se adaptado melhor
se situem em regiões de clima quente com altitude de até 700m,
regime hídrico de 1200 a 2000mm, com uma estação seca
marcada e solos bem drenados, a EMBRAPA tem implantado
unidades de experimentação participativa em todo país, com bons
resultados.
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A fffffenaçãoenaçãoenaçãoenaçãoenação é o processo de conservação de forragens
realizado pela desidratação ou secagem parcial das plantas
forrageiras, sendo o fffffeno eno eno eno eno o produto resultante dessa prática.
Ou seja, é o processo para retirada de grande parte da água
existente nas plantas

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